Membros / Amigos

Conheça mais de nossas Postagens

Research - Digite uma palavra ou assunto e Pesquise aqui no Blog

Mostrando postagens com marcador Juizo Final. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Juizo Final. Mostrar todas as postagens

sábado, 16 de setembro de 2017

O Mundo Vindouro

E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” Ap 21.1

O Mundo vindouro

O mundo clama por uma intervenção divina
“Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora”, foi o que Paulo escreveu aos Romanos no capítulo 8 e nos versículos 20 a 22.

O texto mostra a degradação ambiental como obra dos seres humanos e a sua destruição em nossa relação com a Criação. O mundo clama por soluções que reequilibrem o clima do nosso meio ambiente. O ser humano de hoje só pensa em extrair da natureza como se ela fosse infinita. E importante ressaltar na aula que a manifestação dos novos céus e nova terra vai de encontro a essa realidade relatada por Paulo em sua epístola.

Transformação na consciência e nos sentimentos dos seres humanos
O versículo 23 de Romanos nos diz: “E não só ela, mas nós mesmos, que tem os as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. A questão caótica não está relacionada só a natureza, mas também ao ser humano. Este também geme em si mesmo, esperançoso de que a sua natureza seja integralmente redimida por intermédio do advento do Reino de Deus nesse mundo. As pessoas vivem desconfiadas, rancorosas, manifestando o sentimento de vingança em relação às outras pessoas. Mas haverá um dia que o ser humano será restaurado e nunca mais pensará o mal contra o próximo, cessará a perversidade contra outra pessoa. Nesse dia, a paz de Cristo reinará absolutamente sobre a Terra!

Uma eternidade de justiça e de paz
Paz, justiça e liberdade são direitos que todos os povos buscam. Nessa busca, paradoxalmente, a humanidade construiu religiões que oprimem as pessoas, governos despóticos que não respeitam a dignidade humana. Por isso, quando houver essa nova realidade trazida por Jesus, de novos céus e nova terra, não haverá mais lugar para as injustiças e indignidades. O Senhor Jesus não trará apenas a sua paz, mas igualmente a sua justiça; e nos corações das pessoas estará impregnada a necessidade de se fazer o bem, pois o ser humano julgado e absolvido por Jesus saberá identificar no outro, de uma vez por todas, a Imagem de Deus (Ap 21.1-8). Haverá uma nova mentalidade! Revista Ensinador Cristão nº71

Cremos no Juízo Final, no qual serão julgados os que fizerem parte da Última Ressurreição; e cremos na vida eterna para os infiéis.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:  Apocalipse 21.1-5

“Eis que faço novas todas as coisas”, diz a Palavra de Deus (Ap 21.5). Será o dia em que Deus fará tudo novo. Um mundo novo. Uma realidade nova. Novo! Tudo novo! Será o tempo em que o Rei dos reis, o próprio Senhor, intervirá na história do mundo e trará consigo uma nova realidade. “Céus novos e terra nova” sintetizam a dimensão cosmológica dessa nova Criação. Será o dia em que de eternidade em eternidade estaremos sempre com o Deus da glória. Os santos apóstolos anelaram por essa esperança. Por isso, como Igreja do Senhor, somos estimulados pelas Escrituras a mantermos viva a chama da esperança da vinda do Senhor.

INTRODUÇÃO

O mundo vindouro abordado na presente lição pretende mostrar o que virá depois do Juízo Final, o novo céu e a nova terra, a nova Jerusalém, o lar dos santos na eternidade e por toda a eternidade. Trata-se definitivamente do epílogo da história humana. Mas haverá alguns eventos que precederão o mundo vindouro, como o Reino de Cristo de mil anos, o Juízo Final e a ressurreição de todos os incrédulos, bem como o seu destino final.

I. SOBRE O MILÊNIO

1. Descrição.
O milênio é o reino de Cristo de mil anos. Nesse período, Satanás será aprisionado no abismo instalado por ocasião da vinda de Cristo em glória (Ap 20.2,3). Isso significa que a ação destruidora de Satanás na terra será neutralizada, iniciando-se assim uma nova ordem de coisas. É a tão almejada paz universal, pois nesse reino haverá perfeita paz, retidão e justiça entre os seres humanos e também harmonia no reino animal (Is 9.7; 11.5-9). A longevidade das pessoas, a garantia do sucesso no trabalho e a resposta imediata às orações são algumas das características do reino do Messias (Is 65.20-25). A sede de seu governo será Jerusalém: “[...] porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do SENHOR” (Is 2.3). O Senhor Jesus se assentará sobre o trono de Davi, e de Jerusalém reinará sobre toda humanidade. Esse reino, que trará salvação aos judeus, é a conclusão do programa divino sobre o povo de Israel (Is 59.20; Rm 11.26).

2. Sobre a ressurreição dos mortos.
A Bíblia ensina que os justos e os injustos serão ressuscitados (Dn 12.2; Jo 5.29; At 24.25). Mas em Apocalipse ficamos sabendo que há um intervalo de mil anos entre essas ressurreições. A primeira ressurreição é a dos justos, e a outra é a última ressurreição: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição” (Ap 20.5). São partes da primeira ressurreição os santos provenientes da Era da Igreja e os do Antigo Testamento, juntamente com os mártires da Grande Tribulação (Ap 6.9-11; 20.4). Convém salientar que a ressurreição divide-se em duas fases. Por ocasião do arrebatamento da Igreja (1Co 15.52; 1Ts 4.16; Ap 20.6), serão ressuscitados os súditos do Rei dos reis. Quanto à ressurreição dos injustos, também conhecida como Ressurreição Universal ou ainda Última Ressurreição, envolverá todos os descrentes desde o princípio do mundo até aquele dia.

Milênio: um tempo em que o Senhor Jesus reinará sobre toda a humanidade.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A palavra ‘milênio’ vem dos termos latinos Mille e annum (‘ano’). A palavra grega chilias, que também significa ‘mil’, aparece por seis vezes em Apocalipse 20, definindo a duração do Reino de Cristo antes da destruição do velho céu e da velha terra. O Milênio, portanto, refere-se aos mil anos do futuro Reino de Cristo sobre a terra, que virá imediatamente antes da eternidade (Ryrie, pp.145-146). Durante o Milênio, Cristo reinará no tempo e no espaço.

[...] PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E CONDIÇÕES DO MILÊNIO

O Milênio será um tempo de controle tanto político como espiritual. Politicamente, ele será universal (Dn 2.35), discricionário (Is 11.4) e caracterizado pela retidão e justiça. Será zeloso para com os pobres (Is 11.3-5), mas trará recriminação e juízo para quem transgredir as ordenanças do Messias (Sl 2.10-12).

Este reino literal de Cristo sobre a terra também terá características espirituais. Acima de tudo, será um reino de justiça, onde Cristo será o Rei e governará com absoluta retidão (Is 23.1). Será também um tempo em que se manifestarão a plenitude do Espírito e a santidade de Deus (Is 11.2-5). ‘Naquele dia, se gravará sobre as campainhas dos cavalos: Santidade Ao Senhor [...] e todas as panelas em Jerusalém e Judá serão consagradas ao Senhor dos Exércitos’ (Zc 14.20-21).

Tudo, do trabalho à adoração, será santificado ao Senhor. O pecado será punido (Sl 72.1-4; Zc 14.16-21) de maneira pública e justa. A era messiânica também será caracterizada por um reinado de paz (Is 2.4; 11.5-9; 65.25; Mq 4.3). As profecias de Isaías revelam outras características, incluindo:

• Alegria (Is 9.3-4);

• Glória (Is 24.23);

• Justiça (Is 9.7);

• Conhecimento pleno (Is 11.1-2);

• Instruções e orientações (Is 2.2-3);

• Fim da maldição sobre a terra e a eliminação de toda enfermidade (11.6-9; 33.24);

• Maior expectativa de vida (Is 65.20);

• Prosperidade no trabalho (Is 4.1; 35.1-2; 62.8-9);

• Harmonia no reino animal (Is 11.6-9; 62.25).

Sofonias 3.9 e Isaías 45.13 afirmam que, no Milênio, a linguagem e a adoração serão puras. A pura adoração será possível por causa da maravilhosa presença de Deus (Ez 37.27-28). A presença física do Messias garantirá estas bênçãos. Walvoord diz: ‘A gloriosa presença de Cristo no cenário do Milênio é, logicamente, o foco de toda a espiritualidade e adoração’ (Walvoord, p.307)” (LAHAYE, Tim; HINDSON, Ed. (Eds.). Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. RJ: CPAD, 2013, p.318).
II. SOBRE O JUÍZO FINAL

1. Descrição.
É conhecido como o Juízo do Grande Trono Branco: “E vi um grande trono branco” (Ap 20.11). Aqui serão julgados “os outros mortos”, aqueles que não fizeram parte da primeira ressurreição (Ap 20.5). Isso mostra que ficam de fora os crentes da primeira ressurreição, pois eles já fazem parte do reino de Cristo e estão com o corpo glorificado (Ap 20.4). Deus instaurará esse juízo após a última rebelião de Satanás, que acontecerá depois dos mil anos do reinado de Cristo (Ap 20.7). Deus executará esse juízo por meio de Jesus Cristo: “o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo” (Jo 5.22).

2. O julgamento.
Não há menção de vivos no Juízo Final: “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras” (Ap 20.12). Os “grandes e pequenos” não se referem à idade, adultos e crianças, mas a status, pessoas de todas as classes sociais. Todos eles serão julgados com base nas obras registradas nesses livros. O resultado desse julgamento é a condenação eterna: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15). Não existe aqui lugar para o sono da alma, nem para uma segunda oportunidade, muito menos para o aniquilamento.

