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sábado, 18 de novembro de 2017

Salvação e Livre-Arbítrio

“Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher” Sl 25.12

Salvação e Livre-Arbítrio

Prezado(a) professor(a), na aula desta semana é importante remontar a biografia de Jacó Armínio. Por isso o estudo de livros de história da Igreja é importante. Há também boas literaturas teológicas sobre Armínio, uma delas já mencionada em artigo anterior. A CPAD também tem as obras de autoria de Armínio publicadas em língua portuguesa à disposição dos irmãos: As Obras de Armínio, 3 Volumes. Assim, faremos um breve resumo sobre a importância desse grande teólogo.

Jacó Armínio era um teólogo holandês que se posicionou contrário a algumas doutrinas de linha calvinista com o objetivo de destacar mais o caráter amoroso, bondoso e justo de Deus que foram manifestos na pessoa bendita de Jesus Cristo. Por isso, Armínio foi acusado injustamente de ensinar muitas heresias. Contra ele, foram usados argumentos frágeis e insustentáveis se analisados de maneira séria. Infelizmente, esse “espírito” é comum ainda hoje. A fé cristã não é uma expressão homogênea. Embora tenhamos pontos de fé comuns, que nos une, também temos pontos que nos traz discordâncias pontuais: batismo, escatologia, batismo no Espírito. Mas temos de fazer um alerta importante! Por exemplo, antes de existirem tradicionais-históricos, pentecostais, neopentecostais e outros, já havia milhares de cristãos fiéis ao Senhor. Isso significa que a história da Igreja não começou com uma pessoa ou denominação somente. Por isso não se justifica guerras teológicas, brigas denominacionais e, até mesmo, rompimentos de amizade por causa disso. A Palavra de Deus não é para trazer contendas e rivalidades.

É importante salientar que Jacó Armínio não acrescentou nada novo à teologia cristã no sentido doutrinário. Para fortalecer esse parecer, o estudioso holandês usou em seu método os pais da Igreja, escritos medievais e muitos outros protestantes que lhe antecederam, mostrando que eles defendiam a mesma doutrina cristã. Alguns nomes que fazem parte da belíssima história protestante podem ser arrolados ao lado de Armínio em visões similares e bem idênticas ao do teólogo holandês: Melanchton, um líder luterano; Erasmo, reformador católico; Balthasar Hubmaier e Menno Simons, líderes anabatistas do século XVI. Jacó Armínio morreu no auge da controvérsia teológica na Holanda, em 1609. Revista Ensinador Cristão nº72

O projeto primário de Deus foi salvar a humanidade. Todavia, de acordo com sua soberania, concedeu o livre-arbítrio ao homem.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - João 3.14-21

Deus é soberano, amoroso e deseja salvar a todos indistintamente, mas isso não anula o direito de escolha do ser humano. O que coube a Deus fazer no plano perfeito da salvação Ele o fez, mas a parte do homem, que é pela fé decidir crer e aceitar o sacrifício de Jesus, ele precisa fazer. Deus criou seres autônomos, inteligentes e permite que suas criaturas escolham entre o bem e o mal. No plano perfeito da salvação, Cristo deu a sua vida por todos, mas somente aqueles que decidem crer serão salvos. Nesta lição estudaremos também a respeito do teólogo reformador Armínio, pois ele foi um dos que refutou duramente a teologia da predestinação de Calvino.

INTRODUÇÃO

Na cruz do Calvário, Jesus Cristo ofereceu a salvação indistinta e gratuitamente para todos os seres humanos (Ap 22.17). Por decisão pessoal, e liberdade individual, os que recebem a oferta de salvação são destinados à vida eterna, pois o Pai quer que todo homem se salve e que ninguém se perca (2Pe 3.9).

I. A ELEIÇÃO BÍBLICA É SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DIVINA

1. A eleição de Israel.
A eleição no Antigo Testamento tem um significado mais específico que no Novo Testamento. Exemplo disso é o chamado de Abraão e sua descendência, que mais tarde formariam a nação de Israel. Deus chamou o patriarca e lhe fez promessas (Gn 12.1-3). Livre e espontaneamente, o “amigo de Deus” respondeu positivamente ao chamado. Entretanto, diante dele havia a possibilidade de não atender a essa convocação. Nesse sentido, é importante ressaltar que a eleição de Israel (Is 51.2; Os 11.1) é específica e pontual. Deus tinha um propósito de enviar o Salvador ao mundo por intermédio da nação judaica. Por ser pontual, específica e coletiva, a eleição de Israel não pode ser usada como base para fundamentar a salvação individual do crente, nem mesmo dos judeus, no sentido de Deus decretar uns para a vida eterna e outros para a eterna danação. Além do mais, por meio do livre-arbítrio que Deus deu a Israel, a nação chegou a perder algumas bênçãos prometidas porque se rebelou contra o Senhor e desobedeceu à sua ordem (Jr 6.30; 7.29). Segundo o apóstolo Paulo, isso nos serve de exemplo a fim de não repetirmos os mesmos erros do povo de Deus do Antigo Testamento (1Co 10.6,11).

2. A eleição para a salvação.
A eleição divina é o ato pelo qual Deus chama os pecadores à salvação em Cristo e os torna santos (Rm 8.26-39). Essa eleição é proclamada por meio da pregação do Evangelho (Jo 1.11; At 13.46; 1Co 1.9), pois o Altíssimo deseja que todos sejam salvos, respondendo afirmativamente ao seu chamado para a salvação (At 2.37; 1Tm 2.3,4; 2Pe 3.9). Entretanto, as Escrituras mostram claramente que quem crer será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16.16).

3. A presciência divina.
Presciência é a capacidade de Deus saber todas as coisas de antemão (At 22.14; Rm 9.23) e de interferir na história humana (Ne 9.21; Sl 3.5; 9.4; Hb 1.1-3). Ele é soberano (Jó 42), provedor (Sl 104) e sabe quem responderá positivamente ao convite de salvação (Rm 8.30; Ef 1.5). Deus proveu o meio de salvação para todas as pessoas, mas nem todas atenderão ao seu convite. Em sua soberania e presciência, estamos sob os seus cuidados, mas paradoxalmente, também desfrutamos do livre-arbítrio que Ele nos deu, o que aumenta mais a responsabilidade humana de obedecer à sua vontade (Rm 11.18-24).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Qualquer estudo sobre a eleição deve sempre começar por Jesus. E toda conclusão teológica que não fizer referência ao coração e aos ensinos do Salvador, seja tida forçosamente por suspeita. Sua natureza reflete o Deus que elege, e em Jesus não achamos nenhum particularismo. Nele, achamos o amor. Por isso, é relevante que em quatro ocasiões Paulo vincule o amor à eleição ou à predestinação: ‘Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição [gr. eklogen] é de Deus’ (1Ts 1.4). ‘Como eleitos [gr. eklektoí] de Deus, santos e amados...’. (Cl 3.12) — nesse contexto, amados por Deus. ‘Como também nos elegeu [gr. exelaxato] nele antes da fundação do mundo... e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito [gr. eudokia] de sua vontade’ (Ef 1.4,5). Embora a intenção divina não esteja ausente nesta última palavra grega (eudokia), ela inclui também um sentido de calor que não fica tão evidente em thelõ ou boulomai. A forma verbal aparece em Mateus 3.17, onde o Pai diz: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo [gr. eudokesa]’.
Finalmente, Paulo diz: ‘Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido [gr. heilato] desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade’ (2Ts 2.13). O Deus que elege é o Deus que ama, e Ele ama o mundo. Tornar-se-ia válido o conceito de um Deus que arbitrariamente escolheu alguns e desconsidera os demais, deixando-os ir à perdição eterna, diante de um Deus que ama o mundo?” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática:Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, pp.363,364).

II. ARMÍNIO E O LIVRE-ARBÍTRIO

1. Breve histórico de Jacó Armínio.
Jacó Armínio (*1560 +1609) nasceu na Holanda, foi pastor de uma igreja em Amsterdã e recebeu o título de doutor em teologia pela Universidade de Leiden. Tendo sido envolvido numa disputa calvinista, desenvolveu uma tese bíblica a partir dos primeiros Pais da Igreja, que foi denominada de Arminianismo. Sua principal característica é a defesa do livre-arbítrio humano. Por esse posicionamento, enfrentou forte oposição, perseguição e falsas acusações por parte dos teólogos calvinistas. Entretanto, esse teólogo holandês sempre apresentou uma postura tolerante e não combativa, embora convicto de suas opiniões.

