“E
disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” Mt 4.19
“Discípulo era um termo comum no século I para uma pessoa que era um seguidor compromissado de um líder religioso, filosófico ou político. No mundo judaico, o termo era particularmente usado para os estudantes de um rabi, o mestre religioso. Nos Evangelhos, João Batista e os fariseus tinham grupos de discípulos (Mc 2.18; Mt 22.15,16). Esses discípulos, com frequência, eram os alunos mais promissores que passaram pelo sistema de educação judaica — os que já tinham memorizado as Escrituras hebraicas e demonstraram o potencial para aprender os ensinamentos específicos dos rabis sobre a Lei e os profetas a fim de que pudesse ensinar isso a outros. Portanto, era uma grande honra e responsabilidade ser chamado por um rabi para ser seu discípulo. Os discípulos aprenderam os ensinamentos de seu rabi vivendo com ele e seguindo-o aonde quer que vá. Uma frase daquele tempo descrevia os discípulos como aqueles que ‘ficavam cobertos pela poeira do rabi’, porque, literalmente, seguiam de muito perto seus mestres” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.69).
O
chamado de Jesus e a afirmação de que a seara é grande e os ceifeiros são
poucos continuam atuais.
Texto
Bíblico: Mateus 4.18-25
INTRODUÇÃO
Ninguém pode fazer a obra de Deus sozinho,
por isso Jesus, o Filho de Deus, chamou alguns discípulos para estar mais
próximos e ajudarem em seu ministério. O Mestre investiu tempo para preparar
estes primeiros discípulos, a fim de que eles dessem continuidade à sua missão
depois da sua partida.
Jesus comissionou os primeiros discípulos e
começou o seu ministério de evangelização na região da Galileia, logo que soube
que João estava preso. O início da pregação na região da Galileia e a
preparação dos discípulos foram fundamentais para a expansão do Evangelho.
I. CHAMADOS PARA SEREM PESCADORES DE HOMENS
A escolha do discípulo era de grande
responsabilidade, pois ele seria o sucessor do mestre para discipular as
futuras gerações. No judaísmo, o discípulo era alguém formado aos pés de um
rabi, o mestre religioso, portanto era algo honroso, mas acompanhado de grande
responsabilidade. João Batista e os fariseus também tinham grupos de discípulos
(Mt 22.15,16; Mc 2.18).
Para ser convocado pelo mestre, o discípulo
deveria apresentar algumas qualificações, como por exemplo, ter memorizado a
Torá, além de possuir potencial para se tornar um mestre no futuro. Ele também
precisava ser próximo de seu mestre, pois a partir da escolha deveriam ter uma
vida em comum por um longo período. A princípio pode parecer que Jesus não teve
o devido cuidado na escolha dos primeiros discípulos. O texto descreve a
escolha a partir de um encontro casual e repentino, durante uma caminhada junto
ao mar. Por isso, a necessidade de analisar esta narrativa de Mateus em
conjunto com os demais Evangelhos, pois as informações se complementam. Cada um
dos evangelistas teve o seu objetivo na hora de escrever os Evangelhos, com
destinatários específicos e informações que seguiam também as necessidades
específicas.
2. A escolha dos discípulos.
Quando o chamado dos primeiros discípulos é
analisado em conjunto com outros Evangelhos é possível perceber que Jesus os
conhecia antes de chamá-los e os preparou depois da chamada. Diferente do que
aparenta a leitura isolada de Mateus, João nos dá mais detalhes a este respeito
(Jo 1.35-56). André, o primeiro discípulo a ser chamado já havia abandonado o
negócio de pescaria da família para ser discípulo de João Batista e deve ter
visto Jesus pela primeira vez quando este foi batizado por João. Quando ouve
João dizer que Jesus era o Cordeiro de Deus, ele segue a Jesus até sua casa e
passa o dia com o Mestre. No dia seguinte André encontra seu irmão Simão e o
leva para conhecer Jesus (Jo 1.41,42). No outro dia Jesus também chama Filipe,
que, também traz mais um discípulo, Natanael. Os novos amigos e discípulos de
Jesus permanecem juntos durante vários dias (Jo 2.12).
