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sábado, 16 de junho de 2018

Uma vida exemplar diante de Deus e dos homens

“Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que andar desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebeu” 2Ts 3.6

“Aquilo que estava errado no meio dos Tessalonicenses, que é expresso:

1. De maneira mais geral. Havia alguns que andavam desordenadamente e não segundo a tradição que receberam do apóstolo (2Ts 3.6). Alguns irmãos eram culpados desse caminhar desordenado. Eles não viviam da maneira certa, nem dirigiam sua vida de acordo com as regras do cristianismo, nem estavam em conformidade com sua profissão de fé; não andavam de acordo com os preceitos passados pelo apóstolo, nem davam a devida atenção. Observe: As pessoas que receberam o evangelho e que professam sujeitar-se a ele devem viver de acordo com esse evangelho. Se não o fizerem, são consideradas pessoas desregradas.

2. Em particular. Havia entre eles algumas pessoas ociosas e que faziam coisas vãs (2Ts 3.11). O apóstolo foi informado a esse respeito de fontes tão seguras que tinha razão suficiente para dar ordens e orientações com relação a essas pessoas, como deveriam se comportar, e como a igreja deveria agir em relação a eles. (1) Havia algumas pessoas no meio deles que eram ociosas, não trabalhando, ou fazendo coisa alguma. Não parece que eram glutões ou beberrões, mas ociosos, e, portanto, pessoas desregradas” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento. 2ª Edição. Atos a Apocalipse. RJ: CPAD, 2010. p.680).

Texto Bíblico - 2 Tessalonicenses 3.6-15

INTRODUÇÃO

Ao final de sua Segunda Epístola aos Tessalonicenses, assim como fez na Primeira Carta, no capítulo 4, Paulo faz uma série de orientações práticas àqueles irmãos, centradas especialmente na questão da conduta pública do cristão: sua postura diante da sociedade decadente em que estavam inseridos.

I. EXISTE UM MODELO A SER IMITADO

1. Cristo é nosso supremo exemplo.
Antes mesmo de falar do ministério de Paulo e sua influência entre os Tessalonicenses, é necessário deixar bem claro: nosso modelo é Cristo! Ele é o homem perfeito em quem somos aperfeiçoados até a medida completa de nossa espiritualidade (Hb 7.28; Ef 4.13). Qualquer decepção com instituições, líderes, ou mesmo pessoas próximas a nós deve ser deixada de lado pela compreensão de que Ele é o nosso modelo vivificador. O mais sobrenatural nesse esforço de seguir a Cristo é que, quanto mais parecidos com Cristo tornamo-nos, mais plenos nos acharemos. O Senhor não rouba nossa identidade, não usurpa o que nós somos; pelo contrário, a plenitude de Deus em nosso ser aperfeiçoa o que Deus nos tem feito ser.

2. Os heróis da fé devem ser nosso modelo.
Há um conjunto de cristãos exemplares que palmilharam essa terra, os quais são dignos de nosso respeito e consideração (Hb 11.1-40). Nenhum deles salva, nenhum será capaz de transformar nossas vidas, entretanto, eles viveram como salvos e demonstraram que é possível permitir-se ser tocado por Deus de tal maneira que se possa testemunhar verdadeiras revoluções pessoais de vida. Certamente há um grupo de pessoas que ainda hoje, refletem a glória de Cristo nesta geração. Escândalos e desastres morais acontecem na humanidade desde o princípio, contudo, devemos nos espelhar na vida daqueles que, em meio a tanta corrupção, optaram por viver a beleza da pureza do Evangelho. A vantagem de olhar para vida destes santos é perceber que o Reino de Deus já está entre nós. Que o mal nunca nos inspire.

3. Ainda existem líderes inspiradores (v.7).
Paulo é um desses homens tão íntegros que não teme afirmar: “Vocês em Tessalônica querem um modelo? Olhem para mim!”. Em tempos de escândalos, em dias de discursos demagógicos e hipócritas, carecemos de líderes assim; entretanto, louvado seja Deus, porque ainda existem muitos. Certamente cada um de nós pode nomear, homens e mulheres, que foram responsáveis por nosso crescimento espiritual; pessoas de testemunho e caráter, verdadeiros líderes espirituais, que muitas vezes, sequer são reconhecidos institucionalmente. Aproximemo-nos dessas pessoas, e sejamos, num futuro bem próximo, estes líderes inspiradores para nossas igrejas. Lembre-se: não se torne, amanhã, um tipo de cristão/líder que você reprova hoje. Que nossa trajetória seja como a da luz da aurora (Pv 4.18).

II. COMO SE PORTAR NUMA SOCIEDADE DESORDENADA?

1. Um distanciamento precisa ser notório (v.6).
É impossível que os princípios de um cristão genuíno o aproximem, sem qualquer tipo de conflito, com o padrão do mundo. Jesus deixou bastante claro que o modelo de sociedade vigente nos rejeitaria (Jo 15.18; 17.14). Na verdade não é uma questão pessoal, mas a respeito do Deus a quem amamos. Por isso, a existência de um distanciamento (moral e espiritual) é inevitável. O que nos surpreende é perceber que existem cristãos que, de maneira hipócrita e anticristã, criam muros para separarem-se das demais pessoas. Como estas serão evangelizadas e impactadas pelo testemunho? Nosso distanciamento não é social (somos ovelhas enviadas para viver entre lobos Mt 10.16), deve ser com relação a nossos valores, princípios e modelos. A igreja não pode tornar-se uma “Sodoma e Gomorra Gospel”. Nós não apenas fazemos, mas somos a diferença neste mundo.

2. Não é possível íntima comunhão (v.14).
A exortação de Paulo é clara: “[...] não vos mistureis com ele [...]”. É inevitável estar entre pessoas que não são cristãs — no ônibus, na faculdade, no trabalho. Logo a exortação de Paulo é para evitar aqueles que se dizem crentes e querem andar segundo o mundo, os desobedientes. A ilusão de um bairro só de cristãos, uma empresa só de salvos, um colégio exclusivamente de santos, não deve ser alimentada pelo crente. A mistura aqui é interior, de alma, posturas, opiniões. Cristãos defendendo liberação de aborto, legalização de drogas pesadas, sexo antes do casamento, isso é a mistura que temos que evitar e condenar. Mais preocupante do que viver entre os ímpios é viver entre ímpios pensamentos (Pv 17.20). Não há acordo entre o Senhor e Belial, não há mistura que seja benéfica ao coração daquele que é inconstante (Tg 1.8).

3. O amor deve ser o tema de qualquer relacionamento.
Paulo afirma no versículo 15: “Todavia, não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão”. Viver como um irmão é viver perto, junto, próximo. Dos inimigos é que as pessoas tendem a se afastar, mas nós somos dos que se aproximam, pois a finalidade última de todas as nossas ações, até mesmo quando somos duros com os outros, deve ser o amor. O desobediente precisa viver com o obediente para testemunhar o milagre de uma vida transformada e crer que para ele isso também é possível. Já o salvo em Cristo não deve ter medo de conviver com quem ainda não está liberto, ou será que este na verdade é um hipócrita, travestido de cristão, que sabe da fragilidade de seu caráter, e por isso teme o tempo todo que sua máscara caia?

