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sábado, 5 de novembro de 2016

A Institucionalização da Adoração e do Louvor

Assim, nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração cantaremos os teus louvores” Sl 79.13


Nossa aula tem como foco principal buscar compreender os efeitos da institucionalização da adoração e do louvor em Israel. Apesar de aparentemente muito complexo, nosso tema pode suscitar excelentes debates. Por isso, não perca a oportunidade de aproximar seus educandos dessa temática atualíssima.

Partindo do exemplo histórico de Israel, procure desmistificar a imagem de que toda instituição é uma máquina burocrática e, por isso, alheia às necessidades das pessoas. Construa em sala de aula um espaço de discussão construtivo, de modo que ao final da aula, seus educandos percebam que apesar de institucionalizada, a Igreja é um organismo vivo, o próprio corpo de Cristo.

A institucionalização da adoração e do louvor foi um processo pelo qual o povo de Israel teve de passar para enfrentar o desafio do crescimento e amadurecimento no meio de sua jornada no deserto.

Texto Bíblico: Deuteronômio 12.1-7

INTRODUÇÃO

Ao salvar Israel da opressão da terra do Egito, o Senhor Deus investiu sistematicamente na reeducação espiritual do povo, transmitindo-lhe seus estatutos e mandamentos especialmente com relação ao louvor e a adoração. Percebemos assim, a partir da saída do Egito até a chegada em Canaã, um esforço de Jeová em criar instituições, normas e regras que conduzissem Israel a uma adoração genuína e livre das influências estrangeiras. Por isso, é criado todo um sistema de sacrifícios - com significados e razões próprias. É confeccionado um centro de adoração móvel, através do qual o povo pudesse crer que a presença divina não lhes abandonara. É separada toda uma tribo para cuidar dos elementos do culto e uma família inteira para o ofício sacerdotal.

Esta série de prescrições devocionais exigidas de Israel deve levar-nos à reflexão a respeito da seriedade com que encaramos nossos momentos de louvor e adoração em nossas igrejas.

I. ISRAEL, UM POVO CUJO ESTILO DE VIDA RESUME-SE EM ADORAÇÃO

1. A pormenorização dos elementos devocionais em Israel.
Após a saída do povo do Egito, Deus tratou rapidamente de transmitir a Moisés, que retransmitiria ao povo, os preceitos centrais da adoração que deveria ser apresentada por Israel a Deus. Era necessário garantir que a influência de 430 anos no Egito não geraria prejuízos espirituais no povo (Êx 24-31). Aquilo que para alguns pode parecer um exagero detalhista era, na verdade, expressão do amor zeloso de Deus por seu povo. As orientações a Moisés, que eram jurídicas, cerimoniais, sociais e devocionais, tinham como objetivo último orientar a descendência de Abraão na fuga do politeísmo e na dedicação a uma vida exclusivamente voltada a Jeová.

2. A institucionalização da adoração.
Até aquele momento histórico, os filhos de Israel utilizavam-se das mesmas práticas tradicionais compartilhadas pelas sociedades do oriente antigo para prestarem o seu culto a Jeová. Inicia-se então um longo processo de aprendizagem onde o Senhor, pacientemente, vai fundando as instituições que regulamentarão a adoração do povo de Israel. Se antes todo tipo de oferta e sacrifício era feito aleatoriamente, segundo o desejo de cada adorador; agora o Senhor institui o sacerdócio, e através da corporação de homens dedicados exclusivamente a Deus, institui regras, dias, horários e exigências para àqueles que desejam prestar-lhe um culto autêntico (Êx 28.1-29). A adoração deixa de ser algo episódico e isolado, e passa a relacionar-se com tudo o que se cultiva, cria, trabalha, ou seja, o louvor a Deus conecta-se diretamente com a vida cotidiana.

3. Tudo é do Senhor.
Uma das características fundamentais do culto que passa a ser estabelecido no meio do povo liberto do Egito é a gratidão. As ofertas, celebrações e rituais apontam para o grande amor de Jeová, que foi importantíssimo no tempo da escravidão e que continuará absolutamente relevante durante toda a história do povo. As três grandes festas judaicas eram festividades estabelecidas para desenvolver continuamente uma consciência grata ao Senhor (Êx 34.22-24). Deste modo, deve-se compreender que a institucionalização da fé judaica teve como objetivo estabelecer um conjunto de garantias que assegurariam o desenvolvimento de uma fé saudável e equilibrada entre o povo de Deus.

A institucionalização parece ser um processo inevitável para todo agrupamento de pessoas que cresce numericamente.

