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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Os Discípulos são comissionados por Jesus

“E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem e para curarem toda enfermidade e todo mal” Mt 10.1

“Evangelização e responsabilidade social
O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco com um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como ‘um corpo-alma em sociedade’. Portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Se amarmos o nosso próximo como Deus o amou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total, o bem-estar do seu corpo, da sua alma e da sua sociedade. [...] É verdade que o Senhor Jesus ressurreto deixou a Grande Comissão para a sua Igreja: pregar, evangelizar e fazer discípulo. E esta comissão é ainda a obrigação da Igreja. Mas a comissão não invalida o mandamento, como se ‘amarás o teu próximo’ tivesse sido substituído por ‘pregarás o Evangelho’. Nem tampouco reinterpreta amor ao próximo em termos exclusivamente evangelísticos” (STOTT, John R. W. Cristianismo Equilibrado. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1995, p.60,61).

O Evangelho deve ser proclamado, independente da aceitação ou não das pessoas.

Texto Bíblico - Mateus 10.1-15

INTRODUÇÃO

Jesus escolheu e preparou doze homens para serem seus primeiros discípulos. Depois de comissionar e orientar quanto à missão deles, o Mestre os revestiu de poder para realizarem sinais que comprovariam as Boas-Novas do Evangelho e a chegada do Reino dos Céus.

A missão destes primeiros discípulos era levar a paz a todas as pessoas, expulsar os espíritos imundos e curar as enfermidades e todo mal (Mt 10.1). O Mestre orienta os discípulos, mostrando como deveriam proceder ao chegar e ao sair das casas ou cidades. Jesus também ensina a respeito das consequências que sofreriam aqueles que não recebessem os discípulos e nem escutassem as suas palavras (Mt 10.14).

I. OS DOZE DISCÍPULOS E A PROCLAMAÇÃO DO REINO DOS CÉUS

1. A preparação.
Mateus dedica um bom espaço do texto Sagrado para trazer um dos principais discursos de Jesus, conhecido como o Sermão do Monte (Mt 5-7). Nele há auxílios para quem se dispõe a ter uma vida solidificada na rocha e ser uma testemunha do Reino.

Depois do Sermão do Monte, começa então a segunda parte do Evangelho de Mateus e no capítulo dez temos o discurso de Jesus chamado de “Sermão Missionário” (Mt 10).

Antes do comissionamento dos doze discípulos, Mateus narra uma série de sinais miraculosos realizados por Jesus (Mt 8,9). Ele descreve um total de dez curas e atos de poder realizados por Jesus e a constatação de que o campo de trabalho, a seara, é grande, mas que poucos são os ceifeiros.

Tendemos a acreditar que os sinais feitos por Jesus ninguém mais poderia fazê-los, mas na verdade Ele estava capacitando e treinando seus discípulos para milagres ainda maiores. Jesus chamou os doze, os treinou para depois comissioná-los.

2. O comissionamento dos doze.
Diferente do judaísmo institucionalizado, Jesus escolhe dentre o povo doze homens comuns, simples e das mais diversas origens. Entre eles estavam pescadores, como também membros de grupos opostos (grupo dos zelotes - coletor de impostos). Manter um grupo de pessoas com conhecimentos e perspectivas tão diferentes em um grupo coeso e eficiente exige esforço, paciência e muito treinamento.

Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas registram a eleição dos doze, mas cada um dá uma ênfase diferente (Mt 10.1-4; Mc 3.13-19; Lc 6.12-16). O que coincide na lista sinótica e que todas começam com Pedro, o líder, e termina com Judas, o traidor. Diferente dos demais evangelistas, Mateus coloca a relação dos doze discípulos no início de uma seção a respeito de missão.

Depois de um bom tempo juntos e auxiliando Jesus a ensinar, curar e expulsar demônios, agora os discípulos recebem a incumbência de cumprir a missão que lhes foi confiada sem a supervisão direta do Mestre.

3. Compaixão para proclamar o Reino dos Céus às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.5-7,9,10).
Um dos principais exemplos que Jesus deixou para seus discípulos é a compaixão pelo povo sofrido da Galileia e sul da Síria (Mt 9.35-38). O termo bíblico judaico para compaixão era rahamin que tem o significado de amor materno. Jesus demonstra que é com esse amor que os discípulos deveriam amar aqueles a quem iriam anunciar o Evangelho.

Neste momento específico, a prioridade na evangelização eram as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.6). Esta era uma estratégia específica e temporária. Outra recomendação importante é que os discípulos não deveriam se preocupar em levar bens materiais ou riquezas (Mt 10.9,10). Quem está trabalhando na Seara do Mestre deve agir como um soldado (2Tm 2.3,4), pois quando o combatente é convocado e vai para uma guerra ele só pode carregar suas armas e o essencial para sua sobrevivência.

Ponto Importante
Antes de comissionar os discípulos, Jesus os capacitou. Ele investiu seu tempo e paciência para ensiná-los como deveriam cumprir a missão que lhes foi confiada.

II. SINAIS E MILAGRES ACOMPANHAM OS COMISSIONADOS (Mt 10.1,8)

1. Os discípulos recebem poder.
Jesus não tinha ciúmes ou medo de que seus discípulos se sobressaíssem, pois sua visão era de crescimento do Reino dos Céus. Seu objetivo era a libertação dos oprimidos e enfermos. Aprendemos com o Mestre que quando o líder investe em seus subordinados e estes cumprem sua missão com êxito, o líder que os instruiu também é honrado. Este é o segredo da boa liderança, investir e treinar bem os liderados. Mateus afirma que Jesus deu poder aos discípulos para expulsar os espíritos imundos e curar toda espécie de enfermidades. A autoridade para realizar os sinais foi transferida de Jesus para os discípulos. Eles receberam o poder diretamente do Filho de Deus, como parte integrante do plano divino de anunciar a salvação. Os doze receberam uma grande responsabilidade acompanhada de uma grande honra.

