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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O Batismo de Jesus

“E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”  Mt 3.17



“O batismo de Jesus marca o início de seu ministério. João Batista estava chamando os ouvintes para um batismo de arrependimento. Jesus, no entanto, não tinha pecados dos quais se arrepender. Mas Ele, graças à sua submissão ao batismo de João Batista, demonstrou sua identificação com a humanidade pecaminosa. A descida do Espírito Santo em forma de pomba e as palavras de aceitação do Pai que acompanharam o batismo representaram a aprovação de Deus do ministério que se seguiria. [...] No batismo de Jesus, Deus o confirmou como seu Filho e encheu-o com seu Espírito (Mt 3.13-17), capacitando-o para sua missão” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.436).

Texto Bíblico: Mateus 3.13-17

Deus confirmou a filiação divina de Jesus por ocasião do seu batismo.

INTRODUÇÃO

Algumas pessoas não conseguem entender o motivo que levou Jesus, sendo o Deus encarnado, a se sujeitar a ser batizado pelo último dos profetas de Israel (Mt 11.13). No entanto, a narrativa de Mateus, apesar de resumida, mostra o que estava por trás desse gesto de Jesus. A história do batismo de Jesus não era para ser apenas mais um relato de batismo de João, o Batista. Ela teve um significado importante: revelar a divindade de Cristo e a confirmação escriturística de sua missão.

Nesta lição, estudaremos a respeito do gesto humilde de Jesus de vir até João para ser batizado. Veremos também os sinais que aconteceram naquele momento e a relação do batismo de João com o batismo cristão.

I. O PROFETA QUE BATIZOU JESUS

1. João, o batista.
Mateus descreve a aparição de João Batista diretamente no deserto. Ele faz uma conexão entre o texto de Mateus 3.3 com Isaías 40.3: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus”. A profecia de Isaías 40.3 teve um significado especial para os exilados da Babilônia. A interpretação teológica do exílio era de que ele ocorreu devido à desobediência do povo e a libertação estava condicionada ao retorno a Deus. Essa interpretação influencia o discurso de João Batista.

João é comparado a Elias pelo seu estilo de vida e ousadia ao desafiar o povo de Israel a se converter a Deus (1Rs 1.17,18-46). Mateus deixa claro que João tinha uma missão especial já prevista no Antigo Testamento: preparar o caminho para o Messias.

2. O batismo de João.
O batismo de João era com água e para arrependimento, um batismo de purificação precedido por uma confissão de pecados. O discurso realizado por João Batista antes do batismo era direto e firme. Uma temática profética semelhante a Moisés (Dt 30.2,10), Oseias (Os 3.5; 6.1), Amós (Am 4.6,8,9), Isaías (Is 9.13), Jeremias (Jr 2.27) e Ezequiel (Ez 14.6). A mensagem de João era de arrependimento para um batismo que realmente simbolizasse a morte do “velho homem”. Se o batismo de João era para o arrependimento e precedido de um discurso duro, por que Jesus vai ao Jordão procurar João para ser batizado? De que teria Ele que se arrepender? Por que ouvir tal discurso? A atitude de João demonstrava que ele não via em Jesus necessidade de arrependimento, mas que tudo foi realizado para se cumprir as Escrituras.

3. João anuncia um batismo superior ao seu.
Antes de batizar Jesus, João anunciou que após ele surgiria alguém com um batismo superior ao seu. João estava se referindo a Jesus, pois Ele batizaria aqueles que cressem com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11).

A missão de Jesus era salvar e purificar os que o aceitam pela fé e o recebem como seu único Salvador, crendo nas palavras do Evangelho.

II. O BATISMO DE JESUS E OS SINAIS DIVINOS

1. Jesus foi batizado para que se cumprissem as Escrituras.
A narrativa de Mateus a respeito de Jesus não menciona a infância dEle. Do seu nascimento salta para a visita a João.

A atitude de João, seu primo, ao recebê-lo demonstra que ele conhecia Jesus e não via nEle necessidade de arrependimento e muito menos de ser batizado.

Mateus é o único evangelista que registra o fato de João, a princípio, ter se recusado a batizar Jesus. Sua recusa é consistente com sua humildade (Mt 3.11). Quando Jesus menciona que é para cumprimento de “toda a justiça”, ele se rende e batiza o Salvador. O verbo cumprir que aparece também em textos de Mateus (Mt 1.22; 2.15; 4.14) significa concordância da vontade de Deus com o que está acontecendo no ministério de Jesus, que fora previamente declarado nas Escrituras.

2. Primeiro sinal: a descida do Espírito de Deus em forma de pomba (Mt 3.16).
Logo após a saída de Jesus das águas os céus se abrem para Ele. A abertura dos céus revela favor divino a pessoa que estava em consonância com Deus (Ez 1.1; At 7.56; Ap 19.11).

O evangelista afirma que ao sair Jesus das águas o Espírito de Deus desceu sobre Ele como uma pomba (Mt 3.16). O Espírito Santo que já estava ativo no nascimento de Jesus (Mt 1.18) continua presente no início de seu ministério terreno.

Jesus é o Filho de Deus que veio ao mundo para proclamar e libertar o oprimido, conforme a leitura que Ele mesmo fez de Isaías 61.1. Este também era o sinal de um novo governo, diferente do governo do Império Romano, em que os menos favorecidos não tinham quem os representasse.

3. Segundo sinal: uma voz dos céus.
Na sequência, Mateus afirma que “e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). Mais uma vez Mateus recorre ao Antigo Testamento, fazendo uma alusão ao Salmo 2.7 e Isaías 42.1.

Mateus apresenta Jesus como o servo sofredor de Deus e como o Messias (Is 42.1-4). Ele demonstra que mesmo sendo Filho de Deus, Jesus tinha a humildade de servir, diferente dos governantes romanos. Mateus também apresenta a figura do Messias, que devia batizar com o Espírito e com fogo. A pomba é símbolo de suavidade e mansidão. Isso nos mostra que, dependendo da atitude do ser humano em relação à vontade de Deus, Jesus pode ser a verdadeira benignidade como também a severidade (Rm 11.22).

