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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O dom de Línguas

“Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar” 1Co 14.13


“Ressaltamos que os pentecostais têm uma hermenêutica distintiva, um modo particular de ler a Bíblia. Nós, pentecostais, sempre lemos a narrativa de Atos e, particularmente, o relato do derramamento pentecostal do Espírito Santo (At 2) como modelo para a vida. As histórias de Atos são as nossas histórias, e nós as lemos com um sentimento de grande expectativa.
Estou convencido de que essa hermenêutica simples, essa abordagem direta à leitura de Atos como modelo para a igreja hoje, é uma das principais razões por que a ênfase no falar em línguas desempenhou papel tão importante na formação do movimento pentecostal moderno. A ligação entre o falar em línguas e o batismo no Espírito Santo marca o movimento pentecostal moderno desde o início e, sem essa ligação, é duvidoso se o movimento teria visto a luz do dia, muito menos sobrevivido.
A glossolalia é de importância crucial para os pentecostais de todo o mundo, por muitas razões, mas gostaria de propor que duas são de particular importância. Primeiro, o falar em língua destaca, encarna e valida à maneira única como os pentecostais entendem o livro de Atos: Atos não é um documento histórico; Atos apresenta um modelo para a vida da igreja contemporânea” (MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016, pp.57,58).

A manifestação do dom de Línguas, tanto na Igreja quanto na devoção pessoal, é plano de Deus para os crentes em nossos dias.

Você já recebeu o batismo com o Espírito Santo e experimentou o falar em línguas estranhas? Então, não se esqueça de partilhar com seus alunos como se deu tal experiência e o que mudou em sua vida. Pois, estudaremos acerca do dom de Línguas. No decorrer da aula, procure enfatizar que o falar em línguas, glossolalia, era e é um sinal divino para evidenciar o batismo com o Espírito Santo. Como pentecostais cremos que os dons não foram somente para os crentes do primeiro século e que o ser cheio do Espírito é uma recomendação do Pai para os crentes da atualidade (Ef 5.18). O Senhor continua o mesmo e seu desejo de que vivamos na plenitude do Espirito não foi alterado pelo fato de que algumas pessoas não crerem na promessa de Joel 2.28 que teve o seu cumprimento em Atos 2. É importante ressaltar que as línguas (gr. glossa) podem ser humanas, atualmente faladas (At 2.6), ou desconhecidas na terra (cf. 1Co 13.1) e que a fala jamais será extática.

Leitura Bíblica - 1 Coríntios 14.1-5,12-15

INTRODUÇÃO

O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, trata a respeito das línguas estranhas e da profecia no uso coletivo e individual. Ainda dentro da perspectiva de que as línguas e a profecia são dons do Espírito Santo para a edificação da Igreja, o apóstolo traz orientações sobre como a Igreja deve se portar nesse aspecto. Na prática, o servo de Deus não ensina que esses dons devem deixar de ser exercitados, mas orienta que sejam usados da forma correta, tendo em vista que a sua principal função é edificar o corpo de Cristo.

I. O FALAR EM OUTRAS

1. As Línguas em Marcos 16.

Iniciemos nosso estudo a respeito do dom de Línguas remontando às palavras de Jesus no Evangelho de Marcos 16.17,18. Marcos, um escritor que tem o propósito de demonstrar Jesus como o Filho de Deus, com poder e autoridade, registra que parte desse poder, recebido de Deus, seria manifestado entre aqueles que creriam em Jesus. Seus discípulos teriam poder para expulsar espíritos malignos, curar enfermidades e falar em outras línguas.

2. O ensino paulino a respeito das línguas.

Paulo dá prosseguimento à sua Primeira Carta aos Coríntios fazendo uma distinção sobre o uso do dom de línguas e o uso da profecia. Deixemos claro que o ensino paulino não restringe o falar em línguas, e sim o regulamenta. Qualquer entendimento diferente deste deturpa a ideia original do escritor, e consequentemente, ataca a própria inspiração divina, que moveu Paulo a escrever a respeito desse assunto.

3. Orar em Línguas.

“Porque, se eu orar em Língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto” (1Co 14.14). Paulo continua seu ensino tratando, agora, a respeito de oração. A comunicação com Deus é inserida em seu discurso, desta vez incluindo a oração em línguas, uma manifestação que entendemos ser genuinamente pentecostal, mas não restrita aos arraiais pentecostais. Lembremo-nos de que a promessa do derramamento do Espírito Santo é para toda a carne, e não é patrimônio de uma única igreja.

Uma característica destacada por Paulo no assunto das línguas é que quando utilizadas na oração, fazem com que o espírito ore bem. Parece que não há qualquer impedimento na oração ao Pai Celeste quando se utiliza o falar em línguas. Paulo também destaca que quando se ora em línguas “o entendimento fica sem fruto”, ou seja, é como se o intelecto da pessoa não tivesse participação, não entendesse efetivamente o que está sendo falado. Paulo menciona isso, mas não dá a entender que o texto seja uma condenação ao fato de orar em Línguas. Ele mesmo diz que “o meu espírito ora bem”. Com certeza, pela revelação do Senhor trazida a Paulo, orar em línguas manifesta uma conexão mais íntima e profunda com o Espírito Santo de Deus.