O lugar onde ocorreu o chamado dos primeiros
discípulos é motivo de controvérsia entre alguns estudiosos dos Evangelhos.
Pois, a narrativa dos Evangelhos pode dar impressões diferentes. Segundo João parece
que eles foram chamados na Judeia, onde João pregava. Mas de acordo com Mateus
o local definido é a Galileia. Os comentaristas geralmente falam de duas
chamadas, a primeira na Judeia e a segunda e definitiva, pouco depois, na
Galileia quando Jesus iniciou o seu ministério, após saber da prisão de João
Batista.
3. Ser discípulo exige fazer algumas
renúncias.
O que caracteriza um verdadeiro discípulo de
Jesus? É a sua disposição para segui-lo, independente das circunstâncias. A
chamada dos discípulos e a resposta imediata deles mostram como se dá a
verdadeira conversão. O chamado de Jesus falou mais forte do que os projetos
pessoais e familiares daquele grupo de homens.
Mateus mostra que os discípulos abandonaram
suas profissões para seguir a Jesus, porém eles não abandonaram seus familiares
por completo (Mt 8.14,15; 20.20). Mas, uma coisa é certa, todas as pessoas que
se propõe a seguir Jesus terão que fazer algum tipo de renúncia e mudar o
estilo de vida.
O
chamado para o exercício do ministério é para pessoas ocupadas e que estejam
dispostas a seguir Jesus, independente das circunstâncias.
II. O
DISCIPULADO COMO ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO
Jesus deu início ao seu ministério terreno
assim que soube da morte de João. Ele retorna para a Galileia, mas não se
estabelece em sua cidade natal, Nazaré, onde foi rejeitado (Lc 4.29). Jesus se
muda para Cafarnaum, uma cidade marítima na região de Zebulom e Naftali. Mateus
faz questão de enfatizar que Ele não fez isso por acaso, mas para que se
cumprissem as Escrituras. Por isso, ele cita Isaías 9.1,2. Uma predição de que
os habitantes de Zebulom e Naftali, que estavam em trevas, veriam uma grande
luz. Mateus relê o texto de Isaías, apresentando Jesus como essa grande luz que
traria a salvação para esse povo. A chamada Galileia dos gentios estava em
trevas, distante de Deus e era um campo fértil para conversões.
Jesus não foi para os grandes centros da
Judeia e nem comissionou os principais rabinos e mestres de Jerusalém para
iniciar o seu ministério. Ele escolhe discípulos da própria região, sem
qualificações de liderança. Mas investiu na preparação deles.
A comitiva de Jesus saiu por toda a Galileia
pregando, ensinando e realizando diversos milagres. Assim, os discípulos vão
sendo preparados “aos pés de Jesus”.
2. A difusão das Boas Novas pelos discípulos.
A estratégia de Jesus deu grande resultado,
pois as pessoas que se convertiam se transformavam em novos discípulos para
anunciar as Boas Novas. Jesus, como homem, não poderia estar em vários lugares
ao mesmo tempo, mas poderia ser representado pelos discípulos.
O envolvimento daqueles que eram alcançados
pela mensagem das Boas Novas era tão grande que Mateus registra que as pessoas
da região da Galileia, da Judeia, de Jerusalém, dalém do Jordão, inclusive de
Decápolis e da Síria, foram alcançadas pelo Evangelho. A mensagem de salvação
ultrapassou as fronteiras. E isso se deve ao envolvimento e testemunho dos
novos convertidos.
Os discípulos foram aprendizes e testemunhas
dos milagres de Jesus, foram propagadores de sua mensagem e instrumentos de
Deus para cura dos enfermos. A expansão do Reino de Deus se deu com pessoas
simples, porém testemunhas do poder de Deus na vida de Jesus. Eles propagavam
com eficácia a mensagem e os feitos de Jesus nas ruas, casas e comércio, de tal
forma que milhares de pessoas se convertiam e a cada dia aumentava o grupo de
discípulos.
3. A estratégia de discipulado de Jesus
continua atualizada.
Ainda hoje, algumas pessoas pensam que a
responsabilidade pela propagação do evangelho é somente dos líderes e
pregadores. Muitos estão acomodados com a rotina de atividades dentro dos
templos. A evangelização deixou de ser prioridade para alguns.