II. CRITÉRIOS, NORMAS E PROCEDIMENTOS PARA A ADORAÇÃO EM ISRAEL

1. Ofertas e sacrifícios específicos.
Aquele que desejava trazer algo como sinal de sua adoração deveria observar uma série de exigências. Se fosse um sacrifício animal, havia animais puros e impuros (Lv 11.47). Dependendo da cerimônia o sacrifício deveria ser feito com um animal próprio àquele momento (Nm 7.15-17). O ofertante deveria ainda ter ciência de que algumas partes do animal seriam descartadas enquanto outras seriam valorizadas (Lv 4.4-12). O animal sacrificado não poderia ter falhas ou doenças (Dt 15.19-23). Se, ao invés de animal, a oferta fosse vegetal ou de produtos de origem vegetal, o adorador deveria ter atenção quanto à quantidade a ser trazida e a qualidade do que era trazido (Lv 6.20; Nm 5.15; Dt 18.4). Essa série de requisitos exigia daquele que iria adorar a Deus um cuidado contínuo, o que o levaria a pensar em Deus diariamente, enquanto envolvido em seus afazeres cotidianos.

2. Lugares especiais.
A adoração cerimonial foi concentrada em um lugar comunitário, através do qual homens e mulheres, ricos e pobres, todos podiam adorar ao mesmo Deus. Num contexto multipoliteísta, a designação de um só local para adoração oficial reforçava, nos corações e mentes dos israelitas, que só havia um Deus a ser reverenciado. Inicialmente este “local” foi o tabernáculo, o ambiente de adoração portátil que o Senhor ordenou que Moisés construísse (Êx 25.8,9). Posteriormente este local de adoração foi “fixado” no Templo em Jerusalém (2Cr 7).

3. Pessoas separadas.
Um outro aspecto significativo da institucionalização da adoração em Israel foi a separação de uma tribo inteira para os serviços relativos ao louvor e adoração e mais especificamente de uma família para o exercício do sacerdócio (Nm 3.6-10). É claro que isso era um enorme privilégio, contudo, não se pode negar o grande sacrifício que estava ligado a essa honraria. Os filhos de Levi não teriam parte na herança que todo o povo receberia (Dt 10.9; 12.12; 14.27; Js 18.7). Se todo o povo vivia impulsionado pela fé, muito mais os levitas. Basta levar em consideração que em tempos de crise, quando a colheita era escassa, consequentemente as ofertas também eram reduzidas e em última instância a alimentação dos levitas e sacerdotes estava comprometida. Assim sendo, além das honras havia muitos sacrifícios.

A institucionalização do judaísmo fortaleceu os vínculos sociais e enfraqueceu o politeísmo.

III. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA FÉ HOJE

1. A inevitável institucionalização.
Assim como Israel — que cresceu vertiginosamente no Egito — as igrejas evangélicas brasileiras multiplicaram-se de maneira notável durante o século XX. De denominações que se reuniam em casas, geralmente da periferia, tornaram-se em grandes instituições espalhadas em todo o território nacional, presentes inclusive nas mídias. A partir do momento em que as igrejas deixaram de realizar apenas atividades espirituais e precisaram atuar civilmente — na aquisição de imóveis, contratação de pessoal, compra de bens móveis — sua institucionalização foi algo irreversível. A natureza essencial da Igreja é espiritual, por isso mesmo, quando ela trata de assuntos materiais deve fazer tudo com ética, lisura e justiça (Mt 22.17-21; Tt 3.1; 1Pe 2.13-15).

2. “Na minha igreja, só quem canta e prega são os oficiais”.
Infelizmente esta frase sintetiza a realidade de muitas igrejas locais; aquilo que aparentemente é fruto de uma maior organização e preparo, muitas vezes é apenas formalidade. A Bíblia deixa bem claro que através da obra de Cristo somos todos sacerdotes da Nova Aliança (Ap 1.6; 20.6), por isso universalmente capacitados para falar de Cristo. A beleza do pentecostalismo sempre foi a espontaneidade da participação leiga, isto é, daqueles que, sem uma formação específica, mas cheios de Deus, anunciam publicamente as obras de Jesus.

3. Perigos contemporâneos da igreja enquanto instituição.
A relação Igreja-Estado-Sociedade Civil torna-se perniciosa quando existe troca de favores, deixando de obedecer a Palavra de Deus. Nesse caso, a ética cristã é ferida, priorizando mais os homens que o Reino de Deus. Tais relações trazem escândalos e são uma das principais causas de abandono da fé. Algumas pessoas, erroneamente, chegam a afirmar que a estrutura “igreja” já faliu e está ultrapassada. Discordamos absolutamente deste ponto de vista, a vida em comunidade é a essência do Cristianismo (Jo 17.22).