3. Destino dos ímpios.
É o inferno, descrito aqui como “lago de fogo” ou “ardente lago de fogo e enxofre” (Ap 19.20). Esse lugar foi preparado para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41), e não para os seres humanos, mas será o destino final dos perdidos por causa da sua incredulidade e desobediência, pois a vontade de Deus é que ninguém se perca, mas que todos sejam salvos (1Tm 2.4).

a) Hades. A Septuaginta emprega esse termo para traduzir o hebraico sheol, no Antigo Testamento, que significa o “mundo invisível dos mortos” (Sl 89.48). Ambos os termos se traduzem, às vezes, por “inferno” na Almeida Revista e Corrigida (Sl 9.17; Mt 16.18). O lugar serve como estágio intermediário dos mortos sem Cristo, uma prisão temporária até que venha o Dia do Juízo (Ap 20.13,14). Os condenados que partiram desde o início do mundo permanecem lá, conscientes e em tormentos, sabendo perfeitamente porque estão nesse lugar (Lc 16.23,24).

b) Geena. O mundo judaico contemporâneo de Jesus cria que a Geena era o lugar no qual os ímpios receberiam como castigo o sofrimento eterno. O termo, traduzido por “inferno”, foi usado pelo Senhor Jesus nos evangelhos: “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23.33), e indica o lago de fogo apocalíptico.

O Juízo Final é o evento que sacramentará o destino dos ímpios.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Embora o trono de Deus seja o trono de julgamento, Jesus declarou: ‘E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo’ (Jo 5.22). O único Mediador entre Deus e a humanidade tornar-se-á também o Mediador do julgamento. Por conseguinte, Jesus assentar-se-á sobre o trono. E tão grande será a sua majestade, que a terra e o céu ‘fugirão’, não havendo mais para eles ‘lugar, no plano de Deus’. Isto posto, abrir-se-á caminho para os novos céus e a nova terra. Eis os que comparecerão diante do grande trono branco: ‘os mortos, grandes e pequenos’ (Ap 20.12). Quanto aos justos, por haverem participado da primeira ressurreição, já terão corpos imortais e incorruptíveis. Portanto, os mortos que estarão de pé, diante do grande trono branco, para serem julgados, serão ‘os outros mortos’ (Ap 20.5) que não tomaram parte na primeira ressurreição por ocasião do arrebatamento. Esses serão os ‘mortos ímpios’, incluindo os que foram consumidos após o Milênio, por haverem seguido a Satanás” (MENZIES, William W.; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1995, pp.207,08).

CONHEÇA MAIS
Primeira Ressurreição
“De maneira geral, assim é visto o arrebatamento da Igreja que, juntamente com o rapto dos vivos, constituir-se-á também da revificação, imortalização e glorificação dos que morreram em Cristo (1Co 15.50-57)”. Dicionário Teológico, CPAD, p.32.

III. SOBRE A NOVA CRIAÇÃO

1. Um novo céu e uma nova terra.
O quadro descrito no texto da Leitura Bíblica em Classe diz respeito à nova criação, ou seja, não se trata, pois, de uma renovação ou de alguma restauração, mas de tudo ser novo: “Eis que faço novas todas as coisas” (v.5); “Porque eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Is 65.17). Essa promessa reaparece no Novo Testamento (2Pe 3.13). O velho mundo vai desaparecer (Is 34.4; 51.6; 2Pe 3.7,10,12) por causa da sua contaminação; os céus e a terra não poderão resistir à santidade e à glória de Deus: “E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles” (Ap 20.11). Essa palavra profética é reiterada mais adiante: “Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (v.1). O universo físico não se susterá diante da pureza, santidade e glória daquele que está assentado sobre o trono.

2. A nova Jerusalém.
Antes de tudo, convém ressaltar que a nova Jerusalém “que de Deus descia do céu” (v.2) não é a mesma Jerusalém do Milênio. Isso é de fácil compreensão. Aqui já estamos no período pós-milênio. A descrição da cidade mostra com abundância de detalhes que a sua glória excede em muito ao da Jerusalém milenial (Ap 21.9-21). O templo dela é Deus e o Cordeiro (v.22); a cidade não necessita de sol nem de lua (v.23), e nela não haverá noite (v.25). Nós veremos o rosto de Deus e do Cordeiro (Ap 22.4), e a glória de Deus e de Cristo nos alumiará para sempre (Ap 22.5). A nova Jerusalém é chamada ainda de “a Jerusalém que é de cima” (Gl 4.26) e a “Jerusalém celestial” (Hb 12.22).

3. A eternidade dos salvos.
A nova Jerusalém é o eterno lar de todos os salvos em Cristo. O próprio Deus estará continuamente entre os humanos: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará” (v.3), e Deus mesmo limpará de nossos olhos toda a lágrima (v.4). Ali não haverá morte, que é o último inimigo a ser derrotado (1Co 15.26,54). O pecado será banido para sempre, e ali nunca mais haverá maldição contra alguém (Ap 22.3). É a nossa eterna bem-aventurança. Aqui está o final glorioso da jornada da Igreja.

Novos céus e nova terra será uma nova realidade implantada por Deus.


CONCLUSÃO

Nós cremos que, assim como todas as profecias sobre a primeira vinda do Messias se cumpriram, de igual modo todas as profecias sobre o mundo vindouro se cumprirão também, pois Deus é fiel.

Fonte: Lições Bíblicas CPAD Adultos - 3º Trimestre de 2017 - Título: A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Livro de Apoio - Comentarista: Esequias Soares
Revista Adultos 3ºTrim.2017 - A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Comentarista: Esequias Soares

Aqui eu Aprendi!

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Profecias da Consumação da História - Livro de Isaías

"Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça." 2Pe 3.13

O livro de Isaías, por sua amplitude, insere-se no quadro das peças fundamentais da literatura profética, oferecendo um valioso conteúdo histórico-teológico que nos permite fazer uma tríplice aplicação, ao mesmo tempo em que exige de nós um posicionamento a respeito da relação com Deus, com o próximo e com a natureza que nos circunda. Essa tríplice aplicação baseia-se no seguinte:

a) Apesar de não ser um livro histórico propriamente dito, permite-nos conhecer, de maneira simplificada, uma parte da história dos Israelitas com Deus e com outros povos. O texto fala resumidamente do contexto religioso, histórico, político e social. Nessa breve história, o livro nos possibilita enxergar a graça, a misericórdia, a justiça e a soberania de Deus, que se traduz no amor de Deus por Israel e/ou pela humanidade como um todo.

b) Apesar de nos remeter a um período muito antigo (do séc. VIII ao séc. IV a.C.), a voz de Isaías ecoa de modo significativo nos ouvidos da igreja de hoje. Ele direciona a nossa atenção para nossa história do dia a dia, chamando-nos a repensar nossa prática cristã não só dentro das igrejas ou comunidades a que pertencemos, mas também a irmos além, a entender que Deus nos chama para fora, para o mundo, para proclamar o Reino dentro de nossas teias sociais, para apontar que existe um Deus soberano em meio à pluralidade religiosa e proclamar justiça num mundo onde a injustiça é o que dita as normas.

c) Por ser também um livro de caráter apocalíptico, ao lê-lo, somos levados a viajar no tempo e perceber que tudo ao nosso redor é refém da finitude. Por mais magnífico e importante que seja, tudo algum dia deixará de existir, se tornará pó; tal como houve um começo, também haverá um fim. Sob esse olhar apocalíptico, alguns questionamentos sobre o fim nos são impostos. Nesse quesito e sob esse ponto de vista se desenvolve esse capítulo de Isaías, oferecendo-nos algumas respostas que veremos mais adiante.

Os capítulos 24 a 27 compõem uma parte do chamado “apocalipse de Isaías”. Tal como Daniel e Apocalipse, essa seção de Isaías não é fácil de ser compreendida por conta do gênero literário apocalíptico que a constitui. O gênero apocalíptico é “uma narrativa na qual uma visão reveladora é concedida a um ser humano, na maioria das vezes por meio da intervenção [...] sobrenatural ou acima da realidade humana”. Essa narrativa geralmente termina com o anúncio do julgamento divino ou com uma mensagem de esperança de um mundo melhor, no qual o mal não existe.

Os textos apocalípticos comumente são marcados por sofrimentos, perseguições, domínio de um povo sobre o outro, extrema decadência moral, um forte descaso religioso ou apostasia (abandono das ordenanças divinas que tem, como consequência, o sofrimento do povo). Geralmente, o profeta dirige-se “àqueles que vivem em tempos de perseguição e sofrimento desesperado que chega a ser visto como a corporificação do mal supremo”.

Às vezes, confunde-se o apocaliptismo ou apocalipcismo com a escatologia (tradicionalmente definida como o estudo das últimas coisas). Por serem tão próximos e, de certa forma, andarem entrelaçados, a razão dessa confusão é, de certa forma, coerente, porque o que as difere é extremamente tênue. Pode-se pensar que um (o apocalipse) está contido na outra (escatologia). Enquanto o gênero apocalíptico em meio aos sofrimentos do povo propõe-se a revelar a promessa de livramento por meio da intervenção divina, a escatologia se propõe a mostrar uma nova era após esse livramento. Por isso, vale voltar maior atenção ao apocalipcismo, que é o gênero literário que dá embasamento aos capítulos desta seção.

Apesar de esses capítulos serem conhecidos como uma parte do “apocalipse de Isaías”, eles não são compostos unicamente do gênero apocalíptico; eles reúnem “profecias, cânticos e orações. Cada um desses gêneros tem sua própria força e sua combinação que fazem do texto uma sinfonia querigmática” muito mais valiosa porque o profeta é usado por Deus para se referir ao julgamento de Deus para com Judá, mas também se refere ao fim dos tempos apocalípticos e escatológicos. Portanto, trata-se de uma profecia que vai muito além dos dias subsequentes a Isaías. É sob essa hermenêutica dupla que este capítulo se desenvolverá.

Os capítulos 24 a 27 do Livro de Isaías, reúnem profecias, cânticos (26.1-6; 27.2-5) e orações (25.1-5126.7-19). Estão divididos entre julgamentos, salvação e promessas de livramento. 