III. O BATISMO DE JESUS E O BATISMO CRISTÃO

1. O modelo do batismo de João foi adaptado pelo cristianismo.
João Batista não foi o primeiro a praticar o batismo nas águas. Antes dele, os judeus batizavam os prosélitos como símbolo de uma natureza “purificada”. João Batista propagava o batismo do arrependimento, todavia o significado de arrependimento para João não é o mesmo do batismo cristão (At 18.24-26; 19.1-7). O batismo de João era uma preparação para o batismo que Jesus iria instituir depois de sua morte e ressurreição. Jesus é o Cordeiro de Deus, para justificação de todo aquele que crê e depois da sua morte e ressurreição, todos que nEle creem devem ser batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28.20).

Em Mateus, João Batista aparece pregando o “batismo de arrependimento para remissão de pecados”, enquanto Jesus entra com um discurso do Reino: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos céus”. Para a pessoa participar do batismo, é preciso crer na obra vicária de Cristo para ser justificada somente depois disso vem o batismo (At 2.41). O batismo é um símbolo da justificação já realizada por Jesus Cristo.

2. O batismo é uma ordenança de Cristo e não um sacramento.
Segundo a doutrina católica, as obras são essenciais para a justificação assim como o “sacramento do batismo”. Tais argumentos repetem a mesma defesa dos judeus com relação à circuncisão como meio de justificação. Em Romanos 4.9-15, Paulo questiona tal prática e chama de hipócrita quem se gloria de obras e sinais externos. Paulo afirma que Abraão foi justificado antes da instituição da circuncisão, tornando irrefutável a afirmação de que a circuncisão não era requisito para a justificação.

O batismo cristão é a ordenança de Jesus proferida pouco antes de sua ascensão, mas a justificação se dá mediante a fé no Filho de Deus (Mt 28.19,20). Jesus deu orientações explícitas de que as pessoas convertidas devem ser batizadas em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Porém, somos salvos pela fé em Jesus, pela sua graça e não pelo batismo em si. O batismo sem fé nenhum valor tem.

3. O batismo cristão ilustra a morte e ressurreição de Cristo.
O crente, pela fé em Cristo, torna-se justo diante de Deus e o velho homem é com Jesus crucificado, fazendo surgir uma nova criatura (Rm 6.6; 2Co 5.17). O batismo nas águas é um ato público para atender uma ordenança que formaliza, simbolicamente, o que já ocorreu: o sepultamento do velho homem (Cl 2.12). O batismo nas águas é uma bela representação da nova posição do salvo em Cristo, morto para o pecado (debaixo das águas), justificado e reconciliado com Deus (ao sair das águas). Portanto, o batismo cristão é um ato público que simboliza a justificação ocorrida por meio da fé em Cristo.

O batismo nas águas é a ordenança de Jesus, um ritual que simboliza que um pecador justificado está confessando, em público, sua fé em Cristo.

Leia também:  Ordenanças da Igreja 



CONCLUSÃO

Jesus demonstrou sua humildade e obediência, ao que estava predito nas Escrituras, ao se submeter ao batismo de João Batista, mesmo não tendo pecado. O batismo de Jesus foi acompanhado de sinais, comprovando que Ele era o Filho de Deus.



Leia mais sobre:  Batismo - um exemplo a ser seguido


Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves


Aqui eu Aprendi!

sábado, 19 de agosto de 2017

A Igreja de Cristo

Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” Mt 18.20

A Igreja de Cristo

O que é a Igreja?
A expressão Igreja vem do grego ekklesia cujo significado é “assembleia pública”. A expressão ekklesia tinha a ver com a reunião pública dos cidadãos gregos para decidirem questões da sociedade local.
Os escritores do Novo Testamento viram nessa expressão uma maneira viável de se referir ao grupo de pessoas que se decidiram por Jesus e Sua Palavra, de modo que a palavra ekklesia, aportuguesada para Igreja, passou a designar todas as pessoas, de várias partes do mundo, que depositaram a sua confiança em Jesus. Esse é o entendimento quando lemos os textos bíblicos que se referem a Igreja como Corpo de Cristo manifestado no mundo (Mt 16.18; At 20.28; Ef 5.32). Por isso vale a pena tomarmos contato com o teólogo e missiólogo, George Peters, quando ele escreve: “[...] Igreja ideal. [...] Aquela instituição de pessoas que foi chamada a Deus através do Evangelho de Jesus Cristo, conduzida a uma amizade eterna com Jesus Cristo pela fé, e foi batizada no corpo de Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Ela é o templo de Deus habitado pelo Espírito Santo [...]” (Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000, p.247).

Três ilustrações que caracterizam a Igreja em o Novo Testamento

Há três expressões que aparecem ao longo do Novo Testamento que caracterizam a Igreja:

O corpo de Cristo:
Com essa expressão o autor sacro refere-se ao fato de que se Cristo é o cabeça da Igreja, nós, seus servos, somos o corpo que obedece solenemente a cabeça: “Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24).

O templo de Deus:
Essa expressão mostra que um templo, ou santuário, é o lugar em que Deus é cultuado e habita em toda a parte. Assim como o Senhor morou no tabernáculo no deserto, Deus agora vive, por seu Espírito, na Igreja (Ef 2.21,22; 1Co 3.16,17).

A noiva de Cristo:
a expressão é usada como uma ilustração para contar a união e a comunhão de Deus com o seu povo (Ef 5.25-27; Ap 22.17). Como Deus tratava a nação de Israel como sua esposa, o apóstolo Paulo apresenta o noivo, Jesus Cristo, em pleno cuidado com a sua noiva, a Igreja.

Essas expressões são imagens ou figuras de linguagem, recursos linguísticos adotados pelos santos escritores, a fim de nos ajudar na aquisição da revelação de Deus para o ser humano por intermédio de Sua Palavra. Por isso, o seu uso não deve ser forçado ou exagerado. Revista Ensinador Cristão nº71

Cremos na Igreja, que é o corpo de Cristo, una, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de todas as eras e todos os lugares.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 12.12-20,25-27

Caro professor, é de suma importância para o aluno ter uma compreensão bíblica e teológica a respeito da natureza da Igreja de Cristo. Hoje, há algumas ideias equivocadas quanto algumas instituições que se chamam “igrejas”. Muitos confundem a Igreja de Cristo com tais instituições. Um dos objetivos da lição desta semana é exatamente esclarecer essa questão. O que é a Igreja de Cristo? Qual a diferença entre a sua natureza visível e a sua natureza invisível? Qual o papel do membro dentro do Corpo de Cristo?
São algumas questões que devem nortear a aula desta semana. O nosso desejo é que a sua classe compreenda melhor o maravilhoso privilégio de pertencer ao Corpo de Cristo, a Igreja do Senhor.