Pense!
Sem dúvida alguma os “desigrejados” não possuem fundamento real para suas argumentações, isto porque a razão de nossa fé é Cristo e ninguém mais.

Importante!
A natureza espiritual e o aspecto legal são duas faces inegáveis desse plano amoroso criado por Deus para a humanidade denominado Igreja. Já houve um tempo, quando as instituições civis eram menos desenvolvidas, que a Igreja não necessitava de estrutura institucional, hoje isso não é mais possível.


CONCLUSÃO

Se, como detalhadamente vimos, a institucionalização da fé dos judeus não foi um momento de retrocesso ou fragilização do relacionamento do povo com Deus, mas ao contrário, um processo de amadurecimento e fortalecimento dos interesses coletivos, também devemos crer que não são normas ou legislações humanas que roubarão a essência de nossa adoração a Deus e de nossa comunhão uns com os outros.


HORA DA REVISÃO

1. Qual a causa central da institucionalização da adoração para o povo de Israel?

O enorme e repentino crescimento do povo que exigia a existência de preceitos coletivamente evidentes.

2. Que característica da adoração a Deus é ressaltada a partir da institucionalização do culto do povo de Israel?

A gratidão, uma vez que as cerimônias e os atos litúrgicos apontavam para os grandes feitos do Senhor e seu amor para com Israel.

3. A decisão divina de constituir um “local” de louvor oficial tinha finalidades para além da adoração?

Consolidar a ideia do monoteísmo e o sentimento de unidade entre o povo.

4. É correto afirmar que toda institucionalização religiosa produz apenas resultados negativos? Justifique sua resposta.

Não, pois tanto em Israel como na Igreja contemporânea a institucionalização gerou resultados positivos para a comunidade envolvida no processo.

5. Que práticas desenvolvidas nas igrejas locais demonstram seu caráter institucionalizado?

A existência de estatutos, regimentos, CNPJ e outros instrumentos jurídicos e legais.


Subsídio Teológico


O Tabernáculo
Além dos lugares sagrados onde Deus se revelara, um lugar central de adoração passou a existir. Durante o período do Êxodo, ele podia ser melhor descrito como uma tenda-templo, que era a estrutura mais conveniente para o povo que estava viajando ou acampado na região de Cades-Barneia (Nm 13.26; 14.38). A tenda-templo era conhecida como Tabernáculo. O santuário central era feito de tábuas revestidas de ouro, apoiadas por um sistema de vigas, encaixes e pesadas bases de prata firmadas no chão. Isso formava uma estrutura de três lados com trinta côvados (15m) de comprimento e quinze côvados (7m) de largura, aberta para o céu em sua extremidade mais estreita a leste. O teto era provido por cortinas de linho branco, bordadas com figuras de querubins, protegidas por várias camadas de pano de saco, peles vermelhas de carneiro e peles de cabra (Êx 26.1-30). No interior, o aposento de 30 côvados (15m) era dividido em dois por uma cortina pendurada em pilares dourados, a fim de criar o ‘Santo dos Santos’ (5 x 5 x 5m) e um ‘Lugar Santo’ comprido. Uma cortina do mesmo material era pendurada sobre a entrada para impedir que olhos curiosos vissem o interior (Êx 26.31-36)” (GOWER, R. Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002, pp.239,240).

Fonte:
[1] Claudionor de Andrade - O Começo de Todas as Coisas. 1ª Ed.RJ, CPAD:2015, p.102
Revista Lições Bíblicas Jovens 4º Trim/2016 - Em Espírito e em Verdade - A essência da Adoração Cristã - CPAD - Comentarista Thiago Brazil
Bíblia Defesa da Fé
Bíblia de Estudo Pentecostal

2 comentários:

  1. A paz do Senhor meu amigo pastor Ismael!

    Ótima abordagem! Ter cuidado para que a institucionalização das igrejas não influencie no louvor e na adoração é muito importante. Eu concordo que a participação de quem não tem formação específica, mas que é  cheio de Deus deve ser valorizada na igreja, pois não devemos esquecer que "os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem." João 4.23 – E o primeiro lugar onde não devemos impedir que assim se proceda é na igreja. Lógico que tudo deve ser realizado com reverencia, ordem e decência, sempre respeitando a hierarquia.

    Grande abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Neiva, grande amiga e irmã em Cristo. Seu comentário traz importante acréscimo ao texto. Obrigado pela rica participação. Que Deus abençoe!

      Essa passagem citada pela irmã (João 4) é simplesmente maravilhosa e tremenda.

      abraço fraterno
      Pastor Ismael

      Excluir

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