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sábado, 14 de julho de 2018

Os Ministros do Culto Levítico

“Toma os levitas em lugar de todo primogênito entre os filhos de Israel e os animais dos levitas em lugar dos seus animais; porquanto os levitas serão meus. Eu sou o Senhor” Nm 3.45


Os Ministros do Culto Levítico

A lição desta semana vai abordar uma das mais importantes instituições ministeriais do Antigo Testamento: o sacerdócio levítico. Todo desdobramento do culto, como vimos na lição anterior, só era possível devido à classe de ministros que foi separada por Deus na época de Moisés para exercer o ofício sacerdotal. Por isso, é preciso conhecer a tribo em que essa classe se originou e a singularidade dos sacerdotes, pois nem todo levita era sacerdote, mas todo sacerdote era levita.

A Tribo de Levi

A característica de Levi, um dos doze patriarcas, tem muito a dizer sobre a existência da Tribo e o surgimento da classe sacerdotal a partir dela. A reputação do patriarca Levi está ancorada na ideia de uma pessoa firme, dura demais em relação à honra, fato que é destaque na narrativa de Gênesis 34. Embora a trágica atitude de Levi em defesa da honra de Diná fosse objeto de indignação de seu pai, Jacó, essa disposição de “zelo” está claramente presente na formação da Tribo de Levi representada pela três maiores autoridades: Gérson, Coate e Merari (1Cr 6.16, Gn 46.11; Êx 6.16) — considerados os herdeiros legítimos das bênçãos divinas, pois, não por acaso, foram as famílias, dentro da tribo, responsáveis por todo o cuidado e transporte do Tabernáculo. Dessa tribo de firme “zelo” e “ânimo” surge a instituição sacerdotal.

A diferença entre “levitas” e “sacerdotes”

Muito importante destacar é que nem todo levita era sacerdote. Os “levitas”, reconhecidos assim, foram escolhidos e necessários para exerceram funções de ajuda ao sacerdócio no Tabernáculo, e mais tarde no Santo Templo, para ensinar a Torá ao povo e auxiliar os sacerdotes em todo o sentido na adoração pública no santuário (utensílios, transporte, portas, instrumentos de música do Tabernáculo e, respectivamente, o Templo — Nm 1.50). Diferentemente dos “levitas”, os sacerdotes eram separados eminentemente para os ofícios sagrados do Tabernáculo e do Templo: oferecer sacrifícios e ofertas no altar; mediar a relação do povo com o Deus de Israel.

A atuação híbrida dos sacerdotes

Ao longo do Antigo Testamento, vemos que, além da natureza espiritual e religiosa da função sacerdotal, os sacerdotes transbordaram o limite religioso. Era comum eles exercerem papéis de conselheiros do Rei, como no reinado de Davi, e, por exemplo, influenciar a eleição do rei como aconteceu no caso de Salomão, sucessor de seu pai.

O chamamento divino exige, de cada um de nós, amor, excelência e dedicação integral ao Senhor da Seara.

Leitura Bíblica - Levítico 8.1-13

Depois de estudar o culto levítico, na lição de hoje refletiremos a respeito do sumo sacerdote e os levitas, cuja função era conduzir a adoração e representar o povo diante de Deus. Os hebreus haviam deixado o Egito e era preciso que a adoração fosse institucionalizada e diferente do que tinham visto e aprendido durante os anos de escravidão. Veremos que Deus escolheu e separou uma única tribo, a de Levi, para a adoração e o serviço no Tabernáculo. Ser escolhido para tal função era um privilégio, uma honra, mas também uma grande responsabilidade e abnegação já que os descendentes de Levi não teriam herança como às demais tribos. O Senhor seria a herança deles e o sustento viria das outras tribos. Era preciso ter fé e viver dela.

Deus determinou que os sacerdotes deveriam ser descendente de Arão. Também era exigido que as mulheres dos sacerdotes fossem israelitas de sangue puro. Mesmo depois da vinda de Jesus, para atuar como sacerdote, era preciso comprovar por meio de registros genealógicos a descendência de Arão. Mas, graças ao sacrifico de Jesus Cristo na nova aliança, cada crente é um sacerdote santo, chamado para oferecer sacrifícios espirituais (1Pe 2.5).



Neste capítulo, faremos algumas considerações acerca do chamado extraordinário dos levitas ao ministério sacerdotal de Jeová. Logo de início, buscaremos responder à pergunta: “Por que a escolha recaiu sobre Levi, se esta tribo não era a mais excelente de Israel?”. Em seguida, contemplaremos outra questão igualmente importante: “Não teria sido mais consensual se Moisés houvesse selecionado os ministros do altar dentre os melhores homens de cada tribo?”.

Antes, porém, de nos ocuparmos dessas questões, trataremos de uma temática comum às comunidades divinas de ambos os Testamentos: o serviço a Deus. Afinal, todos fomos chamados a servir ao Criador, pois Ele nos fez e dEle somos.

Portanto, ainda que não sejamos chamados a trabalhar num ministério específico, não poderemos ficar inativos; na Vinha do Senhor, há um trabalho para cada um de nós. Às vezes, o nosso afazer nem lembra um ministério, devido à sua pequenez e aparente insignificância. Mas, se é feito para Deus, jamais deixará de ter a glória e o galardão de ministério.

Feitas essas considerações, voltaremos às perguntas que deram ocasião à abertura deste capítulo. Que Deus nos ajude.

I. Diaconologia, A Teologia do Serviço Divino

Em qualquer diálogo teológico, precisamos levar em conta este pressuposto básico: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24.1, ARA). A partir daí, conscientizar-nos-emos de que, neste mundo, devemos atuar como servos humildes e fiéis a Deus, e não como soberanos e ditadores; tudo pertence ao Senhor, inclusive você e eu, querido leitor. Eis a essência do que chamamos de diaconologia.

1. Etimologia e definição.

A palavra “diaconologia” provém de dois vocábulos gregos: diáconos: servo ou ministro; e logos: tratado ou discurso racional. Portanto, a diaconologia é a seção da teologia bíblica que se aplica ao estudo do serviço consagrado ao Reino de Deus. Tal serviço não compreende apenas o esforço dos membros do ministério santo; reclama também o concurso de todos os que foram chamados à vida eterna.

2. A diaconologia no Antigo Testamento.

No período do Antigo Testamento, a diaconologia divina repousava sobre o tripé: rei, sacerdote e profeta. Todavia, em momentos de emergência nacional, todo o povo erguia-se como um só homem (1 Sm 11.7). Nessas ocasiões, não se fazia distinção entre o clero e o laicato – todos, sem exceção, identificavam-se como povo de Deus. Mas, com a burocratização do serviço divino, a nação hebreia fragmentou-se de tal forma, que a união do povo com a classe dirigente tornou-se impossível.

A maior expressão da diaconologia vétero-testamentária deu-se na construção do Tabernáculo. Apesar das agruras do deserto, o povo atendeu prontamente ao apelo de Moisés, trazendo-lhe não apenas matérias-primas como ouro, prata, madeira e essências aromática, como também mão de obra especializada. Nesse serviço, os hebreus mostraram-se de tal forma liberais e generosos, que Moisés foi obrigado a proibi-los de trazer-lhe mais oferendas (Êx 36.6).

Nunca mais se repetiu, em Israel, tal exemplo de diaconia. Foi um exemplo único no Antigo Testamento.

3. A diaconologia no Novo Testamento.

Nos Atos dos Apóstolos, as ações evangelísticas e missionárias não se limitavam ao colégio apostólico; ilimitavam-se nas intervenções de diáconos como Estêvão e Filipe e dos crentes anônimos que, aonde iam, espalhavam as Boas-Novas de Cristo.

