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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A maravilhosa Cura Divina

“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” Is 53.5

A Cura Divina

“Há pelo menos três razões para crermos que Deus continua curando hoje em dia. A primeira é que a cura divina encontra-se na Bíblia, e a Bíblia, por ser inspirada pelo Espírito Santo, é válida para hoje. O Cristo revelado nas Escrituras como nosso Médico é o mesmo Senhor a quem servimos hoje (Hb 13.8).

A segunda razão para crermos na cura divina é estar ela incluída na obra expiatória de Cristo. O ensino bíblico sobre a cura forma um paralelo com o da salvação. A salvação inclui sanear os aspectos da nossa vida, e tudo ‘provém da expiação’. Todo dom perfeito que provém do céu é resultado da cruz de Cristo.

A terceira razão acha-se na convergência dos ensinos bíblicos sobre a salvação e a natureza da humanidade. Já que o ser humano não é uma associação desconexa de corpo, alma e espírito, mas, de modo muito real, uma unidade, a salvação se aplica a todas as facetas da existência humana. É um tema genuinamente bíblico, que precisa ser reiterado — o Evangelho inteiro é para a pessoa inteira” (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. RJ, 1996, pp.501,502).

A cura divina, da mesma forma que o batismo no Espírito Santo, é uma realidade para os nossos dias.

Prezado(a) professor(a), você crê que os dons de curar são para os nossos dias?

Por que iniciamos com uma indagação como essa? Pois, infelizmente muitos que se dizem pentecostais já não acreditam mais nas intervenções milagrosas do Espírito Santo em nossos dias. Mas nós sabemos que Deus é imutável e que Ele continua curando e agindo em nosso favor, ainda que não sejamos merecedores. Não podemos jamais nos esquecer de que o Senhor é imutável e que as curas têm como propósito exaltar e glorificar o seu nome, ajudando a propagar a mensagem do Evangelho. Os milagres e curas são uma marca do Movimento Pentecostal e um dos fatores que ajudou no seu crescimento.

Leitura Bíblica em classe - Atos 9.32-35; Atos 14.8-10; Tiago 5.13-16

INTRODUÇÃO

A cura divina é uma promessa de nosso Senhor Jesus, de que seus discípulos imporiam as mãos sobre os enfermos e os curariam. O Pentecostes, descrito em Atos 2, deu prosseguimento às curas divinas e operação de milagres iniciadas por Jesus nos Evangelhos. E na atualidade? Podemos contar com a mão de Deus para operar curas em nome de Jesus?


I. ORIGENS DAS ENFERMIDADES

1. Consequência do pecado.

Deus criou um mundo bom e perfeito. Não há o registro de que até Gênesis 3 haja alguma referência às doenças. Vivendo no estado de perfeição, no Éden, Adão e Eva tinham comunhão com Deus e uma saúde perfeita, e isso incluía a ausência da morte. Não eram eternos, pois foram criados, mas gozavam da imortalidade, até que decidiram ouvir a serpente e por ela serem orientados a desobedecer a Deus. O pecado afetou a constituição física do primeiro casal, que passou a se deteriorar, e seus descendentes passaram a herdar igualmente a possibilidade de contrair doenças. Estas, como fruto do pecado, passaram a coexistir com a humanidade como um vetor de envelhecimento e morte.

2. Ação de Satanás.

O Inimigo, em algumas ocasiões, é responsável pela existência de algumas doenças. A Bíblia descreve que Jesus libertou uma mulher numa sinagoga, no sábado, que era prisioneira de Satanás, pois “tinha um espírito de enfermidade” (Lc 13.11). Há dezoito anos aquela mulher, a quem Jesus chama de filha de Abraão, só andava encurvada. Não parece ser uma referência a uma possessão maligna, mas sim a uma doença colocada naquela mulher por Satanás.

3. Outros fatores.

A Palavra de Deus registra que o Eterno deu permissão a Satanás para que atacasse Jó. Mas a Bíblia não diz que todas as doenças são fruto da ação direta do Inimigo e da permissão de Deus. Um caso relatado nas Escrituras é o de Miriã, irmã de Moisés, que ficou leprosa após ser disciplinada pelo Senhor por ter se voltado contra seu irmão (Nm 12). Este caso foi uma ação direta de Deus contra a irmã de Moisés, que logo depois ficou curada.

O câncer, tabagismo, doenças causadas pelo uso de bebidas alcoólicas, uso de drogas e até falta de exercícios físicos e má alimentação, também contribuem para o aumento do número de pessoas enfermas. E há ainda os grupos de pessoas que tem o fator hereditário como facilitador para determinados problemas, como por exemplo, hipertensão e diabetes. Não nos parece que nesses casos mencionados haja uma ação direta de Satanás, mas muitas vezes a própria pessoa se coloca em um grupo de risco de doenças por estar em contínuos períodos de preocupação, trabalhando em excesso, descuidando do seu próprio corpo ou se envolvendo com vícios que aceleram a chegada de doenças.


II. DEUS TEM PODER PARA CURAR

1. “Se quiseres, podes tornar-me limpo”.

Mateus 8 relata que após o Sermão do Monte, Jesus desce seguido de uma grande multidão, ao que se aproxima dEle um leproso, o adora e diz: “Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo”. Esse homem, excluído da sociedade, percebe em Jesus duas características em relação à cura: o querer e o poder. Querer não é necessariamente poder, e poder não representa necessariamente uma vontade de agir. Muitas “divindades” podem prometer cura e não podem cumprir o que prometem, mas Jesus tem o poder para curar.

A resposta de Jesus traz o desejo de Deus em relação à cura divina e a fé daquele homem: Ele quer, e Ele pode.

2. A cura divina glorifica a Deus.

A cura divina manifesta a glória de Deus e o seu nome é exaltado. A mulher encurvada que Jesus curou, glorificou a Deus (Lc 13.13). O coxo da porta Formosa louvou a Deus pulando e saltando dentro do Templo (At 3.8). A multidão que viu Jesus curando um paralítico em Cafarnaum também deu glórias a Deus (Mt 9.8).

3. A fé para a cura divina.

A Bíblia mostra que a fé é importante para a cura divina. Marcos conta que após libertar um gadareno, curar a mulher do fluxo de sangue e ressuscitar a filha de Jairo, o Senhor se dirigiu a Nazaré, sua terra, para falar na sinagoga. As pessoas daquela localidade, mesmo vendo Jesus falando, não creram nEle. Em vez de valorizarem ali a sua presença, desprezaram o Senhor. A incredulidade deles e a desonra com que trataram o Senhor foi tão grande que Jesus “não podia fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos” (Mc 6.5). Se recorrermos ao mesmo evangelista, no capítulo 2, vemos que um paralítico foi trazido por quatro amigos para ser curado por Jesus. Como o local em que Jesus estava foi cercado por uma multidão, aqueles homens fizeram um buraco no teto e baixaram por ele o paralítico. “E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados” (Mc 2.5). Nesses dois casos, há clara associação entre ter fé para ser curado e não ter. O centurião romano pede a Jesus que cure o seu servo, e Jesus, à distância mesmo, curou aquele enfermo, acrescentando acerca daquele centurião: “Nem em Israel vi tamanha fé” (Lc 7.4,9).

A fé é um elemento indispensável para a cura divina.


