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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Os Discípulos são comissionados por Jesus

“E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem e para curarem toda enfermidade e todo mal” Mt 10.1

“Evangelização e responsabilidade social
O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco com um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como ‘um corpo-alma em sociedade’. Portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Se amarmos o nosso próximo como Deus o amou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total, o bem-estar do seu corpo, da sua alma e da sua sociedade. [...] É verdade que o Senhor Jesus ressurreto deixou a Grande Comissão para a sua Igreja: pregar, evangelizar e fazer discípulo. E esta comissão é ainda a obrigação da Igreja. Mas a comissão não invalida o mandamento, como se ‘amarás o teu próximo’ tivesse sido substituído por ‘pregarás o Evangelho’. Nem tampouco reinterpreta amor ao próximo em termos exclusivamente evangelísticos” (STOTT, John R. W. Cristianismo Equilibrado. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1995, p.60,61).

O Evangelho deve ser proclamado, independente da aceitação ou não das pessoas.

Texto Bíblico - Mateus 10.1-15

INTRODUÇÃO

Jesus escolheu e preparou doze homens para serem seus primeiros discípulos. Depois de comissionar e orientar quanto à missão deles, o Mestre os revestiu de poder para realizarem sinais que comprovariam as Boas-Novas do Evangelho e a chegada do Reino dos Céus.

A missão destes primeiros discípulos era levar a paz a todas as pessoas, expulsar os espíritos imundos e curar as enfermidades e todo mal (Mt 10.1). O Mestre orienta os discípulos, mostrando como deveriam proceder ao chegar e ao sair das casas ou cidades. Jesus também ensina a respeito das consequências que sofreriam aqueles que não recebessem os discípulos e nem escutassem as suas palavras (Mt 10.14).

I. OS DOZE DISCÍPULOS E A PROCLAMAÇÃO DO REINO DOS CÉUS

1. A preparação.
Mateus dedica um bom espaço do texto Sagrado para trazer um dos principais discursos de Jesus, conhecido como o Sermão do Monte (Mt 5-7). Nele há auxílios para quem se dispõe a ter uma vida solidificada na rocha e ser uma testemunha do Reino.

Depois do Sermão do Monte, começa então a segunda parte do Evangelho de Mateus e no capítulo dez temos o discurso de Jesus chamado de “Sermão Missionário” (Mt 10).

Antes do comissionamento dos doze discípulos, Mateus narra uma série de sinais miraculosos realizados por Jesus (Mt 8,9). Ele descreve um total de dez curas e atos de poder realizados por Jesus e a constatação de que o campo de trabalho, a seara, é grande, mas que poucos são os ceifeiros.

Tendemos a acreditar que os sinais feitos por Jesus ninguém mais poderia fazê-los, mas na verdade Ele estava capacitando e treinando seus discípulos para milagres ainda maiores. Jesus chamou os doze, os treinou para depois comissioná-los.

2. O comissionamento dos doze.
Diferente do judaísmo institucionalizado, Jesus escolhe dentre o povo doze homens comuns, simples e das mais diversas origens. Entre eles estavam pescadores, como também membros de grupos opostos (grupo dos zelotes - coletor de impostos). Manter um grupo de pessoas com conhecimentos e perspectivas tão diferentes em um grupo coeso e eficiente exige esforço, paciência e muito treinamento.

Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas registram a eleição dos doze, mas cada um dá uma ênfase diferente (Mt 10.1-4; Mc 3.13-19; Lc 6.12-16). O que coincide na lista sinótica e que todas começam com Pedro, o líder, e termina com Judas, o traidor. Diferente dos demais evangelistas, Mateus coloca a relação dos doze discípulos no início de uma seção a respeito de missão.

Depois de um bom tempo juntos e auxiliando Jesus a ensinar, curar e expulsar demônios, agora os discípulos recebem a incumbência de cumprir a missão que lhes foi confiada sem a supervisão direta do Mestre.

3. Compaixão para proclamar o Reino dos Céus às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.5-7,9,10).
Um dos principais exemplos que Jesus deixou para seus discípulos é a compaixão pelo povo sofrido da Galileia e sul da Síria (Mt 9.35-38). O termo bíblico judaico para compaixão era rahamin que tem o significado de amor materno. Jesus demonstra que é com esse amor que os discípulos deveriam amar aqueles a quem iriam anunciar o Evangelho.

Neste momento específico, a prioridade na evangelização eram as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.6). Esta era uma estratégia específica e temporária. Outra recomendação importante é que os discípulos não deveriam se preocupar em levar bens materiais ou riquezas (Mt 10.9,10). Quem está trabalhando na Seara do Mestre deve agir como um soldado (2Tm 2.3,4), pois quando o combatente é convocado e vai para uma guerra ele só pode carregar suas armas e o essencial para sua sobrevivência.

Ponto Importante
Antes de comissionar os discípulos, Jesus os capacitou. Ele investiu seu tempo e paciência para ensiná-los como deveriam cumprir a missão que lhes foi confiada.

II. SINAIS E MILAGRES ACOMPANHAM OS COMISSIONADOS (Mt 10.1,8)

1. Os discípulos recebem poder.
Jesus não tinha ciúmes ou medo de que seus discípulos se sobressaíssem, pois sua visão era de crescimento do Reino dos Céus. Seu objetivo era a libertação dos oprimidos e enfermos. Aprendemos com o Mestre que quando o líder investe em seus subordinados e estes cumprem sua missão com êxito, o líder que os instruiu também é honrado. Este é o segredo da boa liderança, investir e treinar bem os liderados. Mateus afirma que Jesus deu poder aos discípulos para expulsar os espíritos imundos e curar toda espécie de enfermidades. A autoridade para realizar os sinais foi transferida de Jesus para os discípulos. Eles receberam o poder diretamente do Filho de Deus, como parte integrante do plano divino de anunciar a salvação. Os doze receberam uma grande responsabilidade acompanhada de uma grande honra.