O mais perfeito exemplo de diaconia do Novo Testamento é assim descrito por Lucas:

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. (At 2.42-47)

Tendo por base o relato lucano, concluímos que a diaconia da Igreja Primitiva estava longe de ser um ativismo social. Em primeiro lugar, era essencialmente teológica, uma vez que os crentes só vieram a doar seus bens depois de se haverem fundamentado na doutrina dos apóstolos. Em segundo lugar, era litúrgica e orante: acompanhavam-na a celebração da Santa Ceia e as preces cotidianas. E, finalmente, era marcada por uma profunda koinonia: todos, possuindo tudo em comum, depositavam o resultado de suas ofertas e despojamentos aos pés dos apóstolos. Acrescentemos, ainda, que a diaconia de Atos dos Apóstolos era fortemente soteriológica; redundava na salvação de almas.

Ao contrário da diaconologia de muitos ramos da cristandade atual, quer do catolicismo romano, quer do protestantismo nominal, que resultaram em ações pastorais contrárias às Sagradas Escrituras, a diaconia da Igreja Primitiva teve como fruto imediato a expansão do Reino de Deus.

Feitas essas considerações, voltemo-nos agora ao ministério levítico que, em si, representava formal e essencialmente a diaconologia do Antigo Testamento.

II. O Chamado de Levi em Abraão

O autor da Epístola aos Hebreus, inspirado pelo Espírito Santo, teve um discernimento excepcional quanto à chamada de Levi ao ministério sagrado. Conforme veremos, o terceiro filho de Jacó fora chamado a servir como sacerdote antes mesmo de nascer.

1. A presença de Levi na celebração de Melquisedeque.

Segundo vimos no capítulo anterior, o encontro de Abraão com Melquisedeque, rei de Salém, constituiu-se na maior celebração divina do Antigo Testamento (Gn 14.18-20).

Nessa ocasião, de acordo com o autor sagrado, Levi, bisneto de Abraão, ali esteve presente nos lombos de seu avoengo: “Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos. E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste” (Hb 7.4,9,10).

Na presciência de Deus, Levi já havia sido escolhido mesmo antes de nascer. Sua diaconologia, como sacerdote transitório dos bens que serviriam de sombra aos eternos, consistiria em servir ao sacerdócio eterno de Melquisedeque, que, naquele momento, representava o Senhor Jesus Cristo.

2. A importância de Levi no Concerto Sagrado.

Se lermos o capítulo 14 de Gênesis, à luz de Hebreus 7, concluiremos que, no âmbito da diaconologia do Antigo Testamento, o patriarca Levi foi mais importante do que Isaque, Jacó, Judá e o próprio José. Tais varões, apesar de sua importância na formação e preservação do povo escolhido, jamais tiveram acesso ao sacerdócio litúrgico. Mas, ao acompanharmos a biografia de Levi, ficamos sem entender por que o patriarca, que nem primogênito era de Jacó, alcançaria tanta preeminência no decorrer da História Sagrada.

III. O CARÁTER FORTE E CONSERVADOR DE LEVI

Só viremos a entender a pessoa de Levi, se nos detivermos em sua biografia que, a rigor, nem biografia pode ser considerada. No entanto, o que a narrativa sagrada revela acerca de sua juventude e velhice é suficiente para formarmos uma imagem de seu caráter.

1. O nascimento de Levi.

Levi, ao contrário de José, não era filho de Raquel, a esposa sempre querida e predileta de Jacó. Quando de seu nascimento, Lia, sua mãe, ainda ressentida por ter sido preterida em relação à irmã, desabriu toda a sua mágoa: “Agora, desta vez, se unirá mais a mim meu marido, porque lhe dei à luz três filhos” (Gn 29.34). Por isso, deu-lhe um nome que reunia esperança e redenção: Levi, que, em hebraico, significa ligado, unido ou vinculado.

Pelos usos e costumes da época, o menino já estava destinado, desde o ventre, a uma vida comum, medíocre e sem ascendência no clã. Afinal, além de não ser o primogênito, era o terceiro filho de uma mulher que, no coração do marido, estava longe do primeiro lugar.

2. O episódio de Diná.

O caráter forte, conservador e moralista de Levi aflorou quando do estupro de Diná. Após tramar, juntamente com Simeão, a ruína da família de Siquém, o jovem que abusara de sua irmã, justificou o seu ato com uma alegação que, ainda hoje, reflete os costumes de alguns clãs: “Abusaria ele de nossa irmã, como se fosse prostituta?” (Gn 34.31).

O autor sagrado não deixa claro se tais palavras foram proferidas por Levi. Mas, tendo em conta a história de seus descendentes, entendo que tal discurso é mais apropriado a Levi do que a Simeão. Em termos morais, aliás, Simeão era nada recomendável. Talvez, por isso mesmo, José o manteria preso no Egito, ao receber a primeira visita de seus irmãos (Gn 42.24).

3. O episódio de José.

Da história de José, inferimos que Levi estivera tão envolvido na venda do jovem sonhador quanto os outros irmãos. O que ele fez para livrar o caçula? Embora fosse o terceiro filho em responsabilidade moral, agiu, naquele momento, como Caim: “Acaso sou eu o guardador de meu irmão?”.

Portanto, se fôssemos analisar a vida de Levi, até aqui, jamais poderíamos referendar-lhe o nome como o chefe da tribo sacerdotal de Israel. Mas Deus, que nos sonda as intenções mais profundas, age doutra forma; usa as coisas que não são, para confundir as que são.

4. A bênção de Levi.

Estando já próximo da morte, Jacó reúne seus filhos para abençoá-los e profetizar-lhes o futuro na História Sagrada. Das palavras do velho patriarca ao terceiro filho, logo concluímos que, para Levi, não haveria futuro ou promissão:

Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência. No seu conselho, não entre minha alma; com o seu agrupamento, minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua vontade perversa jarretaram touros. Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura; dividi-los-ei em Jacó e os espalharei em Israel. (Gn 49.5-7)

Naquele momento, o moribundo Jacó jamais poderia vir a imaginar que o seu terceiro filho erguer-se-ia, séculos depois, como o sacerdote de toda a sua família. Levi, devido ao seu furor, foi disciplinado. Em Israel, espalhou-se; nenhuma herdade jamais. Todavia, a maldição seria revertida em bênçãos. A sua única herança, agora, era o Deus de Abraão.

IV. LEVI, UMA FAMÍLIA DE NOBRES

Seja-me permitido dizer que Levi, apesar de seu furor juvenil, amadureceu e soube como educar seus filhos. Acredito que, dentre todas as tribos hebreias, a mais piedosa e espiritual era a dos levitas, pois destes o Senhor chamaria o Legislador, o Sumo Sacerdote de Israel. Não nos esqueçamos dos cantores e músicos saídos desse abençoadíssimo clã.

1. Moisés, o legislador dos hebreus.

Se estivéssemos à beira da cama do moribundo Jacó, a ouvir-lhe as profecias quanto ao futuro de seus filhos, jamais poderíamos supor que, de Levi, tão censurado quanto Simeão, sairia um Moisés, um Arão, uma Miriã e, mais tarde, um Barnabé, fazedor de missionários. Talvez, ali, ao pé daquele leito terminal, imaginássemos que Moisés viria de Judá, a tribo do cetro; Arão proviria de José, o ramo frutífero; e Miriã seria gerada por Naftali, a tribo das palavras formosas. E quanto a Barnabé? Talvez de Zebulon, uma gente dada ao mar e às viagens ao desconhecido.

