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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Os primeiros Discípulos

“E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” Mt 4.19


“Discípulo era um termo comum no século I para uma pessoa que era um seguidor compromissado de um líder religioso, filosófico ou político. No mundo judaico, o termo era particularmente usado para os estudantes de um rabi, o mestre religioso. Nos Evangelhos, João Batista e os fariseus tinham grupos de discípulos (Mc 2.18; Mt 22.15,16). Esses discípulos, com frequência, eram os alunos mais promissores que passaram pelo sistema de educação judaica — os que já tinham memorizado as Escrituras hebraicas e demonstraram o potencial para aprender os ensinamentos específicos dos rabis sobre a Lei e os profetas a fim de que pudesse ensinar isso a outros. Portanto, era uma grande honra e responsabilidade ser chamado por um rabi para ser seu discípulo. Os discípulos aprenderam os ensinamentos de seu rabi vivendo com ele e seguindo-o aonde quer que vá. Uma frase daquele tempo descrevia os discípulos como aqueles que ‘ficavam cobertos pela poeira do rabi’, porque, literalmente, seguiam de muito perto seus mestres” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.69).

O chamado de Jesus e a afirmação de que a seara é grande e os ceifeiros são poucos continuam atuais.

Texto Bíblico: Mateus 4.18-25

INTRODUÇÃO

Ninguém pode fazer a obra de Deus sozinho, por isso Jesus, o Filho de Deus, chamou alguns discípulos para estar mais próximos e ajudarem em seu ministério. O Mestre investiu tempo para preparar estes primeiros discípulos, a fim de que eles dessem continuidade à sua missão depois da sua partida.

Jesus comissionou os primeiros discípulos e começou o seu ministério de evangelização na região da Galileia, logo que soube que João estava preso. O início da pregação na região da Galileia e a preparação dos discípulos foram fundamentais para a expansão do Evangelho.

I. CHAMADOS PARA SEREM PESCADORES DE HOMENS

1. O discípulo recebia formação aos pés do seu mestre.
A escolha do discípulo era de grande responsabilidade, pois ele seria o sucessor do mestre para discipular as futuras gerações. No judaísmo, o discípulo era alguém formado aos pés de um rabi, o mestre religioso, portanto era algo honroso, mas acompanhado de grande responsabilidade. João Batista e os fariseus também tinham grupos de discípulos (Mt 22.15,16; Mc 2.18).

Para ser convocado pelo mestre, o discípulo deveria apresentar algumas qualificações, como por exemplo, ter memorizado a Torá, além de possuir potencial para se tornar um mestre no futuro. Ele também precisava ser próximo de seu mestre, pois a partir da escolha deveriam ter uma vida em comum por um longo período. A princípio pode parecer que Jesus não teve o devido cuidado na escolha dos primeiros discípulos. O texto descreve a escolha a partir de um encontro casual e repentino, durante uma caminhada junto ao mar. Por isso, a necessidade de analisar esta narrativa de Mateus em conjunto com os demais Evangelhos, pois as informações se complementam. Cada um dos evangelistas teve o seu objetivo na hora de escrever os Evangelhos, com destinatários específicos e informações que seguiam também as necessidades específicas.

2. A escolha dos discípulos.
Quando o chamado dos primeiros discípulos é analisado em conjunto com outros Evangelhos é possível perceber que Jesus os conhecia antes de chamá-los e os preparou depois da chamada. Diferente do que aparenta a leitura isolada de Mateus, João nos dá mais detalhes a este respeito (Jo 1.35-56). André, o primeiro discípulo a ser chamado já havia abandonado o negócio de pescaria da família para ser discípulo de João Batista e deve ter visto Jesus pela primeira vez quando este foi batizado por João. Quando ouve João dizer que Jesus era o Cordeiro de Deus, ele segue a Jesus até sua casa e passa o dia com o Mestre. No dia seguinte André encontra seu irmão Simão e o leva para conhecer Jesus (Jo 1.41,42). No outro dia Jesus também chama Filipe, que, também traz mais um discípulo, Natanael. Os novos amigos e discípulos de Jesus permanecem juntos durante vários dias (Jo 2.12).

