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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Na Montanha ou em Jerusalém

NA MONTANHA OU EM JERUSALÉM?... 

ARGUMENTOS SOBRE A RELIGIÃO - um passatempo favorito do Oriente Médio.

Alguns simplesmente falam por falar: minha fé é a mais antiga, a mais verdadeira ou a melhor. Às vezes, essas divergências se tornaram causas de divisões acrimoniosas entre os crentes, como mostra o número de facções judaicas, cristãs e muçulmanas.

Um dos mais veementes do mundo antigo é mencionado na passagem do Evangelho sobre a Mulher no Poço - o conflito entre judeus e samaritanos - (João 4:5-42).

A divisão entre judeus e samaritanos pode ser atribuída à divisão do reino de Davi em reinos do norte e do sul após a morte do rei Salomão.

O reino do norte, conhecido como Israel, foi invadida pelos assírios no 8° século a.C. .

O reino do sul foi chamado de Judá e seus habitantes acabaram sendo conhecidos como judeus.

O reino do sul permaneceria até ser conquistado pela Babilônia quase 200 anos depois.

Os Samaritanos afirmavam que eles eram o verdadeiro Israel, descendentes das tribos de Efraim e Manassés, que sobreviveram à destruição do reino setentrional de Israel pelos assírios em 722 a.C. . Para este dia Samaritanos preferem chamar-se Israelitas (a palavra Samaritano significa “Guardião da Lei”). Havia supostamente de um milhão deles no 1° século A.D. Apenas 750 permanecem como uma comunidade distinta hoje.

Os líderes religiosos judaicos e samaritanos ensinaram que era errado ter qualquer contato com o grupo oposto, e nenhum dos dois devia entrar nos territórios uns dos outros ou mesmo falar uns com os outros. É por isso que a mulher samaritana respondeu ao pedido de Jesus por uma bebida dizendo: “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” Pois os judeus não se relacionam com os samaritanos ”(João 4: 9).

Dada essa relação, a parábola de Jesus do Bom Samaritano foi especialmente vigorosa.

Os Samaritanos só aceitam como escritura os primeiros cinco livros do Antigo Testamento, a Torá (a Lei), rejeitando a autoridade de outras seções do Antigo Testamento (os livros proféticos / históricos), bem como o Talmude, uma fonte principal da Tradição Judaica. Seu texto da Torá difere daquele usado pelos judeus também. Os Samaritanos afirmam que sua versão da Torá era a original e que os judeus tinham um texto falsificado produzido por Esdras durante o exílio babilônico. Estudiosos modernos das Escrituras apontam para uma edição considerável das Escrituras Judaicas naquele tempo.

QUESTÃO DO TEMPLO

Tanto judeus como samaritanos acreditavam que Deus tinha uma morada única na terra. Foi lá que a glória de Deus se manifestou como fora a Moisés no monte Sinai. Eles discordaram, no entanto, sobre a localização deste lugar sagrado.

Os judeus olhavam para Jerusalém, onde Salomão havia construído seu templo antes da divisão entre os reinos do norte e do sul. O culto Samaritano era focado no Monte Gerizim, perto de Siquém (Nablus moderno), que eles afirmavam ser o santuário original, em uso desde o tempo de Josué. Este era o lugar, eles acreditam, onde Abraão foi ordenado por Deus para oferecer Isaque, seu filho, como sacrifício ( Gênesis 22: 2 ).

Quando a liderança judaica, que havia sido deportada para a Babilônia no 6º século a.C., foram autorizados a retornar, reconstruíram o templo de Jerusalém e codificaram suas Escrituras e práticas rituais. Enquanto nos séculos anteriores eram regularmente oferecidos sacrifícios em santuários associados a Abraão e outras figuras primitivas, a recém-emergente liderança judaica insistia que o templo de Jerusalém era apenas um local legítimo de sacrifício.

Na primeira metade do 5° século a.C. os samaritanos construíram um templo no Monte Gerizim e ofereceram sacrifícios lá. Este templo foi destruído em 128 a.C. pelo sumo sacerdote judeu João Hircano que capturou Samaria e ampliou o reino judeu.

Os samaritanos não estavam associados às revoltas dos judeus contra os romanos, enquanto os romanos expulsaram os judeus de Jerusalém em 135 d.C, os samaritanos foram autorizados a permanecer.

O templo Samaritano no Monte Gerizim foi reconstruído e manteve-se até o 5° século d.C., quando os Samaritanos se revoltaram contra Roma. Eles foram derrotados e barrados do monte Gerizim. Os samaritanos continuaram a se opor a Roma; eles foram reconhecidos como uma comunidade legítima sob o Islã. Enquanto eles nunca reconstruíram seu templo, eles ainda celebram a Páscoa todos os anos no "altar de Abraão", no antigo local do templo.

CRISTO E A QUESTÃO DO TEMPLO

No encontro de Jesus com a mulher samaritana, Ele tocou na questão do templo. A mulher disse: “Nossos pais adoraram nesta montanha e vocês judeus dizem que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me, vem a hora em que nem nesta montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade ...” (João 4: 19-23).

Jesus rejeitou a importância de um templo físico como necessário para adorar a Deus. O relacionamento de Deus com a humanidade estava mudando. Quando Jesus estava no templo de Jerusalém, Ele fez este anúncio enigmático: 'Destrua este templo e em três dias levantarei'. Então os judeus disseram: 'Levaram quarenta e seis anos para construir este templo, e você o levantará em três dias?' ...mas ele estava falando do templo do seu corpo (João 2: 19-21)

O lugar do sacrifício não estaria em um santuário ou em um templo; seria o próprio corpo do próprio Cristo. Aqui, o único sacrifício definitivo seria oferecido para o perdão dos pecados de toda a humanidade. Enquanto o corpo terreno de Cristo seria o templo do Seu sacrifício na cruz, Seu corpo espiritual, a Igreja também compartilharia em Seu papel como o novo templo de Deus.

Uma vez que a Igreja é o Corpo de Cristo, em que o Espírito Santo habita, é um templo composto de pedras vivas, a primeira das quais é Cristo, a Cabeça do Corpo.

E assim é, como o templo do Deus vivo que somos lembrados.

"E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vos também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo." (1 Pedro 2: 4-5).

Aqueles que estão unidos a Cristo no batismo tornam-se este santo sacerdócio cujo sacrifício de louvor, a Divina Liturgia, cujas esmolas, cujos presentes de jejum e outras ofertas estão unidos ao próprio sacrifício de Cristo.

A comunidade de cristãos em todo o mundo é a casa espiritual construída de pedras vivas e unida à Pedra Preciosa escolhida por Deus.

Autoria: Evangelista Rodrigo Alex (Teólogo e Professor)


...em CRISTO!

Estejamos firmes na Pedra Principal, Eleita e Preciosa; e quem nela crer não será confundido.

Forte e fraterno abraço ao grande amigo em Cristo. Obrigado pela permissão desta publicação.