Afinal, o que é Igreja?
É toda congregação ou assembleia que se reúne em torno do nome de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, professando sua fé nEle publicamente e de forma diversificada, aberta a todas as pessoas, a qual inclui o batismo e a Ceia do Senhor (nas reuniões específicas). Trata-se da igreja no sentido completo da palavra. Como Jesus mesmo prometeu, Ele está presente na igreja por meio do Espírito Santo até a consumação dos séculos (Mt 18.20; 28.20).

A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes marcou o início da jornada da Igreja, e vemos o seu final glorioso no epílogo da história humana, em Apocalipse. Todos nós fazemos parte dessa história.

A IGREJA é a comunidade do Senhor Jesus Cristo formada por pessoas de todos os lugares ao longo dos séculos. Ela já existia no plano divino antes dos tempos dos séculos, mas iniciou a sua jornada histórica no dia de Pentecostes (Atos 2), com um grupo de 120 discípulos e discípulas, incluindo os apóstolos que estavam reunidos no cenáculo em Jerusalém aguardando a “promessa do Pai” (At 1.4, 5, 13-15). A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes marcou o início da sua longa jornada (At 2.1-12) com a conversão de “quase três mil pessoas” (At 2.41) como primícias de uma grande colheita que se iniciava naquela ocasião.

A igreja, como corpo espiritual de Cristo, é um organismo vivo com suas reuniões em torno do Senhor Jesus e suas ordenanças; como congregação ou assembleia, é também uma organização, com sua forma de governo. O ponto de partida de sua proclamação é a ressurreição de Cristo. A existência da Igreja não é resultado de um entusiasmo coletivo, mas a manifestação do poder de Deus.

A IGREJA

O termo grego ekklēsía, usado no Novo Testamento para “igreja”, vem do verbo ekkaleō, “chamar, convocar”, que a Septuaginta traduziu do hebraico qārā‘ el, “chamar para” em: “E chamaram Ló e disseram-lhe...” (Gn 19.5). A ekklēsía, “eclésia, assembleia, ajuntamento, igreja”, era a Assembleia do Povo na antiga Grécia que funcionava como poder legislativo, mas formada por todos os cidadãos; apesar disso, segundo Mário Curtis Giordani, “na prática, era relativamente pequeno o número de cidadãos que compareciam às reuniões” (GIORDANI, 1986, p. 172). Mas os tradutores da Septuaginta empregaram ekklēsía para traduzir o hebraico qāhal, “assembleia, multidão humana reunida”, em referência à congregação de Israel, além de outros termos que aparecem com menos frequência no Antigo Testamento.

O Novo Testamento grego usa ekklēsía para se referir à congregação de Israel: “Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar” (At 7.38). Só mais uma vez ekklesía se aplica à comunidade de Israel no Novo Testamento (Hb 2.12). Três vezes se usa para o ajuntamento ou a assembleia provocada por Demétrio contra o apóstolo Paulo no teatro em Éfeso (At 19.32, 39, 41); e 110 vezes o termo se refere à Igreja. Nesse sentido, a comunidade do Senhor é uma congregação especial formada por pessoas de todas as épocas e de todos os lugares chamadas pelo Senhor Jesus para pertencerem a Cristo (Rm 1.6), ter comunhão com ele (1 Co 1.9) e fazer parte da família espiritual de Deus (Ef 2.19), como afirma a Declaração de Fé. O termo “igreja” refere-se também a um grupo de crentes em cada localidade geográfica (Rm 16.16; 1 Co 1.2; Gl 1.2).

A Igreja é um organismo, um corpo espiritual em que todos os crentes em Jesus estão unidos uns aos outros e todos eles com a sua cabeça, que é o Senhor Jesus Cristo: “o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo” (Ef 1.22, 23); “ele é a cabeça do corpo da igreja” (Cl 1.18). Trata-se de uma congregação espiritual cujos membros foram remidos pelo sangue de Jesus, que veio a existir no palco da história como resultado da obra da cruz, do triunfo da ressurreição de Cristo e da vinda do Espírito Santo; é exatamente o que o Senhor Jesus chamou de “minha igreja” (Mt 16.18). Em resumo, “a Igreja é a assembleia universal dos santos de todos os lugares e de todas as épocas, cujos nomes estão escritos nos céus: “À universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” [Hb 12.23]” (Declaração de Fé).

É o novo povo que o Senhor Jesus formou dentre judeus e gentios (Ef 2.12- 14) em torno de Si mesmo como o próprio corpo de Cristo (1 Co 12.12-27), para adoração e louvor da glória de Deus e para anunciar o evangelho da salvação ao mundo inteiro (Ef 1.11, 12; Mc 16.15). Cada crente em Jesus é a morada de Deus: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16); “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1 Co 6.19); “no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef 2.22).


A Adoração
Os crentes em Jesus se reúnem para a adoração pública e coletiva. Os dois principais verbos gregos para “adorar”, no Novo Testamento, são proskyneo, que significa “adorar, render homenagem”, no sentido de prostrar-se (Ap 19.10), e latreuo, que significa “servir” a Deus (Ap 22.3). À luz da Bíblia, podemos definir adoração como serviço sagrado, culto ou reverência a Deus por suas obras (Sl 92.1-5) e por aquilo que Deus é (Sl 100.1-4). Não há diferença entre “servir” e “adorar” nem entre “prostrar-se” e “adorar”. Os principais elementos de um culto são: oração, louvor, leitura bíblica, pregação ou testemunho, oferta e manifestação dos dons do Espírito Santo (1Co 14.26).