I - O JULGAMENTO E A SALVAÇÃO
Isaías faz anúncio da destruição de Tiro por causa do mal que os seus habitantes praticavam, por serem arrogantes e por se exaltarem em relações a outros povos (Is 23.8-9). O profeta anuncia que o mesmo sucederá com todos os povos da terra por causa da maldade que fizeram e “da desaprovação de Deus em relação a esse mal.” O capítulo 24 pode ser visto como o capítulo da proclamação dos castigos, dos anúncios da devastação e do preparo do povo para o sofrimento que vai assolar a terra; tal como em Gênesis (Gn 6.11-13), onde Deus anuncia à Noé a destruição da terra com o Dilúvio por causa da maldade do ser humano que havia se multiplicado sobre a terra. A terra, nesse trecho, não é a terra como um todo. O texto faz menção de Israel que era o Reino do Norte e de Judá que era o Reino do Sul. Porém, num contexto futuro, aplica-se também a toda a terra.

1. Causas do julgamento divino
O povo que é conhecido como povo de Deus estava vivendo em grande desobediência. Num período em que os seus reis eram dados à idolatria, estabeleciam alianças com outros povos sem o consentimento de Deus e não davam ouvidos a orientações que Deus lhes dava por meio dos seus servos, os profetas, como nos mostra o capítulo 7 de Isaías. Viviam também um período de grande sincretismo por conta das alianças ou mistura com outros povos. Deus, sendo plenamente justo e zeloso nas suas ordenanças, dá a conhecer ao povo que, por conta de todas essas práticas, eles serão devastados e dispersados, serão levados a servir como escravos em outras terras, serão subjugados pelos assírios (Reino do Norte) e pelos babilônios (Reino do Sul).

O profeta Isaías ensina que a relação entre Deus e a humanidade não se estabelece pela via de favoritismos. Não existem os privilegiados de Deus, no que diz respeito ao juízo. Para Ele, existem apenas seres humanos que, de acordo com a tradição cristã, são divididos entre criaturas (toda a raça humana) e filhos (os que, além de serem criaturas, receberam Cristo como senhor e salvador conforme João 1.12). “As distinções sociais não fornecem nenhum escape do juízo divino”. Por isso, o profeta afirma: “E o que suceder ao povo sucederá ao sacerdote; ao servo, como ao seu senhor; à serva, como à sua senhora; ao comprador, como ao vendedor; ao que empresta, como ao que toma emprestado [...]” (Is 24.2).

A corrupção havia se expandido por todas as camadas sociais. As distinções sociais diante de Deus tornam-se irrelevantes. Ninguém é melhor que o outro por conta da sua posição social ou cargo religioso. No juízo divino, as riquezas e o poder não fazem diferença, não tornam ninguém mais ou menos humano, não fazem de ninguém pessoas boas ou más. Por isso, Deus julga todos com a mesma medida, e cada um pagará conforme os seus atos.

Como cristãos, entendemos que as ordenanças e os juízos de Deus são verdadeiros e imutáveis. Em Deus, não há contradição, não há mudança nem sombra de variação (Tg 1.17). Por isso, Isaías (24.3) afirma claramente que a destruição da terra era iminente e certeira porque foi Deus quem falou. Ao dizer que a destruição seria verdadeira, ele queria chamar a atenção de um povo para o qual os desígnios não eram tão relevantes, um povo que praticamente havia escolhido viver uma vida longe da presença de Deus.

Interessante notar que, apesar do grande desinteresse pelas questões religiosas, num momento em que as orientações divinas não eram tomadas como relevantes (como neste caso), Isaías escolheu ir por um caminho diferente, falar o que o povo não gostaria de ouvir, pois, tal como nós, ninguém gostaria de receber um aviso de que haveria de ser destemido. Isaías, porém, em obediência a Deus, age assim.

Podemos tentar imaginar o estado de ânimo do povo. A maioria, talvez, por desconsiderar as palavras que estavam sendo proferidas, continuava vivendo as suas vidas sem preocupação nenhuma. Outros, por entenderem que essas palavras eram verdadeiras, possivelmente estavam afoitos e desanimados. Talvez olhassem um para o outro e perguntassem: “O que faremos?”, “O que será de nós?”, “O que será de nossos bens?”, “O que faremos com nossas fazendas, nossos carros, nossos animais, nossos plantios?”. Outros, talvez, que houvessem acumulado tantas riquezas, perguntassem: “E agora? De que me servirá tudo isso se o fim é iminente?”. A Bíblia afirma que a terra estava murcha, sem forças (Is 24.4).

Aqueles que eram príncipes e nobres, que se autopromoviam, achando-se melhores que outros eram acometidos de tristeza e chegavam a adoecer as suas almas, porque percebiam que não tinham como fugir das mãos do Altíssimo. Podemos perceber que a descrição ultrapassa qualquer coisa que jamais aconteceu. Fazendo uma similaridade com o livro de Apocalipse, somos levados a apontar para o temível futuro do mundo, uma previsão do que sucederá antes do Reino de Deus ser plenamente estabelecido.

Deus, sendo um justo juiz, ao estabelecer o seu juízo, mostra as razões pelas quais somos e seremos julgados, pois Ele não é um Deus sádico, não castiga a humanidade por prazer. Ele o faz pedagogicamente. Por isso, o texto faz menção de que o povo será castigado por transgressão aos estatutos, por violação das leis e por quebra das alianças perpétuas. Esse castigo pode ser comparado a um retorno ao caos, onde desvanece a alegria; assim, o vinho, símbolo da alegria, está em falta, as vinhas murcharam, não há sons de alegria, o povo não tem mais razões para festejar, o prazer já não se faz presente na cidade. Tudo o que havia de bom, que servia de estímulos para a vida, que gerava esperança foi desolado, conforme a profecia predisse.

2. Como será o julgamento
A desolação da terra, segundo o profeta, tornar-se-á dramática e completamente assustadora. O terror assolaria os moradores da terra e não haveria como escapar, pois quem tentar escapar do terror cairá na cova, e quem tentar escapar da cova cairá no laço (Is 24.18). Não há quem fuja do castigo de Deus. Ninguém consegue se esconder da sua face. Sua onisciência se sobrepõe a toda e qualquer artimanha do ser humano. Todo esforço empreendido para escapar das mãos de Deus, por mais engenhoso que seja, é completamente falho e insignificante e será reduzido a nada. Até os fundamentos da terra tremem. Fendas e rachaduras transformam a terra em pedaços. A Lua e o Sol também são sujeitos à destruição por causa da tamanha corrupção do povo. Isso mais uma vez torna evidente que nada está isento da desolação.

Diante das palavras tão vivas do profeta Isaías, o povo vê-se completamente entregue à destruição. Vê também que não há como justificar-se diante de Deus, pois seu juízo é reto. Em tal caso, restou ao povo a possibilidade de tomar consciência de seus maus atos, assumir a responsabilidade e buscar o caminho da esperança, encontrar um escape em meio ao caos que se havia instaurado, tentar achar o caminho do perdão, porque, apesar de Deus ser justo, também é perdoador, e o salmista diz: “[...] a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (SI 51.17b). É isso que também se destaca no texto, um cântico de louvor como expressão de clamor por misericórdia.

A palavra julgamento no grego (krinein) quer dizer separar (Mt 13.24-30), ou seja, será a separação do bem e do mal daquilo que é verdadeiro do que é falso. Será o ato final de Deus, tanto na história de Israel quanto nos dias futuros, onde se preservará apenas aquilo que não foi contaminado pela maldade e pelo pecado. Esse período de julgamento se refere ao Juízo Final, na consumação de todas as coisas, quando todos os povos e nações comparecerão diante do trono de Deus para serem julgados por seus atos (Mt 25.31-33).

O início do Juízo Final acontecerá logo após o Milênio, os mil anos de paz do governo mundial em que Cristo será o Rei e Satanás ficará preso. Porém, Satanás será solto logo após o fim do Milênio até ser julgado. Assim, o Juízo Final servirá para destruir a personificação do mal (Mt 25.41), conforme escrito no Apocalipse: “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10).

3. O Destino dos maus
Para o Juízo Final, acontecerá a ressurreição dos maus de todos os tempos (Ap 20.5); os salvos já terão ressuscitado para estarem no Milênio com Cristo (Is 26.19; Ap 20.4). Ninguém escapará da desolação e do julgamento que sobrevirá, sejam ricos, pobres, sacerdotes, leigos (Is 24.2) e reis (Is 24.21). A terra, outrora abençoada, agora é maldita por causa da injustiça (Is 24.5) e será abalada, provavelmente num grande terremoto (Is 24.18-20), e o Sol e a Lua deixarão de brilhar (Is 24.23; Lc 21.25). Deus destruirá todo o mal, bem como todos os grandes poderes e impérios mundiais representados pelo leviatã, pela serpente sinuosa e pelo dragão (Is 27.1). Aqueles que forem julgados como maus serão separados definitivamente de Deus, a fonte da vida. Serão, juntamente com o Diabo e seus anjos, lançados no lago de fogo que arderá eternamente. Jesus disse que ali haverá choro e ranger de dentes (Mt 13.50), ou seja, um sofrimento intermitente, ilimitado e eterno.

4. O Destino dos bons
Aqueles que forem julgados como bons e forem justificados pelo sacrifício de Cristo serão levados para o Reino eterno, conforme Jesus mesmo afirmou:
“Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me” (Mt 25.34-36).
O Reino de Deus será um eterno desfrutar de alegrias, delícias e bem-estar, na presença de todos os salvos de todos os tempos. Todavia, o mais importante é que para sempre estaremos com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, cuja presença encherá a terra com sua glória e majestade, conforme a visão de João: “E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21.23).

II - CRISTO, O CENTRO DA HISTÓRIA
A Bíblia afirma que “nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.16). Portanto, toda a história da humanidade tem Cristo como seu precursor (Jo 1.1; Ap 13.8b), seu executor (Mt 28.18; Cl 1.17) e o seu fim (Fp 3.21). A criação, a redenção da raça humana e o futuro estão nas mãos dEle. Assim, Cristo é o centro da história humana, e qualquer ser humano somente se realiza plenamente nEle, pois Ele é o centro da história da salvação como seu executor, proclamador e mediador, permitindo a reconciliação com Deus através de sua morte na cruz.