III. A CURA DIVINA EM NOSSOS DIAS

1. Devemos orar pelos enfermos.

Tiago recomenda: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.14,15) A orientação é clara no fato de que os doentes devem buscar os presbíteros da igreja e receberem a oração e a unção com o óleo. A Igreja Primitiva tinha em grande conta seus líderes, e os presbíteros receberam a orientação de orar pelos enfermos.

O texto de Tiago menciona que a oração da fé curará o enfermo e perdoará seus pecados. Doença e pecado na ótica judaica andavam bem próximos, e muitas moléstias eram efetivamente vistas como um julgamento de Deus ao pecado cometido. Tiago não diz que as doenças são fruto de um pecado particular, mas menciona que a oração que vai pedir a cura levantará o doente e perdoará pecados, caso tenham sido cometidos. Mas os crentes podem, e devem, orar por pessoas enfermas. Jesus disse que quem cresse nEle imporia as mãos sobre enfermos e os curariam (Mc 16.18b). Deus usa pessoas que não pertencem ao ministério para realizar curas.

2. A cura divina e a soberania de Deus.

Em Deus há cura para todas as doenças, tanto as da alma quanto as do corpo. Uma das realidades com as quais temos de nos deparar é com o fato de que Deus pode decidir não curar todas as pessoas. Todavia, isso em nada diminui a realidade da cura divina em nossos dias, nem diminui o poder de Deus. Muitos servos e servas do Altíssimo partiram para a eternidade sem ter experimentado a cura, enquanto outros foram alcançados pela cura vinda do Senhor. Em sua sabedoria, Deus recolhe alguns e preserva por mais um tempo a outros. Isaías 57.1 diz que “perece o justo, e não há quem considere isso em seu coração, e os homens compassivos são retirados, sem que alguém considere que o justo é levado antes do mal”. Essa resposta do profeta não abrange todas as pessoas, mas serve de advertência para que não falemos sem conhecer os propósitos de Deus. Há casos em que Deus cura pessoas e estas não correspondem ao projeto dEle, como foi o caso de Ezequias, rei de Israel. Ezequias ficou doente e, tendo sido notificado de sua iminente morte, pediu a Deus que Ele agisse com misericórdia, e Deus o ouviu e lhe deu mais quinze anos de vida. Poderíamos esperar que Ezequias aproveitasse esse período de tempo para ser útil a Deus, mas vemos: “Mas não correspondeu Ezequias ao benefício que se lhe fez, porque o seu coração se exaltou […]” (2Cr 32.25). Deus pode postergar certas sentenças de morte, mas isso não significa que será benéfico para as pessoas envolvidas naquela situação.

3. A questão da medicina.

A Bíblia registra que nos tempos antigos havia médicos. Lucas, um dos escritores da Bíblia, era médico, e por seu talento descreve diversas curas que o Senhor realizou. Desde que o homem se multiplicou, e as doenças também, houve um interesse em se descobrir as causas das doenças e como curá-las. Pessoas dedicadas ao estudo do corpo humano ampliaram seus conhecimentos, e em nossos dias temos uma medicina bem avançada, capaz de transplantar órgãos e preservar a vida. Deus pode usar os recursos da medicina para prover a cura. Crentes precisam ir aos médicos para fazerem exames de rotina e tratamentos, e isso não significa que estão descrendo do poder de Deus. Se uma pessoa sente dores e não sabe do que se trata, deve buscar o diagnóstico médico até para orar ao Senhor. O templo do Espírito Santo precisa ser cuidado, e esse cuidado Deus deixa sob a nossa responsabilidade.

Deus cura, mas a responsabilidade de cuidar do corpo e da saúde é nosso.

CONCLUSÃO

A cura divina é para os nossos dias, pois não há um texto na Bíblia que diga que o tempo do Senhor operar curando enfermos e salvando pessoas acabou. Em Cristo há cura para as doenças do corpo e da alma, e Ele quer usar crentes cheios do Espírito para, em seu nome, orar por enfermos e virem curas sendo manifestas. Creiamos em Deus, cuidemos de nossa saúde e oremos por enfermos até que o Senhor retorne para nos buscar.


SUBSÍDIO
“[…] O termo ‘terceira onda’ refere-se a um movimento do Espírito, que começou na década de 1980, posterior aos primeiros movimentos pentecostais e carismáticos. Essa ‘terceira onda’ do Espírito provocou um movimento que foi significativamente impactado por John Wimber e que recebeu muitos outros evangélicos conservadores que haviam sido dispensacionalistas e cessacionistas. De acordo com Hacking, os proponentes da terceira onda apresentam a prática de cura e exorcismo, o que John Wimber chama de ‘fazer as coisas’, como ministérios normativos para a igreja contemporânea.
Central à teologia da terceira onda está não apenas a prática do próprio Jesus, mas também a mentoração e o comissionamento que Ele deu aos discípulos. Os preponentes da terceira onda, como seus irmãos pentecostais, enfatizam que Jesus modelou e comissionou os discípulos para anunciar e demonstrar por meio de prodígios e sinais a presença do Reino de Deus. Hacking examina a base bíblica proposta para as reivindicações (e poderíamos acrescentar pentecostais) da terceira onda. Ele se concentra especialmente nas narrativas de comissionamento e nos ensinos sobre o discipulado encontrados nos Evangelhos Sinóticos e Atos” (MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa História é a nossa História. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016, p.85).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 4º Trimestre de 2018 - Título: O vento sopra onde quer – O ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja – Comentarista: Alexandre Coelho


Aqui eu Aprendi!

domingo, 18 de novembro de 2018

Perdoamos porque fomos perdoados

“Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” Mt 18.35

Perdoamos porque fomos perdoados

Há uma ilustração muito correta em relação à vida de quem não perdoa. É semelhante ao condenado, na época do império romano, que numa forma de cumprir a pena capital, tinha preso ao seu corpo um cadáver. Ali, juntamente com o cadáver, o condenado apodrecia ainda em vida. A imagem é forte, mas o efeito sobre quem não perdoa é o mesmo. Essa pessoa acorda de manhã, toma café, almoça, faz o lanche da tarde, a ceia e dorme com o “cadáver” do algoz preso à mente e ao coração. Entretanto, quando ocorre o perdão essa pessoa se liberta do “cadáver” de seu algoz e é livre para sempre. Para mostrar a beleza do perdão que a lição desta semana está assim estruturada: (1) Interpretando a Parábola do Credor Incompreensível; (2) Em Cristo, Deus pagou nossas dívidas; (3) Uma vez perdoados, agora perdoamos.

A ideia básica da presente parábola é mostrar o perdão de Deus e a consciência de que todos os homens devem perdoar uns aos outros. Ora, por que perdoar? Porque fomos perdoados por Deus. A conclusão é simples: se Deus nos tratasse conforme tratamos o outro que nos ofendeu, estaríamos todos perdidos. Mas Ele “nos vivificou estando nós ainda mortos em delitos e pecados”. Quão maravilhoso foi o amor de Deus pelo ser humano!

Nossa dívida era impagável. Mas Cristo a pagou por nós. Logo, a ética do Reino de Deus é pautada pela virtude de tratarmos uns aos outros sob a mesma régua que Cristo nos tratou. Quando merecíamos a condenação, Ele nos absolveu.