2. O livre-arbítrio.
O livre-arbítrio é a possibilidade que os seres humanos têm de fazer escolhas e tomar decisões que afetam seu destino eterno, especificamente se tratando da salvação. Isso quer dizer que cabe a cada um deixar-se convencer pelo Espírito Santo para ser salvo por Jesus ou não, embora Deus dê a todos a oportunidade da salvação. No Jardim do Éden, o Criador outorgou o livre-arbítrio ao homem (Gn 2.16,17); a Israel deu também essa prerrogativa (Dt 30.19); e à humanidade o Altíssimo possibilitou escolha entre o caminho da salvação ou o da perdição (Mc 16.16).

3. O livre-arbítrio na Bíblia.
Deus nos criou à sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Logo, por Ele ser naturalmente livre, também seus filhos possuem a faculdade de escolherem livremente. Por isso, o Criador sempre incentivou a nação a escolher o caminho da vida (Dt 30.19-20). Assim, segundo as Escrituras, se em Adão todos são predestinados para a perdição, em Cristo, todos são predestinados para a salvação: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1Co 15.22; cf. Jo 1.12), pois “se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9).


Eleição divina e livre-arbítrio
“Na Bíblia temos tanto a predestinação divina como a livre-escolha humana, em relação à salvação; mas não uma predestinação em que uns são destinados à vida eterna, e outros, à perdição eterna. [...]. Por outro lado, a ênfase inconsequente à livre-vontade do homem conduz ao engano de uma salvação dependente de obras, conduta e obediência humanas”. 
Leia mais em Teologia Sistemática Pentecostal, CPAD, pp.368,69.


III. ELEIÇÃO DIVINA E LIVRE-ARBÍTRIO

1. A eleição divina.
A eleição é uma escolha soberana de Deus (Ef 1.5,9) que tem como objeto de seu amor todos os seres humanos (1Tm 2.3,4). Não é uma obra que leva em conta o mérito humano, mas que é feita exclusivamente em Cristo (Ef 1.4). Em Jesus, Deus nos elegeu com propósitos específicos: para pertencermos a Cristo (Rm 1.6; 1Co 1.9); para a santidade (Rm 1.7; 1Pe 1.15; 1Ts 4.7); para a liberdade (Gl 5.13); para a paz (1Co 7.15); para o sofrimento (Rm 8.17,18); e para a sua glória (Rm 8.30; 1Co 10.31).

2. Escolha humana e fatalismo.
A graça comum (Rm 5.18) é estendida a todos os seres humanos, abrindo-lhes a oportunidade para crerem no Evangelho, o que descarta a possibilidade de a eleição ser uma ação fatalista de Deus — Fatalismo: acontecimentos que operam independentemente da nossa vontade, e dos quais não podemos escapar. Ora, a eleição de Deus não é destinada somente a alguns indivíduos, enquanto os outros, por escolha divina, vão para o inferno. Isso vai contra a natureza amorosa e misericórdia do Criador. Por isso, indistintamente, Ele dá a oportunidade para que todos se salvem (At 17.30), pois Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34).

3. A possibilidade da escolha humana.
Há vários textos bíblicos que apontam para o fato de o ser humano ser livre para escolher: “todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16); “o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6.37); “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13). Uma das coisas mais belas da Palavra de Deus é que, embora o Altíssimo seja soberano, Ele não criou seus filhos como robôs autômatos milimetricamente controlados. O nosso Deus deseja que todo ser humano, espontânea e livremente, o ame de todo coração e mente.


Deus nos elegeu, em Jesus, para pertencermos a Ele.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Ainda de acordo com a ideia de que o relacionamento entre o divino e o humano é uma via de mão dupla, a posição compatibilista de Lewis, que aventa o que chamei de ‘coexistência pacífica entre soberania divina e livre-arbítrio’ ou ‘compatibilidade incognoscível’, é exemplificada pelo autor de As Crônicas de Nárnia, com a ideia de perdão. A necessidade de tal ato da parte de Deus, ‘move’ a divindade e, ‘Nesse sentido’, diz ele, ‘a ação divina é consequência do nosso comportamento, [e] é por ele condicionada e induzida’. Lewis então questiona retoricamente: ‘Será que isso significa que podemos ‘influenciar’ Deus?’. O anglicano acredita que é até possível responder afirmativamente caso se quiser e diz que, se isso for dessa forma, é preciso então que se flexibilize a noção de ‘impassibilidade’ divina, ‘de forma que admita isso’, aventando a hipótese de que o comportamento humano, de alguma forma, ‘influencia’ o Criador, ‘pois sabemos que Deus perdoa muito mais do que entendemos o significado de impassível’. Assim é que, a respeito dessa questão, Lewis diz que prefere ‘dizer que, antes de existirem todos os mundos, Seu ato providencial e criativo (porque são uma coisa só) leva em conta todas as situações engendradas pelos atos de suas criaturas’. Mas, questiona, ‘se Deus leva em conta nossos pecados, por que não nossas súplicas?’. Isso significa que a oração, a súplica, move a Deus. Numa palavra, ‘Deus e o homem não se excluem mutuamente, como o homem exclui ao seu semelhante no ponto de junção, por assim dizer, entre Criador e criatura; no ponto em que o mistério da criação — infinito para Deus e incessante no tempo para nós ’ ocorre de fato’. Isso significa que, ‘Deus fez (ou disse) tal coisa’ e ‘eu fiz (ou disse) tal coisa’ podem ambos ser verdadeiros’. Esta, inclusive, é a forma arminiana e pentecostal de crer. A soberania divina coexiste com o livre-arbítrio e qualquer tentativa de explicar como isso ocorre leva a equívocos e discussões desnecessárias” (CARVALHO, César Moisés. O Sermão do Monte: A justiça sob a ótica de Jesus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017, pp.114,115).

SUBSÍDIO
Abaixo, segue um quadro comparativo entre as três principais correntes de doutrina da salvação, quanto a vários temas que demonstram as tensões e questões conflitantes entre elas:


(É lógico que há muitas variantes desses três modelos. Procuramos falar aqui das correntes clássicas, sem levar em conta o semipelagianismo e os vários calvinismos como o neopuritano, o neo-ortodoxo, o neocalvinista, o hiper-calvinismo, o fatalista. Além disso, sabe-se que "os tipos ideais possuem uma coerência, que evidentemente não é possível encontrar na realidade" (MARIZ, Cecilia Loreto. A Sociologia da Religião de Max Weber. In: TEIXEIRA, Faustino (Org.). Sociologia da religião: enfoques teóricos. Petrópolis: Vozes,2007.p.78)


CONCLUSÃO

O Evangelho é um presente oferecido a todas as pessoas, independente de méritos pessoais. Por isso o Senhor convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Os que aceitam a esse convite estão predestinados a “serem conforme a imagem de seu filho”, Jesus Cristo (Rm 8.29). Deus deseja que todo ser humano seja salvo!


Fonte:
Livro de Apoio - 4º Trim/17 – A Obra da Salvação - Claiton Ivan Pommerening
Lições Bíblicas Adultos 4º trimestre/17 - A Obra da Salvação — Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida – Comentarista: Claiton Ivan Pommerening

Aqui eu Aprendi!

sábado, 5 de agosto de 2017

A Pecaminosidade humana e a sua Restauração a Deus

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” Rm 3.23

A pecaminosidade humana e sua restauração a Deus

O problema do pecado
Um “senhor” que domina a vida de uma pessoa. É assim que a Bíblia nos apresenta o pecado (Rm 6.12-14). Ele não pode ser vencido apenas pela atitude humana.
A questão não é o que o ser humano pode fazer para se livrar do pecado, mas o que foi feito para que o pecado fosse removido do ser humano. Ora, se não houver a experiência de conhecer a Cristo mediante a fé pela graça de Deus (Ef 2.8), o ser humano continuará escravo do “senhorio” do Pecado. Logo, esse poder só é quebrado, e essa opressão só é desfeita, quando a salvação pela graça for operada na vida do pecador.
O pecado é algo sério e grave. Infelizmente, muitos não têm a real dimensão desse problema. Quando se diz que o ser humano não pode fazer nada em relação a sua situação de pecado, o que está se afirmando é que não resta mais esperança nenhuma para a situação dessa pessoa. Por isso, o tema é incômodo. Ele revela a consciência dos erros que muitos tendem a esconder, pois sem a graça de Deus eles não têm a possibilidade de enfrentá-los. O pecado incomoda porque não há como fugir dele, não tem como escapar. Por isso, só a salvação operada pela graça de Deus é capaz de nos constranger a tomarmos o caminho da humildade, reconhecendo os nossos erros, confessando com os lábios: “sou um pecador”. A coragem para enfrentar isso e a tristeza que tal afirmação acarreta à alma humana só pode acontecer pela ação de convencimento do Espírito Santo. É a graça de Deus se revelando ao coração humano, pois depois de um momento desassombro, dor, vergonha e confissão, um alívio como nunca dantes experimentado passa a raiar na alma. É a graça de Deus que chegou e atingiu o coração humano.