Mas, surpreendendo a todas as expectativas, Deus suscitou o maior profeta do Antigo Testamento da tribo de Levi, conforme lemos no Êxodo:

Foi-se um homem da casa de Levi e casou com uma descendente de Levi. E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que era formoso, escondeu-o por três meses. Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo, tomou um cesto de junco, calafetou-o com betume e piche e, pondo nele o menino, largou-o no carriçal à beira do rio. (Êx 2.1-3)

Da frágil arcazinha, levada pelas águas do Nilo, o Senhor chama o libertador de seu povo. Essa família levita, por sua coragem e bravura, entra na História Sagrada como heróis da fé (Hb 11.23).

2. Arão, o sumo sacerdote de Israel.

Da família de Anrão e Joquebede, o Senhor vocacionaria ainda o sumo sacerdote de Israel (Êx 6.20). Três anos mais velho que Moisés, ajudou-o a organizar Israel como nação santa, sacerdotal e profética. Mais adiante, veremos como se deu a sua vocação ao ministério sacerdotal. Volto a repetir que nem mesmo Levi, em sua mais profunda comunhão com o Senhor, fora capaz de imaginar que, de seus lombos, o Senhor levantaria os mais ilustres personagens do Antigo Testamento.

3. Miriã, a profetisa de Israel.

Miriã, irmã de Moisés e Arão, reunia três virtudes à execução de um trabalho extraordinário: profecia, poesia e vocação celibatária (Êx 15.20,21). Ao contrário de seus irmãos, ela não constituiu família, pois a sua família eram Arão e Moisés, mais novos do que ela. E, pelo que inferimos da narrativa sagrada, ela esteve ao lado de ambos até que Deus a tomou para si.

Apesar do lamentável episódio de Números 12, Miriã entrou para a História Sagrada como um exemplo de coragem, audácia e sabedoria. Deus usou-a para salvar o infante Moisés das garras de Faraó. Em seus lábios, havia um cântico de vitória; era uma mulher de Jeová. O que mais diremos dos descendentes de Levi? Hoje, não são poucos os judeus que trazem, no nome, tão ilustre ascendência. E, no período do Milênio, conforme vimos no capítulo anterior, voltarão eles a exercer novamente o seu ofício. Dessa feita, porém, em caráter memorial, recordando a morte e ressurreição de Jesus Cristo.

V. LEVITAS, OS PRIMOGÊNITOS DE DEUS

De acordo com o princípio pascal, todos os primogênitos israelitas teriam de ser apresentados a Deus como as primícias da nação (Êx 13.2). Ao Senhor, entretanto, aprouve substituí-los pela tribo de Levi. Vejamos por que Deus assim agiu.

1. A formação espiritual da tribo de Levi.

Se lermos com atenção o capítulo 11 da Epístola aos Hebreus, constataremos que, após os 400 anos de cativeiro no Egito, a única família mencionada, como exemplo de fé e coragem, foi a de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi (Hb 11.23). Isso leva-nos a inferir que os levitas, instruídos por seu patriarca, conservaram-se fiéis aos princípios da fé abraâmica. Nem mesmo a tribo de Judá, que receberia o cetro e o trono de Israel, alcançara tamanha excelência espiritual. Tendo em vista a urgência do estabelecimento de seu Reino, por meio de Israel, o Senhor houve por bem santificar a tribo de Levi, colocando-a em lugar dos primogênitos de todas as tribos: “Eis que tenho eu tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo primogênito que abre a madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus” (Nm 3.12). A partir desse momento, Levi, embora fosse o terceiro filho de Jacó com Lia, a mulher menosprezada, passou a figurar como o primogênito espiritual do Senhor Deus. Quanto a Judá, o quarto filho do patriarca com a mesma esposa, seria galardoado com a primazia messiânica. A desprezada Lia, sem o saber, seria honrada eternamente em dois de seus filhos.

2. O comprometimento da tribo de Levi com a obra de Deus.

Tenho para mim que o episódio do bezerro de ouro foi mais do que decisivo para o Senhor chancelar, de vez, a escolha de Levi para exercer o sacerdócio. Enquanto os hebreus todos embeveciam-se com a imagem concupiscente e lasciva, os levitas permaneciam fiéis ao Deus Único e Verdadeiro. E, conclamados a lutar pela santidade do Senhor, não se ausentaram; fizeram-se presentes, conforme o relato sagrado:

Vendo Moisés que o povo estava desenfreado, pois Arão o deixara à solta para vergonha no meio dos seus inimigos, pôs-se em pé à entrada do arraial e disse: Quem é do Senhor venha até mim. Então, se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi, aos quais disse: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Cada um cinja a espada sobre o lado, passai e tornai a passar pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, cada um, a seu amigo, e cada um, a seu vizinho. E fizeram os filhos de Levi segundo a palavra de Moisés; e caíram do povo, naquele dia, uns três mil homens. (Êx 32.25-28, ARA)

Desse episódio, aprendemos que o compromisso com a santidade divina é imprescindível ao ministério sagrado. Tanto ontem quanto hoje, o Senhor continua a requerer homens fiéis e comprometidos com a sua obra, a fim de levarem o Reino dos Céus até aos confins da Terra.

3. A logística ministerial.

Além do compromisso espiritual de Levi, levou Deus em conta, também, a logística do ofício sagrado. Já imaginou formar um ministério a partir dos primogênitos de cada tribo? O futuro rei de Israel, para evitar ciúmes e queixas, teria de fazer rodízios contínuos, a fim de agradar razoavelmente a todos. Mas, na prática, ninguém ficaria satisfeito. E, com o tempo, a função, que deveria ser ungida e santa, transformar-se-ia num cadinho de vaidades e orgulhos incandescentes. Ao escolher Levi, como a tribo sacerdotal, o Senhor não precisou formar uma equipe específica, porque esta já estava devidamente formada. Por acaso não agiu o Senhor Jesus de igual modo ao estabelecer o colégio apostólico? O núcleo de seu grupo foi constituído a partir dos irmãos pescadores da Galileia. Seu ministério, a partir daí, fluiu até a fundação da Igreja, no Pentecostes.

VI. DIREITOS E DEVERES DOS LEVITAS

Os descendentes de Levi, principalmente os da casa de Arão, deveriam observar estes direitos e deveres: viver do altar, santificar-se ao Senhor e ser uma referência moral, ética e espiritual.

1. Viver do altar.

Já que os sacerdotes dedicavam-se ao ministério do altar, do altar deveriam viver (Lv 7.35). Portanto, não tinham eles direito a qualquer herança territorial entre os seus irmãos, porque a sua herança e porção eram o Senhor (Nm 18.20). Moisés, então, divinamente instruído, destinou-lhes cidades estratégicas por todo o Israel (Nm 35.8). Algumas delas serviam também como refúgio ao homicida involuntário (Nm 35.6).

2. Santificar-se ao Senhor.

Em virtude de seu ofício, os sacerdotes deveriam erguer-se, em Israel, como referência de santidade e pureza. O sumo sacerdote, por exemplo, tinha de ostentar uma faixa de ouro, em sua mitra, na qual estava escrito: “Santidade ao SENHOR” (Êx 28.36). Caso o sacerdote profanasse o seu ofício, seria punido com todo o rigor (Lv 10.1-3).

3. Tornar-se uma referência espiritual e moral.

Os sacerdotes, por serem responsáveis pela aplicação da Lei de Deus, tinham a obrigação de constituir-se num modelo espiritual, moral e ético a Israel (Ml 2.1-10). Os filhos de Eli, em consequência de seu proceder, tornaram-se uma péssima referência aos israelitas. E, por causa disso, Deus os matou (1 Sm 2.25). Andemos, pois, em santidade e pureza diante do Senhor. Ele continua a reivindicar santidade de todo o seu povo, principalmente de nós, obreiros.

VII. A ESCOLHA DE ARÃO COMO SUMO SACERDOTE

O sumo sacerdote de Israel teria de ser, obrigatoriamente, descendente de Arão, aspergido com sangue, vitalício e servo de Deus.