Perdoar é uma virtude do céu. Não é humana. Dar mais uma chance ao ser humano é a prova de que o Reino de Deus está operando em nós. Não dizemos que gerar perdão é fácil, pois se o fosse nosso Senhor não gastaria tempo ensinado essa virtude aos seus discípulos, mas perdoar é celestial. É atingir, sem dúvida, o céu aqui na Terra. Quem perdoa não pensa com categoria humana, não se deixa levar segundo os sentimentos humanos, mas segundo as virtudes do Reino de Deus. E só pode fazer isso quem está imerso no Espírito, nasceu para uma nova vida e é uma nova criação de Deus.

Vivemos tempos em que essa virtude nunca foi tão necessária. Precisamos lembrar aos nossos alunos que, hoje, seremos perdoados por Deus na medida em que perdoamos os nossos ofensores. Como diz mais uma vez a oração do Pai Nosso, “perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos os nossos devedores”. Podemos orar assim quando estamos a sós com Deus?

Assim como Deus nos perdoa graciosamente, precisamos perdoar aqueles que nos ofendem.

Leitura Bíblica - Mateus 18.21-35

O perdão, além de ser uma necessidade e uma atitude cristã, é igualmente um bálsamo para os envolvidos em algum litígio, mas, sobretudo para quem perdoa. Ensinado pelo Senhor Jesus Cristo, atualmente, até mesmo a psicologia e a psiquiatria reconhecem os benefícios do ato de perdoar. Em sua classe provavelmente haverá pessoas em uma situação em que há necessidade do perdão, seja precisando ou devendo perdoar. Quem sabe até mesmo você esteja enfrentando um problema nesse aspecto, seja para perdoar ou para pedir perdão a alguém. Aproveite o momento da aula para promover esse clima de autoavaliação, levando todos a refletir sobre a importância de perdoar, pois, afinal também fomos perdoados.

INTRODUÇÃO

Essa parábola é uma daquelas que trata do relacionamento entre os discípulos de Cristo, ou seja, como estes devem se comportar no âmbito do Reino. Apesar de nossas Bíblias a intitularem de a “parábola do credor incompassivo”, o que ela ensina, de fato, é a forma de lidar com a ofensa e com o perdão. Ela mostra a graça e, ao mesmo tempo, a responsabilidade. Se, por um lado, Deus nos perdoa por intermédio de sua infinita graça, por outro, temos a responsabilidade de perdoar aqueles que nos ofendem. Há quem julgue ser esta uma das parábolas menos complexas entre as que foram pronunciadas por Cristo. Ela acaba sendo contada por Jesus por causa de uma pergunta de Pedro a respeito de quantas vezes devemos perdoar nosso irmão, e termina dizendo como nosso Pai celestial fará conosco, ou seja, uma vez que fomos perdoados, devemos da mesma forma perdoar todos aqueles que nos ofendem.


I. INTERPRETANDO A PARÁBOLA DO CREDOR INCOMPREENSIVO

1. A nova vida no Reino de Deus.

O capítulo 18 de Mateus traz os ensinos de Jesus sobre a conduta dos seus discípulos como membros da nova comunidade trazida à existência por intermédio do recebimento de sua mensagem, os discípulos do Reino de Deus. O Reino possui valores essencialmente diferentes daqueles que caracterizam as instituições terrenas e as organizações desse mundo. Lembre-se de que nesse reino os humildes são os verdadeiramente grandes (Mt 18.1-4). No Reino de Deus, o “inferior” e mais “apagado” súdito leal ao seu Rei possui valor imensurável. A suprema ofensa na comunidade do Reino é quando os mais fortes e dominadores tornam a caminhada de fé dos irmãos mais fracos e mais sensíveis, difícil (Mt 18.6,7). De igual modo, mostrar desprezo pelos irmãos em Cristo é algo inaceitável (18.10). Com o objetivo de solidificar ainda mais o ensino desse Reino, Jesus fala sobre o perdão, e Pedro, admirado, faz a pergunta e o Senhor então conta a parábola (vv.15-35). Ao longo da história da igreja, os intérpretes não alegorizaram tanto esta parábola quanto o fizeram com as outras. A mensagem que a parábola quer transmitir é unicamente o perdão de Deus e a obrigatoriedade que os homens têm em perdoar em função de Deus já tê-los perdoado. Para finalizar, ela adverte a respeito do juízo divino sobre aqueles que se negam a fazê-lo.

2. Perdão ilimitado.

Pedro parece ter se incomodado a respeito do que Jesus havia ensinado acerca do perdão no âmbito do Reino (18.15-20). A pergunta do apóstolo parece simples, mas traz um pano de fundo judaico. Pedro quer saber quantas vezes deve perdoar o irmão ofensor. Talvez tenha se sentido generoso ao sugerir: “Até sete?” (v.21). Na tradição rabínica, não se exigia que alguém perdoasse mais do que três vezes. A resposta do Mestre certamente perturbou a Pedro. Porém, é preciso lembrar-se de que Jesus está se valendo de uma hipérbole, ou seja, não devemos entender tal “número” num sentido matemático preciso. Jesus ensina a perdoar quantas vezes forem necessárias, mas isso também deve ser feito de coração, isto é, devemos perdoar com liberalidade e sinceridade.

3. Uma dívida impagável.

Os servos de um rei eram oficiais de alta posição a serviço do imperador. Alguns deles, muitas vezes, em determinadas ocasiões emprestavam grandes somas de dinheiro do tesouro imperial. Nesta parábola, a quantia mencionada por Jesus é, mais uma vez, deliberadamente dada com exagero. É uma hipérbole que visa tornar mais nítido o contraste com a segunda dívida — “cem dinheiros”. É difícil achar um equivalente no sistema monetário moderno, mas o Comentário Bíblico Beacon compara um talento com cerca de “mil dólares americanos”, sendo que “dez mil talentos” (v.24), segundo o mesmo comentário, equivalem ao valor de “dez milhões de dólares”. Trata-se de uma dívida impagável. O que Cristo quer ensinar é a completa falta de esperança de pagarmos o incomensurável débito que geramos por causa dos nossos pecados, até que eles fossem perdoados gratuitamente por Deus, por intermédio da morte do Filho de Deus na cruz do Calvário (Cl 4.13,14).

4. A recusa em perdoar.

Ao voltar-se para o segundo quadro da parábola, Jesus diz que um homem, conservo com aquele cujo débito era impagável, devia “cem dinheiros” ao servo cuja dívida exorbitante junto ao rei fora perdoada (v.27). “Cem dinheiros” ou “cem denários” era uma moeda romana. Mais uma vez o Comentário Bíblico Beacon faz uma atualização dizendo que o valor equivalia a cerca de “vinte dólares americanos”, ou seja, “uma soma insignificante comparada àquela que o oficial da corte devia ao rei”. Contudo, aquele que teve sua dívida perdoada agora resolve ser absolutamente incompreensivo. Recusa-se a dar um prazo para que o homem pudesse quitar a dívida e ainda mandou que o seu servo fosse lançado na prisão (vv.28-30). Os demais servos, ao sentirem-se revoltados pela atitude injusta do credor incompreensivo, levaram o assunto até o conhecimento do rei (v.31). O credor acaba então recebendo o castigo que merece (vv.32-34). Jesus termina com a advertência de que Deus fará o mesmo quando não perdoarmos cada um de nossos irmãos que nos ofendem (v.35).