2. A mensagem dos discípulos deveria ser a mesma de Jesus.
A pregação dos discípulos deveria ser a mesma de Jesus (Mt 4.17), mas além da mensagem do Reino, eles necessitariam atender quatros imperativos: “curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos e expulsai os demônios” (Mt 10.7,8). Como representantes de Cristo, os discípulos estariam desafiando o poder imperial romano e religioso, por isso, estariam também correndo perigo, como o Mestre deles.

Acompanhar Jesus de perto e ser um discípulo era um privilégio e uma honra, mas também exigia disciplina e responsabilidade. Por isso, o Mestre relaciona uma série de recomendações a seus discípulos, dispostos a proclamar o Evangelho (Mt 10.7-17).

3. Os discípulos não poderiam utilizar o poder recebido em benefício próprio.
Os discípulos haviam recebido poder para realizar sinais em nome de Jesus, mas também receberam uma advertência séria, pois não poderiam usar o poder recebido em benefício próprio, ou ter pagamento algum em troca. Eles receberam o poder de graça e de graça deveriam anunciar o Reino dos Céus.

Ponto Importante
Os discípulos foram honrados ao serem comissionados, a exemplo de grandes figuras do povo de Israel do passado, como Moisés, Davi, Isaías e Jeremias.

III. NEM TODOS ACEITAM A MENSAGEM DO REINO (Mt 10.11-15)

1. A paz de Deus.
Os discípulos são recomendados a oferecer a paz de Cristo a “todas as ovelhas perdidas da casa de Israel” (v.6). No contexto, a casa considerada digna é aquela em que o proprietário recebe voluntariamente a oferta da paz por meio do Evangelho. Nesse caso, se convidado, o discípulo deveria entrar e se hospedar o tempo necessário para anunciar as Boas-Novas. Na cultura atual é difícil entender essa prática de se hospedar pessoas desconhecidas, mas na época de Jesus era algo bem comum. O fato de depender da boa vontade das pessoas para se hospedar de forma gratuita na casa de um desconhecido também exigia humildade dos discípulos, pois nem todas as pessoas têm essa propensão e se propõe a fazer isso. Por isso, a necessidade da ação do Espírito Santo na vida daqueles que realmente estão comprometidos com o Reino dos Céus.

2. Lidando com a rejeição.
Jesus orientou os discípulos mostrando que algumas pessoas iriam rejeitar o Evangelho e ignorá-los. O próprio Jesus era um exemplo de rejeição e submissão a situações de humilhação. Todavia, também era um exemplo a ser seguido, pois não desanimava diante dessas dificuldades e mantinha seu propósito de fazer a vontade de Deus. No versículo (v.14) aparece uma expressão que não é costumeira para a cultura contemporânea: “sacudi o pó dos vossos pés”. Tal declaração é uma forma de demonstrar que o proprietário da casa visitada, que rejeitou o Evangelho, é responsável pela sua atitude. Jesus estava preparando os discípulos para que eles aprendessem a lidar com as rejeições sem se magoarem e perderem o propósito, pois cada um é responsável pelas suas escolhas.

3. Não desanime diante da recusa das pessoas.
O crente não deve desanimar quando as pessoas rejeitarem a pregação do Evangelho. Quem rejeita hoje poderá aceitar amanhã, pois as pessoas mudam, as condições e as experiências também. Quem convence o homem do pecado, da justiça divina e do juízo é o Espírito Santo, a nós cabe somente anunciar o plano da salvação, orar pelos enfermos e os oprimidos do Diabo. Infelizmente, haverá pessoas que nunca aceitarão a mensagem da salvação. O discípulo que passa por uma experiência dessas, não deve achar que ele é o responsável pela recusa da pessoa. Não devemos nos preocupar, de forma demasiada, pelas decisões erradas das pessoas, pois o crente não pode mudar ninguém e nem impor às pessoas a salvação, mas oferecê-la gratuitamente e com amor.

Ponto Importante
A salvação é oferecida gratuitamente a todas as pessoas e não deve ser imposta. Cada pessoa é responsável pelas suas escolhas.


CONCLUSÃO

Nesta lição aprendemos que Jesus antes de comissionar seus discípulos para a missão evangelizadora, os capacitou. O Mestre outorgou poder aos discípulos para que estes fizessem os mesmos sinais que Ele fazia. No entanto, Jesus recomendou aos discípulos que não usassem esse poder em benefício próprio, mas sempre em favor do Reino. Aprendemos também que Jesus orientou os discípulos a alcançarem primeiramente as ovelhas perdidas da casa de Israel, mas Ele os advertiu de que nem todos aceitariam a mensagem do Reino, pois a responsabilidade da escolha é pessoal.



SUBSÍDIO
“Mateus 10.6”
‘As ovelhas perdidas da casa de Israel’, as ovelhas, as que estão perdidas, são mencionadas aqui pela primeira vez em Mateus. Jesus está expressando compaixão e não censura. John Bebgel comenta que Jesus diz ‘perdido’ e assemelhados mais frequentemente do que ‘desviado’ e assemelhados. ‘Se a nação judaica pudesse ser levada ao arrependimento o novo tempo despontaria’.

