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segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

...e agora é Natal! Festa Cristã ou Festa Pagã?

SHALOM ADONAI

Caros irmãos, e então, chegou o Final de mais um ano. Glória Deus por isso!

Com o mês de Dezembro, agitando e colocando o comércio em alta rotação, muitos aproveitam para idolatrar a data 25 de Dezembro.

Observei que nesta data, alias em especial neste mês (dezembro), a população fica tão agitada, tão carismática(?), tão esperançosa, tão amorosa(?). Que nem parece que são as mesmas pessoas!
São pessoas viajando, recebendo parentes, "amigos" pra cá, "amigos" pra lá, mimos, cartões, fantasias, e por ai vai.... Ah, não esquecendo dos Perus, Aves temperadas, Churrascos, Tenders e as incríveis sobremesas. Então, se ouve ao longe a voz de uma crianças: - oba! Festa, presente! era o que eu queria! tem mais? meu videogame! nossa que lindo!
Meu irmão são tantas as expressões que, talvez, nos perderíamos em tantos adjetivos para expressar a alegria de uma data tão comemorativa "o aniversário em Dezembro"!

Então surge a pergunta: mas quem está aniversariando? e logo a resposta: Jesus!


Surge também outro questionamento: Tem certeza?

O que esta data "25 de Dezembro" tem haver com o nascimento de Jesus?
Não querendo ser um desmancha prazer, lhe respondo: NADA! certamente não seria esta a data do nascimento do Filho de Deus!

E com isso, vemos que a chegada desta data ficou mais voltado para comercialização, ganhos exagerados e vendas, muitas vendas e seus lucros exorbitantes!

Vamos deixar bem claro que não sou contra a reuniões familiares, inclusive nesta data, alias, acredito que a população deveria se reunir mais também fora desta data, não ter que esperar o "natal" para realizar esses encontros, não ter que esperar "um ano" para rever um parente querido, não ter que esperar "uma certa data" para abraçar alguém, não ter que esperar "Dezembro" para convidar pro almoço, ou jantar, alguém que tanto ama. Tenho a visão e entendimento que podemos abraçar a qualquer dia, dar um presente em qualquer dia, dizer a pessoa amada palavras lindas todos os dias, convidar para jantar em qualquer ocasião; meu amigo, para que esperar se posso fazer isso a qualquer momento!

Se reunir com pessoas que amamos é simplesmente maravilhoso!


Não quero desencorajar ninguém, mas o natal, 25 de dezembro, data reservada para estar se comemorando o nascimento de Jesus não existe. Na verdade o SENHOR nos orienta (ordena) a relembrar Sua morte, não seu nascimento!. (Êxodo12; Levitico 23:4,5; Números 9:1-5; Mateus 26:1,2; João 28; 1Coríntios 5:7)

ELE espera que os verdadeiros adoradores observem esta orientação: "Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade." 1 Coríntios 5:7,8

Natal! Esta comemoração é, na verdade, uma festa pagã. Mas ouvimos, ano apos ano, que essa data é o nascimento de Jesus. Mas quando vamos buscar a resposta nas Escrituras, não encontramos nada. Não há na Bíblia Sagrada respaldo para tal afirmação e nem tão pouco comemoração; é paganismo, mas quem quer ouvir isso? Poucos, alias, pouquíssimos!

A mídia mostra um momento de deslumbre, de presentes e mais presentes. E o povo? Sendo enganado!

Meu povo peca por falta de conhecimento! Oseias 4.6

Se pensarmos bem, milhões, bilhões de pessoas celebram a suposta data de aniversario de Jesus, mas não lembram, não se incomodam, não observam o dia de Sua morte na cruz. Que hipocrisia!

"E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens." Marcos 7:6,7

ENTÃO NATAL OU SANTA CEIA - NASCIMENTO OU RESSURREIÇÃO

O que quer dizer a palavra Natal?

Natal no dicionário, diz-se do lugar onde alguém nasceu; diz respeito ao nascimento; natalício (relativo ao dia de nascimento).

E o que podemos encontrar nos Evangelhos?

As epístolas e os Evangelhos, foram escritos aproximadamente, segundo historiadores, a  partir de 50 d.C e não fazem menção de festa natalina. A única vez que é descrita uma festa de aniversário, diz respeito a Herodes. A passagem Bíblica diz que o ambiente no palácio naquele dia de festa era tão pecaminoso que ocasionou na morte de João Batista: "Festejando-se porém, o dia natalício de Herodes, a filha de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes, pelo que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse. E instigada por sua mãe, disse ela: dá-me aqui num prato a cabeça de João, o Batista." Mt 14:6,7,8

Sendo assim, com base neste relato Bíblico, podemos presumir que havia na época o costume de se comemorar o dia do nascimento, o aniversario, que por sinal até hoje se comemora.


O aniversário de Jesus não foi comemorado pela Igreja Primitiva e nem consta na Bíblia. O nosso Senhor é de Eternidade em Eternidade, o Deus Trino (Pai, Filho, Espírito Santo), não dá para determinar o dia de seu nascimento pois Ele, sendo Eterno, fica impossível dizer quando começou, onde seria a metade e quando o fim. Jesus não requer aniversario. Ele (Jesus) é a nossa alegria, a nossa Pascoa, o nosso Refrigério, o Sumo Sacerdote, o Profeta, a nossa Salvação, o Noivo esperado pela noiva, o Advogado, o Juiz, e podemos estar com Ele todos os dias, inclusive a Bíblia nos ordena a celebrar a Sua morte e ressurreição. Todos os meses que fazemos menção de Seu sacrifico, nos alegramos com os irmãos ao partir o pão e celebrar a Sua morte até que venha.  I Corintios 11 23-34


Jesus ressuscitou, foi elevado ao céu e está a direita de Deus Pai. Marcos 16:19


Nascimento de Jesus

A data de nascimento de Jesus é muito discutida. Porém, considerando que Jesus nasceu pouco tempo antes da morte de Herodes isto coloca-nos numa data anterior a 4 a.C. Outra ajuda que temos para facilitar a localização da data do nascimento de Jesus foi que este ocorreu quando José foi a Belém com sua família para participar do recenseamento.

