“E disse Sara: Deus me tem feito riso; e todo aquele que o ouvir se rirá comigo” Gn 21.6
O nascimento de Isaque é a confirmação da
promessa feita por Deus a Abraão, onde a descendência prometida viria do útero
de uma mulher estéril, de sua esposa Sara. Embora a história de Isaque e de
Jacó fosse contada simultaneamente, pois o relato de Jacó é contado dentro da
história de Isaque (25.19-35.29), as promessas de Deus feitas a Abraão são
repetidas a Isaque (26.3-5), como também para Jacó (28.13-15).
Igualmente, como aconteceu com Sara, o Senhor
abriu a madre da mulher de Isaque, Rebeca, conforme está escrito: “E Isaque
orou instantemente ao SENHOR por sua mulher, porquanto era estéril; e o SENHOR
ouviu as suas orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu” (Gn 25.21). Rebeca, não
concebeu apenas uma vida, mas duas nações.
No capítulo 26, Isaque repetiu o fracasso de
seu pai, Abraão, mentindo sobre a sua esposa (26.6,7), pois ao invés de afirmar
ser Rebeca a sua esposa, ele disse a Abimeleque que ela era a sua irmã.
Entretanto, Deus interviu na história para proteger a descendência do Seu povo
e garantir o cumprimento da promessa feita a Abraão, o seu amigo (Gn 26.11,12).
Isaque era o “bem” mais precioso de Abraão.
Foi com esse “bem” que o Senhor provou a fé de Abraão. Isaque foi exemplarmente
obediente ao seu pai, e não questionou o fato de ser a “oferta” para o
sacrifício apresentado por seu pai a Deus.
O convívio com Abraão, seu pai, ensinou
Isaque a se relacionar com Deus. Sabendo quem é Deus e o quão importante é
viver uma vida que o honre, Isaque foi forjado “aos pés de Abraão”, pois ele
daria prosseguimento à promessa: conquistar a terra de Canaã.
Perceba que, até aqui, Abraão e Isaque
representam aquela fase nômade do povo de Israel. Esse povo não tinha terra,
não tinha casa e não tinha raízes. Viver é o grande desafio diário. Entrava
numa terra, se estabelecia nela e, logo depois, saía, iniciando esse mesmo
ciclo em outro lugar. Mas, em Isaque, esta realidade começa a ser quebrada.
Ele é o filho da promessa. É o filho da livre
e não da escrava. Com essa imagem, o apóstolo Paulo fundamentou a doutrina da
Graça de Deus: “Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava
e outro da livre. [...] Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de
todos nós; porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz,
esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária
são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da
promessa, como Isaque” (Gl 4.22,26-28). Revista Ensinador Cristão - nº64
A promessa divina, ainda que pareça tardia, sempre nos sorri no momento certo e na estação apropriada.
COMENTÁRIO
Deus havia prometido a Abraão um
herdeiro, porém, sua idade e a da sua esposa já eram bem avançadas. Continuar
esperando o cumprimento de uma promessa a essa altura da vida não parecia nada
fácil. Mas, Deus é fiel e vela por sua palavra. Se Deus fez uma promessa a
você, creia que no tempo certo ela se cumprirá. Todavia, Sara querendo resolver
a situação do seu jeito pede que Abraão tenha um filho com sua escrava Agar. A
princípio, parecia que o plano de Sara havia dado certo, porém, depois que o filho
da promessa nasceu, começaram os conflitos. Abraão teve que lançar seu filho
fora. Mas Deus não havia lançado fora Ismael. O Senhor livra o menino e sua mãe
da aflição do deserto e transforma um caso que a princípio parecia de fracasso
e morte, em bênção. Deus abençoou Ismael, mas Isaque era o filho da promessa e
por seu intermédio, Deus cumpriria seu concerto com Abraão.
