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sábado, 11 de novembro de 2017

A Salvação pela Graça

Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” Rm 5.18

A Salvação pela Graça

Uma acusação comum aos pentecostais é que não conhecemos a graça de Deus. Acusa-nos de legalistas porque em pleno século XXI preservamos costumes — como os que de quaisquer igrejas evangélicas também são conservados, embora diferente dos nossos — em detrimento da graça de Deus, dizem eles. Nesse assunto, os pentecostais também concordam com a teologia arminiana, em que o fundamento essencial na dinâmica da salvação é o da graça proveniente e que toda salvação é fruto inteiramente da graça de Deus. Retomando mais uma vez o auxílio do teólogo arminiano Roger Olson, passamos a conceituar graça preveniente.

A graça proveniente é uma doutrina elevada da graça

Com graça proveniente se quer dizer o chamado de Deus no sentido de ser dEle a iniciativa do começo de relação com uma pessoa que é livre para responder a esse chamado com arrependimento e fé. Esse processo proveniente da graça, segundo Roger Olson, inclui ao menos quatro aspectos: chamada, convicção, iluminação e capacitação. Por isso, alinhado à visão arminiana, o pentecostal não tem dificuldade de pregar a graça de Deus e, ao mesmo tempo, reconhecer que a chamada para a salvação pode ser rejeitada pela pessoa. É muito claro para o pentecostal que nenhuma pessoa pode arrepender-se, crer e ser salva sem o auxílio sobrenatural do Espírito Santo. Este age do início ao fim do processo salvífico. Entretanto, é preciso que a pessoa não resista ao Espírito, como fizeram os fariseu são resistirem arduamente à mensagem de Jesus Cristo (Mt 12.22-32), mas coopere com o Espírito reconhecendo a própria condição de pecador e crendo no único Salvador.

O que pensava Armínio acerca da graça de Deus na salvação?

Segundo Roger Olson, a teologia de Armínio sempre foi compromissada com a graça de Deus e o teólogo holandês jamais atribuiu qualquer eficácia salvífica à bondade ou à força de vontade do ser humano. Isso é importante destacar, pois é um equívoco pensar que quem afirma que o ser humano pode resistir a graça de Deus está dizendo que o que define a salvação é a vontade humana. Nada mais injusto!
Não havia dúvida para Armínio que a salvação era de graça, provinha de Deus, era um presente incomensurável do Altíssimo para o homem. Entretanto, o problema para Armínio, e o mesmo para os pentecostais, era que “de acordo com as escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que é oferecida”. Revista Ensinador cristão nº72

A nossa salvação é fruto único e exclusivo da graça de Deus.

Texto Bíblico - Romanos 5.6-10,15,17,18,20; 11.6

Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo estudaremos a respeito da maravilhosa graça de Jesus. A nossa salvação é resultado desta graça, ou seja, do favor imerecido de Deus à humanidade pecadora. Ninguém pode receber a salvação por méritos próprios ou pela observância da Lei, pois o seu propósito, segundo o apóstolo Paulo, era somente apontar o pecado a fim de nos conduzir a Cristo (Gl 3.24).
Embora a lição não trate a respeito do legalismo, acreditamos ser importante ressaltar que ele é antagônico, adverso à graça. Por isso, no decorrer da lição enfatize que o homem é salvo unicamente pela fé em Cristo Jesus, pela graça, e não pelas obras da Lei ou pelo seu esforço em tentar agradar a Deus.

INTRODUÇÃO

A Lei no Antigo Testamento tem a função de instruir e ensinar ao povo o que Deus estabeleceu aos israelitas a fim de eles terem um convívio próspero, pacífico e harmonioso na terra de Canaã. Os mandamentos contêm preceitos indispensáveis de moral, de ética e de vida religiosa, sem os quais o povo viveria num caos. Entretanto, na impossibilidade de os seres humanos cumprirem plenamente a Lei para tornarem-se justos, Deus nos outorgou a sua maravilhosa graça.

A SALVAÇÃO PELA GRAÇA

Maravilhosa graça que perdido me encontrou Estando cego pude ver, Cristo me resgatou Quando sua graça me tocou, do medo me livrou Quão preciosa é pra mim a graça do Senhor.90

Graça é uma atitude benevolente e incondicional em prol de outro e é também a manifestação da essência de Deus assim como Ele é. Quando Ele libera graça, não está ofertando algo que é seu, mas, sim, auto-ofertando-se, pois amor incondicional é o que o constitui em sua essência.

A graça de Deus é estendida a todas as dimensões da vida e não somente na salvação. É o que alguns teólogos chamam de graça comum. Ela é vista no domínio físico quando diz que Deus faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos (ver Mt 5.44-45) e nas belezas da criação com suas múltiplas cores, nuances, beleza e mistério; é também vista na capacidade intelectual de desenvolver o conhecimento, a ciência, a tecnologia, as artes e em tudo que a humanidade cria; na capacidade moral e na demonstração de bondade, mesmo em pessoas más; na capacidade que a sociedade tem de, apesar de muita maldade, conseguir organizar-se e viver em harmonia; na organização das religiões, que, mesmo sendo pagãs, revelam traços do mistério divino e da transcendência de Deus; e ainda na capacidade da gratuidade humana em ajudar e cuidar do próximo.

Mas há também a graça preveniente, que é aquela que opera para a salvação, onde o Espírito Santo convence, chama e ilumina o indivíduo a crer, o que precede a conversão e possibilita o arrependimento e a fé. Para os calvinistas, ela é irresistível e eficaz, ou seja, a pessoa beneficiada por essa graça vai obrigatoriamente crer e arrepender-se para a salvação, mas não há liberdade de escolha. Para os arminianos, ela é resistível, ou seja, a resposta a essa graça depende da vontade da pessoa (At 7.51). Sem a graça preveniente, porém, as pessoas poderão resistir à vontade de Deus por causa da escravidão do pecado. Portanto, graça preveniente é aquela que precede a salvação e prepara o indivíduo para recebê-la. O Espírito Santo exerce essa graça preparatória no homem enfraquecido pelo pecado e também impossibilitado de crer em Deus. A Teologia afirma ainda que a graça é eficaz (o que Deus propõe e cumpre não falha) e suficiente (ela pode salvar perfeitamente os que se aproximam de Deus por meio de Cristo).

No Antigo Testamento, a palavra usada para graça é hen, que significa favor, inclinação; ou ainda rason, favor. Essa palavra, entretanto, aparece poucas vezes no AT; mas, em vários contextos históricos, está claramente revelado que houve manifestação da graça de Deus. Como exemplo, cito o caso de Davi; quando ele pecou com Bate-Seba, a consequência foi a morte do seu primeiro filho; entretanto, o segundo, Salomão, tornou-se rei de Israel e sobrepujou Davi em sabedoria e riqueza.