Os romanos obrigaram o recenseamento de todos os povos que lhes eram sujeitos a fim de facilitar a cobrança de impostos, o que se tornou numa valiosa ajuda na localização temporal dos fatos, uma vez que ocorreu exatamente 4 anos antes da morte de Herodes, no ano 8 a.C.. Entretanto, os Judeus tomaram providência no sentido de dificultar qualquer tentativa por parte dos ocupantes em contar o seu povo, pelo que, segundo a história, nas terras judaicas este recenseamento ocorrera um ano depois do restante império romano, ou seja no ano 7 a.C.. A data mais provável que podemos encontrar nas diversas pesquisas e através dos historiadores, seria entre Agosto/Setembro e no máximo no inicio Outubro.(pesquisa net)


Quem já pesquisou sobre Israel sabe que 25 de Dezembro é inverno naquela região, e quem ficaria exposto ao frio e ao tempo com o rebanho (suas ovelhas), vejamos Lucas 2:8 "Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho."; os pastores não ficariam no campo numa noite de inverno. No final de Outubro e início de Novembro, os pastores já não vão mais ao campo, porque já é declarado inverno. Cabe ser mencionado, mas Dezembro na realidade seria o mês de numero 10 e não 12, já como o próprio nome diz, "decem", mas isso foi só para despertar nossa curiosidade, em breve revemos este assunto. Roma modificou muitas coisas e, por bem colocar a data de 25 de Dezembro como sendo o dia do nascimento de Jesus. Mas no frio?


Precisamos discernir o que é sagrado e o que é profano.


No período do nascimento de Jesus, ocorreram alguns fatos importantes e destaco o recenseamento. O imperador Octávio César Augusto decretou que todos os habitantes do Império fossem se recensear, cada um à sua cidade natal, isso obrigou José a viajar de Nazaré (na Galileia) até Belém (na Judeia), porque era da casa e família de Davi, a fim de alistar-se (registrar-se) com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz. Lembrando que havia Herodes lançado uma ordem para matar todos os meninos de 2 anos para baixo (era seu desejo se livrar de um possível novo "rei dos judeus").


Aqui eu Aprendi!
Seria um recenseamento para fins tributários ou não? Outro aspecto importante, subir a Jerusalém em um mês frio, em dezembro?
Sabemos que as 03 principais festas judaicas eram/são: a Páscoa (Pães Asmos), o Pentecostes (Colheita ou Semanas), e Tabernáculos (Tendas), que são assim chamadas em Ex 23.14-17; 34.18-23; Deut 16. 1-17; II Cr. 8:13.

Na Primavera a Pascoa hebraico Pesah, no mês de Abib (ou Nisan) - março/abril;

Na Primavera Pentecostes hebraico Shavuotno mês de Sivan - maio/junho

No Outono Tabernáculos hebraico Sucot, no mês de Tishri (ou Tishrei) - setembro/outubro

Em dezembro só existe uma festa que é a dos Macabeus, mais conhecida como festa das luzes (do sol). Quando Jesus nasceu, segundo a historiadores, provavelmente era a Festa dos Tabernáculos.

Subindo a Jerusalém

Qual é o judeu que ascende a Jerusalém em Dezembro? Em Dezembro só existe uma festa que é a festa dos Macabeus, conhecida como Festa das Luzes. Eles subiam, porque Maria era da descendência de Davi e era decreto que os descendentes de Davi todos os anos subissem a Tabernáculos para celebrar. Havia dois eventos especiais: a Festa dos Tabernáculos e o aniversário de Jerusalém. No caminho, em Belém, Jesus nasceu porque isto era profético (Miquéias 5:2). Mas não foi em Dezembro, não foi na festa ao deus sol. Quando Jesus nasceu, segundo a história, provavelmente era a Festa dos Tabernáculos.

Então o que 25 de Dezembro tem haver com o aniversario de nascimento de Jesus? Como já expresso acima, Nada!

Essa data teve inicio com a festa de adoração do sol chamada solstício de inverno. Os pagãos supersticiosos observaram que o sol se movia para o sul e os dias estavam reduzindo. Eles achavam que um dia o sol iria embora de vez, para nunca mais voltar. Então, como forma de impedir essa tragédia e agradar o deus sol, eles promoviam rituais e cerimônias.
  • No mundo Babilônico, o 25 de Dezembro era comemorado como "vitória do deus sol".
  • No antigo império romano a data e a festa ficaram conhecida como Saturnalia festival romano ou Natalis Solis Invicti ( aniversário do sol invencível)
  • Quem popularizou a data como sendo comemoração cristã, foi a Igreja Católica Apostólica Romana em 375 d.C, sob o papado de Júlio I. Os símbolos usados nas comemorações eram praticamente os mesmos dos cultos pagãos. Com a evolução dos anos, outros elementos foram inseridos a festividade natalina que atualmente tem forte apelo comercial.
Esta festa tem uma origem de celebração a falsos deuses “nascidos” na Babilônia, Grécia, Síria, nos países circunvizinhos do Oriente Médio, passando para a Europa, entrando em Roma e na Alemanha. A França comprou a visão, passou para a China e distribuíram para todas as nações da terra como fonte de comércio.

