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sábado, 3 de março de 2018

Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança

“E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” Hb 9.22


A adoração e o louvor a Deus não é algo visto somente na Nova Aliança, já no Antigo Testamento o desejo de Deus era que os israelitas o adorassem e tivessem um relacionamento mais profundo com Ele. Por isso, o Criador ordenou que Moisés construísse uma tenda móvel de adoração, o Tabernáculo, que acompanharia o povo durante a longa travessia pelo deserto. Este seria o único lugar onde o povo poderia encontrar-se com Ele e adorá-lo. Cada detalhe, cada peça, o desenho, ou seja, tudo no Tabernáculo tinha um significado, simbolizando uma realidade espiritual.

Na carta aos Hebreus o autor detalha alguns principais utensílios do Tabernáculo a fim de mostrar o sentido da adoração e do serviço sagrado na Antiga Aliança, comparando com a obra de Cristo no Tabernáculo eterno da Nova Aliança.

Leitura Bíblica em classe:  Hebreus 9.1-5,14,15,22-28

A eficácia da adoração neste período da Nova Aliança está no fato de ela estar fundamentada no sangue de Cristo.

Contrastes na adoração da Antiga e Nova Aliança

ESBOÇO DA LIÇÃO

1. Introdução
Texto Bíblico: Hebreus 9.1-5,14,15,22-28

2. I. O Culto e seus elementos na Antiga Aliança
• 1. O culto e seus utensílios.
• 2. O culto: seus oficiantes e liturgia.

3. II. A eficácia do culto na Nova Aliança
• 1. Uma redenção eterna.
• 2. Uma consciência limpa.
• 3. Uma herança eterna.

4. III. A singularidade do culto da Nova Aliança
• 1. O santuário celeste.
• 2. Um sacrifício superior.
• 3. Uma promessa gloriosa.

5. Conclusão

O tema da presente lição, de fato, é de grande conteúdo. Entretanto, o problema para alguns, talvez para a maioria que se sente desconfortável, não está na quantidade de elementos ou na descrição do culto judaico do Antigo Testamento, mas na aparente dificuldade de compreender o texto de Levítico, o livro que descreve toda função sacerdotal e os elementos do culto levítico.

“O texto do Pentateuco parece ser de difícil compreensão, impenetrável, muito fechado”, reclamam alguns. Diante disso, gostaria de relacionar algumas dicas para facilitar a sua leitura do livro de Levítico.

1. Para a lição desta semana, a leitura do livro de Levítico é fundamental. É o livro que trata da institucionalização do sacerdócio no Antigo Testamento. Portanto, se você ainda não leu o livro, não deixe de fazê-lo.

2. Leia Levítico numa Bíblia mais contemporânea, isto é, numa linguagem mais corrente. Refiro-me às seguintes versões: Almeida Século XXI, NVI (Nova Versão Internacional).

3. Por que recomendo o item dois? Porque, na maioria das vezes, a dificuldade que as pessoas reclamam com o livro do Levítico, na verdade, é oriunda da versão que se usa para ler o livro do que com o texto propriamente escrito. Explico-me no item quatro.

4. Por exemplo, sabemos que a ARC (Almeida Revista Corrigida) ou a ARA (Almeida Revista Atualizada), versões belíssimas da Bíblia, são versadas na Língua Portuguesa mais antiga, isto é, muitos termos caíram em desuso.

5. Mas atenção: recomendamos o uso da versão contemporânea apenas para o estudo pessoal. Entretanto, no culto público ou na exposição da aula na Escola Dominical, use a ARC (Almeida Revista Corrigida), a versão oficialmente usada por nossa denominação.

“A adoração na Nova Aliança está fundamentada na obra de Cristo no Calvário.”

Comentário Hebreus 9. 1-28

Neste capítulo, o autor continua sua argumentação acerca da superioridade de Jesus sobre o antigo sistema levítico, pondo aqui em destaque o santuário terrestre em contraste com o celestial. Nesta seção, que tem início aqui e estende-se até Hebreus 10.28, o autor contrastará a adoração levítica com a adoração cristã.

"Ora, também o primeiro tinha ordenanças de culto divino e um santuário terrestre" (v. 1).
Visto o autor já ter discorrido sobre o antigo pacto na seção anterior, o termo “aliança” ou "pacto” está subentendido nesse versículo, embora não conste no texto grego. O seu argumento põe em relevo a superioridade de Cristo, ministro da Nova Aliança, com o antigo sistema levítico, pertencente à Antiga Aliança. Tanto na Antiga como na Nova, o alvo do culto é a adoração. Isso é percebido na expressão dikaiomata latreias (culto divino), onde o termo latreo é frequentemente usado nas Escrituras com referência à adoração.

A intenção do autor é chamar a atenção para a natureza dessas duas alianças — uma com seu sistema de adoração terrena, e a outra com uma adoração espiritual. A palavra grega kosmikon, traduzida como “deste mundo" ou “terrestre”, não tem conotação moral aqui, mantendo o sentido daquilo que pertence a esta esfera física.1  O antigo Tabernáculo, mesmo com toda a sua estrutura, pertencia a essa dimensão.

"Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o Santuário" (v. 2).
A Antiga Aliança possuía seu santuário terrestre e seu ritual litúrgico com os elementos formadores do culto e da adoração. Aqui, o autor usa o termo grego skené {tenda) para referir-se aos dois compartimentos do Tabernáculo — o santo lugar e o Santo dos Santos. O expositor Neil R. Lightfoot observa que "desde que os dois compartimentos eram separados por uma cortina, o autor fala deles como de duas tendas distintas”.2  Na descrição do autor, no primeiro compartimento, estava o candeeiro, também conhecido como menorah, e a mesa, onde ficavam os pães da proposição (Êx 25-26). O candeeiro era feito de ouro, possuía sete braços e era posto junto à parede do lado sul. O candeeiro era a única fonte de iluminação do santuário e devia permanecer sempre com suas lâmpadas acesas, o que é visto como um símbolo da iluminação do Espírito Santo. Do lado oposto, ficava a mesa com os 12 pães da proposição, que era uma alusão às 12 tribos de Israel e representava a divina provisão de Deus. Esses pães eram trocados aos sábados, sendo os antigos comidos pelos sacerdotes, e, em seu lugar, recebiam a reposição dos novos pães. Esses pães são tidos pelos estudiosos como um tipo de Cristo e a provisão que Ele trouxe para seu povo.

“Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos” (v. 3).
O autor prossegue com sua descrição do Tabernáculo. Vimos que ele usa a palavra “tabernáculo" para referir-se tanto ao "santo lugar”, como sendo o primeiro Tabernáculo, e ao "Santo dos Santos", como sendo o segundo Tabernáculo. Na sua descrição, o "Santo dos Santos”, ou o segundo Tabernáculo, estava depois do segundo véu. O Santo dos Santos era o local mais sagrado do Tabernáculo. Aqui, ele fala do "segundo véu” porque havia um "primeiro véu" na entrada do Tabernáculo. É esse segundo véu, um símbolo da separação entre o homem e Deus, que se rasgou quando Jesus morreu na cruz do Calvário.

"Que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto" (v. 4).
Na descrição dos utensílios que faziam parte do segundo Tabernáculo (ou Santo dos Santos), o autor põe o incensário de ouro e a arca do concerto. Uma das coisas de fácil percepção para um leitor atento é que o autor parece não seguir a descrição veterotestamentária quando descreve os utensílios que faziam parte do Santo dos Santos. Por exemplo, ele põe o altar do incenso como sendo um dos utensílios do Santo dos Santos. A meu ver, uma das melhores explicações desse texto foi dada pelo erudito Neil R. Lightfoot.

Primeiramente, a confusão existe por causa de uma má interpretação da palavra grega thymiaterion, que passou a ser traduzida como "incensário”, em vez de “altar do incenso".3  Desde que a vulgata latina e a peshitta, antiga tradução siríaca, traduziram thymiaterion como sendo uma referência ao incensário, muitas outras traduções fizeram o mesmo. Alguns intérpretes tentam justificar essa aparente discrepância argumentando que o autor referia-se ao incensário usado por Arão no dia da Expiação (Lv 16.12-13). Todavia, esse incensário não fazia parte dos utensílios do Santo dos Santos e nem era guardado lá, visto que o sumo sacerdote precisava usá-lo para levar brasas do altar para o Santo dos Santos.

Em segundo lugar, o equívoco ocorre por causa da localização imprecisa desse altar dentro do Tabernáculo. Como vimos, na descrição do autor, o altar do incenso parece ser posto como sendo utensílio do Santo dos Santos. Entretanto, segundo o relato de Êxodo 30.6, o altar do incenso estava posto “diante do véu que está diante da arca do Testemunho”. Dessa forma, a descrição do Êxodo põe o altar do incenso no "santo lugar” em vez de no “Santo dos Santos", como faz o autor de Hebreus. É improvável e até mesmo impossível o autor não ter consciência desse fato, pois ele sabia que, se o altar do incenso estivesse dentro do Santo dos Santos, os sacerdotes comuns teriam que entrar repetidamente nesse recinto para oferecer sacrifícios, o que não era permitido (Lv 16.2). De acordo com o livro de Êxodo, o altar do incenso ficava estrategicamente diante do véu para que sua fumaça penetrasse no Santo dos Santos.

A aparente discrepância desaparece quando somos informados pelo relato bíblico de que o sumo sacerdote, no dia da Expiação, fazia uma expiação anual sobre o altar do incenso (Êx 30.10).

Esse fato fazia que o altar do incenso e o Santo dos Santos ficassem ligados por esse importante rito. Isso justifica a explicação do autor, que, ao referir-se ao segundo Tabernáculo (ou Santo dos Santos), disse que ao mesmo "pertencia o altar de ouro para incenso", em vez de ter dito "no qual estava o altar de ouro do incenso e a arca do concerto". Noutras palavras, devido à sua proximidade com o Santo dos Santos, separado deste apenas por uma cortina, o altar do incenso, que não estava no interior do mesmo, passava a pertencer ao santuário mais interior pelo vínculo estabelecido pelo ritual da expiação anual. Os expositores A. B. Bruce, A. B. Davidson, Wescoot, dentre muitos outros, veem apoio léxico para essa explicação. A expressão "tinha", usada no versículo 4, traduz o termo grego echousa e é melhor traduzida como “pertencia”. Por outro lado, no versículo 2, a expressão "em que havia", que traduz os termos gregos em he, é melhor traduzida como "onde estavam". Em palavras mais simples, o autor afirma categoricamente no versículo 2 que determinados utensílios fazem parte do primeiro compartimento do Tabernáculo, isto é, o santo lugar. Por outro lado, quando se refere ao altar do incenso, o autor não afirma isso, mas, sim, que o mesmo passava a pertencer, devido à importância do ritual da expiação ao segundo Tabernáculo, isto é, o Santo dos Santos.4

“E sobre a arca, os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente" (v. 5).
Esse versículo é uma continuação da exposição que o autor fez no versículo 4. Esse termo é frequentemente usado no contexto da Bíblia para fazer referência à expiação em prol do pecado. O propiciatório era a tampa da Arca da Aliança. A palavra "propiciatório” é a tradução da palavra grega hilasterion, que ocorre aqui e em Romanos 3.25. Essa palavra (que também ocorre em Hebreus 2.17) é derivada do verbo grego hilaskomai, que, em Lucas 18.13, é usada pelo publicano para pedir “misericórdia” (hilaskomai) a Deus. Devido a esse fato, as antigas versões em inglês traduziram hilasterion como "assento da misericórdia". Sobre o propiciatório, eram colocados os querubins, seres que, na sua representatividade, apareciam de forma composta, tendo a face humana, corpo e animal e asas de pássaro (Êx 25.18-20). Esses querubins eram uma representação da glória de Deus.

