As narrativas sobre como Deus tratou Abraão, Isaque, Jacó e José, os patriarcas ancestrais do povo de Israel estão registras nos capítulos de 12 a 50 de Gênesis. Conhecer as raízes históricas e a formação do povo judeu é simples, a partir da leitura atenta desses capítulos que formam o Gênesis.
A história de Abraão inicia com a narrativa da família do patriarca, a caminho de Canaã (Gn 11.27-32), acrescentada de uma citação especial sobre a esterilidade de Sara, a esposa do pai da fé (Gn 11.30). Mas os momentos principais nas narrativas sobre a vida de Abraão estão em Gênesis 12.1-9, em que Deus chama Abraão para sair da terra de Harã, após a morte do seu pai Terá, e ser enviado a uma terra estranha (v.1), prometendo fazer dele “uma grande nação”, e abençoando, assim, por intermédio dele, “todas as famílias da terra” (vv.2,3).
Após viajar para a terra que o Senhor lhe falou, Abraão percorreu obedientemente a terra inteira. Em seguida, recebeu a promessa de Deus: “E apareceu o SENHOR a Abrão e disse: À tua semente darei esta terra” (Gn 12.7). Qual foi a reação de Abraão? Ora, edificar um altar ao Senhor e invocar o seu nome (vv.8,9). Ao longo da narrativa sobre o patriarca Abraão, expressões como “terra prometida”, “descendência prometida”, “uma grande nação”, “bênçãos para as nações” vão ganhando corpo e materialidade. E verbos como “adorar” e “confiar” em Deus, como único e verdadeiro, vão se constituindo como símbolo para uma adoração e uma fé adequadas ao único Deus do povo de Israel. Abaixo, veja o resumo das grandes promessas de Deus para Abraão:
A bênção de Melquisedeque não se limitou a Abraão, mas alcança todos os que recebem Jesus Cristo como sacerdote eterno.
INTRODUÇÃO
Se a história de Melquisedeque é pequena, sua teologia surpreende-nos pela grandeza e profundidade. O autor sagrado não precisou de muitas palavras, para apresentar-nos a um dos maiores personagens da História Sagrada. Com menos de 60 vocábulos, introduz-nos na antiga Salém, onde o rei de justiça e paz desempenhava um ministério eterno.
De Melquisedeque, não temos muitas informações. Sabemos apenas que era um homem santo que exercia, plenamente, as três funções do ofício divino: rei, sacerdote e profeta. Enfim, um tipo perfeito de Jesus Cristo.
Neste capitulo, veremos como se deu o encontro de Melquisedeque com Abraão. Ali, na futura Jerusalém, o patriarca, que ainda se chamava Abrão, é recepcionado por um monarca, cuja autoridade espiritual era irresistível. Sim, justamente ali, na presença de Bera, rei de Sodoma, o pai da nação hebreia é abençoado. Em sua bênção, todos os que cremos fomos contemplados.
A partir dai, o sacerdócio de Melquisedeque seria invocado, pela Escritura Sagrada, como o ideal de uma intercessão eficaz, plena e eterna. Tão sublime era o sacerdócio de Salém, que o próprio Cristo viria a exercê-lo em sua vida, morte e ressurreição. Acompanhemos, pois, esse maravilhoso capitulo da História Sagrada. Detenhamo-nos na antiga Jerusalém, e desfrutemos das bênçãos que o Pai Celeste, por meio do Filho Amado, reservou-nos.
I. UMA HISTÓRIA SEM BIOGRAFIA
Como biografar Melquisedeque? Apesar de sua grandeza teológica, quase nada temos acerca dele. Na verdade, é uma história sem biografia. No entanto, sem esse misterioso personagem, as crônicas de nossa redenção estariam incompletas.
1. Narrativa pequena, teologia grande. De forma admirável, o autor de Gênesis sumaria a história de Melquisedeque em apenas três versículos: “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra, e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo” (Gn 14.18-20).
Em menos de 60 palavras, Moisés narra um dos capítulos mais gloriosos da Bíblia Sagrada Na verdade, é uma história sem biografia, pois de Melquisedeque não temos a filiação, nem a naturalidade. A Bíblia não lhe declina o nome dos pais, nem lhe revela a cidade de origem. Sabemos apenas que ele era rei, sacerdote e profeta. Num texto jornalístico, não teríamos condições de responder, a contento, a estas perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? E por quê? Não obstante, somos incapazes de mensurar-lhe a grandeza teológica.