As antigas civilizações egípcias influenciavam todas as outras nações com a ideologia do deus sol. A festa acontecia em Dezembro, um mês de inverno. Era a festa pagã mais celebrada. Eles ficavam esperando a chegada do sol e, pelo ritual, no dia 24, no Oriente, o sol se abriria, e então, poderia haver a celebração porque o deus sol havia se manifestado. Roma adota essa data esperada pelos pagãos, para o nascimento de Jesus; declarou que o Natal seria na viração do dia 24 para 25 de Dezembro. O Imperador Aureliano estabeleceu em 275 que todos os fiéis e não fiéis obrigatoriamente comemorassem o Natal na data que foi estabelecida pelas autoridades romanas. Isto se dava com a comemoração da natividade da festa pagã, ou seja, do sol invicto. Todos deveriam participar dessa manifestação festiva, por isso foi oficializada aproximadamente no ano 336 por Constantino.


Santa Claus ou "Papai Noel" - é uma modificação do holandês "Nikolaas Sant." Foi o quarto bispo católico de Myra, na Ásia Menor, que trabalhava com crianças. Foi canonizado pela Igreja Católica Romana. A cor vermelha da veste é usada por bispos e cardeais da igreja romana e significa: Santa Claus protetor das crianças. Santa Claus também era conhecido como "Kriss Kringle" o mesmo que "Cristo Kindl"  ou "menino cristo". 
Então fica claro que tal adoração é para um santo católico chamado Nicolau, que é Papai Noel.
A aceitação dessa ideia é quase cem por cento, porque cultivaram isso em nossa mente quando éramos crianças. Mas, Deus levantou um povo para desmascarar o inimigo. "desperta tú que dormes levanta dentre os mortos e CRISTO te esclarecerá”.

Que coisa demoníaca esse homem de vermelho e enganando nossas crianças, que adoração a essa ilusão. (ah! se não for o papai ou a mamãe pra trabalhar e conquistar condições financeiras e manter seus lares, sua família)


A quem tu queres rendem adoração, ao Nicolau ou a Jesus?

Quem é a verdadeira Luz do mundo? Este é o tempo de levantarmos a nossa voz e declararmos que Jesus é a Resplandecente Estrela da manhã.


Vamos aproveitar o momento e trazer luz aos pensamentos, fazer ouvir a nossa voz. Preparar sermões onde o centro seja Cristo, nossa Salvação.

Porque nós cristãos temos que calar nossa boca em todo Natal?! 

Você sabia que:

Os Muçulmanos não comemoram o nascimento de Jesus. Embora eles mencionem Jesus no Alcorão (Livro sagrado dos Muçulmanos) a figura mais importante para os Muçulmanos é o profeta Maomé.


No Hinduísmo, por exemplo, Cristo é tido como uma encarnação de Vishnu, uma importante deidade da religião e o natal é, para os hindus, a festa das luzes, quando o nascimento da luz venceu a escuridão.


O Islamismo vê Cristo como uma espécie de profeta, porém não comemora o natal.


Os Testemunhas de Jeová são devotos a Cristo, mas não comemoram o natal por não haver, na Bíblia Sagrada, nada atestando ser este o dia do nascimento de Jesus além de entenderem que festas de aniversário são de costume pagão.


No Budismo, comemorar o natal é reunir os familiares, a celebração não tem nenhum cunho religioso por não se tratar de uma religião cristã e não acreditarem em Jesus Cristo.


Sobre os Ateus e Satanistas só o nome já responde a pergunta em quem acreditam ou melhor, em que está a sua fé(?), crença(?), devoção(?)


Estes exemplos, não comemoram o Natal! deixe-me repetir: Eles não comemoram o Natal, porque para eles o Salvador nunca nasceu e se nasceu alguém a quem chamamos de salvador, esse Alguém para eles não existe!


É hora de juntar as forças e lutar contra a ilusão do natal.


Comemorar Jesus (Emanuel) em nosso meio é maravilhoso, mas não podemos deixar acontecer o sincretismo nas Igrejas. Em nome do 'socialismo', do 'não fazer acepção', do 'devemos nos misturar para ganhar', as coisas estão tomando rumos críticos e caóticos.


Dentro de igrejas estamos vendo o paganismo entrar e os "separados", os "sacerdotes", a "noiva", aceitando, comendo qualquer comida, não discernindo o bem e o mal. Estamos em momentos difíceis e precisamos preservar a Verdade, anunciar as Boas Novas com sabedoria e verdade. Chega de mentiras e enganos, chega de ganancia e exageros em nome do "ser social", este é o tempo de fazer algo diferente e com isso voltarmos ao primeiro amor, ter fome e sede de justiça (de Deus), realizar o sacrifício agradável a Deus, entregar a melhor oferta, deixar de comer migalhas, encarar a verdade, acreditar que tudo posso naquele que me fortalece mas, nem tudo me convêm. Abra os olhos e veja! não se engane!


"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem." João 4:23

Jesus afirmou: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás”. (Mt. 4:10).

A expressão usada pelo Mestre “só a Ele servirás”, indica que Deus é o único (de todo universo) que merece adoração ou ser servido (cultuado, venerado), porque Ele tudo criou.

"Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas" Apocalipse 14:7


NÃO DESVIE A TUA ADORAÇÃO!

Fonte: Cristianismo hoje; Consciência Cristã; alunosonline; Bíblia Apologética; Bíblia Defesa da Fé; Blog Aqui eu Aprendi postagens publicadas


Leia: 


Aqui eu Aprendi!

terça-feira, 29 de maio de 2018

As manifestações do Anticristo e o Dia do Senhor

“Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto” 2Ts 2.2

ANTICRISTO — [Do gr. anti, contra, ou em lugar de, e christos, o ungido] Opositor por antonomásia de Cristo. Também pode significar aquele que se coloca no lugar de Cristo. Lendo a Primeira Epístola Universal de João, temos a impressão de que este personagem sempre esteve presente ao longo da história do povo de Deus: ‘Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora. Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos. Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade. mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho’ (1Jo 18.22)” (ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário de Escatologia Bíblica. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1998, p.22).