AS ORDENANÇAS

A ordenança é um rito simbólico universal e pessoal que aponta para as verdades centrais da fé cristã. São duas as ordenanças da Igreja. A primeira é o batismo em águas: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19); e a segunda, a Ceia do Senhor: “Tomando o pão e tendo dado graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: Este é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Depois da ceia tomou do mesmo modo o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós” (Lc 22.19, 20).

Essas duas cerimônias ou ritos sagrados são conhecidos também como sacramentos por alguns grupos protestantes e também pelos católicos. Mas a Igreja Católica acrescentou mais cinco sacramentos, ao passo que os protestantes mantiveram os dois ritos bíblicos. No entanto, nem sempre os dois termos são intercambiáveis, pois isso depende da interpretação e cada grupo sobre o assunto. O termo sacramentum vem do latim que originalmente era para um juramento público de fidelidade do soldado romano, mas, antes disso, era o nome dado ao depósito feito em lugar sagrado pelas partes envolvidas numa questão jurídica até o pronunciamento da sentença. Os pais latinos empregaram essa palavra para o vocábulo grego mystērion, “mistério, secreto”, que veio a significar ordenança ou rito sagrado. Para muitos, esses rituais transmitem graça espiritual ou salvífica levando a pessoa da morte espiritual para a vida. Para os grupos que pensam dessa maneira, ordenanças e sacramentos não são termos alternativos. A Assembleia de Deus não emprega o termo “sacramento”, mas a palavra“ ordenança”, do latim ordo, “fileira, ordem”, conforme o capítulo XI da sua Declaração de Fé.

Essas ordenanças não produzem nenhuma mudança espiritual em quem se submete ao batismo e participa da ceia do Senhor. Mas isso não diminui a sua importância; antes, pelo contrário, elas são de grande valor. Esses rituais são ordens de nosso Senhor Jesus Cristo, pois ele mesmo pediu para ser batizado (Mt 3.14, 15). E também se trata de um símbolo da nossa união com ele e ao mesmo tempo a confissão pública dessa união (Rm 6.3-5). A ceia do Senhor é o memorial de sua morte em nosso lugar (1 Co 11.23-26). Essas são razões pelas quais os crentes nunca tratam dessas coisas sagradas com leviandade. Assim, o batismo em águas e a ceia do Senhor foram instituídos por ordem de Jesus para que fossem observados na Igreja, não porque transmitem algum poder místico ou graça salvífica, mas porque simbolizam o que já aconteceu na vida de quem aceitou a salvação de Cristo.


O Batismo

O batismo em águas é o rito que simboliza o início da vida espiritual. É um testemunho público de “nossa identificação com Jesus, em sua morte e ressurreição, que tornou possível a nossa vida que temos nEle (Rm 6.1-4)” (MENZIES & HORTON, 2001, p. 93).

Trata-se de um ato significativo e importante em que o crente em Jesus é mergulhado nas águas, o corpo inteiro de uma só vez, “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19), conforme ordenou o Senhor Jesus. Muitos debates surgiram ao longo dos séculos sobre o modus operandi desse ritual, como o batismo por imersão, por aspersão e assim por diante. Mas o Novo Testamento deixa claro que o ato era realizado por imersão: “porque havia ali muitas águas; e vinham ali e eram batizados” (Jo 3.23); “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água” (Mt 3.16); “E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe” (At 8.38, 39). A ilustração paulina do batismo em águas reforça a do batismo por imersão: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6.3, 4); “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Cl 2.12). Todas essas declarações são evidências de um batismo por imersão.

O batismo era efetuado conforme a fórmula ordenada pelo Senhor Jesus: “batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19), e isso é confirmado num antigo documento da Igreja, chamado Didaquē11, ou Instrução dos Doze Apóstolos: “Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se você não tem água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente” (Didaquē, 7.1, 2). Hoje, os unicistas batizam só em nome de Jesus e colocam essa forma de batismo como condição para a salvação.

O batismo “em nome de Jesus” não é uma fórmula. A prova disso é que não existe um padrão nessas palavras para que seja possível uma fórmula. A expressão só aparece quatro vezes no Novo Testamento: “em nome de Jesus Cristo” (At 2.38), “em nome do Senhor Jesus” (At 8.16; 19.5) e “em nome do Senhor” (At 10.48). Isso apenas significa ser o batismo realizado na autoridade do nome de Jesus. Afinal, tudo o que fazemos é em nome de Jesus (Cl 3.17), isto é, na sua autoridade, como a oração (Jo 14.13; Ef 5.20), a pregação do evangelho (Lc 24.47; At 8.12), a cura de coxos (At 3.6), de paralíticos (At 9.34) e de enfermos (Tg 5.14, 15) e a expulsão de demônios (At 16.18), entre outros milagres.

O batismo não é essencial para a remissão de pecados. A frase “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados” (At 2.38) tem sido motivo de controvérsias sem fim. Uma leitura isolada parece isso mesmo. Muitos pais da Igreja a interpretavam dessa maneira. Isso aparece no Credo Niceno- Constantinopolitano (ver capítulo 4). Mas, segundo A. T. Robertson, a exegese do texto permite outro significado. Ele afirma que a preposição grega eis, traduzida por “para”, aqui, tem amplo significado, por isso deve ser compreendida à luz do contexto. Há outro emprego tão correto quanto o de propósito ou objetivo. Veja o uso dessa preposição em três versões diferentes de um mesmo versículo bíblico: “Quem recebe um profeta na qualidade de profeta receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo” (Mt 10.41 – ARC); “no caráter de profeta... no caráter de justo” (ARA); “por ser profeta... por ser justo” (TB). A mesma preposição é usada aqui para “na qualidade de profeta ... na qualidade de justo, no caráter de profeta... no caráter de justo ... por ser profeta... por ser justo”. Poderíamos dizer ainda: “em nome de profeta... em nome de justo”. Os ninivitas “se arrependeram com a pregação de Jonas” (Mt 12.41). O “com” nessa passagem é a mesma preposição eis. Diante disso, Robertson é da opinião que o apóstolo apelava ao “batismo para cada um daqueles que já se haviam arrependido, e que isso foi feito em nome de Jesus Cristo com base no perdão dos pecados que eles já tinham recebido” (ROBERTSON, tomo 3, 1989, p. 50).