III. SOMOS CHAMADOS PARA VIVER DE QUE MANEIRA?

1. Como filhos de Deus, não como fardos para a sociedade (v.8).
Nós como cristãos não somos chamados para ser motivo de enfado para ninguém. Por isso sejamos sempre proativos, lutemos por nossos sonhos, acreditemos que o Senhor nos capacitará, inclusive para o mercado de trabalho. Tenhamos Paulo, e não os “preguiçosos na fé”, como exemplo.

2. Sossegadamente.
Não existe fórmula mágica para ser bem-sucedido; tudo passa por muito trabalho e dedicação. Fortunas que aparecem repentinamente, de um modo geral, também somem de modo súbito. Os ideais que a mídia constrói, de jovens famosos e ricos, na maioria dos casos escondem profundas tristezas, relacionamentos opressores e uma escravidão no pecado. Acreditemos que o contentar-se é muito melhor do que o desesperadamente desejar mais.

3. Em paz (v.16).
É claro que existem múltiplas maneiras de se ter paz; para alguns é no silêncio; para outros na harmoniosa melodia do céu. Há aqueles que experimentam a paz enquanto caminham em uma jornada, entretanto alguns vivem a experiência da satisfação ao ficar onde estão. Mas de onde procede a concórdia que enche os nossos corações? É claro que somente do Pai. Numa igreja repleta de dúvidas, incertezas, e conflitos pessoais, somente Deus poderia juntar os pedaços dessa comunidade e fazer com que aqueles irmãos experimentassem a verdadeira paz que deriva de um relacionamento genuíno com o Senhor. Aquilo que o Pai faz por nós, transcende a nossa vida, influencia até mesmo aqueles que estão à nossa volta (Pv 16.7). Confiemos então naquEle que é apresentado nas Escrituras como o que governa firmado sobre o fundamento da paz (Is 9.6; 2Co 13.11; Fp 4.9).


CONCLUSÃO

O Cristianismo não é um conjunto de teorias a respeito da realidade as quais declaramos simplesmente nossa adesão intelectual. Servir a Cristo é uma experiência radical de mudança de vida, uma corajosa escolha de viver profundamente diferente do mundo, segundo princípios que evidenciam o caráter de Deus em nós.


SUBSÍDIO
“Os missionários tinham o cuidado de evitar a acusação de serem parasitas ou aproveitadores. Mas, sobre este assunto, Paulo sempre salvaguardava o direito apostólico de sustento, embora, para o bem do evangelho, ele renunciasse o direito conscienciosamente. Não porque não tivéssemos autoridade — ‘não porque não tivéssemos esse direito’, AEC, RA; cf. BJ, BV, CH, NTLH, NVI), mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes (‘mas para que nos tornássemos um modelo para ser imitado por vocês’ — NVI; quanto a exemplo [typos], ver comentários em 1 Tessalonicenses 1.7; quanto à questão do trabalho do apóstolo em Tessalônica e os motivos envolvidos a esse respeito, ver comentários em 1 Tessalonicenses 2.6,9. A força do argumento é que Paulo, o Apóstolo, tinha o direito de receber sustento. Mesmo assim, enquanto esteve entre eles, ele vivia à custa do fruto do seu trabalho. Muito mais deveriam os irmãos desordeiros trabalhar para ganhar a vida, já que eles não tinham o direito de receber sustento!” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume 9. Gálatas a Filemom. Comentário Bíblico Beacon.RJ: CPAD, 2006. p.429).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil

Aqui eu Aprendi!

sábado, 31 de março de 2018

O que é Ética Cristã

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” 1Co 10.23

Corrupção, degradação dos valores interiores, relativização da vida humana. As questões são muitas. Os desafios, tensos. Não poucos cristãos se veem na encruzilhada da ética. Por exemplo, diante de uma gravidez, quando se recebe um diagnóstico assustador acerca do bebê, é possível continuar a crer na sacralidade da vida? Ou diante do sonho da maternidade é possível continuar ético e bíblico para não manipular diversos embriões (sabendo que na fertilização in vitro a maioria dos embriões se perde) em nome desse sonho? A resposta para essas e outras perguntas dependerá da convicção ética que a pessoa tem segundo as Sagradas Escrituras.

Neste trimestre, o tema da Ética é o objeto do nosso estudo. Como introdução ao assunto, é importante o prezado professor, a prezada professora, procurar dominar os conceitos de “ética” e de “moral”, distinguindo-os com clareza. Aqui, podemos iniciar esse trabalho com o auxílio do filósofo cristão norte-americano, Arthur Holmes, que descreve a ética da seguinte forma: “a ética trata do bem (isso é, dos valores e virtudes que devemos cultivar) e do direito (isso é, de quais devem ser as nossas obrigações morais). Ela avalia pontos de vista alternativos do que é o bem e o direito; explora caminhos para alcançarmos o conhecimento moral de que necessitamos; indaga por que devemos agir com correção e, a partir daí, conduz a problemas morais práticos, que estimulam a assim pensarmos prioritariamente” (Ética: As decisões morais à luz da Bíblia, CPAD, p.10). A partir dessa descrição podemos perceber que a questão da moral, diferentemente da “ética”, se atém à prática das ações do bem viver. Nesse sentido, a ética aponta para as práticas virtuosas, ou seja, ela fundamenta a moral.

No caso da Ética Cristã, seu objeto de reflexão susta-se de acordo com os princípios morais desenvolvidos ao longo das Escrituras. A lei moral que promana da Bíblia é refletida hoje em nossa sociedade; ou seja, os princípios morais postos nas Escrituras, e manifestos por meio da cultura judaico-cristã, estão claramente presentes em nossa cultura ocidental.

Já que é impossível esgotarmos todos esses princípios neste espaço, sugerimos que aprofunde os estudos das seguintes seções bíblicas: O Decálogo, a Mensagem dos Profetas, a Mensagem dos Evangelhos, o Sermão do Monte, os aspectos éticos das Epístolas Paulinas e Gerais. Bom trimestre!  - Revista Ensinador Cristão nº73

As Escrituras Sagradas ensinam o que convêm à virtude do bem-viver cristão em sociedade.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - 1 Coríntios 10.1-13

Caro professor, prezada professora, mais um trimestre chegou. Para se ter uma abrangência do conteúdo que desenvolveremos nestes três meses é importante conhecer as ideologias que predominam o século XXI. Por isso, procure pesquisar os seguintes temas:

1) Relativismo;

2) Materialismo;

3) Pós-Modernismo.

Entender esses assuntos permitirá que você tenha um arcabouço seguro para compreender a atualidade do tema deste trimestre: Valores Cristãos — Enfrentando as questões morais de nosso tempo.

Estudar ética é muito importante para o aperfeiçoamento dos nossos relacionamentos e conduta na sociedade. Entretanto, neste trimestre, veremos que a Ética Cristã difere da secular. Enquanto esta se fundamenta em valores materialistas e relativistas, aquela tem como eixo a Palavra de Deus, a revelação divina imutável. Assim, como vivemos em uma época onde os conceitos pós-modernos relativizam as doutrinas cristãs, é relevante identificarmos os principais fundamentos da Ética Cristã a fim de aperfeiçoar nossa vida de comunhão com Deus e testemunho cristão à sociedade (Mt 5.13,14).