1. Descendente de Arão.

O sumo sacerdote era o principal representante do culto divino no Antigo Testamento (Êx 28.1). Por essa razão, o Senhor exigia que ele proviesse de uma tribo específica, a de Levi, e de uma família ainda mais específica, a casa de Arão (Êx 6.16-23). Assim, duplamente separado, teria condições de apresentar-se como a maior autoridade espiritual da nação; era o símbolo da plenitude espiritual requerida pelo Deus de Israel (Sl 133.1).

Constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, o sumo sacerdote oferecia dons e sacrifícios pelos pecados do povo (Hb 5.1). Portanto, ele fazia a intermediação entre Israel e o santíssimo Deus. Era sua responsabilidade, ainda, instruir o povo na Lei divina (Lv 10.10,11).

2. Ungido para o ofício.

O Senhor determinou que o sumo-sacerdote fosse ungido, a fim de dignificá-lo como ministro extraordinário do culto divino (Êx 28.41; 29.1-7). Assim teria condições de tornar a nação israelita propícia diante do Santíssimo Deus (Hb 5.1).

3. Aspergido com sangue.

Ao consagrar Arão e seus filhos ao ofício sagrado, Moisés tomou do sangue do carneiro da consagração e lho pôs sobre o polegar da mão direita, o dedão do pé direito, e a ponta da orelha direita (Lv 8.22-24). O sangue fala de redenção e de purificação. O seu significado para, hoje, é claro: que ninguém ministre no altar do Senhor, se ainda não foi remido pelo sangue de Cristo.

O sangue na mão direita fala de destreza para a execução dos deveres sacerdotais, além de atos santos e justos. Sobre o pé direito, demanda que o ministro ande na vereda da justiça e só trilhe caminhos retos. E, sobre a orelha direita, que seja capaz de ouvir o Espírito Santo e atender, prontamente, às ordens do Senhor.

4. Vitaliciedade no cargo.

A vitaliciedade do sumo sacerdócio está patente na história da família de Arão. Antes de este morrer, Moisés o desvestiu das roupas litúrgicas, para vesti-las em Eleazar, seu filho (Nm 20.23-29). Mais tarde, o mesmo Eleazar faria o mesmo em relação ao seu filho, Finéias (Js 24.33; Jz 20.28). Todavia, no tempo do Novo Testamento, a vitaliciedade já não era observada (Jo 11.49-51). Ao que tudo indica, havia um rodízio entre os principais membros da família de Arão (Lc 3.2).

5. Servo de Deus.

Apesar da importância do cargo, o sumo sacerdote não era considerado infalível, nem estava acima da Lei de Deus (At 23.1). Sua obrigação era servir o altar e conservar-se puro, a fim de que o nome do Senhor fosse exaltado tanto entre os israelitas quanto entre os gentios (Êx 28.43). O capítulo três de Zacarias detém-se na dignidade do sumo sacerdote constituído sobre Israel.

VIII. A EXCLUSIVIDADE DO SUMO SACERDÓCIO HEBREU

Na História Sagrada do Antigo Testamento, os bons reis, como Davi, Salomão, Ezequias e Josias, muito auxiliaram o sumo sacerdote a cumprir seus deveres. Eles sabiam que, se a Casa de Arão fracassasse, todo o Israel fracassaria com ela. Vejamos, pois, a participação de cada um desses monarcas no ofício araônico.

1. Davi, o rei sacerdote.

Devido ao caráter de seu chamamento, Davi pode ser considerado o primeiro rei-sacerdote de Israel. Nalgumas ocasiões, ele fazia questão de vestir-se sacerdotalmente, a fim de emprestar maior solenidade às celebrações de Jeová (2 Sm 6.14). Como se não bastasse tamanho zelo, o filho de Jessé estabeleceu turnos de cantores e músicos na Casa de Deus (1 Cr 15.16).

Embora admirasse o ofício sacerdotal, Davi jamais transpôs seus limites como rei, a fim de apropriar-se das honras devidas somente aos filhos de Levi e, mui reservadamente, aos descendentes de Arão. E, como profeta e excelente teólogo que era, ele sabia que, acima do ofício araônico, achava-se o sacerdócio messiânico de Melquisedeque (Sl 110.4). Ele também sabia que semelhante ofício seria exercido por um de seus descendentes, Jesus Cristo, Senhor nosso.

2. Salomão, o rei do Templo Sagrado.

O ministério levítico alcançou o seu auge com a inauguração do Santo Templo, por Salomão, filho de Davi (1 Rs 8). Não somente pela suntuosidade do edifício, mas notadamente pela manifestação da glória divina, o Santuário de Jerusalém legou aos filhos de Levi uma honra que, doutro modo, jamais viriam a desfrutar.

De acordo com a profecia, eles só voltarão a participar de semelhante honraria quando da inauguração do Templo do Milênio. Para maiores informações, leia os últimos nove capítulos de Ezequiel.

3. Ezequias e Josias.

Estes foram os dois últimos bons reis de Judá. Cada um, a seu tempo, empreendeu grandes reformas estruturais e espirituais no Santo Templo, objetivando o sustento do ministério levítico. Mas, com o desaparecimento de ambos os monarcas, o sacerdócio sagrado pôs-se a degenerar a tal ponto, que levou Jeremias a protestar duramente contra a Casa de Levi (Jr 5.31).

Os levitas, por não guardarem o seu ministério, também foram censurados por Malaquias. O importante, em toda essa história, é que o patriarca da família, apesar de seus arroubos juvenis, foi recolhido em paz ao seu povo. E, na Jerusalém Celeste, terá o seu nome honradamente destacado (Ap 21.12).


CONCLUSÃO

O sacerdócio levítico era glorioso; seus membros eram considerados príncipes de Deus (Zc 3.8). Todavia, o Senhor Jesus Cristo é superior ao sacerdócio levítico, pois é eterno (Sl 110.4). Quanto a nós, somos uma nação santa, profética e sacerdotal – recebemos a incumbência de proclamar o Evangelho e interceder pelos que perecem (1 Pe 2.9). Portanto, sirvamos ao Senhor com todo o nosso ser, para que, por meio de nossa vida, venha o Reino do Céus à Terra.


SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Os levitas eram descendentes de Levi, o escolhido por Deus no deserto durante a época de Moisés, encarregados de deveres específicos em relação ao Tabernáculo, embora proibidos de ministrar diante do santuário sagrado, eles afirmavam ser servos especiais de Deus em assuntos da religião. Deviam ensinar o livro da Torá ao povo e ajudar os sacerdotes em todos os assuntos ligados à adoração no santuário. A eles não seria reservada qualquer herança na nova terra quando Josué fez a divisão oficial do território, pois Deus seria a sua herança. Quarenta e oito cidades e vilas foram separadas com os lugares onde deveriam viver.

Os três filhos de Levi — Gersón, Coate e Merari — foram relacionados como aqueles por quem fluíram as bênçãos divinas. Nos primeiros anos da vida nacional, essas famílias receberam a função de cuidar do Tabernáculo e transportá-lo. Quando Arão e seus familiares foram escolhidos como sacerdotes, foi necessário escolher um grupo de pessoas para ajudá-los e toda a tribo se julgou diferenciada por ser um grupo sagrado designado para executar deveres relacionados com os ritos e as funções sacerdotais.

Os levitas recebiam uma posição apropriada no acampamento quando a nação viajava pelo deserto. Como estavam localizados em volta do Tabernáculo, eram considerados protetores em quem se podia confiar, e que dariam a própria vida para proteger a sagrada casa de Deus.