II. O FALAR EM OUTRAS LÍNGUAS NA VIDA PESSOAL

1. Línguas para falar com Deus (1Co 14.2).

Uma das verdades acerca do dom de línguas é que quem se utiliza dele fala com Deus. Por mais que os homens não entendam o que está sendo pronunciado, a Palavra de Deus diz que há uma comunicação entre a pessoa e Deus. Essa é uma revelação muito séria, pois o falar em línguas tem sido combatido por cristãos cessacionistas, que acreditam que essa manifestação não seria um dom para a Igreja de hoje. Eles se baseiam no fato de que a revelação de Deus já está toda na Escritura, mas curiosamente, para eles, esta parte da revelação não teria valor normativo (a recomendação de orar em línguas) seriam relatos que não deveriam ser reproduzidos na vida cristã em nossos dias. Como Paulo não demonstrou esse mesmo entendimento, cremos que o falar em línguas inicia uma comunhão mais íntima com Deus no momento em que o dom é manifesto, e é isso que a Bíblia diz.

2. Edificação pessoal.

“O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja” (1Co 14.4). Paulo mostra a primeira diferença entre o ato de profetizar — e aqui não é a pregação da Palavra de Deus — e o falar em línguas. O ato de profetizar traz uma edificação coletiva, ao passo que o falar em línguas traz edificação pessoal. É inegável que o ato de profetizar na língua vernácula traga uma edificação muito maior, pois a profecia alcança a congregação. Mas é igualmente inegável que o falar em línguas fortalece quem fala, e isso é o apóstolo Paulo que está ensinando. Contradizer esse princípio equivale a refutar o restante dos escritos paulinos, pois não há um escrito mais inspirado e outro menos. Não é pecado edificar a si mesmo. Na Igreja de Cristo há espaço para os que profetizam e edificam a Igreja, e há espaço para os que falam em línguas edificando a si próprios. A utilidade de cada dom tem sua oportunidade e espaço para a glória de Deus. É notório que há cristãos que intelectualmente entendem ser a profecia um dom de alcance plural, mas rejeitam sua manifestação genuína em suas Igrejas. Para que sejamos honestos intelectualmente é preciso que sejamos coerentes com o que a Palavra de Deus fala.

3. Agradecendo a Deus (1Co 14.17).

A gratidão é uma das características que traz contentamento a Deus em nossa relação com Ele. Tão importante quanto à santidade, que nos desafia a ser pessoas separadas para o Senhor, a gratidão faz de nós pessoas que reconhecem que o Todo-Poderoso nos beneficiou, nos fez um favor, seja por meio de uma resposta de oração, seja simplesmente por um ato de sua vontade para conosco sem que tivéssemos pensado ou pedido.

Paulo mostra que, apesar do fato de as línguas serem um instrumento de manifestação de gratidão por parte de quem fala, essa manifestação não edifica outras pessoas. A observação do apóstolo torna a mostrar que o falar em línguas tem um caráter pessoal quando visto sobre a perspectiva do alcance da coletividade. Não há impedimento para que se fale em línguas na congregação, pois tal manifestação inclui a nossa gratidão a Deus. Concordamos que no contexto paulino há uma diferenciação a respeito do alcance coletivo e o individual, mas entendemos que essa diferenciação tem um caráter educativo, ou seja, o objetivo é efetivamente incentivar o dom de uso coletivo sem desprezar o dom de alcance individual.

Ponto Importante
O falarem línguas tem a capacidade de edificar o falante, mas se este a interpretar, tem equiparação à profecia.

CONCLUSÃO

A Bíblia é enfática em dizer que o dom de línguas não pode ser desprezado, mas o culto deve ter ordem. Que o dom de línguas ache espaço entre nós, em nossas orações e momentos com Deus, mas também na Igreja, onde Deus se valerá de intérpretes para trazer o entendimento do que está sendo falado.


Subsídio Lexicográfico

Glossolalia — [Do gr. glosso, língua + lalia, falar em língua]. Dom sobrenatural concedido pelo Espírito Santo, que capacita o crente a fazer enunciados proféticos em línguas que lhe são desconhecidas.
O objetivo da glossolalia é enunciar sobrenatural e extraordinariamente o Evangelho de Cristo, como aconteceu no Dia de Pentecoste (Atos 2); levar o crente a consolar-se no espírito, e a proclamar, com o auxílio do dom da interpretação, o conhecimento e a vontade de Deus à Igreja (1 Co 14).

A glossolária, conhecida também como dom de línguas [desconhecidas], é um dom espiritual que, à semelhança dos demais, não ficou circunscrito aos dias dos apóstolos: continua atual e atuante na vida da Igreja” (ANDRADE, C. C. Dicionário Teológico. 6.ed., RJ: CPAD, 1998, p.167).

Xenolalia — O falar em línguas num idioma conhecido, estranho apenas a quem o fala.
[...] O interesse generalizado pelo batismo e dons do Espírito Santo convenceu alguns [os evangélicos do século XIX] de que Deus concederia o dom de línguas a fim de equipá-los com idiomas humanos identificáveis (xenolalia) para que pudessem anunciar o Evangelho noutro países, agilizando assim a obra missionária.

[...] Em 1895, o autor e líder do Movimento da Santidade, W. B. Codbey, disse que o ‘dom de línguas’ era ‘destinado a desempenhar um papel de destaque na evangelização do mundo pagão e no cumprimento profético glorioso dos últimos dias. Todos os missionários nos países pagãos deviam buscar e esperar esse dom que os capacitaria a pregar fluentemente no vernáculo’.