SUBSÍDIO EXEGÉTICO
“A chamada de Jesus ao perdão imediato é a ocasião para esta parábola. Mateus une fortemente as duas passagens com as palavras ‘por isso’ (dia touto, tradução literal). Jesus começa dando um exemplo de perdão extravagante. O fato de um servo (provavelmente ministro da corte) dever dez mil talentos é incrível; Jesus exagera a soma astronômica para causar efeito. Um talento era alta denominação de dinheiro, equivalente de seis a dez dinheiros ou denários (um denário era o salário mínimo de um operário pelo trabalho de um dia). Em termos do dinheiro de hoje, seria uma dívida na casa dos bilhões de dólares. O servo nunca viveria o suficiente para acumular ou fraudar tal quantia. É situação tão desesperadora, que ele e sua família terão de ser vendidos como escravos (v.25), mas até isso apenas faria cócegas na importância devida. Responder como o homem pagaria está além da função da parábola” (SHELTON, James B. In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1ª Edição. RJ; CPAD, 2003, p.108).

II. EM CRISTO, DEUS PAGOU AS NOSSAS DÍVIDAS

1. Nossa dívida impagável.

A Palavra de Deus deixa claro que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23) e, do mesmo modo, ela ensina que todos somos pecadores (Rm 3.23). É bom lembrarmos que até mesmo nós, os que servimos a Cristo, outrora éramos mortos em delitos e pecados (Ef 2.1). É justamente por causa de nossos delitos e pecados que contraímos uma dívida impagável. Assim como aquele servo que devia dez mil talentos, nós não poderíamos pagar nossa dívida para com Deus. Essa dívida exigia um sacrifício de sangue, pois sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hb 9.22). A única forma de pagarmos nossa dívida seria com o derramamento de sangue e, isso, exigiria a nossa própria vida. Portanto, nossa dívida para com Deus é impagável.

2. Deus pagou as nossas dívidas.

O próprio Deus, que poderia ser o nosso credor eterno, providenciou uma forma para que pudéssemos “pagar” a nossa dívida. Ele enviou seu Filho na plenitude dos tempos (Gl 4.4), para que todo aquele que confessar o Nome do unigênito Filho de Deus não pereça, não morra, ou seja, não tenha de receber a justa retribuição pela imensa dívida do pecado (Gl 4.5). Ao morrer em nosso lugar na cruz do calvário, Cristo verteu o sangue necessário para a remissão de nossos pecados. Ali na cruz “havendo riscado a cédula que era contra nós”, Deus em Cristo pagou as nossas dívidas.

3. Nada pode nos condenar.

Porque Deus, em Cristo, pagou as nossas dívidas, estamos livres da condenação do pecado. É a Bíblia que nos assegura que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm 8.1). No versículo seguinte, Paulo explica que, em Cristo Jesus, o Espírito de vida, “me livrou da lei do pecado e da morte”. Assim, porque a misericórdia é uma marca do ensino e do ministério do Senhor Jesus, podemos dizer que agora somos livres da condenação por tal grande misericórdia de Deus (Lm 3.22,23).


III. UMA VEZ PERDOADOS, AGORA PERDOAMOS

1. Não endureça o coração.

Se a misericórdia é uma marca do ministério de Cristo, deve ser também uma marca de seus seguidores. Por isso, no Sermão do Monte, a misericórdia é apontada como uma das características dos discípulos do Reino (Mt 5.7). Assim, não podemos endurecer o coração para com aqueles que nos devem, uma vez que Jesus jamais agiu dessa maneira. Antes, devemos tomar cuidado, pois a ênfase no juízo será proporcional à ênfase na misericórdia (Tg 2.13).

2. Devemos agir com misericórdia.

O Reino de Deus não pode estar presente na vida da Igreja quando o mal não é combatido (Ef 5.11). A parábola, precedida pela pergunta de Pedro, ressalta a importância do exercício do perdão. Se Deus nos perdoou quando ainda éramos pecadores (Rm 5.8), não temos motivo algum para deixar de perdoar aqueles que nos ofendem. A misericórdia deve ser uma constante em nossas vidas. Devemos agir com todos de forma misericordiosa, fazendo com que isso predomine em nosso caráter como novas criaturas (2Co 5.17).

3. Devemos dar o presente que recebemos.

Sabemos que todos os autênticos discípulos de Cristo receberam abundante perdão, graça e infinita misericórdia. E isso é um dom de Deus (Ef 2.4-8). É um presente do Pai para nós, que merecíamos a morte. Da mesma forma que recebemos tudo isso como presente de Deus, devemos presentearas pessoas com misericórdia e perdão (1Jo 3.16).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Jesus de Nazaré, argumenta Hannah Arendt, foi ‘o descobridor do papel do perdão no reino dos assuntos humanos’. Pode ser muito afirmar que Jesus descobriu o papel do perdão social, visto que os profetas e sábios antes dEle também estavam cientes deste fenômeno, mas Ele claramente transformou o seu significado e significação de um modo que causou um efeito profundo na história humana. ‘Se examinarmos os livros do Novo Testamento em ordem aproximadamente cronológica, mais uma vez identificaremos uma trajetória que nos leva a pensar no perdão de um modo que transcende as metáforas puramente legais ou financeiras. Marcos, o mais antigo dos Evangelhos, claramente liga a chegada de Jesus com a previsão dos profetas hebreus referente à promessa de perdão e à vinda do Messias. Diferente das introduções mais longas dos outros Evangelhos, Marcos cita os profetas e em seguida declara que João Batista ‘apareceu’ e proclamou um batismo de arrependimento para (ou em voltado para) o perdão dos pecados (Mc 1.4)” (SANDAGE, Steve J.; SHULTS, F. Leron. Faces do Perdão. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011, pp.137,138).


O valor de um talento
“Um ‘talento’ é uma medida de peso em ouro, prata ou cobre. Ele variava, mas oscilava entre 27 e 41 Kg. Dez mil talentos não seriam menos do que 270 toneladas de metal. Dependendo do tipo de metal utilizado, um talento era equivalente a cerca de 6.000 denários e, à base de um denário por dia (cf. Mt 20.2), um trabalhador precisaria de 164.000 anos para quitar a dívida!”. Compreendendo todas as Parábolas de Jesus, CPAD, p.112.

CONCLUSÃO

A parábola que estudamos, nesta lição, evita qualquer abuso ou presunção da graça que recebemos de Deus. Alguns, às vezes, querem apresentar um tipo de “graça” que não precisa ser levada muito a sério. Contudo, a Bíblia ensina a respeito de uma graça que é transformadora. Se você foi transformado por essa graça, conseguirá perdoar assim como foi e é perdoado por Deus, em Cristo Jesus.

Fonte:
Lições Bíblicas 4º Trim.2018 - As Parábolas de Jesus - As verdades e princípios divinos para uma vida abundante - Comentarista: Wagner Tadeu dos Santos Gaby

Aqui eu Aprendi!