[...] Os levitas estavam localizados entre os sacerdotes e o povo. A maior parte de seu trabalho era pesada e servil. Não podiam entrar para ver o altar santo, nem tocar no santuário senão morreriam (Nm 4.15). Eram servos dos sacerdotes, e passavam a vida executando tarefas comuns que tornavam possível a realização dos serviços sagrados” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2010, pp.1148,1149).

Fonte:
Livro de Apoio – Adoração, Santidade e Serviço - Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico - Claudionor de Andrade
Lições Bíblicas 3º Trim.2018 - Adoração, Santidade e Serviço - Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico - Comentarista: Claudionor de Andrade
Aqui eu Aprendi!

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Jacó, um exemplo de um caráter restaurado

Como está escrito: Amei Jacó e aborreci Esaú” Rm 9.13

O desvio de caráter é algo sério. Significa violar valores fundamentais que, uma vez não respeitados, põem em xeque o bem estar do outro. Essa afirmativa pode ser exemplificada a partir de dois exemplos.

Primeiramente, digamos que você entrega um valor monetário para uma pessoa, em tese de sua confiança, para depositá-lo numa conta mencionada por você. A pessoa diz que o depositou conforme solicitado. Mas passam os dias e o beneficiário informa que não o recebeu. Ora, por certo houve um problema eletrônico ou algo do tipo — pode-se pensar. Entretanto, a pessoa que você pediu para depositar o valor sabe que não houve problema algum, pois simplesmente ela o tomou para si.

Segundo, imagine um partido político uma vez no poder, que outrora pregava contra a corrupção, deliberadamente não obedece as leis fiscais, não se faz transparente, maquia a contabilidade no ano de eleições a fim de os adversários políticos e a sociedade não terem acesso às informações verdadeiras. Tudo em nome de uma causa que poucos conhecem a quem interessa. Desobedecer deliberadamente as leis a fim de esconder o próprio crime é a prova cabal do desvio de caráter. Portanto, algo muito sério!

Os casos mencionados, ambos exemplos da vida real, prejudicaram pessoas. O primeiro lesou duas: a que solicitou o depósito e a que teria de recebê-lo. Imagine o transtorno com atrasos, necessidades não atendidas e outras mais! O segundo caso lesou a nação inteira, pois trabalhadores perderam seus empregos, empresas faliram e a Economia quebrou. É impossível calcular as décadas de perda para essa nação. Demorará muito para ela se recuperar.

Na presente lição acerca do caráter de Jacó, tanto do ponto de vista individual quanto do coletivo, não podemos tratar o desvio de caráter como se fosse algo distante de nós. Invariavelmente, é possível o cristão comum se vê num contexto em que essa luta travada com a natureza humana se manifeste. Entretanto, devemos dar ênfase ao aspecto restaurador do caráter de Jacó, pois a história do patriarca mostra o quanto a natureza humana pode ser alterada a partir de um verdadeiro encontro com Deus. Um processo de metanoia se instala, isto é, há uma transformação radical no caráter, carregada de uma convicção profunda de arrependimento. Ora, em Cristo Jesus, todo ser humano pode ter esse encontro com o nosso eterno Senhor. Em Cristo, o caráter pode ser restaurado! Revista Ensinador Cristão nº70

Com base em sua presciência e propósitos, Deus escolhe pessoas para que cumpram seus desígnios.

Na lição deste domingo, estudaremos a respeito do caráter de Jacó. Ele nasceu agarrado ao calcanhar de seu irmão primogênito e recebeu o nome de “enganador”. Todavia, Deus em seus desígnios já o havia escolhido e revelado aos seus pais que o primogênito serviria ao caçula. Jacó fez jus ao seu nome ao comprar a primogenitura de seu irmão e ao mentir e enganar seu pai. Seu engano e mentira levaram-no para longe de casa e fez com que ele também fosse enganado por seu tio Labão. Mas Jacó teve um encontro com Deus e foi transformado por Ele. Todo encontro com Deus é transformador. Ninguém sai da presença do Pai da mesma maneira que entrou. Atualmente, muitos apenas ouviram falar a respeito de Deus, mas na verdade nunca tiveram um encontro real e pessoal com Ele. Somente Deus, o Criador, pode transformar o nosso verdadeiro “eu”.

SUBSÍDIO
JACÓ - Em hebraico, o nome ya‘aqob significa '‘apanhador de calcanhar", “malandro” ou “suplantador”. No sul da Arábia e na Etiópia, a palavra significa “que Deus proteja" e vem do verbo ‘aqaba, “guardar”, “cuidar'”, ou “proteger”. A raiz ‘aqab é uma palavra semita geral que ocorre nos nomes árabes pessoais, em inscrições acádias e aramaicas, assim como nos idiomas siríaco e palmireno. O substantivo que significa “calcanhar” ocorre em hebraico {‘aqeb), aramaico, siríaco, árabe, ugarítico e acádio. O nome de Jacó era, assim, um antigo membro da onomástica do Oriente ao invés de um nome unicamente bíblico.
JACO - O patriarca. O filho gêmeo mais novo de Isaque e Rebeca; mais tarde chamado de Israel. (Dicionário Bíblico Wiclyffe pg.1004)

O uso do termo “Jacó” nas Escrituras.
O nome “Jacó” é mencionado muitas vezes na Bíblia Sagrada. “Jacó” é retratado como um indivíduo marcado, como um filho favorecido (Ml 1.2; Rm 9.10-13), um herdeiro da promessa divina (cf. Hb 11.9), e um homem abençoado (Hb 11.20,21). Como o terceiro patriarca notável, Jacó é frequentemente ligado a Abraão e Isaque. E assim, o nome do Deus dos três renomados e célebres patriarcas é El Shaddai (Ex 6.3) e Yahweh (Ex 3.6,15), aquele que é fiel à sua aliança (Ex 2.24; 32.13; Dt 29.12), e aquele que se compadece de Israel (2 Rs 13,23). Os patriarcas judeus habitam com Ele (Mc 12,26,27), e sentam-se à sua mesa, em seu reino celestial (Mt 8.11). O portador do nome da nação de Israel, Jacó, aparece frequentemente nas Escrituras. Israel é a “casa de Jacó” (Lc 1.33); o seu Deus é o “Rei de Jacó” (Is 41.21); o Templo do Senhor Deus é a habitação do Deus de Jacó (At 7.46). A figura de Jacó (Israel) é compendiada no título “servo do Senhor” (Is 41.8; 44.1,2,21; 48.20; 49.3), de quem o Messias era o cumprimento (Is 42.1-7; 49.1-10; 50.4­ 9; 52.13-53.12; Mt 8.17; 12.15-21; Mc 10.45; Lc 2.30-32; At 3.13,26; 4.27,30; 8.30-35; 1 Pe 2,21-25). (leia mais em Dicionário Bíblico Wiclyffe pg 1007,1008)

INTRODUÇÃO

Isaque teve dois filhos gêmeos. Esaú tinha uma inclinação para o campo, para vida pastoril e também para a caça. Jacó, ao contrário, pelo seu temperamento e por sua personalidade, voltou-se para vida doméstica. Logo revelou ter um caráter oportunista e usurpador, que o levou a enganar o pai com apoio da mãe. As consequências foram duras em sua vida. O que plantou, colheu com grande sofrimento. Mas a misericórdia de Deus o alcançou e o Senhor o escolheu para ser o pai das doze tribos de Israel.

I. QUEM ERA JACÓ

1. O filho mais novo de Isaque.
Seu nome, em hebraico, é Yakoov e significa “Deus protege”. Ele integra a lista dos três patriarcas hebreus, que marcaram a história de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Sua história foi pontilhada de episódios dramáticos desde o seu nascimento. Deus ouviu as orações de Isaque, pois Rebeca era estéril (Gn 25.21). O texto diz que, no ventre, havia uma luta entre os bebês (Gn 25.22). Jacó nasceu agarrado ao calcanhar do seu irmão. Diante disso, o seu nome passou a ter o significado de “aquele que segura pelo calcanhar” ou “suplantador”.