Aqui eu Aprendi!

domingo, 17 de junho de 2018

Ética cristã e Politica

“Portanto, dai a cada um o que deveis: quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; o quem honra, honra” Rm 13.7

Ética Cristã e Política

Por que a política é vista por muitos com total desconfiança? Por que há tantos desentendimentos políticos em nossos dias? Por que muitos acham ser um erro o “crente” entrar na vida política militante? Essas são algumas das perguntas que, certamente, boa parte de seus alunos fazem. Longe de tentar respondê-las neste espaço, devido ao limite natural do espaço, podemos pontuar algumas realidade.

1. Sem política há barbárie. Se olharmos para a história, no lugar da política democrática, as coisas eram resolvidas por meio do “corte de cabeças”. Isso mesmo! No lugar de disputar as questões políticas no diálogo e debates, o grupo vencedor, ao tomar o poder, como demonstração de exercê-lo, eliminava seus adversários com espetáculos públicos macabros. Esses espetáculos perpassam a história até aos dias atuais, pois eles estão presentes nos acontecimentos recentes: duas guerras mundiais; a revolução de Cuba, onde os revolucionários eliminaram seus adversários; a ascensão de Pinochet, no Chile, onde sua política eliminou seus oponentes políticos; guerras civis na África; na Ásia. Nesse sentido, quando não se tem a prática política, sobra desordem, convulsões sociais e barbáries.

2. A política é a arte do equilíbrio de forças. No lugar de “cabeças rolarem”, ou de uma pessoa autodeclarar-se “o Estado sou eu”, temos agora três poderes independentes entre si. No lugar das espadas, dos canhões e das armas modernas, o debate. Uma democracia imperfeita, sim. Que não ocorre em sua plenitude, certamente. Mas uma democracia. O que marca a democracia moderna é o império das Leis, é a legitimação do Estado democrático de direito. O poder hoje não se encontra nas mãos de uma única pessoa, ou de um grupo único, mas na representação social por intermédio de instituições democráticas — o poder Executivo, Legislativo e Judiciário. O processo da Lava-jato em nosso país tem demonstrado isso com clareza.

3. A política partidária limita algumas virtudes. Certo filósofo disse que um intelectual jamais pode entrar para a política partidária, pois a natureza desta é a luta pelo poder. As virtudes que o intelectual sério cultiva — “honestidade”, “sinceridade” e “busca pela verdade” — terão de ser negociadas. Se um intelectual tem essa envergadura de consciência, imagine o que Deus espera das pessoas que Ele as “vocaciona para o ministério da Palavra” (Is 56.9-12 cf. 1Tm 3.1-7)?!

A política faz parte da vida em sociedade. Como o cristão não vive isolado, ele deve ter consciência política, sendo sal e luz neste mundo.

Leitura Bíblica - Romanos 13.1-7

Na lição de hoje estudaremos um tema que em geral divide opiniões e que, erroneamente, se acredita que não deve ser discutido — política. Saiba que quando se trata desse tema, em nossas classes, vão existir dois tipos de alunos: aqueles que não querem ouvir nada a respeito do assunto e que não gostam do tema e os que são muito bem informados quanto à vida política e social do nosso país. Professar(a), em que grupo você está? Essa reflexão é importante, pois vai influenciar diretamente no preparo da lição e na metodologia que você vai utilizar para expor o conteúdo.
Por que atualmente estamos tão cansados da política? Mas, independente do momento político em que o nosso país está atravessando, não é possível viver em sociedade sem a política. É importante ressaltar que o que temos visto atualmente é a chamada “politicagem”, o que é totalmente inverso à política. Como cristãos precisamos fazer a diferença em nossa sociedade e, para isso, precisamos estar bem informados a respeito do que aqueles que estão exercendo um cargo político e que muitas vezes receberam o nosso voto estão fazendo. Não podemos também nos esquecer que a Palavra de Deus nos exorta a orarmos por aqueles que estão exercendo cargos políticos e autoridades governamentais.

As Escrituras registram a liderança política de grandes personagens bíblicos, entre eles, José como governador do Egito (At 7.10) e Ester como a rainha da Pérsia e da Média (Et 5.2). Contudo, apesar desses exemplos, por muitas décadas a política foi satanizada no meio evangélico. Como resultado, a Igreja permitiu com sua omissão, que o Poder Público fosse exercido por ateus, ímpios e imorais. Pela inexistência de consciência política, os evangélicos se resignavam em votar no candidato “menos pior”. Esse comportamento desastroso contribuiu com a eleição, por exemplo, de governos formados por “feministas radicais”, “defensores da imoralidade”, “articuladores pró-aborto”, “manipuladores de dados” e “opositores da liberdade religiosa”. Porém, diante do cerceamento de algumas liberdades, a Igreja passou a despertar para a realidade política.

As mudanças e as transformações sociais passam pelo processo político. Por que então não eleger candidatos que reproduzam a moral e a ética cristã? Por que não apoiar políticos que rejeitam as leis contrárias aos princípios cristãos? Para que isso seja possível, faz-se necessário que a Igreja amadureça e desfrute de “consciência política”. A Igreja deve ser educada e alertada sobre as questões debatidas em todas as esferas dos poderes constituídos. Essa conscientização tem florescido em muitas igrejas, e os evangélicos, antes marginalizados pelos políticos, começaram a experimentar o poder do voto nas urnas.

Mercê dessa realidade, um movimento cada vez maior acredita que é possível moralizar o poder público, substituindo os políticos corruptos por políticos cristãos e conservadores. Em contrapartida, para vencer suas batalhas, a Igreja não depende exclusivamente da força política, embora não deva subestimá-la ou negligenciá-la. É a presença da Igreja de Cristo na sociedade que detém a espada do juízo divino sobre os cidadãos da terra. As advertências bíblicas sobre o papel do povo de Deus na restauração da nação incluem clamor e consagração (2 Cr 7.14).

I. CONCEITO GERAL DE POLÍTICA

A conotação do termo política é muito abrangente. Envolve as formas de governo e o Estado. A palavra é carregada de significados e também está relacionada ao cidadão. Indica não apenas os procedimentos de governar e organizar o Estado, mas também os direitos e deveres do cidadão em participar, concordar ou discordar do governo. Basicamente, são “gestos, decisões e movimentos dirigidos para o exercício do poder” (BOMENY, 2014, p. 55).

1. Origem e Conceito de Política

A política nasceu na Grécia Antiga como a “ciência ou arte de governar”. O surgimento da pólis (cidade-estado) constituída por um aglomerado de cidadãos livres, que abrangia toda a vida pública e social, despertou a necessidade de como deveria ser governada a pólis. O filósofo grego Platão é considerado o pai da política. A obra intitulada República (380 a.C.), escrita por ele, foi a primeira a tratar de forma de governo, dos papéis e da conduta do Estado.

2. As Formas de Governo

O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) dividiu a organização do Estado em três formas: monarquia — poder centrado em uma pessoa; aristocracia — poder centrado em um grupo; e democracia — poder centrado na maioria. Para Aristóteles, um bom governo deve visar ao bem comum e ao interesse da coletividade, e isso não depende do número de pessoas que exercem o poder ou se elas possuem ou não capacidade adequada. Não obstante, o filósofo advertiu que toda forma de governo pode ser corrompida: a monarquia pode degenerar em tirania (interesse próprio); a aristocracia pode degenerar em oligarquia (interesse de um grupo); e a democracia pode degenerar em demagogia (interesse de uma ideologia). Nicolau Maquiavel (1469-1527), italiano famoso da época do Renascimento, classificou as formas de governo em República e Monarquia. A República classifica-se em “presidencial”, em que o presidente ocupa a função de Chefe de Estado e Chefe de Governo, e a “parlamentar”, em que as funções são divididas, ficando o presidente com a função de Chefe de Estado e o Conselho de Ministros com a chefia de governo. O modelo brasileiro é República Presidencial.