Excetuando o Senhor Jesus Cristo, nenhum outro personagem da História Sagrada logrou exercer os três ofícios sagrados. Aliás, nem o próprio Moisés que, entre os profetas, foi o maior, galgou semelhante honra. Embora falasse face a face com o Senhor, o sacerdócio não lhe foi atribuído; caberia a seu irmão exercê-lo. Arão, porém, não foi rei, nem profeta Quanto a Davi, foi rei e profeta; sacerdote, não. Melquisedeque, todavia, foi rei, sacerdote e profeta. Mesmo assim, sua biografia, de tão exígua, não pode ao menos ser considerada como tal. Sua teologia, contudo, é tão grande que serviu para tipificar o Messias (SI 110.4).
2. Rei de Salém. Devido à sua importância estratégica, Salém era a cidade mais importante e cobiçável do Oriente Médio. Soldados e comerciantes eram obrigados a transitar por seus termos, quer em suas viagens ao Oriente, quer em suas andanças ao Ocidente. E, dessa forma, refaziam-se na cidade de Melquisedeque.
Ali, detinham-se a ouvir o rei-sacerdote. Ninguém podia igualar-se-lhe à estatura intelectual e teológica. Sem dúvida, o homem mais sábio daquele tempo. Até os reis vinham prestar-lhe vênia. Nesse sentido, era Melquisedeque o rei dos reis daquela região. Conquanto não possuísse exército, sua autoridade moral e espiritual jamais era contestada. Aliás, Salém nem precisava de força armada, porque era a capital da paz; em seus termos imperava a justiça divina.
3. Sacerdote do Altíssimo. A autoridade de Melquisedeque não residia propriamente em sua realeza; fundamentava-se no ofício que exercia. Todos sabiam que, ali, na principal cidade da região, achava-se um homem de Deus. Por seu intermédio, os peregrinos consultavam o Eterno. Até Abraão foi à sua procura, pois sabia que, espiritualmente, havia alguém superior a si. Em que consistia o sacerdócio de Melquisedeque? Não resta dúvida de que era diferente do levítico. Este sobressaía-se pelas oferendas cruentas; aquele tinha como essência o sacrifício único e suficiente de Jesus que, na presciência divina, jazia vicariamente morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Não podemos descartar, porém, a imolação de animais, porque, desde Abel, cordeiros e novilhos eram oferecidos ao Senhor, prefigurando a morte do Unigênito.
Na Epístola aos Hebreus, encontramos uma preciosa descrição do sacerdócio de Melquisedeque:
“Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote perpetuamente. Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos” (Hb 7.1-4). Tao superior era o sacerdócio de Melquisedeque, que até mesmo a tribo de Levi, que se achava nos lombos de Abraão, pagou-lhe os dízimos através do patriarca; “Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão; entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas” (Hb 7.5-6).
4. Profeta do Senhor. Apregoando o conhecimento divino, Melquisedeque precedeu Abraão no ministério profético que, doravante, seria exercido pela nação hebreia. O rei de Salém preparou o caminho do patriarca, a fim de que este viesse a lançar as bases espirituais, morais e éticas do povo de Israel. A teologia de Abraão era melquisedequiana. Antes e depois de Levi, faz-se presente na História da Salvação.
Sem Melquisedeque, o ministério de Abraão seria impossível.
Foi como profeta que o rei de Salém abençoou o patriarca; “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra, e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos” (Gn 19,20). A primeira vista, a bênção parece um enunciado sacerdotal. No entanto, temos aqui também uma alocução profética, realça a importância messiânica de Abraão. Melquisedeque faz parte da comunidade profética que Deus mantinha antes e fora de Israel.
Entre esses homens ilustres, temos Jó, Eliú, Jetro e os sábios que visitaram o menino Jesus. Embora não fossem israelitas, trabalharam para que a missão de Israel tivesse êxito. Balaão também fazia parte dessa comunidade. Infelizmente, o filho de Beor deixou-se enganar pelas riquezas de Balaque, vindo a perecer ao fio da espada (Nm 31.8).