No Novo Testamento, a palavra grega empregada é charis e normalmente significa dádiva, dom gratuito, graça,91 agradável, atraente.92 Jesus não utiliza a palavra graça nos seus ensinos; mesmo assim, seus atos estão saturados desse conceito em muitos momentos em que se manifesta a graça de Deus para com os pecadores, os fracos, os pobres e os perdidos.93 Suas palavras são cheias de ensino em que há perdão de dívidas incalculáveis, galardão precioso e propostas de vida nova apesar das tragédias causadas pelo pecado. Assim, pode-se afirmar que:

Graça é a maneira pela qual Deus se dispõe a receber, de braços abertos, o pecador, não obstante sua santidade absoluta e o estado miserável em que se encontra aquele que dele se desviou. É uma bênção ou um favor verdadeiramente imerecido e indevido, que Deus concede em sua soberania [...]. Deus não tem nenhuma obrigação de perdoar. Ninguém tem o direito de cobrar tal coisa de Deus. Ele, no entanto, perdoa por causa da graça. A iniciativa é sempre de Deus.94

Para Paulo,95 que abandonou uma religiosidade legalista e hipócrita que consistia da conquista do favor de Deus por mérito pessoal para, então, abraçar o cristianismo, a graça é entendida como essencial à salvação, pois, através da morte de Cristo, o pecador alcança favor incondicional de Deus, não necessitando de absolutamente nenhum esforço humano para alcançá-la; basta ter fé para a salvação. “Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça” (Rm 11.6). Entretanto, essa mesma graça que salva não permite o ser humano ficar sob o domínio do pecado, pois aqueles que são alcançados por ela passam a experimentar o processo de santificação.

LEI E GRAÇA

A Palavra de Deus é composta pelo Antigo e Novo Testamentos, cujos conteúdos são compostos pela Lei e pelo evangelho, sendo que o Antigo Testamento não contém somente a Lei e vice-versa. O conteúdo da Lei e do Evangelho perpassa todo o conteúdo bíblico; há, no entanto, uma maior ênfase de conteúdos em cada um dos Testamentos respectivamente. A Lei serve como um condutor para o encontro com Cristo e sua graça (Gl 3.24).

A Lei convence-nos, por sua impossibilidade de ser cumprida, de que não podemos alcançar a salvação sem a mediação de Cristo. Desse modo, a Lei tem sentido depreciativo para mostrar o estado daqueles que se justificam sob a Lei, quando se torna nossa própria justiça como mérito humano que impossibilita obter a salvação, somente alcançável pelo Evangelho da graça. A graça é superior à Lei. Paulo contrasta a superioridade do Espírito em relação à Lei (Gl 5.18) e afirma que morremos para a Lei (Rm 7.4; Gl 2.19). O escritor aos Hebreus salienta que a Lei tornou-se antiquada e imperfeita (Hb 8.6-7, 13), e João afirma que Cristo trouxe a graça e a verdade (Jo 1.17). “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei” (Rm 7.7). A Lei somente existe porque foi outorgada por causa do pecado e para apontar o pecado; por isso, a graça de Deus é superior à Lei, pois a graça de Deus é anterior ao pecado e à Lei.

Pecado não é aquilo que necessariamente fere a Deus e nem aquilo que o destrona ou o diminui, mas, sim, tudo o que prejudica o ser humano de alguma forma; quando Deus define o que é pecado, Ele não define pensando nEle, mas, sim, no pecador. Logo, o papel da Lei é mostrar de antemão tudo aquilo que prejudica para que, assim, possamos defender-nos e evitar ser feridos. No entanto, não há como se defender de tudo o que faz mal, pois a natureza pecaminosa reside em nós. É nesse momento que a graça de Deus entra em ação. A Lei foi sinalizada no coração das pessoas pela própria natureza, e ela existe especialmente como consequência do pecado para delimitar a ética e a moral humana. Embora sinalizada no coração (Rm 2.14-15), ela precisou ser mais bem esclarecida por Deus utilizando-se de Moisés para descrevê-la de modo sistemático e ampliado. Já o evangelho é uma revelação nova do amor de Deus (Gl 1.12), tanto é que produz escândalo (1 Co 1.23) e já era presente no Antigo Testamento, porém inteiramente revelado no Novo Testamento e especificamente na pessoa de Cristo, sendo a graça de Deus um elemento principal do evangelho. Lei e evangelho são complementares, embora com funções diferentes. Ambos podem virar legalismo quando servem para quantificar a obediência e a desobediência no ambiente religioso.

O papel da Lei tinha um propósito material de preservar o homem do pecado e um propósito espiritual de mostrar quão terrível é o pecado (“Pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20)), e quão grande é a necessidade da graça para obter a salvação, pois é impossível cumprir a Lei (Rm 7.19; Tg 2.10), que é entendida como a vontade de Deus presente em todo o Antigo Testamento. Dessa forma, estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua representando nossos deveres e obrigações para com o Senhor e para com o nosso semelhante e, no sentido de que ela, resumida nos Dez Mandamentos, representa o caminho traçado por Deus no processo de santificação efetivado pelo Espírito Santo (Jo 14.15). Nesse aspecto, o papel do Espírito Santo é ajudar a cumprir a Lei. A própria Lei Moral de Deus é uma expressão de sua graça, representando a revelação clara de sua vontade santa, justa e boa (Rm 7.12). A Lei coloca a todos sob a maldição do pecado. É ela quem avilta e mostra a crueldade do pecado e as consequências da desobediência. A Lei é boa (Rm 7.16; 1 Tm 1.8) porque quer evitar a ruína humana apontando-lhe o caminho certo a seguir, mas é impossível cumpri-la. Deus utiliza-se de sua misericórdia para tolerar o pecado e ofereceu o seu Filho manifestando a sua graça para perdoar e permitir que a humanidade possa, através de Cristo e por seus méritos, satisfazer as exigências da Lei, impossíveis de serem cumpridas.

A Lei oferece a salvação (seu cumprimento), e essa é a parte boa da Lei, mas também a condenação (a incapacidade de cumpri-la), e essa é a perdição que a Lei traz ao homem. A violação da Lei, tanto por transgressão quanto por não conseguir cumpri-la, traz inevitáveis consequências punitivas, tendo como fim a morte (Rm 6.23).96

Desobedecer à Lei traz implicações sérias ao ser humano, não necessariamente por ela possuir algum valor ou dignidade inerente, mas porque desobedecê-la implica em atacar a própria natureza de Deus. Por esse motivo, o legalismo é uma afronta a Deus, pois a Lei deve ser entendida como um meio para relacionar-se pessoalmente com Deus, e não uma norma fria superior a Ele mesmo. Não apenas a obediência cega à Lei é legalismo, mas também toda regra humana, ou usos e costumes, que se estabelecem como superiores ao evangelho da graça e obscurecem-na (Gl 1.3ss).