1. O Início da história humana
Cristo esteve presente no início da criação de todas as coisas, nos tempos eternos com o Pai. Assim, a história da humanidade pode ser tematizada em: criação, queda, redenção em Cristo e final dos tempos com Cristo. Isso porque Ele é o que permeia a história humana com sua presença. Ele é o centro da história porque o povo escolhido entre a humanidade, Israel, não foi fiel à aliança feita com Deus e, com isso, um remanescente (a semente, o tronco) restante, que se concentra em Cristo na sua morte e ressurreição, tornou-se precursor de um grande povo composto por todas as tribos e nações, que confessam a Cristo como salvador.

2. A Redenção da história humana
O profeta Isaías, além de prever destruição, traz paradoxalmente um olhar de esperança, prevendo que o povo encontraria novo sentido de vida e renasceria, e aqueles que não tinham ânimo nenhum encontrariam possibilidades de experimentar o outro lado da face de Deus, sua face bondosa e misericordiosa.

As pessoas que verdadeiramente creem que Deus vai agir e realizar os seus propósitos na história, como o profeta nesse caso, podem, de modo antecipado, celebrar os feitos de Deus em suas vidas pelos olhos da fé, pois o inimigo do povo de Deus já foi arruinado e derrotado. No texto, o inimigo do povo são os assírios, pois estes oprimiam o povo de Deus e os subjugavam à escravidão. Por isso, aqui eles são descritos como pobres e necessitados; e os opressores são descritos como os estrangeiros. O povo, na voz de Isaías, expressa cânticos de louvor e adoração a Deus, na esperança de que este cativeiro não é eterno, pois Deus lhes enviaria um Libertador.

Da mesma forma que Deus providenciaria um escape para Israel, toda a história da salvação está virtualmente contida num único evento: no fato de que todo o passado da história da salvação tende para essa intervenção de Cristo na história através da cruz. Dela brota todo o presente e representa a garantia de todo o futuro da redenção. Entre a cruz de Cristo e a consumação final da história, dá-se a tensão e a hostilidade entre a instalação de seu Reino na terra “já-agora” e no “ainda não” do Reino que está por vir. A batalha decisiva e vitoriosa já foi travada na cruz do Calvário. Nesse momento, vive-se em hostilidade com o adversário, Satanás, que quer tentar destruir a obra redentora em nós, embora já tenha sido vencido. Estamos apenas aguardando o dia da vitória final em que se dará o arrebatamento da Igreja, que desencadeará o final da história humana.

3. Ele é para todo o sempre
Ele é antes do início, foi crucificado ontem, reina agora de forma invisível e voltará no fim dos séculos para estabelecer seu Reino eterno, onde a justiça e a paz reinarão perpetuamente. Algumas vezes, o fim dos tempos é entendido como um tempo caótico e terrível. Para alguns, poderá ser mesmo. Já para os que forem do Senhor, será um tempo em que as qualidades humanas serão potencializadas e nossa fidelidade ao Senhor não sofrerá mais os percalços que temos hoje, pois Ele mesmo vai destruir toda infidelidade (Is 5.1-6), numa revelação completa da bondade e da grandeza de Deus, tirando a cegueira que nos impedia de enxergá-lo (Is 25.7).

III - O FIM DA HISTÓRIA
O Fim da História, em termos seculares, foi iniciada por Friedrich Hegel (1770-1831) que ensinava que, quando a humanidade alcançasse um ponto de equilíbrio com a ascensão do liberalismo e da igualdade, a história chegaria ao fim. Essa ideia foi retomada em tempos modernos por Francis Fukuyama, o qual defendia que, com o avanço do Capitalismo e o fim de regimes fascistas e do Comunismo, anunciava-se o Fim da História.

A evolução econômica, a democracia e a igualdade de oportunidades levariam todos a atingirem seus objetivos de vida, e a sociedade supriria todas as necessidades humanas. Portanto, não seria o fim cronológico da história, mas o fim de governos e regimes que não conseguem suprir as necessidades humanas ou que estão em desacordo com os valores ocidentais. E óbvio que a humanidade está longe desse ideal, porque tal ideal somente será atingível no governo ou no Reino de Cristo.

Quando se fala em consumação da história, fala-se do fim dela; e fim significa término e também alvo, ou seja, os filhos de Deus se esforçam (Mt 11.12) para atualmente estabelecerem seu Reino na terra (alvo). Porém, esse esforço só terá fim quando os céus e a terra passarem (2Pe 3.10). Entretanto, o seu Reino será concretizado em plenitude somente no fim dos tempos, no término da história humana.

1. O Fim do sofrimento para o povo israelita
E interessante notar o paralelismo que há entre Is 25.8 e Ap 21.4. Após um período de grande sofrimento, de dor profunda e de grande desespero, Jerusalém, simbolizada pelo “monte Sião” em Isaías, entra em cena. Em Jerusalém, de acordo com Isaías, será feito um grande banquete com uma grande quantidade de comida e de vinhos magníficos. Porém, a similaridade torna-se mais evidente quando o profeta anuncia que Deus enxugará as lágrimas de todos os rostos e aniquilará a morte do meio do seu povo. A derrota final da morte simboliza salvação definitiva do povo de Deus. Esse paralelismo entre os dois textos corrobora a ideia de que essa seção faz parte dos textos que constituem o “apocalipse de Isaías”. Em sua profecia, Isaías tem em mente o cativeiro babilônico, pelo qual Judá haveria de ser subjugada. Num primeiro momento, Isaías é usado por Deus sob uma perspectiva pastoral, no sentido de oferecer consolo ao povo. Nos capítulos anteriores, o trabalho do profeta está mais voltado para anunciar o juízo divino ou a destruição do povo. Agora, em meio às dores do cativeiro, o profeta preocupa-se em restaurar a confiança do povo na proteção divina. “Em nenhum outro lugar, as Escrituras apresentam um exemplo melhor de consolo para dias difíceis” do que nesta profecia de Isaías.

O povo, outrora desprezado e oprimido, é chamado a confiar em Deus, pois Ele é quem humilha os altivos, referindo-se aos inimigos. Ao responderem a esse chamado, eles desfrutariam da perfeita paz, que é a dádiva dEle de bem-estar e completude, pois, em meio à situação em que o povo se encontraria, receber o anúncio de uma vida de paz é muito mais satisfatório do que qualquer outra coisa. Esse chamado a uma confiança perpétua tem sua lógica fundamentada na fidelidade de Deus, pois Ele nunca abandonou o seu povo. A ida deles ao cativeiro foi por conta da permissão de Deus, como um bom Pai que cria meios ou possibilidades de redirecionar o seu povo para a proposta de vida que Ele oferece.

Depois de o povo ter experimentado o juízo divino, o lado de Deus que nenhum ser humano gostaria de experimentar, chegaria o momento em que a ira de Deus contra os israelitas abrandaria. A ira de Deus não estaria mais contra os israelitas, que são simbolizados pela “vinha frutífera” ou “vinha aprazível”. Ou seja, Deus estaria mostrando seu agrado para com eles; porém, se o seu povo voltar a quebrar os estatutos e quebrar a aliança perpétua, que são simbolizados no texto pela erva daninha e por espinhos, então Deus os pisoteará e os destruirá por completo.

2. A História humana terá fim, a de Deus não
Deus está acima da história. Ele é um ser a-histórico, pois é eterno, porém seu Reino se estabelece na história humana. Por isso, tem início, mas nunca terá fim. No tempo determinado por Deus, a história humana e a vida na terra deixarão de existir e serão tomados pelos novos céus e pela nova terra (2 Pe 3.10-13). Entretanto, esse não será o fim da história daqueles que forem salvos, mas será a entrada destes na eternidade, a transição daquilo que é temporal para o que é eterno, a qual Jesus chamou de “vida eterna” (Jo 5.24). Na consumação da história, aquilo que é temporal terá o seu fim, será sugado pela eternidade como desnecessário; inclusive a Lei e a moralidade não precisarão mais existir. Viver-se-á o amor perfeito, que é o cumprimento da Lei, pois o amor cumpre a Lei antes que ela o exija, apontando para o caráter temporal e necessário da Lei enquanto estivermos na terra.

No Apocalipse de João, está escrito que não haverá templo na Jerusalém celestial, porque Deus habita nela; isso aponta para o fim da religião, pois esta nada mais é que a tentativa de se chegar (religare) a Deus, sendo totalmente desnecessária no estado perfeito da Vida Eterna em que Deus é tudo em todos.

3. A Nova Jerusalém é o início da nova história humana
O exílio ou cativeiro não está distante de nós. Ele pode ser traduzido em coisas simples que nos aprisionam e nos impedem de viver uma vida em que a dignidade humana é respeitada, uma vida onde há relações saudáveis com Deus, com o próximo e com a natureza, pois esse é o plano de Deus para o mundo. Assim sendo, é necessário que aconteça a consumação da história e que o Reino de Deus se estabeleça definitivamente. Esse Reino aponta para a nova Jerusalém, o lugar que Deus preparou para os salvos em Cristo, para passarem com Ele por toda a eternidade, na casa do Pai (Jo 14.1-4), desfrutando eternamente de seu amor. Ela será de uma beleza, de uma majestade e de uma glória indescritível (Ap 21.9-15). Mas a melhor coisa não é a magnífica cidade, e sim quem estará nela: nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ansiemos por esse tempo.

"E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;" Mateus 25:31-34

Fonte:
Lições Bíblicas - Isaías - Eis-me aqui, envia-me a mim. 3º.trim_2016 CPAD - Clayton Ivan Pommerening
Livro de Apoio - Isaías - Eis-me aqui, envia-me a mim. - Clayton Ivan Pommerening
Guia do leitor da Bíblia - CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Bíblia Nova Versão Internacional
Dicionário Bíblico Wycliffe

Sugestão leitura:

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Quantos e quais são os julgamentos Escatológicos citados na Bíblia

"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." 
2 Timóteo 2:15


Em 2 Timóteo 2.15, a Palavra de Deus nos incentiva a sermos obreiros que manejam bem a Palavra da verdade. E manejar bem, literalmente, significa dividir bem, não confundindo os assuntos. Algumas analogias quanto ao significado do verbo, originalmente, são: um arado fazendo um sulco na terra, uma máquina abrindo uma estrada, um pedreiro medindo e cortando uma pedra, mas tudo em linha reta.