5. Melquisedeque, agenealogatos. Melquisedeque era um homem de Deus, mas não era divino. Embora seja descrito como não tendo pai, nem mãe, nem genealogia, era tão humano quanto Abraão. O que o autor sagrado quis destacar é que, devido à sua importância, sua filiação e naturalidade fizeram-se prescindíveis. Ele não precisou de uma biografia para fazer história, sua atuação foi suficiente.
Se Abraão precisava de uma genealogia que o remetesse a Noé e a Adão, não carecia Melquisedeque de um registro que o ligasse a um ancestral ilustre. O triplo ministério reportava-o, de imediato, ao Filho de Deus; seu ofício era eterno, como eterno é Jesus Cristo. Melquisedeque era um sacerdócio messiânico. Melquisedeque não era divino, mas como homem de Deus era singular. Não era eterno, mas transcendeu o tempo. Sacerdote, foi honrado como rei pelo amigo de Deus. Enfim, era ele um profeta, rei e sacerdote em sua plenitude.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
"Em hebraico malkisedeq ou 'rei da justiça', é mencionado em Gênesis 14.18; Salmo 110.4; Hebreus 5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17. No livro de Gênesis ele é um rei-sacerdote cananeu de Salém (Jerusalém) que abençoou Abraão quando este retornou depois de salvar Ló, e a quem Abraão pagou o dízimo do espólio da batalha. Devido ao mistério que cerca seu repentino aparecimento no cenário da história, e seu igualmente repentino desaparecimento, ele tem sido identificado com um anjo, com o Espírito Santo, com o Senhor Jesus Cristo, com Enoque. Quanto à religião, ele era 'sacerdote do Deus Altíssimo' " (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1247).
CONHEÇA MAIS
*Melquisedeque
"Melquisedeque (que significa 'rei de justiça') era tanto 'rei de Salém' (possivelmente a Jerusalém primitiva), como 'sacerdote do Deus Altíssimo'. Ele servia o único Deus verdadeiro, assim como Abrão. Melquisedeque é um tipo ou uma figura da realeza e sacerdócio eternos de Jesus Cristo." Para conhecer mais leia, Bíblia de Estudo Pentecostal CPAD, p. 54.
"Melquisedeque e seu sacerdócio são exemplo de Cristo e de seu sacerdócio. O sacerdócio de Melquisedeque não estava limitado a raça humana ou a tribo, sendo, portanto, universal. Sua realeza não foi herdada de seus pais. E essa realeza também não foi transmitida a um descendente; e assim ela era eterna. Portanto, Melquisedeque é uma tipologia de Cristo e de seu sacerdócio eterno e universal" (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1247).
Figura de Jesus.
Filho do homem, Jesus tem uma genealogia que, em Mateus, remonta a Abraão (Mt 1.1,2), e, em Lucas, vai até ao próprio Deus (Lc 3.38). Mas, como Filho de Deus, Ele é eterno: não possui genealogia (Jo 1.1-3). Nesse sentido, Melquisedeque é uma figura perfeita de Cristo (Hb 7.1-6).
Isso não significa que Melquisedeque fosse eterno, ou uma pré-encarnação de Jesus Cristo. O que o autor sagrado diz é que este personagem, apesar de sua importância, não possui uma biografia escrita. Moisés foi inspirado a não registrar-lhe o nome dos pais, a idade, a procedência, nem o dia de sua morte.
II. ABRAÃO, O GENTIO
Quando Deus intimou a Abraão a sair de Ur dos caldeus, era o patriarca tão gentio quanto eu e você. Sem dúvida, foi o primeiro não israelita a converter-se formal e historicamente. A partir dai, Deus o separa a uma tarefa, que haveria de mudar o perfil teológico, moral e ético do mundo. Sem ele, o Cristianismo seria impossível.
1. Abraão, filho de Noé. Em Ur dos caldeus, o gentio Abrão, que mais tarde entrará para a História Sagrada como Abraão, era um ben Noah. Um filho de Noé, como qualquer outro oriental. Oriundo da linhagem de Sem, já era agraciado por duas bem-aventuranças. Através de Noé, desfrutava dos favores da aliança que levou o Senhor a salvar o segundo patriarca universal das águas do Dilúvio (Gn 6.18). E, por meio de Sem, detinha o concerto messiânico (Gn 9.26).