Historicamente, o conceito de ética surgiu na Grécia antiga, período que coincide com o século IV a.C. Na prática, a ética sempre fez parte do dia a dia da humanidade. Quando os códigos ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser observada (Rm 2.14,15). As Sagradas Escrituras contêm os fundamentos da ética para a sociedade humana. No Antigo Testamento, Deus revelou instruções éticas específicas. Nos Evangelhos, encontramos os ensinamentos éticos de Jesus. Nas epístolas neotestamentárias, o tema está amplamente registrado.

I. O CONCEITO DE ÉTICA CRISTÃ

O filósofo e educador Cortella (1954-) apresenta uma definição para ética que em muito se assemelha com os textos bíblicos:

Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: 1. quero? 2. devo? e 3. posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve. (CORTELLA, 2014)

De fato, de maneira simples e genérica, a ética cristã está relacionada às respostas de tais questões. O apóstolo Paulo, de certo modo, ensina a prática da ética, sob esses aspectos: o que quero, devo e posso. Ele afirma que tudo é lícito, mas que nem tudo convêm e nem tudo edifica, portanto, o cristão não pode e nem deve se deixar dominar por aquilo que foge da ética cristã (1 Co 6.12).

1. Definição Geral
A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos, que literalmente significa “costumes” ou “hábitos”. No latim, é usado o termo correspondente mos (moral) com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim, “ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros” (CHAUÍ, 1995, p. 340). Como esses termos, “ética” e “moral”, são muito próximos, eles são muitas vezes confundidos e usados como sinônimos. No entanto, para fins didáticos e acadêmicos, é possível defini-los separadamente.

2. Ética e Moral
A ética enquanto ciência pode ser entendida como a parte da filosofia que investiga os fundamentos da moral adotados por uma cultura. Foram os filósofos gregos que começaram a estudar esses fundamentos para então “identificar” uma pessoa como sendo boa ou má e também um ato como sendo bom ou mau. A partir desses fundamentos, alguém pode ser classificado como “ético” ou “antiético”.

Pode-se afirmar, por exemplo, que a ética de Platão (427-347 a.C.) era “transcendente” e “deontológica”. Essa teoria acredita que a noção do correto é algo moralmente bom em si mesmo. Nesse caso, a fundamentação do certo e do errado está ligada ao bem-estar da alma, um estado inerente ao ser humano e procedente de um mundo superior. Aqui o homem obedece ao dever, independentemente das consequências que a obediência pode resultar para si ou para os outros (PALLISTER, 2005, p. 20).

Em contrapartida, com Aristóteles (384-322 a.C.) surgiu a ética “imanente” e “teleológica” ou “utilitária”. Essa teoria argumenta que o correto só pode ser definido a partir das consequências que um ato ou uma ação possa produzir. Aqui a fundamentação do certo e o errado procedem do mundo dos homens e depende apenas da utilidade e do bem-estar que as ações do indivíduo podem resultar para si ou para os outros.

A moral, por sua vez, refere-se ao comportamento das pessoas e às reações dos indivíduos que compõem uma sociedade em relação às regras estabelecidas pela ética. Como observado, essas regras podem ser diferentes de uma cultura para outra e ainda podem ser modificadas de acordo com as transformações vividas pelos grupos sociais. Tudo depende da fonte de autoridade que lhes serve de fundamento para os padrões de conduta.

Quando se analisa as teorias éticas acima discutidas, percebe-se que na “deontológica” é o princípio da ação moral que é bom ou mau independentemente do seu resultado. Já na teoria “teleológica”, o princípio moral é substituído pela previsão racional das vantagens e desvantagens que determinada ação pode produzir. No primeiro caso, os atos morais, mesmo corretos, podem prejudicar a si e ao outro. No segundo caso, a moral se relativiza, busca não se prejudicar evitando o sofrimento, e assim pode servir para legitimar a máxima que diz “os fins justificam os meios”.

3. Ética Cristã
A ética cristã tem como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão do comportamento humano. O fundamento moral da ética cristã são as Escrituras Sagradas. Portanto, a ética cristã não se modifica e nem se relativiza. Desse modo, a ética cristã não pode ser desassociada da moral e dos bons costumes preconizados nas doutrinas bíblicas.

Sob esta concepção, os pais da Igreja adotaram a ética “transcendente” e “deontológica”. Isso significa que a vida ética cristã procede de um Deus transcendente e pessoal que concede ao ser humano a capacidade de viver a verdadeira moral. Agostinho de Hipona, na obra Cidade de Deus (escrita entre 413-426 d.C.), reconhece que a graça de Deus é indispensável para transformar o caráter humano e fazê-lo viver de acordo com os padrões morais divinamente estabelecidos. Para Agostinho, a educação, a meditação, os códigos e as leis, por si mesmas, não conseguem levar o homem a agir de modo ético.

Na perspectiva de Agostinho, a ética cristã só poderia ser vivida quando o cristão experimentasse a verdadeira regeneração. O mero esforço humano servia unicamente para disfarçar a natureza caída. A eventual virtude demonstrada por alguém era algo temporário, falso e aparente. Somente a genuína regeneração faria o homem verdadeiramente virtuoso. Tomás de Aquino discordou e propôs algumas modificações nessa visão agostiniana. Aquino considerava que as leis humanas não somente inibiam a prática do mal, mas também podiam moldar pessoas de boa índole. O ensino de Aquino não deixou de “ser transcendente e deontológico”, contudo, permitiu flexibilizar a ética.

Com o advento da Reforma Protestante (1517), os reformadores restauraram a ética de Agostinho, defenderam a revelação bíblica como única infalível e inerrante regra de fé e conduta (Sola Scriptura) e a estenderam a todos os homens. Assim, a ética protestante reafirma a doutrina bíblica de que todos serão julgados à luz do conhecimento que tiveram de Deus. E, de acordo com o apóstolo Paulo, quando esse conhecimento for parcial, os homens serão julgados pela lei escrita em seus corações (Rm 2.14-16).

4. Princípios da Ética Cristã
A principal fundamentação para a ética cristã encontra-se na revelação divina. Desse modo, os princípios adotados pela ética cristã são bíblicos, e, portanto, imutáveis. Em consequência, os princípios bíblicos têm aplicação hoje, assim como o tiveram antigamente. Aquilo que a revelação bíblica considera como pecado, permanece sendo pecado. A lei divina não pode ser revogada e ajustada aos interesses humanos. Esses princípios são universais e por isso não se admite uma ética cristã diferente de uma cultura para outra cultura. Os padrões da ética e da moral cristã não sofrem mutações. A verdade bíblica não pode ser relativizada ou flexibilizada para atender o egoísmo e o hedonismo da raça humana. O texto bíblico permanece inalterado e imexível. Por isso, os valores cristãos são permanentes, pois a fonte de autoridade é permanente. Quanto a esta realidade, Cristo afirmou: “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35).

II. FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ

Como já afirmamos no tópico anterior, a ética cristã tem como principal fundamento o texto inspirado das Sagradas Escrituras. É verdade que não se pode desprezar a tradição da Igreja, as leis civis e criminais, as variadas literaturas e nem tampouco os bons costumes adotados pela sociedade; entretanto, para o cristão, toda e qualquer prática e conduta precisa passar pelo crivo e pelo aval da Palavra de Deus (Hb 4.12). Nesse sentido, a Bíblia Sagrada foi reafirmada na Reforma Protestante como sendo o principal fundamento da fé cristã. Lutero e outros reformadores combateram “a elevação católica da tradição a um status igual ou até mesmo superior das Escrituras” (COMFORT, 1998, p. 68).

Tendo a inspiração divina como pressuposto, a Bíblia Sagrada difere de outros livros pela sua inerrância e infalibilidade. Esses conceitos teológicos apontam que as Escrituras não contêm erro algum, que seus ensinos são fidedignos e confiáveis, e, por isso, não podem falhar. Por conseguinte, aquele que crê na inspiração das Escrituras também deve crer que a Bíblia é inerrante e infalível.

1. O Decálogo
A partir do século V, a Igreja Católica começou a ensinar os fiéis a prática do confessionário. Com o propósito de julgar as confissões, os sacerdotes católicos eram orientados a proferir penitências por meio de “manuais penitenciais ou confessionais”. As penas eram elaboradas conforme os sete pecados capitais: soberba, inveja, cobiça, ira, preguiça, avareza, gula e luxúria. No século XV, o teólogo francês Jean de Gerson (1363-1429) discordou dessa forma de tratar os pecados e voltou-se para os DezMandamentos, que chamou de “a rocha da Ética Cristã” (KEENA, 1999, p.13).

No século seguinte, por ocasião da Reforma Protestante, os Dez Mandamentos passaram a ser a principal base de instrução moral e ética para a Igreja protestante. O uso do Decálogo era uma resposta à teologia católica e uma rejeição à supremacia, por mais de dez séculos, dos sete pecados capitais. A justificativa era de que o Decálogo constava das Escrituras e não de um compêndio de penitências. Enquanto os sete pecados capitais tratavam prioritariamente das ações ofensivas à vida humana, os Dez Mandamentos expressavam a vontade divina, primariamente por meio da nossa relação com Deus e depois com os nossos irmãos.

Os Dez Mandamentos ou “dez palavras” estão revelados em Êxodo 20.1-17 e Deuteronômio 5.6-21. O Decálogo contém prescrições e proibições com três claras expressões positivas:

a) A relação do homem com Deus — “Eu sou o Senhor teu Deus” (Êx 20.2);

b) A relação do homem na adoração — “Lembra-te do sábado” (Êx 20.8); e

c) A relação do homem com o próximo — “Honra a teu pai e a tua mãe” (Êx 20.12).

As outras sete declarações negativas estão diretamente subordinadas a essas três esferas da vontade de Deus. Em vista disso, os Dez Mandamentos são preceitos éticos que fazem parte da lei moral de Deus e devem ser obedecidos.

Os quatro primeiros Mandamentos tratam da relação do homem e sua adoração para com Deus: o Senhor requer culto exclusivo, condena a idolatria, alerta sobre omal-uso do seu nome e lembra que tem direito ao tempo do homem (Êx 20.1-11). Os seis últimos referem-se à relação para com o próximo: o Senhor exige honra aos genitores, zela pela integridade da vida, repudia o adultério, proíbe o furto, amentira e a cobiça (Êx 20.12-17). Essas ordenanças se caracterizam como atos morais que o homem pode escolher praticar ou recusar. Por isso, o cumprimento do Decálogo pode ser resumido na prática do amor. Esse foi o ensino do legislador e Moisés (Dt 4.6-8) e de Paulo, o apóstolo dos gentios (Rm 13.10; 1 Tm 1.5). O próprio Cristo enfatizou essa verdade e ratificou que o amor a Deus e ao próximo é a expressão máxima dos Dez Mandamentos (Mt 22.37-39). Como o Decálogo faz parte da lei moral de Deus e está baseado na natureza divina, os Dez Mandamentos permanecem válidos para todos os cristãos desempenhando a função de “rocha da Ética Cristã”.

2. Os Evangelhos e Atos
Os Evangelhos são mais do que simples biografias de Jesus, e o livro de Atos mais do que simples história da Igreja. A narrativa desses livros serve a um propósito teológico: o de apresentar os ensinos de Jesus, diretamente ou por meio dos apóstolos, como parte da “boa vontade de Deus para com os homens” (Lc. 2.14). Isto posto, o evangelho refere-se às boas novas de Cristo (Mt 9.35). A mensagem registrada pelos evangelistas contém apelo ao arrependimento, renúncia ao pecado, oferta de perdão, esperança de salvação e santidade de vida (Mt 3.2, Lc 1.77, 9.62). Os seguidores de Cristo são convocados a viver as doutrinas do evangelho e adotaram a ética e a moral do Reino de Deus (Mt 16.24; Mc 10.42-45). Por meio do evangelho, o homem pode compartilhar a natureza moral de Deus (Mt 5.48). O genuíno evangelho produz mudanças no caráter do cristão (Tt 2.11-14), e quem pauta sua vida pelo evangelho recebe o dom do Espírito Santo (At 2.38,39).

3. O Sermão do Monte
Reconhecidamente, o Sermão do Monte reúne princípios do mais alto idealismo moral e “tem sido entendido como a aplicação maior da ética de amor ao próximo e da Lei Áurea que ele contém” (HENRY, 2007, p. 548).

No Sermão são reveladas a ética e a moral do Reino de Deus em questões como: a ira, adultério, divórcio, juramento, vingança e o amor. Cristo ensina que quando uma pessoa não consegue controlar a sua ira, ela pode perder o controle e matar alguém (Mt 5.21,22). O Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento salienta que “o assassinato começa com a raiva; a pessoa tem de lidar com a raiva a fim de evitar o assassinato” (2003, p. 45). Essa proposição adverte que o pecado da ira precede o pecado de assassinato, que é a violação do sexto mandamento do Decálogo (Êx 20.13).

Após abordar a questão da ira, Cristo passa a ensinar acerca da violação de outro mandamento do Decálogo — o adultério (Êx 20.14). O Senhor apresenta uma moral muita acima daquela convencionada entre os judeus. Para os rabinos o adultério só era caracterizado por meio do ato sexual. Para Cristo, o adultério está no pensamento, na intenção do coração que enche os olhos de luxúria (Mt 5.27,28). O Senhor também ensina sobre a santidade e indissolubilidade do casamento (Mt 5.31,32). Quanto à prática de juramentos permitidos na lei mosaica (Mt 5.3337), Cristo aponta para uma nova conduta:
No comentário sobre a antiga lei Jesus faz um ajuste importante. [...] O emprego do advérbio holos (“de maneira nenhuma”, Mt 5.34) indica que Jesus esperava que esta atividade cessasse completamente. Os juramentos que aludem indiretamente a Deus, pela referência a céu, terra e até a própria pessoa, eram proibidos [...] A pessoa honesta não tem necessidade de fazer juramento; um simples sim ou não é suficiente. (STRONSTAD, 2003, p. 46)

Em relação ao sentimento de vingança, Cristo ensina não revidar as ofensas sofridas (Mt 5.38-41). Ao contrário, Ele nos ensina a ser caridosos e beneficentes (Mt 5.42). No que diz respeito ao amor — o resumo da lei e dos profetas — em especial o “amor ao próximo”, a moral e a ética cristã requerem do cristão o dever de amar seus inimigos: falando bem deles, fazendo o bem a eles e orando por eles (Mt 5.44). Quem não o fizer é considerado hipócrita e indigno de receber galardão (Mt 5.46-48).