Muitos desvios da verdade ocorrem por falta de bom manejo da Palavra. O exegeta que se preza conhece as principais divisões da Bíblia, como os dois Testamentos; os três povos (judeus, gentios e cristãos); as duas vindas de Jesus; as duas etapas da Segunda Vinda; as alianças; os juízos, enfim.

Tenho visto grandes personalidades do meio evangélico fazendo confusão quanto aos juízos bíblicos. Tomam um julgamento pelo outro, não levando em consideração o contexto. Um dia desses, por exemplo, alguém citou um conhecido teólogo que usou o texto de Mateus 25.31-46 numa referência ao Juízo Final. Pensando nisso, resolvi escrever este artigo, com a intenção de estimular os meus leitores a estudarem com afinco os, pelo menos, sete julgamentos constantes das páginas sagradas.

É claro que a minha abordagem é sucinta e objetiva, pois um estudo sobre os juízos divinos abrange toda a Escritura, posto que há inter-relação deles com várias doutrinas fundamentais. Portanto, se o leitor pensa que eu responderei aqui, neste breve texto, a todas as perguntas sobre o assunto, ficará decepcionado. Este artigo é apenas uma maneira de estimulá-lo a aprofundar-se em suas análises, a fim de que não chegue a conclusões apressadas.

A distinção entre os juízos divinos se dá em razão de quatro aspectos diferenciadores: os participantes, o local, o tempo e o resultado de cada um. O meu desejo é, em breve, escrever um artigo para cada um desses julgamentos, mas, por enquanto, apresento aos leitores deste weblog apenas uma abordagem panorâmica.

Julgamento do pecado original. Na cruz, o Senhor Jesus recebeu em seu corpo a sentença divina, morrendo por todos os pecadores (Jo 5.25; 12.31; 19.17,18; 1 Pe 2.24; 3.18; Gl 3.13; Cl 2.13-15; 2 Co 5.21; Hb 9.26). Por isso, nenhuma condenação há para quem está em Cristo Jesus (Rm 8.1; Jo 5.24).

Julgamento dos pecados atuais do crente. Hoje, quando um servo de Deus peca, tem o Senhor Jesus como o seu Advogado, mas deve fazer sempre um auto-julgamento, confessando os seus pecados e colocando-se diante do Senhor (1 Jo 2.1,2; 1 Co 11.31,32; Hb 3.12,13; 12.7; 1 Pe 4.17; 1 Co 5; 1 Tm 1.20; Tg 5.16; 1 Co 4.3,4).

O Tribunal de Cristo. Logo após o Arrebatamento da Igreja, ocorrerá — ainda nos ares — o Tribunal de Cristo. É importante não confundirmos esse julgamento com os outros mencionados nas páginas sagradas. Todos os salvos arrebatados serão julgados pelas suas obras, para receber ou não galardão (2 Co 5.9,10; Rm 14.10-12; 1 Jo 4.17). Não se trata aqui de juízo para condenação, mas para avaliação do trabalho que temos feito para o Senhor (1 Co 3.10-15; 2 Tm 4.7,8).

Julgamento de Israel. A nação israelita será julgada durante a Grande Tribulação. E o texto de Daniel 12.1 enfatiza que “... livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro”.

Julgamento das Nações. O Senhor Jesus e sua Igreja, arrebatada por Ele antes da Grande Tribulação (1 Tessalonicenses — toda a epístola), pisarão na terra (Zc 14.4). E as nações (ou os representantes delas) serão julgadas antes da instauração do Milênio (Mt 13.40-46; Jl 3.1,2,12-14; Sl 9.8). O texto de Mateus 25.31ss dá detalhes desse julgamento, mostrando quais serão os critérios adotados pelo Justo Juiz para absolver ou condenar.

Julgamento do Diabo e suas hostes. Satanás será julgado em instância final — pois já foi condenado por antecipação (Jo 16.11) — e lançado no Inferno, juntamente com seus emissários, após a sua última e rápida revolta, que se dará logo após o Milênio. É claro que os chamados amilenaristas e pós-milenaristas não concordam com essa assertiva, porém ela é biblicamente verdadeira e incontestável à luz de Apocalipse 20.10, Romanos 16.20, 1 Coríntios 6.3, Judas v.6, 2 Pedro 2.4, etc.

O Trono Branco. Este é o último grande julgamento, o Juízo Final, para condenar todos aqueles cujos nomes não estiverem inscritos no livro da vida do Cordeiro (Ap 20.5-11; At 17.31; Rm 2.12-16). É nesse último grande juízo que o Justo Juiz dirá aos falsos obreiros “Nunca vos conheci” (Mt 7.23). Alguns teólogos pensam que aqui o Senhor se referiu aos não-eleitos, mas o termo grego ginõskõ denota que Ele nunca aprovou (cf. o uso do termo grego com esse sentido em Rm 7.15), reconheceu ou deu crédito ao trabalho dos obreiros que não fazem a sua vontade. O Senhor só tem relacionamento aprovador com quem o ama, o serve e persevera em segui-lo (Gn 18.19; Sl 1.6; Jo 10.14,27; 1 Co 8.3; Na 1.7; Gl 4.9; 2 Pe 2.20-22; Ap 3.11).

Autor: Ciro Zibordi
Fonte: Blog do Ciro


Você vai gostar de ler: 


Aqui eu Aprendi!

Memorizando!!!

Os Julgamentos da Bíblia

1- O Julgamento na Cruz – I Pe. 3.18;
2- O Auto-Julgamento do Salvo – I Co. 11.31-32;
3- (1) O Julgamento das Obras do Salvo – Rm. 14.10; II Co. 5.10;
4- (2) O Julgamento de Israel – Is. 1.27; Jl. 2.31-32;
5- (3) O Julgamento das Nações – Mt. 25.31-33; Ap. 20.8-9;
6- (4) O Julgamento dos Anjos – I Co. 6.3; II Pe. 2.4; Jd. 6;
7- (5) O Grande Trono Branco ou O Julgamento dos Ímpios que Morreram – Ap. 20.11-15.



Aqui eu Aprendi!

quarta-feira, 23 de março de 2016

O destino final dos mortos - Escatologia

Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” 1Co 15.19

O destino final dos mortos
A vida após a morte dá margem para muitas especulações. Na religião, essas especulações chegaram a graus absurdos. Para se ter ideia das especulações que proliferaram ao longo da história da humanidade, dê uma olhada na tabela abaixo, sugiro que o prezado professor a reproduza para introduzir o assunto, o Estado Intermediário, no primeiro tópico:


Após apresentar essas teorias, exponha o que a Bíblia diz sobre o estado chamado de “intermediário”, conforme está na lição: situação após a morte, que não significa um estado de purificação, ou retorno “eterno” ou de uma inconsciência sem fim. A Palavra de Deus diz que quando nos encontrarmos com o Senhor estaremos imediatamente com o Ele num estado de descanso (Ap 14.13), de serviço (Ap 7.15) e de santidade (Ap 7.14).

O Estado Eterno
As Escrituras mostram com clareza que na morte não termina a vida; se inicia outra. Há uma crise humana em lidar com a morte e a finitude da vida. Inconscientemente, o ser humano.tem a “consciência” da eternidade. Portanto, ouçamos a pergunta de Jesus, na parábola do rico insensato, e meditemos: “Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus” (Lc 12.20,21; cf. 12.13-21).

O Destino dos ímpios
São os perversos em natureza, sem amor no coração, que vivem a vida com o objetivo de fazer o mal e a perversidade para o outro, para a tristeza eterna, ouvirão do Senhor: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41; cf. 25.42-46; Dn 12.2; Ap 20.12; 21.8; 22.15).

O Destino dos Justos
Mas aqueles que pela fé foram alcançados pela graça de Deus, deram lugar a uma nova natureza, com o amor no coração, vivendo com o objetivo de fazer o bem para o outro, ouvirão do Senhor: “Vinde, benditos do meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34; cf. 25.35-40; Dn 12.2; Ap 21.5-7; 22.12-14). - Ensinador Cristão nº65-pg.42

Textos de Apoio para este Estudo:

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 16.19-26


“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” Lc 23.43

Um velho pastor encontrou uma jovem, estudante de Medicina, filha de um amigo seu, já falecido, e lhe perguntou:
- Como vai jovem?
- Vou bem, obrigada.
- O que está fazendo, agora? Estudando?
- Sim - respondeu ela.
- E depois dos estudos, o que pretende fazer?
- Bem, depois vou procurar exercer minha profissão. É o meu sonho.
- Sim - continuou o pastor. - E depois?
- Pretendo me casar, ter um lar, uma família...
O velho pastor insistiu, aproveitando para transmitir uma mensagem:
- E depois que tiver um lar, família, o que vai fazer?
- Ah, pretendo me aposentar e viver minha velhice - ela respondeu já com certa inquietação.
Mas o pastor não terminou o diálogo e indagou:
- E depois?
A jovem, já pensativa, respondeu rapidamente:
- Bom, depois deve vir a morte.
- E depois da morte, jovem, o que você acha que vai acontecer? Ela parou, pensou, e respondeu:
- Bem, depois da morte não sei de nada. Só Deus sabe.

O diálogo acima termina num ponto em que o ser humano não tem respostas conclusivas. O que será depois da morte?

Já vimos, no capítulo 5, que os salvos que estiverem nos túmulos, na vinda de Jesus, ressuscitarão em corpo glorioso (Fp 3.21), e irão ao encontro do Senhor, juntamente com os salvos transformados (1 Ts 4.16,17). Mas,depois da morte e antes da ressurreição, os salvos não irão direto para os céus, a habitação de Deus. Neste estudo, veremos que eles vão para um “lugar intermediário”, onde aguardarão a primeira ressurreição (Ap 20.6).

O que acontece com os salvos, nesse lugar de espera?
Veremos a seguir, nas próximas linhas deste estudo.

E o que acontece com os mortos, que passam para a eternidade, sem salvação?