A salvação é pela fé somente (Ef 2.8, 9). O Novo Testamento mostra que o batismo não salva: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16). A segunda cláusula não diz: “Quem não for batizado será condenado”. João batizava as pessoas depois de manifestarem “frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.8; Lc 3.8); as pessoas batizadas no dia de Pentecostes haviam primeiramente recebido a palavra (At 2.41). O malfeitor crucificado ao lado do Senhor Jesus não foi batizado; no entanto, Jesus lhe disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43).

A prática do batismo infantil se fundamenta basicamente na interpretação de que o batismo é um meio da graça salvadora, para uns; e outros o interpretam como sinal e selo da aliança, que teria sido substituído pela circuncisão dos israelitas, mas está escrito: “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl 6.15). Essas interpretações não se sustentam biblicamente. O batismo é somente para os crentes em Jesus e é necessário primeiro crer nele e também pedir para ser batizado (At 8.36-38). Para isso, é necessário arrependimento e fé. A criança não preenche esses requisitos. O Novo Testamento mostra o batismo seguido da fé (At 2.41; 8.12). Isso não deixa margem para o batismo infantil. Os que defendem essa prática costumam apelar para o testemunho de Lídia (At 16.15), do carcereiro de Filipos (At 16.33, 34), de Crispo, o principal da sinagoga de Corinto, juntamente com os demais que receberam a Jesus como seu Salvador (At 18.8) e a família de Estéfanas que o apóstolo Paulo batizou (1 Co 1.16).

Nenhum desses testemunhos remete a crianças; é uma interpretação forçada querer introduzir batismo infantil nessas passagens bíblicas.


A Ceia do Senhor

A Ceia do Senhor é o rito da comunhão e significa a continuação da vida espiritual (1 Co 11.20). A Ceia do Senhor foi instituída diretamente pelo Senhor Jesus após a refeição da Páscoa na companhia de seus discípulos (Mt 26.26-28). Desde então a Igreja vem celebrando esse memorial e proclamando a nova aliança: “Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” (1 Co 11.25). Essa solenidade envolve o passado, a morte de Jesus; o presente, a nossa comunhão; e o futuro, a sua vinda – “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Co 11.26).

As palavras de Jesus “Isto é o meu corpo” (Mt 26.26) e “Isto é o meu sangue” (Mt 26.28) são os seus dois elementos da ceia do Senhor. O Senhor Jesus estava pessoalmente com os seus discípulos quando disse essas palavras. Isso mostra que o corpo e o sangue aqui não são literais; trata-se de uma linguagem metafórica (1 Co 5.8). Os católicos romanos ensinam que, no ato da consagração, o pão e o vinho são literalmente transformados no verdadeiro corpo e sangue de Cristo, uma mudança metafísica; eles afirmam que essa mudança é na essência ou substância, não nos acidentes, como eles chamam, mantendo o pão a forma, a textura e o sabor do pão. Essa doutrina é chamada de transubstanciação, aprovada no Concílio de Latrão IV em 1215 e reafirmada no Concílio de Trento no século 16. Durante a Reforma Protestante, surgiram novas interpretações. Lutero rejeitou a doutrina da transubstanciação, mas defendia a ideia de que o corpo e o sangue de Jesus estão presentes “em, com e sob” o pão e o vinho, mas as moléculas não são transformadas em carne e sangue. Essa doutrina foi chamada mais tarde de consubstanciação. No entendimento dos católicos romanos, o pão e o vinho são o corpo e o sangue físico de Cristo; na concepção luterana, o pão e o vinho contêm o corpo e o sangue físico. As igrejas reformadas defendem a presença espiritual do corpo e do sangue, mas o apóstolo Paulo não fala sobre essa presença na reunião porque Jesus já está presente conosco e principalmente nos cultos (Mt 18.20; 28.20; Jo 14.23). Zwínglio, reformador suíço contemporâneo de Lutero, ensinava que esses elementos são emblemas que representam o corpo e o sangue de Jesus. Na verdade, esses elementos são metafóricos e representam o corpo e o sangue de Jesus. A Ceia do Senhor é um momento sublime de relacionamento e comunhão com Jesus.

11 Trata-se de um compêndio de preceitos morais e de instrução sobre a organização das comunidades cristãs sobre diversos assuntos, como batismo, ceia do Senhor, oração, jejum e assim por diante. O texto foi produzido entre os anos 70 e 120, mas, segundo Eusébio de Cesareia, não é obra de nenhum apóstolo (História eclesiástica, livro 3.XXV).


CONCLUSÃO

Diante do exposto, concluímos que Deus estabeleceu a sua morada, primeiramente no tabernáculo e depois no Templo, ambos consagrados a Ele, e que da mesma forma o Espírito Santo também estabeleceu a sua habitação no corpo do cristão individual. Entre gentios e judeus, o Senhor Jesus formou um novo povo (1Co 10.32), de modo que o gentio deixa de ser gentio quando se converte ao evangelho de Jesus Cristo (1Co 12.2; Ef 2.11). A missão principal da igreja é adorar a Deus e propagar o evangelho a todas as nações da terra (Mt 28.19,20).

Fonte: Lições Bíblicas CPAD Adultos - 3º Trimestre de 2017 - Título: A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Livro de Apoio - Comentarista: Esequias Soares
Revista Adultos 3ºTrim.2017 - A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Comentarista: Esequias Soares

Aqui eu Aprendi!

sábado, 12 de agosto de 2017

A necessidade do Novo Nascimento

Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” Jo 3.7

A necessidade do Novo Nascimento

Nesta lição é preciso ressaltar que pela fé em Cristo o ser humano pode se tornar nova criatura. Nesse aspecto, o passado fica para trás e em Cristo tudo se faz novo. Então, passamos ter um novo olhar, uma nova atitude, um novo comportamento. Assim, ocorre a verdadeira conversão no Senhor.
O novo nascimento é uma das mais importantes doutrinas cristãs, pois ninguém pode fazer parte de Reino de Deus se não passar pelo processo de sincera conversão (Jo 3.3). É quando pela fé em Jesus experimentamos uma metanoia, isto é, uma transformação que se inicia no interior para transbordar para o exterior. Os sentimentos egoístas do coração são substituídos por aquilo que agrada a Deus, os pensamentos passam pela renovação da nossa mente por ação do Espírito Santo, por isso, temos a mente de Cristo (1Co 2.16). De fato, uma nova vida é implantada em nós. Destacar, exemplificar e explorar as verdades desse ensino deve ser o objetivo maior da presente aula.