[...] Entre os que esperavam o recebimento do poder do Espírito para evangelizar rapidamente o mundo, achava-se o pregador da Santidade, em Kansas, Charles Fox Parham e seus seguidores. Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos Apóstolos, e influenciado por Irwin e Sandford, testemunhou Parham um reavivamento notável na Escola Bíblica Bethel, em Topeka, Kansas, em Janeiro de 1901. A maioria dos alunos, bem como o próprio Parham, regozijaram-se por terem sido batizados no Espírito e de haverem falado noutras línguas (xenolalia). Assim como Deus concedera a plenitude do Espírito Santo aos 120 no Dia do Pentecoste, eles também haviam recebido a promessa (At 2.39).

[...] Depois de 1906, os pentecostais passaram a reconhecer, cada vez mais, que, na maioria das ocorrências do falar em línguas, os cristãos realmente estavam orando em línguas não identificáveis e não em idiomas identificáveis (glossolalia ao invés de xenolalia). Embora Parham mantivesse sua opinião a respeito da finalidade das línguas na pregação transcultural, os pentecostais chegaram finalmente à conclusão: as línguas representavam a oração no Espírito, a intercessão e o louvor” (HORTON, S. M. et all. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed., RJ: CPAD, 2006, pp.15-17,19,20).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 4º Trimestre de 2018 - Título: O vento sopra onde quer – O ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja – Comentarista: Alexandre Coelho

Aqui eu Aprendi!

sábado, 3 de novembro de 2018

A contemporaneidade dos Dons Espirituais

“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” 1Co 12.7

“Os dons espirituais, que são pela graça, mediante a fé, encontram-se na palavra grega mais usada para descrevê-los: charismata, ‘dons livres e graciosamente concedidos’, palavra esta que se deriva de charis, graça, o imerecido favor divino. Os carismas são dons que merecemos sem os merecermos. Dão testemunho da bondade de Deus, e não da virtude de quem os receberam.
Uma das falácias que frequentemente engana as pessoas é a ideia de como Deus abençoa ou usa alguém; isso significa que Ele aprova tudo o que a pessoa faz ou ensina. Mesmo quando parece haver uma ‘unção’, não há garantia disso. Quando Apolo chegou a Éfeso pela primeira vez, não somente era eloquente em sua pregação; era também ‘fervoroso de espírito’. Tinha o fogo. Mas Priscila e Áquila perceberam que faltava algo. Logo, o levaram (provavelmente, para casa, a fim de participar de uma refeição), e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus (At 18.25,26). Era, pois o caminho de Deus a respeito dos dons espirituais, que Paulo, como um pai, desejava explicar com mais exatidão aos coríntios. A esses dons ele dá o nome de ‘espirituais’ em 1 Coríntios 12.1 (a palavra dom não se encontra no grego). A palavra, por si mesma, inclui algo dirigido pelo Espírito Santo e expresso através de crentes cheios do poder. Nesta passagem, porém, Paulo limita a palavra no sentido dos dons gratuitos, ou carismas, que passam a ser mencionados repetidas vezes” (HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12ª Edição. RJ, CPAD, 2012, p.225).

Os dons espirituais, conforme relatados em 1 Coríntios, não ficaram perdidos na história, nem devem ser desprezados, pois o propósito é a edificação da Igreja.

Na lição de hoje estudaremos as dádivas do Espírito Santo para a Igreja — os dons espirituais. Eles não foram somente ofertados e distribuídos para os crentes do primeiro século e não cessaram, pois enquanto a Igreja permanecer neste mundo, ela precisa dessas concessões divinas para sua expansão, edificação, exortação e consolo. Como pentecostais, sabemos que os dons são ferramentas divinas que contribuem para que a Igreja cumpra com a sua missão de proclamar o Evangelho. Contudo, é importante ressaltar que os dons espirituais não são evidências de espiritualidade e que não devem ser utilizados para o nosso próprio deleite, mas para o fortalecimento da Igreja de Cristo até que Ele volte (1Co 12.7).

Leitura Bíblica em classe: 1 Coríntios 12.1-11

INTRODUÇÃO

No último século, a história cristã registrou em diversas igrejas a ocorrência de manifestações espirituais semelhantes às relatadas por Lucas em Atos e pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 12. Muitos cristãos passaram a ser usados por dotações do Espírito Santo, os dons espirituais, e milhares de igrejas experimentaram um mover de Deus sem precedentes. Seriam essas manifestações espirituais realmente vindas de Deus, e se sim, com que propósito? Seriam para os nossos dias, ou estariam restritas aos tempos bíblicos, e, portanto, inoperantes ou inexistentes em nossos dias? É sobre a contemporaneidade dos dons do Espírito Santo, uma das marcas mais importantes do pentecostalismo, que estudaremos.

I. A UTILIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

1. O contexto dos dons em 1 Coríntios.

O que levou Lucas a registrar no livro de Atos e na Epístola aos Coríntios, por inspiração do Espírito Santo, o falar em línguas, profecias, revelações, operação de milagres e curas? O que fez com que Paulo na Primeira Carta aos Coríntios mencionasse um conjunto de dotações do Espírito Santo aos crentes da igreja local? Os registros a respeito dos dons espirituais nos mostram que, após o Pentecostes, o Espírito Santo não apenas continuou a batizar pessoas, mas também concedeu à Igreja dons, presentes. Paulo escreveu a respeito desse assunto, para que os crentes de Corinto aprendessem a lidar com essas manifestações, tanto na igreja quanto fora dela (1Co 12.1).