Essas perguntas são intrigantes. As religiões não cristãs dão respostas estranhas, absurdas e heréticas, levando muitos a imaginar que não haverá juízo para os ímpios nem recompensas para os salvos, e outras ensinam que o homem reencarna para viver em outros corpos e salvar a si mesmo. Porém, a Bíblia, a revelação de Deus para o mundo, tem todas as respostas.

I - O Estado Intermediário
1. Definição
E o estado entre a morte física e a ressurreição, tanto dos salvos como dos ímpios. Como não poderia ser diferente, os salvos terão um destino diverso dos ímpios. “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28,29; Dn 12.2). A Bíblia abre o véu da eternidade, em poucas referências, e nos permite vislumbrar o que espera o salvo e o perdido após a morte física.

2. Conceitos
Alguns termos devem ser anotados para a compreensão do assunto.
1) “Sheol é um termo hebraico que às vezes significa indefinidamente tumba, ou lugar ou estado dos mortos; e outras vezes definidamente, um lugar ou estado dos mortos em que existe o elemento de miséria e castigo, mas nunca um lugar de felicidade ou bem-aventurança depois da morte.” No Novo Testamento Sheol é traduzido por Hades. Normalmente, o hades é visto como um lugar destinado aos ímpios; Deus livra o justo do Sheol, ou da sepultura (SI 49.15); o Sheol (inferno) é lugar de punição para os ímpios (cf. SI 9.17).

2) Lugar de dois compartimentos. O Sheol tem sido interpretado como um lugar dividido em dois compartimentos: um para os ímpios, e outro, para os salvos. Mas, segundo Horton, isso se deve, possivelmente, à influência de ideias gregas e também porque Jacó, de luto, falou em descer ao Sheol ao encontro de José. Mais tarde, os judeus, considerando Jacó e José justos, raciocinaram que tanto os justos quanto os ímpios iam para o Sheol. Assim, concluíram que deveria haver um lugar especial no Sheol para o justo”.44 Segundo Horton, “Na verdade, não há nenhuma passagem no Antigo Testamento que torne claramente indispensável dividir o Sheol em dois compartimentos - um para punição e outro para bênçãos”.45

3) “Hades é uma palavra grega que significa o mundo invisível dos espíritos idos [...] representa sempre o mundo invisível como sob o domínio de Satanás e como em oposição ao Reino de Cristo”. É o mesmo que Sheol, do hebraico.

4) “Paraíso. Palavra de origem persa, significa um parque ou jardim de prazer. Foi usada pelos tradutores da Septuaginta para significar o jardim do Éden (Gn 2.8). Aparece apenas três vezes no Novo Testamento (Lc 23.43; 2 Co 12.4; Ap 2.7), e o contexto demonstra que está em relação com o ‘terceiro céu’, no qual cresce a árvore da vida - referindo-se necessariamente todas estas passagens a uma vida que se segue após a morte”.46

3. O Lugar dos Mortos
René Pache entende, no entanto, que o ensino sobre o lugar dos mortos (“le séjour dês morts”), dividido em duas partes, conforme criam os judeus, tem razão de ser. Baseia-se em Lucas 16, no texto que se refere a Lázaro e ao rico, procurando demonstrar que ambos estavam no lugar dos mortos. Lázaro, no “Seio de Abraão”, que corresponde ao Paraíso, que é lugar de espera, antes da primeira ressurreição, dos justos, e o rico, no Hades, que é lugar intermediário de espera pelo julgamento final. Diz esse autor francês que “está claro que o estado atual dos mortos, crentes e ímpios, é provisório. Uns, desde o presente, estão em repouso e felicidade, diante de Deus, esperando a ressurreição e o reino na eternidade. Outros, os ímpios, estão na prisão preventiva, esperando o julgamento final e o inferno definitivo”.47

Entretanto, os santos do Antigo Testamento não estavam sem esperança. O Santo de Deus, o Messias, desceria ao Sheol; o povo de Deus seria redimido do Sheol (SI 16.10; 49.15). Essa profecia cumpriu-se quando Cristo, após sua morte, desceu ao mundo inferior dos espíritos finados (Mt 12.40; Lc 23.42,43) e libertou do Sheol os santos do Antigo Testamento, levando-os consigo para o Paraíso celestial (Ef 4.8-10). Essa passagem parece indicar que houve uma mudança nesse mundo dos espíritos, e que o lugar ocupado pelos justos que aguardam a ressurreição foi trasladado para as regiões celestiais (Ef 4.8; 2 Co 12.2). Desde então, o espírito dos justos sobe para o céu e o espírito dos ímpios descem para a condenação (Ap 20.13,14).48 Essa é visão mais aceita no meio evangélico em geral. Há quem não a aceite, como Horton e outros.

Compartilhamos da interpretação de René Pache, de que existe um lugar dos mortos salvos e um lugar para os ímpios falecidos. Na verdade, talvez não seja apropriado falar-se de lugar físico, mas de estado ou situação dos mortos. Nesse “lugar”, ou nessa situação, há dois “compartimentos” diferentes, opostos um ao outro. Um chamado Paraíso, que está nas regiões celestiais, “para cima” (Pv 15.24 a ), que serve de “lugar de espera” para os justos, que aguardam a primeira ressurreição, quando irão ao encontro de Cristo para viverem eternamente com Ele. E outro chamado Hades, “para baixo” (Pv 15.24b), que serve de “lugar de espera” para os ímpios, que aguardam a “segunda ressurreição”, quando irão para o juízo do trono branco, o Juízo Final, para receberem o castigo por suas obras e serem lançados definitivamente no inferno (cf. SI 9.17). Note-se que o rico, no Hades, “ergueu os olhos”, e viu Lázaro ao longe (em cima), no “Seio de Abraão” (Paraíso).

Para o Pr. Elienai Cabral, depois do Calvário, “Houve uma mudança dentro do mundo das almas e espíritos dos mortos [...] Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura, e as venceu, efetuou uma mudança radical no Sheol-Hades (Ef 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do ‘Paraíso’ foi trasladada para o terceiro céu, na presença de Deus (2 Co 12.2,4), separando-se completamente das ‘partes inferiores’, onde continuam os ímpios mortos. Somente os justos gozam dessa mudança em esperança pelo dia final, quando esse estado temporário se acabará, e viverão para sempre com o Senhor num corpo espiritual ressurreto”.49 Devemos ter em mente que, mesmo sem entender toda a realidade do mundo espiritual, pois agora só conhecemos “em parte” (1 Co 13.9), o mais importante é estar em comunhão com Cristo, para que, seja pela morte, seja pelo arrebatamento, possamos estar com Ele na eternidade.

Texto de Apoio para este assunto:

Os salvos em Jesus Cristo e os ímpios terão um destino final diferente.


SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO
* Purgatório
"Os católicos romanos ensinam que todos, menos alguns santos e mártires especiais, precisam passar pelo purgatório (uma condição mais do que um local) a fim de serem preparados para entrar no céu. Agostinho introduziu essa ideia no século IV, mas a palavra 'purgatório' não foi usada a não ser no século XII. Essa doutrina não foi elaborada completamente a não ser no Concílio de Trento no século XVI. A doutrina do purgatório revelou ser lucrativa para a Igreja Católica Romana, mas dava a aparência de que Deus estaria demonstrando favoritismo aos ricos, cujos parentes não teriam dificuldade em pagar as missas exigidas para tirá-los rapidamente do purgatório". Leia mais em Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, CPAD, p.623.

Textos de Apoio para este assunto:

II - A Situação dos Mortos
A Bíblia nos mostra que os ímpios, depois da morte física, antes da segunda ressurreição (Ap 20.6), irão para um lugar chamado Hades. O texto de Lucas 16 nos dá algumas pistas do além, na parábola do rico e de Lázaro.50 Ambos foram sepultados. Aqui, o destino do corpo morto é o pó (cf. Ec 12.7). Mas a diferença entre o ímpio e o justo, no fim da vida, é o destino diferente de um e de outro, quando passam para o outro lado da vida.

1. O Estado Intermediário dos Salvos
Diz René Pache: Impossível imaginar um contraste mais completo. O crente merecia a mesma condenação; mas, havendo-se humilhado diante de Deus, colocou sua confiança naquele cuja morte o livrou das conseqüências do pecado. Além disso, a morte não é mais para ele a rainha do terror. E escapou do império da morte no dia em que nasceu de novo.51 Na parábola do rico e de Lázaro (Lucas 16), vemos, também, o estado intermediário do salvo.

1) O justo é “levado pelos anjos” (v. 22)”. Que privilégio, que honra têm os salvos ao morrer; são recepcionados e escoltados por anjos.

2) O justo é levado ao Paraíso (“seio de Abraão”). O salvo é levado ao Paraíso, como o ex-ladrão da cruz. Jesus lhe disse: “[...] hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.42,43); “O espírito e a alma, que deixaram o corpo, são 'depositados no lugar que lhes foi preparado, para aguardarem a ressurreição”.52

3) É Jesus quem recebe o espírito dos justos, após a morte, como se lê no caso de Estêvão (At 7.59). Para espanto dos ímpios, eles verão Jesus receber gloriosamente os salvos e lavados no sangue de Jesus.

4) Os justos estão vivos, e mantêm sua identidade pessoal, sua personalidade e consciência. Moisés, tendo sido sepultado por Deus, aparece, falando com Jesus, no monte da transfiguração (Mt 17.3; Lc 9.30-32), ao lado de Elias, que foi arrebatado. Note-se que são os mesmos nomes: Moisés e Elias. “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Lc 16.22; ver 1 Ts 5.10; Rm 8.10; Ap 6.9-11).

5) O justo, após a morte, é consolado (v. 25b). “e, agora, este é consolado”.

6) Os mortos salvos estão “em Cristo” (1 Ts 4.16). no Senhor (Ap 14.13); não estão a mercê de médiuns, feiticeiras para receber consulta mediante dinheiro; Deus cuida dos que sofreram perseguições.

7) Os justos que morrem são bem-aventurados (Ap 14.13a) e adoram a Deus (Ap 14.2,3; 15.3).