O sermão também aborda questões como a esmola, a oração e os jejuns. Aqui, somos advertidos contra a hipocrisia e o sentimento de vanglória. A esmola, a oração e o jejum devem ser praticados a partir de um coração sincero, e não para sermos aplaudidos ou reconhecidos pelos homens (Mt 6.1,5,16). Na sequência, Cristo trata do problema do pré-julgamento — uma advertência contra a mania precipitada, arrogante e orgulhosa em julgar os outros (Mt 7.1,2). Cristo ainda trata do livre-arbítrio e apresenta ao homem dois caminhos: o largo e o estreito (Mt 7.13,14). Ato contínuo, o Senhor faz um grande alerta contra os falsos profetas e ensina que o ministério de alguém deve ser provado pelos seus frutos (Mt 7.15-23). Por fim, o Senhor adverte sobre a necessidade de o cristão ouvir e praticar as palavras proferidas no sermão (Mt 5.24-35). Ressalta-se então que o sermão chama os homens para uma vida ética de perfeição em Cristo (Mt 5.48) e os concita a priorizar o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6.33).

III. FOMOS CHAMADOS A VIVER ETICAMENTE

As Escrituras alertam sobre o perigo de não vivermos de modo ético. Os israelitas no deserto foram abençoados e sustentados pelo maná (Êx 16.4) e pela água potável (Êx 17.6) que Deus lhes concedia de modo sobrenatural, mas a maior parte deles foi reprovada por não viver a lei moral outorgada por Deus (1 Co 10.5). Somente dois israelitas daquela geração, Josué e Calebe, puderam herdar a Terra Prometida (Nm 14.30). No capítulo 10, versículos 1 a 10, da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, o apóstolo seleciona cinco pecados cometidos pelos israelitas que ficaram registrados, em forma de negação, para nossa advertência: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4a).

1. Não Cobicemos as Coisas Más
 Paulo adverte a Igreja a não incorrer no pecado da cobiça uma vez que as experiências dos israelitas no deserto “foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (1 Co 10.6). No deserto, os israelitas cobiçavam prazeres proibidos e sentiam saudades do Egito. A multidão que saiu do Egito era composta por uma “mistura de gente” que aproveitou a ocasião para fugir de Faraó. Essa gente deu início à murmuração que contaminou os israelitas e gerou um descontentamento generalizado (Nm 11.4-6).

Ainda hoje, pseudocristãos cobiçam os prazeres do mundo. Muitos desses são negativamente influenciados pela “mistura” do joio na Igreja (Mt 13.25). Por isso, o apóstolo dos gentios ensina que “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15.33). A convivência com o joio pode corromper e incitar a rebelião. Os que se contaminam passam a rejeitar o maná celeste que é Cristo (Jo 6.35,48,51) e decidem viver sob o jugo do hedonismo (excessiva busca pelo prazer) e sob a escravidão do pecado, isso porque se negam em observar a lei moral do Decálogo que diz: “Não cobiçarás” (Êx 20.17).

2. Não vos Torneis Idólatras
O apóstolo também alertou a Igreja acerca do perigo da idolatria (1 Co 10.7). Enquanto Moisés recebia a Lei permanecendo afastado do povo por 40 dias e 40 noites (Êx 24.18; 31.18), os israelitas se corrompiam adorando um bezerro fundido (Êx 32.4). Longe de seu líder, Israel falhou vergonhosamente. Arão, o vice-líder, cedeu às pressões do povo e ordenou que trouxessem contribuição para promover a idolatria e foi prontamente atendido (Êx 32.1-4). Chegou ao ridículo de erigir um altar e se tornou sacerdote de um falso culto (Êx 32.5,6). Infelizmente, em nossos dias essas cenas se repetem. Muitos são hipócritas e fora das vistas da liderança vivem em pecado. Outros são falsos líderes que ensinam o erro e promovem falsa espiritualidade estando fadados ao juízo (Mt 23.15; Rm 1.32). Constatamos estarrecido como os falsos profetas conseguem atrair dinheiro para os seus falsos cultos. A idolatria tem sido sustentada por “ofertas de amor” e “ofertas de sacrifício” pelo povo alienado e mal instruído. O Dicionário Wycliffe define idolatria como:

Uma transliteração da palavra gr. eidololatria, cujo significado entendemos ser “a adoração a ídolos; a adoração a imagens como divinas e sagradas” [...] Com base nesse termo foi formada a palavra eidolon, “imagem”, que veio a significar especificamente uma imagem de um deus como um objeto de adoração, ou um símbolo material do sobrenatural como tal objeto. O segundo termo é latreia, significando “culto ou adoração aos deuses”. Idolatria, então, é prestar honras divinas a qualquer produto de fabricação humana, ou atribuir poderes divinos a operações puramente naturais. (PFEIFFER, 2008, p. 944)

Observa-se nesse conceito que a idolatria consiste em adorar, venerar ou prestar culto a algo ou alguém em lugar de Deus. É importante ressaltar que o ato de idolatria não consiste apenas na adoração de uma imagem, mas também “a qualquer produto de fabricação humana”. Assim sendo, atualmente, falsos cristãos e falsos líderes desprovidos de temor adoram o dinheiro e os bens materiais, e os utilizam para promover o falso culto atraindo sobre si à ira divina (Êx 32.35). O mal da idolatria desvirtua a moral cristã e mantém o povo afastado do verdadeiro culto (Jo 4.23).

2. Não nos Prostituamos
O terceiro pecado relacionado por Paulo adverte a Igreja a respeito da maldição provocada pela imoralidade sexual (1 Co 10.8). A história tem início quando Israel deteve-se em Sitim, uma região nas campinas de Moabe (Nm 22.1-30). A presença dos israelitas aterrorizou a Balaque, rei dos moabitas. Balaque então contratou o profeta pagão Balaão para amaldiçoar a Israel. Como Balaão foi divinamente impedido de amaldiçoar o povo da promessa (Nm 23.8), ensinou a Balaque como fazer para moralmente corromper os israelitas (Nm 31.16). Essa conduta ficou conhecida nas Escrituras de maneira negativa e pejorativamente como “doutrina de Balaão” (2 Pe 2.15; Jd 1.11; Ap 2.14). A motivação em corromper Israel era fazê-los pecar e assim causar a queda da nação. Lamentavelmente, os israelitas foram presa fácil. As mulheres moabitas convidaram o povo para participar de seu culto a Baal-Peor. A prática cultual dos moabitas era tomada por glutonarias, orgias sexuais, fornicação e adultério, o que levou os israelitas a prostituírem-se com as filhas dos moabitas.