O Governo Brasileiro

A colonização do Brasil ocorreu por meio das capitanias hereditárias, que consistia em doze porções de terra às margens do nosso litoral. Esse sistema de governança não prosperou, pois as medidas dos donatários eram independentes entre si e visavam apenas ao lucro próprio. Nesse período, o Brasil era colônia de Portugal. Com a vinda de D. João VI ao Brasil (1808), instalou-se no país o governo monárquico. Anos mais tarde, D. João VI retornou a Portugal e deixou seu filho, D. Pedro, como príncipe regente. Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro proclamou a independência, adotando o nome de “Império do Brazil”, dando continuidade à monarquia. Décadas depois, em 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca e seus apoiadores assumiram o poder, e a partir de então o Brasil tornou-se uma república. O novo governo adotou o sistema presidencialista. Embora esse seja o nosso sistema preponderante, houve um período de parlamentarismo (1961-1963). Ainda, em 1993 foi realizado um plebiscito para que a população escolhesse entre “presidencialismo” ou “parlamentarismo”. Com 55,4% dos votos válidos, os cidadãos brasileiros escolheram o presidencialismo. Nesse plebiscito também foi ratificada nossa posição a respeito da forma de governo, a República (SILVA, 2005, p. 102).

3. O Estado e a Política

O Estado tem como função garantir, por meio de políticas públicas, as condições necessárias para a vida digna de uma determinada sociedade. Nesse contexto, a obrigação do Estado depende da forma de governo e das leis que regulamentam os deveres e os direitos dos cidadãos e de seus governantes. Desse modo, o exercício do poder político legítimo é uma atividade própria do Estado.

O Estado Brasileiro

No dia 5 de outubro de 1988 foi promulgada em nosso país a Constituição da República em vigor, a denominada “constituição cidadã”. Nesse documento político-jurídico estão asseguradas garantias aos cidadãos brasileiros. No artigo terceiro, o texto constitucional apresenta seus objetivos, que são:

(I) “construir uma sociedade livre, justa e solidária”,
(II) “garantir o desenvolvimento nacional”. Nossa teoria está perfeita, porém, na prática, o Brasil não observa a própria constituição. Por exemplo, o governo gastou mais de 25 bilhões de reais na organização da Copa do Mundo (BRANDÃO, dez. 2014), entretanto, o investimento com saneamento básico nesse mesmo período nem sequer chegou à metade desse capital (BARBOSA, jul. 2016);
(III) “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”. Ao contrário desse preceito, conforme dados do Banco Mundial, o número de pessoas vivendo na pobreza no Brasil deverá aumentar entre 2,5 milhões e 3,6 milhões até o fim de 2017 (WELLE, Fev. 2017). Em contrapartida, calcula-se que o Brasil perverta cerca de R$ 200 bilhões com corrupção anualmente (LEOPOLDO, Fev. 2017). Sem dúvida alguma, esse dinheiro ampararia as famílias carentes e pobres de nossa pátria;
(IV) “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Apesar da clareza do texto constitucional, as últimas legislaturas no âmbito federal, por razões ideológicas, incitaram em nosso país uma intolerância aos que pensam de modo diferente. O objetivo do Estado é promover “o bem de todos”; não obstante, os cristãos que se posicionam contrários à prática do aborto, à legalização da maconha e jogos de azar ou ao casamento homoafetivo são discriminados, por parcela de representantes do poder público, como sendo “homofóbicos”, “fascistas”, “intolerantes” e outros termos depreciativos. Essa conduta caracteriza o desvirtuamento da intenção constitucional.

4. O Estado e a Bíblia

O Novo Testamento retrata o Estado como instrumento ordenado por Deus (Rm 13.1). Os que resistem ao Estado resistem a Deus (Rm 13.2). O Estado é servo do Altíssimo para aplicar a justiça (Rm 13.4). O Estado não é problema para os que fazem o bem, apenas para os que fazem o mal (Rm 13.4). É licito pagar tributos e impostos ao Estado (Rm 13.6,7). O Estado deve louvar aquele que faz o bem (1 Pe 2.14), e o cristão deve orar pelas autoridades que constituem o Estado (1 Tm 2.2).

Os deveres do cristão

É fato que o cristão também é um cidadão e, portanto, sujeito aos deveres e direitos inerentes à sua cidadania. Todavia, o Estado e a Igreja possuem papéis diferentes, e o cristão possui responsabilidade para com ambos, segundo as palavras de Cristo: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Lc 20.25). O apóstolo Paulo enfatiza a submissão e a cooperação dos crentes às autoridades constituídas. As Escrituras declaram que toda autoridade humana é derivada da autoridade de Deus e que ninguém deve rebelar-se contra quem Deus constituiu (Rm 13.1,2). Porém, com respeito a essa afirmação paulina, para dirimir dúvidas, convém esclarecer que os deveres do cristão para com o Estado não implicam uma submissão absoluta, acrítica ou incondicional. Temos o dever de respeitar e cumprir as leis, pagar impostos e tributos, honrar, amar e interceder pelas autoridades. De outro lado, requer-se que o Estado não seja totalitário, antibíblico, anarquista, imoral ou antiético. Quando as vontades do Estado emanadas por suas leis e a vontade divina revelada nas Escrituras entram em conflito, “mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). O cristão deve exercer sua cidadania com temor e tremor, ciente de seus direitos e deveres. Apesar disso, a verdade cristã não pode ser relativizada para acomodar-se aos ditames de um Estado ateu ou anticristão.

II. A SEPARAÇÃO DO ESTADO E A IGREJA: UMA HERANÇA PROTESTANTE

O conceito de Estado laico é compreendido como a separação entre o Estado e a Igreja. Significa que um não pode interferir nas atividades do outro e vice-versa. Foi a partir da Reforma Protestante, deflagrada por Lutero em 1517, que se quebrou o monopólio exercido pelo catolicismo na Europa Ocidental e se estabeleceram as bases para a “tolerância religiosa” e a separação da Igreja do Estado.

1. A União entre a Igreja e o Estado

No ano 313, Constantino e Licínio, imperadores no Ocidente e do Oriente respectivamente, promulgam o Édito de Milão. O decreto outorgou liberdade e tolerância religiosa aos cristãos no Império Romano. O imperador Teodósio, decretou, em 380 d.C. o Édito de Tessalônica, estabelecendo o cristianismo como religião oficial do império. O Édito prometia vingança divina e castigo do Estado aos que não aderissem à lei. A partir de então, a união entre a Igreja e o Estado passou a ser indiscutível.