8) Os justos descansam de “seus trabalhos” (Ap 14.13; 6.11). Em vida, quantos crentes lutam tanto, sofrem tanto, batalhando para serem fiéis a Deus. Mas, depois da morte, terão pleno descanso de sua vida trabalhosa.

9) As “suas obras” os seguem (Ap 14.13). Ao morrer, os pobres não levarão seus trastes; os ricos, milionários ou magnatas deixarão tudo para trás. Mas as obras dos salvos terão valor na eternidade, não para salvação, mas para serem recompensadas pelo Justo Juiz.

10) Para o salvo, a morte é um ganho. “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). Paulo tinha o “desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1.23 - grifo nosso).

2. O Estado Intermediário dos ímpios
Acerca do lugar (ou estado) dos ímpios após a morte, diz Horton: “No Antigo Testamento, o lugar da vida após a morte para os ímpios é, na grande maioria das vezes, chamado Sheol (geralmente traduzido por ‘inferno’ ou ‘sepultura’)”.53 Segundo as interpretações mais comuns, os ímpios hão de esperar a segunda ressurreição para serem julgados e enviados para o inferno, como destino final de suas almas (SI 9.17). Mas, entre a morte física e a ressurreição futura, depois do Milênio, os ímpios estão no Hades, lugar intermediário, onde aguardam seu julgamento final, para serem enviados para o inferno. O texto bíblico de Lucas 16 nos mostra detalhes importantes acerca do Hades e das pessoas que para lá são enviadas.

1) O Hades é um lugar “embaixo”, ou oposto ao céu (“seio de Abraão”): o rico “ergueu os olhos”, vendo “ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio” (v. 23); “Para o sábio, o caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno que está embaixo” (Pv 15.24; ver Pv 5.5; 9.18).

2) Os ímpios sofrem. O rico ímpio estava em “tormentos” (v. 23); “E, clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” (v. 24 - grifo nosso); eles estão “em prisão” (1 Pe 3.19).

3) Os ímpios estão conscientes. Eles vêm o “seio de Abraão”, que corresponde ao Paraíso; o ímpio rico clamava ao “Pai Abraão”, e pedia socorro para seu tormento (v. 24); certamente, essa é a situação mais terrível que um ser humano poderá experimentar, depois da morte. Os ímpios estão conscientes e lembram-se do que passaram na terra e dos que ficaram para trás (v. 25).

4) Eles não podem ser consolados por ninguém. “E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá” (v. 26); é o sofrimento eterno, longe de Deus e de Jesus Cristo, nosso Salvador.

5) Aos ímpios “é impossível sair do lugar de seu tormento” (v. 26).54 Diz Eclesiastes: “[...] caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará” (Ec 11.3b).

6) Não têm oportunidade de se comunicar com os vivos. “Eles são inteiramente responsáveis por não haverem escutado a tempo as advertências das Escrituras” (w. 27-31).55

SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO
"O Estado Final dos Ímpios
A Bíblia descreve o destino final dos ímpios como algo terrível e que vai além de toda a imaginação. São as 'trevas exteriores', onde haverá choro e ranger de dentes por causa da frustração e do remorso ocasionados pela ira de Deus (Mt 22.13; 25.30). É uma 'fornalha de fogo' (Mt 13.42,50), onde o fogo pela sua natureza é inextinguível. Causa perda eterna, ou destruição perpétua (2 Tm 1.9), e 'a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre' (Ap 14.11; cf. 20.10). Jesus usou a palavra Gehenna  como termo aplicável a isso.
Depois do juízo final, a morte e o Hades serão lançados no lago de fogo (Ap 20.14), pois este, que fica fora dos novos  céus e da nova terra (cf. Ap 22.15), será o único lugar onde a morte existirá. É então que a vitória de Cristo sobre a morte, como o salário do pecado, será final e plenamente consumada (1 Co 15.26). Mas nos novos céus e terra não haverá mais morte (Ap 21.4)" (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 642,43).

O salvo em Jesus Cristo ao morrer é conduzido ao céu e os ímpios, ao inferno.

III - O Estado Final dos Mortos
1. A Ressurreição
Após passarem pelo “estado intermediário”, os mortos ressuscitarão, como já foi visto (Dn 12.2). Disse Jesus: “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28,29). Desse modo, há duas ressurreições.

a) A primeira ressurreição.
E a ressurreição dos salvos, na primeira fase da vinda de Jesus. Apocalipse nos mostra que é “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” (Ap 20.6). Essa é a ressurreição de que fala Daniel “para a vida eterna” (Dn 12.2), ou a dos “que fizeram o bem [...] para a ressurreição da vida” (Jo 5.29).

b) A segunda ressurreição.
No Apocalipse, fica claro que haverá uma segunda ressurreição, que será para aqueles que passarão pela “segunda morte”, ou seja, os perdidos, os ímpios. (Ap 20.6). O salvo só morre uma vez (se não participar do arrebatamento da Igreja). O ímpio morre duas vezes: a morte física e a morte espiritual. Ressurgirão na “ressurreição da condenação”.

2. O Estado Final dos Salvos
Neste ponto, detemo-nos apenas no que acontecerá com os salvos, principalmente com os que estiverem mortos, na vinda de Jesus em glória, quando do arrebatamento da Igreja. Como já foi visto, os salvos participam da “primeira ressurreição”. Após a ressurreição, os salvos vão para as Bodas do Cordeiro, passarão pelo Tribunal de Cristo e viverão com Deus por toda a eternidade. Esse é o destino final dos salvos. Alguns aspectos importantes devem ser considerados.

1) O Espírito Santo é quem ressuscitará os salvos.
Diz a Bíblia: E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita” (Rm 8.11 - grifo nosso). A Palavra de Deus nos dá a garantia da ressurreição, pelo fato de Cristo haver sido ressuscitado por Deus, “pelo seu Espírito”.

2) O Corpo dos Salvos Ressuscitados.
Há muita especulação sobre o que ocorrerá com o corpo mortal.
Serão os mesmos corpos que foram sepultados?
Para que o corpo ressuscitar, se é matéria?
O espírito já não está no Paraíso?

Para alguns crentes de Corinto, não haveria ressurreição dos mortos. Combatendo essa falsa crença, Paulo escreveu o texto de 1 Coríntios 15, que esclarece como será a ressurreição dos mortos salvos.
Paulo diz que se Cristo não ressuscitou, em seu corpo redivivo, “é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Co 15.14), e que, se isso é verdade, nós somos “falsas testemunhas de Deus”, quando pregamos a ressurreição, e, pior ainda, “os que dormiram em Cristo estão perdidos” (1 Co 15.18). Mas, para reafirmar o ensino verdadeiro sobre a ressurreição, o apóstolo, de modo eloquente e firme, diz: “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem” (1 Co 15.20,21).

Após mostrar a vitória de Cristo sobre o império da morte, Paulo esclarece que “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual” (1 Co 15.42-44 - grifo nosso). Será um corpo com as características grifadas, incorruptível (que não pode mais morrer); um corpo glorioso, cheio de vigor, de natureza espiritual. Diz Horton: “Nossos corpos ressurretos serão os mesmos que agora possuímos, transformados de modo a se conformarem com a natureza glorificada do corpo de Jesus (Fp 3.21; 1 Jo 3.2)”.56 O corpo natural (gr. Psuchikon) será transformado num corpo espiritual (gr. Pneumatikon), semelhante ao de Jesus ressuscitado (cf. Fp 3.21). Será um corpo imortal (cf. 1 Co 15.53,54). O corpo que vai ressuscitar é o mesmo que foi sepultado no pó, ou destruído no mar, no fogo, ou em qualquer circunstância. O corpo dos salvos será transformado (1 Co 15.35-38).

3. O Estado Final dos ímpios
A Bíblia não fala muito a respeito da ressurreição corporal dos ímpios, que é a “segunda ressurreição”. Mas alguns versículos nos dão informações interessantes a respeito desse tema.

1) A segunda ressurreição ocorrerá após o Milênio.
“Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram (Ap 20.5).

2) Ressuscitarão para o julgamento final.
Todos os ímpios terão que comparecer diante do trono branco (Ap 20.11). Na terra, já estão condenados (Jo 3.36).

3) Os ímpios terão um corpo capaz de suportar o fogo do inferno, para que experimentem o sofrimento eterno: melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Mt 9.43,44 - grifo nosso). Certo comentarista bíblico diz que os ímpios ressuscitarão em “corpos abjetos” (imundos, vis, desprezíveis) para comparecerem diante do trono branco. Na verdade, a Bíblia não informa sobre o corpo dos ímpios na “segunda ressurreição” para julgamento e condenação.

4) Os ímpios ceifarão a corrupção.
“Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção” (G1 6.8a).

5) Ressuscitarão para opróbrio“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2 - grifo nosso).

6) Eles ressuscitarão de onde tiverem sido mortos: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia” (Ap 20.13).

7) Serão lançados no inferno.
Diz a Palavra de Deus: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus (SI 9.17). O destino dos ímpios é o inferno, o lugar de sofrimento eterno, reservado aos ímpios. A Bíblia usa o termo gehena , que se referia ao “vale de gé-Hinom”, que vai do oeste ao sul de Jerusalém, onde se colocava o lixo da cidade, e queimava todos os dias; é uma figura do inferno; será um lugar de “nas trevas exteriores” (Mt 22.13); “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15; SI 9.17). A Bíblia mostra aspectos terríveis daquele estado final.

8) O que os ímpios experimentarão no inferno.
Ali, é o destino final dos que, ao longo da História, ignoraram a Deus e dos que rejeitaram a Cristo como Salvador.
(a) O sofrimento será terrível. “[...] ali, haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 22.13b; 25.30); será um lugar de “indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade” (Rm 2.8); “tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego (Rm 2.9);

(b) E comparado a uma “fornalha de fogo” (Mt 13.42, 50); não será um fogo de oxigênio, mas um “fogo” de caráter diferente, desconhecido dos homens e da Física; no inferno, a pessoa sofre, mas não morre: “[...] no fogo do inferno, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Mc 9.47,48);

(c) E o lugar da “perdição” eterna (Mt 7.13); é o lugar de castigo eterno (Mt 25.46).