2. A edificação da Igreja por meio dos dons.

Paulo deixa claro que “a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1Co 12.7), ou seja, os dons espirituais têm como propósito a edificação da Igreja. Não raro, os críticos da doutrina pentecostal alegam que a igreja mais pentecostal do Novo Testamento (a igreja de Corinto) era também a mais desordenada e confusa, como se os dons espirituais fossem os responsáveis pelos problemas daquela igreja. Se analisarmos o contexto da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, veremos que, antes de tratar dos dons espirituais, ele abordou a respeito do comportamento daqueles cristãos. Esta carta é um retrato de uma Igreja que estava começando, e que, no processo de crescimento, precisava de educação e disciplina. Mas dentro desse mesmo contexto, Paulo não diz que esses problemas, naquela Igreja, eram atribuídos aos dons espirituais.

Quanto aos dons Paulo afirma: “Não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co 12.1); “não proibais falar línguas” (1Co 14.39) e “procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (1Co 14.1). Essa é a Palavra do Senhor. Se acreditarmos que os dons espirituais eram os responsáveis pela desordem daquela igreja, então vamos atribuir esse problema também a Deus, pois foi Ele que deu os dons. Mas, não é esse o caso, pois tudo que Deus faz é perfeito.

3. Os dons espirituais glorificam a Deus.

Como os dons espirituais são dados pelo próprio Espírito Santo, que “opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1Co 12.11), precisamos compreender que essas operações têm o objetivo de glorificar a Deus. Por isso, quem recebe os dons espirituais precisa fazer uso deles com temor, de forma correta, adequada e bíblica.

Aqui cabe uma observação: Como os dons espirituais glorificam a Deus e edificam a Igreja, Satanás faz o possível para que essas dotações sejam imitadas, e muitos crentes, de forma inadvertida, decidem rejeitar os dons espirituais por causa das falsificações de Satanás. Como crentes, devemos usar de sabedoria e não deixar de fora da vida da Igreja os verdadeiros dons, pois estes não podem ser rejeitados pelos simulacros do Inimigo. Só porque Satanás pode imitar algumas manifestações, vamos penalizar as manifestações verdadeiras do Espírito? Realmente não é razoável agir com esse entendimento. As imitações malignas não podem nos fazer descrer do verdadeiro poder de Deus manifesto pelos dons espirituais.


II. OS DONS ESPIRITUAIS EM 1 CORÍNTIOS

1. Dons de elocução.

Os chamados dons de elocução, assim descritos, são manifestos pela fala, a saber: a profecia, a variedade de línguas e a interpretação das línguas.

A profecia se trata de uma mensagem dada diretamente por Deus, trazida pela vontade do Espírito e transmitida de forma consciente, e como se depreende, é emitida na própria língua da pessoa que está falando.

A variedade de línguas e a interpretação dessas línguas são dons que andam juntos, tendo em vista que essas línguas, pelo contexto apresentado por Paulo, não são as mesmas que a pessoa fala para edificar a si mesma. De acordo com as Escrituras Sagradas, as línguas, quando interpretadas, têm o peso de uma profecia, pois edificam a Igreja, e não apenas a pessoa que está falando.

2. Dons de sabedoria.

A palavra do conhecimento, a palavra da sabedoria ou o discernimento de espíritos são capacitações que Deus dá aos crentes para que, por um conhecimento puramente divino, venham tomar decisões; saibam de acontecimentos que somente Deus poderia mostrar; para que possam discernir se uma atividade ou manifestação estão sendo produzidas realmente por Deus ou se são um simulacro de Satanás.

3. Dons de poder.

A fé, a operação de maravilhas e os dons de curar (no plural, como descrito na Bíblia) são os carismas que se manifestam de forma sobrenatural em prol dos servos de Deus, trazendo a cura divina, a ocorrência de um milagre ou mesmo uma confiança fora do comum sobre algo que Deus há de fazer.


III. CESSACIONISMO E CONTINUÍSMO

1. O que é o cessacionismo?

É a teoria que acredita que os dons espirituais, como relatados no Novo Testamento, só existiram no primeiro período da história da Igreja. Essa época em que os dons teriam cessado situa-se, para alguns, no momento da morte do último apóstolo, João, no fim do primeiro século. Outros colocam o quarto século de nossa era como a data do fim da validade dos dons espirituais. Essa teoria é divulgada predominantemente por cristãos que aderem à denominada Linha “Reformada” de interpretação da Bíblia. Entre as alegações para o cessacionismo está a convicção de que milagres e sinais foram usados por Deus para reiterar a mensagem do evangelho, e que uma vez que o cânon sagrado foi completado, os dons não teriam mais razão de existir. Se o cânon já foi completado, não há mais espaço para novas revelações na Igreja, É dito ainda que todos os cristãos possuem o dom do Espírito, e que a história mostra que os dons cessaram.

2. O que é o continuísmo?

É a corrente teológica adotada por pentecostais, que creem que os dons espirituais, como mencionados por Paulo em 1 Coríntios, são correntes em nossos dias. Pentecostais não consideram uma palavra profética, trazida por meio do dom de profecia, uma palavra equivalente à uma nova revelação escriturística, pois sabem que qualquer manifestação espiritual precisa ser avaliada à luz da Palavra de Deus. Reconhecemos o ministério pastoral, dos presbíteros e diáconos, mas entendemos que Deus continua, por meio dos dons espirituais, edificando a Igreja. Todos os que nasceram de novo foram selados por Deus, mas esse selo não é o batismo com o Espírito Santo, pois este se trata de um revestimento de poder para testemunhar de Jesus.