“Ora, estando essas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços” (v. 6).
Tendo descrito os utensílios do Tabernáculo, o autor volta-se para os oficiantes do culto. Muitas vezes, pensa-se que esses sacerdotes estavam presos apenas a uma infinidade de práticas rituais. Todavia, para o autor, eles estavam prestando adoração a Deus no culto do qual participavam, mesmo que essa adoração fosse imperfeita, limitada e temporal. Isso é mostrado pelo uso do vocábulo grego latreia (adoração), traduzida aqui como "serviços”.

“Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo” (v. 7).
Nesse contexto, a palavra “segundo” é uma referência ao segundo compartimento do Tabernáculo, denominado de “Santo dos Santos”. Nessa parte do santuário, os sacerdotes comuns não podiam entrar. Somente o sumo sacerdote, uma vez no ano, no Dia da Expiação, entrava no Santo dos Santos com o sangue de um animal inocente para oferecer sacrifícios por ele mesmo e pelo povo. O autor usa a palavra grega agnoema, que ocorre somente aqui no Novo Testamento para referir-se aos pecados cometidos por ignorância. São faltas cometidas devido à fragilidade humana, e não aos erros que são praticados intencionalmente.

“Dando nisso a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santuário não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo” (v. 8).
O expositor Donald Hegner entende que o autor referia-se às duas partes principais do Tabernáculo — o santo lugar e o Santo dos Santos, como vinha fazendo até aqui. Dessa forma, a expressão "santuário”, do grego tôn hagion, seria uma referência à parte mais interior, isto é, o Santo dos Santos, enquanto a expressão "primeiro tabernáculo” seria uma referência ao lugar mais externo, isto é, o santo lugar. Esse fato ficaria demonstrado quando o autor, no versículo 12, afirma que Cristo entrou no "santuário”, o que é uma referência clara ao "Santo dos Santos”.5  Hegner não está errado. De fato, esse é o argumento exposto pelo autor até aqui. Todavia, especificamente nesse versículo, o contexto favorece uma referência a todo o santuário da Antiga Aliança, como acertadamente expõe F. F. Bruce. O fato é que, enquanto o sistema sacerdotal levítico fosse mantido de pé, o acesso à presença de Deus, representada aqui pelo “Santo dos Santos”, não estaria ainda disponível.6

“Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço” (v. 9).
Para o autor, toda a estrutura do Tabernáculo, bem como todo o sistema sacerdotal levítico, funcionavam como uma figura ou parábola de uma realidade muito maior — o sacrifício de Cristo. Ambas eram uma sombra de uma realidade superior que agora havia chegado. O verbo grego prospherontai, que aqui está no presente do indicativo passivo, também ocorre no versículo 7. Esse verbo, que é traduzido como "trazer", “oferecer", "apresentar” e "sacrificar", tem o sentido de "aquele que presta culto", um adorador. Na antiga aliança, a adoração era imperfeita e incompleta, visto que todo o sistema levítico também o era.

“Consistindo somente em manjares, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção” (v. 10).
Esses elementos do antigo culto, juntamente com sua simbologia, eram ineficazes porque não tratavam do interior do homem, mas somente do seu aspecto externo. É nesse aspecto que o autor refere-se aos mesmos como sendo uma "parábola”, isto é, uma figura que tratava com a "carne", mas que nada podiam fazer para resolver o problema espiritual das pessoas. Cleon Rogers observa que os dons e sacrifícios oferecidos no antigo culto só podiam purgar a carne, não a consciência.7

"Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação” (v. 11).
A expressão grega tôn genomenôn agathon foi traduzida como "bens já realizados" na Almeida Revista e Atualizada (ARA); é preferível "bens futuros”, da Almeida Revista e Corrigida (ARC). A intenção do autor é mostrar que Cristo é a realização daquilo que o sistema levítico simbolizava, ou era apenas uma sombra. Longe de ser apenas uma figura, o santuário celeste é mais perfeito (gr. meizon teleioteros) do que o terreno. "No típico pensamento do primeiro século, os céus eram puros, perfeitos e imutáveis; o tabernáculo celestial, então, seria o protótipo perfeito para o terreno e o único que finalmente era necessário.”8

“Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção" (v. 12).
Esse versículo mostra a radical diferença entre o sistema levítico de sacrifício e aquele realizado por Cristo. Os sacerdotes na Antiga Aliança ofereciam sacrifícios com sangue de animais; Cristo, porém, entrou no santuário com seu próprio sangue. Ele foi a oferta. Em vez de entrar repetidas vezes, como fazia os antigos oficiantes, Cristo entrou no Tabernáculo celeste uma vez para sempre.

“Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne” (v. 13).
O autor tem em mente os textos de Levítico 16.15-16 e Números 19.9 e 17.9 quando descreve os rituais envolvendo animais na Antiga Aliança. Esses rituais visavam qualificar as pessoas que se tornaram cerimonialmente impuras pelas práticas descritas nesses textos a terem um relacionamento entre elas e Deus. Era, todavia, apenas uma purificação externa. Em vez de "purificação da carne”, a Nova Versão Internacional traduz como “se tornam exteriormente puros”. O altar e o livro aqui mencionados são símbolos do pacto divino que Deus estabeleceu com os homens. O expositor Julio Montalvo faz uma importante distinção entre o sacrifício de Cristo e aqueles realizados na Antiga Aliança.

1. O sangue de Cristo tem muito mais poder para limpar o pecado que o sangue de sacrifícios de animais.

2. O sangue de Cristo restaura a aliança entre Deus e os homens.

3. Porque Ele veio diante de Deus para interceder uma vez por nossos pecados (w. 23-28). Cristo veio à presença de Deus no santuário do céu para representar-nos.

4. O sacrifício de Cristo não é repetido como o levítico; Cristo ofereceu um único sacrifício, perfeito e espiritual, que previa o perdão completo e purificação.

5. A morte de Cristo não se repete, porque Cristo tomou a natureza humana para morrer, e é estabelecido que os homens devem morrer uma só vez.