A Lei, vocábulo procedente da palavra grega nomos, é a imposição de regras e normas para o convívio pacífico e justo entre as pessoas; ela ainda cumpre um propósito divino de expressar a bondade de Deus com vista à satisfação humana através de uma ética comum. Dessa forma, a desobediência à Lei implica em desobedecer ao próprio Deus porque a Lei é uma transcrição da essência moral de Deus. Esse é o motivo das consequências drásticas ao ser humano que desobedece à Lei.

A Lei tem a função teológica de revelar-nos como pecadores, acusando-nos diante de Deus e colocando-nos em ira, juízo e condenação; tem também a função pedagógica de conduzir-nos a Cristo para sermos justificados pela fé. Revelando a desgraça do pecado, somos conduzidos à extrema necessidade do perdão e da graça divina, representando uma ponte que nos conduz a Cristo.97

Como Deus é amor e para não prejudicar a raça humana com a impossibilidade de cumprir a Lei, Ele, desde sempre, teve suas ações regidas por sua bondosa gratuidade, o que chamamos de graça, que Paulo denomina de “o escândalo do evangelho”. Assim, morremos para a Lei com Cristo, embora ela não tenha sido anulada, pois Jesus é tudo em todos (Cl 3.11), inclusive a Lei, pois a cumpriu. Dessa forma, não é mais a Lei de Moisés que tem valor final, mas é o “vocês ouviram o que foi dito [...] mas eu lhes digo [...]” (Mt 5.22,28,32,34,39,44 – NTLH) de Jesus proferido no Sermão do Monte, ou seja, a Lei do amor e da ética do evangelho suplanta a Lei de Moisés. O próprio Jesus afirmou que “A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino de Deus” (Lc 16.16a) Por isso, Paulo escreveu: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).

O Deus apresentado pelo Antigo Testamento é fruto de uma revelação progressiva dEle ao homem, e, em muitos casos, Ele é mostrado como sendo um Deus que exige méritos para abençoar, pois boa parte da Teologia do Antigo Testamento é meritória. Por isso, o Novo Testamento aponta para o fato de que o Antigo Testamento foi suplantado pelo Novo, embora não tenha sido abolido nem rejeitado, sendo o evangelho a solução definitiva para a redenção da humanidade. Paulo afirmou que “o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Ela “nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados. Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio” (Gl 3.24-25).

Para compreender melhor a importância e a relevância do evangelho da graça, precisamos atentar para o que o autor aos Hebreus escreveu: “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas. Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o segundo. [...] Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar” (Hb 8.6-7,13).


O FAVOR IMERECIDO

Um importante aspecto do significado de graça em sentido original no grego (charis) é sua relação com a beleza tanto de gestos e palavras98 quanto àquilo que dá prazer e provoca júbilo por causa de sua graciosidade presente na beleza das pessoas e de suas ações. “Graça e beleza são conceitos afins; graça e feiura são termos mutuamente excludentes.”99

Na cruz, Jesus foi a manifestação da graça. A cruz foi seu símbolo (1 Co 1.18). O símbolo é a figura com que se representa um conceito; logo, “a graça (entenda-se como graça o ato salvífico, expiatório) seria o conceito, e a cruz, seu símbolo. Isso estabeleceria que graça e cruz são dois elementos distintos, porque uma, a cruz, só representa a outra, a graça; uma é material, a outra abstrata.”100

A graça da cruz está representada na motivação de Jesus para enfrentar a cruz: os outros.101 Nessa afirmação, concentra-se toda a essência pela qual Jesus achou necessário morrer, que é justamente seu gesto gracioso, voluntário e positivamente definidor em prol da humanidade, cujo fim é a salvação de todo o que crê. A graça de Deus opera a salvação, atuando pela fé no Filho de Deus (Rm 3.28; 5.2). “E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé” (Fp 3.9).

Não há transgressão, por maior que seja, ou pecador, por pior que seja, que não possa ser alcançado por essa graça, pois, onde abundou o pecado, que foi exposto pela Lei, superabundou a graça (ver Rm 5.20). Foi por compreender a grandeza da graça que o apóstolo João escreveu que, “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 2.1).

A graça, no entanto, jamais é ou será um salvo-conduto para a prática do pecado ou para a libertinagem (Gl 5.13); muito pelo contrário, ela convoca-nos à obediência em gratidão ao doador da graça. Quando se ama, faz-se de tudo para agradar; portanto, “o amor de Cristo nos constrange” (2 Co 5.14) a fazermos coisas por Ele que lhe são agradáveis (1 Ts 4.1) e glorifiquem seu nome, pois o cumprimento da Lei é o amor (Rm 13.10; 1 Jo 2.5). Assim sendo, viver pela graça é uma questão de escolha humana. Foi por isso que Armínio escreveu:

A respeito da graça e do livre-arbítrio, isto é o que ensino, a respeito das Escrituras e do consenso ortodoxo: o livre-arbítrio é incapaz de iniciar ou aperfeiçoar qualquer bem verdadeiro e espiritual, sem graça. Para que eu não possa ser considerado como Pelágio, como usando mentiras com respeito à palavra “graça”, quero dizer, com isto, aquilo que é a graça de Cristo e que diz respeito à regeneração. Portanto, afirmo que esta graça é simples e absolutamente necessária para o esclarecimento da mente, a devida ordenação dos interesses e sentimentos, e a inclinação da vontade para o que é bom. É esta graça que opera na mente, nos sentimentos e na vontade; que infunde na mente bons pensamentos; inspira bons desejos às ações, e faz com que a vontade coloque em ação bons pensamentos e bons desejos. Esta graça vai antes, acompanha e segue; instiga, auxilia, opera o que queremos, e coopera, para que não queiramos em vão. Ela evita tentações, auxilia e concede socorro em meio às tentações, sustenta o homem contra a carne, o mundo e Satanás, e, nesse grande conflito, concede vitória ao ser humano. Ela levanta outra vez os que são vencidos e os que estão caídos, firmando-os e dando a eles nova força, além de fazer com que sejam mais cuidadosos. Esta graça inicia a salvação, promovendoa, aperfeiçoando-a e consumando-a.102

Paulo, antecipando o problema que pode surgir ao lidar com a graça de Deus de forma irresponsável, faz a pergunta e também a responde: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6.1-2). O autor aos Hebreus complementa ainda: “Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas” (Hb 6.12). Dessa forma, a graça faz que sejamos ainda mais responsáveis diante de Deus no cultivo de uma santidade que leva em conta a gratuidade e a bondade dEle (Rm 2.4).