Pensar a respeito do futuro leva-nos a uma reflexão profunda sobre o presente, na certeza de que os sinais da vinda do Senhor estão estabelecidos.

Leitura Bíblica em classe - 2 Tessalonicenses 2.1-12

INTRODUÇÃO

O capítulo dois de 2 Tessalonicenses é dedicado à escatologia. Duas questões sobressaem-se: o Dia do Senhor e a figura do Anticristo. A abordagem que Paulo dá a esta temática é diferente daquilo que ele faz em 1 Tessalonicenses. As novas explicações dadas por Paulo manifestam, mais uma vez, o imenso cuidado que o apóstolo tinha para com aquela comunidade, pois ao invés de desistir de esclarecer o tema, ou simplesmente repeti-lo, o coração pastoral de Paulo leva-o a procurar outros argumentos para elucidar as dúvidas, a respeito das últimas coisas, daqueles irmãos.

I. POR QUE FALAR NOVAMENTE A RESPEITO DOS ÚLTIMOS DIAS?

1. Porque esta é uma questão que nunca envelhece.
Paulo demonstra em 2 Tessalonicenses 2.1, que a Igreja Primitiva tinha em seu interior uma oração constante, a qual centrava-se no desejo pela volta do Senhor Jesus. Qualquer igreja que não dedica tempo adequado à reflexão sobre a doutrina das últimas coisas será facilmente envolvida por um discurso imediatista, que defende o resultado a qualquer custo. Nós, contudo, devemos ser guiados pelos princípios da Palavra, os quais apontam para um minucioso processo desenvolvido por Deus ao longo da história. Devemos viver assim como Paulo e seus contemporâneos, pensando e esperando pela vinda do Senhor em nossa geração, mas se assim não acontecer, certamente usufruiremos do maravilhoso privilégio de estarmos preparados para a ressurreição dos santos.

2. Porque alguns falsos ensinos estavam confundindo os irmãos.
Pode-se inferir por aquilo que é dito no versículo dois que havia uma série de informações distorcidas, oriundas de fontes duvidáveis, que estavam confundindo o coração dos irmãos em Tessalônica. As palavras de Paulo tinham como intenção reforçar os fundamentos doutrinários que já haviam sido postos. O apóstolo contrapunha-se ao princípio estratégico de toda heresia: tomar uma parte da verdade, distorcê-la, e transformá-la em uma perniciosa mentira (2Pe 2.1). Os crentes em Tessalônica já tinham ouvido Paulo ensinar-lhes sobre as coisas futuras. Todavia, falsos pregadores, movidos por um maligno sentimento de aproveitar-se da generosidade e cordialidade daqueles novos convertidos, como se verá em outras lições, anunciavam o retorno iminente de Cristo como pressuposto para não trabalharem e viverem às custas de outros.

3. Porque é um tema complexo.
Debater a respeito dos últimos acontecimentos da história da humanidade é um enorme desafio, pois é uma questão sempre apresentada a partir de um olhar profético, envolto por revelações, visões, e por isso, muitas interpretações. Paulo já havia falado muito sobre essas questões com os irmãos em Tessalônica (v.5), mesmo assim era necessário aprofundar ainda mais os debates. A complexidade das questões escatológicas tende a levar as pessoas a dois extremos: ou a um afastamento completo, por meio do qual alguns evitam todo e qualquer debate alegando ser um tema profundo e de difícil tratamento. Outros, por sua vez, vivem fascinados por tais problemas e mensalmente elegem um anticristo. Esses, em todo acontecimento de repercussão mundial, veem um cumprimento profético, etc. Devemos procurar uma postura moderada, especialmente, centrada na Palavra de Deus.

Pense!
O imediatismo de nossos dias tenta nos roubar o direito de fazer uma reflexão profunda a respeito do futuro. Superemos o perigo de uma vida instantânea e lancemo-nos na busca constante e incansável por tudo aquilo que o Senhor generosamente tem nos preparado desde antes da fundação do mundo.

Ponto Importante
Se a igreja contemporânea calar-se a respeito do debate acerca das questões futuras, os ensinamentos heréticos oriundos de grupos heréticos se multiplicarão. Por mais desafiador que seja, nosso compromisso deve ser com o Deus da Palavra.

II. O DIA DO SENHOR

1. Não será previsto por indicações humanas.
Não são predições humanas que indicarão a chegada do Dia do Senhor. Tal evento certamente acontecerá, mas como o próprio Cristo já anunciou, será algo impossível de ser previsto por meio de uma data específica, apesar de falsos profetas tentarem adivinhar o dia (Lc 21.8). Será algo repentino e surpreendente (Mt 24.44). Ao longo da história humana foram várias as tentativas frustradas de indicação do Dia do Senhor. Ao invés de dedicarmos um precioso tempo a supostos cálculos, teorias sobre Israel e outras questões desnecessárias, devemos nos concentrar em manter uma vida piedosa e centrada na vontade de Deus, tal como Paulo orientava os crentes de Tessalônica. Mais importante do que saber o dia e a hora do retorno do Rei é estar preparado para tal momento.

2. O que acontecerá antes.
Paulo esclarece aos tessalonicenses a respeito de alguns acontecimentos que precederão o grande Dia do Senhor, dentre eles os dois principais: aumento exponencial da apostasia e a manifestação plena do Anticristo (v.3). A Palavra de Deus, em vários momentos específicos, aponta para esse processo de retrocesso em diferentes áreas: na espiritualidade de nossa sociedade, aumento de conflitos armados (Mt 24.6); desestruturação familiar (Mc 13.12); processo de dessensibilização dos indivíduos (Mt 24.12). Esses acontecimentos caracterizam a sociedade que presenciará o Dia do Senhor. Todo e qualquer prognóstico otimista é contrário ao que é anunciado pelas Escrituras. Não sabemos o dia nem a hora, mas podemos discernir o tempo: aproxima-se cada vez mais a vinda do Senhor.