INTRODUÇÃO
À primeira vista, Isaque parece retraído e
tímido. Ao contrário do pai, Abraão, e do filho, Jacó, sua vida não é marcada
por grandes eventos. Não teve de peregrinar ao Neguebe, nem refugiar-se além do
Nilo. Limitando-se a andejar por Canaã, ali armou suas tendas, criou Esaú e
Jacó, multiplicou os haveres da família e também, ali, ergueu altares ao
Senhor. Ele, porém, viria a destacar-se por uma fé singular e perfeita no Deus
das alianças e pactos eternos.
Embora patriarca, Isaque entrou para a
História Sagrada como o filho da promessa, pois chegara à tenda de Abraão,
quando este já tinha 100 anos, e Sara, 90. Seu nascimento levou os pais a
rirem daquela espera que, ignorando os limites da biologia, evidenciou a
intervenção do Autor da vida. Ele nasceu do ventre amortecido de Sara e do
corpo envelhecido de Abraão. Sim, havia motivos para sorrir do aparecimento
serôdio de Isaque.
Neste capítulo, acompanhemos alguns episódios
que marcaram a vida do segundo patriarca dos hebreus. Veremos que aquele homem
de pouquíssimas e reservadas palavras deixou-nos um eloquente testemunho de fé
e temor a Deus. No campo da fé, nem sempre as palavras dizem muito; as ações,
porém, revelam a intervenção divina em cada passo de nossa jornada a caminho
de Sião.
I. O HERDEIRO QUE NÃO VINHA
Já se haviam passado 24 anos, desde que
Abraão saíra de Ur dos Caldeus. E, apesar da promessa que o Senhor lhe fizera
quanto à posse das terras de Canaã, o patriarca continuava sem herdeiro. Ele já estava com 99 anos, e Sara beirando à casa dos 90. Numa idade tão avançada,
teriam eles ainda o prazer de embalar o próprio filho? Em breve haveriam de
constatar que, para Deus, não há impossível.
1. A promessa de um herdeiro. Num
momento de conjecturas, o Senhor aparece a Abraão, nos carvalhais de Manre, e
promete-lhe que, passado um ano, Sara dar-lhe-á um filho (Gn 18.10). Ao ouvir a
promessa, ri-se a mulher que, ainda formosa, já entrara na menopausa e cujo
útero jazia emurchecido. Ela já não possuía a vitalidade, nem o frescor
requeridos por uma mulher que almeja ser mãe. No campo da fé, nem sempre as
palavras dizem muito; as ações, porém, revelam a intervenção divina em cada
passo de nossa jornada a caminho de Sião.
Repreendida pelo Eterno, ouve uma pergunta
que, claramente, vinha ao encontro de sua desesperança: “Acaso, para o Senhor
há coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14). Portanto, Sara já não teria de
esperar para usufruir as alegrias da maternidade. Agora grávida, a promessa
cumpre-se na gestação de seu unigênito.
2. O nascimento do herdeiro. No tempo
apontado pelo Senhor, eis que Sara dá à luz o herdeiro de Abraão. Na tenda do
patriarca, ouve-se, agora, o choro do filho da promessa, através do qual
viriam heróis, reis e o próprio Cristo (Mt 1.1,2). Ao embalar o filhinho, ela
desvanece: “Quem diria a Abraão que Sara daria de mamar a filhos, porque lhe
dei um filho na sua velhice?” (Gn 21.7).
Sara não sorrira quando da anunciação do
menino? Pois este se chamará Isaque que, na língua hebraica, significa “riso”.
Quanto à velhice de Abraão e de Sara, não nos
esqueçamos de que, naquele tempo, as pessoas ainda eram longevas. Lendo-se o
capítulo 11 de Gênesis, verifica-se que, a partir de Sem, que viveu 500 anos, a
longevidade humana vai gradativamente caindo (Gn 11.11). No final do texto, a
idade dos avoengos de Abraão já não ia além dos 200 anos. Mesmo assim, o
aspecto de um homem de 100 anos, e de uma mulher, com 90, naquela época, não
era nem senil, nem decrépito. Haja vista que Sara, embora haja saído de Ur, aos
65 anos, era de uma beleza estonteante e ainda não havia chegado à menopausa. A
espécie humana, porém, já começava a sentir as condições ecológicas e climáticas
devido ao Dilúvio. Se a idade dos filhos de Adão era contada em séculos, a dos
descendentes de Noé será computada em décadas (Gn 5.27; Sl 90,10).