3. O que a Bíblia diz?

Para que possamos finalizar este assunto, devemos recorrer à Bíblia, autoridade máxima aceita por todo crente comprometido com a Verdade. Enquanto vários pensadores cristãos, avessos à contemporaneidade dos dons, ensinam que eles deixaram de existir quando o último apóstolo morreu, a própria Bíblia jamais disse que os dons tinham uma “data de validade”, ou seja, que deixariam de existir a partir de uma determinada data.

Teólogos que criticam o continuísmo se valem da ideia de que alguns dos pais da Igreja não viam, em seus dias, as manifestações espirituais conforme relatadas no Novo Testamento, e por isso, esses pais da Igreja entenderam que os dons cessaram por não serem mais necessários para os seus dias. O fato de os chamados pais da Igreja não mencionarem as manifestações dos dons ao longo da história não se comprova um argumento idôneo para questionar o continuísmo. Um estudo honesto e profundo a respeito da história da Igreja mostra que houve, sim, várias ocorrências de manifestações ao longo da história. Além disso, a ideia de que os dons cessaram por que não são mais necessários não é um argumento bíblico, e sim uma opinião meramente humana.

O ensino de Paulo aos Coríntios não proíbe a manifestação das línguas, mas orienta os coríntios sob a forma correta dessa manifestação (1Co 14.26-28). Se analisarmos o texto de Paulo, veremos que ele pede que os dons sejam manifestos com ordem no culto, sem atrapalhar a liturgia da congregação. Na prática, o apóstolo corrige não os dons, mas sua utilização desestruturada no culto. E ele mesmo deixa claro: “Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas” (1Co 14.39). Essa é a orientação de Deus para a Igreja em nossos dias. Podemos, sim, praticar os dons espirituais, se os recebermos. Paulo não proibiu os dons espirituais, apenas ensinou a Igreja a tratar deles de forma correta. E essa é a Palavra do Senhor, não sendo, portanto, passível de ser contradita.


CONCLUSÃO

Cremos que os dons espirituais são para os nossos dias, pois não há um versículo nas Sagradas Escritura que comprove a sua revogação. O Corpo de Cristo continua sendo edificado por meio dessas manifestações espirituais. A Primeira Carta aos Coríntios não é uma forma de dizer à Igreja que pare de trabalhar com os dons em nossos dias, mas sim que ela não deixe de buscar os dons espirituais e que os utilizem de forma correta. O Deus que operou orientando os coríntios é o mesmo que opera em nossos dias, repartindo os dons a cada um, conforme lhe aprouver.


Leia também: A Igreja e os Dons Espirituais

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 4º Trimestre de 2018 - Título: O vento sopra onde quer – O ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja – Comentarista: Alexandre Coelho

Aqui eu Aprendi!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A decadência do Cessacionismo

Nada em Paulo sugere que os chamados “dons espirituais” cessariam até o tempo em que “conheceremos como somos conhecidos”. O Espírito continua a soprar à vontade e qualquer um que disser “eu sei donde Ele vem” ou “eu sei para onde Ele vai” é melhor encarar João 3.8 e, assim, pensar novamente. [N.T. Wright]

O cessacionismo é a crença segundo a qual os dons extraordinários, especialmente a profecia e glossolalia, ficaram restritos ao primeiro século da Era Cristã. Paradoxalmente o cessacionismo no Brasil faz barulho, e muito barulho! Talvez porque vivemos na maior nação carismática do mundo e é naturalmente que a reação seja igualmente grande. Neste texto quero apontar sobre o porquê da decadência do cessacionismo e como isso explica a virulência das suas manifestações.

Não faz muito tempo o famoso pastor batista fundamentalista John MacArthur Jr. lançou uma conferência para combater o pentecostalismo, como se esse fosse um câncer perigoso ao cristianismo. Nas palestras não havia distinção entre as loucuras do Benny Hinn com o gracioso ministério de David Wilkerson, por exemplo. Para John MacArthur e os demais conferencistas, se alguém fala em línguas a hipótese mais benevolente é que essa pessoa seja uma desequilibrada ou, em alguns casos, até mesmo endemoninhada.

No Brasil não é diferente. O pastor batista fundamentalista Marcos Granconato, uma espécie de cópia de MacArthur, dedica boa parte do seu ministério a demover pentecostais ou continuístas de sua própria crença. E aqui falo em cópia no sentido positivo e negativo do termo, logo porque o autor em nada manifesta pensamento próprio senão na repetição de argumentos do pastor californiano. Ele se comporta como uma espécie de evangelista cuja missão é arrancar jovens das “trevas carismáticas”. Como um Dom Quixote, esses teólogos se aventuram a combater inimigos imaginários com toda a força e vontade. Ou seja, um verdadeiro desperdício para a causa do Reino de Deus. Além disso, esse debate parecia até superado na década de 1980, mas há sempre certo espírito reacionário que insiste em velharias e disputas mesquinhas.

Esse comportamento histérico é explicado pela degradação da teologia cessacionista. Essa teologia foi dominante nos círculos protestantes no final do século XIX e na primeira metade do século XX, mas especialmente a partir da década de 1960 a aceitação vem sendo de uma fração cada vez mais diminuta de cristãos, sejam eles protestantes ou católicos. E isso não somente entre a teologia popular e seus expoentes nos púlpitos periféricos, mas o carisma do Espírito também chegou à academia com toda a força de um vento que assopra onde quer.