3. Será um tempo de juízo para os que não creram na verdade.
O Dia do Senhor aqui é descrito por Paulo numa linguagem muito próxima a do profetismo do Antigo Testamento, tanto com relação à vinda dos povos opressores para o estabelecimento do cativeiro, como num anúncio escatológico (Is 13.6; Jr 46.10; Jl 2.1; Sf 1.14). Ao ser compreendido como momento de estabelecimento da justiça de Deus, o Dia do Senhor tem como inevitável característica da aplicação a sentença do Pai sobre aqueles que, conscientemente, negaram a eficácia da verdade e preferiram o erro. Não se trata de uma destinação prévia à condenação, mas antes, como o emprego da punição requerida por aqueles que arbitrariamente optaram por uma vida sem Deus e sem salvação. O Dia do Senhor certamente virá!

Pense!
A ilusão que grande parte dos movimentos heréticos cria é que, promovendo o anúncio de uma data para o retorno de Cristo, certamente as pessoas preocupar-se-ão em serem mais piedosas. O fato é que se não vivermos como se Cristo voltasse hoje, de nada importa saber que Ele virá amanhã.

Ponto Importante
A decadência moral e espiritual de nossa sociedade é um indício do quê? Na verdade, desde a Queda do homem, a natureza sofre ansiando a redenção e a humanidade luta para manter os resquícios da vida edênica. Não devemos temer o futuro, uma vez que é para a eternidade de alegria que nós caminhamos.

III. O ANTICRISTO

1. Aquele que ousa ser o que não é.
Há na descrição do Anticristo, tanto aqui em 2 Tessalonicenses, como em 1 João e Apocalipse, um conjunto de características que apontam para este espírito de emulação que domina o Anticristo (v.4). Não sendo o Salvador, ele pretende em tudo parodiá-lo: Se a vinda de Jesus é segundo o poder de Deus (Ap 19.11-16), a chegada do Anticristo é segundo a eficácia de Satanás (v.9); se Cristo é aquEle que se chama Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11), o Anticristo vem firmado na operação da mentira e do engano (v.10). Mas também é preciso lembrar que, enquanto o Reino do Senhor estabelecer-se-á para sempre (Sl 145.13), a atuação do Anticristo será desfeita, facilmente, pelo poder da palavra do Altíssimo e pelo esplendor de sua vinda (v.8). O Anticristo busca incessantemente plagiar as ações do Cristo para, uma vez confundindo os incautos, arrebanhar para si uma multidão de alienados, opressos pelo mal.

2. É a materialização de uma espiritualidade decadente.
Ao denunciar a perniciosidade dos ensinos gnósticos que se multiplicavam no seio da igreja no final do primeiro século, especialmente os difundidos por aqueles que haviam sido cristãos, e agora apostatavam da fé (1Jo 2.18-23), João denuncia que já opera entre eles uma mentalidade demoníaca, uma espiritualidade diabólica, a qual o apóstolo denomina de “espírito do anticristo” (1Jo 4.3). A figura apontada por Paulo em 2 Tessalonicenses seria a personificação deste modelo antideus de sociedade, que se estabelecerá diante da vinda do Senhor. É como se, novamente numa nítida paródia de Cristo, no Anticristo se estabelecesse a síntese de toda a malignidade que é possível o indivíduo comportar. De fato, o Anticristo nada mais será que o ícone de uma cosmovisão, o símbolo encarnado do espírito que se opõe a Deus.

3. A operação do Anticristo hoje.
Aquilo que João e Paulo enfrentaram há 2.000 anos estamos enfrentando hoje. Os anticristos continuam em operação entre nós tentando, sistematicamente, desconstruir tudo o que tenha significância e importância para Deus e seu povo na atualidade. Deste modo, os ataques acontecem no campo da educação, das artes, da política, economia, etc. Quantas supostas “igrejas” têm surgido, acobertando e justificando os mais absurdos comportamentos e práticas supostamente em nome de um Evangelho contemporâneo? Ao invés de ficarmos, pateticamente, em busca de denominar o personagem histórico que se revelará como o Anticristo, é melhor denunciarmos as práticas decadentes da espiritualidade anticristã que deseja, de maneira insistente, estabelecer-se em nossa sociedade.


CONCLUSÃO
A reflexão sobre o Dia do Senhor e o Anticristo para a igreja em Tessalônica tinha uma enorme importância comunitária. Foi, provavelmente, por meio de uma heresia escatológica que se estabeleceu naquela comunidade uma celeuma de ordem coletiva. Nunca devemos menosprezar a relevância do ensino da Palavra, por mais desafiador e espinhoso que seja o tema, nosso papel é pregar toda a verdade.


Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil

Aqui eu Aprendi!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Perseverança e Fé em tempos de apostasia

“Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas” Hb 6.12


O autor já havia dito que os crentes deveriam ser mestres, mas em vez disso necessitavam que alguém lhes ensinasse de novo os primeiros rudimentos da fé (Hb 5.12). A vida cristã é dinâmica e exige que o discípulo vá além dos primeiros passos. Mas isso não estava acontecendo com a comunidade com a qual o autor sacro se correspondia. Em vez disso, dava sinais de cansaço, indolência, negligência e imaturidade espiritual, o que poderia trazer como consequência o esfriamento e o fracasso na fé. A graça não é irresistível e nem tampouco incondicional. A apostasia é retratada pelo escritor como algo real e não apenas como um perigo hipotético, por isso, ele mostra que para se evitar decair é necessário perseverança, fé e confiança nas promessas de Deus.

Leitura Bíblia em classe: Hebreus 6.1-15

Contra o perigo da apostasia, a Palavra de Deus revela a necessidade de ânimo e perseverança de fé.