O desvirtuamento do papel da Igreja

Em 324, Constantino torna-se o único imperador romano e deu início ao “Império Cristão” (COMBY, 2001, p. 71). O imperador adota o título de pontifex maximus — chefe da religião tradicional. A igreja cristã une-se ao Estado. O imperador presta favores ao clero e a igreja recorre ao imperador para resolver suas querelas. O concílio de Niceia (325 d.C.), por exemplo, foi convocado e presidido pelo imperador para tratar da controvérsia ariana. No final do IV século, o Império Romano foi dividido em duas partes. Durante o V século, o império no Ocidente desapareceu. O império no Oriente sobreviveu por dez séculos. Ao se desmoronar o Império Romano, que era a unidade política, persistiu o Império religioso através de toda a Idade Média. No período medieval, o poder político estatal estava subordinado ao poder da igreja. O papa delegava ao imperador o ofício de ser o “braço material da igreja”. No período de transição da Idade Média e Tempos Modernos, a religião católica permaneceu com grande influência na vida econômica, social e política do mundo civilizado. O Estado apoiava-se na igreja em busca de legitimação, e assim, a igreja superava o poder do Estado (ARRUDA, 1982, p. 32).

2. A Separação entre a Igreja e o Estado

Ao fim da Idade Média, os ideais humanistas valorizavam os direitos individuais do cidadão e isso despertou nos cristãos a necessidade de reformar a igreja, especialmente o clero. Os abusos de Roma e a venda das indulgências deflagraram a Reforma Protestante. O monge Martinho Lutero rompeu com o catolicismo e gradualmente os conceitos de liberdade, tolerância religiosa e separação entre igreja e Estado foram alçados ao status de direito fundamental (CHEHOUD, 2012, p. 33).

O papel da independência dos Estados Unidos

A influência da filosofia iluminista, somada a fatores culturais e a política de repressão adotada pela Inglaterra incitaram a Independência dos Estados Unidos. As “Leis Intoleráveis” provocaram a convocação do Primeiro e Segundo Congresso Continental de Filadélfia. George Washington foi nomeado comandante do Exército e Thomas Jefferson, em 4 de julho de 1776, redigiu a Declaração da Independência. Em 1787, a primeira Constituição dos Estados Unidos foi promulgada. Adotou-se o regime republicano presidencialista com a divisão e independência dos três poderes, conforme a teoria iluminista de Montesquieu e Rousseau. Na primeira das dez emendas da Constituição americana, há duas cláusulas sobre religião. A primeira garante o livre exercício da religião, e a segunda, o princípio da separação entre o Estado e as confissões religiosas. Pela primeira vez, a liberdade de religião e o conceito de laicidade aparecem numa Constituição. A Independência dos Estados Unidos deu início a um movimento revolucionário global.

3. O Modelo de Estado Laico Brasileiro

A Constituição do Brasil outorga ao cidadão plena liberdade de crença e garante o livre exercício dos cultos e liturgias, além da proteção aos locais de adoração (Art. 5º). No artigo dezenove, está definida a separação entre o Estado e a igreja, mas ressalva na forma da lei, a colaboração de interesse público. Assim, a laicidade brasileira não é a de separação absoluta entre o Estado e a igreja, e sim a de uma separação relativa. Desse modo, o Estado brasileiro, embora laico, não é ateu.

O debate atual de laicidade

Muitos questionamentos têm surgido a partir da prática nacional das tradições herdadas pelo grupo majoritário do catolicismo cristão, tais como: a invocação do nome de Deus no preâmbulo da Constituição Federal, a expressão “Deus seja louvado” nas cédulas do Real, o calendário público e anual organizado com feriados e celebrações essencialmente católico-cristãs (Sexta-Feira da Paixão, Páscoa, Corpus Christi, Festas Juninas, Padroeira do Brasil, Natal e outras), o usos dos símbolos religiosos, tais como o crucifixo, que ocupam diversos espaços da esfera pública e as imagens de “santos” que emolduram o acesso principal de milhares de municípios brasileiros. Por causa dessas questões, diversos projetos de cunho ideológico tramitam no Congresso Nacional e provocam acaloradas discussões entre adeptos de valores laicos e preceitos religiosos. Dentre os debates estão à criminalização da homofobia, tributação das igrejas, descriminalização do aborto, ensino religioso, ideologia de gênero, entre outros. O debate tem gerado tensas relações entre valores religiosos, conceitos laicos, política e direitos humanos.

Fundamentalismo laicista

Mercê desses questionamentos, observa-se o surgimento do “fundamentalismo laicista”, que luta pela eliminação de toda crença e de todos os valores religiosos, e especialmente combate a influência do cristianismo na constituição do espaço público. Programas de ação são elaborados para fazer triunfar a propagação de ideologias puramente laicas e contrárias à cultura judaico-cristã. Este debate tem sido travado no âmbito dos poderes constituídos com relevante embate na esfera legislativa e judiciária.

Diante desse debate, não se pode ignorar a importância, a força e a vitalidade da religião em nossa nação. A crescente secularização da sociedade não pode negar a persistência e o avanço das concepções e necessidades religiosas. O Estado laico não pode impor sua linguagem e nem impedir a prática ou a manifestação dos valores do cidadão religioso. É fundamental o equilíbrio e a mediação entre fé e as questões laicas, teológicas e éticas. Não se pode simplesmente restringir a presença da religiosidade nos espaços públicos. Em contrapartida, na opinião de muitos educadores, juristas e legisladores, por sua natureza laica, afirmam que o Estado deve ignorar os assuntos de fé como forma de proteger a liberdade de consciência, de crença e de culto.

III. COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A POLÍTICA

A Igreja de Cristo precisa tomar cuidado com a “politicagem” e definir com cuidado e temor a Deus a sua atuação e mobilização política. Não poucos crentes são contrários ao envolvimento ou a posição da Igreja em relação à política. Acreditam que a Igreja não pode comprometer-se com o poder temporal sob o risco dos escândalos. No entanto, o argumento dos escândalos não se sustenta, pois infelizmente eles são inevitáveis (Mt 18.7). O que a Igreja precisa é de equilíbrio e sabedoria para tratar essas questões e não ficar alienada acerca daquilo que acontece na vida em sociedade na qual está inserida e faz parte.

1. O Perigo da Politicagem

Os dicionários em geral conceituam politicagem como “política reles e mesquinha de interesses pessoais”. O perigo dos atos politiqueiros envolvendo os cristãos é colocar em descrédito o evangelho e a igreja. Assim, os políticos contrários às convicções cristãs não podem receber o apoio e nem o voto da igreja. No cristianismo primitivo, a Igreja em Corinto foi advertida a observar este princípio: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” (2 Co 6.14).

Um mal a ser combatido

Infelizmente, nesse quesito, alguns segmentos cristãos ludibriam e manipulam o rebanho do Senhor Jesus. Interessados em levar vantagem pessoal não hesitam em apoiar candidatos políticos corruptos e contrários à fé cristã. Vislumbram benefício econômico e “status” social. Sem nenhum pudor, estão interessados em manter ou adquirir privilégios para si ou para os seus e indispostos a sofrer retaliações por causa do evangelho. Não satisfeitos em apoiar candidatos de conduta repreensível, soma-se a esse erro o uso da mídia e do púlpito da igreja para angariar votos aos que praticam a iniquidade. Como cidadãos, temos o direito de votar e pedir voto para quem quisermos. Contudo, não podemos nos esquecer de que, como embaixadores de Cristo, representamos os interesse do Reino de Deus na terra. Portanto, não podemos permitir e nem promover apoio àqueles que afrontam o Reino de Deus.