O lugar onde ocorreu o chamado dos primeiros discípulos é motivo de controvérsia entre alguns estudiosos dos Evangelhos. Pois, a narrativa dos Evangelhos pode dar impressões diferentes. Segundo João parece que eles foram chamados na Judeia, onde João pregava. Mas de acordo com Mateus o local definido é a Galileia. Os comentaristas geralmente falam de duas chamadas, a primeira na Judeia e a segunda e definitiva, pouco depois, na Galileia quando Jesus iniciou o seu ministério, após saber da prisão de João Batista.

3. Ser discípulo exige fazer algumas renúncias.
O que caracteriza um verdadeiro discípulo de Jesus? É a sua disposição para segui-lo, independente das circunstâncias. A chamada dos discípulos e a resposta imediata deles mostram como se dá a verdadeira conversão. O chamado de Jesus falou mais forte do que os projetos pessoais e familiares daquele grupo de homens.

Mateus mostra que os discípulos abandonaram suas profissões para seguir a Jesus, porém eles não abandonaram seus familiares por completo (Mt 8.14,15; 20.20). Mas, uma coisa é certa, todas as pessoas que se propõe a seguir Jesus terão que fazer algum tipo de renúncia e mudar o estilo de vida.

O chamado para o exercício do ministério é para pessoas ocupadas e que estejam dispostas a seguir Jesus, independente das circunstâncias.

II. O DISCIPULADO COMO ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO

1. O início do ministério de Jesus e a preparação dos discípulos.
Jesus deu início ao seu ministério terreno assim que soube da morte de João. Ele retorna para a Galileia, mas não se estabelece em sua cidade natal, Nazaré, onde foi rejeitado (Lc 4.29). Jesus se muda para Cafarnaum, uma cidade marítima na região de Zebulom e Naftali. Mateus faz questão de enfatizar que Ele não fez isso por acaso, mas para que se cumprissem as Escrituras. Por isso, ele cita Isaías 9.1,2. Uma predição de que os habitantes de Zebulom e Naftali, que estavam em trevas, veriam uma grande luz. Mateus relê o texto de Isaías, apresentando Jesus como essa grande luz que traria a salvação para esse povo. A chamada Galileia dos gentios estava em trevas, distante de Deus e era um campo fértil para conversões.

Jesus não foi para os grandes centros da Judeia e nem comissionou os principais rabinos e mestres de Jerusalém para iniciar o seu ministério. Ele escolhe discípulos da própria região, sem qualificações de liderança. Mas investiu na preparação deles.

A comitiva de Jesus saiu por toda a Galileia pregando, ensinando e realizando diversos milagres. Assim, os discípulos vão sendo preparados “aos pés de Jesus”.

2. A difusão das Boas Novas pelos discípulos.
A estratégia de Jesus deu grande resultado, pois as pessoas que se convertiam se transformavam em novos discípulos para anunciar as Boas Novas. Jesus, como homem, não poderia estar em vários lugares ao mesmo tempo, mas poderia ser representado pelos discípulos.

O envolvimento daqueles que eram alcançados pela mensagem das Boas Novas era tão grande que Mateus registra que as pessoas da região da Galileia, da Judeia, de Jerusalém, dalém do Jordão, inclusive de Decápolis e da Síria, foram alcançadas pelo Evangelho. A mensagem de salvação ultrapassou as fronteiras. E isso se deve ao envolvimento e testemunho dos novos convertidos.

Os discípulos foram aprendizes e testemunhas dos milagres de Jesus, foram propagadores de sua mensagem e instrumentos de Deus para cura dos enfermos. A expansão do Reino de Deus se deu com pessoas simples, porém testemunhas do poder de Deus na vida de Jesus. Eles propagavam com eficácia a mensagem e os feitos de Jesus nas ruas, casas e comércio, de tal forma que milhares de pessoas se convertiam e a cada dia aumentava o grupo de discípulos.

3. A estratégia de discipulado de Jesus continua atualizada.
Ainda hoje, algumas pessoas pensam que a responsabilidade pela propagação do evangelho é somente dos líderes e pregadores. Muitos estão acomodados com a rotina de atividades dentro dos templos. A evangelização deixou de ser prioridade para alguns.