6. A aparição de Cristo pela segunda vez neste mundo confirmará a salvação que Ele nos comprou com o seu sangue.9

“Quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" (v. 14).
O ritual levítico tratava com o aspecto externo; o sacrifício de Cristo trata com o interior do homem. A expressão "Espírito eterno” é uma clara alusão ao Espírito Santo e sua relação com o ministério de Cristo (Is 42.1). O ministério de Cristo foi autenticado pelo Espírito Santo (At 10.38). Aqui, ele é associado à redenção (Ef 4.30). O sangue de Cristo purifica o mais interior da alma, limpando a consciência daquilo que é pecaminoso.

“E, por isso, é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna” (v. 15).
O expositor F. F. Bruce observou que Cristo é, ao mesmo tempo, mediador e fiador dessa Nova Aliança.10  A eficácia do sacrifício de Cristo está no fato de que sua morte remiu não somente os crentes da Nova Aliança, mas também todos os que estavam debaixo da Antiga. A. T. Robertson comenta:

“Aqui, há uma declaração definitiva de que o valor real dos sacrifícios típicos, debaixo do sistema do A.T, estava na sua realização na morte de Cristo. É a morte de Cristo que dá valor aos tipos que apontavam para Ele. Assim, o sacrifício expiatório de Cristo é a base da salvação de todos que são salvos antes da cruz e desde então”.11

“Porque, onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador" (v. 16).
O Testamento era um documento selado, aberto e que entrava em vigor com a morte do testador. C. S. Keener destaca que os antigos pactos eram selados com sangue.12

“Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?" (v. 17).
A pergunta retórica do autor requer um "não” como resposta. Tanto na lei romana como nos preceitos estabelecidos na Antiga Aliança, estipulava-se que um testamento entrava em vigor somente após a morte do testador. A ideia do autor é reforçar o argumento da necessidade da morte de Cristo para que a Nova Aliança tivesse valor legal.

“Pelo que também o primeiro não foi consagrado sem sangue” (v. 18).
Até mesmo a Antiga Aliança necessitou ser selada com sangue para ter valor. Esse versículo mostra que o sangue derramado de animais deu legalidade ao Antigo Testamento. Esse fato é corroborado no versículo 19.

“Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissopo, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo” (v. 19).
Esse versículo aponta para Êxodo 24.3-8, mesmo que alguns elementos citados pelo autor não se encontrem na passagem do segundo livro de Moisés. É possível que, além do texto bíblico, o autor seguisse uma antiga tradição judaica a qual não conhecemos. O autor detalha que não somente o livro da aliança, mas também "todo o povo” foram aspergidos também. Donald Guthrie destaca que

“o fato de que não só o próprio livro, como também todo o povo foram aspergidos demonstra que a aliança envolvia a cooperação dos parceiros humanos, que precisavam de uma purificação especial para serem tomados dignos de participar”.13

“Dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado" (v. 20).
É possível que esse versículo faça um paralelo com o ritual da Ceia do Senhor, conforme descrita em 1 Coríntios 11.25 e também com as palavras do apóstolo Pedro (1 Pe 1.2). Tanto o antigo pacto como o novo foram ratificados com sangue.

“E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério” (v. 21).
O terceiro livro de Moisés, Levítico, mostra que o Tabernáculo foi ungido com óleo, porém omite qualquer referência ao sangue. Todavia, Flávio Josefo (37 d.C.-100 d.C.), em seu livro Antiguidades Judaicas, diz que o Tabernáculo foi aspergido tanto com sangue como com óleo. Josefo, inclusive, afirma que até mesmo; as vestimentas dos sacerdotes, os utensílios sagrados e as demais coisas eram purificados com sangue. A intenção do autor é mostrar a importância que o sangue possuía dentro do ritual da antiga aliança e como ele apontava para o sangue de Cristo.14

“E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (v. 22).
Esse é um versículo chave em Hebreus. Na Antiga Aliança, o sangue era necessário para fazer expiação (Lv 17.11), e o autor extrai dessa verdade a necessidade da expiação dos pecados pelo sangue de Cristo. Na Antiga Aliança, o autor fala de "coisas” que eram purificadas; todavia, na Nova Aliança, essa purificação não acontece com coisas, mas, sim, com pessoas. São as pessoas, que estão debaixo do jugo do pecado e da condenação, que necessitam do perdão de Deus. Cristo veio purificar o pecador por seu próprio sangue. A palavra "purificar”, do grego katharizetai, ocorre 31 vezes no Novo Testamento grego. No Novo Testamento, ela aparece com os sentidos de ritual, cerimonial, ético-moral e espiritual (Mt 8.2; Lc 11.39; At 10.15; 15.9). Nesse texto, o seu sentido é espiritual, mostrando a eficácia do sangue de Cristo na purificação e perdão dos pecados (2 Co 7.1; Tt 2.14; Hb 9.14; 1 Jo 1.7).

"De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios melhores do que estes" (v. 23).
Em sua Homilia Sobre el Levítico, Orígenes (185 d.C.-254 d.C.) observa que aquilo que é "descrito na Lei não é mais do que ‘cópia’ e ‘tipo’ de uma realidade viva e verdadeira”.15  É exatamente isso o que o autor está afirmando aqui. Todo o sistema sacrificial do antigo pacto não passava de uma sombra da qual Cristo é a realidade. Os sacrifícios de animais tinham valor cerimonial, transitório e externo; todavia, o sacrifício de Cristo possui valor eterno e espiritual. Ele era em tudo superior ao sistema levítico. O expositor Fritz Laubach entende que, aqui, as "coisas celestes” são usadas no sentido literal:

"A queda pelo pecado humano, a rebelião do ser humano contra Deus, não somente teve efeito sobre a criatura na criação visível (Rm 8.20-22), mas também turbou a ordem do mundo celestial. O santuário celestial carece igualmente da força purificadora do sangue. Para isso, sacrifícios de animais da terra são insuficientes”.16

Todavia, é melhor entendermos esse texto não no mesmo sentido que Laubach, que afirma haver uma suposta imperfeição no céu, mas, sim, como uma metáfora das coisas espirituais. F. F. Bruce expôs desta forma:

“O que necessitava de limpeza era a consciência contaminada de homens e mulheres. Essa é a purificação que corresponde à esfera espiritual. O argumento do v. 23 pode ser parafraseado dizendo que, enquanto o ritual de purificação é adequado para a ordem material, que não é senão uma figura terrena da ordem espiritual, necessita-se de uma classe melhor de sacrifício para realizar uma purificação na ordem espiritual”.17

No contexto da Nova Aliança, são os homens e mulheres, agora templos do Espírito Santo, que necessitam de purificação.

"Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus" (v. 24).
O santuário terrestre foi feito conforme o modelo que Moisés recebera no monte; todavia, ele fora confeccionado por mãos humanas. Cristo, ao contrário, entrou no santuário celeste, do qual o terrestre era apenas uma figura. Nesse santuário celeste, Ele oficia como Sumo Sacerdote em favor da Igreja (Rm 8.34).

“Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, com o o sumo sacerdote cada ano entra no Santuário com sangue alheio” (v. 25).
O sistema sacerdotal da Antiga Aliança exigia que, ano após ano, o sumo sacerdote entrasse no santuário para apresentar o sacrifício da expiação. O sacerdócio de Cristo, visto ser de natureza eterna e definitiva, não apresenta essa imperfeição.

“Doutra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (v. 26).
O problema do pecado, que entrou no mundo através de Adão, nunca havia sido tratado de forma definitiva até à vinda de Cristo. Desde a instituição do sistema sacerdotal levítico, os sacerdotes no santo lugar e o sumo sacerdote no Santo dos Santos necessitavam oferecer seus sacrifícios ano após ano. Tudo isso terminou quando Cristo entrou no santuário celeste.

"E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo" (v. 27).
Há uma analogia entre a morte dos homens e a morte de Cristo; todavia, há uma diferença abissal entre ambas. A morte dos homens foi "ordenada”, ou seja, não tem como escapar e fugir dela! Entretanto, a morte de Cristo foi voluntária, uma entrega a favor dos homens.

"Ninguém está isento desta experiência. A diferença entre a morte de Cristo e todas as demais é que a dEle foi voluntária, ao passo que para todos os demais é ordenada (apokeitai), isto é, armazenada para eles. A expectativa de que alguns escaparão à morte (cf. 1Ts 4.15ss.) é uma exceção à regra geral declarada, ocasionada pelo evento especial da vinda de Cristo. Não está, portanto, em conflito com esta declaração em Hebreus”.18

“Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação” (v. 28).
O autor ressalta o caráter voluntário do sacrifício de Cristo, colocando-o, porém, dentro da esfera escatológica. A figura é tirada da redação da Septuaginta, Isaías 53.12. Quando Cristo veio pela primeira vez, veio para fazer expiação pelo pecado. Mas, agora, o autor diz que Ele voltará uma segunda vez, não mais para tratar do problema do pecado, mas, sim, para aqueles que o esperam para a salvação. Donald Guthrie comentou oportunamente que

"as palavras sem pecado (chòris hamartias — "não para tratar dos pecados” — RSV) rapidamente colocam um aspecto diferente na analogia. O pecado não precisa de mais expiação. Tudo quanto é necessário é a apropriação da salvação que a oferta que Cristo fez de si mesmo obteve por nós. O verbo traduzido “aguardam” (apekdechomenois) ocorre em 1 Coríntios 1.7, Filipenses 3.20 e Romanos 8.19,23,25 e em cada caso a respeito da grande expectativa dos crentes que aguardam as glórias do porvir”.

Nova Aliança
“Esta é uma providência de Deus pela qual Ele estabeleceu um novo relacionamento de responsabilidade entre Si mesmo e o seu povo (Jr 31.31-34). A expressão nova aliança também é um sinônimo do NT e, portanto, refere-se aos 27 livros do NT, ou à própria Nova Aliança [...].

A escolha ou a designação da aliança. Quando mencionada pela primeira vez, esta aliança foi chamada de ‘nova’ (Jr 31.31), porque foi estabelecida em oposição à aliança primária ou a mais antiga de Israel, a saber, a aliança da lei Mosaica. Este mesmo contraste também é feito em Hebreus 8.6-13”. Leia mais em Dicionário Wycliffe, CPAD, pp.66,68.


O autor conseguiu seu objetivo ao contrastar a adoração na Antiga e na Nova Aliança. A adoração antiga era terrena, imperfeita, transitória, incompleta. Por outro lado, a adoração no Novo Pacto se firma em princípios celestiais, eternos e perfeitos. Não há, pois, como adorar a Deus de uma forma agradável tomando por base os rudimentos desta dimensão terrena. Nossa adoração é superior porque o nosso Senhor encontra-se entronizado acima dos anjos.


SUBSÍDIO DIDÁTICO
Reproduza o quadro abaixo e utilize-o para mostrar a conexão entre o Antigo Concerto e o Novo Concerto Messiânico e a singularidade do culto da Nova Aliança.