2. Como Delimitar a Atuação da Igreja

Os princípios éticos devem ser estritamente observados. O púlpito da igreja não pode ser transformado em “palanque eleitoreiro”. A igreja precisa de conscientização política, contudo, não deve para tal propósito ocupar o espaço da Palavra ou da adoração em suas reuniões. A conscientização deve ser fundamentada em princípios cristãos. As propostas e as ideologias dos partidos políticos devem ser conhecidas e analisadas sob a ótica cristã. A postura, propostas e ideais do candidato precisam ser avaliados à luz das Escrituras Sagradas (Is 5.20).

A missão da Igreja

Não se pode confundir a cruz de Cristo com ideologias partidárias. A renovação política não pode ser substituída pela transformação espiritual. A degeneração da sociedade não será resolvida ou corrigida por uma série de leis que inibam a má conduta. Somente a propagação do evangelho de Jesus Cristo pode deter o declínio e a ruína moral de nossa sociedade. A igreja deve fazer oposição a qualquer lei que desrespeite a mensagem do evangelho. Precisa se mobilizar para erradicar os políticos corruptos nas esferas municipal, estadual, distrital e federal. Porém, a batalha nas urnas será constante. Se usarmos apenas a ferramenta política, com certeza venceremos umas batalhas e perderemos outras. Mas, se cumprirmos nosso papel de sal da terra e luz do mundo, o poder do evangelho pode desarraigar para sempre a iniquidade dos corações. Levantemos a bandeira da conscientização política e da mobilização evangélica, contudo, sem esquecermos que a nossa luta não é contra a carne e o sangue (Ef 6.12).

3. Ajustando o Foco da Igreja

O povo de Deus não pode limitar-se a fazer oposição e oferecer resistência à iniquidade no poder temporal. Não pode depositar sua confiança e esperança nas decisões políticas. As lideranças devem buscar e incentivar o avivamento espiritual. O avivamento liderado por John Wesley (1703-1791) trouxe mudanças sociais na Inglaterra. O mal a ser combatido é o pecado. Quando a mensagem de arrependimento for pregada ao mundo, então vidas serão transformadas. O Espírito Santo terá liberdade para convencer os ouvintes da verdade, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Nossa nação sofrerá transformações sociais e espirituais.

A ação do Espírito Santo

Essa ação do Espírito Santo acontece quando a igreja se recusa a ser um mero clube de encontros e transforma-se em lugar de adoração. Com a liberdade concedida ao Espírito, pecados são confessados e abandonados. A velha natureza é substituída e ocorre radical transformação, e o caráter passa ser revestido “do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24). Desse modo, quando a Igreja se deixar guiar total e plenamente pelo Espírito, então poderemos ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13,14).

Quando certos líderes cristãos deixarem de se preocupar com o crescimento numérico desprovido de qualidade. Quando a disputa por audiência ou por poder for deixada de lado. Quando os embates para conquistar igreja maior ou mais rica forem abandonados. Quando o foco for ajustado ao cumprimento do Ide de Cristo (Mt 28.19). Quando o foco for ajustado para a unidade do corpo de Cristo (Jo 17.21). Quando os crentes começarem a viver para a glória de Deus (1 Co 10.31). Quando a ortodoxia cristã for defendida e proclamada (Jd 3). Quando tudo isso e muito mais acontecer por obra do Espírito, então será possível experimentar um avivamento espiritual. Nossa nação sofrerá transformações sociais e espirituais. E, acima de tudo, o nome do Senhor será glorificado “tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem” (1 Pe 2.12).



Consciência Cristã
“Se tivéssemos oportunidade de perguntar a Dietrich Bonhoeffer o que é a consciência cristã, que resposta obteríamos? Certamente responder-nos-ia que a consciência cristã é o exercício pleno de nossa fé, num mundo que jaz no maligno. Por isso, ousou afirmar: ‘Jesus Cristo, e não o homem ou o Estado, é o nosso único Salvador’”. Para conhecer mais leia As Novas Fronteiras da Ética Cristã, CPAD, p.217.

Fonte:
Livro de Apoio – Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo - Douglas Baptista
Lições Bíblicas 2º Trim.2018 - Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo - Comentarista: Douglas Baptista

Aqui eu Aprendi!

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

A Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalem

“E as multidões, tanto as que iam adiante como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!” Mt 21.9

“A entrada triunfal aconteceu em um domingo. Depois de curar os dois cegos em Jericó, Jesus e os seus discípulos, acompanhados pelos peregrinos da Galileia a caminho da festa da Páscoa, haviam caminhado pela estrada de Jericó em direção a Jerusalém. Isso aconteceu em uma sexta-feira. Desde o pôr do sol da sexta-feira até o pôr do sol do sábado (o sábado judaico). Jesus e os seus discípulos descansaram, talvez na casa de Marta e Maria em Betânia.

No domingo, eles foram para Jerusalém e, no caminho, evidentemente pararam em Betfagé. Essa vila não é mencionada no Antigo Testamento, mas somente em conexão com a entrada triunfal no Novo Testamento. O Talmude fala sobre ela como estando próxima a Jerusalém. Dalman diz, com base na literatura rabínica: ‘Este deve ter sido um distrito situado fora de Jerusalém (um subúrbio, mas não uma unidade independente), que começava na fronteira do santuário, isto é, antes do muro oriental de Jerusalém’. Isso pode sugerir um território que incluía o vale de Cedrom e a encosta ocidental do monte das Oliveiras. Como de costume, Mateus cita o cumprimento de uma profecia nesse evento da vida de Cristo. A citação corresponde a Zacarias 9.9 (cf. também Is 62.11) onde está previsto que o Rei-Messias viria humildemente, montado em um jumento. [...] Josefo registra a crença popular de que o Messias iria aparecer no monte das Oliveiras (Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Vol. 6. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.144-145).

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém mostrou que Ele era o Messias, o Rei anunciado pelos profetas.

Texto Bíblico – Mateus 21.1-11

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Este episódio dá início ao quinto bloco narrativo do Evangelho de Mateus (Mt 21.1-11). O texto descreve a chegada de Jesus em Jerusalém, centro do poder religioso. O Mestre já havia predito, aos seus discípulos, que em Jerusalém Ele iria padecer nas mãos dos anciãos, principais sacerdotes e escribas. Jesus afirmou que seria morto, mas ao terceiro dia ressuscitaria (Mt 16.21).

O Messias entrou em Jerusalém montado em um jumentinho, de forma humilde, para que se cumprissem as Escrituras Sagradas e o povo o recebe bem, aclamando-o como enviado de Deus.

I - A ENTRADA DO REI DOS REIS EM JERUSALÉM (Mt 21.1-3)

1. A expectativa da chegada de Jesus em Jerusalém.
Talvez, os discípulos estivessem animados e ansiosos em relação à chegada de Jesus na cidade de Jerusalém. Quem sabe eles não pensavam que Jesus iria assumir o poder político ou que algo sobrenatural iria acontecer? Todavia, Jesus reuniu os seus discípulos em particular para informar que em Jerusalém Ele seria perseguido e morto. Esta foi a terceira vez que Jesus predisse a sua morte e ressurreição na cidade de Jerusalém (Mt 16.21; 17.22,23; 20.18).