“Mateus 10.14”
‘Sacudi o pó dos vossos pés’. ‘Sacudir’, um gesto vigoroso de desfavor. Os judeus tinham preconceitos ardentes contra as menores partículas do pó pagão. A questão não era a existência de germes no pó. Tal fato não se conhecia na época. Os judeus consideravam que qualquer coisa relacionada aos gentios estava contaminada com a putrescência da morte. Se os apóstolos fossem maltratados, eles tinham de tratar os impiedosos donos da casa como se eles fossem gentios (cf. Mt 18.17; At 18.6) Essa instrução também era restrita a esta excursão, com seus perigos peculiares.
(ROBERTSON, A. T. Comentário Mateus & Marcos: À luz do Novo Testamento Grego. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016, p.118).


Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

Aqui eu Aprendi!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Os primeiros Discípulos

“E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” Mt 4.19


“Discípulo era um termo comum no século I para uma pessoa que era um seguidor compromissado de um líder religioso, filosófico ou político. No mundo judaico, o termo era particularmente usado para os estudantes de um rabi, o mestre religioso. Nos Evangelhos, João Batista e os fariseus tinham grupos de discípulos (Mc 2.18; Mt 22.15,16). Esses discípulos, com frequência, eram os alunos mais promissores que passaram pelo sistema de educação judaica — os que já tinham memorizado as Escrituras hebraicas e demonstraram o potencial para aprender os ensinamentos específicos dos rabis sobre a Lei e os profetas a fim de que pudesse ensinar isso a outros. Portanto, era uma grande honra e responsabilidade ser chamado por um rabi para ser seu discípulo. Os discípulos aprenderam os ensinamentos de seu rabi vivendo com ele e seguindo-o aonde quer que vá. Uma frase daquele tempo descrevia os discípulos como aqueles que ‘ficavam cobertos pela poeira do rabi’, porque, literalmente, seguiam de muito perto seus mestres” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.69).

O chamado de Jesus e a afirmação de que a seara é grande e os ceifeiros são poucos continuam atuais.

Texto Bíblico: Mateus 4.18-25

INTRODUÇÃO

Ninguém pode fazer a obra de Deus sozinho, por isso Jesus, o Filho de Deus, chamou alguns discípulos para estar mais próximos e ajudarem em seu ministério. O Mestre investiu tempo para preparar estes primeiros discípulos, a fim de que eles dessem continuidade à sua missão depois da sua partida.

Jesus comissionou os primeiros discípulos e começou o seu ministério de evangelização na região da Galileia, logo que soube que João estava preso. O início da pregação na região da Galileia e a preparação dos discípulos foram fundamentais para a expansão do Evangelho.

I. CHAMADOS PARA SEREM PESCADORES DE HOMENS

1. O discípulo recebia formação aos pés do seu mestre.
A escolha do discípulo era de grande responsabilidade, pois ele seria o sucessor do mestre para discipular as futuras gerações. No judaísmo, o discípulo era alguém formado aos pés de um rabi, o mestre religioso, portanto era algo honroso, mas acompanhado de grande responsabilidade. João Batista e os fariseus também tinham grupos de discípulos (Mt 22.15,16; Mc 2.18).

Para ser convocado pelo mestre, o discípulo deveria apresentar algumas qualificações, como por exemplo, ter memorizado a Torá, além de possuir potencial para se tornar um mestre no futuro. Ele também precisava ser próximo de seu mestre, pois a partir da escolha deveriam ter uma vida em comum por um longo período. A princípio pode parecer que Jesus não teve o devido cuidado na escolha dos primeiros discípulos. O texto descreve a escolha a partir de um encontro casual e repentino, durante uma caminhada junto ao mar. Por isso, a necessidade de analisar esta narrativa de Mateus em conjunto com os demais Evangelhos, pois as informações se complementam. Cada um dos evangelistas teve o seu objetivo na hora de escrever os Evangelhos, com destinatários específicos e informações que seguiam também as necessidades específicas.

2. A escolha dos discípulos.
Quando o chamado dos primeiros discípulos é analisado em conjunto com outros Evangelhos é possível perceber que Jesus os conhecia antes de chamá-los e os preparou depois da chamada. Diferente do que aparenta a leitura isolada de Mateus, João nos dá mais detalhes a este respeito (Jo 1.35-56). André, o primeiro discípulo a ser chamado já havia abandonado o negócio de pescaria da família para ser discípulo de João Batista e deve ter visto Jesus pela primeira vez quando este foi batizado por João. Quando ouve João dizer que Jesus era o Cordeiro de Deus, ele segue a Jesus até sua casa e passa o dia com o Mestre. No dia seguinte André encontra seu irmão Simão e o leva para conhecer Jesus (Jo 1.41,42). No outro dia Jesus também chama Filipe, que, também traz mais um discípulo, Natanael. Os novos amigos e discípulos de Jesus permanecem juntos durante vários dias (Jo 2.12).

O lugar onde ocorreu o chamado dos primeiros discípulos é motivo de controvérsia entre alguns estudiosos dos Evangelhos. Pois, a narrativa dos Evangelhos pode dar impressões diferentes. Segundo João parece que eles foram chamados na Judeia, onde João pregava. Mas de acordo com Mateus o local definido é a Galileia. Os comentaristas geralmente falam de duas chamadas, a primeira na Judeia e a segunda e definitiva, pouco depois, na Galileia quando Jesus iniciou o seu ministério, após saber da prisão de João Batista.

3. Ser discípulo exige fazer algumas renúncias.
O que caracteriza um verdadeiro discípulo de Jesus? É a sua disposição para segui-lo, independente das circunstâncias. A chamada dos discípulos e a resposta imediata deles mostram como se dá a verdadeira conversão. O chamado de Jesus falou mais forte do que os projetos pessoais e familiares daquele grupo de homens.

Mateus mostra que os discípulos abandonaram suas profissões para seguir a Jesus, porém eles não abandonaram seus familiares por completo (Mt 8.14,15; 20.20). Mas, uma coisa é certa, todas as pessoas que se propõe a seguir Jesus terão que fazer algum tipo de renúncia e mudar o estilo de vida.