2. O preferido de sua mãe.
Isaque tinha preferência por Esaú, por que gostava da caça. Mas Rebeca amava mais Jacó, por ser “varão simples, habitando em tendas” (Gn 25.27,28). Quando Isaque quis dar a bênção a Esaú, o primogênito (Gn 27.1-5), Rebeca, numa demonstração clara do seu caráter astucioso, chamou Jacó e o induziu a enganar seu pai (Gn 27.11,12,14,15). Enganado, Isaque abençoou Jacó (Gn 27.27-29). Ao retornar da caça, Esaú descobriu que seu irmão tomara sua bênção. Desesperado, recebeu do pai uma bênção menor (Gn 27.39,40). Cheio de ódio, planejou matar seu irmão (Gn 27.41). Jacó teve que fugir ameaçado por Esaú. Isaque percebeu que Deus tinha um plano na vida de Jacó, e o despediu com uma bênção profética de grande significado (Gn 28.1-4).

3. O preferido de Deus.
A escolha de Jacó é um caso especial de presciência divina face aos desígnios de Deus. Deus não tem filhos privilegiados, nem escolhe uns para a salvação e outros para a condenação, pois tal atitude contrariaria frontalmente o seu caráter santo, justo e bom. Seria uma terrível discriminação por parte de Deus que condena quem faz acepção de pessoas (Tg 2.9; 1Pe 1.17). Mas, em sua soberania, em casos especiais, Ele escolhe pessoas para serem instrumentos de sua vontade diretiva. Jacó foi um desses escolhidos, ainda no ventre (Rm 9.9-13).

II. A DIREÇÃO DE DEUS NA VIDA DE JACÓ

1. A visão da escada que tocava o céu.
Em sua fuga, no meio do deserto, Jacó teve um sonho dado por Deus. Ele viu uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus, e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. E Deus reiterou a bênção que lhe prometera (Gn 28.13-15). Deus não aprovou seus arranjos e enganos, mas também não retirou a bênção prometida a seus pais. Naquela noite, ele descobriu a presença de Deus, que se apresentou como o Deus de Abraão e de Isaque. Ele ouviu Deus reiterar suas promessas e descobriu que onde Deus está, ali é sua casa, “a porta dos céus” (Gn 28.13-17).

2. A coluna em Betel.
Jacó não buscou a Deus, mas Deus o buscou, e se revelou como o Deus de seus pais. Uma prova do quanto a graça de Deus é profunda. Sem dúvida alguma, a história de Jacó se divide em dois períodos. Antes de Deus encontrá-lo e depois daquele encontro especial. Tão impactante na sua vida foi aquele episódio, que ele chamou aquele lugar deserto de Betel, que significa “Casa de Deus”. Ali, naquela madrugada, Jacó ouviu Deus lhe falar; sentiu a presença divina e teve uma mudança extraordinária em sua vida.

Depois de deixar a casa dos seus pais, Jacó buscou a direção de Deus para sua vida.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Jacó fazia tudo, o certo e o errado, com grande zelo. Ele enganou seu próprio irmão Esaú, e seu pai, Isaque. Ele lutou com Deus, e trabalhou catorze anos para se casar com a mulher que amava. Por intermédio de Jacó, aprendemos como um forte líder pode, também, ser um servo. Também vemos como ações erradas sempre voltam para nos perturbar.
Depois de enganar Esaú, Jacó correu para salvar sua vida, viajando mais de 640 quilômetros até Harã, onde vivia seu tio, Labão. Pelo caminho, ele recebeu uma mensagem do Senhor, em um sonho, e deu a esse lugar o nome de Betel. Em Harã, Jacó se casou e iniciou uma família” (Extraído de Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, p.58).

Reproduza o mapa abaixo para mostrar aos alunos a rota feita por Jacó até Padã-Ara.


III. ASPECTOS DO CARÁTER DE JACÓ

1. Antes do seu encontro com Deus.
Até o encontro com Deus em Betel, ele era apenas um “homem natural”, ou carnal (1Co 2.14). Naquela fase de sua vida, podemos ver alguns aspectos negativos de seu caráter.

a) Oportunista e egoísta. Quando seu irmão chegou com fome e lhe pediu para comer do seu guisado, ele poderia ter-lhe oferecido de sua comida, compartilhando sua refeição. Mas, numa prova de oportunismo e ambição, disse logo: “Vende-me hoje a tua primogenitura” (Gn 25.31).

b) Interesseiro e calculista. Jacó era frio, calculista e de temperamento fleumático. Além de propor a troca da primogenitura ao irmão, exigiu que Esaú fizesse um juramento que lhe garantisse que a troca seria respeitada por toda a vida: “Então, disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó” (Gn 25.33; Hb 12.16). Ele só esquecia uma coisa. O que ele estava plantando em sua juventude haveria de colher mais tarde (Gl 6.7). Em proporção muito maior.

c) Mentiroso e enganador. Com seu caráter fraco e leniente, concordou com a sua mãe em enganar o velho pai. Ao chegar à presença de Isaque, mentiu três vezes. Este perguntou: “Quem és tu, meu filho?”. Ele disse que era Esaú (Gn 27.19). A primeira mentira. Indagado porque chegara tão rápido com a caça, mentiu a segunda vez, dizendo: “Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro” (Gn 27.20). Ao abraçar Jacó, Isaque repetiu que era Esaú — “Eu sou” (Gn 27.24). Mentiu pela terceira vez.

2. Depois do seu encontro com Deus.
Observe a transformação no caráter de Jacó:

a) Um caráter agradecido. Jacó passou a ver as coisas numa perspectiva espiritual de um novo relacionamento com Deus, e lhe fez um voto, dizendo que se Deus não lhe deixasse faltar nada, levantaria um altar e daria o dízimo “de tudo” (Gn 28.20-22). Neste fato, vemos que Jacó tinha consciência do valor do dízimo, como expressão sincera de gratidão a Deus, a exemplo do que fizera seu avô, Abraão, perante Melquisedeque (Gn 14.18-20). Ele não prometeu dar o dízimo do que lhe sobrasse (da “renda líquida”), mas “de tudo” como seu avô fizera (Hb 7.2).

b) Um caráter esforçado e sofredor. Ao chegar à casa de Labão, seu tio, revelou-se um homem trabalhador. Ali, começou a colher o que semeara em engano e mentira. Na “lua de mel”, foi enganado pelo sogro. Em lugar de casar com Raquel, teve de casar com Leia. Só depois, casou com sua amada, e para tanto, trabalhou “outros sete anos” (Gn 29.21-30). Não foi apenas esse o preço que Jacó teve que pagar por sua vida de enganos e mentiras. Labão mudou o seu salário dez vezes, durante vinte anos (Gn 31.7). O que o homem semeia, isso é o que colhe (Gl 6.7).

c) Um homem na direção de Deus. Depois de ser enganado pelo sogro, Jacó reuniu sua família e fugiu de Harã. Mas não o fez apenas por medo do sogro. Sua saída de Harã foi por direção de Deus (Gn 31.3,13). Desse modo, Jacó empreendeu a fuga com a família, e logo foi perseguido pelo sogro. Este não pôde lhe fazer mal, porque Deus entrou em ação e lhe determinou que não falasse com Jacó “nem bem nem mal” (Gn 31.24).