Dois extremos podem estar presentes na compreensão da graça: o primeiro é o de que ela possibilita uma liberdade total para pecar à vontade (Rm 6.12), pois Cristo perdoa. Entretanto, a desobediência fere a imagem de Deus em nós e no nosso próximo e traz consequências. “Será que posso pecar indiscriminadamente?” Isso tem resposta bíblica quando se afirma que maior castigo sobrevirá sobre os que profanarem o sangue do pacto e ultrajarem o Espírito da graça (Hb 10.29). Dietrich Bonhoeffer (1906–1945), levando em conta a possível negligência para com a graça de Deus, escreveu a conhecida sentença:

Graça barata é graça como refugo, perdão malbaratado, consolo malbaratado, [...] é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a absolvição sem confissão pessoal [...], é graça sem discipulado, [...] sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado.103

O outro extremo é o de achar que é impossível receber um presente tão valioso como a salvação sem que para tal seja necessário dar algo em troca; isso pode levar ao legalismo, ao ascetismo ou ao misticismo,104 tentando alcançar a salvação por obras, tão combatida por Paulo na epístola aos Gálatas (Gl 5.4,6). Essa atitude pode levar ao orgulho espiritual (Ef 2.8-9) e gerar toda sorte de hipocrisias (Mt 23.23). Dessa forma, criam-se meios de autossalvação inventando-se regras para aliviar a consciência ao invés de confiar na obra completa de Cristo. (Gl 3.1-5). Por isso, Paulo alertou os colossenses:

Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne. (Cl 2.20-23)

Os agraciados pela graça são os que compreendem que somos devedores para com Deus e para com os irmãos (Rm 13.8) e, por isso, amam como Cristo amou (Jo 13.35). Os que vivem sob a liberdade da graça desenvolvem uma santidade que reflete a beleza de Cristo no homem interior, que extravasa nas mais diferentes esferas da vida humana e em total confiança em Deus para tudo. Essa mesma graça permite estarmos mortos para o pecado (Rm 6.11, 13) e vivendo a Lei de Cristo para alcançar os que vivem sem Ele (1 Co 9.21).

Assim, nossa única saída é confiar inteiramente em Cristo, que nos perdoa, aceita e ama do jeito que somos. Esse amor, porém, constrange-me a obedecer-lhe. O contrário disso seria a negação da eficácia da obra de Cristo. A religião diz o que devo fazer (obedecer); Jesus diz o que Ele já fez por mim (confiar).


O ESCÂNDALO DA GRAÇA

Exatamente pelo fato de a graça de Deus ser um escândalo é que existe tanta dificuldade em compreendê-la de forma plena. Alguns usando os argumentos da liberdade fazem dela um salvo-conduto para pecar; outros caem no legalismo e anulam o efeito da graça, tornando ineficaz a obra de Cristo. Certamente, uma das formas de compreender é perceber o conceito da graça de Deus presente na Parábola dos Vinhateiros. Ali não há méritos por tempo de serviço ou produtividade; a mesma recompensa dos que iniciaram o trabalho no fim do dia é dado aos que começaram no início do dia, mesmo que o senhor tenha sido injusto aos olhos dos trabalhadores. É essa aparente injustiça sob a ótica humana que caracteriza a graça de Deus.

A justiça divina, se comparada com a humana, é imensamente perdoadora; por isso, a graça torna-se injusta sob a ótica humana, pois é imerecida e incoerente. Por esse motivo, Paulo classificou-a como escandalosa (1 Co 1.23; Gl 5.11).

Antropologicamente, o ser humano tem a necessidade de expiar sua culpa, conforme descrito no primeiro capítulo deste livro. Dentro dele, há um grito na alma que faz anelar por um preço que precisa ser pago. Por isso, muitos crentes não entendem a graça de Deus e acham que precisam ter méritos diante dEle, pagando um preço pela sua salvação. E assim são inventados os esquemas humanos (legalismos, critérios, ordenanças, doutrinas, etc.)105 para tentar “acalmar” a ira de Deus sobre o homem, criando-se situações meritórias; entretanto, tudo já foi pago por Cristo, os méritos são dEle, e não do homem com seus esforços.106 Não podemos viver sem a observância da Lei (Tg 2.24), pois ela conduz nossas vidas a um bom caminho de relacionamento com Deus e com o próximo; entretanto, estamos cônscios de que o que nos salva é a graça de Deus somente, presenteada a nós através da morte de Cristo na cruz do Calvário.

Isso não significa que, confiando na graça de Deus para a salvação, não se precisa mais fazer nada após a salvação. Deve-se, sim, continuar lutando para construir uma vida de santificação, renunciando tudo aquilo que nos afasta de Deus. O que muda é que, a partir da ótica da graça, não se faz mais nada para ser salvo, mas faz-se em gratidão a tudo o que Cristo já fez. O desejo de santificação e renúncia a tudo o que nos afasta de Cristo não parte de um coração que quer entrar no céu por méritos próprios, pois a graça trouxe a consciência de que nada que se faça pode garantir o que tão somente o sacrifício de Cristo garante: a salvação. Por outro lado, não se consegue viver na graça e continuar satisfazendo os desejos impuros do velho homem. A diferença é que tudo o que se faz agora é motivado por um sentimento de gratidão e pertença, e não de troca e barganha.

Compreender a graça e não ter consciência de que a nova vida com Cristo significa separação do mundo pecaminoso e dedicação exclusiva a Deus é um forte indício de que ainda não se compreendeu o que é viver na graça de Deus. Viver essa graça produz em nós a satisfação plena em Deus; logo, todas as outras fontes de prazer ferem ao invés de satisfazerem. Eis um indício de estarmos compreendendo a graça de Deus: viver a graça não isenta de pecar, mas o pecado que antes trazia prazer causa agora dor e arrependimento genuíno.

Pelo fato de a graça ser algo que depende exclusivamente de Deus sem merecimento por parte do recebedor (Ef 2.8), Paulo enfatiza a impossibilidade de estar sob a graça e a Lei ao mesmo tempo, no sentido de obter a salvação por uma ou por outra, pois, nesse sentido, ambas são excludentes. Portanto, ou o indivíduo é salvo pela Lei, o que é impossível, ou ele depende inteiramente da graça de Deus, pois por “obras da lei nenhuma carne será justificada” (Gl 2.16; At 15.11).

A graça é algo ao qual é impossível o seu recebedor retribuir. A única coisa que lhe cabe é agradecer,107 pois qualquer gesto de retribuição tirar-lhe-ia a qualidade de favor imerecido, tornando-se, assim, um mérito. Como no relacionamento com Deus não existem méritos, pois somente Cristo tem méritos, é um ato de afronta contra o doador querer retribuí-lo; entretanto, até mesmo tal afronta é coberta pela graça.