3. A circuncisão do herdeiro. Abraão
circuncidou Isaque, quando este completou oito dias de vida (Gn 21.4). Foi o
primeiro bebê varão da linhagem hebreia a receber a circuncisão de acordo com o
pacto que o Senhor estabelecera com o patriarca (Gn 17.10-12). O ato reafirmou
a continuidade da chamada patriarcal, que seria caracterizada mais fortemente
em Jacó, pai dos 12 patriarcas.
Circuncidado, Isaque era inserido
liturgicamente na família da promessa. A partir daquele momento, o problema
sucessório de Abraão estava resolvido; seu filho dar-lhe-ia continuidade à
comunidade da fé monoteística que, apregoando uma ética superior, mudaria a
história do mundo.
4. O desmame de Isaque. Se a circuncisão
de Isaque foi motivo de alegria e riso, o que se poderia esperar de seu
desmame? No Oriente Médio, a criança era desmamada aos três anos. O
acontecimento foi marcado por um grande banquete (Gn 21.8). Afinal, o filho da
promessa deixava de ser bebê; doravante, seria olhado por todos como o
homenzinho da família. A celebração, entretanto, teria o brilho esmaecido pelo
mau comportamento de Ismael que, nessa época, já era um adolescente de 14
anos. E isso deixaria Sara muito aborrecida.
"Idade de Noventa e Nove Anos
Abraão agora estava com noventa e nove anos e Sarai já há muito ultrapassara a idade de ter filhos. Mas treze anos após o nascimento de Ismael e vinte e quatro anos depois da promessa original de Deus, o Senhor apareceu a Abraão com uma mensagem e exigência.
(1) Deus se revelou como o 'Deus Todo-Poderoso', significando que Ele era onipotente e que nada lhe era impossível. Como Deus Todo-Poderoso, Ele podia cumprir suas promessas, quando na esfera natural tudo dizia ser impossível o seu cumprimento. Então, seria por um milagre que Deus traria ao mundo o filho prometido a Abraão.
(2) Deus ordenou que Abraão andasse diante dEle e que fosse 'perfeito'. Assim como a fé de Abraão foi necessária na efetuação do concerto com Deus, assim também um esforço sincero para agradá-lo era agora necessário, para continuação das bênçãos de Deus, segundo o concerto feito. A fé de Abraão tinha que estar unida à sua obediência (Rm 1.5); senão ele estaria inabilitado para participar dos propósitos eternos de Deus. Noutras palavras, as promessas e os milagres de Deus somente serão realizados quando o seu povo busca viver de maneira irrepreensível, tendo o seu coração voltado para Ele" (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 56).
II. ISAQUE E ISMAEL
Se Isaque era o filho da promessa, Ismael
estava ali na conta do filho da desesperança e do arranjo carnal. Por isso, o
filho de Abraão com Agar, sentindo-se enciumado com a chegada do meio-irmão,
põe-se a zombar dele. A situação faz-se tão insustentável que Sara, irritada e
incontida, roga ao esposo: “Deita fora esta serva e o seu filho; porque o filho
desta serva não herdará com meu filho, com Isaque” (Gn 21.10).
1. A despedida de Sara e Agar. O desejo
da esposa pareceu duro e desumano a Abraão. O Senhor, porém, acalmou-lhe o
espírito: “Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva;
atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua
descendência” (Gn 21.12). Em seguida, o bondoso Deus reafirma sua bênção sobre
Ismael, pois este também era filho de Abraão: “Mas também do filho da serva
farei uma grande nação, por ser ele teu descendente” (Gn 21.13).