ESBOÇO DA LIÇÃO

1. Introdução
Texto Bíblico: Hebreus 6.1-15

2. I. A Necessidade do Crescimento Espiritual
• 1. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre arrependimento e fé.
• 2. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre batismos e imposição de mãos.
• 3. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre ressurreição e juízo.

3. II. A Necessidade da Vigilância Espiritual
• 1. Apostasia, uma possibilidade para quem foi iluminado e regenerado.
• 2. Apostasia, uma possibilidade para quem vivenciou a Palavra e o Espírito.
• 3. Apostasia, uma possibilidade para quem viveu as expectativas do Reino.

4. III. A Necessidade de confiar nas Promessas de Deus
• 1. O serviço cristão e a justiça de Deus.
• 2. A perseverança de Abraão e a fidelidade de Deus.
• 3. Cristo, Sacerdote e Precursor do crente.

5. Conclusão

A lição desta semana pode ser introduzida por intermédio das seguintes perguntas:
1. É possível o crente regredir espiritualmente?
2. É possível o crente apostatar-se da fé?
3. É possível o crente perder a salvação?

Segundo o teólogo pentecostal J. Wesley Adans, na obra Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, na seção de Hebreus 6.9-20, o autor epistolar encoraja e desafia os primeiros leitores da carta a “progredirem, prosseguindo em esperança e fé com perseverança”. Por que o autor sagrado inicia o capítulo seis assim? Por que o texto de Hebreus seis adverte solene e seriamente sobre a possibilidade de o crente abandonar, isto é, apostatar-se da fé uma vez provada. E com um agravante: além da apostasia da fé cristã, a o perigo da impossibilidade desse crente ser restaurado, uma vez imerso na apostasia.

Sobre o termo “impossível”, conforme consta no versículo 4 do capítulo seis de Hebreus, o teólogo J. Wesley Adans destaca: “a palavra ‘impossível’ (adynatos) ocorre quatro vezes em Hebreus. Em 6.18 ‘é impossível’ que Deus minta; em 10.4 ‘é impossível’ que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados; em 11.6 ‘sem fé é impossível’ agradar-lhe [a Deus]; e aqui (6.4) é ‘impossível’ que os apóstatas sejam restaurados através do arrependimento. Em cada caso a impossibilidade é absolutamente declarada” (p.1574).

Comentário de Hebreus 6.1 -20

Os versículos 11-14 do capítulo 5 retratam os cristãos hebreus como estando ainda na infância da fé. Aqui, o autor vê a urgência de fazê-los avançar nesse processo, pois ele quer tratar sobre a doutrina do sacerdócio de Cristo no capítulo 7. Ele tem consciência de que não será uma tarefa fácil fazer com que seus leitores assimilem o que ele está prestes a ensinar. O autor tem plena convicção de que a doutrina do sacerdócio de Jesus Cristo é de suma importância para O viver vitorioso. Todavia, para que os seus pressupostos e princípios fossem apreendidos, seria necessário ir além dos rudimentos da fé.

“Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus" (v. 1).
A expressão “deixando os rudimentos da doutrina de Cristo’’ não é um convite ao desprezo dos fundamentos da fé. As bases da fé são necessárias; são, porém, os primeiros degraus a serem escalados numa longa escada da vida cristã. Não devem ser o ponto final, mas, sim, o ponto de partida. Esse fato fica demonstrado com o intenso desejo que o autor tem em conduzir seus leitores à perfeição cristã. A palavra grega teleiotês (perfeição) é descrita no léxico de Bauer com o sentido de “maturidade em contraste com o estágio do conhecimento elementar". Embora o teólogo Henry Orton Wiley veja, nessa palavra, uma referência à doutrina da perfeição cristã ensinada por John Wesley, o contexto favorece o alcance de uma maturidade espiritual em Cristo nesta vida, e não que possamos chegar à perfeição completa que é reservada para o outro lado da eternidade.2  O sentido de obras mortas (v.l) deve ser o mesmo de Hebreus 9.14, que é o de uma consciência limpa e que é alcançada através do arrependimento, enquanto a fé em Deus é uma referência à fé cristã como o ingresso na comunidade dos salvos.3

“E da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno" (v. 2).
Em vez de terem crescido em conhecimento espiritual, os crentes hebreus estacionaram. Eles não passaram nem mesmo dos primeiros passos da iniciação à vida cristã. O conhecimento deles limitava-se a um entendimento básico de algumas doutrinas elementares da fé. O autor tinha por certo que seus leitores estavam completamente familiarizados com os rituais por ele descritos. A palavra "batismo” está no plural; sendo assim, é possível que o autor tivesse em mente os vários rituais judaicos de lavamento cerimonial, e não apenas a prática do batismo cristão.4  Tratando-se de uma comunidade formada por judeus cristãos, não seria incomum haver entre eles quem estivesse disposto a querer saber mais sobre esses rituais. O teólogo britânico F. F. Bruce, por exemplo, observa que, em vez de usar o termo grego baptisma, comumente usado para referir-se ao batismo cristão, o autor optou por usar o termo grego baptismos.5  O léxico grego de Bullinger traduz o termo baptismos como o ato de lavar, ablução, com. especial referência à purificação.6  Esse mesmo termo aparece em Hebreus 9.10 e é traduzido pela Nova Versão Internacional como “cerimônias de purificação com água" e “lavar as mãos cerimonialmente" em Marcos 7.4. No contexto do Novo Testamento, a referência à imposição das mãos está associada ao recebimento do Espírito Santo (At 19.6) e à ordenação de obreiros (1 Tm 4.14). Por outro lado, a ressurreição de mortos e o juízo vindouro são doutrinas de natureza escatológica e, por certo, cridas e aceitas por seus leitores.