Quando de seu chamamento, Abraão não passava de um arameu atribulado e sem muitas perspectivas. Pelo menos, assim professavam os israelitas, no Sinai, em sua peregrinação à Terra de Promissões: “Arameu prestes a perecer foi meu pai, e desceu para o Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa” (Dt 26.5).
Mas, ali, em meio à idolatria que já ameaçava a integridade da grande e diversificada família semita, ouve Abraão a chamada do Senhor: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3).
2. Abraão, cidadão de Ur dos caldeus. Ur era uma das cidades-estado mais avançadas do Oriente Médio. Localizada na antiga Suméria, ficava nas cercanias da atual Tell el-Muqayyar, na província iraquiana de Dhi Qar. E, plantada na foz do rio Eufrates, deveria ser deslumbrante e sedutora. Se levarmos em conta a possível etimologia de seu nome, Ur era a cidade-luz de seu tempo. Uma Paris do Oriente.
Nanna era a padroeira de Ur. Adorada como a deusa lunar, começava a subjugar até mesmo os descendentes de Sem, o filho mais piedoso de Noé. E, sendo ela também a deusa da fertilidade, lançava seus adoradores nos ritos mais devassos e libertinos. Prostituição e adultério eram comuns em seus templos. Mais tarde, ela seria adotada pelos gregos que lhe deram um nome mais afinado aos ouvidos ocidentais: Afrodite.
Os romanos a conheceriam como Vênus. Dessa cidade evoluída economicamente, mas espiritualmente tão involuída, Deus arranca Abraão. Ao ouvir a voz do Senhor, o patriarca deixa o clã paterno e faz-se peregrino: “Partiu, pois, Abrão, como lhe ordenara o SENHOR, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram” (Gn 12.4,5).
3. Abraão, o peregrino. Ao deixar a sua cidade, Abraão não tinha um mapa detalhado da terra que lhe daria o Senhor. Peregrinando em direção ao Ocidente, deteve-se por algum tempo em Padã-Harã. Dai, andeja até Siquém. E, junto aos carvalhais de Moré, o Senhor torna-lhe a promessa mais clara; “Darei à tua descendência esta terra” (Gn 12.7). Diante da promissão divina, o patriarca detém-se entre o já e o ainda. Sim, a terra já é dele; pertence já aos seus descendentes. Todavia, ainda não é o tempo de a possuir. Seus descendentes terão de esperar mais quatro séculos até se apossarem do país onde mana leite e mel. Agradecendo a Deus, Abraão crê, crendo, é justificado. Somente a fé opera semelhantes milagres no coração humano.
III. O ENCONTRO COM MELQUISEDEQUE
Em Salém, dá-se um culto completo ao Deus Altíssimo. Abraão, recepcionado por Melquisedeque, bendiz ao Senhor por uma grande vitória, participa da primeira Santa Ceia e louva ao Eterno com os seus dízimos. E, diante do rei de Sodoma, realça o testemunho irresistível de sua fé em Deus.
1. A crise anunciada. Ao separar-se de Abraão, seu tio, muda-se Ló para a impenitente Sodoma E, lá, segundo depreendemos do texto sagrado, veio a prosperar. Sua influência sobre a cidade era mui considerável. Ló era uma espécie de juiz universal (Gn 19.9). Todavia, jamais se conformou com a degradação moral da cidade. Diariamente, afligia-se “pelo procedimento libertino daqueles insubordinados” (2 Pe 2.7).
Sodoma, apesar de sua degenerescência moral, desfrutava de um admirável desenvolvimento social e econômico. Por isso, era cobiçada pelos reinos da região. Certa vez, alguns desses régulos organizaram-se contra a cidade, conforme registra o autor sagrado: “Sucedeu naquele tempo que Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, fizeram guerra contra Bera, rei de Sodoma, contra Birsa, rei de Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Bela (esta é Zoar)” (Gn 14.1,2).
Nesse investida, Quedorlaomer leva o justo Ló a um cativeiro incerto e cruel (Gn 14.12).
2. A vitória no campo de batalha. Ao saber que o sobrinho fora levado cativo, Abraão não se fez esperar. Arregimenta um exército entre os seus servos, e vai ao encalço de Ló. Sua vitória é espetacular, segundo narra o Gênesis: “E, repartidos contra eles de noite, ele e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco” (Gn 14-15). Seus 318 homens derrotaram o exército mais poderoso da região. Um exército, aliás, que vinha de várias campanhas vitoriosas.