O chamado para o exercício do ministério é para pessoas ocupadas e que estejam dispostas a seguir Jesus, independente das circunstâncias.

II. O DISCIPULADO COMO ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO

1. O início do ministério de Jesus e a preparação dos discípulos.
Jesus deu início ao seu ministério terreno assim que soube da morte de João. Ele retorna para a Galileia, mas não se estabelece em sua cidade natal, Nazaré, onde foi rejeitado (Lc 4.29). Jesus se muda para Cafarnaum, uma cidade marítima na região de Zebulom e Naftali. Mateus faz questão de enfatizar que Ele não fez isso por acaso, mas para que se cumprissem as Escrituras. Por isso, ele cita Isaías 9.1,2. Uma predição de que os habitantes de Zebulom e Naftali, que estavam em trevas, veriam uma grande luz. Mateus relê o texto de Isaías, apresentando Jesus como essa grande luz que traria a salvação para esse povo. A chamada Galileia dos gentios estava em trevas, distante de Deus e era um campo fértil para conversões.

Jesus não foi para os grandes centros da Judeia e nem comissionou os principais rabinos e mestres de Jerusalém para iniciar o seu ministério. Ele escolhe discípulos da própria região, sem qualificações de liderança. Mas investiu na preparação deles.

A comitiva de Jesus saiu por toda a Galileia pregando, ensinando e realizando diversos milagres. Assim, os discípulos vão sendo preparados “aos pés de Jesus”.

2. A difusão das Boas Novas pelos discípulos.
A estratégia de Jesus deu grande resultado, pois as pessoas que se convertiam se transformavam em novos discípulos para anunciar as Boas Novas. Jesus, como homem, não poderia estar em vários lugares ao mesmo tempo, mas poderia ser representado pelos discípulos.

O envolvimento daqueles que eram alcançados pela mensagem das Boas Novas era tão grande que Mateus registra que as pessoas da região da Galileia, da Judeia, de Jerusalém, dalém do Jordão, inclusive de Decápolis e da Síria, foram alcançadas pelo Evangelho. A mensagem de salvação ultrapassou as fronteiras. E isso se deve ao envolvimento e testemunho dos novos convertidos.

Os discípulos foram aprendizes e testemunhas dos milagres de Jesus, foram propagadores de sua mensagem e instrumentos de Deus para cura dos enfermos. A expansão do Reino de Deus se deu com pessoas simples, porém testemunhas do poder de Deus na vida de Jesus. Eles propagavam com eficácia a mensagem e os feitos de Jesus nas ruas, casas e comércio, de tal forma que milhares de pessoas se convertiam e a cada dia aumentava o grupo de discípulos.

3. A estratégia de discipulado de Jesus continua atualizada.
Ainda hoje, algumas pessoas pensam que a responsabilidade pela propagação do evangelho é somente dos líderes e pregadores. Muitos estão acomodados com a rotina de atividades dentro dos templos. A evangelização deixou de ser prioridade para alguns.

Jesus disse que veio para os doentes e não para os sãos. A Igreja deve atuar como um hospital, um local para acolher os enfermos, mas para isso, precisa de pessoas capacitadas e preparadas para receber e tratá-los adequadamente.

A conversão é uma obra espiritual realizada pelo Espírito Santo, mas fazer discípulos é responsabilidade de cada cristão. Essa era a estratégia de Jesus. As pessoas que ouviam e testemunhavam do poder de Deus eram estimuladas a propagar as Boas-Novas em todos os lugares, de forma simples e objetiva. Com isso as conversões cresciam a cada dia por meio do discipulado. A tarefa da Igreja somente estará completa quando o novo crente for integrado à vida da Igreja e for capacitado para fazer novos discípulos (2Tm 2.2).

Desde o início da Igreja o discipulado tem sido a melhor estratégia de crescimento, pois desenvolve tanto o discipulando como o discipulador.

III. A EFICÁCIA DO ENSINO DO MESTRE (Mt 7.24-29)

1. A didática do Mestre.
A eficácia do ensino de Jesus era surpreendente, pois Ele conseguia falar para um público grande e diversificado e mantê-los atentos por horas. Ele fez uso de várias ilustrações em seus sermões, pois elas conduziam os seus ouvintes a imaginarem a cena citada de tal forma que os discípulos se sentiam participantes ativos.

2. Histórias utilizadas pelo Mestre.
Ao longo do Sermão do Monte, Jesus se utiliza da parábola dos dois alicerces para ressaltar a diferença entre aqueles que ouvem a sua palavra e a pratica; e os que somente a ouvem. Jesus mostra que a primeira casa foi muito bem construída, pois o seu construtor a estabeleceu sobre um fundamento seguro, a rocha. Jesus compara o construtor prudente à pessoa que ouve os seus ensinos e os coloca em prática. O Mestre ensina que a nossa vida (nossa casa) é construída mediante as nossas escolhas e que estas vão interferir em nosso futuro. Na segunda casa, o construtor utiliza a areia como fundamento e tal ilustração chama a atenção para as práticas dos escribas, fariseus e os líderes religiosos que viviam uma espiritualidade superficial e hipócrita. Jesus mostra que a primeira casa se manterá de pé, mesmo diante das intempéries da vida, mas a segunda será destruída. Sobre qual fundamento você tem construído sua casa?

3. O ensino de Jesus era único e causava admiração (Mt 7.28,29).
Apesar de tudo que já foi escrito a respeito do Mestre, o estudo de sua vida e obra continua edificando, exortando, consolando seus discípulos e lhes causando admiração. Por isso, não é de se estranhar o entusiasmo das multidões ao ouvir seus sermões (v.28).