Nova Criação e Regeneração
Quando o ser humano é regenerado, o que acontece é uma ação decisiva e instantânea do Espírito Santo no ser humano. Podemos dizer que ocorre uma nova criação no interior humano: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). Chama-nos a atenção a expressão “nova criatura é”. Significa que não “será”, muito menos há qualquer ideia relativizada acerca da natureza do novo nascimento. Simplesmente a pessoa que está em Cristo “é uma nova criatura”. De maneira decidida e espontânea ela foi regenerada pelo Espírito Santo e reconciliada com Deus por intermédio de Cristo Jesus (2Co 5.19). Aqui está a garantia da real conversão, da marca de nova criação. Tal experiência é que traz na vida do novo convertido a certeza de que agora ele está seguro em Deus e nada poderá abalar a sua fé.

Um convite a desfrutar da presença de Deus
Deus fez tudo novo em nós. O que Ele faz é bom, agradável e perfeito. O nosso maior desafio é jamais deixar de convivermos diariamente com a presença dEle. É o elemento mais importante para a nossa sobrevivência espiritual. Por isso, não permitir que a frieza espiritual bata a porta da vida nem que a incredulidade invada a mente e escravize o coração, e que o Espírito Santo ensine quem nasceu de novo são ensinamentos e reflexões que devem ser explorados ao longo da presente lição. Revista Ensinador Cristão nº71

Cremos na necessidade absoluta do novo nascimento pela graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo.

Professor, na lição de hoje estudaremos a respeito do novo nascimento (Jo 3.3). Procure, no decorrer da lição, enfatizar o fato de que o novo nascimento é uma das principais doutrinas da fé cristã e que ninguém pode fazer parte do Reino de Deus se não nascer de novo (Jo 3.3). Mediante a fé em Jesus experimentamos uma profunda transformação de vida. Essa mudança radical não é apenas exterior, mas interior. Contudo, temos visto que atualmente muitos, como Nicodemos, não conseguem compreender a necessidade e a importância do nascer novamente. O Senhor Jesus mostrou a Nicodemos, e a nós, que religião alguma tem condição de transformar o homem. Somente Ele pode nos conceder uma nova natureza mediante a fé.

Leitura Bíblica: João 3.1-12

A fidelidade a uma religião nem sempre significa fidelidade a Deus. Saulo de Tarso é o exemplo clássico disso. Religiosidade e Novo Nascimento são distintos. Quando alguém se converte ao cristianismo, essa pessoa precisa de cuidados espirituais, de um domicílio espiritual. Assim como um membro do corpo não pode se manter separado dele, o mesmo é válido para os que foram regenerados pelo Espírito Santo. Isso significa que todos os cristãos são religiosos, muitos já eram antes, outros não, mas agora trata-se de uma nova experiência com Cristo. Todos os que são transformados e regenerados pelo Espírito Santo são religiosos, pois estes são geralmente membros de igrejas e no mínimo participam dos cultos, fazendo-se presentes na adoração coletiva. Mas nem todos religiosos são cristãos e, mesmo pertencendo a uma religião cristã, isso não significa necessariamente que sejam regenerados.

RELIGIÃO

A palavra “religião” chegou à língua portuguesa pelo latim. Veio de religare ou religere, cuja etimologia não lança muita luz sobre o termo, no sentido em que se emprega hoje. Segundo Richard A. Muller (1993), o termo latino religio significa: “Religião; religião verdadeira é mais simplesmente definida por eruditos protestantes com a ideia correta do conhecimento e da honra a Deus (recta Deum cognoscendi et colendi ratio), envolvendo conhecimento de Deus (cognitio Dei), amor de Deus (amor Dei...) e temor de Deus (timor Dei), dirigindo para a honra ou a veneração (cultus...) de Deus”.

Jerônimo usou o termo latino religio na Vulgata Latina para traduzir a palavra grega threskéia, “religião, culto, piedade”, que aparece quatro vezes no texto grego do Novo Testamento: “Conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu” (At 26.5); “com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl 2.18); “Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a sua língua, antes, engana o seu coração, a religião desse é vã. A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.26, 27).

O termo threskéia se refere a uma expressão externa de crença. É verdade que muitas vezes o cristão hesita em usar a palavra “religião”, pois prefere substituí-la por “minha fé” ou pela “igreja à qual pertenço”, em vez de “minha religião”. Isso acontece pelo fato de ser o cristianismo diferente de todas as religiões do mundo! Está acima de todas, principalmente porque o seu Fundador é vivo!

No Antigo Testamento usa-se com frequência a palavra hebraica ‘avôdâ, que significa “trabalho, serviço, serviço sagrado, culto religioso”; por exemplo: “Ao SENHOR teu Deus temerás e a ele servirás” (Dt 6.13). A Septuaginta traduziu esse termo por latreusis, também usado pelo Senhor Jesus na tentação do deserto: “Ao SENHOR, teu Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10) ou “Ao SENHOR, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (ARA). O substantivo latreia significa “serviço sagrado, culto, adoração”.

A palavra dāt, que aparece no Antigo Testamento, é de origem semítica e usada nas línguas aramaica e hebraica. A ideia em aramaico é de “lei, ordem, decreto”. A lei, dāt, em aramaico, segundo Gesenius, tem o sentido de sistema de religião: “Nunca encontraremos motivo para acusar Daniel, a não ser que seja alguma coisa que tenha a ver com a religião dele” (Dn 6.5 – NTLH); “e cuidará em mudar os tempos e a lei” (Dn 7.25) ou: “Procurará NTLH); “e cuidará em mudar os tempos e a lei” (Dn 7.25) ou: “Procurará mudar a Lei de Deus e os tempos das festas religiosas” (NTLH).10  Isto significa que o anticristo tentará implantar uma nova religião. Gesenius afirma ainda que: “Os rabinos aplicaram esta palavra ao cristianismo e ao islamismo” (GESENIUS, 1982, p. 211). Ainda hoje em Israel, dāt é a palavra usada para “religião”, a mesma empregada na versão hebraica do Novo Testamento, em Atos 26.5. Mas o termo significa também “lei” em hebraico, como aparece com frequência no livro de Ester (1.8, 13, 15, 19; 2.14; 3.8 etc.) ou ainda “ordem, edito, decreto” (Ed 8.36).