Os que compreendem a graça devem desenvolver a incrível capacidade de simplesmente se deixarem presentear por Deus. Somente esses são justificados porque aceitam ser aceitos, “a despeito de ser inaceitável”,108 e assim se permitem embalar nos braços do amor e do perdão. Para os filhos de Deus, cônscios da graça do Pai, tudo é presente, é dádiva. Não há reivindicação, nem presunção de méritos, mas somente gratidão e ação de graças, pois a graça de Deus aceita o inaceitável.

Quando o cristão entende a graça de Deus, ele necessariamente vai expressar essa mesma graça no relacionamento com outros cristãos, ou seja, o recebimento da graça resultará em atos graciosos e cheios de beleza por parte do recebedor. Isso, entretanto, não é feito por mérito; é simplesmente a reação graciosa de gratidão para com a graça recebida, mas vai além disso; ela é expressada como “presente para a comunidade, um benefício para o bem comum.”109 Logo, podemos afirmar que cristãos que não reagem assim à graça provavelmente não a compreenderam ainda.

Falar de graça implica um binômio presente na sanidade espiritual, que consiste em ela (a graça) operar em conjunto com a gratidão. A reação normal a qualquer oferta de graça é agir com gratidão. A graça é o princípio central de nossa Teologia, e a gratidão é o princípio central de nossa ética. O crente precisa conhecer “três verdades básicas: quão grande é o nosso pecado, quão grande é a graça de Deus que nos redimiu e quão grande deve ser nossa gratidão a Deus por sua graça.”110 Exercitar a gratidão diante de grandes ou pequenos gestos da graça de Deus demonstra um coração que avançou em sua caminhada espiritual e reconheceu a grandeza da superabundante graça oferecida na cruz. Mostrar gratidão mesmo quando o coração estiver cheio de lamúrias, mágoas e ressentimentos é uma escolha que fazemos; posso optar por falar de bondade e beleza, mesmo quando, interiormente, ainda procuro alguém para acusar ou achar algo feio.

Na lição desta semana, estudamos a relação da Graça e a Lei; vimos que a graça é favor imerecido; e compreendemos que ela chega a ser um escândalo para os que não creem. Portanto, estamos cônscios de que o que nos salva é a graça de Deus mediante a fé somente (Ef 2.8). E o livre-arbítrio? É possível perder a salvação? São assuntos que veremos nas próximas lições.


Fonte:
Livro de Apoio - 4º Trim/17 – A Obra da Salvação - Claiton Ivan Pommerening
Lições Bíblicas Adultos 4º trimestre/17 - A Obra da Salvação — Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida – Comentarista: Claiton Ivan Pommerening

Aqui eu Aprendi!

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Cosmovisão Missionária

E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” Rm 15.20


Se há uma característica que podemos confirmar na carta do apóstolo Paulo aos Romanos é o sentimento missionário do apóstolo. Paulo era um homem de coração voltado para as missões. O Espírito Santo usou a instrumentalidade de Paulo para o Evangelho atingir a civilização ocidental. Por isso, podemos notar características muito profundas na visão missionária de Paulo.

A visão missionária de Paulo
O capítulo 15 de Romanos mostra a primeira predisposição de o apóstolo anunciar o Evangelho a quem nunca ouviu falar sobre ele. Neste sentido, veja a fala do apóstolo: “E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (v.20). A partir deste texto, uma característica essencial que brota naturalmente de Paulo é a sua forma honesta de fazer Missões em que ele jamais anunciaria Cristo onde Ele já fora anunciado. Imagine o impacto que essa visão paulina traria em nossa prática missionária nos tempos modernos!

A visão missionária que esteja voltada para as pessoas é a mais fiel em relação ao Evangelho, pois ela não está voltada para um projeto de extensão de instituições religiosas, mas simplesmente em alcançar corações e mentes que ainda não conhecem a Deus e a justiça do seu Reino.

Outra característica que encontramos na visão missionária de Paulo é a esperança. Note o versículo 24: “Quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia”. De acordo com alguns estudiosos, é problemática a questão se o apóstolo Paulo chegou ou não à Espanha. Entretanto, a Epístola de Clemente à Igreja de Corinto e o fragmento muratoriano (uma cópia da lista mais antiga que se tem dos livros do Novo Testamento) são considerados argumentos fortes em relação à ida do apóstolo à Espanha. Apesar do tempo, dos obstáculos do ministério e de tantas outras questões que afligiam o apóstolo, ele não deixou de ter esperança e novos planos. Mas antes, ele planejara ir à Jerusalém para ministrar aos santos (v.25).

Predisposição para anunciar Cristo onde Ele não fora anunciado e esperança renovada na missão de Deus são características que brotam naturalmente da leitura da epístola paulina: “Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha” (v.28). (Revista Ensinador Cristão nº66_pg.42)

INTRODUÇÃO

Paulo já estava chegando ao final da epístola à igreja de Roma. Um dos últimos assuntos tratados por ele havia sido acerca da tolerância que os crentes maduros devem demonstrar para com os imaturos. A solução do problema estava em saber equilibrar a liberdade com o amor cristão. Agora, o apóstolo deseja expor o que estava em seu coração — o desejo de levar o evangelho da graça de Deus a terras ainda não alcançadas. Os crentes de Roma, membros de uma igreja que fez o mundo inteiro ouvir os ecos de sua fé (Rm 1.8), deveriam apoiá-lo nesse empreendimento missionário. Todavia, para que seu intento fosse alcançado, ele sente a necessidade de explicar com maiores detalhes o seu projeto missionário. É o que vamos estudar nesta lição.

Os crentes que foram alcançados pela graça e vivem pela fé, em Jesus Cristo, precisam ter uma visão missionária amorosa e abrangente.


Romanos 15.14-21

Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros. Mas, irmãos, em parte vos escrevi mais ousadamente, como para vos trazer outra vez isto à memória, pela graça que por Deus me foi dada, que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo. De sorte que tenho glória em Jesus Cristo nas coisas que pertencem a Deus. Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras; pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo. E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio; antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado o verão, e os que não ouviram o entenderão.

Cosmovisão Missionária
“Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros” (15.14). Em Romanos 1.8, o apóstolo havia reconhecido o valor da fé dos crentes de Roma. Aqui novamente ele os trata com afeto, chamando-os de “irmãos” ao mesmo tempo em que reconhece serem eles possuidores das virtudes cristãs. Eles estavam possuídos de bondade, cheios de conhecimento e aptos para se exortarem mutuamente.

“Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras” (15.18). A partir desse ponto, Paulo acha oportuno mostrar a dimensão missionária do seu projeto evangelístico. Esse projeto havia alcançado os pontos mais extremos da bacia mediterrânea. Lucas registrou em detalhes como se deu esse avanço evangelístico ao registrar as três viagens missionárias de Paulo. Vejamos um esboço dessa gigantesca obra:


1. A primeira viagem missionária

1.1. Uso da Palavra de Deus como instrumento de evangelização — “E, chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus” (At 13.5).
1.2. Consciência da realidade do mal — “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano...” (At 13.10).
1.3. Reconhecimento da necessidade do preparo missionário — “Mas João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém” (At 13.13).
1.3.1. O Espírito recepcionado (At 13.52).
1.3.2. O Espírito demonstrado (At 14.3).
1.3.3. Reconhecimento da dimensão humana da missão (At 14.6).
1.3.4. Constituição de líderes autóctones (At 14.21-23).
1.3.5. O perigo da fragmentação (At 15.1).
1.3.6. A busca pela padronização (At 15.28,29).

2. A segunda viagem missionária

2.1. O cuidado com o discipulado (At 15.36).
2.2. Fundamentação doutrinária dos convertidos (At 16.4,5).
2.3. Buscando os povos não alcançados (At 16.6-9).
2.4. Zelando pela vida devocional (At 16.13).
2.5. Limites na contextualização (At 16.21).
2.6. Defendendo os seus direitos civis (At 16.37).
2.7. Alcançando diferentes classes sociais (At 17.12).
2.8. Defendendo a relevância cultural do evangelho (At 17.16-31).
2.9. Gastando-se por missões (At 18.11).

3. A terceira viagem missionária

3.1. A busca pelo trabalho em equipe (At 18.24-28).
3.2. Manutenção dos símbolos pentecostais (At 19.1-6).
3.3. Mostrar o caráter pedagógico do evangelho (At 19.9).
3.4. Viver um evangelho sem engessamento (At 19.12).
3.5. Possuir um coração missionário (At 20.17-35).
3.6. O aspecto não clerical do evangelho (At 21.9-11).
3.7. Desfrutando do fruto do discipulado (At 21.16).

SUBSÍDIO

Paulo desejava que os crentes romanos compartilhassem do propósito da sua chamada - a conversão do mundo gentílico ao Evangelho (Rm 15.16). Algumas observações são importantes para ajudar no entendimento das palavras do apóstolo. Primeiramente, Paulo quer que a igreja o veja como alguém que estava prestando um serviço de grande relevância diante de Deus. Este é o sentido do termo grego leitougeo (ministro), usado por ele aqui. Em segundo lugar, Paulo desejava também que os crentes tivessem consciência de que esse serviço é um sacrifício do qual Deus se agrada. Esse é o sentido do termo grego ierourgounta (servir como sacerdote), usado para se referir às cerimônias do sacrifício levítico. Paulo era um sacerdote de Deus a serviço da obra missionária e desejava que os crentes se unissem a ele.

No Poder do Espírito

“pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo” (15.19). Uma das características mais marcantes no apóstolo Paulo é a sua dependência de Deus na realização de seu serviço. Em nenhum momento ele credita o seu êxito ao mérito próprio. Tudo era fruto da graça de Deus. Paulo dissera aos crentes de Corinto que havia trabalhado mais do que todos os apóstolos, mas reconhece que isso só foi possível por conta da graça de Deus derramada em sua vida (1 Co 15.10). Novamente ele reconhece que chegou às regiões mais remotas graças ao poder do Espírito Santo que estava em sua vida. A incursão missionária de Paulo não se deu apenas em palavras, mas, sobretudo, por meio de sinais e prodígios, e pelo poder do Espírito Santo. Nenhuma obra missionária terá êxito se não for acompanhada pela ação soberana do Espírito Santo.

O avanço do pentecostalismo clássico pelo mundo afora foi marcado pela poderosa ação do Espírito Santo. Basta citarmos os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, que trouxeram as Assembleias de Deus para o Brasil, para constatarmos esse fato. O Diário de Vingren contém relatos de sinais e prodígios que o Espírito Santo realizou por seu intermédio. O próprio envio sobrenatural, a partir de uma palavra profética que os ajudou a localizar no mapa-múndi a palavra “Pará” como um local situado no Norte do Brasil, comprova isso. Mas não são somente os fatos relacionados à chamada dos missionários suecos para o Brasil que atestam a operação do Espírito do Senhor no pentecostalismo brasileiro. A nossa história está permeada de intervenções sobrenaturais operacionalizadas pelo Espírito Santo.


Romanos 15.22-29

Pelo que também muitas vezes tenho sido impedido de ir ter convosco. Mas, agora, que não tenho mais demora nestes sítios, e tendo já há muitos anos grande desejo de ir ter convosco, quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia. Mas, agora, vou a Jerusalém para ministrar aos santos. Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais. Assim, que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha. E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do evangelho de Cristo.

Planejamento Missionário
“Mas, agora, que não tenho mais demora nestes sítios, e tendo já há muitos anos grande desejo de ir ter convosco, quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia” (15.23,24). Os intérpretes da Bíblia estão convencidos de que uma das razões que levou Paulo a escrever sua carta era o seu desejo de fazer de Roma uma base missionária. Dentro desse propósito, Paulo tratou de muitos temas teológicos de extrema relevância para os cristãos romanos. Chegara o momento de expor o desejo que inflamava seu coração — levar à frente a obra missionária e chegar com ela até a Espanha.

O apóstolo possuía um coração voltado para missões. Quando o Espírito Santo escolheu os primeiros missionários na igreja de Antioquia, Paulo estava entre eles. Na verdade, foi por intermédio dele que o Espírito do Senhor deu início ao movimento missionário da igreja. Acredito ser oportuno verificarmos alguns princípios missionários que encontramos no envio de Paulo e Barnabé a partir de Antioquia.


O capítulo 13 do livro de Atos dos Apóstolos é emblemático por várias razões. É nesse capítulo que a igreja, de uma forma organizada, envia seus primeiros missionários (At 13.1-13). É verdade que antes de Antioquia houve investidas missionárias, como por exemplo, a ida de Filipe à cidade de Samaria (At 8.5). Contudo, a ida de Filipe à terra dos samaritanos não aconteceu em decorrência de uma mobilização da igreja como aconteceu em Antioquia.

"Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. E, chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus; e tinham também a João como cooperador. E, havendo atravessado a ilha até Pafos, acharam um certo judeu, mágico, falso profeta, chamado Barjesus, o qual estava com o procônsul Sérgio Paulo, varão prudente. Este, chamando a si Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando apartar da fé o procônsul. Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo e fixando os olhos nele, disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora, contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante, a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão. Então, o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor. E, partindo de Pafos, Paulo e os que estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém." (At 13.1-13)

Sendo que a Igreja Primitiva é o nosso modelo e que o livro de Atos deve servir de paradigma para a igreja contemporânea, faz-se necessário atentarmos para as lições que esse texto traz.