O continuísmo, ou seja, a crença que todos os dons neotestamentários são válidos para a contemporaneidade é hoje exposta por teólogos de primeira linha. Nomes como J. Lee Grady, Wayne Grudem, Jack Deere, Craig Keener, Jon Ruthven, Sam Storms, Doug Oss, Mel Robeck, Paul Elbert, Randy Clark, Robert Menzies, J. P. Moreland, Gary Greig, Mark Rutland, Michael Brown, Gary Shogren, William De Arteaga, William K. Kay, Melvin Hodges, N. T. Wright, D. A. Carson, John Piper, Mark J. Cartledge, Roger Olson, Gordon D. Fee, Krister Stendahl, Grant. R. Osborne, Jon Mark Ruthven, James K. A. Smith, Amos Yong, Wilf Hildebrandt  etc.

O interessante nessa lista é enxergar expoentes das mais diversas correntes concordando em um ponto: o dom do Espírito é também para hoje. Outro ponto alto é ver grandes especialistas em hermenêutica e exegese, Novo Testamento e teologia paulina como continuístas. Há, também, diversas confissões representadas: luteranos, anglicanos, batistas, presbiterianos, metodistas e assembleianos.

O debate, em termos bem mais civilizados, também chegou ao seio católico. O teólogo francês Yves Congar (1904-1995), considerado um dos maiores especialistas em pneumatologia, era um continuísta entusiasmado. Congar, enquanto vivia, era muito amigo do maior teólogo católico do último século: Joseph Ratzinger. Poucos sabem, mas Ratzinger, considerado um clérigo bem conservador, tem uma perspectiva aberta sobre o exercício contemporâneo da profecia para além do magistério ou dos sacramentos. Veja a concepção de profecia do teólogo alemão em: RATZINGER, Joseph. Ser Cristão na Era Neopagã. Vol. 3. 1 ed. Campinas: Ecclesiae, 2016. pp 131- 150.

O que mais irrita nos cessacionistas brasileiros é esse tom de superioridade, a arrogância de quem pensa ser o suprassumo da teologia. Quanta tolice de quem está a perder o bonde da história, logo porque o século XXI tem como marca a expansão do cristianismo com face carismática. Além disso, esses sempre estão prontos a gracejos e piadas de mau gosto, especialmente envolvendo a manifestação da glossolalia. Alguns, que nem sabem usar minimamente a gramática da língua pátria, querem insinuar que os outros não conseguem discernir o delírio da linguagem.

Que o Espírito Santo venha sobre nós com graça, serviço e sabedoria!
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Se você quer aprofundamento sobre o assunto não deixe de ler essas obras em português:

- O Dom de Profecia - Do Novo Testamento aos Dias Atuais (Editora Vida) de Wayne Grudem.
- Surpreendido pelo Poder do Espírito (CPAD) de Jack Deere.
- Surpreendido com a Voz de Deus (Editora Vida) de Jack Deere.
- A Manifestação do Espírito. A contemporaneidade dos dons à luz de I Coríntios 12-14(Edições Vida Nova) de D. A. Carson.
- Paulo, o Espírito e o Povo de Deus (Edições Vida Nova) de Gordon D. Fee.
- O Batismo no Espírito Santo e com Fogo (CPAD) de Anthony D. Palma.
- Rastros de Fogo (CPAD) de José Gonçalves.
- No Poder do Espírito (Editora Vida) de Robert e William Menzies.
- Revelação e Experiência do Espírito Santo - n. 1  (Edições Paulinas) de Yves Congar.
- Quando o Espírito Vem com Poder (ABU Editora) de John White.
- Teologia do Espírito de Deus no Antigo Testamento (Editora Academia Cristã e Edições Loyola) de Wilf Hildebrandt.
- A Doutrina do Espírito Santo (CPAD) de Stanley M. Horton.

Artigos:
- Dons Espirituais em: Dicionário de Paulo e suas Cartas (Edições Vida Nova, Edições Loyola e Editora Paulus) de Gordon D. Fee.
- 1 Coríntios em: Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD) de Anthony D. Palma.
- Pneumatologia em: Teologia Sistemática Pentecostal (CPAD) de Antonio Gilberto. 

Postado por Gutierres Siqueira - via Teologia Pentecostal 
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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A incoerência Cessacionista

" O verdadeiro Cristão jamais rejeita a atuação do Espírito Santo!"


"Porém, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, para que pudéssemos conhecer aquilo que nos é dado gratuitamente por Deus; as quais também falamos, não com palavras da sabedoria humana, mas com as que são ensinadas pelo Espírito Santo, comparando as coisas espirituais com as espirituais" (1 Coríntios 2:12–13)

"Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas o Deus que opera em tudo e em todos é o mesmo. Porém, a manifestação do Espírito é concedida a cada um para aquilo que for útil. Pois a um é dada, pelo Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, o dom da cura; e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de distinguir os espíritos; e a outro, a diversidade de línguas; e a outro, a interpretação de línguas. Porém o mesmo e único Espírito faz todas estas coisas, dividindo particularmente a cada um como quer" (1 Coríntios 12:4–11)


A incoerência Cessacionista
por Fabio Blanco
Você crê que os dons espirituais ainda existem na Igreja? Saiba, porém, que há teólogos que não acreditam assim. O que eles entendem é que, principalmente, os dons sobrenaturais não são mais distribuídos, pelo Espírito Santo, aos crentes. Por isso, esses teólogos são chamados de cessacionistas e a teologia que eles defendem é conhecida por cessacionismo.