Deus tinha tudo sob controle. Não permitiria
que a sua serva, Agar, viesse a perecer com o filho. E, diferentemente do que
haveria de acontecer entre Esaú e Jacó, tanto Isaque quanto Ismael seriam
abençoados. A bênção messiânica, porém, caberia exclusivamente ao filho da
promessa.
2. A despedida de Ismael. Ao
despedir Agar e Ismael, deu-lhes Abraão tão somente um pedaço de pão e um odre
de água (Gn 21.14). O que era isso para uma jornada num deserto sem fronteiras
e causticante? Acrescente-se, ainda, que mãe e filho não tinham para onde ir.
Naquele instante, dependiam unicamente da providência divina.
Já bebida a água, Agar deita o filho
agonizante e afasta-se para não lhe ver a morte (Gn 21.15,16). Mas neste
momento, brada-lhe o Senhor através de seu anjo: “Que tens, Agar? Não temas,
porque Deus ouviu a voz do rapaz desde o lugar onde está” (Gn 21.17). Deus
jamais nos falta com a sua presença. Basta confiarmos em seus cuidados, e a sua
proteção far-se-á presente.
Ao abrir os olhos, Agar vê uma fonte em pleno
deserto (Gn 21.19). Portanto, não se desespere. Ainda que as suas lutas
mostrem-se renhidas e cruéis, sempre haverá um manancial no deserto. Jesus é a
água da vida.
3. A bênção de Ismael. Em seguida,
diz-lhe o anjo: “Ergue-te, levanta o moço e pega-o pela mão, porque dele farei
uma grande nação” (Gn 21.18). O mensageiro celeste reafirma a Agar a promessa
que o Senhor fizera a Abraão (Gn 17.20; 21.13). O que parecia morte faz-se
vida; o que era maldição torna-se grande bênção. Como está o seu filho? Não o
deixe caído. Tome-o pela mão. Erga-o a uma vida de triunfos.
Mais adiante, o autor sagrado mostra os
êxitos e façanhas de Ismael. Deus era com o menino. Ele cresceu, fez-se hábil
arqueiro e passou a morar no deserto. Obediente à mãe, aceitou de bom grado a
esposa que Agar fora buscar-lhe no Egito (Gn 21.20,21). Ismael gerou doze
príncipes que, espalhando-se pela região da Arábia, fundaram reinos e nações.
III. O APRENDIZADO EM MORIÁ
Que o Senhor queria provar Abraão, em Moriá,
não há dúvida. Todavia, era sua intenção, também, levar o jovem Isaque a um
encontro pessoal e experimental com o Deus de seu pai. Naquele monte ermo e
distante da tenda materna, o menino defrontar-se-á com uma nova fronteira no
campo do conhecimento divino.
1. A provação das provações. Certa
noite, o Senhor ordenou a Abraão: “Toma agora o teu filho, o teu único filho,
Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto
sobre uma das montanhas, que eu te direi” (Gn 22.2). Na manhã seguinte,
madrugada ainda, o patriarca conduz o filho amado ao sacrifício supremo.
O patriarca, todavia, tinha absoluta certeza
de que retornaria do Moriá com o filho, pois aos servos, ordenara claramente:
“Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo
adorado, tornaremos a vós” (Gn 22.5; Hb 11.17-19).
Como bom teólogo, sabia Abraão que, mesmo que
viesse a sacrificar o filho, tê-lo-ia de volta, porque Deus lho havia
prometido. Por isso, escreve o autor da Epístola aos Hebreus: “Pela fé, Abraão,
quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu
unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se tinha dito: Em
Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso
até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o
recobrou” (Hb 11.18-20).
Abraão, pois, escalou o Moriá com serenidade
e confiança. Sabia que, apesar do que viesse a ocorrer naquele monte, Deus lhe
reaveria o filho, pois a promessa não podia ser revogada: em Isaque seria
reconhecida a sua descendência. Mas, como estaria o coração do jovenzinho? Em
que condições emocionais chegaria ao cume da provação?