Os métodos utilizados por Jesus em seu ensino não eram novos; a grande maioria era conhecida, principalmente pelos mestres judeus. No entanto, a maestria com que Ele os utilizava fazia uma grande diferença no aprendizado dos seus ouvintes e os deixavam maravilhados. Porém, isso não era o que mais impressionava e causava admiração nos seus discípulos e naqueles que o ouviam. O que chamava a atenção do povo era a coerência entre o que Jesus ensinava e o seu modo de vida. Enquanto os escribas, fariseus e demais líderes viviam de aparência e falsas ostentações, o discurso de Jesus era coerente com sua prática. Os anos passam, mas seus ensinos continuam admiráveis, inigualáveis e capazes de transformar o mais vil pecador em filho de Deus, tornando-o “um pescador de homens” (Mt 4.19).

Jesus, com a sua metodologia de ensino e com a sua autoridade, fazia com que multidões o ouvissem voluntariamente por horas.


CONCLUSÃO

Nesta lição, aprendemos que Jesus escolheu os discípulos e investiu tempo para capacitá-los a fim de que se tornassem discipuladores. Isso exigiu deles renúncias pessoais, profissionais e até mesmo familiares. Aprendemos também que o modelo de discipulado de Jesus continua atual e eficiente para o crescimento da Igreja na atualidade.



Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

Aqui eu Aprendi!

sábado, 24 de junho de 2017

A descisão crucial do Discípulo: Ouvir e Praticar

Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito” Tg 1.25

O momento mais importante de um período de aprendizado é, sem dúvida alguma, quando o educando decide reorientar sua vida de acordo com as informações e os saberes apreendidos. É o que se chama de práxis, ou seja, a prática instruída pela teoria e esta modificada e readequada por aquela. Consiste em agir de forma refletida e refletir de forma ativa. O Senhor Jesus Cristo disse aos seus discípulos que se eles tinham entendido o que Ele ensinara com o ato de lavar os pés de cada um deles, “bem-aventurados” seriam se praticassem (Jo 13.17). Toda instrução que não gera prática precisa se questionar. As pessoas entenderam o que lhes fora transmitido? Se não, o professor deve perguntar a si mesmo acerca de sua didática, de sua maneira de transmitir e lecionar. Vencida essa etapa e tendo certeza de que se fez entender, o educador deve perscrutar a sua própria prática. O quanto acredita, vive e age de acordo com as lições que ensina. É fato que o Evangelho é maior que qualquer pessoa ou instituição, mas a incoerência é um excelente “pedagogo”, posto que “ensina” mais e melhor que qualquer método. Portanto, a legitimidade, não apenas do conteúdo, mas de qualquer mestre, está visceralmente relacionada à forma com que ele pratica e persegue como alvo a mensagem que leciona.

TEXTO BÍBLICO:  Mateus 7.24-29

INTRODUÇÃO

O Mestre finaliza o Sermão do Monte chamando-nos a todos a que tomemos uma decisão séria diante do que ouvimos (Mt 7.24-27). Tal postura se contrasta com a dos mestres religiosos de Israel, posto que eles mesmos não cumpriam as lições transmitidas em seus ensinamentos (Mt 23.1-38). Agindo dessa forma, Jesus evidencia claramente que não tem interesse algum em fundar uma escola de interpretação, tornar-se tema de debate ou mesmo um rabino popular por suas diferentes leituras da Lei. Seu objetivo é fazer com que as pessoas conheçam e vivam a verdade que pode salvá-las em tempos de aflição (Jo 6.60-69; 10.10). Finalmente, os últimos dois versículos do capítulo sete são da pena de Mateus que observa e assinala a reação do povo diante de tudo o que acabara de ouvir (vv.28,29).

A justiça do Reino não é um amontoado de regras que serve para debates, trata-se de posturas e atitudes que precisam ser vivenciadas e praticadas.

I. O HOMEM PRUDENTE QUE CONSTRUIU SUA VIDA EM UM TERRENO SEGURO

1. A imprescindibilidade da obediência no Antigo Testamento.
Diferente das divindades pagãs das nações ao redor da Terra Prometida, o Deus de Israel nunca exigiu coisa alguma de seu povo que não a obediência (1Sm 15.22). Através de Jeremias, Deus revela que até mesmo os rituais veterotestamentários nunca foram sua preocupação, e sim a obediência (Jr 7.21-26).

2. A relação entre obediência e bênção no Antigo Testamento.
A despeito de o pensamento corrente afirmar que havia uma conexão automática e mecânica entre obediência e bênção no Antigo Testamento, uma leitura mais atenta dos textos demonstra que o próprio ato de obedecer já era algo abençoador (Lv 26.1-13; Dt 28.1-14). Isso porque havia regras quanto ao cuidado com a terra, consigo e no relacionamento interpessoal, só para citar algumas, e em sua observância residia a “bênção” pessoal e comunitária (Lv 25).

3. A escolha sensata.
Tendo em mente esse aspecto da Antiga Aliança, é importante entender que o Mestre chega ao fim de seu sermão apelando não para uma memorização irrefletida do que Ele dissera acerca da justiça do Reino, mas à prática de tal justiça, pois em tal ação há segurança existencial (v.24). O Mestre não disse que se o discípulo atentasse para o seu ensinamento não teria problemas, justamente o contrário, Ele sinalizou o imprescindível fato de que aquele que o colocasse em prática podia ser comparado ao homem prudente que construiu sua casa sobre um fundamento seguro. A metáfora utilizada por Jesus, isto é, a construção comparada à vida, e as intempéries exemplificadas na “chuva”, “rios” e “ventos”, significando os problemas e dificuldades comuns a todos, demonstra que a observância da justiça do Reino é, tal como na Antiga Aliança, para o nosso próprio bem (v.25).