Boa parte desses cessacionistas são calvinistas, que são os teólogos pertencentes à Igreja Presbiteriana. Os calvinistas são conhecidos por defenderem o princípio da Sola Scriptura, que é aquela doutrina que ensina que as verdades referentes ao cristianismo apenas podem ser extraídas da Bíblia. Por isso a expressão, que significa “apenas as Escrituras”.
Ora, de teólogos que defendem que a Bíblia é a única fonte confiável para conhecermos as verdades da fé, o mínimo que se espera é que seus ensinamentos sejam baseados única e exclusivamente na Palavra de Deus.
Porém, o que vamos observar é que no caso de decidir se os dons sobrenaturais ainda existem na Igreja, esses teólogos se baseiam muito mais em suas próprias formas de ver as coisas do que no que está escrito na Palavra de Deus.
Dito de uma maneira bem simples, podemos afirmar que os cessacionistas ensinam que aqueles dons sobrenaturais listados pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 12 não são mais distribuídos, pelo Espírito Santo, aos crentes, porque esses dons eram apenas importantes para aquele momento histórico, não mais para hoje. Isso porque, segundo esses teólogos, os dons sobrenaturais tinham a função de autenticar a mensagem do Novo Testamento, mostrando para as pessoas o poder de Deus por meio deles. O que esses doutrinadores querem dizer é que os dons sobrenaturais serviam como uma forma de Deus provar que a palavra que estava sendo pregada pelos apóstolos era verdadeira.
A conclusão óbvia desse raciocínio é que se os dons sobrenaturais serviam apenas para autenticar a mensagem do Novo Testamento, e se este já está fechado em seu cânone, então aqueles dons não são mais necessários para a Igreja.
O problema desse raciocínio é que não há, em toda a Bíblia, qualquer passagem que afirme que os dons serviam para autenticar a mensagem pregada pelos apóstolos. De forma bem diferente, em I Coríntios 14.12 está escrito que, em relação aos dons, os crentes devem “abundar neles, para edificação da igreja”.
É importante observar que, nessa passagem, Paulo está pregando para uma igreja gentia, localizada fora do ambiente judaico e distante dos apóstolos. Por isso, quando ele fala dos dons, é óbvio que não pode estar se referindo a algo ligado à pregação apostólica, mas a algo ligado ao dia-a-dia da própria Igreja. O texto de Coríntios não faz relação alguma entre os dons e a mensagem apostólica, nem deixa sequer subentendido que eles existem para autenticar a pregação da revelação do Novo Testamento.
Então, como os cessacionistas chegam à conclusão de que os dons sobrenaturais não são para a Igreja de hoje?
É nesse ponto que enxergo a incoerência deles, pois, ao mesmo tempo que, sendo calvinistas, eles têm como uma de suas maiores bandeiras a exclusividade da Bíblia como fonte de doutrina, nesse caso específico do cessacionismo, a principal razão para eles não crerem que os dons espirituais ainda existem na Igreja não são as Escrituras, mas algo muito mais subjetivo: a própria experiência deles.
O pastor presbiteriano Misael Nascimento, por exemplo, em seu artigo Porque sou cessacionista, já, logo de início, confessa que seu texto não é resultado “de cogitações teóricas de gabinete, mas de prática pastoral”. Isso quer dizer que sua negação à atualidade da existência dos dons sobrenaturais está baseada mais em sua própria experiência do que em um raciocínio fundamentado nas Escrituras.
O problema é que se for para seguir esse método escolhido por ele, o que impediria qualquer pessoa de, também com base em sua própria experiência, chegar à conclusão do contrário, ou seja, de que os dons permanecem, sim, no meio da Igreja? Se alguém pode se filiar à convicção do pastor Misael, que é cessacionista, baseando-se tão somente em sua experiência pastoral, da mesma maneira pode aceitar a conviccão do pastor Jack Deere, autor do livro “Surpreendido pela voz de Deus”, que crê, também sustentado por sua experiência pastoral, que os dons permenecem, sim, sendo distribuídos aos crentes, no cotidiano da Igreja.
O que eu quero dizer é que, com base nas experiências pessoais, é possível chegar a todo tipo de conclusão. Só que isso torna a doutrina cristã muito incerta. Se cada pessoa criar doutrinas baseadas em suas próprias experiências, imagine quantas teologias existirão por aí!
O mais irônico disso tudo é que são eles, os calvinistas cessacionistas, os que mais defendem uma teologia rígida, fundamentada em uma interpretação restrita da Bíblia. Esses mesmos, que no caso dos dons sobrenaturais, concluem pela sua não existência na igreja de hoje, alicerçados não na Palavra, mas naquilo que eles próprios dizem observar.
O próprio pastor Misael, para justificar a doutrina que defende, faz uso de tudo: de documentos presbiterianos, como a Confissão de Westminster e decisões conciliares e até da experiência prática de outros ministros de sua denominação. Na verdade, do que ele menos faz uso, neste caso, é da Bíblia, o que não combina muito com a tradição calvinista.
Essa postura que observei no pastor Misael poderia ser apenas uma exceção se eu também não a tivesse observado em outro grande nome da Igreja Presbiteriana brasileira, que é o pastor Augustus Nicodemus. Este, através de uma entrevista fictícia sobre o tema do cessacionismo, justifica sua convicção de que os dons sobrenaturais não são para a Igreja da atualidade com base muito mais em suas interpretações teológicas livres, do que naquilo que está escrito na Palavra de Deus.
Em síntese, o pastor afirma que alguns dons espirituais cessaram de ser distribuídos, pelo Espírito Santo, porque eles serviram para atender aos própositos de Deus somente para aquela época da pregação dos apóstolos. Para justificar essa ideia, afirma que Deus age de maneiras diferentes em tempos diferentes.
Para falar a verdade, é surpeendente tal afirmação do pastor presbiteriano. Os calvinistas são conhecidos por defenderem que toda doutrina deve ser extraída da Bíblia, por meio de uma interpretação objetiva e literal de seus textos. Porém, o que faz o reverendo nesse caso? Defende uma doutrina fundamentada em uma interpretação meramente especulativa.
A Bíblia não afirma, em nenhum lugar, que os dons sobrenaturais ficaram restritos ao período apostólico. Quando o pastor Augustus diz que aqueles dons não são para hoje, não é de algum texto específico que ele tira essa conclusão, mas de um processo lógico, que parte de uma premissa bem duvidosa: a de que os dons existiam meramente para autenticar a mensagem dos apóstolos.
De uma falsa premissa se extrai, obviamente, uma falsa conclusão. E a premissa que sustenta a tese do pastor Augustus se não é falsa à primeira vista, no mínimo não possui nenhuma base bíblica.
O reverendo calvinista, sem meias palavras, afirma que os dons de cura, de milagres, de profecia e até de línguas estão relacionados somente com aquele período. Mas seu argumento não se baseia em algum texto específico, e sim no fato de não haver nenhum trecho do Novo Testamento que narre o uso de algum desses dons por alguém que não fosse apóstolo.
Portanto, entre a lista, clara e objetiva, de dons apresentada por Paulo, dirigida à igreja de Corinto, e o fato irrelevante de que a Bíblia não narra o uso de nenhum desses dons por alguém que não era apóstolo, o pastor Augustus abre mão da certeza da primeira para se abraçar à fragilidade da segunda.
A pergunta que deveria ser feita tanto ao pastor Augustus, como ao pastor Misael, é: mas o que fazemos com o texto de I Coríntios 12 sobre os dons? Ali Paulo faz uma lista deles sem qualquer ressalva. Pelo contrário, o apóstolo se dirige à igreja de Corinto, formada por cidadãos gentios, que nada tinham a ver com os apóstolos. O pior é que era uma igreja problemática, que se confundia no uso desses dons. Como defender, então, que esses dons serviam para a autenticação da pregação apostólica se, além de não serem manifestados diretamente na vida dos apóstolos, ainda causavam, algumas vezes, confusão no seio da comunidade?
Considerando que muitos presbiterianos não aceitam a continuidade dos dons baseados tão somente em suas experiências pessoais, se Paulo fosse um calvinista, a solução que talvez ele desse para esse problema da igreja de Corinto fosse a ordem para pararem de usar esses dons; como, porém, obviamente, ele não era, mesmo com as dificuldades enfrentadas pela Igreja, seu conselho foi: “procurai com zelo os melhores dons…”
Há outros pontos que eu poderia levantar aqui em oposição à ideia cessacionista, como, por exemplo, a mudança do significado dos termos relativos aos dons para que eles possam ser aceitos ainda hoje na igreja tradicional ou ainda a confusão que muitos deles fazem entre o que é a revelação bíblica e o que é revelação de fatos específicos. Porém, deixo estes pontos para serem desenvolvidos em outros artigos.
Por ora, me parece evidente que, seja pelas conclusões extraídas de meras experiências pessoais, como as do pastor Misael, seja pela preferência por uma doutrina baseada em hipóteses, em detrimento do texto puro e simples da Palavra de Deus, como faz o pastor Augustus, ambos, sendo presbiterianos, neste caso não honram o melhor da tradição calvinista, que é a de colocar as Escrituras acima de tudo.