No capítulo 20, Mateus narra o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu, Tiago e João, (v. 20). Ela intercede pelos seus filhos, a fim de que eles fossem colocados ao lado de Jesus quando Ele assumisse o seu Reino (v. 21). Fica claro que a expectativa era de que Jesus assumisse o poder em Jerusalém. Então, Jesus adverte aos discípulos a fim de que eles não brigassem por posição, pois os valores do seu Reino eram superiores aos dos homens, e quem quisesse ser o primeiro, deveria ser servo de todos (v. 27). Jesus lhes falava a respeito do Reino dos Céus, mas eles estavam focados nas coisas deste mundo.

2. A entrada em Jerusalém, uma fase de transição.
Os discípulos ainda não haviam compreendido o real propósito da missão de Jesus, mesmo depois de Ele predizer algumas vezes a respeito de sua paixão e ressurreição. Por isso, depois da morte de Jesus os discípulos ficaram tão decepcionados e desanimados. Segundo o Evangelho de Marcos e Lucas, dois deles resolveram deixar Jerusalém e seguir para Emaús (Lc 24.13,21).

Mateus narra a chegada de Jesus em Jerusalém de forma que lembra a entrada das comitivas dos reis de Israel e as greco-romanas. Estas entradas incluíam: marchas triunfais, honrarias militares, bem como a chegada de um rei ou soberano montado em uma mula. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém marcaria um momento importante de transição para a sua paixão.

3. Jesus planejou sua entrada em Jerusalém.
Ainda em Betfagé, no Monte das Oliveiras, Jesus dá uma ordem a dois dos seus discípulos: “Ide à aldeia que está defronte de vós e logo encontrareis uma jumenta presa e um jumentinho com ela; desprendei-a e trazei-mos” (Mt 21.2). Percebe-se que Jesus já tinha tudo planejado, diferente de alguns crentes que fazem tudo de modo improvisado.

A primeira impressão que temos, ao ler o relato de Mateus, é que Jesus conhecia o dono dos animais, pois Ele orienta os discípulos dizendo: “E, se alguém vos disser alguma coisa, direis que o Senhor precisa deles; e logo os enviará” (Mt 21.3). Mas, fazia parte do costume da época o sistema de angária, ou seja, as pessoas tinham obrigação de ceder ou alugar animais de carga para o serviço dos soberanos.


II - A ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS MONTADO EM UM JUMENTINHO, UM ATO MESSIÂNICO (Mt 21.4,5)

1. Os profetas e a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
Mateus é o único evangelista sinótico que registra que o jumentinho estava preso a uma jumenta. O fato de o animal estar junto à mãe demonstrava que ele ainda não tinha sido desmamado e que nunca havia sido montado. É importante ressaltar que somente Mateus e João registram que as ações de Jesus cumprem as profecias.

O Evangelho de João 12.15,16 deixa claro que os discípulos só conseguiram relacionar a entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um jumento, com os textos proféticos, somente depois da morte do Salvador. Mateus cita na primeira linha o texto de Isaías 62.11, e as demais são de Zacarias 9.9.

2. A humildade do Messias.
Ao contrário de todas as expectativas messiânicas dos judeus, Jesus, em diferentes ocasiões, demonstrou que seu reinado seria de paz e humildade. O Comentário Bíblico Pentecostal afirma esta ideia ao asseverar que “o jumentinho é um transporte de paz e não de guerra.”

A entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um jumentinho, de certa forma, se assemelhava às comitivas reais, mas o Salvador já havia deixado claro que Ele veio ao mundo não para ser servido, mas para servir (Mt 20.28). Jesus estava propagando o Reino de Deus, cujos propósitos e valores são diferentes dos reinos deste mundo.

3. Os discípulos obedecem as recomendações do Mestre.
Os dois discípulos obedeceram rigorosamente às ordens de Jesus. Tal obediência foi importantíssima para o cumprimento das profecias e para que o planejamento que Jesus havia feito desse resultado. Sem a obediência dos liderados não existe liderança eficiente.

III – JESUS É RECEBIDO COMO REI MESSIÂNICO (Mt 21.8-11)

1. A entrada triunfal de Jesus e sua comitiva.
A entrada repentina de Jesus em Jerusalém causou um grande alvoroço na cidade, pois era algo inusitado e que atraiu um público significativo. Tal fato se assemelha à entrada de Salomão quando este foi constituído rei e desceu a Giom, utilizando a mula que pertencia o seu pai, o rei Davi (1 Rs 1.33). A ação das pessoas, de espalharem roupas pelo chão na estrada diante de Jesus, também se assemelhou a unção de Jeú quando este foi declarado rei (2 Rs 9.13). Jesus foi recebido como um Rei, porém, como Ele afirmou a Pilatos: “[...] O meu Reino não é deste mundo” [...] (Jo 18.36).

2. Jesus é aclamado como Rei Messiânico.
Quando Jesus entrou em Jerusalém a multidão que o seguia o exaltou com partes do Salmo 118.26. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal, “hosana é a versão grega transliterada da expressão hebraica, ‘salva-nos’” (Sl 118.25). Mateus enfatiza a ação das pessoas ao cortarem e espalharem ramos e gritarem “hosana”, pois tais ações eram muito utilizadas nas festividades judaicas. Infelizmente, a multidão que gritou “hosana”, foi a mesma que também gritou: “Crucifica-o!” “Crucifica-o!” Escolheram soltar Barrabás, um salteador e homicida, e pediram a prisão e morte de Jesus. Por isso, o crente não deve se iludir com a fama e a bajulação das multidões. O importante é conhecer e viver os princípios bíblicos e procurar agradar sempre a Deus.

3. A recepção de Jesus é vista como uma ameaça pelos líderes religiosos de Jerusalém.
O alvoroço das pessoas, a aclamação do povo e o reconhecimento de Jesus como uma figura messiânica, abalaram a segurança das principais autoridades religiosas de Jerusalém.

Jesus passou a ser uma ameaça ainda mais perigosa. Somente Mateus registra o questionamento da multidão a respeito de quem era Jesus. A resposta foi: “Este é Jesus, o Profeta de Nazaré da Galileia” (v. 11). Em determinado período do seu ministério, Jesus atuou mais distante do principal centro religioso da sua época, mas agora Ele chega a Jerusalém e “alvoroça” a cidade com sua presença.

Lucas registra o pedido dos fariseus para que Jesus repreendesse seus discípulos: “[...] Mestre, repreende os teus discípulos [...]” (Lc 19.39). Mas Jesus os repeliu dizendo que se eles se calassem até as pedras clamariam (Lc 19.40). Agora não haveria mais volta, Jesus daria prosseguimento a sua morte de cruz e ao sacrifício que proporcionou a nossa salvação.


CONCLUSÃO

Na lição de hoje, aprendemos que Jesus realizou sua missão de forma planejada a fim de cumprir com o seu propósito: observar as Escrituras. Sua entrada em Jerusalém, ao contrário de todas as expectativas, demonstra que o seu Reino não era desse mundo, por isso era um reino de paz, humildade e justiça.