O genuíno Culto Pentecostal

“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” 1Co 14.26

“Provisória e precariamente, podemos descrever adoração e louvor como um estado de consciência onde se reconhece simultaneamente a grandiosidade de Deus e a efemeridade da condição humana. Ou, busca insaciável por mais da pessoa de Deus, sem nenhum interesse alheio a esse fim. Ou por fim, desejo pessoal de dedicar o máximo de si a Deus e aos demais filhos que o Senhor amorosamente criou. Partindo destas ideias fica evidente que existem níveis e intensidades diferentes na adoração e louvor, não necessariamente uma hierarquia ou uma escala. Adoração não pode ser mecanizada. Celebrações como ‘tarde de adoração’, ‘noite dos adoradores’ podem ter um ótimo apelo midiático, mas não possuem garantias espirituais. É possível a realização de cultos com outros fins — políticos, econômicos, pessoais — que não a adoração. Nunca se deve associar a adoração e o louvor a uma sequência de protocolos a serem seguidos, como numa receita de bolo. A adoração e louvor, por vezes, estão relacionados na Bíblia a situações de fortes sentimentos, arrebatamentos, e muitas vezes surpreendentes (Dn 10.7-10; At 22.7). Ao falar a respeito do ‘perfeito louvor’, Jesus cita a pureza e simplicidade das crianças (Mt 21.16). Logo devemos entender que louvar a Deus, ainda que seja algo feito em um contexto coletivo, é uma atitude que devemos fazer livremente, por meio da gratidão, quebrantamento e humilhação” (BRAZIL, Thiago. Em Espírito e em Verdade: A Essência da Adoração Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016, p.27).

O culto pentecostal genuíno tem a presença de Deus nos louvores, na oração, na manifestação dos dons e na pregação da Palavra.

“O que significa cultuar a Deus?”.


Leitura Bíblica: João 4.19-24; Efésios 5.15-21

INTRODUÇÃO

O Deus vivo e verdadeiro é adorado e louvado por suas obras, atributos e misericórdia, e a adoração, feita por aqueles que O amam e O temem, tem princípios que não podem ser desprezados. Cantar louvores, orar, contribuir e receber a Palavra são atitudes que fazem parte do culto cristão. Além disso, são elementos do culto a ordem e a racionalidade. Os pentecostais reúnem-se em nome de Jesus para celebrar o Senhor Deus, e nesse culto podemos ver curas, batismo com o Espírito Santo, salvação e libertação de pessoas. Veremos nesta lição como o culto ao Senhor é apresentado na Bíblia e como a nossa adoração deve se moldar dentro desses parâmetros.

I. AS REUNIÕES DO POVO DE DEUS EM ATOS

1. Reuniões com oração.

Os cultos genuinamente pentecostais são reuniões em que há a prática da oração. Atos 2 nos mostra que os discípulos de Jesus, no Dia de Pentecostes, não estavam festejando aquela data comemorativa. Eles estavam orando no cenáculo. Não existe problema algum em se comemorar uma data pátria ou festiva, como aniversários, casamentos, ou um feriado nacional. O próprio Deus instituiu datas de celebrações nacionais para os hebreus. Mas no caso da igreja em Jerusalém, quando foram cheios do Espírito Santo, foram achados em oração.

Orar é tão importante que o Senhor Jesus não apenas orava com frequência, mas nos ensinou também a orar. Ele orou até o momento em que entregou o espírito a Deus. E Deus não depende de nossas orações para agir em certas ocasiões, mas Ele espera que seu povo ore e faça da oração uma prática.

Reuniões pentecostais devem sempre primar, a exemplo de Atos 2, pela oração nos cultos. O agir de Deus é observado após períodos em que seu povo estava orando. Para o pentecostal, a oração deve fazer a diferença em todos os aspectos de sua vida.

2. Reuniões marcadas peto temor a Deus.

Uma característica do culto genuinamente pentecostal é a certeza de que estamos entrando na presença de Deus, e que a nossa adoração ao Eterno deve ser de forma respeitosa, com temor. Diante da santidade de Deus o ser humano deve chegar com quebrantamento, mas igualmente com confiança, lembrando-se de que não há mais separação entre nós e Deus. Entretanto, nem todas as pessoas têm a consciência de que indo para um culto, estão diante de Deus. Jesus garantiu que “[...] onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu [...]” (Mt 18.20), mas nem sempre essa presença é respeitada. O livro de Atos mostra pelo menos duas ocasiões em que a presença de Deus em uma reunião foi tida como de menor importância por crentes sem temor. Ananias e sua esposa, Safira, tentaram enganar os apóstolos na hora da oferta, e Lucas registra a consequência da falta de temor daquele crente (At 5.4,5).

3. Reuniões com exposição da Palavra.

Tão importante quanto a oração e o temor, no culto pentecostal, é a exposição da Palavra de Deus. Não pode ser compreensível um culto em que Deus se faça presente apenas nos momentos de oração e cânticos, e ausente no momento da pregação. Por isso, a exposição das verdades bíblicas deve ser levada a sério não apenas na escolha do texto a ser trabalhado, mas também na forma como a apresentação ocorre.

II. ORDEM E DECÊNCIA NO CULTO

1. Cultos e liturgia.

O culto pentecostal não é desprovido de uma liturgia. Esta palavra é oriunda da língua grega, teitourgeion, de onde vem a nossa palavra liturgia, e traz a ideia de um serviço ou dever público. Leitougeion também é traduzida como ministério. Ela aparece em Atos 13.1,2, quando nos é dito que na igreja de Antioquia havia doutores e profetas, e “servindo eles ao Senhor e jejuando”, o Espírito Santo ordenou que Saulo e Barnabé fossem separados para uma obra que Deus já lhes reservara. A palavra “servindo” (leitourgeion) indica que os discípulos serviam ao Senhor de forma pública, e no decorrer desse serviço ouviram o Espírito Santo. Não é errado ter uma liturgia, em que o culto vai ser seguido de etapas que nos conduzem a Deus na adoração, leitura da Palavra, oração, contribuição, testemunhos públicos e pregação da Palavra. O que não é certo é fazer com que a liturgia seja mais importante do que a orientação e o mover do Espírito de Deus no culto.

2. O uso do intelecto associado aos dons.

Paulo nos adverte que o nosso culto deve ser racional (Rm 12.1). Isso significa que devemos adorar a Deus com inteligência e sabedoria. Por meio da pregação bíblica Deus fala aos nossos corações; por meio dos dons espirituais a Igreja é edificada. Por meio da oração falamos com o Senhor, e em todos esses momentos o cristão não perde a sua capacidade de se comunicar, de entender, de refletir sobre o que é dito. Não podemos fazer do momento de culto um horário para manifestações particulares de espiritualidade. Ser cheio do Espírito não retira de nós o domínio próprio, pois este é justamente uma característica do fruto do Espírito registrado em Gálatas 5.

3. O espírito do profeta é sujeito ao profeta.

Para que haja ordem no culto, Paulo deixa claro: “Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1Co 14.31,32). A orientação bíblica é clara no que tange às manifestações de profecia no culto ao Senhor. Há grupos cristãos que, acreditando que o dom de profetizar é somente a pregação da Palavra de Deus, não apenas impedem que haja profecias genuínas na Igreja, como também ensinam que esse dom cessou. Mas o apóstolo Paulo fala usando o tempo no presente: “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”. Ele não diz que eram sujeitos e que depois do terceiro século de nossa era não seriam mais. O objetivo dessa orientação é claro: “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (1Co 14.33). Esse texto indica que aqueles que têm o dom de profetizar devem se sujeitar à decência e à ordem, e não atrapalhar o andamento do culto para profetizar. A mensagem profética trazida a um homem ou mulher de Deus não é desculpa para que o momento de culto se torne desregrado, ou com manifestações condenáveis na Palavra de Deus.