Em primeiro lugar, missões se faz com fundamentação. Missões se faz no contexto de uma igreja local. É ela que fundamenta as missões “Havia na igreja de Antioquia”. Podemos ler esse texto na sua ordem invertida e teremos: “Em Antioquia havia uma igreja”. Foi nessa igreja que aconteceu o envio dos primeiros missionários. Missões acontece no contexto de uma igreja. É a igreja que gera missionários e é a partir dela que eles são enviados. Sem igreja não há missões. Hoje tenho observado que há uma terceirização do movimento missionário que sai da esfera da igreja para uma esfera simplesmente institucional, como por exemplo, uma Convenção. As Convenções são importantes, mas a responsabilidade de gerar missões não é delas. Convenção não é igreja! Essa missão é da igreja local. Se a igreja local não se envolver com missões, então nada feito.

Em segundo lugar, missões se faz sob inspiração — “Havia na igreja profetas”. Profeta é alguém que fala sob inspiração divina. Paulo, o apóstolo, diz que quem profetiza edifica a igreja (1Co 14.3). Foi nesse contexto de inspiração divina que o Espírito Santo comissionou os primeiros missionários. Sem inspiração não há missão. Qualquer igreja que faz missões sem a participação direta do Espírito Santo está fadada ao fracasso! Não tenho dúvida alguma de que em Antioquia a profecia, como oficio e também como dom, estava em operação. Foi essa capacitação profética que permitiu a escolha dos primeiros missionários — Paulo e Barnabé.


Em terceiro lugar, missões é feita com instrução — “Havia na igreja mestres”. A palavra “mestres” (gr. didaskalos) vem da mesma raiz da palavra didaquê, ensino ou instrução. Se a inspiração é importante para as missões, a instrução da mesma forma. Sem ensino, e ensino bíblico sob a direção do Espírito Santo, não há missões de verdade. Tenho observado muitas pessoas querendo os dons do Espírito e reivindicando-os para o movimento missionário, mas negligenciando a instrução que vem pela Palavra de Deus. O resultado disso são movimentos com muito “peneumatismos”, mas sem nenhuma fundamentação teológica consistente. O resultado disso é o fracasso.


Em quarto lugar, missões é feita com adoração — “E servindo eles ao Senhor . Servindo e a tradução do grego leitougeo, de onde procede a palavra portuguesa “liturgia”. É um termo usado para se referir ao culto ou serviço cristão. Nesse contexto significa, sem dúvida alguma, adoração. Eles estavam adorando quando o Espírito Santo os comissionou para fazer missões. É no contexto da adoração cristã que acontecem os despertamentos missionários. Foi assim com o envio dos primeiros missionários oriundos do avivamento da Rua Azusa e foi assim com o envio dos suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren para o Brasil. Esses últimos estavam adorando a Deus quando o Espírito Santo os comissionou a viajarem para o Brasil. Hoje nós temos muita música, muito show, mas pouca adoração. Qual é a consequência disso? Um esvaziamento do movimento missionário.


Em quinto lugar, missões é feita com consagração — “E jejuando”. Em todo movimento de avivamento, que desaguou em missões, estão presentes uma volta à Palavra de Deus e à santidade. O que se depreende de uma leitura dos Atos dos Apóstolos é que o jejum era uma prática comum na igreja apostólica (At 13.1-4; At 14.23). O jejum bíblico estava associado à prática da oração, e a oração conduz a uma vida santa. Não se trata de uma questão legalista ou simplesmente um rigorismo ascético. Uma vida piedosa, onde os limites entre o sagrado e o profano são respeitados, invariavelmente tem como resultado um cristianismo contagiante. Não há dúvidas de que a igreja hodierna perdeu muito da sua piedade pessoal, enveredando por um instituicionalismo fossilizado. Não há mais espaço para práticas piedosas, como por exemplo, o jejum. As consequências são sentidas nas tentativas frustradas de fazer missões.


Em sexto lugar, missões é feita com vocação — “Separai-me a Barnabé e Saulo”. Evidentemente que aqui foi o próprio Espírito que vocacionou e selecionou Barnabé e Paulo para a obra missionária. Já disse no livro de minha autoria As Ovelhas Também Gemem que a vocação é o pilar sobre o qual se alicerça toda a vida ministerial. Todavia, ela vem sempre acompanhada de sua irmã gêmea — a preparação, que também denomino de lapidação. Deus nos vocaciona, mas somos nós que precisamos nos preparar, bíblica ou teologicamente, para melhor servirmos ao nosso Deus. Já conheci diversos movimentos missionários, alguns deles fora do Brasil, e os vi sofrer por conta de obreiros mal preparados e mal treinados. Foram vocacionados, mas não foram lapidados. Alguns se envolveram com mulheres, enquanto outros foram corrompidos pelo dinheiro. Não há dúvidas de que a igreja deve investir no preparo espiritual de seus missionários, mas o mesmo pode ser dito do preparo moral. A prática de uma vida disciplinada evitaria muitos acidentes (1 Tm 4.7).


Em sétimo lugar, missões é feita com adoção — “E impondo-lhes as mãos” . A imposição de mão implicava cuidado, responsabilidade pelo envio. Ao impor as mãos nos missionários, a igreja se comprometia a cuidar deles. Alguém já disse que quando uma pessoa desce para dentro do poço, alguém precisa segurar a corda! Infelizmente a igreja não tem segurado a corda daqueles que têm sido enviados ao campo missionário. É lamentável que o número de patrocinadores da obra missionária diminui ou até mesmo deixa de existir à medida que os resultados demoram a aparecer. Há missionários que trabalham sob pressão, alguns são tentados até mesmo a maquiar relatórios para apresentarem nas suas agências. A igreja deve dar todo apoio espiritual e material a fim de que o missionário possa fazer com alegria a obra para a qual foi comissionado.