“E isso faremos, se Deus o permitir" (v. 3).
O autor não nega a importância desses ensinos, e sim os vê como os "fundamentos”, e não como todo o edifício doutrinário. Era, portanto, mister avançar no seu doutrinamento.

"Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo” (v. 4).
O tom exortativo da carta aos Hebreus chega a seu ápice aqui, no versículo quatro deste capítulo. Com a palavra "impossível” (gr. adynatos), o autor dá início a uma argumentação que culmina no versículo 6. Dentro desse contexto, o termo “impossível” é usado em relação àqueles que caíram e não mais podem ser restaurados ao arrependimento. Mas que tipo de queda o autor está-se referindo? Não há dúvida de que não se trata de um desvio qualquer, mas, sim, daquilo que o próprio autor já se referira em Hebreus 3.12 — o pecado da apostasia. A interpretação que afirma que, aqui, o autor se estaria referindo a uma mera hipótese, sem possibilidade de realização, não consegue ser convincente. Da mesma forma, a interpretação que tenta transformar "os iluminados" que "provaram o dom celestial" e que se "tornaram participantes do Espírito Santo” em descrentes ou crentes salvos, porém não regenerados, não se sustenta por razões contextuais, gramaticais e léxicas!

1.    O termo "iluminado” é usado tanto no contexto do Novo Testamento como aqui em Hebreus como se referindo a pessoas salvas (Hb 10.32; Jo 8.12; 2 Pe 1.19)

2.    A palavra grega dorea, traduzida aqui como "dom”, é usada em outras passagens no Novo Testamento. É usada em referência a Cristo, o Espírito Santo ou alguma coisa dada por Cristo. Esse texto, portanto, fala daqueles que experimentam o dom do Filho (Jo4.10; Rm 5.15,17; 2 Co 9.15; E f 4.7) e do Santo Espírito (At 2.28; 8.20; 10.45; 11.17) e que posteriormente caíram.

3.    A expressão “participantes do Espírito Santo” só tem sentido em relação a crentes (Rm 8.9). Hal Harless destaca que os que caíram foram, de uma vez por todas, feitos participantes (metochous genêthentas) do Espírito Santo (Hb 6.4). Esse particípio passivo mostra que Deus fez que eles participassem do Espírito Santo e que isso não partiu deles mesmos. O termo grego metochos significa:
(1) "compartilhando/participando".
(2) "negócios”, “parceiro”, "companheiro”.
O particípio acompanhante favorece o primeiro. Eles participam do Espírito Santo, então eles são regenerados (Rm 8.9, Tt 3.5-7).7

“E provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro” (v. 5).
Os crentes a quem o autor fez referência no versículo 4 também provaram "a boa palavra de Deus” e os "poderes do século vindouro". Esse versículo também só tem sentido quando visto em referência a crentes. Eles já haviam sido iluminados, provado do dom celestial e participado do Espírito Santo. Agora, é mostrado que eles também provaram da palavra de Deus e conheceram as virtudes do século vindouro. Eram, portanto, crentes de verdade.

“E recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério” (v. 6).
O autor alertará que a queda na fé é uma possibilidade real e que, nesse aspecto, a apostasia é um caminho sem volta. Aqui, ele mostra a causa dessa tragédia espiritual. Tanto Bruce como Hughes destacam que o particípio anastaurountas (crucificar de novo) aqui é causal, indicando a impossibilidade de o apóstata arrepender-se e recomeçar de novo.8  Fritz Rienecker (1897-1965) destaca que o particípio paradeigmatizontas (expor à desgraça) soa como um alerta aos leitores para que o mesmo apóstata não volte ao judaísmo, pois, se ele assim o fizesse, não haveria mais condições de refazer sua vida espiritual. Esse fato requereria uma re-crucificação de Cristo e a exposição dEle à vergonha pública.9  William Barclay vê a apostasia aqui como um fato concreto, porém entende que a mesma acontecia no contexto de uma perseguição onde o cristão era desafiado a negar sua fé. Ainda segundo Barclay, o autor queria mostrar que “era a terrível seriedade de escolher a sobrevivência neste mundo à custa da lealdade a cristo. O autor de Hebreus, na continuação, diz uma coisa terrível. Os que cometem apostasia crucificam a Cristo outra vez”.10

“Porque a terra que embebe a chuva que muitas vezes cai sobre ela e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada recebe a bênção de Deus” (v. 7).
O versículo 7 ilustra a vida frutífera do cristão que cresce diariamente na graça e no conhecimento do Senhor.

“Mas a que produz espinhos e abrolhos é reprovada e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada” (v. 8).
Entretanto, por outro lado, o versículo 8 representa a vida do apóstata que produz mau fruto.

“Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos” (v. 9).
Alguns comentaristas usam esse versículo para tentar provar que a apostasia não passa de uma mera possibilidade e que nunca ocorrerá, de fato, com um cristão. Isso, no entanto, é ir além do que o texto está afirmando. Para o expositor bíblico Charles A. Trenthan, o autor precisou usar um tom duro, dando uma sacudida nas convicções de seus leitores, pois observou que eles estavam considerando consigo a possibilidade de apostatar. Trenthan observa que o autor  "acrescenta uma palavra de certeza confortante. Ele usa um termo de carinho e encorajamento e chama-os de amados. Essa é a única vez que ele usa esse termo. Não há romantismo sentimental neste escritor. Contudo, as fortes palavras de advertência agora são suavizadas pela certeza de que, embora eles estivessem pensando em afastar-se de Jesus, na verdade não o fizeram. Não caíram, embora tivessem se demorado demais na cartilha cristã."11

“Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis" (v. 10).
O autor reconhece que esses crentes tinham serviços prestados na comunidade e envia-lhes uma palavra pastoral ao mostrar o cuidado que Deus tinha por eles. Entretanto, a vida cristã é uma caminhada que requer perseverança; por isso, são encorajados a irem até o fim.

“Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança” (v. 11).
Essa perseverança tem em vista a promessa da vida eterna, que é herdada por aqueles que imitam quem andou na senda da fé.

“Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas” (v. 12).
O autor lembra o testemunho de Abraão, conforme registrado em Gênesis 22.16-17, quando este ofertou seu filho a Deus.

“Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo” (v. 13).
Sabendo que os juramentos são importantes para os homens, Deus, por meio de juramento, garantiu a Abraão que ele herdaria as promessas. Essa promessa envolvia a bênção da multiplicação.

“Dizendo: Certamente, abençoando, te abençoarei e, multiplicando, te multiplicarei" (v. 14).
Nesse contexto, essa promessa transcende o aspecto físico e alcança todos aqueles que são descendentes de Abraão pela fé. Quando as promessas foram feitas a Abraão, ele teve que esperar com paciência. Quando Deus fez a promessa de uma grande posteridade a Abraão, este estava com 75 anos. Vinte e quatro anos depois, veio-lhe a promessa de um filho, que foi cumprida um ano depois.

“E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa" (v. 15).
O hebreu Abraão era um exemplo de ânimo, fé e esperança para os crentes hebreus. Pela fé, ele alcançou a promessa e viveu na expectativa daquelas que ficaram para serem realizadas.

“Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda contenda" (v. 16).
Deus deu a Abraão uma garantia legal de que sua palavra seria cumprida.

“Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento” (v. 17).
Neil R. Lightfoot observa que a intenção do autor é mostrar que a promessa de Deus não vacila. Ela é sólida, irrevogável. Mas, para mostrar a Abraão que, de fato, a sua promessa seria cumprida, deu a sua palavra como garantia.12

“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta” (v. 18).
Se Deus prometera, Ele cumpriria. Se Ele jurara, seu juramento seria mantido. Esse era o fundamento de quem firma sua esperança em Deus.

“A qual temos como âncora da alma segura e firme e que penetra até ao interior do véu" (v. 19).
A esperança do cristão é como uma âncora que está aportada no interior do santuário celestial, isto é, além do véu onde Jesus encontra-se.

“Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (v. 20).
Cristo adentrou primeiramente nesse santuário celestial porque ele é o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque.


Podemos confiar nas promessas do Senhor, pois à luz da perseverança de Abraão e da fidelidade de Deus, nos chegamos a Cristo, o sacerdote e precursor do crente.


O capítulo 6 de Hebreus contém uma das mais fortes exortações encontradas em todo o Novo Testamento — a necessidade de perseverança e vigilância para não se decair da fé. O processo da salvação não se dá de forma mecânica e nem compulsória, mas se firma na entrega e aceitação voluntária a uma dádiva divina. A tudo isso temos que responder com amor, cuidado e zelo (1Co 10.7-13). Essa exortação de forma alguma deve levar-nos ao medo, pavor ou pânico, mas conduzir-nos a confiar inteiramente no Senhor que é poderoso para guardar-nos até o dia final.


Leia também:

Notas
1 BAUER, Walter. A Greek-English Lexicon o f the New Testament and other Early Christian Literature. The University of Chicago Press, Chicago, EUA.
2 GUZIK, David. Hebrews - Verse by Verse Commentary. Enduring Word Media, Santa Barbara, CA, EUA. O próprio John Wesley não queria que seu ensino sobre a perfeição cristã fosse mal compreendido: “Não é que hajam alcançado de todo o que alcançariam, nem que neste sentido sejam perfeitos. Senão que diariamente vão de poder em poder; 'mirando’ agora ‘como um espelho a glória do Senhor', são ‘transformados de glória em glória, como pelo Espírito do Senhor” (WESLEY, John. Works, 11:379).
3 BRUCE, F. F. La Epistola a Los Hebreos. Libros Desafio, Grand Rapids, Michigan EUA.
4 Hipólito de Roma (170-235 d.C) observou que algumas comunidades primitivas praticavam o batismo no domingo, mas exigiam que os batizandos tomassem um banho na quinta-feira anterior. (ROMA, Hipólito. Tradição Apostólica de Hipólito de Roma. Editora Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro). Essa prática descrita por Hipólito revela que, desde muito cedo, alguns grupos afastaram-se do modelo bíblico ensinado no Novo Testamento sobre a prática do batismo. Esse fato é claramente percebido na Didache ou o Ensino dos Doze Apóstolos, uma obra não canônica e datada do I século. Essa obra revela o afastamento do ensino neotestamentário sobre a forma batismal quando instrui a sua prática por aspersão: "Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente. Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". (DIDACHE- Ensino dos Doze Apóstolos. Editora Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro).
5 BRUCE, F. F. BRUCE, F. F. La Epistola a Los Hebreos. Libros Desafio, Grand Rapids, Michigan, EUA.
6 BULLINGER, Ethelbert W. A Critical Lexicon and Concordance to the English and Greek New Testament. Zondervan Publishing House, Grand Rapids, Michigan, EUA, 1975.
7 HARLESS, Hal. Fallen Away or Fallen Down? - The meaning of Hebrews 6.1-9. Chafer Theological Seminary.
8 RIENECKER, Fritz. Chave Linguística do Novo Testamento Grego.
9 Idem. pp. 506.
10 BARCLAY, William. Hebreos - Comentário al Nuevo Testamento. Editorial CLIE, Barcelona, Espanha.
11 TRENTHAN, Charles A. Hebreus - Comentário Bíblico Broadman. JUERP, Rio de Janeiro.
12 LIGHTFOOT, Neil R. Hebreus - comentário vida cristã. Editora Vida Cristã.

Fonte:
Livro de Apoio – A Supremacia de Cristo - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus - José Gonçalves
Lições Bíblicas 1º Trim.2018 - A supremacia de Cristo - Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus - Comentarista: José Gonçalves

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