Amando o pecador
Como Igreja do Senhor, jamais o nosso papel pode ser o de lançar em rosto os pecados alheios. A Palavra de Deus afirma que dos nossos pecados o Senhor não lembrará mais: “jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” (Hb 10.17). Ora, onde há remissão de pecados, tudo está feito (Hb 10.18; cf. Jo 19.30). O nosso trabalho agora é o de acolher as pessoas que se arrependeram de seus muitos pecados. Sem humilhar ninguém, o nosso caminho é o de demonstrar o amor de Deus como Jesus fez em seu ministério terreno (Lc 4.18,19). Essa é uma ótima oportunidade de fazer uma reflexão com a classe à luz do assunto apresentado na lição e a maturidade dos salvos em Cristo em lidar com a questão do acolhimento do pecador. Revista Ensinador Cristão nº71

Reconhecemos a pecaminosidade de todos os seres humanos, que os destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo podem restaurá-los a Deus.

Leitura Bíblica: Romanos 5.12-21

No livro de Gênesis encontramos um dos relatos mais tristes da história da humanidade, a Queda. Mas, Deus não foi pego de surpresa com o pecado de Adão e Eva, pois as Escrituras Sagradas afirmam que desde a fundação do mundo a morte redentora de Jesus, pela salvação da humanidade, já havia sido determinada (Ap 13.8). O homem pecou de modo deliberado contra Deus, mas o Criador não o deixou entregue a sua própria sorte. O Senhor providenciou a sua redenção.

Vivemos em uma sociedade relativista, onde muitos não acreditam mais que haja certo e errado. O erro, o pecado, segundo os relativistas, vai depender do ponto de vista de cada um. Mas, cremos na Verdade absoluta e que a única solução para o pecado está na fé no sacrifício de Jesus Cristo.

A Doutrina do Pecado é conhecida nos tratados de teologia como Hamartiologia, da palavra grega hamartia. O estudo se reveste de suma importância porque se trata do problema básico de todos os seres humanos. Todos os conflitos no mundo e as confusões existentes na humanidade são manifestações do pecado. Ninguém pode se livrar dele, mas o Senhor Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores da condenação eterna. O enfoque da presente lição é definir e explicar o pecado, bem como apresentar o meio divino para a solução humana.

Harmatologia: é uma palavra usada no campo teológico para designar ‘a doutrina do pecado’, incluindo seus aspectos sombrios e sua natureza destruidora, tanto aplicada no campo físico como no campo espiritual, mostrando em cada detalhe suas disposições hostis contra Deus, os seres e qualquer entidade no mundo da existência. Em sentido etimológico — a palavra ‘pecado’ conforme se encontra em nossas versões, vem da palavra hebraica ‘hatta’th’, do qual origina-se a raiz hebraica ‘hata’ traduzido na Septuaginta da palavra ‘hamartia’. Existem algumas palavras que relatam significados semelhantes à palavra hebraica hatta’th’, como também a palavra grega ‘hamartia’. Estes termos são aplicados no tempo e no espaço para descrever e dar sentido a tudo aquilo que o pecado é e suas formas de expressão. Os eruditos teológicos usam várias palavras deste gênero para descrever a natureza sombria do pecado, mostrando seus aspectos e suas disposições torcidas, maléficas em sua natureza daninha e perniciosa” (PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp.13,14).

Os termos hebraicos awon e peshá. Há na Bíblia um repertório amplo que revela o pecado nos seus vários aspectos, mas este espaço não nos permite uma apresentação exaustiva. O termo hebraico avon, “iniquidade, perversão”, vem de uma raiz que significa “entortar, torcer”, daí a ideia de perverter a lei de Deus. Essa palavra aparece traduzida em nossas versões como “injustiça” (Gn 15.16), “maldade” (Êx 20.5) e “iniquidade” (Lv 26.40). Já o verbo avah, de mesma raiz, descreve a natureza do coração da pessoa não regenerada (Jó 15.5). Isso revela a “vida torta” do pecador. O outro termo de importância na Hamartiologia do Antigo Testamento é o verbo pashá “transgredir” ou o substantivo peshá, “transgressão, delito” (Gn 31.36; 50.17). O ser humano forçou e foi além dos limites que Deus estabeleceu, e isso faz toda a humanidade, homens e mulheres, errar o alvo da vida.

Pecado“Do hebraico hattah; do grego hamartios; do latim peccatum. Transgressão deliberada e consciente das leis estabelecidas por Deus. Errar o alvo estabelecido pelo Criador ao homem: O pecado mortal é a deliberação consciente e intencional de se resistir a vontade de Deus. Não se trata de um simples pecado ou de uma transgressão ordinária; é uma rebeldia movida pelo orgulho e pelo não reconhecimento da soberania divina”. Dicionário Teológico, CPAD, pp.235,236.

Há uma lista extensa de palavras na Bíblia para designar o pecado: erro, iniquidade, transgressão, maldade, impiedade, engano, sedução, rebelião, violência, perversão, orgulho, malícia, concupiscência, prostituição, injustiça etc., além dos verbos e adjetivos cognatos.

Muitos desses termos, e outros similares, estão na sombria lista apresentada pelo apóstolo Paulo (Rm 1.29-32; Gl 5.19-21).


COMO A BÍBLIA DESCREVE O PECADO

O pecado é descrito de diversas maneiras e existem dezenas de termos hebraicos e gregos na Bíblia para descrever suas causas, às vezes, sua natureza e até mesmo suas consequências. Os termos mais comuns para o pecado são o hebraico hāttā’â e o seu equivalente grego na Septuaginta e no Novo Testamento, hamartia. O verbo hātā’ significa literalmente “errar o alvo” (Jz 20.16; Pv 19.2). Essa palavra é usada também no campo secular na quebra de uma lei civil (Gn 41.9; Ec 10.4), mas seu uso comum diz respeito ao pecado contra Deus (Sl 103.10; Dn 9.16). O ser humano erra o alvo e desvia-se do objetivo da vida estabelecido pelo Criador por causa de uma disposição inata que há em todas as criaturas humanas.

O pecado é a transgressão da lei de Deus: “porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4 – ARA). O substantivo “transgressão” ou o verbo “transgredir” é de uso comum desde o Antigo Testamento. O verbo hebraico ‘avār, literalmente “atravessar, passar”, não tem conotação moral: “E passou Abrão por aquela terra” (Gn 12.6). Mas é comum o seu uso no sentido de ir além de um limite estabelecido e é isso o que significa “transgredir um mandamento” ou “traspassar o mandado do SENHOR” (Nm 22.18; 24.13); “seus moradores, porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos e quebram a aliança eterna” (Is 24.5); “eles traspassaram o concerto, como Adão” (Os 6.7); “porque traspassaram o meu concerto e se rebelaram contra a minha lei” (Os 8.1). A Septuaginta traduz ‘avār em todas essas passagens pelo verbo grego parabaino, “transgredir, desviar-se”. O substantivo é parábasis, “transgressão, violação de uma lei”. É nesse sentido que esses termos aparecem no Novo Testamento: “Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição?” (Mt 15.2, 3). Foi exatamente esse o pecado de Adão: o primeiro casal foi além do limite que Deus estabeleceu, não comer do fruto proibido (Gn 2.17). O profeta Oseias chama essa atitude de Adão e Eva de transgressão (Os 6.7). O apóstolo Paulo emprega o substantivo parábasis para identificar o pecado de Adão e Eva: “até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão” (Rm 5.14); E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1 Tm 2.14).

O termo grego para “transgressão” em 1 João 3.4 é anomía, que literalmente quer dizer “falta de lei, quebra da lei”; o ánomos é alguém para o qual não existe uma lei. A versão Almeida Atualizada e a Tradução Brasileira traduzem essa palavra por “iniquidade”.

A Septuaginta emprega com frequência o termo anomía para traduzir a palavra hebraica ‘awôn, “iniquidade, perversão” (Êx 34.7), além de mais de 20 termos alusivos ao pecado. ‘Awôn é sinônimo de pecado: “Nós pecamos como os nossos pais; cometemos iniquidade, andamos perversamente” (Sl 106.6).