A justiça do Reino, tal como na Antiga Aliança, é para o nosso próprio bem.

II. O HOMEM INSENSATO QUE CONSTRUIU A SUA VIDA SOBRE UM TERRENO INSEGURO

1. O tema da desobediência no Antigo Testamento.
Semelhantemente ao assunto da obediência, o tema da desobediência era a tônica no Antigo Testamento (Jr 7.23-26; 25.1-11; 44.4,5). Ela era o grande conteúdo das mensagens proféticas (Jr 26.1-6).

2. A relação entre desobediência e maldição no Antigo Testamento.
Conquanto pareça haver um resultado automático entre desobediência e maldição, desde o pecado de Adão, tal resultado raramente se dá em linha reta (Gn 2.16,17; 3.1-24). Entretanto, suas consequências são inevitáveis (Gn 3.17-19; Lv 26.14-39; Dt 28.15-68) e, às vezes, duradouras (Rm 5.12-14). Contudo, é importante lembrar-se de que, ainda no período da Antiga Aliança, Deus “mudou” o resultado da desobediência no que diz respeito à abrangência e implicações, ou seja, havendo arrependimento, Deus sempre está disposto a mudar sua sentença (Êx 20.5,6 cf. Jr 31.29,30 e Ez 18.1-32; Jn 4.10,11 cf. 3.1-10).

3. A escolha insana.
O quadro da última cena mostrada pelo Mestre é a do homem insensato, ou imprudente, que devido à pressa ou mesmo por desleixo, resolve construir sua casa sobre um terreno arenoso e movediço, isto é, inseguro (v.26). Quando as dificuldades que acometem a todos, indistintamente lhe sobrevieram, sua “casa” desabou, ou seja, sua vida, e foi “grande a sua queda” (v.27). Da mesma forma que na Antiga Aliança, a desobediência está relacionada à derrocada e aos efeitos danosos de todos que decidem por tomar o caminho contrário ao que o Senhor propõe (Pv 14.12).

A maldição é o contrário da bênção e, resultando ou não em infortúnio, é o contrário do que Deus planejou para o seu povo.

III. A RADICALIDADE DO ENSINAMENTO DE JESUS

1. A simplicidade da doutrina de Jesus Cristo e a admiração do povo.
Enquanto a “Lei oral” possuía 613 preceitos, e os escribas debatiam entre as várias escolas de interpretação sobre qual deles era o mais importante, tendo sempre que se subordinar à interpretação dada pelo fundador de tal escola, a doutrina do Mestre era simples, direta e facilmente inteligível (v.28), levando o povo a ficar admirado (Mc 1.27).

2. A autoridade do Mestre.
O motivo da admiração do povo era não apenas a simplicidade do ensinamento de Cristo, mas também o fato de Ele não ter preocupação alguma com o que a “tradição dos anciãos” dizia, isto é, a “Lei oral” não era divina, mas uma interpretação humana acerca da Lei de Moisés (Mt 15.1-20). Por isso, o Mestre não tinha compromisso algum com ela, e sim com o espírito da Lei do Senhor em si, daí porque Ele dissera seis vezes durante o sermão: “Ouviste o que foi dito, eu, porém, vos digo” (Mt 5.21,22,27,28,31-34,38,39,43,44). Ele não ensinava como os doutores da Lei de sua época, mas com a autoridade dada pelo Pai (v.29).

3. A radicalidade da justiça do Reino.
O Mestre coloca acertadamente, nas mãos do próprio ouvinte, a responsabilidade e o desafio deste ouvir e proceder conforme o que Ele acabara de ensinar. Na verdade, só pode ser discípulo dEle, quem decide proceder conforme a justiça do Reino. Não há possibilidade alguma de seguir o Mestre como um mero repetidor de conteúdos, pois a radicalidade da justiça do Reino não requer nada menos que a prática e a imitação do Mestre (Mt 10.16-42; 16.24-26).

A prática da justiça do Reino significa que já somos de Cristo e estamos salvos.

CONCLUSÃO

Como Mateus escreve a judeus e estes têm Moisés como o maior dos profetas, ele mostra o Mestre, tal como Moisés, promulgando a nova justiça do alto de um monte (Êx 31.12-32.1 cf. Mt 5.1). O ex-funcionário estatal conclui de forma magistral seu registro do Sermão do Monte, mostrando o povo admirado da doutrina do Filho de Deus, em clara substituição da forma dos escribas ensinar.


SUBSÍDIOS
A Conclusão do Sermão (7.24-29)

a) Ilustração Final (7.24-27). Aquele que ouve e pratica é como um homem que construiu a sua casa sobre a rocha. Quando as tempestades batem contra a casa com toda a sua fúria, ela ainda permanece firme. O termo enchente, utilizado por algumas versões, significa, literalmente, rios. O clima da Palestina é como o do sul da Califórnia, sob muitos aspectos. Os leitos dos rios ficam secos durante a maior parte do ano. Mas quando as chuvas do inverno e da primavera chegam, surgem as inundações. Jesus retratou o ouvinte descuidado como um homem que de forma insensata construiu a sua casa sobre a areia, e então a perdeu. As casas na Palestina são em sua maioria construídas com pedras ou com tijolos secos ao sol. Quando as tempestades dissolvem a argamassa, as paredes tendem a cair.

b) A Reação da Multidão (7.28-29). Quando Jesus concluiu o seu sermão, o povo se admirou da sua doutrina ou melhor, do seu ‘ensino’. Ele ensinava com autoridade (29). As pessoas comuns sentiram a sua autoridade divina, que faltava aos escribas, e a reverenciaram. Os escribas tinham o hábito de citar antigos mestres como apoio aos seus ensinos” (CHILDERS, Charles L.; EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood (Eds.) Comentário Bíblico Beacon. Mateus a Lucas. Volume 6. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, p.69).