2. O aprendizado teológico de Isaque. A
primeira lição de teologia que Abraão ensina ao filho é, embora básica,
fundamental e colunar: Deus proverá todas as coisas (Gn 22.8). Por essa razão,
sem nenhum temor, deita-se e deixa-se amarrar, pelo pai, ao altar do holocausto
(Gn 22.9). Ele sabe que, no momento certo, o Senhor haverá de intervir, como
de fato, interveio. Isaque também ouve o bradar do céu, contempla o cordeiro
vicário e, atento, escuta o Anjo do Senhor chancelar ao pai as bênçãos quanto
aos dias futuros.
E, assim, na companhia de Abraão, desce um
Isaque mais confiante nas providências divinas. Antes, conhecia a Deus somente
por ouvir. Agora, já está preparado a enfrentar os desafios de longas e árduas
peregrinações. O Deus de Abraão é também o Deus de Isaque. Se ao escalar o
Moriá, o seu monoteísmo era apenas teórico, ao descer, sua crença no Deus Único
e Verdadeiro é atuantes e prática. Como bom teólogo, sabia Abraão que, mesmo
que viesse a sacrificar o filho, tê-lo-ia de volta, porque Deus lho havia
prometido.
*"O teu único filho
A intenção de Deus não era de que Abraão sacrificasse seu filho. A ordem de oferecer Isaque serviu para provar o quanto ele confiava no Senhor. Contudo, tratava-se também de uma história profética. Deus, que foi tão generoso em permitir que Abraão sacrificasse seu filho, estava desejoso de entregar seu único filho, a quem amava, para garantir a nossa salvação." Para conhecer mais leia, Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, p.38.
IV. UMA NOIVA PARA ISAQUE
Isaque bem que poderia haver tomado uma das
jovens daquela terra por esposa. Entretanto, ele não se enganava com as
cananeias. Idólatras e lascivas, davam-se aos pecados mais grosseiros. Muitas
delas, encerradas em templos pagãos, entregavam-se à prostituição ritual; em
nada diferiam das rameiras que circulavam por Jericó. Como haveria ele, pois,
de esposar uma idólatra? Isaque, porém, estava tranquilo, pois aprendera a
confiar no Deus que tudo provê.
1. Operação Rebeca. Sabendo que Isaque
era um homem espiritual e seletivo, Abraão encarrega seu mais antigo servo de
buscar-lhe uma esposa na Mesopotâmia (Gn 24.1-7). A jornada seria longa,
estressante e cerceada de perigos. Mas o patriarca sabia que, em sua parentela,
ainda havia uma reserva espiritual e ética; não eram poucos os que serviam ao
Senhor.
Na cidade de Naor, o mordomo ora ao Eterno:
“Seja, pois, que a donzela a quem eu disser: abaixa agora o teu cântaro para
que eu beba; e ela disser: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos, esta
seja a quem designaste ao teu servo Isaque” (Gn 24.14).
A moça que assim procedesse revelaria as seguintes virtudes: espiritualidade, gentileza, respeito, disposição e amor ao trabalho. Eis que aparece Rebeca, virgem bela e formosa, preenchendo todos os requisitos.
Embora a jovem tivesse criadas e servas, não
fugia ao trabalho. Em pleno calor do dia, saiu a buscar água. E, quando
solicitada, gentilmente deu de beber não somente ao servo de Abraão, mas a toda
sua cáfila. Em seguida, conduz a comitiva à casa, onde Labão, seu irmão,
oferece-lhes uma calorosa acolhida. Seu amor e serviço foram além da
expectativa do mordomo do patriarca.
Com tantos atributos, Rebeca não teria
dificuldades em assumir a tenda patriarcal, pois a mãe de seu futuro esposo já
era morta. A jovem mostrava-se, em tudo, uma autêntica serva do Deus de Abraão
e Isaque.