3. No seu encontro com Esaú.
Ao se aproximar de Seir, onde seu irmão vivia, Jacó enviou mensageiros a Esaú, anunciando seu retorno. Os mensageiros voltaram e disseram que Esaú vinha ao seu encontro com quatrocentos homens. Jacó temeu grandemente (Gn 32.7-12). Mas, no Vale do Jaboque, teve um encontro que marcou o resto da sua vida. Seu nome foi mudado para Israel, e viu Deus “face a face” (Gn 32.22-30). Ao encontrar Esaú, reconciliou-se com ele e o abraçou com perdão e amor.

Antes de ter um encontro com Deus Jacó era oportunista, mentiroso e enganador.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, reproduza o esquema abaixo no quadro. Utilize-o para enfatizar as características de Jacó antes do seu encontro com Deus e depois. Ressalte que somente Deus pode mudar o nosso caráter.



CONCLUSÃO

Em suas experiências com Deus, vemos que Jacó teve seu caráter transformado. De oportunista e enganador, passou a ser humilde, sofredor, paciente, longânimo, altruísta. Foi pela sua paciência e graça que Deus escolheu Jacó, em lugar de Esaú. Quando damos lugar ao Espírito Santo, Ele nos transforma radicalmente o caráter.


Fonte: Lições Bíblicas CPAD - 2º trim.2017 adultos - O Caráter do Cristão - Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro - Elinaldo Renovato de Lima
Dicionário Bíblico Wycliffe
Bíblia de Estudo Pentecostal - CPAD

Aqui eu Aprendi!

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Isaque, um caráter pacífico

E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um fi lho, e chamarás o seu nome Isaque; e com ele estabelecerei o meu concerto, por concerto perpétuo para a sua semente depois dele” Gn 17.19

A história de Isaque é a história de Israel. É o marco embrionário de uma nação que se desenvolveu por intermédio de Jacó, filho de Isaque, e de seus doze filhos, posteriormente, doze tribos. A história de Isaque remonta a história de Abraão. As promessas feitas ao pai da fé são as mesmas repetidas a Isaque (26.2-5) e, mais tarde, a Jacó (28.13-15). Os três patriarcas de Israel foram forjados debaixo da mesma promessa: “E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção” (12.2).

O caráter pacífico de Isaque
Um dos traços do caráter de Isaque a chamar atenção quando se estuda o texto bíblico de Gênesis é o pacífico. Isaque foi uma pessoa apaziguadora, buscando evitar os conflitos a fim de ter uma estadia tranquila na terra de Canaã. É importante ressaltar a época que o filho de Abraão viveu. Um período violento, onde as questões eram resolvidas nos termos do “olho por olho” e “dente por dente”.

O texto bíblico de Gênesis narra que Isaque habitou em Gerar e semeou na cidade (Gn 26.6,12). Motivo de o filho de Abraão prosperar abundantemente (26.13,14). Isaque passou a ter muitas ovelhas, vacas, pessoas ao seu serviço, despertando assim inveja nos filisteus. Estes iniciaram um processo de inviabilização aos planos do pai de Jacó. Primeira medida: entulharam os poços abertos nos tempos de Abraão. Segunda: Contenderam com os pastores de Isaque, afirmando que as fontes de águas não pertenciam a eles. Contudo, a reação de Isaque foi pacífica e bem diplomática. Quando os filisteus entulhavam os poços, ele os desentulhava. Quando os filisteus escolhiam uma região para cavar poços, Isaque partia para cavá-los em outro lugar. Assim, Deus o abençoou abundantemente.

Uma lição para hoje
Num tempo onde muitos não têm paciência para ouvir o outro, muito menos absorver o desaforo do outro, embora a sociedade ocidental do século XXI tenha muito bem desenvolvida as ideias de direitos humanos, alteridade, dignidade da pessoa humana e integração dos povos, o pacifismo de Isaque se torna uma chamada à Igreja de Deus. Viver de maneira pacífica não significa tolice, mas ter conscientemente um estilo de vida que priorize um coração leve e suave no espírito do Evangelho. Aqui, o professor pode remontar o ensino de Jesus no Sermão do Monte: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). Revista Ensinador Cristão nº70

Isaque
O nome dado por Deus antes do nascimento da criança (Gn 17.19) significa ‘ele ri’, ‘aquele que ri’, ou simplesmente ‘riso’.
Isaque nasceu (provavelmente em Gerar) de Abraão e Sara quando estes tinham a idade de 100 e 90 anos, respectivamente. Ele foi o primeiro a ser circuncidado no período normal, quando tinha oito anos de idade (Gn 21.4), em reconhecimento à promessa da aliança (Gn 17.2-17). Nada é conhecido sobre os dias da infância de Isaque. Em seguida, vemo-lo grande e forte o suficiente para carregar a madeira para o fogo do altar subindo a montanha, não sabendo que ele mesmo seria colocado no altar. A experiência de ter sido amarrado como uma vítima de sacrifício e então liberto pela intervenção divina deve ter afetado profundamente toda a sua vida. Isaque tinha 37 anos de idade quando sua mãe morreu em Hebrom, Três anos mais tarde, seu casamento com Rebeca ocorreu em Laai-Roi. A morte de Abraão com a idade avançada de 175 anos reuniu Ismael e Isaque, provavelmente pela última vez. Isaque tinha 40 anos quando se casou, e esperou 20 anos por filhos. Então vieram os gémeos Esaú e Jacó”. Para conhecer mais leia, Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD, p.989/990.

Isaque, segundo filho de Abraão, deixou um exemplo de humildade e submissão a Deus e a seus pais.


Leitura Bíblica em classe:  Gênesis 26.12-25

Na lição deste domingo, estudaremos a respeito de Isaque, o filho da promessa. Deus havia prometido a Abraão um herdeiro, porém sua idade e a da sua esposa já eram bem avançadas. Continuar esperando o cumprimento de uma promessa a essa altura da vida não parecia nada fácil. Mas Deus é fiel e vela por sua palavra. Se Ele fez uma promessa a você, creia que no tempo certo ela se cumprirá.

Abraão e Sara devem ter criado o filho da promessa com muito amor e carinho, contribuindo para desenvolver em Isaque um caráter manso, pacificador e humilde. Isaque recebeu uma boa educação e decidiu fazer boas escolhas. Deus o abençoou em todas as áreas, mas, não significa que sua vida foi fácil. Ele teve de enfrentar a esterilidade de sua esposa, vizinhos invejosos e maus. Todavia, diante das adversidades, demonstrou ter um caráter pacífico e confiante em Deus.

INTRODUÇÃO

O caráter de uma pessoa é demonstrado por suas atitudes, testemunho e práticas. Isaque é um personagem da Bíblia que tem grande significado para a história do povo de Israel. Seu nome foi dado por Deus mesmo antes do seu nascimento conforme Gênesis 17.19. O significado de seu nome é interessante: quer dizer “aquele que ri” ou “ele ri”, em alusão à reação de seu pai e de sua mãe, quando o anjo anunciou seu nascimento, sendo seus pais de idade avançadíssima.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Idade de Noventa e Nove Anos
Abrão agora estava com noventa e nove anos e Sarai já há muito ultrapassara a idade de ter filhos. Mas treze anos após o nascimento de Ismael e vinte e quatro anos depois da promessa original de Deus, o Senhor apareceu a Abrão com uma mensagem e exigência.
(1) Deus se revelou como o ‘Deus Todo-Poderoso’, significando que Ele era onipotente e que nada lhe era impossível. Como Deus Todo-Poderoso, Ele podia cumprir suas promessas, quando na esfera natural tudo dizia ser impossível o seu cumprimento. Então, seria por um milagre que Deus traria ao mundo o filho prometido a Abrão.
(2) Deus ordenou que Abrão andasse diante dEle e que fosse ‘perfeito’. Assim como a fé de Abrão foi necessária na efetuação do concerto com Deus, assim também um esforço sincero para agradá-lo era agora necessário, para continuação das bênçãos de Deus, segundo o concerto feito. A fé de Abrão tinha que estar unida à sua obediência (Rm 1.5); senão ele estaria inabilitado para participar dos propósitos eternos de Deus. Noutras palavras, as promessas e os milagres de Deus serão realizados quando Seu povo busca viver de maneira irrepreensível, tendo o seu coração voltado para Ele” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 2006, p.56).