Outro termo hebraico usado como “transgressão” é pāsha‘: “Qual é a minha transgressão? Qual é o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido?” (Gn 31.36). Há ainda diversos termos para designar o pecado, como impiedade: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18); maldade: “como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade” (Rm 6.19); perversidade: “a vossa língua pronuncia perversidade” (Is 59.3); engano: “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano” (At 13.10); sedução: “Seduziu-o com a multidão das suas palavras” (Pv 7.21); “a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mt 13.22); injustiça: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” 1 Jo 1.9) e incredulidade: “porque o fiz ignorantemente, na incredulidade” (1 Tm 1.13); “E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade” (Hb 3.19).

O pecado não se originou no Éden; surgiu primeiro na esfera angelical, quando o querubim ungido (Ez 28.12-15) se rebelou contra Deus e dessa forma foi expulso do céu juntamente com os anjos rebeldes (Is 14.12-14; Ap 12.7-9). Mas parece que muitos teólogos preferem pular essa parte. De qualquer maneira, o que aconteceu no Éden foi outra queda. Adão e Eva foram criados em total inocência e não conheciam o mal antes de desobedecerem a Deus (Gn 3.5). Não havia nenhum tipo de malícia na sua natureza ou no ambiente onde eles foram inseridos. Eles “não se envergonhavam” (Gn 2.25) e ainda não conheciam o “bem e o mal” (Gn 3.5). Em suma, além de não conhecerem nenhum tipo de culpa por nenhum tipo de pecado, também eram inocentes com relação ao pecado. A ordem de Deus foi clara: “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16, 17). Aqui está claro que Deus dotou o ser humano de livre-arbítrio.

A serpente perguntou primeiro se o fruto de todas as árvores do jardim estava liberado (Gn 3.1). Ao ouvir a resposta da mulher, apresentou um discurso contrário do que Deus havia dito: “Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn 3.4, 5). Com essas astúcias, a serpente levou a mulher a desobedecer a Deus, pois despertou a curiosidade de Eva que chamou a sua atenção para o fruto proibido: “E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6). O pecado não é causado por Deus: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13). A tentação vem dos próprios desejos ilícitos (Tg 1.14, 15). “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1 Jo 2.16). A tentação envolve, além da indução externa, os desejos carnais pelas coisas proibidas. A serpente seduziu Eva com três elementos. Adão e Eva tinham total capacidade de rejeitar a proposta da serpente, pois Deus criou o ser humano com livre-arbítrio e liberdade de escolher entre o bem e o mal (Gn 2.16, 17). A sutileza é uma maneira refinada e sutil de mostrar algo de maneira disfarçada, quase imperceptível, que exige agudeza de espírito para ser    detectada. Essa é uma das especialidades de Satanás e foi com sutileza que Satanás levou o primeiro casal à ruína e, com ele, toda a humanidade (Rm5.12).

A morte de Adão quando desobedeceu a Deus foi instantânea. Morte significa separação. Deus advertiu a Adão dizendo: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Foi o que aconteceu. A comunhão com Deus foi interrompida imediatamente, pois seus olhos foram abertos e eles logo perceberam que estavam nus, conheceram pessoalmente o mal e procuraram se esconder da presença de Deus porque sentiram medo (Gn 3.7, 8, 10). O senso de culpa foi imediato. Eles morreram espiritualmente no mesmo instante em que comeram o fruto proibido; era a ruptura da comunhão: “Porque o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

A Queda do Éden arruinou a humanidade de maneira tão profunda que transmitiu a todos os seres humanos a tendência ou inclinação para o pecado. A depravação total do gênero humano não significa ser um pecador ao extremo em último grau, totalmente insensível quanto à consciência no que diz respeito ao certo e o errado (Rm 2.15). Todo o gênero humano se corrompeu, mas a imagem de Deus no ser humano não foi perdida (Gn 9.6; Tg 3.9); ela ficou desfigurada, e a restauração só é possível em Cristo (Ef 2.10). A depravação total significa que nada há no ser humano que não tenha sido contaminado pelo pecado, da cabeça à planta do pé (Is 1.5, 6); significa natureza mental e moral corrupta (Gn 6.5, 12), coração enganoso e perverso (Jr 17.9), morto em ofensas e pecados (Ef 2.1), inimigo de Deus (Rm 8.7), escravo do pecado (Rm 6.17; 7.5). A Bíblia afirma categoricamente que “não há um justo sequer” (Rm 3.10); que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Até um bebê recém-nascido (Sl 51.5), antes mesmo de cometer o seu primeiro pecado, já é pecador (Sl 58.3). Por causa do pecado de Adão, todas as pessoas recebem uma natureza corrompida e culpada aos olhos de Deus.

Todos os seres humanos são pecadores: “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só... Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.1-12, 23). Já nascemos pecadores: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5) e “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras” (Sl 58.3). A queda do Éden trouxe a corrupção geral do gênero humano, a natureza moral se corrompeu (Gn 6.5, 12). Essa corrupção afetou a pessoa na tua totalidade, com todas as suas faculdades – a alma, o corpo e o espírito: “Toda a cabeça está enferma, e todo o coração, fraco. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres, não espremidas, nem ligadas, nem nenhuma delas amolecida com óleo” (Is 1.5, 6), como disse o teólogo Millard J. Erickson: “Não somos pecadores apenas porque pecamos; nós pecamos porque somos pecadores” (ERICKSON, 2015, p. 559).

O apóstolo Paulo apresenta uma breve amostra da situação espiritual dos gentios (Rm 1.21-32), mas em seguida explica que a situação dos judeus não é diferente da humanidade (Rm 1.17-23) e depois coloca no mesmo bojo judeus e gentios: “Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado” (Rm 3.9) e “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). A Bíblia mostra que “o pecado de Adão nos afetou muito mais que a ele próprio” (HORTON, 1996, p. 269). Isso se baseia nas epístolas paulinas (Rm 5.12-21; 1 Co 15.21, 22). É a isso que chamamos pecado original. Mas a declaração mais surpreendente é quando o apóstolo afirma: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). Essa doutrina do pecado original não é inovação paulina; ela consta da tradição judaica, no Talmude (Berakoth, 61a; Nedarim, 32b). O ensino paulino veio da revelação de Jesus Cristo, das Escrituras do Antigo Testamento e da tradição judaica. O apóstolo Paulo desenvolveu essa doutrina. A morte é universal e nisto está a evidência incontestável da universalidade do pecado. Depois, o apóstolo mostra que, da mesma maneira que o pecado de Adão contaminou toda a humanidade, assim também a justiça de Cristo a graça veio para todas as pessoas: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm 5.18).

Não existe uma teoria detalhada nas Escrituras sobre o pecado original, mas os dados da revelação nos dão base para uma dedução da Bíblia. O ser humano é concebido em pecado: “em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5) e “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras” (Sl 58.3). Isso mostra por que o apóstolo Paulo afirma: “Andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Ef 2.3). Por dedução, é razoável que um ser humano corrompido produza filhos igualmente corrompidos: “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém!” (Jó 14.4); “Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons” (Mt 7.18) e “Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto” (Lc 6.43). Os bebês recém-nascidos e as crianças, apesar de nascerem com natureza pecaminosa (Sl 58.3), ainda não conhecem experimentalmente o pecado. Elas não são responsabilizadas por seus atos antes de terem condições morais e intelectuais para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado (Rm 9.11). O sacrifício de Jesus proveu salvação a todas as pessoas, até mesmo às crianças que falecerem na fase da inocência.

AS TEORIAS

Muitas teorias foram apresentadas ao longo da história na tentativa de explicar o processo de transmissão do pecado original. As três principais são o pelagianismo, o calvinismo e o arminianismo. Essas teorias apresentadas a seguir são gerais, pois em todas elas existem as tendências radicais e moderadas e cujos detalhes não são discutidos aqui por absoluta falta de espaço.

O pelagianismo é a mais antiga dessas teorias. Pelágio foi um britânico (360-420), contemporâneo de Agostinho de Hipona, que se transferiu para Roma e, depois em 409, seguiu com seu discípulo Celéstio, para Cartago, no norte da África. Segundo Pelágio, o pecado de Adão não foi transmitido a toda a humanidade, nem a morte física é resultado do pecado de Adão. Na sua teoria, cada alma é criada imediatamente por Deus, no nascimento de cada pessoa, portanto ela não pode vir ao mundo maculada pelo pecado de Adão. O pecado de Adão diz respeito só a ele e não pode ser imputado sobre o destino de sua posteridade. Pelágio enfatizava também a ideia do total livre-arbítrio. Segundo ele, os seres humanos possuem a graça, capacidade de optar livremente por Deus. Por se tratar de criaturas feitas à imagem de Deus, as pessoas têm condições morais e espirituais de fazerem o bem e evitarem o mal, salvando-se com suas próprias forças. Pelágio dizia ainda “que não existe necessidade da graça para a salvação, pois ela pode ser alcançada por meio da nossa livre-escolha, independente de auxílio externo” (GEISLER, vol. 2, 2010, p. 122). Pelágio acreditava que o pecado de Adão era apenas um mal exemplo para os seus descentes, assim como a morte de Jesus não passava do mais eminente exemplo da vida cristã.