2. O casamento de Isaque e Rebeca. O
encontro de Isaque com Rebeca não poderia ser mais espiritual e romântico. Ele
saíra a orar, à tarde, quando avistou a jovem ornando-lhe a comitiva. Depois de
ouvir com atenção o servo do pai, ele a conduz à tenda da mãe, e a toma por
mulher (Gn 24.67). Tão grande era o carinho entre os cônjuges, que não havia
como negar que Isaque e Rebeca fossem casados. Certa vez, ao peregrinar em
Gerar, disse aos homens daquele reino, imitando o pai, que a esposa, na
verdade, era sua irmã. O rei, todavia, não demorou a surpreendê-lo acariciando
a mulher (Gn 26.8,9). Tal intimidade, concluiu logo Abimeleque, não era coisa
de irmãos, mas de gente casada.
"Isaque
O nome dado por Deus antes do nascimento da criança (Gn 17.19) significa 'ele ri', 'aquele que ri', ou simplesmente 'riso'.
Nada é conhecido sobre os dias da infância de Isaque. Em seguida, vemo-lo grande e forte o suficiente para carregar a madeira para o fogo do altar subindo a montanha, não sabendo que ele mesmo seria colocado no altar. A experiência de ter sido amarrado como uma vítima de sacrifício e então liberto pela intervenção divina deve ter afetado profundamente toda a sua vida" (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.989).
Deus tinha planos para Isaque, e mostraria ao jovem que Ele cumpre suas promessas.
V. OS FILHOS DE ISAQUE
Embora apaixonados e românticos, a
felicidade de Isaque e Rebeca ainda não era completa. Ela, à semelhança de
Sara, era estéril. Como, pois, se haveria o casal sem filhos?
1. A oração por um filho. Ao invés de
arranjar um herdeiro através de um ventre escravo, como haviam feito seus pais,
Isaque foi buscar a ajuda de Deus. Ele “orou insistentemente ao Senhor por sua
mulher” (Gn 25.21). E a sua oração foi de pronto respondida. Isaque confiou no
Deus que lhe proviera a esposa e, agora, há de prover-lhe também o herdeiro da
promessa. Através da fé, aprendera a agir no terreno do impossível.
2. Esaú e Jacó. Já grávida de gêmeos,
assustou-se Rebeca com o comportamento dos filhos. Em seu ventre, os bebês
lutavam, numa antecipação profética do que seriam eles no futuro. Diz, então, o
Senhor à mãe atribulada e inconsolável: “Duas nações há no teu ventre, dois
povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o
mais velho servirá ao mais moço” (Gn 25.23).
Esaú, o primogênito, veio à luz coberto de
pelos. Jacó, por seu turno, chegou liso e agarrado ao calcanhar do irmão. A
história de ambos seria marcada por conflitos, inimizades e guerras. O primeiro
fez-se perito caçador. O segundo, homem pacato e reflexivo, aconchegava-se à
tenda da mãe.
Não demorou para que Esaú revelasse toda a
sua profanidade e menosprezo às coisas de Deus. Certo dia, apertado pela fome,
vendeu a Jacó a sua primogenitura por um prato de lentilhas. Enquanto isso, ia
Jacó, influenciado pelos conselhos maternos, fundamentando-se na fé professada
por Abraão e Isaque.
3. Isaque abençoa os filhos. Vendo-se
envelhecido e turvado de olhos, buscou Isaque resolver, de vez, o problema
sucessório da família. Chamando Esaú, diz-lhe: “Agora, pois, toma as tuas
armas, a tua aljava e o teu arco, sai ao campo, e apanha para mim alguma caça,
e faze-me uma comida saborosa, como eu aprecio, e traze-ma, para que eu coma e
te abençoe antes que eu morra” (Gn 27.3,4).
Ao ouvir o diálogo do esposo com o
primogênito, Rebeca trata de instruir o caçula a roubar a bênção do irmão.