I. ISAQUE, O FILHO DA PROMESSA

1. Promessa de Deus a Abrão.
Para entender o caráter de Isaque, é importante conhecer a história que moldou sua personalidade e forjou o seu caráter. A história de Isaque ocupa nada menos que nove capítulos do livro de Gênesis. Filho de Abraão e Sara, pela lógica humana seu nascimento seria absolutamente impossível. O “filho da promessa” teria nascido “fora de tempo”, na concepção dos homens. Quando Deus chamou Abrão para sair de sua terra e ir para uma terra estranha, fez-lhe promessas gloriosas. Uma delas era que ele seria “uma grande nação”, quando ele tinha 75 anos (Gn 12.2). Abraão já era idoso, e sua esposa estéril. Parecia impossível o casal ter um filho. Quanto mais serem pais de uma grande nação.

2. Seu nascimento, um verdadeiro milagre.
Ao ouvir que Sara seria “mãe de nações”, Abraão riu considerando coisa impossível para um homem de 100 anos e uma mulher de 90 (Gn 17.17). Percebendo Deus o pensamento de Abraão lhe fez saber que Ele é Fiel (Gn 17.19). Por ter rido, o nome do menino seria Isaque, que significa “riso” ou “aquele que ri”. Sua mãe, ao saber que teria um filho aos 90 anos (Gn 18.9,10), também não se conteve e, a exemplo do marido, também se riu no seu interior (Gn 18.12). Abraão aos 100 anos, e Sara com 90, foram pais de um lindo bebê, que causou espanto a todos que souberam daquele milagre.

Leia mais em:  Isaque, o sorriso de uma Promessa


II. UM HOMEM ABENÇOADO POR DEUS

1. A prosperidade espiritual.
Depois da morte de seu pai, já casado com Rebeca, e pai de Esaú e Jacó (Gn 25.19-23), Isaque foi buscar abrigo em Gerar, na terra dos filisteus, para escapar da fome que ocorreu onde morava. Ali, Deus lhe falou que não descesse ao Egito. “[...] em tua semente serão benditas todas as nações da terra, porquanto Abraão obedeceu à minha voz e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis. Assim, habitou Isaque em Gerar” (Gn 26.4-6).

2. A bênção divina é passada de pai para filho.
A bênção de Abraão foi transferida para Isaque, não pela hereditariedade em si, mas pela sua fidelidade a Deus. Seu caráter, demonstrado em sua conduta, agradou a Deus. E ele prosperou espiritualmente.

3. A prosperidade material.
“E semeou Isaque naquela mesma terra e colheu, naquele mesmo ano, cem medidas, porque o SENHOR o abençoava” (Gn 26.12). Este é o segredo da vida de Isaque. Ele era abençoado por Deus. Deus dá bênçãos espirituais e também materiais, quando o homem obedece à sua voz. A produção dos seus campos lhe deu cem por cento de colheita (Gn 26.12). É preciso entender que a prosperidade material não é o objetivo da vida cristã, como propalam os adeptos da falsa “teologia da prosperidade”. Mas Deus promete abrir “as janelas do céu” e derramar grande abundância; repreender “o devorador” e fazer as nações perceberem que seu povo é bem-aventurado, para quem é fiel nos dízimos e nas ofertas (Ml 3.10-12).

Leia também:  Isaque, não desça ao Egito


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Em uma família de poderosos empreendedores, Isaque era do tipo quieto, que cuida apenas de sua vida, até que foi especificamente chamado para agir. Ele foi o filho único e protegido, desde o momento em que Sara se livrou de Ismael, e até que Abraão arranjou seu casamento com Rebeca. Em sua própria família, Isaque tinha a posição patriarcal, mas Rebeca tinha o poder. E em vez de defender suas convicções, Isaque achou mais fácil fazer concessões ou mentir, para evitar confrontos. Apesar desses defeitos, Isaque fazia parte do plano de Deus” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, p.44).



III. LIÇÕES DO CARÁTER DE ISAQUE

1. Um homem esforçado e trabalhador.
A prosperidade que Deus concedeu a Isaque chamou a atenção dos filisteus. A bênção de Deus era tão grande que incomodava os filisteus (Gn 26.15,16). Há pessoas a quem Deus abençoa e os adversários ficam com inveja, desejando o mal aos servos de Deus. Mas a maldição não alcança os que são fiéis a Deus. Balaão foi convocado para amaldiçoar os filhos de Israel. Mas não conseguiu. “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa?” (Nm 23.8). Deus converteu a maldição em bênção (Ne 13.2 b; Pv 10.22).

2. O caráter pacífico de Isaque.
Ao sofrer terrível oposição dos invejosos e ser aconselhado a sair do lugar onde prosperara, Isaque não fez questão alguma. Foi habitar “no vale de Gerar” (Gn 26.17). Honrando o nome e a memória do seu pai, Isaque reabriu os poços que seu pai abrira e foram tapados pelos filisteus, e chamou os poços com os mesmos nomes dados por Abraão (Gn 26.18). Os pastores de Gerar questionaram os outros poços que Isaque abrira, mas ele não os confrontou (Gn 26.19,21).

3. Um caráter resiliente.
Após perder a posse de dois poços, Isaque não desistiu. Mais do que resistente, ele foi resiliente. Soube enfrentar as oposições sem se exasperar. Soube praticar a longanimidade (Gl 5.22). Continuou mandando abrir poços: “E partiu dali e cavou outro poço; e não porfiaram sobre ele. Por isso, chamou o seu nome Reobote e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos nesta terra” (Gn 26.22, 23). Era o “poço do alargamento” concedido por Deus. Livre da contenda, Isaque “subiu dali a Berseba” (Gn 26.28,29). Ali, Isaque e Abimeleque, rei de Gerar, fizeram um juramento de que seriam amistosos. Daí, Berseba significar “juramento”, ou “poço do juramento”. Em meio a essas experiências, “[...] apareceu-lhe o SENHOR naquela mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua semente por amor de Abraão, meu servo” (Gn 26.24).

4. Obediência e submissão.
Certamente, esses são os aspectos mais marcantes do caráter de Isaque. Ele soube honrar seu pai e sua mãe, como manda o Senhor (Êx 20.12). A prova mais eloquente desse caráter foi demonstrada, quando Deus falou com Abraão e ordenou que ele oferecesse o seu filho em holocausto (Gn 22.2). Isaque foi amarrado sobre o altar para o sacrifício, e não se rebelou. Mas obedeceu. Submeteu-se à vontade do pai. Deus não permitiu que Abraão o imolasse. E proveu um cordeiro para ser oferecido em seu lugar (Gn 22.11-13). Uma figura de Cristo oferecido em nosso lugar como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Deus aceitou o gesto de Abraão como realizado pela fé (Hb 11.17-19)


CONCLUSÃO
A Bíblia nos mostra quão importante foi Isaque para história do povo de Deus. O seu nome se inclui entre os três patriarcas mais citados no Antigo Testamento e também no Novo. O Deus de Israel é o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.

Que Deus nos abençoe para que nos espelhemos no caráter de Isaque para o fortalecimento da nossa fé no Deus Todo-Poderoso.


Fonte: Lições Bíblicas CPAD - 2º trim.2017 adultos - O Caráter do Cristão - Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro - Elinaldo Renovato de Lima
Dicionário Bíblico Wycliffe
Bíblia de Estudo Pentecostal - CPAD

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