4. Adorando a Deus em espírito e em verdade.

João, em seu Evangelho, mostra um diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó. Jesus tratou com ela a respeito da salvação, e a mulher quis saber sobre o lugar onde se deveria adorar a Deus. Os samaritanos só aceitavam o Pentateuco, e rejeitavam os profetas e demais livros do Antigo Testamento, ao que Jesus lhe responde que eles adoravam o que não sabiam, e que a salvação vem dos judeus. Jesus completa a sentença deixando de focar o lugar da adoração para focar na forma como se adora e a quem Deus busca para o adorar (Jo 4.23). A adoração, que antes estava enquadrada em uma teologia que privilegiava os lugares, agora tem um caráter pessoal, em espírito; não uma ideia pálida de quem é Deus, e em verdade, pois Ele já se revelou em Jesus. A nossa adoração deve refletir esse princípio. Precisamos adorar a Deus de forma realmente espiritual, como novas criaturas, divorciados das regras que regiam nossa forma antiga de viver.

III. A MUSICALIDADE DENTRO DO CULTO CRISTÃO

1. Deus valoriza a música e a adoração.

A música faz parte do culto cristão. Deus deu sabedoria para que os homens criassem instrumentos musicais, e criou o homem com cordas vocais para que pudesse cantar. Esse mesmo Deus conclama que todos cantem louvores em sua presença (Sl 47.6-8). Deus pergunta a Jó onde ele estava quando, por ocasião da criação do mundo, “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus se rejubilavam” (Jo 38.7). Mesmo no livro do Apocalipse é possível ver que no céu há adoração com música, onde os quatro animais e os vinte e quatro anciãos cantavam um novo cântico (Ap 5.8,9).

Jesus cantou um hino antes de ir ao Getsêmani (Mt 26.30), e a Igreja Primitiva adorava a Deus com música. Paulo fala aos efésios que eles deveriam ser cheios do Espírito “falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais” (Ef 5.19). Observe que a expressão “falando entre vós” aponta para além da adoração no culto, e avança para as esferas de relações pessoais. Adorar com uma música de qualidade, bíblica, sem cantores e músicos disputando quem toca melhor ou mais alto, com certeza agrada a Deus.

2. Salmos e hinos.

Os Salmos, ou saltério de Israel, são um conjunto de hinos que os hebreus cantavam em suas festas. Tais hinos representavam a forma como os filhos de Abraão percebiam a presença de Deus — ou a ausência dEle — em suas vidas. As emoções humanas — tão condenadas em certos meios evangélicos de nossos dias — são vistas de forma clara nos Salmos. Os hebreus não tinham nenhum problema em cantar seus momentos de alegria ou tristeza diante de Deus, e ensinar a outros por meio desses cânticos. Asafe fala que quando olhou para os ímpios, seus pés quase vacilaram (Sl 73.2,3). Os descendentes de Coré cantaram que “até o pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si e para sua prole, junto dos teus altares” (Sl 84.3). Davi, quando perseguido por Saul, cantou que Deus “derrama luz nas minhas trevas” (Sl 18.28 — ARA), e “a tua graça é melhor que a vida” (Sl 63.3 — ARA). A igreja cristã adotou o uso dos salmos em seus cultos, e nós podemos fazer o mesmo.

3. Cânticos espirituais.

Nos parece adequado crer que essa expressão, cânticos espirituais, se refira a hinos entoados em outras línguas por pessoas cheias do Espírito Santo. Independente da forma como se interprete essa expressão, é certo que somente pessoas cheias do Espírito podem trazer essa adoração em um culto, pois tais manifestações são fruto de vidas cheias do Espírito.

O ato de cantar salmos, hinos e cânticos espirituais é consequência de uma adoração que vem do coração, não forçada, mas voluntária, “cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef 5.19). Os crentes cheios do Espírito devem exteriorizar o que está realmente dentro de seus corações em louvores a Deus. E esse louvor deve ter ações de graças por tudo o que Jesus tem feito por nós.


CONCLUSÃO

O nosso culto deve ser prestado de forma ordeira, inteligente e debaixo da graça divina. Cada momento dele deve refletir nosso temor a Deus, nossa comunhão com Ele e com nossos irmãos e o respeito pelo uso dos dons espirituais e da Palavra que será ministrada.


A Pregação Pentecostal
“Que imagem lhe vem à mente quando ouve a frase pregação pentecostal? Eu ouço um som, como de um vento veemente e impetuoso, que enche todo o auditório. As palavras do pregador são divinamente inspiradas, fáceis de entender, poderosas no contexto. Têm o poder de atirar uma flecha que atinge em cheio o coração do pecador até que este se dobre em agonia, clamando pelo perdão divino. Isso é pregação pentecostal! Quais os elementos da pregação pentecostal? São distintos de outros tipos de pregação? Há diferença de estilo ou substância dos sermões entregues na igreja tradicional ou mesmo na igreja evangélica? Eu sustento que vai muito além dos fatos emocionais. Observo três distintivos que se relacionam com a pregação pentecostal: a unção, a estrutura do sermão e pregação por resultados. Antes, porém, de definirmos os estilos e a estrutura do sermão pentecostal, examinemos a introdução. Há três propósitos básicos para a introdução de um sermão: obter atenção, apresentar a proposição ou tema e criar interesse. Seja extremamente cuidadoso em seus comentários introdutórios. Tenha cuidado para evitar ser repetitivo. Evite improvisação — o resultado pode ser uma observação ofensiva que não foi devidamente considerada. Não leia o texto de diversas traduções diferentes — fica enfadonho. E não leve muito tempo para chegar ao corpo da mensagem” (MOEM, Ernest J. O Pastor Pentecostal: Um Mandato para o Século XXI. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2009, pp.638,639).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 4º Trimestre de 2018 - Título: O vento sopra onde quer – O ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja – Comentarista: Alexandre Coelho

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domingo, 11 de novembro de 2018

Parábola do Fariseu e do Publicano

“...Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” Lucas 18.13


“Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano (Lc 18.10). Eles não entraram no santuário, mas em um dos átrios do templo onde eram oferecidas as orações. Este era o pátio das mulheres. Ao escolher um fariseu e um publicano para esta ilustração, Jesus escolheu dois extremos. Os fariseus eram a mais rígida, mais conservadora e mais legalista de todas as facções dos judeus. Os publicanos eram oficiais judeus do governo romano, cujo trabalho era recolher taxas para Roma. Eles eram odiados pelos judeus tanto pelas taxas recolhidas para os dominadores estrangeiros, como por serem geralmente desonestos” (CHILDERS, Charles L. Comentário Bíblico Beacon. Volume 6. 1ª Edição. RJ; CPAD, 2006, pp.467,468).

“Os fariseus, ou perushim, isto é, do ‘hebraico parash, separar, interpretar’, expressão que literalmente significa ‘separados ou separadores’ e pode ser entendida, como ‘intérpretes ou comentadores’, isto é, ‘aqueles que distinguem, separam e expõem a lei’, eram judeus piedosos e, pela sua popularidade, considerados ‘mentores religiosos da ralé‘”. O Sermão do Monte, CPAD, p.100.

Os dois, fariseu e publicano, estavam no Templo e também orando, mas as motivações eram muito diferentes.

O orgulho e a arrogância espiritual são ciladas certeiras para fazer cair um servo de Deus. O caminho contrário para nos desviarmos deste mal é o da humildade, sinceridade e arrependimento.