NOTAS:
1 GUTHRIE, Donald. Hebreus - introdução e comentário. Editora Vida Nova.
2 LIGHTFOOT, Neil R. Hebreus - comentário vida cristã. Editora Vida Cristã, São Paulo.
3 Tanto Josefo (História dos Hebreus, CPAD) como Filo de Alexandria (The Works of Philo, traduzido por C. D. Yonge. Hendrickson Publishers, EUA) usam o termo grego thymiaterion com referência ao altar de incenso. Semelhantemente o faz o Talmude Babilónico (NEUSNER, Jacob. The Babylonian Talmud - a translation and commentary, 22 vol. Hendrickson Publisher, 2011. Peabody, Massachsetts, USA).
4 Veja uma exposição completa em Hebreus - comentário vida cristã. Editora Vida Cristã.
5 HEGNER, Donald. Hebreus - comentário bíblico contemporâneo. Editora Vida.
6 BRUCE, F. F. La Epistola a los Hebreos. Libros Desafio.
7 ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. Editora Vida Nova.
8 KEENER, C. S. Hebreos - comentário dei contexto cultural dei Nuevo Testamento. Editorial Mundo Hispano.
9 MONTALVO, Julio. Hebreos - Comentário Biblico Mundo Hispano: Santiago, 1 y 2 Piedro, Judas. Editorial Mundo Hispano. Texas, EUA.
10 BRUCE, F. F. La Epistola a Los Hebreos. Libros Desafio. Grand Rapids, Michigan, EUA.
11 ROBERTSON, A. T. Comentário Al Texto Griego Del Nuevo Testamento. Editorial CLIE.
12 KEENER, C. S. Hebreos - Comentário del Contexto Cultura del Nuevo Testamento. Mundo Hispano.
13 GUTRHIE, Donald. Hebreus - introdução e comentário. Vida Nova, São Paulo.
14 KEENER, C. S. op.cit. pp. 661.
15 Orígenes. Homilia Sobre El Levtiico. Hebreos - La Biblia Comentada Por Los Padres de La Iglesia. Ciudad Nueva. Op.cit.
16 LAUBACH, Fritz. Hebreus - comentário bíblico esperança. Editora Esperança.
17 BRUCE, F. F. La Epistola a Los Hebreos. Libros Desafio. Grand Rapids, Michigan, EUA.
18 GUTHRE, Donald. Hebreus - introdução e comentário. Editora Vida Nova.
19 Idem. pp. 189.

Fonte:
Livro de Apoio – A Supremacia de Cristo - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus - José Gonçalves
Lições Bíblicas 1º Trim.2018 - A supremacia de Cristo - Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus - Comentarista: José Gonçalves
Aqui eu Aprendi!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Balaão e a Teologia sob demanda

"Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e fornicassem." Apocalipse 2:14

Leitura Bíblica: Números 22 

[...]este enviou mensageiros a Balaão;

Balaão era um profeta sagaz e um tanto matreiro. Se fosse apenas profeta, a desgraça não seria tanta. Acontece, porém, que o filho de Beor era ainda um teólogo competente. Torcendo um artigo de fé aqui, minimizando uma proposição doutrinária mais além, ia ele enchendo as algibeiras com o ouro dos incautos. E os seus arremedos, justiça seja feita, eram capazes de convencer até os mais avisados.

Embora domiciliado em Petor, às margens do Eufrates, fazia, vez por outra, uns volteios pelo Oriente Médio, a fim de oferecer serviços e préstimos. Ontem, tanto quanto hoje, havia sempre alguém querendo amaldiçoar alguém. E, para isso, estava disposto a pagar-lhe muito bem.

Enfim, o profeta Balaão teologizava sob demanda. Assemelhava-se ao escritor que, certa vez, recebeu a incumbência de escrever um artigo sobre uma polêmica autoridade. Ao receber o dinheiro, perguntou: “A matéria é a favor ou contra?”

Suas mandingas eram bem articuladas e certeiras. Amaldiçoou Balaão alguém? Amaldiçoado está! Foi por isso que Balaque trouxe-o de tão longe e inflacionou-lhe generosamente o cachê. Afinal, o rei moabita estava caído de angústias com a aproximação dos filhos de Israel que, desde o longínquo Sinai, marchavam resolutamente às suas portas. E, pelo ritmo de seu avanço, nenhum exército seria capaz de frear-lhe a andadura. Segundo imaginava, aquela gente, de tão numerosa, lamberia todos os recursos de sua terra. E isso ele jamais haveria de admitir.

Balaque bem sabia que Balaão era venal e sem caráter. Todavia, era competente no que fazia e tinha um preço até razoável. Além de venal, pagável. Não seria difícil contratá-lo.

Já advertido pelo Senhor, o profeta, de início, mostrou alguma refração às propostas do moabita. Como bom teólogo, sabia que é impossível florescer maldições onde as bênçãos já frutificam. Por isso, todas as vezes que armava o cenário para amaldiçoar Israel, acabava por abençoá-lo. E isso começou a impacientar Balaque. Afinal, contratara-o para destruir os hebreus. Mas o feiticeiro, inexplicavelmente, estava virando-se contra o dono do feitiço.

O interessante é que Balaão possuía também um lado poeta e lírico que, elegantemente, deixa transparecer nas profecias que, por três vezes, profere sobre o futuro messiânico de Jacó. Ele sabia trabalhar tão bem as palavras, que Moisés foi inspirado a registrá-las no quarto livro do Pentateuco. Num dos trechos de seu maravilhoso e subido poema, chega a ser autobiográfico: “Então, proferiu a sua palavra e disse: Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra do homem de olhos abertos, palavra daquele que ouve os ditos de Deus e sabe a ciência do Altíssimo; daquele que tem a visão do Todo-Poderoso e prostra-se, porém de olhos abertos: Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete” (Nm 24.15-17).

A ganância, contudo, veio a ter mais rimas que a poesia. Na verdade, Balaão não estava disposto a perder o ouro de Balaque; oportunidade como aquela não costuma repetir-se. Não é sempre que se tem um Êxodo pela frente, nem um povo grande e abençoado a atravessar-lhe o caminho. Além do mais, ali estava um rei aflito, e prestes a dar-lhe até metade de seus tesouros.

Balaão, segundo suas próprias palavras, era o profeta dos olhos abertos. Mas, para mim, ele era o teólogo do olho grande e gordo: estava sempre disposto a corromper e a ser corrompido. Eis porque resolveu, apesar das relutâncias iniciais, atender à demanda final de Balaque.

Já que não podia levar a maldição a Israel, poderia ao menos trazer até Israel a maldição. A equação era bem simples. Sabendo ele que Deus tem um caráter justo e santo, ensinaria Balaque a tirar proveito dessa proposição. E, para tanto, o rei moabita não precisaria escrever monografia alguma; era só explorar a pornografia que estava ao seu alcance. Mesmo porque, aquele monarca medroso e bufão nenhuma capacidade acadêmica demonstrava ter.
Sim, tudo era muito simples. Mas a receita só Balaão possuía. Para amaldiçoar Israel, Balaque só precisaria espalhar umas prostitutas cultuais pelo arraial hebreu, e o problema estaria resolvido para os moabitas. Mas, para os israelitas, estaria só começando.