Jesus disse que veio para os doentes e não para os sãos. A Igreja deve atuar como um hospital, um local para acolher os enfermos, mas para isso, precisa de pessoas capacitadas e preparadas para receber e tratá-los adequadamente.

A conversão é uma obra espiritual realizada pelo Espírito Santo, mas fazer discípulos é responsabilidade de cada cristão. Essa era a estratégia de Jesus. As pessoas que ouviam e testemunhavam do poder de Deus eram estimuladas a propagar as Boas-Novas em todos os lugares, de forma simples e objetiva. Com isso as conversões cresciam a cada dia por meio do discipulado. A tarefa da Igreja somente estará completa quando o novo crente for integrado à vida da Igreja e for capacitado para fazer novos discípulos (2Tm 2.2).

Desde o início da Igreja o discipulado tem sido a melhor estratégia de crescimento, pois desenvolve tanto o discipulando como o discipulador.

III. A EFICÁCIA DO ENSINO DO MESTRE (Mt 7.24-29)

1. A didática do Mestre.
A eficácia do ensino de Jesus era surpreendente, pois Ele conseguia falar para um público grande e diversificado e mantê-los atentos por horas. Ele fez uso de várias ilustrações em seus sermões, pois elas conduziam os seus ouvintes a imaginarem a cena citada de tal forma que os discípulos se sentiam participantes ativos.

2. Histórias utilizadas pelo Mestre.
Ao longo do Sermão do Monte, Jesus se utiliza da parábola dos dois alicerces para ressaltar a diferença entre aqueles que ouvem a sua palavra e a pratica; e os que somente a ouvem. Jesus mostra que a primeira casa foi muito bem construída, pois o seu construtor a estabeleceu sobre um fundamento seguro, a rocha. Jesus compara o construtor prudente à pessoa que ouve os seus ensinos e os coloca em prática. O Mestre ensina que a nossa vida (nossa casa) é construída mediante as nossas escolhas e que estas vão interferir em nosso futuro. Na segunda casa, o construtor utiliza a areia como fundamento e tal ilustração chama a atenção para as práticas dos escribas, fariseus e os líderes religiosos que viviam uma espiritualidade superficial e hipócrita. Jesus mostra que a primeira casa se manterá de pé, mesmo diante das intempéries da vida, mas a segunda será destruída. Sobre qual fundamento você tem construído sua casa?

3. O ensino de Jesus era único e causava admiração (Mt 7.28,29).
Apesar de tudo que já foi escrito a respeito do Mestre, o estudo de sua vida e obra continua edificando, exortando, consolando seus discípulos e lhes causando admiração. Por isso, não é de se estranhar o entusiasmo das multidões ao ouvir seus sermões (v.28).

Os métodos utilizados por Jesus em seu ensino não eram novos; a grande maioria era conhecida, principalmente pelos mestres judeus. No entanto, a maestria com que Ele os utilizava fazia uma grande diferença no aprendizado dos seus ouvintes e os deixavam maravilhados. Porém, isso não era o que mais impressionava e causava admiração nos seus discípulos e naqueles que o ouviam. O que chamava a atenção do povo era a coerência entre o que Jesus ensinava e o seu modo de vida. Enquanto os escribas, fariseus e demais líderes viviam de aparência e falsas ostentações, o discurso de Jesus era coerente com sua prática. Os anos passam, mas seus ensinos continuam admiráveis, inigualáveis e capazes de transformar o mais vil pecador em filho de Deus, tornando-o “um pescador de homens” (Mt 4.19).

Jesus, com a sua metodologia de ensino e com a sua autoridade, fazia com que multidões o ouvissem voluntariamente por horas.


CONCLUSÃO

Nesta lição, aprendemos que Jesus escolheu os discípulos e investiu tempo para capacitá-los a fim de que se tornassem discipuladores. Isso exigiu deles renúncias pessoais, profissionais e até mesmo familiares. Aprendemos também que o modelo de discipulado de Jesus continua atual e eficiente para o crescimento da Igreja na atualidade.



Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

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