Sobre a Parábola
Basicamente, esta parábola é uma comparação de dois personagens que representam duas atitudes opostas diante de Deus. Se na parábola do juiz iníquo aprendemos que devemos orar com perseverança, na presente parábola aprenderemos que devemos ter uma atitude correta quando falamos com Deus em oração. Aqui, a atitude correta é representada pelo publicano; a incorreta, pelo fariseu.

A maneira correta de orar
No contexto atual é muito comum líderes ensinarem aos fiéis formas de orar que em nada têm a ver com as Escrituras. Princípios como “determinar”, “não aceitar” ou “se revoltar” são incompatíveis com os princípios bíblicos de como deve ser feita uma oração. O Publicano nos mostra que a oração deve ser feita com humildade e sinceridade, reconhecendo diante de Deus que somos miseráveis pecadores. Isso significa que devemos ir a Deus em oração humildade. O testemunho da mulher sírio-fenícia, “mesmo os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos príncipes”, confirma esse princípio. A oração do Pai Nosso, “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, reafirma tal conduta. Logo, devemos rejeitar completamente uma atitude de oração que enalteça a nossa natureza, que nos eleve diante de Deus e que não coloque-nos em nosso devido lugar enquanto falamos com o Criador dos Céus e da Terra.

A maneira errada de orar
Tudo o que não gera sinceridade, arrependimento, humildade são atitudes erradas diante de Deus enquanto oramos. O fariseu fazia o que Jesus outrora já condenava: desejava as primeiras posições, orava em praça pública para ser visto. Com essa imagem, nosso Senhor mostra a facilidade de cairmos na hipocrisia religiosa. Por isso, devemos estar conscientes de que o único mérito que temos diante de Deus é o de ser objeto de sua graça. Nada mais!

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;" Mateus 5:3

Talvez a parábola do fariseu e do publicano seja uma das mais conhecidas. Ela mostra que a dependência humilde diante de Deus, em vez de justiça própria, é a base para a resposta de oração. Muitas pessoas acreditam que Deus deve responder suas orações com base naquilo que elas fazem para Ele. Contudo, na contramão da meritocracia religiosa, e dentro da gloriosa graça de Deus, que faz cair chuva sobre justos e injustos (Mt 5.45), a parábola nos ensina que o que Deus quer é que nossas orações sejam permeadas de sinceridade e arrependimento. Quando oramos a Deus, devemos confiar em quem Ele é, e não em quem nós somos. Jesus ensina que são felizes os humildes de espírito (Mt 5.3), aqueles que reconhecem a sua real condição diante de Deus.

Fonte: Lições Bíblicas 4º Trim.2018 - As Parábolas de Jesus - As verdades e princípios divinos para uma vida abundante - Comentarista: Wagner Tadeu dos Santos Gaby
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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O dom de Línguas

“Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar” 1Co 14.13


“Ressaltamos que os pentecostais têm uma hermenêutica distintiva, um modo particular de ler a Bíblia. Nós, pentecostais, sempre lemos a narrativa de Atos e, particularmente, o relato do derramamento pentecostal do Espírito Santo (At 2) como modelo para a vida. As histórias de Atos são as nossas histórias, e nós as lemos com um sentimento de grande expectativa.
Estou convencido de que essa hermenêutica simples, essa abordagem direta à leitura de Atos como modelo para a igreja hoje, é uma das principais razões por que a ênfase no falar em línguas desempenhou papel tão importante na formação do movimento pentecostal moderno. A ligação entre o falar em línguas e o batismo no Espírito Santo marca o movimento pentecostal moderno desde o início e, sem essa ligação, é duvidoso se o movimento teria visto a luz do dia, muito menos sobrevivido.
A glossolalia é de importância crucial para os pentecostais de todo o mundo, por muitas razões, mas gostaria de propor que duas são de particular importância. Primeiro, o falar em língua destaca, encarna e valida à maneira única como os pentecostais entendem o livro de Atos: Atos não é um documento histórico; Atos apresenta um modelo para a vida da igreja contemporânea” (MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016, pp.57,58).

A manifestação do dom de Línguas, tanto na Igreja quanto na devoção pessoal, é plano de Deus para os crentes em nossos dias.

Você já recebeu o batismo com o Espírito Santo e experimentou o falar em línguas estranhas? Então, não se esqueça de partilhar com seus alunos como se deu tal experiência e o que mudou em sua vida. Pois, estudaremos acerca do dom de Línguas. No decorrer da aula, procure enfatizar que o falar em línguas, glossolalia, era e é um sinal divino para evidenciar o batismo com o Espírito Santo. Como pentecostais cremos que os dons não foram somente para os crentes do primeiro século e que o ser cheio do Espírito é uma recomendação do Pai para os crentes da atualidade (Ef 5.18). O Senhor continua o mesmo e seu desejo de que vivamos na plenitude do Espirito não foi alterado pelo fato de que algumas pessoas não crerem na promessa de Joel 2.28 que teve o seu cumprimento em Atos 2. É importante ressaltar que as línguas (gr. glossa) podem ser humanas, atualmente faladas (At 2.6), ou desconhecidas na terra (cf. 1Co 13.1) e que a fala jamais será extática.

Leitura Bíblica - 1 Coríntios 14.1-5,12-15

INTRODUÇÃO

O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, trata a respeito das línguas estranhas e da profecia no uso coletivo e individual. Ainda dentro da perspectiva de que as línguas e a profecia são dons do Espírito Santo para a edificação da Igreja, o apóstolo traz orientações sobre como a Igreja deve se portar nesse aspecto. Na prática, o servo de Deus não ensina que esses dons devem deixar de ser exercitados, mas orienta que sejam usados da forma correta, tendo em vista que a sua principal função é edificar o corpo de Cristo.

I. O FALAR EM OUTRAS

1. As Línguas em Marcos 16.

Iniciemos nosso estudo a respeito do dom de Línguas remontando às palavras de Jesus no Evangelho de Marcos 16.17,18. Marcos, um escritor que tem o propósito de demonstrar Jesus como o Filho de Deus, com poder e autoridade, registra que parte desse poder, recebido de Deus, seria manifestado entre aqueles que creriam em Jesus. Seus discípulos teriam poder para expulsar espíritos malignos, curar enfermidades e falar em outras línguas.

2. O ensino paulino a respeito das línguas.

Paulo dá prosseguimento à sua Primeira Carta aos Coríntios fazendo uma distinção sobre o uso do dom de línguas e o uso da profecia. Deixemos claro que o ensino paulino não restringe o falar em línguas, e sim o regulamenta. Qualquer entendimento diferente deste deturpa a ideia original do escritor, e consequentemente, ataca a própria inspiração divina, que moveu Paulo a escrever a respeito desse assunto.

3. Orar em Línguas.

“Porque, se eu orar em Língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto” (1Co 14.14). Paulo continua seu ensino tratando, agora, a respeito de oração. A comunicação com Deus é inserida em seu discurso, desta vez incluindo a oração em línguas, uma manifestação que entendemos ser genuinamente pentecostal, mas não restrita aos arraiais pentecostais. Lembremo-nos de que a promessa do derramamento do Espírito Santo é para toda a carne, e não é patrimônio de uma única igreja.