Foi o que aconteceu. As desavergonhadas, introduzidas sorrateiramente no acampamento do Senhor, puseram-se a induzir os varões hebreus a se prostituírem e a comerem alimentos sacrificados aos ídolos. De repente, aquele povo separado e santo em nada diferia das nações de Canaã. O episódio, que passaria à história como o Caso de Baal-Peor, custaria muito caro aos filhos de Israel. Num só dia, o Senhor matou vinte e quatro mil homens. O fato jamais seria esquecido. Séculos depois, ainda era mencionado pelos santos profetas como advertência à comunidade hebreia.

Balaão não foi o único a fazer teologia, nem a profetizar sob demanda. Seus discípulos e seguidores, igualmente irracionais em seu amor pelo ouro de Balaque, fazem-se moucos até mesmo à voz da jumenta. Não obstante, sempre acabam por encontrar generosos púlpitos e cátedras.

Nos domínios de Acabe, eram liberalmente pagos, a fim de profetizar o que o monarca queria ouvir. Nenhum deles tinha coragem, ou disposição, de dizer que o rei estava nu. Já em Judá, no tempo de Jeremias, achavam-se arrolados na folha de pagamento do funcionalismo público. E, na Igreja Primitiva, além dos imitadores de Balaão, havia também os nicolaitas, que, de paróquia em paróquia, iam teologizando por encomenda. Com mão certeira, semeavam o pecado, a rebeldia e a dissolução entre os santos.

Jesus odiava as obras dessa gente.

Hoje, esses tais obreiros podem ser contados aos milhares. Tanto aqui, como lá fora, comportam-se como os sofistas que, na Grécia antiga, eram tidos como inteligentes e sábios. Eles andejavam por toda a parte, discorrendo sobre os mais variados e ignorados assuntos. Um deles, que não entendia nada de guerra, propôs-se certa vez a ensinar estratégia a um experimentado general. Não é o que ocorre em nossos arraiais? Às vezes, surge, não se sabe de onde, um neófito com ares doutorais e que nunca pastoreou um rebanho, dizendo como se deve tanger o redil e tocar o aprisco. Mas, na verdade, o que mais querem é a lã das pobres e desamparadas ovelhas.

Eles não são nada baratos. Exorbitam nos cachês e carregam nas exigências. Por isso, sempre pregam o que os seus contratantes querem ouvir. Sabem que, se forem verdadeiros no púlpito, poderão sair de muitos templos como mentirosos. E esse risco não querem correr. Assim, deixam de ser homens de Deus para se fazerem homens do povo. Como abismo atrai abismo, também não vêem dificuldade em sustentar a iniquidade, desde que esta encha-lhes os bolsos.

E, assim, passam a vida a produzir uma teologia ímpia, mentirosa e sofismática. Aqui, esvaziam a divindade de Cristo. Ali, tiram a autoridade da Bíblia. Mais além, negam o arrebatamento da Igreja. Ainda, não satisfeitos, espalham entre os santos costumes exóticos e detestáveis. Terminado o culto, vão embora cheios, deixando atrás de si um rebanho vazio.

Não fomos chamados a fazer teologia sob demanda. Convocou-nos o Senhor a proclamar a sua Palavra. E, para isso, temos de ser íntegros, corajosos e jamais perder o dom do amor. Quem ama, fala a verdade, pois uma mentira, bem trabalhada teologicamente, é bastante para levar todo um rebanho ao inferno.

Graças a Deus, porque temos ainda pregadores que, embora convidados a pregar por todo o Brasil, jamais negociam com a sã doutrina. Eles não temem a Balaque, nem se curvam ao peso de seu ouro. A estes, o meu reconhecimento. São autênticos pregoeiros que, fugindo ao politicamente correto, expõem a Palavra de Deus a tempo e fora de tempo. Sua teologia não é produzida sob demanda, mas nasce de um amor sincero e sacrifical pelo Senhor Jesus e sua Igreja. Antes de oradores, orantes.

Quanto aos que imitam Balaão, demonstram possuir menos inteligência que a jumenta do profeta. Embora não tivesse qualquer formação acadêmica, o animal teve olhos para ver o anjo do Senhor e a espada pronta a desferir o golpe fatal no profeta louco e ganancioso.

Autor: Pr.Claudionor de Andrade 
Fonte: Portal CPAD-News

"Então o anjo do Senhor lhe disse: Por que já três vezes espancaste a tua jumenta? Eis que eu saí para ser teu adversário, porquanto o teu caminho é perverso diante de mim; porém a jumenta me viu, e já três vezes se desviou de diante de mim; se ela não se desviasse de diante de mim, na verdade que eu agora te haveria matado, e a ela deixaria com vida.
Então Balaão disse ao anjo do Senhor: Pequei, porque não sabia que estavas neste caminho para te opores a mim; e agora, se parece mal aos teus olhos, voltarei. E disse o anjo do Senhor a Balaão: Vai-te com estes homens; mas somente a palavra que eu falar a ti, esta falarás. Assim Balaão se foi com os príncipes de Balaque."  Números 22:32-35


"Não defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador." Tito 2:10

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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Por que Moises não entrou na Terra Prometida?

O QUE A BÍBLIA DIZ... O QUE A BÍBLIA NÃO DIZ...

A Bíblia não diz que Moises pecou por ferir a rocha, ou porque a feriu duas vezes. 

Qual terá sido o verdadeiro pecado de Moisés, o qual impediu-o de entrar na terra prometida? O que terá levado Deus a proibir seu profeta e libertador de gozar daquela conquista tão maravilhosa? Deve ter sido um ato bem maior do que o que normalmente se comenta a respeito. Vamos analisá-lo?