A princípio, a sua doutrina teve acolhida popular e não era considerada herética porque parecia um assunto ético e não teológico. A controvérsia não foi desencadeada com o próprio Pelágio, mas com Celéstio. Agostinho foi o primeiro a constatar o perigo dessa doutrina pelagiana. O bispo de Hipona via nisso uma doutrina de autorredenção disfarçada e completamente contrária ao pensamento soteriológico e cristológico. Isso porque, se as pessoas chegam à salvação se baseando simplesmente na sua natureza criada e na decisão de sua livre vontade, significa que Jesus morreu em vão.

O arminianismo ensina o contrário do pelagianismo. Jacó Armínio foi um teólogo holandês de origem reformada (1560-1609) que modificou consideravelmente a linha teológica em que havia sido criado. João Wesley, teólogo e pregador britânico (1703-1791), fez mudanças no pensamento arminiano. O pecado de Adão corrompeu a natureza humana na sua totalidade, e iniciamos a vida sem nenhuma retidão. O ser humano é incapaz de fazer a vontade de Deus e cumprir os seus mandamentos no tocante às coisas espirituais de Deus. A imagem de Deus no ser humano não foi aniquilada, mas desfigurada, por isso necessita da graça de Deus para superar isso em direção a ele. Essa graça não é irresistível; ela opera de forma suficiente “sobre todos, aguardando a sua livre-cooperação antes de se tornar salvificamente efetiva” (GEISLER, vol. 2, 2010, p. 123).

O calvinismo defende os cinco pontos aprovados no Sínodo de Dort em 1619-1620, cerca de 60 anos depois da morte de João Calvino, e muitos duvidam de que ele aprovaria todos esses pontos. São eles: 1) depravação total, 2) eleição incondicional, 3) expiação limitada, 4) graça irresistível e 5) perseverança dos santos. Os arminianos concordam em parte com o primeiro ponto e discordam dos demais. Ninguém é coagido a ser salvo, Jesus morreu por todos os pecadores, o pecador pode resistir à graça e é possível o crente decair da graça.

Adão é apresentado como figura de Cristo: “o qual é a figura daquele que havia de vir” (Rm 5.14). Existe só um ponto em comum entre Adão e Cristo, um é o cabeça da humanidade caída, representante da morte; o outro, o cabeça da nova eternidade, representante da vida. Fora isso, a comparação paulina é uma antítese que nos enche de gozo.

A morte expiatória de Jesus Cristo foi e é a solução para o pecado.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Lendo o Antigo Testamento e considerando séria e literalmente a sua mensagem, facilmente concluiremos que a salvação é um dos temas dominantes, e Deus, o protagonista. O tema da salvação já aparece em Gênesis 3.15, na promessa de que o Descendente — ou ‘semente’ — da mulher esmagará a cabeça da serpente. ‘Este é o protoevangelium, o primeiro vislumbre da salvação que virá através daquEle que restaurará o homem à vida’. Javé salvava o seu povo através de juízes (Jz 2.16,18) e outros líderes, como Samuel (1Sm 7.8) e Davi (1Sm 19.5). Javé livrou até mesmo a Síria, inimiga de Israel, por meio de Naamã (2Rs 5.1). Não há salvador à parte do Senhor (Is 43.11)”. (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.97).


Jesus Cristo, “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”


CONCLUSÃO

A única esperança é o Senhor Jesus, o único que pode nos restaurar a Deus. Restaurar é restituir, e isso se aplica tanto a possessões e bens (Êx 22.14; Is 58.12; Lc 19.8) como também a pessoas (Jr 30.17). O plano de Deus é restaurar todas as coisas (At 3.21), mas Ele começou com os seres humanos. Nós estávamos perdidos, como o filho pródigo, e fomos restaurados a Deus pelo arrependimento (At 3.19; 2Co 7.10) e pela fé em Jesus (Rm 5.1).

Fonte: Lições Bíblicas CPAD Adultos - 3º Trimestre de 2017 - Título: A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Livro de Apoio - Comentarista: Esequias Soares
Revista Adultos 3ºTrim.2017 - A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Comentarista: Esequias Soares
Aqui eu Aprendi!

quarta-feira, 11 de maio de 2016

A vida segundo o Espírito

O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” Rm 8.16

ROMANOS 8 - O tema do capítulo oito

Caro professor, a lição sete (EBD) abordará o último capítulo da primeira seção da Carta aos Romanos. Lembra de que a epístola está estruturada em três grandes seções: 1—8; 9—11; 12—16? Na presente lição, analisaremos o capítulo 8, que conclui o argumento da justificação, apresentado pelo apóstolo Paulo ao longo dos sete capítulos anteriores: a vida no Espírito.
Ora, se ao longo dos sete capítulos o apóstolo argumenta que Cristo nos justificou e nos libertou, arrancando-nos das garras do império do pecado, agora ele pretende mostrar como é a vida no Espírito de quem foi justificado por Cristo. Para isso, é importante o professor voltar-se para algumas referências dos capítulos anteriores: Romanos 5.1-5; 7.4-6.

A nova vida no Espírito
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (8.1). É significativo que este primeiro versículo seja uma consequência natural e prolongada de Romanos 7.6: “Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”. Portanto, nenhuma condenação há para quem está em Cristo!

O apóstolo passa a demonstrar o fato de que a libertação do pecado produzida pelo Espírito resultou em nosso livramento da culpa e da morte, fruto da obra expiatória de Cristo no Calvário. Se no capítulo cinco esta nova realidade de vida traz a esperança, pois é uma nova realidade como produto do derramamento do amor de Deus por intermédio do seu Espírito (v.5), no oitavo o apóstolo trata o crente como que vivendo e estando imerso nesta esperança, isto é, a vida plena no Espírito Santo (8.1,6b).

A realidade de quem “anda” no Espírito vislumbra no apóstolo uma perspectiva escatológica — “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (8.18) — arraigada na realidade da existência: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (v.26).
Convide a sua classe a viver no Espírito. Nossa esperança deve estar no céu, mas não podemos perder de vista a realidade das coisas. Precisamos reproduzir o vislumbre da gloriosa esperança onde habitamos.(Revista Ensinador Cristão nº66_pg.39)

Viver segundo o Espírito Santo significa estar sob o seu domínio e seguir suas orientações.

Romanos 8.1-13
Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita. De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne, porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.

O Elo que Faltava
Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (8.1). Anders Nygren, antigo expositor bíblico sueco, destaca que no capítulo 8 de Romanos, Paulo traz a última conclusão de seu tema que havia começado nos capítulos anteriores. Ele mostra agora que o cristão, justificado pela fé, viverá. A vida cristã é descrita não apenas como sendo livre da ira, do pecado e da lei, mas também como sendo livre da morte. Nygren destaca que é importante ter esse paralelo em mente para que se tenha uma correta compreensão do pensamento do apóstolo no capítulo 8 e o que ele havia falado nos capítulos anteriores. Nygren comenta: “O paralelo pode ser visto como relativamente casual, mas serve como indicação de sua conclusão da segunda parte da epístola. O paralelo está presente definitivamente no início. Em cada um desses quatro capítulos o assunto é a liberdade do cristão tratada de uma maneira especial, tendo como referência uma fonte particular de destruição. Em cada caso, Paulo assinala alguma coisa especial através da qual a liberdade é efetuada.

  • 1. O cristão é livre da ira. Esse fato, Paulo fundamenta no amor de Deus em Cristo Jesus (cap. 5).
  • 2. O cristão é livre do pecado. Aqui Paulo se refere ao batismo, através do qual nós fomos incorporados ao “corpo de Cristo”, e que o “corpo do pecado” pode ser destruído (cap. 6).
  • 3. O cristão é livre da lei. Aqui Paulo se refere à morte de Cristo. No ‘corpo de Cristo’ nós morremos para a lei (cap.7).
  • 4. O cristão é livre da morte. Aqui Paulo se refere ao Espírito, pneuma, o Espírito de Cristo é o poder que faz viver (cap. 8)”.

Concluindo, diz Nygren: “Esse paralelo não é acidental. É evidente que esses quatro capítulos abordam a mesma discussão”.

Anders Nygren acertou em estabelecer essa conexão, todavia parece bastante óbvio que o capítulo 8 de Romanos chega como o ápice de tudo que foi dito a partir do capítulo 1. Os cristãos romanos que leram essa carta, sem sombra de dúvida, lembraram-se do que Paulo havia dito nos capítulos anteriores, em especial naquilo que o apóstolo escrevera na segunda parte do capítulo 7.