O NOVO NASCIMENTO

Novo nascimento é regeneração, transformação de vida pelo poder atuante do Espírito Santo na vida do pecador (Tt 3.5). Não se trata simplesmente de mudança de hábito ou de pertencer a uma nova religião. A ideia de que o propósito de Deus é levar as pessoas à religião é falsa. Geralmente se ouve dizer que determinada pessoa precisa de religião. É até compreensível, pois quem se expressa dessa maneira, às vezes, está querendo dizer que tal pessoa precisa de Jesus. Mas há religiões que ensinam e acreditam que basta ter uma religião e estará tubo bem diante de Deus. Mahatma Gandhi dizia que não há necessidade de se converter a Cristo, basta ser bom religioso: o cristão, bom cristão; o muçulmano, bom muçulmano; o hindu, bom hindu, e assim por diante.

Há no islamismo a ideia de que Deus estabeleceu ao longo da história três religiões: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Os muçulmanos acreditam que Deus enviou primeiro Moisés para estabelecer o judaísmo, mas, dada a desobediência dos judeus, eles foram dispersos pelo mundo todo e depois Deus enviou Jesus para estabelecer o cristianismo. Porém, no século 5, o cristianismo corrompeu-se tanto que Deus enviou Maomé a fim de estabelecer o islamismo, “sua revelação final”. Eles creem que o islamismo inclui tanto o judaísmo como o cristianismo.

Essa ideia islâmica destoa completamente do pensamento bíblico. O Senhor Jesus não veio ao mundo porque os judeus desobedeceram a Deus, mas para salvar os pecadores: “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Tm 1.15), e isso já havia sido anunciado pelo próprio Deus desde a Queda do Éden: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Além disso, a Igreja veio para ficar: “e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18); “a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3.21). A validade da obra redentora realizada pelo Senhor Jesus é para sempre: “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.25). O cristianismo, portanto, não precisa de remendo.

Apesar da contribuição da religião na construção de uma sociedade melhor na avaliação deles, ela em nada ajuda na salvação ou na transformação de vida do pecador. Não basta ser bom religioso, Gandhi estava equivocado. Nicodemos, Cornélio e Saulo de Tarso, entre tantos outros, eram também bons religiosos; no entanto, Jesus disse que Nicodemos precisava nascer de novo para ver o reino de Deus (Jo 3.1-5); Cornélio precisou se converter a Cristo (At 10.1-6), e Saulo, com toda a sua sinceridade e religiosidade (At 26.5; Gl 1.14), reconheceu depois de sua experiência com Jesus no caminho de Damasco o seu estado de miséria espiritual: “a mim, que, dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade” (1 Tm 1.13), e conclui afirmando ser o “principal dos pecadores” (1 Tm 1.15).

A vontade de Deus não tem nada que ver com religião; o que Ele deseja é a comunhão com suas criaturas inteligentes. Quando Adão pecou no Éden, ele e sua mulher por si mesmos procuraram se esconder do Criador, mas a iniciativa de comunhão de uma relação que acabara de ser rompida foi do próprio Deus (Gn 3.7-10). Quando Deus mandou Moisés construir o tabernáculo, disse: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8). Era o lugar santíssimo, também chamado de “santo dos santos” (1 Rs 6.16; Hb 9.3), uma das dependências do tabernáculo, onde ficava a arca da aliança (Êx 26.33; Lv 16.2, 3). Nesse lugar santíssimo, Deus se revelava aos filhos de Israel e falava ao povo, a princípio por meio de Moisés (Êx 25.22; Nm 7.89) e depois falava com o povo por meio do sumo sacerdote (1 Rs 8.10, 11). A importância do tabernáculo e posteriormente do templo não estava nos sacrifícios, mas na presença de Deus. Tudo isso se consumou na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo ao mundo: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). O restabelecimento da plena comunhão com Deus por Jesus Cristo será no mundo vindouro: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3).


A vontade de Deus não é que as pessoas se tornem religiosas, mas a sua comunhão com elas. Essa comunhão com Deus é restabelecida no novo nascimento: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). É assim que o pecador é transformado e regenerado pelo poder do Espírito Santo.

10 Algumas porções do Antigo Testamento foram escritas originalmente em aramaico, sendo preservadas até hoje nessa língua. São elas: Jeremias 10.11 e duas palavras em Gênesis 31.47, além de Esdras 4.8–6.18; 7.12-26 e Daniel 2.4–7.28.

A Bíblia ensina, e a experiência humana confirma, que todos os seres humanos estão mortos “em ofensas e pecados” (Ef 2.1). O ensino paulino sobre a universalidade do pecado veio diretamente do Senhor Jesus (Gl 1.11,12), e sua base está em muitas passagens do Antigo Testamento (Rm 3.10-12; Sl 51.5; 58.3).

Conversão
“[Do hebraico. sub, voltar atrás; do grego. metanoeo, voltar; e, do latin. conversionem, transformação]  Mudança que Deus opera na vida do que aceita Cristo como o seu Salvador pessoal, modificando-lhe radicalmente a maneira de ser, pensar e agir. A conversão é o lado objetivo e externo do novo nascimento. Por intermédio dela, o pecador arrependido mostra ao mundo a obra que Cristo operou em seu interior: a regeneração. Em suma: o novo nascimento tem dois lados: um subjetivo e outro objetivo”. Dicionário Teológico, CPAD, p.115.