O Epílogo do Sermão (7.28,29)
É evidente que Mateus quer que esta seja a conclusão da primeira seção principal dos ensinos de Jesus, porque ele encerra com as palavras: ‘Concluindo Jesus este discurso’ (v.28). Cada uma das cinco principais unidades pedagógicas que Mateus apresenta tem um desfecho narrativo semelhante (Mt 7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1). Jesus é o novo Moisés que tem cinco apresentações principais da lei nova ou Torá, da mesma maneira que Moisés teve cinco livros da lei no Pentateuco [...].

O que se segue é uma observação da resposta das multidões aos ensinos de Jesus, os quais elas reconhecem que são autorizados, ao contrário dos ensinos dos mestres da lei (veja também Mc 1.21-27; Lc 4.31-37). Mateus está direcionando o espanto das pessoas para as afirmações de Jesus, a fim de que Ele seja o Intérprete da nova lei, cujas palavras serão a base de julgamento no ajuste de contas do tempo do fim” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.62).


Fonte: Lições Bíblicas CPAD Jovens - 2º trim.2017 - O Sermão do Monte - A Justiça sob a ótica de Jesus - Comentarista César Moisés Carvalho 

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quinta-feira, 15 de junho de 2017

Uma séria advertência aos Discípulos

E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” Lc 6.46



Se por um lado a igreja evangélica brasileira caminhou, por muitas décadas, sob o peso de uma religiosidade que em nada se parecia com o Evangelho, por outro, adentramos em um tempo em que a falta de compromisso e a irreverência tomaram conta. Vivemos uma época em que, infelizmente, quase não se conhece a Bíblia. A despeito de tantas versões do Livro Sagrado, não há uma preocupação em conhecer mais da Palavra de Deus. Nunca se viu tanta literatura, mas ao mesmo tempo, tanta gente reproduzindo frases nas redes sociais, algumas até antibíblicas, como se fossem parte da Escritura. Antigamente ouvíamos falar em pessoas que eram apenas “crentes nominais”, pois nada tinham com a igreja. Atualmente, as igrejas são até frequentadas, mas cabe perguntar acerca da qualidade dos hinos, ou seja, de suas letras, o quanto são bíblicas ou apenas produto da imaginação formada pelo pragmatismo religioso. Os templos, alguns apinhados, por conta de pregadores famosos, parecem mais entreter que desafiar os crentes. A despeito de tudo isso, a advertência de Jesus Cristo continua atual e ainda há muitos servos do Senhor comprometidos com ela. Aos que levam uma vida sem qualquer respeito para com o Senhor, ainda que falando em nome dEle, ouvirão naquele dia que o Mestre não os conhece.

TEXTO BÍBLICO:  Mateus 7.21-23

21 — Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 — Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?
23 — E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.

INTRODUÇÃO

Em face da seriedade de tudo que anteriormente foi exposto, o Mestre agora sublinha a gravidade de se observar o que Ele disse e não apenas atentar, de maneira interesseira, para as capacitações espirituais disponíveis aos que se colocam a dar continuidade à missão iniciada pelo Senhor e confiada aos discípulos. Fazer estas e não observar aquela resultará em uma grande decepção e, finalmente, numa sentença terrível. A penúltima lição soa como uma séria advertência aos que atenderam ao chamado do Mestre, ou seja, todos os discípulos que se dispõe a fazer a obra de Deus, pois Cristo nos ensina que é preciso fazer a sua obra sem, contudo, deixar de cumprir a vontade do Pai. Jesus tinha autoridade para falar acerca desse assunto, visto que Ele dissera que não veio fazer a sua vontade própria, mas sim a daquEle que havia lhe enviado (Jo 6.38). É legítimo que façamos a obra, porém, ela deve ser realizada segundo a vontade do Pai (1Co 3.10,11).

I. NÃO BASTA PRONUNCIAR. É PRECISO RESPEITAR E FAZER A VONTADE DE DEUS

1. Não basta chamar a Deus de Pai ou Senhor.
Através de Malaquias, o último profeta literário do Antigo Testamento, Deus repreende os líderes do povo escolhido dizendo: “O filho honrará o pai, e o servo, ao seu senhor; e, se eu sou Pai, onde está a minha honra? E, se eu sou Senhor, onde está o meu temor? — diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome e dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?” (Ml 1.6). No questionamento, o Senhor deixa claro que de nada adianta dirigir-se a Ele chamando-o de Pai ou Senhor, mas não honrá-lo ou obedecê-lo como tal, pois isso é hipocrisia.

2. A pronúncia mecânica que em nada resultará.
Da mesma maneira que no Antigo Testamento o Senhor repreendeu aqueles que o chamavam de Senhor, mas não o honrava, o Mestre diz que nem todo aquele que lhe diz “Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos céus” (v.21). Apesar de a confissão ser importante, ela só tem valor se vier acompanhada do reconhecimento que lhe corresponda. Do contrário, é mera pronúncia mecânica e nada mais.

3. Praticando a vontade de Deus.
No complemento ao ensino de que pronunciar “Senhor” mecanicamente não será capaz de proporcionar à pessoa sua entrada no Reino dos céus, o Mestre diz que tal está reservado somente àquele que faz a vontade do Pai. O que Ele estava ensinando é que chamá-lo de Senhor, mas não fazer a vontade de seu Pai, isto é, obedecer o que anteriormente foi exposto como justiça do Reino, não tem valor algum (Mt 5.20-6.34). Confessando Jesus como nosso Senhor e fazendo a vontade do Pai nos tornamos discípulos de forma integral e coerente (Mt 21.28-32).