“Portanto, agora... ” (8.1). Os expositores bíblicos chamam a atenção para a partícula “agora” que aparece no início desse capítulo. Ela é carregada de significado, pois serve para contrastar o que foi dito anteriormente com o que será a partir desse ponto. Como já ficou demonstrado anteriormente, o que Paulo dirá de agora para frente tem relação, em primeiro plano, com a exposição do capítulo 7 e em um segundo plano com tudo o que foi escrito entre os capítulos 7 e 8.

"... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (8.1). O capítulo 7 deixou o homem em um dilema — sabe que deve fazer o bem, mas acaba por praticar o mal. O homem em Adão é um ser aprisionado, não tem como se autolibertar. Aí vem o grito por socorro: Quem o poderá libertar dessa prisão? Paulo responde que Cristo Jesus é o libertador porque nEle não existe mais prisão alguma. Esse sentido do texto foi bem captado pelo teólogo luterano E. H. Gifford em seu comentário da Carta aos Romanos. Gifford, comentando in loco, diz que “estar em Cristo” não significa nos escritos de Paulo “ser dependente de Cristo” (uso clássico comum), não meramente (como Fritzsch tenta provar) ser seu seguidor ou discípulo, como os pitagóricos ou platônicos eram seguidores de seu mestre. Implica viver em união com Cristo como Ele mesmo fez saber: “... porque eu vivo, e vós vivereis. [...] estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, nele” (Jo 14.19,20; Jo 15.4-7). Essa união com Cristo é frequentemente descrita por João como “estar nele” (1 Jo 2.5,6,24,28; 3 Jo 24; 5.20)”.

Aquele, portanto, que está em Cristo e Cristo está nele não se encontra mais debaixo do jugo. Não há mais nenhuma condenação (gr. katakrima) para ele. A condenação, o jugo, a prisão é desfeita na vida daquele que foi justificado pela fé. A graça o alcançou trazendo liberdade e vida.

“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (8.2). Aqui está a chave da libertação para a nova vida em Cristo — a lei do Espírito de vida. É essa lei que liberta da lei do pecado e da morte. A lei do pecado imperou impiedosamente sobre todos os homens. Todos ficaram debaixo do seu jugo. Mesmo aqueles que passaram a se reger pela lei mosaica também não ficaram livres dessa condenação. Pelo contrário, a lei do Sinai serviu de espelho para revelar quão mal era a natureza adâmica. Estimulada pela proibição do mandamento, ela despertou todo tipo de cobiça. Empurrou o devoto para um beco sem saída. C. S. Keener destaca que “uma vida governada pela carne é uma vida dependente do esforço e recursos humanos finitos, uma vida egoísta, diferente de uma vida governada pelo Espírito de Deus”.

O apóstolo mostra agora que Deus na sua misericórdia e graça proveu libertação através de outra lei, essa superior e muito mais poderosa — a lei do Espírito de vida. Esse Espírito, evidentemente, é o Espírito Santo, enviado por Jesus para habitar dentro dos crentes. Agora o cristão não se rege mais por uma lei externa, mas por uma lei interior. O velho homem foi destronado pela cruz e em seu lugar o novo homem assumiu seu posto. “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.4). As exigências externas da lei agora podem ser cumpridas pelo cristão porque o Espírito de Cristo habita nele e dá-lhe condições de viver as exigências de Deus.

“Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito ” (8.5). A declaração de Paulo se estende até o versículo 12 e 13. Ele havia dito que o preceito da lei se cumpre nos cristãos que agora não estão mais na carne, mas no Espírito (v.4). O sentido desse versículo, como os expositores têm observado, é muito amplo. Em princípio, Paulo está se referindo às duas esferas nas quais o cristão pode se mover — a esfera de Adão e a esfera de Cristo. Todavia, o apóstolo não nega aqui, como quer Keener, que essa luta envolva duas naturezas. O conflito é, portanto, entre o velho homem, criado em Adão, e o novo homem, criado em Cristo. Essa “inclinação da carne” empurra o homem para o pecado, enquanto a “inclinação do Espírito” para um viver vitorioso. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (v. 6).

De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne’’ (8.12). Aqui o apóstolo parte do princípio de que o homem Adão é um homem devedor. Ele é devedor à carne, usa herança pecaminosa. Possuía uma conta a pagar e não tinha como. Todavia, o homem em Cristo agora é um homem livre. Ele não tem mais contas a pagar porque Jesus já pagou em seu lugar. Essa verdade é afirmada pelo apóstolo em outra carta que escreveu: “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.14). O contexto cultural desse versículo era de alguém que devia uma conta e que não podia pagar. O credor anotava então a dívida em um documento, juntamente como o nome do devedor, e pregava nos principais pontos da cidade. Todos que circulavam pela cidade ficavam sabendo daquela dívida. O devedor era exposto de forma vergonhosa e vexatória perante a opinião pública. Paulo afirma aqui que essa dívida, criada pelo pecado de Adão e por nossos pecados pessoais, agora é paga no momento em que nos entregamos ao senhorio de Jesus Cristo. Outro fato é que a palavra grega traduzida como “riscado” no texto original significa “apagado”. Jesus não apenas riscou a nossa dívida, de modo que alguém que fosse passando podia lê-la, mas ele apagou totalmente de forma que não ficou mais nenhum vestígio.

“porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (8.13). Vimos, pois, que a escolha de andar em uma das esferas é do cristão. Andar na carne (kata sarka) ou andar no Espírito (kata pneuma) é uma escolha que cada um deve fazer. Aqueles que escolhem andar no Espírito contam com a ajuda do Espírito para mortificar os feitos do corpo. A santificação é instrumentalizada pela ação do Espírito Santo. Essa verdade é destacada por Paulo em outras epístolas (Ef 4.22-24; G1 5.16,17; Cl 3.5).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"O capítulo 8 é o ponto alto, o clímax, a conquista da vitória pelo Espírito Santo. O ápice espiritual deste capítulo, portanto, está na vitória do Espírito.
'Portanto, nenhuma condenação  há para os que estão em Cristo Jesus' (v. 1). A palavra portanto no início da declaração vitoriosa refere-se ao capítulo 7, na qual, Paulo argumentou a batalha entre a carne e o espírito. Uma luta que parece infindável, se depara com a conquista da vitória no Espírito. A palavra portanto levanta a bandeira do Espírito para o início da nova vida. A declaração de que 'nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus' indica que a Lei (toda ela), que condenava os pecados, foi cumprida por Jesus. Ele tomou sobre si essa condenação justificando-nos perante Deus Pai (Rm 5.1) e nos colocando sob a lei do Espírito. Portanto, o pecador justificado está debaixo de uma nova lei espiritual que domina e rege a nova vida em Cristo.
'Porque a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte' (8.2). Paulo fala nesta Carta de várias leis e as trata como: 'lei do pecado', 'lei do entendimento', 'lei de Moisés', 'lei de Deus'. Porém, no capítulo 8, ele fala da 'lei do espírito de vida' que opera no interior do crente e o liberta do domínio da lei do pecado, da carne e da morte. Há uma ligação profunda entre o Espírito Santo e Jesus, pois a nova lei é chamada 'lei do espírito de vida em Cristo Jesus'. É a lei da vida de Jesus que opera no íntimo do crente e o habilita a ter comunhão com Ele" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.88).

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* A nova vida
"O princípio dinâmico da nova vida em Cristo sobrepuja o princípio do pecado inerente, capacitando-nos a viver de maneira justa (8.1-4). Se nós, como filhos de Deus, escolhermos viver em harmonia com o Espírito, não com a carne, o poder de ressurreição do Espírito no dará vida, mesmo em nosso presente estado mortal. No futuro, nossos corpos, com toda a criação, serão transformados (Rm 8.18-25). Até então, vivemos no amor do Espírito, que intercede por nós (Rm 8.26,27), do Pai que nos sustenta (Rm 8.28-33) e de Cristo, que nos guarda (Rm 8.34-39)." Para conhecer mais leia Comentário Devocional da Bíblia, CPAD, p. 778.