(d) E o lago de fogo. “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15); Os ímpios farão companhia ao Diabo, ao Anticristo e ao Falso Profeta (Ap 20.10; 21.8). Devemos entender que a linguagem humana, “fogo”, “lago”, etc., é a forma de Deus comunicar-nos a ideia do que vai acontecer. Na eternidade, no mundo espiritual, os elementos não são materiais, mas de caráter totalmente diferente do que vemos aqui na Terra;

(e) Os ímpios sofrerão “vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2). Como resultado da vingança do Senhor, Jesus virá “como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição” (2 Ts 1.8,9 - grifo nosso).

(f) E lugar de retribuição pelas obras do pecado (2 Co 11.15; 1 Ts 4.6; Ap 18.6); os salvos serão recompensados, no Tribunal de Cristo, por suas obras; os ímpios, que deram as costas para Deus, e praticaram todo tipo de pecados, também serão retribuídos com castigo eterno por tudo o que fizeram de mal.

Segundo René Pache, “através de todas as expressões bíblicas domina a ideia de que os pecadores impenitentes serão eternamente separados de Deus. A melhor definição do inferno nos parece a que é dada por 2Ts 1.9: ‘os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder’. A vida eterna é o conhecimento da presença de Deus. A morte eterna, a segunda morte, é a separação definitiva de Deus”.57

IV - Ideias Errôneas acercado Estado Intermediário
1. O Purgatório
A Igreja Católica prega que há o Purgatório, lugar por onde os fiéis, mesmo que não vivam em corrupção, têm que passar, para purgar os pecados chamados “veniais”. Diz Strong: “Segundo a doutrina da Igreja Católica Romana, ‘todos que morrem em paz com a igreja, mas não são perfeitos, passam pelo purgatório’. Aqui, eles fazem a satisfação pelos pecados cometidos após o batismo através do sofrimento por um tempo maior ou menor segundo o grau de sua culpa”.58 Mas a Bíblia não autoriza essa doutrina em qualquer de seus livros. Essa ideia foi aceita por volta do século XII, e posta em prática após o Concilio de Trento, no século XVI.59

2. O Sono da Alma
Os Adventistas do Sétimo Dia ensinam que as pessoas, após a morte física, passam a um estado chamado “sono da alma”, na sepultura (hades); tomam ao pé da letra textos como o de Mateus 9.24, e João 11.11, que dizem que Lázaro dormia, bem como a filha de Jairo; Paulo também usa essa figura para a morte (1 Co 15.6,18,20,51; 1 Ts 4.13-15; 5.10). Essa ideia pode ser refutada pela Bíblia, pois Abraão, Isaque e Jacó, que morreram e foram sepultados, encontram-se plenamente vivos e conscientes, cf. Mt 22.32; o texto de Lucas 16 desmente tal crença, pois se vê o rico plenamente consciente* pedindo ajuda ao Pai Abraão. Eles dizem que se trata apenas de uma parábola. Mas, na realidade, observa-se que o texto reflete a realidade após a morte, do ímpio e do justo. O ex-ladrão da cruz, ao crer em Cristo, ouve do Senhor a palavra de que “hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.42,43), e não de que estaria “dormindo”. Em Eclesiastes, lemos que o corpo volta ao pó, e o espírito volta a Deus, que o deu (Ec 12.7).

3. Reencarnação
O espiritismo ensina que, após a morte, ocorre a reencarnação. Os espíritas e os adeptos de diversas religiões orientais (Hinduísmo, Budismo, etc.) pregam que existem oito esferas, pelas quais os espíritos devem passar para se purificarem. Ensinam a reencarnação dos mortos, que recebem outra identidade, podendo reencarnar como seres humanos, animais, plantas ou como um deus! Acreditam que existe o “carma”, que se constitui no processo de purificação espiritual, através das diversas pretensas reencarnações. “Na índia, acredita-se que esse processo possa levar até seiscentas mil reencarnações”.60

A Bíblia condena essa crença herética. Disse Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” Jo 5.24 - grifo nosso). Nesse texto, os verbos estão no presente; Jesus não deu a mínima ideia de que alguém seria salvo após a morte, nem após milhares de pretensas reencarnações (ver 2Co 6.2; Rm 8.1 e refs.). Ensinam também os espíritas, que os mortos comunicam-se com os vivos, através dos “médiuns”. Deus proíbe tal prática (Lv 19.31; 20.6, 7; Dt 18.9-12; Is 8.19-22). Na parábola do rico e de Lázaro, vemos que não é permitida a comunicação dos vivos com os mortos (Lc 16.27-30).

4. Casos que Suscitam Dúvidas
1) Como ficarão os bebês que morrerem?
Essa é uma pergunta curiosa, que muitos têm feito mundo afora. Quase não se fala ou se escreve a respeito disso. Mas Horton atreve-se a afirmar: “Estejamos certos de que as crianças e os bebês que morrem também serão transformados, trazidos à completa estatura física e espiritual de Cristo, da qual todos nós miraculosamente tomaremos parte. [...] Não há nada na Bíblia que diga que os bebês estejam excluídos desse evento. A vida, incluindo a vida dos bebês que foram abortados, é algo colocado por Deus, e Ele sabe levá-la à perfeição. Ademais, como René Pache ressalta, ‘a Bíblia não faz nenhuma descrição de crianças brincando nos pátios do céu’”.61 Quanto às crianças, enquanto não chegam à idade da razão, cremos que as mesmas, ainda que sejam filhas de descrentes, são salvas, pois “das tais é o Reino de Deus” (Mc 10.14). A Bíblia não fala nada quanto aos bebês e os abortivos, mas aceitamos como consistente a interpretação de Horton.

2) Como ficam os que nunca ouviram falar do evangelho?
É uma pergunta para a qual a Bíblia não dá uma explicação ampla e clara. Diz a Palavra de Deus: “As coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29). Esse tema faz parte das “coisas encobertas”, que ficam no âmbito do conhecimento exclusivo de Deus. Mas há algumas indicações na Bíblia sobre o assunto. Paulo diz: “[...] para com Deus, não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.11-15 - grifo nosso). O texto nos informa:
a) “Para com Deus não há acepção de pessoas”
(v. 11). Logo, ninguém deixará de ser julgado por Deus. Os que nunca ouviram o evangelho também serão julgados. Mas não podemos dizer sob que critérios serão julgados.

b) “Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados” (v. 12). Mesmo que tenham vivido sem o conhecimento da lei ou da vontade de Deus, eles “sem lei também perecerão”; numa versão, está escrito: “sem lei serão julgados”. Como será esse julgamento só a Deus cabe decidir.

c) Há uma lei interior - a lei da consciência (w. 13-15). “[...] os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração”; de alguma forma, o interior do homem registra o seu comportamento, seus atos, ações e atitudes, pelos quais Deus os julgará; essa “lei” testifica “juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os”.

d) Deus julgará os segredos dos homens (v. 16). Certamente, as coisas que estão ocultas no íntimo dos homens, mas vistas por Deus, não escaparão ao seu julgamento “segundo a reta justiça” (Jo 7.24). “Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 8.25).


CONCLUSÃO
O estudo da Escatologia é um dos mais edificantes para a Igreja em todos os tempos, principalmente no presente século, quando muitos sinais dão a entender que a vinda de Jesus poderá acontecer a qualquer momento.

Que você possa prosseguir com o estudo da Escatologia Bíblica. Leia a Palavra de Deus, ore, jejue e esteja aguardando o maior acontecimento escatológico de todos os tempos: O arrebatamento da Igreja do Senhor Jesus Cristo.

ESTUDANDO
A respeito da Escatologia Bíblica, responda:
O que é o estado intermediário?
É o estado entre a morte física e a ressurreição, tanto dos salvos, como dos ímpios.

O que significa Sheol?
Sheol é um termo hebraico que pode significar sepultura ou "lugar ou estado dos mortos".

A quem é destinado o Hades?
Hades é visto como um lugar destinado aos ímpios.

Qual o significado do vocábulo "Paraíso"?
O vocábulo "paraíso" é de origem persa e significa um parque ou jardim de paz e harmonia.

Quem recebe os justos depois da morte?
É o próprio Senhor Jesus quem recebe o espírito dos justos após a morte.


Bibliografia
44 Ibid., p.46, 47.
45 Ibid., p.47.
46 WILEY, H. Orton & CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia cristã, p.462, 463.
47 PACHE, René. L 'au delà, p.48, 49.
48 PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da bíblia, p.375, 376.
49 Ibid., p.21.
50 Nota do autor. O texto de Lucas 16 enseja algumas interpretações quanto a seu conteúdo. A maioria dos estudiosos da Bíblia entende que se trata de uma parábola; outros contestam, dizendo que, nas parábolas, não se cita o nome de nenhum personagem; e há quem entenda que é uma “lenda” judaica. E que Jesus aproveitou a teologia popular de sua época para ilustrar o destino dos mortos. E há os que aceitam a ideia de que Jesus se referia a um fato verídico. Seja parábola, seja fato real, o texto indica o destino oposto dos salvos e dos perdidos, após a morte física.
51 PACHE, René. L'au delà, p.32.
52 BERGSTÉN, Eurico. Teologia sistemática - doutrina das últimas coisas, p.52.
53 HORTON, Stanley M. Nosso destino, p.42.
54 PACHE, René. L 'au-delà, p.32.
55 Ib id ., p.32.
56 HORTON, Stanley. Nosso destino, p.67.
57 PACHE, René. L 'au dela, p.226.
58 STRONG, Augustus H. Teologia sistemática, p.797.
59 HORTON, Stanley M. Nosso destino, p.52.
60 Ibid., p.57.
61 Ib id ., p.69.

Fonte:
O final de todas as coisas - Esperança e Glória para os salvos - 1º trim.2016- Elinaldo Renovato
O final de todas as coisas - Escatologia - Livro de Apoio - Elinaldo Renovato
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,1996
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Revista Ensinador Cristão - CPAD - nº65
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblia - CPAD
Dicionário Wycliffe - CPAD
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Defesa da Fé 
Aqui eu Aprendi!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...