Relutante a princípio, aproxima-se Jacó,
fingindo ser Esaú. O pai, que já não enxergava com distinção, enganado, abençoa
profeticamente o enganador: “Deus te dê do orvalho do céu, e da exuberância da
terra, e fartura de trigo e de mosto. Sirvam-te povos, e nações te reverenciem;
sê senhor de teus irmãos, e os filhos de tua mãe se encurvem a ti; maldito seja
o que te amaldiçoar, e abençoado o que te abençoar” (Gn 27.28,29).
Já abençoado, Jacó deixa a tenda paterna. Em
seguida, entra Esaú. O que pode fazer o velho Isaque? Profeta e bom teólogo,
sabe que as palavras que proferira ao filho mais novo eram, na verdade,
palavras de Deus. Jacó, pois, seria abençoado. Quanto a Esaú, restava o choro
amargo de quem sempre desprezara o conhecimento divino, conforme escreve o
autor da Epístola aos Hebreus: “Nem haja algum impuro ou profano, como foi
Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois
sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado,
pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse
buscado” (Hb 12.16,17). Isaque confiou no Deus que lhe proviera a esposa e,
agora, há de prover-lhe também o herdeiro da promessa.
CONCLUSÃO
Deus abençoou de tal forma a Isaque,
que ele veio a tornar-se mais poderoso que os reis cananeus. Era temido,
inclusive, por Abimeleque, soberano de Gerar. Aos olhos dos gentios, ali estava
um homem que sabia como desfrutar dos favores divinos. Isaque era um príncipe
de Deus. Tudo o que fazia vinha a prosperar. Seu gado multiplicava-se e sua
lavoura vingava até mesmo em terras inférteis.
Enfim, Isaque era o bendito do Senhor.
O epílogo de sua vida é descrito não com
palavras de condolência, mas com vocábulos que descrevem o recolhimento dos
justos e íntegros: “Foram os dias de Isaque cento e oitenta anos. Velho e farto
de dias, expirou Isaque e morreu, sendo recolhido ao seu povo; e Esaú e Jacó,
seus filhos, o sepultaram” (Gn 35.28.29).
A vida de Isaque inspira-nos a ter uma
fé mais ativa nas providências divinas. Quando, pois, formos assaltados por
dificuldades e provações, não caiamos no desespero, nem questionemos as
intervenções do amoroso Deus. Humildes e humilhados, caiamos aos seus pés, pois
ele nos provê o necessário para termos uma vida abundante e bem-aventurada em
seus caminhos.
Que o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó
seja eternamente louvado.
Judeus / Árabes / Muçulmanos
Os judeus são descendentes de Isaque, filho de Abraão. Os árabes são descendentes de Ismael, também filho de Abraão. Sendo Ismael filho de uma mulher escrava (Gênesis 16:1-6) e Isaque sendo o filho prometido que herdaria as promessas feitas a Abraão (Gênesis 21:1-3), obviamente haveria alguma animosidade entre os dois filhos. Como resultado das provocações de Ismael contra Isaque (Gênesis 21:9), Sara disse para Abraão mandar embora Agar e Ismael (Gênesis 21:11-21). Isto causou no coração de Ismael ainda mais contenda contra Isaque. Um anjo até profetizou a Agar que Ismael viveria em hostilidade contra todos os seus irmãos (Gênesis 16:11-12).
A religião do Islã, à qual a maioria dos árabes é aderente, tornou essa hostilidade mais profunda. O Alcorão contém instruções de certa forma contraditórias para os muçulmanos em relação aos judeus. Em certo ponto, ele instrui os muçulmanos a tratar os judeus como irmãos, mas em outro ponto, ordena que os muçulmanos ataquem os judeus que se recusam a se converter ao Islã. O Alcorão também introduz um conflito sobre o qual filho de Abraão era realmente o filho da promessa. As Escrituras hebraicas dizem que era Isaque. O Alcorão diz que era Ismael. O Alcorão ensina que foi Ismael a quem Abraão quase sacrificou ao Senhor, não Isaque (em contradição a Gênesis capítulo 22). Este debate sobre quem era o filho da promessa contribui para a hostilidade de hoje em dia.