Regeneração
O termo significa literalmente “gerar novamente” e só aparece duas vezes no Novo Testamento: a primeira no sentido escatológico (Mt 19.28), ao se referir à restauração de todas as coisas; e a outra como sinônimo de novo nascimento, cujo sentido é de salvação em Cristo (Tt 3.5). Isso significa ser gerado da semente incorruptível (1Pe 1.23). Os reencarnacionistas costumam usar essa passagem para fundamentar a doutrina da reencarnação. Mas essa não é a questão aqui. Jesus deixou claro ao príncipe dos judeus: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (v.6). Jesus não está falando em renascimento nem em reencarnação; essas coisas nunca fizeram parte da tradição judaica.

O novo nascimento no Evangelho de João
Encontramos a única menção explícita ao novo nascimento na conversa de Jesus com Nicodemos (3.1-21). Jesus fala a Nicodemos: ‘Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus’ (v.3). A réplica de Nicodemos: ‘Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?’ (v.4), indica que ele entendeu o comentário de Jesus na esfera humana, física. A interpretação errônea de Nicodemos fornece a Jesus a oportunidade de esclarecer o que queria dizer. Ele fala da necessidade de um novo nascimento espiritual, não de um segundo nascimento físico (vv.6-8). A interpretação errônea e o esclarecimento resultante dela são refletidos em um jogo de palavras no versículo 3 (repetidas no v.7). A palavra grega aõthen, traduzida por ‘novo’, na NVI, pode querer dizer ‘de novo’ ou ‘de cima’. Contudo, o fato de Nicodemos entendê-la com o sentido de ‘de novo’ leva-o a concluir que Jesus fala de um segundo nascimento físico, mas a resposta de Jesus, registrada nos versículos 6-8, mostra que Ele se refere à necessidade de um nascimento espiritual, um nascimento ‘de cima’. Esse novo nascimento não é resultado de nenhum ato humano (cf. v.6), é obra do Espírito Santo (v.8). É necessária a atividade sobrenatural do Espírito de Deus para realizar esse novo nascimento espiritual no indivíduo. Ele não consiste apenas em percepção ou compreensão mais excelente, mas na completa transformação do indivíduo (cf. 2Co 5.17) (ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ, CPAD, 2008, pp.245-6).

Quem era Nicodemos?
Muito pouco se sabe a respeito dele. Seu nome é grego e significa “vencedor do povo”. Era fariseu, um príncipe do povo (Jo 3.1) e membro do sinédrio (Jo 7.50). Nicodemos viu em Jesus algo que não existe em nenhum dos seres humanos, mas ainda assim parece que não queria ser visto pelo povo conversando com o Mestre. Talvez isso justifique o fato de ter ido à noite se encontrar com o Senhor (v.2). Nicodemos nunca mais foi o mesmo depois desse encontro com Jesus (Jo 7.51; 19.39). Esse diálogo impressiona as pessoas ainda hoje, pois nele está o que consideramos ser o texto áureo da Bíblia (Jo 3.16).

Fariseus
Representavam o povo e, apesar de serem minoria na sociedade pré-cristã, exerciam forte influência na comunidade judaica. Eram membros do sinédrio e tornaram-se inimigos implacáveis de Jesus. Esse grupo formava uma seita (At 15.5). O apóstolo Paulo declara que o grupo dos fariseus, ao qual Nicodemos pertencia antes de sua conversão, era a mais severa seita do judaísmo (At 26.5; Gl 1.14; Fp 3.5). Os Evangelhos estão repletos de provas do comportamento negativo dos fariseus e de suas hipocrisias. Tanto que a palavra “fariseu” tornou-se sinônimo de hipócrita e fingido, até os dias de hoje. Felizmente, Nicodemos era diferente deles (Jo 7.50,51).

Saulo de Tarso
Ninguém no mundo nasce cristão; todos os seres humanos nascem pecadores (Rm 3.23; 5.12). A salvação é individual e pessoal. Por isso, até mesmo aquele que nasceu num lar cristão, apesar do privilégio de ter sido criado num ambiente cristão e de ter recebido uma valiosa herança espiritual dos pais, precisa receber a Jesus como Salvador pessoal para se tornar filho de Deus (Jo 1.12). Ninguém é salvo simplesmente por pertencer a uma religião ou seguir a tradição de seus antepassados. Saulo de Tarso é um bom exemplo, pois ele mesmo declara ser extremamente religioso; e não um religioso qualquer, mas um praticante inveterado do judaísmo (At 26.5; Gl 1.14; Fp 3.5). Depois de sua experiência com Jesus, ele se considerou o principal entre os pecadores (1Tm 1.15) e descreveu o seu estado de miséria diante de Deus igualando-se aos demais pecadores: “insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros” (Tt 3.3).

O centurião Cornélio
Não existe salvação sem Jesus (Jo 14.6). Nicodemos e Paulo eram israelitas e professavam a religião dos seus antepassados, Abraão, Isaque, Jacó, Samuel, Davi e outros patriarcas, reis e profetas do Antigo Testamento. Mas Cornélio era romano e, mesmo assim, talvez por influência da religião judaica, era “piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus” (At 10.2). Observe que essas atitudes de Cornélio tinham a aprovação divina (At 10.4). Mas ninguém é salvo pelas obras (Gl 2.16). Por isso o apóstolo Pedro foi enviado para falar a Cornélio sobre a salvação em Cristo. A descrição bíblica da conduta de Cornélio se repete ao longo da história humana nas mais diversas culturas e civilizações. A conversão envolve fé, arrependimento e regeneração. A salvação é um dom de Deus mediante a fé em Jesus (Ef 2.8,9).

CONCLUSÃO

Há ainda hoje muitas pessoas religiosas e sinceras como Cornélio e pessoas bem-intencionadas como Nicodemos, mas elas precisam nascer de novo, da água e do Espírito para herdarem o Reino de Deus. É nossa tarefa como cristãos e comunicadores do evangelho falar sobre a necessidade do novo nascimento não somente ao pecador contumaz, mas também aos muitos “Nicodemos” e “Cornélios” que estão à nossa volta.


Fonte: Lições Bíblicas CPAD Adultos - 3º Trimestre de 2017 - Título: A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Livro de Apoio - Comentarista: Esequias Soares
Revista Adultos 3ºTrim.2017 - A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Comentarista: Esequias Soares


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