Abraão resgata não somente o sobrinho, como também os demais cativos de Quedorlaomer. Sem dúvida, uma façanha bélica. Um bando de pastores havia derrotado uma poderosa coligação. Como celebrar semelhante triunfo? Dirige-se, pois, o patriarca a Salém, onde já o esperava Melquisedeque.
3. O encontro com o rei de Salem. Não sabemos se até aquele momento, houvera algum encontro entre Abraão e Melquisedeque. De qualquer forma, não poderia haver ocasião mais propícia. Se havia um culto público e testemunhal a realizar, que Salém fosse o santuário. O ato de adoração ao Único e Verdadeiro Deus seria presenciado inclusive por Bera, rei de Sodoma.
Infelizmente, o sodomita não se deixaria enternecer pela manifestação divina. Mais interessado em reaver os súditos, partiu de imediato à sua impenitente e já condenada cidade-estado.
4. A santa ceia em Salem. O pão e o vinho faziam parte do cardápio oriental; eram alimentos básicos. Mas, agora, o pão e o vinho de Salém adquirem um caráter sacramental. A vitória do patriarca, portanto, será comemorada com uma ceia que se faz santa. Observemos como a narrativa sagrada descreve a celebração: “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18). Observemos a precisão da narrativa bíblica. Melquisedeque traz pão e vinho a Abraão na qualidade de sacerdote, e não como rei de Salém. Era, pois, uma refeição sacramental, não um banquete oficial. Conclui-se que o pão e o vinho ali servidos já prefiguravam o corpo e o sangue de Cristo. Levemos em conta, também, que o sacerdócio de Melquisedeque era superior ao de Levi, porquanto messiânico, eterno e universal. O que isso significa? Acima de tudo, que o pão e o vinho, naquele momento, eram mais adequados do que um cordeiro.
5. Abraão dá os dízimos a Melquisedeque. Após a refeição sacramental, Melquisedeque abençoa Abraão. Dessa forma, o sacerdote do Deus Altíssimo agracia o patriarca hebreu: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos” (Gn 14.19,29). Nesse evento, Abraão era ainda Abrão. Mas logo seria ele não apenas um grande pai, mas o pai espiritual de todos os crentes, quer hebreus, quer gentios.
Já no encerramento do culto, Abraão serve a Deus com os seus dízimos. Ao rei de Salém, entrega o melhor de seus haveres (Gn 14.20). Tão liberal mostrou-se o patriarca que, além de não aceitar a oferta de Bera, rei de Sodoma, fez questão de externar materialmente o que, espiritualmente, havia recebido. Até mesmo dos despojos de guerra que estavam em seu poder, deu ele o dízimo (Hb 7.4).
Na verdade, Abraão nenhum despojo quis para si, mas desse mesmo despojo pagou o dízimo ao Senhor pela mão de Melquisedeque.
No pão e vinho que Melquisedeque trouxera a Abraão estava a simbologia da morte de Jesus Cristo, o Cordeiro Imaculado. Mais tarde, o Filho de Deus servirá uma refeição semelhante aos seus discípulos (Mt 26.26-30). Com a morte do Filho de Deus cumpria-se o sacerdócio de Melquisedeque.
CONCLUSÃO
Abraão encontrou-se com Melquisedeque, e foi espiritual e teologicamente edificado. Em Salém, teve uma visão mais clara de seu chamamento. Sabia, agora, que a sua missão ia além do tempo; era eterna. Nele, seriam abençoadas todas as nações da terra por intermédio de Jesus Cristo, seu mais ilustre descendente.
Hoje, através de Cristo, é-nos facultada a entrada ao trono da graça E, agora, podemos adentrar não a Salém terrena, mas a Jerusalém Celeste, cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus.
O começo de todas as coisas - Estudos sobre o Livro de Gênesis - 4º trim.2015
O começo de todas as coisas - Estudos sobre o Livro de Gênesis - Claudionor de Andrade (Livro de Apoio)
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Revista Ensinador Cristão - CPAD - nº64
Dicionário Bíblico Wycliffe
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia Defesa da Fé
Glória a Deus por essas palavras!!!
ResponderExcluirAqui eu aprendi tudo isso sobre Melquisedeque, quanto valor há nessas informações. Glória a Deus por isso. A paz do Senhor! http://plantadospelosenhor.blogspot.com.br
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