Leia mais sobre o assunto em Xiitas vs Sunitas - Islamismo
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, procure enfatizar as características de Isaque. Mostre que a sua mansidão "é vista em sua submissão sem resistência a seu pai ao tornar-se o sacrifício sobre o altar de Moriá, e em sua recusa a discutir quando os pastores de Gerar reivindicavam os poços. Ele possuía uma natureza afetuosa, profundamente ligado à mãe, chorando por sua morte, e sendo depois confortado em seu amor por Rebeca. Seu espírito mediador pode ter contribuído para seu afeto expansivo.
Ele era um homem que vivia em contato com Deus. Embora não tenha as visitações dramáticas que foram concedidas ao seu pai, Abraão, Isaque obedeceu aos mandamentos de Deus. O altar, a tenda e o poço simbolizavam os principais interesses de sua vida" (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 990).
Professor, mostre aos alunos que Isaque demonstrou ser um filho obediente, um homem paciente e um marido cuidadoso. Observe algumas das lições que aprendemos com o filho da promessa, Isaque. Se desejar, leia para os alunos e discuta com eles cada lição:
"*A paciência sempre produz recompensas;
*As promessas e os planos de Deus são maiores que os das pessoas.
*Deus sempre cumpre suas promessas! Ele permanece fiel embora nossa fé seja pequena.
*Exercer favoritismo certamente produz conflitos familiares" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 35).
*Exercer favoritismo certamente produz conflitos familiares" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 35).
Judeus / Árabes / Muçulmanos
Os judeus são descendentes de Isaque, filho de Abraão. Os árabes são descendentes de Ismael, também filho de Abraão. Sendo Ismael filho de uma mulher escrava (Gênesis 16:1-6) e Isaque sendo o filho prometido que herdaria as promessas feitas a Abraão (Gênesis 21:1-3), obviamente haveria alguma animosidade entre os dois filhos. Como resultado das provocações de Ismael contra Isaque (Gênesis 21:9), Sara disse para Abraão mandar embora Agar e Ismael (Gênesis 21:11-21). Isto causou no coração de Ismael ainda mais contenda contra Isaque. Um anjo até profetizou a Agar que Ismael viveria em hostilidade contra todos os seus irmãos (Gênesis 16:11-12).
A religião do Islã, à qual a maioria dos árabes é aderente, tornou essa hostilidade mais profunda. O Alcorão contém instruções de certa forma contraditórias para os muçulmanos em relação aos judeus. Em certo ponto, ele instrui os muçulmanos a tratar os judeus como irmãos, mas em outro ponto, ordena que os muçulmanos ataquem os judeus que se recusam a se converter ao Islã. O Alcorão também introduz um conflito sobre o qual filho de Abraão era realmente o filho da promessa. As Escrituras hebraicas dizem que era Isaque. O Alcorão diz que era Ismael. O Alcorão ensina que foi Ismael a quem Abraão quase sacrificou ao Senhor, não Isaque (em contradição a Gênesis capítulo 22). Este debate sobre quem era o filho da promessa contribui para a hostilidade de hoje em dia.
Leia mais sobre o assunto em Xiitas vs Sunitas - Islamismo
Fonte:
O começo de todas as coisas - Estudos sobre o Livro de Gênesis - 4º trim.2015
O começo de todas as coisas - Estudos sobre o Livro de Gênesis - Claudionor de Andrade (Livro de Apoio)
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Revista Ensinador Cristão - CPAD - nº64
Dicionário Bíblico Wycliffe
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Defesa da Fé
O começo de todas as coisas - Estudos sobre o Livro de Gênesis - 4º trim.2015
O começo de todas as coisas - Estudos sobre o Livro de Gênesis - Claudionor de Andrade (Livro de Apoio)
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Revista Ensinador Cristão - CPAD - nº64
Dicionário Bíblico Wycliffe
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
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