Romanos 8.14-17
Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se e certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (8.14). Aprecio muito o comentário que A. W. Tozer fez sobre a pessoa e obra do Espírito Santo. Tozer destaca que o Espírito Santo é, sobretudo, uma chama moral. Ele é a própria santidade, a soma e a essência de tudo o que é indescritivelmente puro. Tozer destaca que nenhuma alegria é válida, nenhum deleite é legítimo quando se permite que o pecado exista na vida ou na conduta. Acertadamente, ele diz que o ideal verdadeiro do cristão não é ser feliz, mas ser santo. Em segundo lugar, o Espírito é uma chama espiritual. Aqui Tozer destaca que o Espírito nos conduz a uma adoração verdadeira. O Espírito é também uma chama intelectual. O Espírito usa nosso intelecto para o serviço de Deus de forma que não há incompatibilidade alguma entre a mente e o Espírito. O Espírito é descrito como sendo chama volitiva. Ele opera na nossa vontade. Todavia, como destaca Tozer, é necessário que haja algum tipo de entrega total da vontade a Cristo antes que qualquer obra da graça possa ser realizada. Por último, Tozer observa que o Espírito que habita em nós produz uma chama emotiva. Somos razão e emoção. Tozer completa: “Um dos maiores flagelos que o pecado trouxe sobre nós é a depravação de nossas emoções normais. Rimos de coisas que não são divertidas, encontramos prazer em atos que estão abaixo da dignidade humana e nos alegramos em coisas que não deveriam ter lugar em nossas emoções”.

O apóstolo destacou que o Espírito guia o cristão. “Guiar” traduz o verbo grego ago, que tem o sentido de “conduzir”, “orientar”. O tempo presente, modo indicativo e voz passiva usados aqui mantêm o sentido no original de “aquele que se deixa guiar continuamente pelo Espírito”. O Espírito, portanto, conduz o cristão. Ele nos guia pela Palavra de Deus (Ef 6.17; Mt 4.4); Ele nos guia pelo testemunho interior (Rm 8.16); Ele nos guia pelo bom-senso (1 Ts 4.9); Ele nos guia por sábios conselhos (At 21.17-26); Ele nos guia pelos dons espirituais (At 21.10,11); Ele nos guia por sonhos (At 2.17); Ele nos guia por visões (At 16.9; 18.9,10).


SUBSÍDIDO BIBLIOLÓGICO
"Para que a justiça da Lei se cumprisse em nós' (8.4). Quando Cristo se fez o representante do homem pecador, o poder condenatório do pecado foi desfeito, e, então a justiça foi cumprida por Cristo. Agora, uma vez libertos da lei do pecado, e vivendo segundo o Espírito, a carne  não tem mais direitos sobre nós. Ainda que a inclinação da carne é para as coisas da carne, se vivemos em Espírito, a carne estará sob domínio.
No versículo 4, temos a descrição daqueles que vivem segundo a carne ou segundo o Espírito. No versículo 5, Paulo mostra os que são conforme a carne e conforme o Espírito. De um lado temos aqueles que se ocupam na prática do pecado. Por outro lado, temos aqueles que se ocupam em fazer a vontade do Espírito e estar sob sua direção.


A vitória do Espírito (8.6-13)
Nestes versículos é destacada a operação do Espírito Santo na vida do crente. É a obra santificadora do Espírito Santo, na mente, no espírito e no corpo do crente (1 Ts 5.23,24). 

O crente anda e vive no Espírito, pois não está mais sob o domínio da carne. Sua vida é regida e regulada pelo Espírito Santo, que mora nele e governa o seu interior"
(CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.89).

Romanos 8.18-30
Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. Porque, em esperança, somos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos. E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, e é ele que segundo Deus intercede pelos santos. E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.

Synantilambanetai — o Espírito do outro Lado
“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (8.18). Essa seção que começa em 8.18 de Romanos e termina em 8.30, uma das mais belas e apreciadas dessa carta, é uma referência à demonstração do grande amor de Deus pelos seus filhos. Os comentaristas chamam de seção dos três gemidos. O gemido da criação; o gemido do cristão; e o gemido do Espírito. A criação geme por conta do desequilíbrio que o pecado trouxe; o cristão geme por habitar em um corpo corruptível; e o Espírito geme por conta das limitações as quais o crente está subordinado. A propósito, o gramático de grego bíblico Roberto Hanna comenta que em Romanos 8.26,27 “o verbo composto sinantilambanetai o significado é obvio. O Espírito Santo agarra nossas debilidades juntamente conosco (syri) e leva sua parte da carga na nossa frente (anti), como se dois homens estivessem levando um tronco, um em cada extremo”.

“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (8.28). A. T. Robertson destaca que é Deus quem faz com que “todas as coisas cooperem” em nossas vidas para o bem, o bem último. Robertson destaca ainda que “Paulo aceita completamente a livre agencia do homem, mas por trás de tudo e através de tudo subjaz a soberania de Deus aqui e em sua face de graça (9.11; 3.11, 2 Tm 1.9)”.

A Liberdade dos Eleitos
“Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (8.29). A maioria dos autores comentando Romanos 8.29,30 usa os termos predestinação e eleição de forma intercambiável. Dessa forma, o prolífico escritor Hernandes Dias Lopes usa a expressão “eleição incondicional”, situando-a dentro do contexto de Romanos 8.30. Todavia, a palavra “eleição”, que traduz o grego eklogé, só aparecerá de fato pela primeira vez em Romanos 9.11. Lopes diz in loco que “a eleição é incondicional”. O que Lopes quis dizer não ficou claro. Todavia, se entendermos “incondicional” como um termo cunhado pela tradição determinista, então ele significa que Deus elegeu alguns incondicionalmente para a vida eterna enquanto destinou outros incondicionalmente para o tormento eterno. Mas isso seria um uso indevido do termo grego, já que em Romanos 9.11 (cap. 11.5,7,28 onde aparece o mesmo termo) essa incondicionalidade é usada em relação a povos, e não a indivíduos. Por outro lado, em Romanos 8.29,30 aparece o termo “predestinação” (gr. Proorizõ), que a exemplo de eklogé também possui um sentido corporativo e condicionante. O expositor bíblico Joseph A. Fitzmyer, quando comenta Romanos 8.29,30, diz: “Esta expressão não deve ficar restrita somente aos cristãos predestinados. A aplicação dela à predestinação individual vem de Agostinho. A concepção de Paulo é, antes, coletiva, e a expressão é um complemento a ‘daqueles que o amam’, i.e., os cristãos que responderam a um chamado divino (cf. Rm 1.6; 1Co 1.2)”. Em outras palavras, a eleição é em Cristo e está condicionada à resposta que as pessoas dão ao seu chamado. Mesmo em contextos onde a predestinação está em evidência, A. T. Robertson destaca o papel exercido pela livre-escolha. Comentando Atos 13.48, Robertson diz que “não há evidência de que Lucas tivesse em mente um absolutum decretum (Decreto Absoluto) de salvação pessoal. Paulo havia mostrado que o plano de Deus se estendia a/e incluía os gentios. Certamente o Espírito de Deus se move sobre o coração humano, ação a que alguns respondem, como aqui, enquanto outros a rejeitam”.


CONHEÇA MAIS...
Em Romanos 8.29,30 encontramos o verbo grego proegno, que é o aoristo de proginosko. O sentido desse verbo é “saber antes”, “escolher de antemão”. A palavra ocorre 5 vezes no Novo Testamento e 2 vezes em Romanos. Outro verbo que aparece nesse texto é proõrisen, que é o aoristo de proorizõ. Essa palavra tem o sentido de “predestinar”, “determinar os limites previamente”. O termo aparece 6 vezes no Novo Testamento, sendo 2 vezes em Romanos. Um terceiro verbo nessa passagem é ekalesen, aoristo de kaleo. O sentido desse verbo é “chamar”. O termo aparece 147 vezes no Novo Testamento e 8 vezes em Romanos. (HUGO, M. Petter. Concordando Greco-Espanola del Nuevo Testamento Griego. Barcelona, Espanha: Editorial CLIE).

O historiador da igreja, *Roger Olson, faz uma ilustração da salvação no contexto da eleição divina, conforme defendida pelos pelagianos, calvinistas e arminianos. Olson nos convida a imaginar um poço fundo com lados íngremes e escorregadios. Dentro desse poço encontram-se várias pessoas fracas e feridas, completamente incapacitadas de sair de dentro do poço.

1. Semipelagianismo — afirma que Deus se aproxima e que joga uma corda para o fundo do poço e espera que a pessoa comece a puxar a corda. Quando a pessoa assim o faz, Deus responde gritando: “Segure bem firme na corda e a amarre em seu corpo. Juntos, nós o tiraremos daí”. Olson destaca que o problema aqui é que a pessoa está demasiadamente machucada para fazer isso, a corda é fraca demais e Deus é bom demais para esperar que a pessoa inicie o processo.