Não demorou muito e a ira de Deus se acendeu contra os pecadores. Moisés foi instruído a enforcar a luz do dia e publicamente todos os chefes do povo que se envolveram com a orgia e o culto a Baal-Peor. Em seguida, os juízes foram orientados a matar cada um os seus homens que se juntaram a Baal-Peor. Enquanto Israel chorava essas mortes, uma praga assolava todo o povo. Em meio à ira divina, um rebelde príncipe israelita apresentou no arraial uma princesa midianita que ele trouxera consigo o que vendo o sacerdote Fineias indignado os atravessou a ambos com uma lança e a praga cessou (Nm 25.1-15). Ciente do grande mal e das graves consequências da imoralidade sexual, Paulo exorta a Igreja a vigiar constantemente. Ao analisar esse assunto o Comentário do Novo Testamento — Aplicação Pessoal, afirma que a intenção paulina era mostrar que “Deus não teria complacência para com aqueles que afirmassem pertencer a Ele, mas que ainda participassem de cultos pagãos e da imoralidade sexual” (2009, v. 2, p. 148). Aliás, a imoralidade encabeça a lista de Paulo das obras da carne: “adultério, fornicação, impureza e lascívia” (Gl 5.19). Nesse quesito, o apóstolo ordena ao cristão viver eticamente e conservar o corpo irrepreensível (1 Co 6.18; 1 Ts 5.23).

3. Não Tentemos ao Senhor
Neste ponto, o apóstolo previne a Igreja quanto ao perigo da maldição em se provocar a Deus (1 Co 10.9). Os israelitas tentaram o Senhor  com suas rebeldias, queixas, incredulidade e irreverência. Paulo lembra o protesto dos israelitas contra Deus por terem sido conduzidos para o deserto: “E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil” (Nm 21.5). Esse questionamento foi extremamente ofensivo aos olhos do Senhor. Ele os tirara do Egito com mão forte e poderosa, e estava provendo-lhes todo o sustento. Mas o povo demonstrava ingratidão e falta de confiança. Eles estavam testando e colocando à prova a paciência do Todo-Poderoso. “Tentar o Senhor é experimentar até que ponto se pode abusar da paciência de Deus antes de incorrer em seu julgamento” (Dt 6.16) (STRONSTAD, 2008, p. 995).

Como resultado de “tentarem ao Senhor”, o juízo divino foi instantâneo sobre o povo. O Senhor mandou serpentes ardentes e a natureza incurável das picadas matou muita gente em Israel (Nm 21.6). Ao reconhecerem o pecado, os queixosos suplicaram a Moisés que intercedesse diante de Deus (Nm 21.7). O arrependimento cessou a praga e possibilitou a cura para os que iam sendo picados (Nm 21.8,9). O apóstolo trouxe esse fato à memória da Igreja em Corinto, pois alguns dos irmãos também estavam “tentando ao Senhor” com os seus recorrentes pecados e afrontas à santidade do Altíssimo. Por conseguinte, os que de forma proposital rebelam-se contra a vontade do Senhor, ignoram a ética cristã e violam a lei moral de Deus,  ficam sujeitos à ira divina (Rm 2.8,9).

4. Não Murmureis
Por fim, o apóstolo alerta acerca do pecado da murmuração (1 Co 10.10). Infelizmente, esse fato aconteceu várias vezes na peregrinação dos israelitas. É possível que na citação paulina esteja incluída a murmuração ocorrida em Cades quando o povo se recusou entrar na Terra Prometida recebendo o castigo por meio de uma praga (Nm 14.2,36,37). Mas o incidente na contradição de Coré parece servir melhor ao propósito do apóstolo. A rebelião liderada por Coré era uma murmuração não apenas contra Moisés e Arão, mas também contra o próprio Deus (Nm 16.1-35). Coré e duzentos e cinquenta aliados questionaram a escolha divina de confiar à liderança do povo e o ministério a Moisés e Arão. Diante dessa murmuração, eles foram submetidos a um teste de santidade. No dia seguinte, Arão, Coré e os 250 revoltosos ofereceram incenso em seus incensários. Coré trouxe o povo todo para assistir ao ritual e colocá-los contra Moisés e Arão. Todavia, enquanto o cerimonial acontecia, a terra se abriu e engoliu as tendas, os bens e as famílias dos líderes da rebelião. E, enquanto o povo corria com medo de ser tragado pela terra, “saiu fogo do Senhor, e consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso”.

Apesar de o juízo divino ter aberto a terra e enviado fogo contra os murmuradores rebelados, o coração do povo era extremamente obstinado. No dia seguinte, tornaram a afrontar Moisés e Arão e lançaram sobre eles a culpa pela morte de Coré, Datã, Abirão e suas famílias, bem como dos 250 príncipes que ofereciam incenso (Nm 16.41,42). Diante dessa teimosia e insensatez, Deus enviou uma praga que consumiu quatorze mil e setecentos israelitas (Nm 16.49). Lamentavelmente, a murmuração foi frequente e permanece em nossos dias: “murmurar contra Deus, ou contra os líderes que Ele designou, resulta no castigo divino [...] Esse era outro problema que a Igreja de Corinto estava enfrentando” (RIBAS, 2009, v. 2, p. 148). O significado aqui se refere à falta de ética que provoca maledicência, inveja e calúnias contra o próximo, e ainda provoca a ira de Deus.

No epílogo dessas advertências, Paulo reitera que as experiências de Israel servem de exemplo para os cristãos não cometerem os mesmos erros, pois “estão escritas para aviso nosso” (1 Co 10.11). O apóstolo ainda admoesta os cristãos que cuidam estar em pé que tomem muito cuidado para não cair (1 Co 10.12). Ao encerrar essas admoestações, Paulo apresenta uma palavra de esperança. Ele afirma que as tentações são comuns a todos, mas que não devemos desanimar, pois não estamos sozinhos em nossas fraquezas. Deus não nos deixará ser tentados além de nossa capacidade de resistir. A fidelidade do Senhor provê a cada um o meio de escape (1 Co 10.13). Portanto, devemos entregar nosso caminho ao Senhor e depositar nEle toda a nossa confiança (Sl 37.5).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
1. “Atenção para a tradição da Igreja de Cristo!
Além das Sagradas Escrituras, a Igreja de Cristo tem uma tradição riquíssima em decisões de questões éticas, como aborda muito bem o pastor Claudionor de Andrade: ‘Se, por um lado, não podemos escravizar-nos à tradição, por outro, não devemos desprezá-la. Sem o legado dos que nos precederam, jamais teríamos conseguido estruturar nosso edifício teológico, moral e ético. Logo, é-nos permitido eleger a tradição eclesiástica como o segundo fundamento da Ética Cristã. [...] A tradição, quando bem utilizada, assessora a Igreja nos dilemas teológicos, morais e éticos. O apóstolo Paulo reconhece-lhe a importância: ‘Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes’ (2Ts 3.6). O que não podemos fazer é colocá-la de pé de igualdade com a Bíblia. A Didaqué é um dos tratados mais antigos e tradicionais da Igreja Cristã. Produzida ainda nos dias apostólicos, ajudou os primeiros cristãos a posicionarem-se espiritual e eticamente. A Doutrina dos Doze Apóstolos, como também é conhecida, realçava-se por amorosas admoestações, conforme podemos observar: ‘Há dois caminhos: um da vida e outro da morte. A diferença entre ambos é grande. O caminho da vida é, pois, o seguinte: primeiro amarás a Deus que te fez: depois teu próximo como a ti mesmo. E tudo o que não queres que seja feito a ti, não o faças a outro’. Mais adiante, prossegue o autor anônimo, citando as práticas que conduzem o ser humano à perdição: ‘Mortes, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias, práticas mágicas, rapinagens, falsos testemunhos, hipocrisias, ambiguidades, fraude, orgulho, maldade, arrogância, cobiça, má conversa, ciúme, insolência, extravagância, jactância, vaidade e ausência do temor de Deus” (ANDRADE, Claudionor de. As Novas Fronteiras da Ética Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017, pp.17,18).