Uma característica destacada por Paulo no assunto das línguas é que quando utilizadas na oração, fazem com que o espírito ore bem. Parece que não há qualquer impedimento na oração ao Pai Celeste quando se utiliza o falar em línguas. Paulo também destaca que quando se ora em línguas “o entendimento fica sem fruto”, ou seja, é como se o intelecto da pessoa não tivesse participação, não entendesse efetivamente o que está sendo falado. Paulo menciona isso, mas não dá a entender que o texto seja uma condenação ao fato de orar em Línguas. Ele mesmo diz que “o meu espírito ora bem”. Com certeza, pela revelação do Senhor trazida a Paulo, orar em línguas manifesta uma conexão mais íntima e profunda com o Espírito Santo de Deus.

II. O FALAR EM OUTRAS LÍNGUAS NA VIDA PESSOAL

1. Línguas para falar com Deus (1Co 14.2).

Uma das verdades acerca do dom de línguas é que quem se utiliza dele fala com Deus. Por mais que os homens não entendam o que está sendo pronunciado, a Palavra de Deus diz que há uma comunicação entre a pessoa e Deus. Essa é uma revelação muito séria, pois o falar em línguas tem sido combatido por cristãos cessacionistas, que acreditam que essa manifestação não seria um dom para a Igreja de hoje. Eles se baseiam no fato de que a revelação de Deus já está toda na Escritura, mas curiosamente, para eles, esta parte da revelação não teria valor normativo (a recomendação de orar em línguas) seriam relatos que não deveriam ser reproduzidos na vida cristã em nossos dias. Como Paulo não demonstrou esse mesmo entendimento, cremos que o falar em línguas inicia uma comunhão mais íntima com Deus no momento em que o dom é manifesto, e é isso que a Bíblia diz.

2. Edificação pessoal.

“O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja” (1Co 14.4). Paulo mostra a primeira diferença entre o ato de profetizar — e aqui não é a pregação da Palavra de Deus — e o falar em línguas. O ato de profetizar traz uma edificação coletiva, ao passo que o falar em línguas traz edificação pessoal. É inegável que o ato de profetizar na língua vernácula traga uma edificação muito maior, pois a profecia alcança a congregação. Mas é igualmente inegável que o falar em línguas fortalece quem fala, e isso é o apóstolo Paulo que está ensinando. Contradizer esse princípio equivale a refutar o restante dos escritos paulinos, pois não há um escrito mais inspirado e outro menos. Não é pecado edificar a si mesmo. Na Igreja de Cristo há espaço para os que profetizam e edificam a Igreja, e há espaço para os que falam em línguas edificando a si próprios. A utilidade de cada dom tem sua oportunidade e espaço para a glória de Deus. É notório que há cristãos que intelectualmente entendem ser a profecia um dom de alcance plural, mas rejeitam sua manifestação genuína em suas Igrejas. Para que sejamos honestos intelectualmente é preciso que sejamos coerentes com o que a Palavra de Deus fala.

3. Agradecendo a Deus (1Co 14.17).

A gratidão é uma das características que traz contentamento a Deus em nossa relação com Ele. Tão importante quanto à santidade, que nos desafia a ser pessoas separadas para o Senhor, a gratidão faz de nós pessoas que reconhecem que o Todo-Poderoso nos beneficiou, nos fez um favor, seja por meio de uma resposta de oração, seja simplesmente por um ato de sua vontade para conosco sem que tivéssemos pensado ou pedido.

Paulo mostra que, apesar do fato de as línguas serem um instrumento de manifestação de gratidão por parte de quem fala, essa manifestação não edifica outras pessoas. A observação do apóstolo torna a mostrar que o falar em línguas tem um caráter pessoal quando visto sobre a perspectiva do alcance da coletividade. Não há impedimento para que se fale em línguas na congregação, pois tal manifestação inclui a nossa gratidão a Deus. Concordamos que no contexto paulino há uma diferenciação a respeito do alcance coletivo e o individual, mas entendemos que essa diferenciação tem um caráter educativo, ou seja, o objetivo é efetivamente incentivar o dom de uso coletivo sem desprezar o dom de alcance individual.

Ponto Importante
O falarem línguas tem a capacidade de edificar o falante, mas se este a interpretar, tem equiparação à profecia.

CONCLUSÃO

A Bíblia é enfática em dizer que o dom de línguas não pode ser desprezado, mas o culto deve ter ordem. Que o dom de línguas ache espaço entre nós, em nossas orações e momentos com Deus, mas também na Igreja, onde Deus se valerá de intérpretes para trazer o entendimento do que está sendo falado.


Subsídio Lexicográfico

Glossolalia — [Do gr. glosso, língua + lalia, falar em língua]. Dom sobrenatural concedido pelo Espírito Santo, que capacita o crente a fazer enunciados proféticos em línguas que lhe são desconhecidas.
O objetivo da glossolalia é enunciar sobrenatural e extraordinariamente o Evangelho de Cristo, como aconteceu no Dia de Pentecoste (Atos 2); levar o crente a consolar-se no espírito, e a proclamar, com o auxílio do dom da interpretação, o conhecimento e a vontade de Deus à Igreja (1 Co 14).

A glossolária, conhecida também como dom de línguas [desconhecidas], é um dom espiritual que, à semelhança dos demais, não ficou circunscrito aos dias dos apóstolos: continua atual e atuante na vida da Igreja” (ANDRADE, C. C. Dicionário Teológico. 6.ed., RJ: CPAD, 1998, p.167).

Xenolalia — O falar em línguas num idioma conhecido, estranho apenas a quem o fala.
[...] O interesse generalizado pelo batismo e dons do Espírito Santo convenceu alguns [os evangélicos do século XIX] de que Deus concederia o dom de línguas a fim de equipá-los com idiomas humanos identificáveis (xenolalia) para que pudessem anunciar o Evangelho noutro países, agilizando assim a obra missionária.

[...] Em 1895, o autor e líder do Movimento da Santidade, W. B. Codbey, disse que o ‘dom de línguas’ era ‘destinado a desempenhar um papel de destaque na evangelização do mundo pagão e no cumprimento profético glorioso dos últimos dias. Todos os missionários nos países pagãos deviam buscar e esperar esse dom que os capacitaria a pregar fluentemente no vernáculo’.

[...] Entre os que esperavam o recebimento do poder do Espírito para evangelizar rapidamente o mundo, achava-se o pregador da Santidade, em Kansas, Charles Fox Parham e seus seguidores. Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos Apóstolos, e influenciado por Irwin e Sandford, testemunhou Parham um reavivamento notável na Escola Bíblica Bethel, em Topeka, Kansas, em Janeiro de 1901. A maioria dos alunos, bem como o próprio Parham, regozijaram-se por terem sido batizados no Espírito e de haverem falado noutras línguas (xenolalia). Assim como Deus concedera a plenitude do Espírito Santo aos 120 no Dia do Pentecoste, eles também haviam recebido a promessa (At 2.39).

[...] Depois de 1906, os pentecostais passaram a reconhecer, cada vez mais, que, na maioria das ocorrências do falar em línguas, os cristãos realmente estavam orando em línguas não identificáveis e não em idiomas identificáveis (glossolalia ao invés de xenolalia). Embora Parham mantivesse sua opinião a respeito da finalidade das línguas na pregação transcultural, os pentecostais chegaram finalmente à conclusão: as línguas representavam a oração no Espírito, a intercessão e o louvor” (HORTON, S. M. et all. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed., RJ: CPAD, 2006, pp.15-17,19,20).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 4º Trimestre de 2018 - Título: O vento sopra onde quer – O ensino bíblico do Espírito Santo e sua operação na vida da Igreja – Comentarista: Alexandre Coelho

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