SUBSÍDIO
A questão mais importante é que Jesus deliberadamente se identifica como o Messias e, assim, cumpre a profecia. Até aqui não é feita menção nos Evangelhos de Jesus viajar montado num animal; com certeza Ele não precisaria ir montado num jumentinho para perfazer a distância de Betfagé aos portões da cidade, a qual poderia ter sido percorrido à pé. Dos escritores sinóticos, só Mateus nota que as ações de Jesus cumprem a profecia (Mt 21.4,5; cf. também Jo12.14,15). Isto é característico do registro frequente de Mateus aludir o cumprimento de profecia com sua expressão introdutória: ‘Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta’. A primeira parte de sua citação é de Isaías 62.11 e a segunda, de Zacarias 9.9. O monte das Oliveiras é o local da volta do Messias (veja Zc14.4). No uso que Mateus faz de Zacarias 9.9, ele omite as palavras ‘justo e Salvador’, e a descrição subsequente de um Messias vitorioso, preferindo enfatizar Jesus como humilde (Mt 5.5; 12.18-21). O jumentinho é um transporte de paz, não de guerra; o conquistador vem como pacificador humilde. [...] o fato de outro ‘Filho de Davi’, Salomão, ter montado a mula de Davi, seu pai, quando foi coroado na fonte de Giom no mesmo vale ao longo do qual Jesus esta agora indo montado no jumentinho (1 Rs 1.38) não teria passado despercebido pela audiência judaica de Mateus” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.116).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

Aqui eu Aprendi!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O perigo da falsa religiosidade

“Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição?” Mt 15.3


Professor(a), a hipocrisia é um tema que precisa de uma atenção especial, pois infelizmente, existem pessoas em nosso meio com atitudes semelhantes as dos escribas e fariseus. Elas querem impor, por falta de conhecimento bíblico e doutrinário um jugo pesado e impraticável que acaba afastando as pessoas do Evangelho. Muitos, como os fariseus e publicanos até têm um discurso eloquente, mas não se comportam de maneira adequada na igreja ou na sociedade em geral. Muitos estão envergonhando o Evangelho e a Igreja, por isso, um debate bem conduzido a respeito do assunto poderá contribuir para chamar a atenção dos jovens para a necessidade de vivermos uma vida íntegra e coerente diante das pessoas e de Deus. Pois sem santidade ninguém verá o Senhor.

Os fariseus e escribas se preocupavam tanto em observar as tradições dos anciãos (recomendações de homens) que acabavam por desprezar a Lei de Deus.

Texto Bíblico: Mateus 15.1-17

INTRODUÇÃO

Quando o assunto é falsa religiosidade, não podemos deixar de falar dos escribas e fariseus, pois com suas práticas religiosas, eles cometiam muitas injustiças e lançavam fardos pesados sobre os outros. Estes, erroneamente, trocaram a religião pura, a comunhão com Deus, pela mercantilização da fé. No capítulo 15 de Mateus, vemos os escribas e fariseus acusando os discípulos de Jesus de transgredirem as tradições dos anciãos (v.2). Devido ao comportamento hipócrita deles, Jesus os chama de “condutores cegos”, que guiam outros “cegos” a reproduzirem suas condutas hipócritas (Mt 15.14).

Quanto mais Jesus se aproximava de Jerusalém, maior era a severidade dos confrontos com as facções religiosas judaicas que não suportavam ouvir os ensinos de Jesus.

I. A INJUSTIÇA DA FALSA RELIGIOSIDADE (Mt 15.1-9)

1. As acusações injustas dos escribas e fariseus (vv.1,2).
Jesus e seus discípulos estavam na terra de Genesaré pregando as Boas-Novas, curando os enfermos que eram trazidos de todas as localidades (Mt 14.34-36). Enquanto isso, alguns escribas e fariseus vindos de Jerusalém para observá-lo e achar algo errado para acusá-lo, perceberam que os discípulos de Jesus comiam sem lavar as mãos. No entanto, o que os incomodava não era a falta de higiene, mas sim a questão cerimonial, a tradição. A Torá previa alguns procedimentos quanto à pureza ritual (Lv 11-15; Nm 5.1-4). Todavia, a questão levantada pelos escribas e fariseus não constava nela, mas sim na tradição dos anciãos. Portanto, eles acusaram Jesus e seus discípulos injustamente. A tradição deles na verdade era acréscimo feito pelos homens e não por Deus.

2. Os acusadores eram na verdade os transgressores (vv.3-9).
Os escribas e fariseus acusavam as pessoas de transgredir as tradições dos anciãos como se eles fossem os seres mais honestos e puros do universo. No entanto, Jesus os repeliu e mostrou que eles estavam equivocados e o quanto eram hipócritas. Então, o Mestre questiona o fato de eles transgredirem os mandamentos de Deus (v.3).

Jesus repreende os fariseus e escribas afirmando: “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus” (v.6). Jesus cita a lei mosaica em que os filhos deveriam honrar o pai e a mãe (o quinto mandamento), cuja penalidade para tal transgressão era a morte. Mas, para não atenderem as necessidades materiais de seus pais alegavam que o bem que possuíam era Corbã, isto é, oferta ao Senhor (Mc 7.11). Segundo A. T. Robertson (Comentário Mateus & Marcos — CPAD) “os rabinos permitiam que o filho infiel fizesse a mera declaração dessa palavra para deixar de usar o dinheiro necessário para o sustento do pai ou mãe”. Na verdade os acusadores é que eram os verdadeiros transgressores da Lei de Deus.

3. O profeta Isaías já havia reprovado a falsa religiosidade (vv.7,8).
Jesus exorta seus acusadores e demonstra que eram eles que estavam burlando a lei de Moisés por ganância. O Mestre chama os fariseus e escribas de hipócritas e afirma a atitude errada deles citando Isaías 29.13. O profeta Isaías já havia, por diversas vezes, reprovado a falsa religiosidade do seu povo. Ele afirmou que seu povo adorava a Deus somente com palavras, mas o coração deles estava bem longe do Senhor.

II. A CEGUEIRA DA FALSA RELIGIOSIDADE

1. A cegueira espiritual dos escribas e fariseus (v.14).
Jesus não se intimidou diante dos fariseus e dos escribas. Ele os exortou de forma segura e eficaz, chamando-os de cegos e condutores de cegos. Os fariseus e escribas se apegavam tanto a questões secundárias e irrelevantes (tradições humanas) que se privavam das questões primárias, a observância da Lei divina. Na realidade, o que os incomodavam era a popularidade, o reconhecimento e o respeito que Jesus e seus discípulos vinham conquistando diante da população. Os testemunhos dos feitos de Jesus se espalhavam rapidamente e todos queriam ouvir e ver a Jesus. Os líderes religiosos, com suas tradições, discursos monótonos e repetitivos já não chamavam mais a atenção do povo.

2. A dificuldade de Pedro em compreender o ensino de Jesus.
Os discípulos, em alguns momentos específicos, também tiveram dificuldades para entender os ensinos de Jesus. Pedro, tomando a palavra, perguntou a Jesus: “Explica-nos essa parábola” (Mt 15.15). Interessante como o apóstolo Pedro não se preocupava em declarar publicamente que não havia compreendido. Ele estava certo, pois quem quer aprender tem que perguntar e não pode se importar com a reação das pessoas. Muitas pessoas deixam de aprender por receio de perguntar.