2. Ética
“Historiador e estadista, Churchill não ignorava a influência da Bíblia Sagrada na formação das grandes nações. Sabia que, sem ela, a Civilização Ocidental seria inviável. Por isso, foi tão categórico ao analisar as conquistas espirituais e morais da Inglaterra: ‘O estandarte da ética cristã [a Bíblia] é, ainda, o nosso mais importante guia’”. Para conhecer mais, leia As Novas Fronteiras da Ética Cristã, CPAD, p.9.

A Bíblia Sagrada é o fundamento para o viver ético-moral dos cristãos. É a única regra infalível de fé e de conduta para a Igreja (2Tm 3.16). Portanto, em tempos de ataques ideológicos contra a cultura judaico-cristã, a Igreja não deve furtar-se de ser o “sal da terra” e a “luz do mundo” em pleno século XXI (Mt 5.13,14).

Fonte:
Livro de Apoio – Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo - Douglas Baptista
Lições Bíblicas 2º Trim.2018 - Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo - Comentarista: Douglas Baptista
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quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A cosmovisão cristã em um mundo de vãs ideologias

E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Rm 12.2

“Em anos recentes, todas as grandes proposições avançadas durante o século XIX caíram, uma por uma, como soldadinhos de brinquedo. O século XX foi a era da ideologia, dos grandes ‘ismos’: comunismo, socialismo, nazismo, liberalismo etc. Em todos os lugares, os ideólogos alimentaram visões de criar uma sociedade ideal com um esquema utópico. Mas hoje todas as grandes construções ideológicas estão jogadas nos montes de cinzas da história. Tudo o que resta é o cinismo do pós-modernismo, com suas afirmações falidas de que não existe verdade objetiva ou significado, que somos livres para criar a nossa própria verdade, enquanto entendemos que tal teoria nada mais é do que um sonho subjetivo, uma ilusão confortante. Enquanto as ideologias reinantes esmigalham-se, as pessoas são pegas diante de um impasse: tendo acreditado que a autonomia individual era o santo graal que as levaria à libertação, elas agora vêem que foram levadas apenas para o caos moral e a coerção do Estado. O tempo está maduro para a mensagem em que a paz social e a satisfação pessoal que as pessoas realmente almejam estão disponíveis somente no Cristianismo. A igreja se manteve inabalável através do fluxo e refluxo de dois milênios. Ela tem sobrevivido à perseguição dos primeiros séculos, à invasão dos bárbaros e da idolatria da Idade Média e aos assaltos intelectuais da era moderna. Suas paredes sólidas soerguem-se acima das ruínas espalhadas através da paisagem intelectual. Deus nos livre que nós, herdeiros de santos e mártires, venhamos a falhar neste momento primordial” (COLSON, C.; PEARCEY. E Agora, Como Viveremos? 2ª Edição. RJ: CPAD, 2000, p.360).


Desenvolver uma visão de mundo essencialmente cristã é crucial para discernir a vontade de Deus em uma época cheia de ideologias vãs.

A juventude é a fase dos sonhos e dos grandes ideais de vida. Nesse período existencial, é comum se interessar e até mesmo aderir a alguma causa social ou sistema político. Até certo ponto, não há nenhum problema nisso, contanto que a ideia central de tal sistema não seja incompatível com as doutrinas da fé cristã. O fato é que vivemos em um momento de pluralismo e diversidade, em que se multiplicam pontos de vistas, teorias, doutrinas e religiões de todos os tipos e origens. Em meio a isso, como separar o joio do trigo? Este é o tema desta lição.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Prezado professor, no decorrer do trimestre utilizaremos em várias oportunidades — implícita ou explicitamente — a palavra cosmovisão. Por isso, é importante que os seus alunos sejam familiarizados com este termo (Tópico 3). Cosmovisão é uma visão de mundo; a forma como enxergamos intelectualmente as coisas e os acontecimentos à nossa volta. Sendo assim, cosmovisão cristã é a compreensão de todas as coisas a partir da perspectiva bíblica; a leitura da realidade através das lentes das Escrituras Sagradas e da vontade de Deus. A visão de mundo cristã se direciona por três pressupostos bíblicos básicos, que respondem às grandes questões da humanidade, conforme sintetizados no quadro a seguir:



TEXTO BÍBLICO - Romanos 12.1,2; Colossenses 2.4-8

INTRODUÇÃO

Sabemos que a sociedade atual é dominada por ideologias incompatíveis com o evangelho. Tais formas de pensamento negam a soberania de Cristo e tentam substituir os valores cristãos por concepções secularizadas do mundo. Saber, portanto, como elas funcionam e quais são os seus fundamentos é crucial para o crente não ser enredado por engodos e vãs sutilezas.

Nesta lição, além do conceito de ideologia e as características que contradizem a fé cristã, veremos como formar uma mentalidade essencialmente cristã, uma visão de mundo abrangente, pela qual possamos discernir as vozes do nosso tempo e refutar os sistemas de ideias incompatíveis com as Escrituras.

I. UM MUNDO MOVIDO POR IDEIAS E IDEAIS

1. Ideologia e seu sentido.
Diariamente, as pessoas são compelidas a decidir sobre uma série de coisas ou a se pronunciar a respeito dos mais variados temas que emergem na sociedade. Tais ações não são adotadas em completa neutralidade. Um dos aspectos que moldam a conduta e a opinião de alguém, especialmente nos temas mais complexos, é a sua ideologia. Em linhas gerais, os dicionários definem “ideologia” como o conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais, políticos que caracterizam o pensamento de um indivíduo ou grupo social. A ideologia é um elemento crucial em qualquer visão de mundo, pois fornece as crenças básicas e estabelece os ideais de vida de uma pessoa.

2. Ideias e consequências.
“Ideias têm consequências” é a frase que melhor explica o caráter orientador das ideologias, seja de forma individual ou coletiva. Jesus afirmou que uma árvore é conhecida pelos seus frutos (Mt 7.15-20). Assim como árvores ruins não podem dar bons frutos, ideologias maléficas, portadoras de visões distorcidas acerca da humanidade e da moralidade, não podem dar bons resultados para a sociedade; ao contrário, elas trazem prejuízos e levam ao caos social. Por esse motivo, devemos ter cautela e discernimento para não nos tornarmos presas de ideologias desvirtuadas, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo (Cl 2.8).

Pense!
Ideologia não é algo puramente teórico. Tem consequência prática na vida das pessoas.