Fonte: Fábio Blanco / http://www.fabioblanco.com.br/  
http://juliosevero.blogspot.com.br/2013/09/incoerencia-cessacionista.html 

Não seja um incrédulo! Com essa atitude você separa o cumprimento da promessa em sua vida.
"Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.” (Marcos 16:14)

“evangelho da graça de Deus” demonstra a Nova Aliança, o Novo Testamento, puro e simples. Mensagem clara… mas o incrédulo o rejeita… e a gente pensa que incrédulo é quem não está na igreja; mas quantos de nós pecamos neste sentido!
Desiludidos com escândalos e falsos dons na Obra de Deus, alguns mergulham no cessacionismo calvinista e
NEGAM o batismo com o Espírito Santo,
NEGAM os dons espirituais e
NEGAM os ministérios conforme prometidos por JESUS e demonstrados a partir do Pentecostes em Jerusalém.

A Palavra de Deus é fiel:
"E acontecerá, diz o Senhor, que nos últimos dias derramarei do Meu Espírito sobre toda carne; vossos filhos e filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e vossos velhos terão sonhos; e também derramarei do Meu Espírito sobre Meus servos e Minhas servas, naqueles dias, e profetizarão" 
Atos 2:17–18


Sugestão de Leitura:
Aqui eu Aprendi!
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