2. Monergismo — afirma que Deus se aproxima, lança a corda para dentro do poço e que desce até o fundo do poço, enrola a corda em algumas pessoas e então sai do poço e puxa aquelas pessoas para a segurança sem nenhuma cooperação. Olson destaca que o problema aqui é que o Deus de Jesus Cristo é bom e amável demais para resgatar apenas algumas pessoas impotentes e deixar outras lá.

3. Sinergismo evangélico — afirma que Deus se aproxima, lança uma corda e grita: “Segurem na corda e puxem e juntos nós iremos tirar vocês daí”. Ninguém se mexe. Eles estão severamente feridos. Na verdade, para todos os propósitos práticos, eles estão “mortos”, pois estão completamente incapazes. Então Deus derrama água no poço e grita: “Relaxem e deixem que a água os faça boiar até que saiam do poço!” Em outras palavras, “Boiem”. Tudo o que a pessoa no poço precisa fazer para ser resgatada é deixar que a água o faça subir e sair do poço. A ação exige uma decisão, mas não um esforço. A água, é claro, é a graça preveniente.

Muito embora Olson reconheça a imperfeição dessa ilustração, ela parece se ajustar melhor ao contexto bíblico da eleição e da predestinação. Comentando Romanos 8.30, na sua exaustiva obra de 801 páginas, a qual defende a eleição condicional do crente, o expositor bíblico Daniel D. Corner observa que a afirmação de que a eleição é incondicional “ignora os exemplos reais encontrados na Escritura daqueles que uma vez foram verdadeiramente justificados, em seguida, depois se afastaram de Deus (Lc 8.13; 1Tm 1.19; 2Tm 2.18;C11.22,23)”. Voltaremos a esse assunto quando no capítulo 8 comentarmos a seção de Romanos 9—11.

O teólogo pentecostal Van Johnson destaca que “o ponto principal destes versículos é dar a segurança do futuro eterno do crente com base na soberania de Deus. O que ele propôs ocorrerá. Para esse fim, Paulo apresenta a ideia que desde o começo era plano de Deus salvar os homens. Para que não haja o pensamento de que circunstâncias na terra frustrem o plano de Deus, o apóstolo mostra que Deus terminou este curso de ação antes que tivéssemos a oportunidade de responder”. Johnson destaca que a “necessidade da resposta humana é dada no versículo 28 — “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”.

CONHEÇA MAIS...
*Roger Olson destaca que a “Eleição” é outra palavra bíblica para predestinação para a salvação (ou serviço); elas são sinônimas. Todos os cristãos acreditam na eleição; os calvinistas acreditam nela de forma específica” (OLSON, Roger. Contra o Calvinismo. Editora Reflexão, p.69))

Pelagianismo
Pelágio era um monge (Bretanha 350-423) que viveu no fim do século 4 e início do século 5 D.C. Ele ensinava que os seres humanos nasciam inocentes, sem a mancha do pecado original e pecado herdado. Também acreditava que Deus criava diretamente toda alma humana e, portanto, toda alma era livre do pecado.
Pelágio acreditava que o pecado de Adão não tinha afetado as gerações futuras da humanidade. Negava o Pecado Original, a corrupção da natureza humana e a necessidade da Graça Divina para Salvação; essa interpretação ficou conhecida como Pelagianismo.
O Semipelagianismo essencialmente ensina que a humanidade é manchada pelo pecado, mas não ao extremo de não podermos cooperar com a graça de Deus com os nossos próprios esforços. Assim como o Pelagianismo, o Semipelagianismo é anti-bíblico.


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"A trindade divina na obra da santificação (8.26-34)
Nestes versículos, Paulo apresenta a Trindade divina empenhada em ajudar o crente na sua esperança. O capítulo 8 conduz o crente no caminho da santificação pela operação  do Espírito Santo. Apresenta todos os obstáculos que se deparam com o crente. Coloca o crente no campo de luta espiritual e dá-lhe as armas espirituais para lutar, e finalmente, apresentar-lhe a razão dessa luta, aconselhando e orientando-o em toda a sua jornada cristã.

O Espírito intercede em nós (8.26,27).
Esses dois versículos mostram a missão do Espírito dentro do crente, trabalhando a seu favor. Ele 'ajuda as nossas fraquezas' (v.26).
A que se referem as 'nossas fraquezas'?
Referem-se às nossas limitações temporais neste corpo mortal, sujeito à natureza pecaminosa. Enquanto estivermos enclausurados dentro deste 'tabernáculo' (corpo) terrenal, somos sujeitos às fraquezas da carne. Por isso, o Espírito Santo habita dentro do crente para ajudá-lo nas suas fraquezas. A ajuda do Espírito dentro de nós é representada pela sua intercessão.
A quem Ele intercede?
A Deus Pai, e a seu Filho Jesus Cristo"
(CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.94).

Romanos 8.31-39
Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!

Quem Será Contra Nós?
"Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (8.31). Essa seção é o fechamento de tudo aquilo que o apóstolo falara até agora. A obra The Pulpit Commentary, um dos melhores comentários de natureza homilética já publicado, traz um esboço sobre essa porção das Escrituras. Dividido em três pontos, temos primeiramente O Solilóquio do Crente. Aqui o apóstolo, como se estivesse dialogando com sua própria alma, faz uma retrospectiva de toda a sua argumentação anterior. Do capítulo 1 ao 5, Deus é por nós. Ele nos justificou pela fé. Do capitulo 6 ao 8, Deus está em nós. Aqui acontece a santificação por intermédio do Espírito de Cristo. Em segundo lugar, temos o Desafio do Crente. Aqui ele tem a base para defender o seu direito à salvação, como resultado da justificação pela fé. A justificação é um ato de Deus. A base dessa justificação é a morte de Cristo e a garantia dessa justificação é a ressurreição de Jesus. Isso garante ao cristão vitória sobre seus inimigos. Por último, o crente está persuadido naquilo em que creu. Nada é capaz de demovê-lo dessa convicção. A morte não pode; as coisas desta vida também não; anjos, principados, potestades não podem separá-lo desse poder supremo. As coisas do presente, que apelam para os sentidos, também se revelam incapazes de demovê-lo desse projeto divino. E o que dizer das coisas futuras ou alguma outra criatura? Também não podem separá-lo do amor de Deus que está em Cristo Jesus.

A Ele toda honra e toda glória. Amém!

CONCLUSÃO
A lição de hoje ajuda-nos a compreender que a graça de Deus é realmente surpreendente. Ela transformou ímpios em santos e nos colocou em um nível de relacionamento com Deus jamais imaginado pelo seu antigo povo, e a graça de ter o Espírito Santo habitando em nosso interior e o privilégio de ser guiado por Ele. Mas não é só isso, agora também somos herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo. Isso tudo se chama graça.


ESTUDANDO A LIÇÃO
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
Todos os homens, gentios e judeus estão debaixo do jugo do pecado?
Sim. Todos os homens, quer gentios quer gregos, estavam debaixo da condenação do pecado.
A lei do pecado e da morte foi revogada por qual lei?
A lei do pecado e da morte, que havia neutralizado ou tornado ineficaz a lei, agora foram revogadas pela lei do Espírito da vida.
A lei do Espírito opera baseada em quê?
No sacrifício de Jesus, o imaculado Cordeiro de Deus.
O que acontece quando o crente cede a inclinação da carne?
Ele passa a viver segundo a carne e quando a carne assume o controle o Espírito fica de fora.
Como é denominada a velha natureza adâmica?
Velho homem.

BIBLIOGRAFIA
LOPES, Hernandes Dias. Rom anos — O Evangelho segundo Paulo. São Paulo: Editora Hagnos.
FITZMEYER, Joseph A. Romanos — Novo Comentário Bíblico São Jeronimo. Ed.Academia Cristã/Paulus,2015.
ROBERTSON, A. T. Comentário a l Texto Griego del N uevo Testamento. Barcelona, Espanha: Editorial CLIE.
OLSON, Roger. Contra o Calvinismo. Editora Reflexão.
CORNER, Daniel D. The Believer’s Conditional Security — A Study on Perseverance and Falling Aw ay. Washington, PA: Evangelical Outreach, 2000, p.380-382.
VAN, Johnson. Romanos— Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
The Pulpit Commentary, vol. X V I I I — A c ts to Romans. Peabody, Massachussetts: Hendrickson Publishers, 2011

Fonte:
Lições Bíblicas - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - 2º.trim_2016 CPAD - Comentarista Jose Gonçalves
Livro de Apoio - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - Comentarista José Gonçalves
Romanos. O Evangelho da Justiça de Deus - 5ª.ed.CPAD
Revista Ensinador Cristão-nº66
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Comentário Devocional da Bíblia
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Bíblico Wycliffe
Dicionário Teológico CPAD
Aqui eu Aprendi!
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