Ponto Importante
A ideologia é um elemento crucial em qualquer cosmovisão, pois fornece as crenças básicas e estabelece os ideais de vida.

II. CARACTERÍSTICAS DAS IDEOLOGIAS CONTRÁRIAS AO EVANGELHO

1. Idolatram algo dentro da criação.
O ponto comum a todas as ideologias contrárias ao Evangelho é a ênfase excessiva a algum aspecto da criação, o que faz surgir um tipo de idolatria (Êx 20.3; Rm 1.25; 1Co 10.7). Tal ocorre quando se valoriza mais a liberdade (individualismo), a nação (nacionalismo), o dinheiro (capitalismo), a propriedade comum (socialismo) ou o meio ambiente (ambientalismo), por exemplo, acima de Deus, crendo que tais elementos, por si sós, possam proporcionar prosperidade, segurança e salvação para o homem.

Ainda que possam expressar desejos legítimos, a devoção demasiada a cada um desses aspectos equipara-se à idolatria. Afinal, compreendemos que o pecado de idolatria se expressa não somente pela adoração aos deuses feitos de pedra ou madeira, mas também pela veneração a ideias e doutrinas humanas, que possam levar a um estilo de vida correspondente (Sl 115.8). Nesse aspecto, cabe o alerta paulino para fugir da idolatria (1Co 10.14). Não se deixe enganar por ideias que têm aparência de piedade (2Tm 3.5) e dizem defender o bem, mas no fundo estão cheias de mentiras (Jo 8.44).

2. Negam a realidade do pecado.
As ideologias mundanas negam os efeitos do pecado, ao dizer que a natureza humana é essencialmente boa. O filósofo francês do Século XVIII Jean-Jacques Rousseau dizia que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Tal concepção, além de defender a completa liberdade e autonomia do indivíduo, como forma de libertação das instituições da sociedade, especialmente família e igreja, leva a uma visão utópica da realidade, na qual acredita ser possível criar uma sociedade perfeita nesse mundo, bastando estabelecer as estruturas econômicas e sociais adequadas. O utopismo não se coaduna com as bases cristãs, pois sabemos que os problemas deste mundo, embora possam ser remediados pela lei e pelos bons costumes, nunca serão solucionados completamente, diante da falibilidade humana. Depois da Queda, nos tornamos falhos e precisamos de regeneração, por isso o teólogo holandês Jacó Armínio afirmou ser necessária uma renovação do nosso intelecto, afeições ou vontade.

3. Descrêem no mundo espiritual.
A ideologia materialista não concebe a existência de algo além da matéria, assim como rejeita a concepção bíblica sobre os eventos escatológicos, tais como a volta de Jesus (1Ts 4.16,17), o julgamento dos pecadores (Ap 20.11) e a eternidade (Êx 15.18). Pense no perigo que essa ideia representa. Se não existe nada além do que podemos enxergar, a vida não tem propósito e o ser humano não deve prestar contas de seus atos a ninguém. Fiódor Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Nessa mentira diabólica está a justificação para o hedonismo, o liberalismo moral, o antropocentrismo e todo tipo de “ismo” iníquo, destruidor da moral e dos bons costumes.

Contradizendo a natureza e a narrativa bíblica (Gn 1.27), a mundana “ideologia de gênero”, por exemplo, apregoa que os dois sexos — masculino e feminino — são construções culturais e sociais, razão pela qual cada pessoa tem o direito de fazer a sua opção sexual (gênero). É uma prova do poder devastador das ideologias defendidas pelos ímpios. Paulo vaticinou que o “fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3.19). Mas nós pensamos nas coisas que são de cima! (Cl 3.2).

Pense!
Enquanto as ideologias são concebidas pelos homens, as verdades da fé cristã são reveladas por Deus.


III. MENTES RENOVADAS PARA UM MUNDO CHEIO DE IDEOLOGIAS VÃS

1. Inconformados com o mundo.
Diante de um contexto repleto de filosofias e ideologias nocivas à fé cristã, é preciso vivenciar na íntegra a recomendação paulina para não nos conformarmos (gr. syschematizesthe) com este mundo (Rm 12.2a). O sentido deste aconselhamento é que não nos amoldemos à forma, ao modelo, ao esquema do mundo. Nesta passagem, a palavra “mundo” não se refere às pessoas ou ao universo físico, e sim ao sistema filosófico, ideológico e espiritual fomentado pelo deus deste século e pela carne, em oposição à vontade de Deus. Nesse aspecto, expressou A. W Tozer: “A cruz ergue-se em ousada oposição ao homem natural. Sua filosofia é contrária aos processos da mente não regenerada”.

Não permita que o mundo à sua volta e as tendências da presente época definam o seu modo de viver. Mantenha a sua identidade, ainda que a maioria o ridicularize por suas convicções cristãs!

2. Transformação permanente.
O aconselhamento bíblico não se encerra no inconformismo. Além de rejeitar o costume do mundo, o salvo em Cristo deve ser transformado (gr. metamorphos). Isto ocorre primeiramente com a nova vida (Rm 6.4), mas deve prosseguir como uma prática constante (2Co 3.18). É um processo contínuo, como explica o Comentário Beacon: “Transformai-vos tem a força de ‘continuem sendo transformados’. Ao invés de nos entregarmos às influências que tendem a nos moldar à semelhança das coisas que estão ao nosso redor, devemos, dia após dia, empreender uma mudança na direção oposta”.

3. Em direção a uma cosmovisão cristã.
A transformação a que Paulo alude se dá pela renovação da mente. Enquanto cristãos, somos conclamados a desenvolver uma mentalidade eminentemente cristã, uma visão de mundo direcionada pelo pensamento de Deus, aplicável a todos os setores da sociedade. Em uma sociedade cada vez mais secularizada, renovar a mente, moldando-a aos valores do Reino, é algo crucial. O apóstolo Paulo expressou isso da seguinte forma: “Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1Co 2.16). No original grego, a palavra mente (gr. nous) significa o lugar da consciência reflexiva, compreendendo as faculdades de percepção e entendimento, e do sentimento, julgamento e determinação.

Pense!
“No âmago do sistema cristão está a cruz de Cristo com o seu divino paradoxo. O poder do cristianismo aparece em sua antipatia pelos caminhos do homem decaído, jamais em seu acordo com ele” (A. W. Tozer).

Ponto Importante
A vida de Jesus é o paradigma de todo cristão, por isso raciocinar como Ele não é uma questão de escolha, mas de obediência.


CONCLUSÃO

Além de formar a própria lente do cristianismo, a tríade bíblica: Criação, Queda e Redenção nos ajuda a compreender e a refutar as ideologias não cristãs, pois toda visão de mundo pode ser analisada pela maneira como responde a três perguntas básicas: De onde viemos e quem somos nós (criação)? O que deu errado com o mundo (Queda)? E o que podemos fazer para consertar isso (redenção)? A Bíblia responde plausivelmente a todos esses questionamentos.



Fonte: Lições Bíblicas CPAD - Jovens - 4º Trimestre de 2017
Título: Seguidores de Cristo — Testemunhando numa Sociedade em ruínas - Comentarista: Valmir Nascimento

Sugestão leitura:

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