Confessar Jesus Cristo, em espírito e em verdade, não é apenas fazer uma pronúncia mecânica, antes, significa fazer a vontade de Deus.

II. ADQUIRINDO STATUS COM A OBRA DE DEUS E RECEBENDO UMA DURA SENTENÇA

1. A alegria de ver as maravilhas de Deus.
Conforme vimos na lição anterior, Deus mesmo permite que determinados sinais aconteçam sem que, no entanto, o tal realizador tenha compromisso algum com Ele (Dt 13.1-5). A Palavra de Deus diz que a “manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1Co 12.7), sendo assim, é preciso entender que tal utilidade é aferida pelo próprio Espírito, e não por nós mesmos. Ao enviar os setenta discípulos para fazer a obra de Deus, o Mestre notou que eles voltaram regozijando e cheios de alegria (Lc 10.1-17). Tal felicidade é legítima, pois realmente é maravilhoso ver Deus realizar prodígios por intermédio de nossas vidas.

2. O perigo do status.
Conquanto seja algo maravilhoso realizar a obra de Deus, é preciso ter muito cuidado para não querer usurpar a glória que pertence somente a Deus (Is 42.8). É fato que todos aqueles que realizam a obra do Senhor sejam notados e distinguidos. Porém, é preciso maturidade e lucidez para reconhecer-se apenas como canal e não portador do poder de Deus (At 3.11-16). Na visão materialista, ser canal de Deus gera tanto status que já houve quem quisesse comprar tais dons (At 8.17-24).

3. Uma dura sentença aos que fizeram a obra de Deus sem compromisso com o Senhor.
O Mestre diz que “naquele Dia” (v.22), isto é, no momento do juízo, os que aqui realizaram a obra de Deus sem compromisso com Ele, sem fazer a vontade do Pai, desfrutando apenas do status proporcionado por aqueles a quem o Espírito usa, não compreenderão por que estão sendo condenados mesmo depois de profetizar, expulsar demônios e fazer muitas outras maravilhas. A sentença será dura. O Mestre demonstra não os conhecer, pois pela condenação, percebe-se que tais pessoas apenas usufruíram, de forma desonrosa, e para praticar coisas erradas, do poder que lhes fora conferido por Deus (v.23).

Será muito triste descobrir-se, no dia do juízo, como alguém desconhecido por Jesus.

III. UMA ADVERTÊNCIA PARA O SACERDÓCIO ATUAL

1. A Grande Comissão.
A incumbência do Senhor aos seus discípulos, de que continuassem e dessem prosseguimento ao que Ele começou, é conhecida como a “Grande Comissão” (Mt 28.19-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21). Além da pregação e do discipulado, ela envolve a operação de milagres da parte do Espírito de Deus (Lc 10.19).

2. A verdadeira alegria dos discípulos.
Ao enviar os setenta, os milagres aconteceram, e os discípulos voltaram felizes por isso (Lc 10.1-17). Ciente do perigo que tal “alegria” pode trazer se extrapolar o nível tolerado, o Mestre relembra-os: “Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus” (Lc 10.20). Esta deve ser a verdadeira alegria de todo discípulo.

3. O sacerdócio atual.
Na atualidade, a igreja toda, pelo fato de ela ser formada pelos discípulos do Mestre, é chamada a realizar a obra de Deus. O apóstolo Pedro diz que nós, que não éramos povo, agora somos e temos tal incumbência, isto é, somos “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). Portanto, cuidemos para que a obra de Deus seja realizada, mas que igualmente pratiquemos a vontade de Deus, para que não venhamos a ouvir a dura sentença, mas, diferentemente, o bem-vindo amoroso do Mestre: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34b).

A realização da obra de Deus é uma obrigação dos discípulos. Mas devemos fazê-la com temor e cuidado.

CONCLUSÃO

A advertência do Mestre aos seus discípulos é oportuna, pois muitos iniciam bem, mas acabam se desvirtuando durante o trajeto. Continuemos a fazer a obra de Deus, sem descuidar com a necessidade de fazer a vontade do Pai, visto que, ao final, é isso que contará.

SUBSÍDIO
Falsa Profissão de Fé (7.21-23)
Enquanto a advertência anterior estava particularmente voltada aos líderes religiosos, esta trata do grupo de membros dentro da Igreja. O verdadeiro teste do discipulado é a obediência. Nem mesmo a pregação e a operação de milagres em Nome de Jesus Cristo prova que uma pessoa é aceita diante de Deus. O termo demônio, diabolos (‘Diabo’) é sempre singular no grego. A palavra aqui é plural, daimonia, ‘demônios’. A penalidade para a desobediência é a separação de Deus” (CHILDERS, Charles L.; EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood (Eds.) Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Volume 6. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, p.69).

“7.22 Muitos me dirão naquele dia
Nos versículos 22,23, Jesus declara enfaticamente que ‘muitos’ que profetizam, pregam ou realizam milagres em seu nome estão enganados, pensando que são servos de Deus quando, na realidade, Ele não os conhece. Para não ser enganado nos últimos dias, o dirigente de igreja, ou qualquer outro discípulo, deve apegar-se totalmente à verdade e à justiça reveladas na Palavra de Deus [...], e não considerar o ‘sucesso ministerial’ como padrão de avaliação no seu relacionamento com Cristo” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, pp.1399-400).


Fonte: Lições Bíblicas CPAD Jovens - 2º trim.2017 - O Sermão do Monte - A Justiça sob a ótica de Jesus - Comentarista César Moisés Carvalho 


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