Jesus fica admirado com a atitude de Pedro e diz: “Até vós mesmos estais ainda sem entender?” (v.16). De acordo A. T. Robertson (Comentário Mateus & Marcos — CPAD) os discípulos “ainda estavam sob o ‘encanto’ da perspectiva teológica dos fariseus”. Por isso, a dificuldade de entendimento. Então, Jesus explica para eles que o que contamina o homem é tudo aquilo que procede do seu interior, coração (Mt 15.18,19). Diferente dos escribas e fariseus, que ouviam Jesus ensinar, mas não queriam aprender, pois seus interesses e hipocrisia impediam que seus “olhos fossem abertos” para entender a mensagem do Reino, os discípulos realmente desejavam compreender e aplicar às suas vidas o ensino do Mestre.

3. O que contamina o homem é o que procede do coração (Mt 15.17-19).
Jesus explica aos discípulos que o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que procede do seu coração. É do interior do homem que provêm os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. As práticas, os ensinos errôneos e perversos dos escribas e fariseus ainda influenciam muitos religiosos na atualidade, pois infelizmente ainda há pessoas que valorizam mais as tradições humanas que a infalível e inerrante Palavra de Deus. Jesus deixa claro que a falsa religiosidade contamina o homem e não o comer sem lavar as mãos. O Mestre rebate duramente o ritualismo hipócrita dos fariseus e escribas e a falsa santidade e espiritualidade deles.


Google images - Jesus purifica templo
III. A MERCANTILIZAÇÃO DA FÉ E DA ADORAÇÃO PELA FALSA RELIGIOSIDADE (Mt 21.12-17)

1. Os falsos religiosos transformaram o Templo em covil de ladrões (v.13).
Ao entrar no Templo, Jesus fica indignado quando vê o comércio que se havia estabelecido no pátio dos gentios, área que ficava na parte externa do Templo e era aberta a judeus e gentios. Era neste local que se dava a venda de animais que seriam utilizados nos sacrifícios, porém os cambistas se utilizavam disso para explorar os fiéis. Quem se beneficiava com o monopólio das vendas eram os sacerdotes e levitas, já que o comércio de animais gerava muito dinheiro. Mas Jesus expulsa os cambistas do Templo e para isso utiliza os textos de Isaías 56.7 e Jeremias 7.11. O propósito dEle era restaurar a verdadeira finalidade do Templo: a oração e a adoração.

2. Os falsos religiosos querem calar o louvor genuíno (vv.15,16).
Jesus também aproveita a ocasião para curar cegos e coxos que foram ter com Ele no Templo. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal, “Davi proibiu que os cegos e coxos entrassem no Templo”. Mas, o Filho de Deus reverte este preceito legal, mostrando que a Casa de Deus é para acolher a todos.

Logo depois, Mateus relata que alguns meninos, talvez admirados com os milagres de Jesus, com a sua ousadia e justiça o adoraram clamando: “Hosana ao Filho de Davi” (v.15). Ao ouvir o louvor dos meninos, a raiva dos principais dos sacerdotes e escribas se acentua ainda mais, e eles então tentam envergonhar a Jesus. Eles questionam Jesus a respeito do procedimento das crianças. Mas, para a surpresa deles, o Mestre responde a eles utilizando o Salmo 8.2.

O texto de Mateus nos mostra duas situações antagônicas: de um lado os cambistas e líderes do Templo que lucravam com o uso indevido das tradições religiosas; do outro, as crianças oferecendo o perfeito louvor ao Filho de Deus pela libertação dos excluídos (cegos e coxos) e a restauração da ordem na Casa de Deus.


CONCLUSÃO

Nesta lição, aprendemos a respeito da falsa religiosidade, fazendo uma análise das atitudes errôneas dos escribas e fariseus. Estes acusaram os discípulos de Jesus de não cumprir as tradições religiosas. Entretanto, o Mestre os exorta mostrando o quanto eles estavam errados ao darem mais importância às tradições humanas do que as Leis de Deus. Aprendemos também que Jesus purificou o Templo, expulsando os cambistas e reprovando a atitude gananciosa dos líderes religiosos que fizeram da Casa de Deus um covil de ladrões.



SUBSÍDIO I
“Mateus usa a palavra ‘então’ (tole) para unir a demanda dos fariseus e escribas (mestres da lei) da lavagem cerimonial (v.2) como relato de curas no final do capitulo 14, no qual as pessoas cerimonialmente imundas tocavam Jesus para serem curadas. O termo tole é uma das palavras de transição favoritas de Mateus. Das cento e sessenta vezes que aparece no Novo Testamento, mais de cinquenta ocorrem no Evangelho de Mateus. A ‘tradição dos anciãos’ era a composição de regulamentos designados a ampliar a lei mosaica e facilitar guardá-la. Conforme a tradição, os fariseus se lavavam depois de estar numa multidão, no caso de eles terem tocado uma pessoa cerimonialmente imunda; a questão para eles não era saúde ou higiene. Preocupando-se mais com a pureza cerimonial do que com a cura de doentes, eles consideravam Jesus e os discípulos violadores imundos da lei (cf. Mc 7.3,4, que explica esta tradição para uma audiência gentia).

Jesus não responde diretamente a acusação dos fariseus, antes, nivela as próprias acusações contra a deles. Ele faz nítida distinção entre os mandamentos de Deus e as tradições bastante modernas dos inimigos, que não observavam as questões mais importantes da lei. Ele questiona as pressuposições e procedimentos operacionais padrões e mostra como suas tradições sabotavam a Lei de Deus por fins egoístas” (ZRRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal:Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.96).


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SUBSÍDIO II
“A purificação do Templo é descrita de forma vívida. Jesus expulsou todos os que vendiam e compravam no templo (Mt 21.12) — hieron, a ‘área do Templo’, compreendia cerca de vinte e cinco acres. No Pátio dos Gentios havia um mercado onde ovelhas e bois eram vendidos para os sacrifícios (cf. Jo 2.14). Como a Lei especificava que esses animais deveriam ser ‘sem mácula’ (Êx 12.5) era mais seguro comprá-los no mercado do Templo que era dirigido por parentes do sumo sacerdote. Tudo que fosse comprado ali seria aprovado. Da mesma forma, seria inconveniente para os peregrinos da Galileia trazer animais em uma viagem tão longa. Aqueles que eram demasiadamente pobres para oferecer uma ovelha tinham permissão de substituí-la por uma pomba (Lv 12.8). Todo o dia era realizada uma animada venda desses animais.

Os cambistas também colhiam seus frutos. Todo judeu adulto tinha que pagar uma taxa anual de meio siclo ao Templo (cf. Mt 17.24). Mas esse pagamento deveria ser feito com a moeda fenícia. Como o dinheiro que os judeus usavam habitualmente era grego ou romano, isso queria dizer que a maioria das pessoas precisava trocar o seu dinheiro. Os sacerdotes tinham permissão de cobrar algo em torno de 15 por cento para fazer essa troca. Edersheim acredita que somente essa taxa poderia alcançar uma soma entre 40.000 a 45.000 dólares por ano, isto era, uma renda exorbitante naquela época” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 6. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006. p.146).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

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