O que mais se afirma é que Moisés teria ferido a rocha para dela tirar água, quando Deus apenas havia dito para ele FALAR à rocha. Há quem diga que o verdadeiro pecado de Moisés foi o de ferir a rocha DUAS VEZES, quando deveria tê-la ferido apenas uma.

Em Meribá, Deus diz para ele tomar a vara (Êxodo 17:5) e ferir a rocha (17:6). Em Refidim Deus manda novamente que ele tome a vara (Nú­meros 20:8) e fale à rocha (mesmo versículo). Moisés, então, levantou a sua mão e feriu a rocha DUAS VEZES (Números 20:11).

Deus chega a Moisés e Arão e afirma algo tremendamente duro. Fica até difícil de ser  entendido o porquê. Veja o que ele diz:
- Porquanto não me crestes em mim, PARA ME SANTIFICAR diante dos filhos de Israel, por isso não metereis esta congregação na terra que lhes tenho dado (Números 20:12).

No livro de Deuteronômio (32:51), encontramos uma repetição do que Deus falara, desta vez com mais detalhes:
- Porquanto prevaricastes contra mim no meio dos filhos de Israel, nas águas da contenção em Cades, no deserto de Zim, pois ME NÃO SANTIFICASTES no meio dos filhos de Israel.

A primeira coisa que entendemos é que o problema maior foi o de NÃO SANTIFICAR A DEUS, o que significa deixar de dar-lhe glória por algum motivo.

Outra coisa que também entendemos é que na segunda vez Deus mandou Moisés TOMAR A VARA. Se não fosse para ferir a rocha pela segunda vez, para que tomar a vara? Se fosse apenas para falar, não haveria qualquer necessidade de DEUS MESMO mandar Moisés tomar a vara.

Quanto a ter ferido uma ou duas vezes (e as duas vezes indicam provavelmente uma certa dose de ira), não vem tanto ao caso, porque Deus não se referiu a tal.

O problema, como já dissemos, foi mais profundo, algo mais sério. A Bíblia mostra sem sombras de dúvidas o que sucedeu. Antes de vermos diretamente o texto, vamos ver outra ênfase que se encontra em Salmos 106:32,33, falando a respeito do mesmo assunto:
"Indignaram-no também junto às águas da contenda, de sorte que sucedeu mal a Moisés, por causa deles, porque irritaram o seu espírito, de modo que FALOU IMPRUDENTEMENTE com seus lábios."

Vê como o caso foi relacionado com o FALAR IMPRUDENTEMENTE? Tem a ver com algo que Moisés falou que desagradou profundamente a Deus. Vamos, agora a Números 20:10, onde se reconhece facilmente o que aconteceu:
"E Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, e disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura TIRAREMOS água desta rocha para vós?"

Vemos aqui uma expressão egoísta ("tiraremos"), uma dúvida ("porventura"), e uma ausência total da glória devida a Deus, o que deveria ser expressão tal como: "Ouvi agora, rebeldes, COM CERTEZA Deus tirará água desta rocha para vós!"

Esta imprudência no falar, deixando de dar glória a Deus, para lançar aquele feito sobre si mesmo e Arão, fez com que Moisés perdesse a bênção de penetrar com o povo na terra Prometida.

Fonte: Extraído do Livro: O que a Bíblia não Diz – Paulo de Aragão Lins

Aqui eu Aprendi! - Entendo que foi um conjunto de atitudes. Que tenhamos cuidado! A Palavra orienta a TODOS para vigiar e orar "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca." Mt 26:41
Raiva, ira, contenta, desobediência, podem trazer (e trazem) resultados desagradáveis. Que o ESPÍRITO SANTO nos ajude em tudo. Que possamos ser Obedientes, Prudentes, Zelosos e que TODA HONRA, GLÓRIA PODER E MAJESTADE SEJAM DADAS A DEUS. ÀQUELE QUE VENCEU, VIVE E REINA PARA TODO SEMPRE. JESUS O FILHO DE DEUS.

Jesus a Fonte de Águas vivas
"e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo." 1 Coríntios 10:4

"Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." Romanos 11:36

"Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente." Hebreus 13:8

Aqui eu Aprendi!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Josué ou Oséias? Deus sabe o que faz!

Como pode esta passagem dizer que Moisés deu a Oséias o nome de Josué, uma vez que este já era chamado de Josué em Êxodo 17:9?



SITUAÇÃO: 
Números 13:16 diz que Moisés deu a Oséias, filho de Num, o nome de Josué. Mas, em Êxodo 17:9, Josué já era chamado por este nome. Como pode então esta passagem dizer que Moisés foi quem deu a Oséias o nome de Josué?



SOLUÇÃO: 
Primeiro, temos de considerar que Moisés provavelmente escreveu isso lá pelo final dos 40 anos de peregrinação pelo deserto. Embora Josué possa não ter recebido este nome antes do momento referido em Números 13:16, teria sido bastante natural para Moisés referir-se a Oséias chamando-o de Josué, ao fazer os acertos finais nos livros do Pentateuco. Também, o momento em que Moisés observa o fato de ter se referido a Oséias como Josué é bastante apropriado. Ao registrar o nome dos espias que ele enviou para espiar a terra, Moisés esforçou-se para deixar bem claro que Oséias era aquela mesma pessoa o quem com freqüência ele se referira em outras partes do Pentateuco chamando-a de Josué.


Segundo, não é necessariamente o caso de Oséias não ter sido chamado de Josué até este ponto, no transcorrer de todos os eventos históricos. Pode ser que Oséias fosse comumente conhecido como Oséias, mas que Moisés sempre o tivesse chamado de Josué, desde o princípio. O texto não diz que Moisés começou a chamar Oséias pelo nome de Josué a partir daquele momento. Diz simplesmente que ele chamou Oséias pelo nome de Josué. E é interessante saber que o nome Oséias significa "salvação", enquanto que o nome Josué significa "Yahveh é salvação".

Fonte:
MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia - Norman Geisler - Thomas Howe.


Sugestão de leitura:
Aqui eu Aprendi!
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