Jesus disse que veio para os doentes e não
para os sãos. A Igreja deve atuar como um hospital, um local para acolher os
enfermos, mas para isso, precisa de pessoas capacitadas e preparadas para
receber e tratá-los adequadamente.
A conversão é uma obra espiritual realizada
pelo Espírito Santo, mas fazer discípulos é responsabilidade de cada cristão.
Essa era a estratégia de Jesus. As pessoas que ouviam e testemunhavam do poder
de Deus eram estimuladas a propagar as Boas-Novas em todos os lugares, de forma
simples e objetiva. Com isso as conversões cresciam a cada dia por meio do
discipulado. A tarefa da Igreja somente estará completa quando o novo crente
for integrado à vida da Igreja e for capacitado para fazer novos discípulos
(2Tm 2.2).
Desde o
início da Igreja o discipulado tem sido a melhor estratégia de crescimento,
pois desenvolve tanto o discipulando como o discipulador.
III. A
EFICÁCIA DO ENSINO DO MESTRE (Mt 7.24-29)
A eficácia do ensino de Jesus era
surpreendente, pois Ele conseguia falar para um público grande e diversificado
e mantê-los atentos por horas. Ele fez uso de várias ilustrações em seus
sermões, pois elas conduziam os seus ouvintes a imaginarem a cena citada de tal
forma que os discípulos se sentiam participantes ativos.
2. Histórias utilizadas pelo Mestre.
Ao longo do Sermão do Monte, Jesus se utiliza
da parábola dos dois alicerces para ressaltar a diferença entre aqueles que
ouvem a sua palavra e a pratica; e os que somente a ouvem. Jesus mostra que a
primeira casa foi muito bem construída, pois o seu construtor a estabeleceu
sobre um fundamento seguro, a rocha. Jesus compara o construtor prudente à
pessoa que ouve os seus ensinos e os coloca em prática. O Mestre ensina que a
nossa vida (nossa casa) é construída mediante as nossas escolhas e que estas
vão interferir em nosso futuro. Na segunda casa, o construtor utiliza a areia
como fundamento e tal ilustração chama a atenção para as práticas dos escribas,
fariseus e os líderes religiosos que viviam uma espiritualidade superficial e
hipócrita. Jesus mostra que a primeira casa se manterá de pé, mesmo diante das
intempéries da vida, mas a segunda será destruída. Sobre qual fundamento você
tem construído sua casa?
3. O ensino de Jesus era único e causava
admiração (Mt 7.28,29).
Apesar de tudo que já foi escrito a respeito do
Mestre, o estudo de sua vida e obra continua edificando, exortando, consolando
seus discípulos e lhes causando admiração. Por isso, não é de se estranhar o
entusiasmo das multidões ao ouvir seus sermões (v.28).
Os métodos utilizados por Jesus em seu ensino
não eram novos; a grande maioria era conhecida, principalmente pelos mestres
judeus. No entanto, a maestria com que Ele os utilizava fazia uma grande
diferença no aprendizado dos seus ouvintes e os deixavam maravilhados. Porém,
isso não era o que mais impressionava e causava admiração nos seus discípulos e
naqueles que o ouviam. O que chamava a atenção do povo era a coerência entre o
que Jesus ensinava e o seu modo de vida. Enquanto os escribas, fariseus e
demais líderes viviam de aparência e falsas ostentações, o discurso de Jesus
era coerente com sua prática. Os anos passam, mas seus ensinos continuam
admiráveis, inigualáveis e capazes de transformar o mais vil pecador em filho
de Deus, tornando-o “um pescador de homens” (Mt 4.19).
Jesus,
com a sua metodologia de ensino e com a sua autoridade, fazia com que multidões
o ouvissem voluntariamente por horas.
CONCLUSÃO
Nesta lição, aprendemos que Jesus escolheu os
discípulos e investiu tempo para capacitá-los a fim de que se tornassem
discipuladores. Isso exigiu deles renúncias pessoais, profissionais e até mesmo
familiares. Aprendemos também que o modelo de discipulado de Jesus continua
atual e eficiente para o crescimento da Igreja na atualidade.
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves
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