SUBSÍDIOS BIBLIOLÓGICOS
I - "Os planos missionários de Paulo (15.22-33)
15.22,23 - Nestes versículos Paulo fala do seu grande desejo de ir a Roma, e diz que tem sido impedido por circunstâncias várias. Entretanto, ele sente que suas atividades missionárias nas regiões da Grécia, Macedônia e Ásia Menor, já foram completadas. Ele dera início à tarefa evangelística e já podia confiar a obra a outros obreiros, a fim de cumprir o desígnio de seu ministério apostólico.
15.24 - 'Quando parti para a Espanha'. Está expressa aqui a visão expansionista missionária do grande apóstolo. A Espanha agora era a sua meta, e, para tal, passaria antes por Roma.
15.25,26 - Nestes versículos Paulo diz à igreja em Roma que antes terá de ir a Jerusalém, acompanhado por vários irmãos na fé, das igrejas gentílicas. A viagem tinha um cunho filantrópico, pois levariam as ofertas das igrejas da Macedônia e Acaia para os crentes que passavam privações em Jerusalém" 

II - Paulo enfatiza que as igrejas gentílicas são devedoras para com a igreja em Jerusalém, visto que a bênção do Evangelho de Cristo partiu de Jerusalém. Era justo que, nesses momentos de perseguições e privações aqueles crentes judeus fossem ajudados. Conforme declara o apóstolo: 'Se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais' (v. 27).

Terminada a  sua missão em Jerusalém, não lhe resta outro plano, senão ir a Roma e depois à Espanha.
Paulo sabia  que havia grande perseguição contra a igreja  de Jerusalém, e que seu trabalho missionário entre os gentios ainda sofria resistência de alguns judeus. Mas ele esperava que na sua ida a Jerusalém, juntamente com irmãos representantes das igrejas gentílicas, levando ofertas para os santos de Jerusalém, fossem bem recebidos. Paulo sabia que havia perigo de vida, pois os judeus mais fanáticos queriam a sua morte (v. 31). Por isso, solicita à igreja que ore por esta missão em Jerusalém. Entende Paulo que acima de tudo está a soberana vontade de Deus (v. 32)"  (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.146).

Para que a obra missionária seja realizada com excelência é necessário que haja planejamento.


Romanos 15.30-33

E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus, para que seja livre dos rebeldes que estão na Judeia, e que esta minha administração, que em Jerusalém faço, seja bem aceita pelos santos; a fim de que, pela vontade de Deus, chegue a vós com alegria e possa recrear-me convosco. E o Deus de paz seja com todos vós. Amém!

Cobertura Espiritual
“E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus” (15.30). Tendo exposto o seu projeto missionário, Paulo faz um pedido à igreja de Roma — que ela ore por ele. Mas não era uma simples “oração”, e sim uma oração de guerra. A palavra “luteis” traduz o grego synagonizomai, que tem o sentido de “lutar junto com alguém”, “ajudar alguém”, “apoiar alguém”. Isso coloca a oração numa dimensão de conflito espiritual. Na verdade, quando oramos enfrentamos obstáculos (Dn 10.12,13). O apóstolo tencionava ir a Jerusalém cooperar com os crentes daquela localidade, mas havia muitos adversários. Era por essa razão que pedia que os romanos intercedessem por ele.

Um amigo contou-me um acontecimento ocorrido com o pastor Estevam Ângelo de Sousa, o apóstolo do sertão nordestino. Era o final dos anos 40, e Estevam Ângelo de Sousa fazia missões nas cidades piauienses de Luzilândia e Esperantina, Estado do Piauí. O catolicismo era muito forte nessa região, e os fazendeiros locais se valiam de jagunços como instrumento de proteção. Durante o seu trabalho missionário, Estevam ganhou um vaqueiro para Cristo, ficando acertado um culto na casa do novo convertido, que, como a maioria dos nordestinos, era agregado de um fazendeiro.

Pois bem, certo dia quando se preparava para ir dirigir aquele culto, Estevam chamou sua esposa e pediu-lhe oração. Contou-lhe que o Senhor havia lhe mostrado durante uma visão um grande boi partir em sua direção para atacá-lo. Na visão, Estevam disse que derrubava o boi com um soco na cabeça. Entendeu que teria problema durante a realização daquele culto. Despedindo-se da esposa, foi até o local combinado para a realização do culto e ali chegando encontrou muitas pessoas reunidas. Após cantar os primeiros hinos, alguém ao fundo falou em voz grave: “Pare já com essa besteira!”. A voz era de um dos jagunços daquela região. Ele não queria que o culto fosse realizado. O pastor continuou dirigindo o trabalho do Senhor, quando novamente foi interrompido pelo jagunço: “Eu já disse para parar com essa besteira!” Dessa vez o pastor respondeu dizendo que não estava falando besteira, mas a Palavra de Deus.
Incomodado, o jagunço levantou-se dizendo que ia provar que tudo aquilo era bobagem. Puxando uma faca da cintura, o jagunço se dirigiu em direção ao pastor. Mesmo à distância, o pastor levantou a mão e gritou: “Satanás, eu te repreendo no nome de Jesus”. Naquele momento o homem foi atirado ao chão à vista de todos. O impacto da queda fora grande, e ele não conseguiu mais se levantar. Era o boi que o pastor tinha visto na visão que procuraria atacá-lo. O Diabo caiu por terra. O nome do Senhor foi glorificado. Eu fui pastor naquela região e testemunhei o grande crescimento da obra de Deus ali. Mas tudo começou com o poder da oração.


Existem inúmeras necessidades espirituais na obra missionária.

CONCLUSÃO

Nessa lição, vimos uma das razões que levou o apóstolo a visitar a igreja de Roma. Não era apenas uma visita fortuita, mas algo planejado. O seu alvo era o estabelecimento de um ponto de apoio para seu empreendimento missionário. Para isso, Paulo usa esse espaço de sua Epístola para informar aos crentes em Roma das diretrizes tomadas para essa viagem. A igreja de Roma, que não tinha Paulo como seu fundador, teria a oportunidade de ver como trabalhava e apoiar aquele que foi, sem dúvida, o maior missionário da história.

Missões envolvem conflito espiritual e muitas vezes lágrimas. Todavia, missões são marcadas também por satisfação espiritual e alegria (Sl 126.5,6). Sem dúvida o apóstolo tinha isso em mente quando escreveu aos romanos (Rm 15.31,32).

O termo grego synanapaufomai, observa o biblista William Sanday, é usado por Paulo com o sentido de "que eu possa descansar e refrigerar o meu espírito junto com vocês". Missões, portanto, é refrigério no poder do Espírito Santo.


Leia: Janela 10/40 e os países não alcançados

Façamos Missões. 

Oremos por estes países.
Que Deus capacite a Sua Igreja e comece a brotar Missionários(as) que amem e se dediquem a esta Obra.
Que possamos ofertar e sustentar os que já estão no campo missionário.


Fonte:
Lições Bíblicas - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - 2º.trim_2016 CPAD - Comentarista Jose Gonçalves
Livro de Apoio - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - Comentarista José Gonçalves
Romanos. O Evangelho da Justiça de Deus - 5ª.ed.CPAD
Revista Ensinador Cristão-nº66
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Bíblico Wycliffe
Dicionário Teológico CPAD

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