2. A mensagem dos discípulos deveria ser a mesma de Jesus.
A pregação dos discípulos deveria ser a mesma de Jesus (Mt 4.17), mas além da mensagem do Reino, eles necessitariam atender quatros imperativos: “curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos e expulsai os demônios” (Mt 10.7,8). Como representantes de Cristo, os discípulos estariam desafiando o poder imperial romano e religioso, por isso, estariam também correndo perigo, como o Mestre deles.

Acompanhar Jesus de perto e ser um discípulo era um privilégio e uma honra, mas também exigia disciplina e responsabilidade. Por isso, o Mestre relaciona uma série de recomendações a seus discípulos, dispostos a proclamar o Evangelho (Mt 10.7-17).

3. Os discípulos não poderiam utilizar o poder recebido em benefício próprio.
Os discípulos haviam recebido poder para realizar sinais em nome de Jesus, mas também receberam uma advertência séria, pois não poderiam usar o poder recebido em benefício próprio, ou ter pagamento algum em troca. Eles receberam o poder de graça e de graça deveriam anunciar o Reino dos Céus.

Ponto Importante
Os discípulos foram honrados ao serem comissionados, a exemplo de grandes figuras do povo de Israel do passado, como Moisés, Davi, Isaías e Jeremias.

III. NEM TODOS ACEITAM A MENSAGEM DO REINO (Mt 10.11-15)

1. A paz de Deus.
Os discípulos são recomendados a oferecer a paz de Cristo a “todas as ovelhas perdidas da casa de Israel” (v.6). No contexto, a casa considerada digna é aquela em que o proprietário recebe voluntariamente a oferta da paz por meio do Evangelho. Nesse caso, se convidado, o discípulo deveria entrar e se hospedar o tempo necessário para anunciar as Boas-Novas. Na cultura atual é difícil entender essa prática de se hospedar pessoas desconhecidas, mas na época de Jesus era algo bem comum. O fato de depender da boa vontade das pessoas para se hospedar de forma gratuita na casa de um desconhecido também exigia humildade dos discípulos, pois nem todas as pessoas têm essa propensão e se propõe a fazer isso. Por isso, a necessidade da ação do Espírito Santo na vida daqueles que realmente estão comprometidos com o Reino dos Céus.

2. Lidando com a rejeição.
Jesus orientou os discípulos mostrando que algumas pessoas iriam rejeitar o Evangelho e ignorá-los. O próprio Jesus era um exemplo de rejeição e submissão a situações de humilhação. Todavia, também era um exemplo a ser seguido, pois não desanimava diante dessas dificuldades e mantinha seu propósito de fazer a vontade de Deus. No versículo (v.14) aparece uma expressão que não é costumeira para a cultura contemporânea: “sacudi o pó dos vossos pés”. Tal declaração é uma forma de demonstrar que o proprietário da casa visitada, que rejeitou o Evangelho, é responsável pela sua atitude. Jesus estava preparando os discípulos para que eles aprendessem a lidar com as rejeições sem se magoarem e perderem o propósito, pois cada um é responsável pelas suas escolhas.

3. Não desanime diante da recusa das pessoas.
O crente não deve desanimar quando as pessoas rejeitarem a pregação do Evangelho. Quem rejeita hoje poderá aceitar amanhã, pois as pessoas mudam, as condições e as experiências também. Quem convence o homem do pecado, da justiça divina e do juízo é o Espírito Santo, a nós cabe somente anunciar o plano da salvação, orar pelos enfermos e os oprimidos do Diabo. Infelizmente, haverá pessoas que nunca aceitarão a mensagem da salvação. O discípulo que passa por uma experiência dessas, não deve achar que ele é o responsável pela recusa da pessoa. Não devemos nos preocupar, de forma demasiada, pelas decisões erradas das pessoas, pois o crente não pode mudar ninguém e nem impor às pessoas a salvação, mas oferecê-la gratuitamente e com amor.

Ponto Importante
A salvação é oferecida gratuitamente a todas as pessoas e não deve ser imposta. Cada pessoa é responsável pelas suas escolhas.


CONCLUSÃO

Nesta lição aprendemos que Jesus antes de comissionar seus discípulos para a missão evangelizadora, os capacitou. O Mestre outorgou poder aos discípulos para que estes fizessem os mesmos sinais que Ele fazia. No entanto, Jesus recomendou aos discípulos que não usassem esse poder em benefício próprio, mas sempre em favor do Reino. Aprendemos também que Jesus orientou os discípulos a alcançarem primeiramente as ovelhas perdidas da casa de Israel, mas Ele os advertiu de que nem todos aceitariam a mensagem do Reino, pois a responsabilidade da escolha é pessoal.



SUBSÍDIO
“Mateus 10.6”
‘As ovelhas perdidas da casa de Israel’, as ovelhas, as que estão perdidas, são mencionadas aqui pela primeira vez em Mateus. Jesus está expressando compaixão e não censura. John Bebgel comenta que Jesus diz ‘perdido’ e assemelhados mais frequentemente do que ‘desviado’ e assemelhados. ‘Se a nação judaica pudesse ser levada ao arrependimento o novo tempo despontaria’.

“Mateus 10.14”
‘Sacudi o pó dos vossos pés’. ‘Sacudir’, um gesto vigoroso de desfavor. Os judeus tinham preconceitos ardentes contra as menores partículas do pó pagão. A questão não era a existência de germes no pó. Tal fato não se conhecia na época. Os judeus consideravam que qualquer coisa relacionada aos gentios estava contaminada com a putrescência da morte. Se os apóstolos fossem maltratados, eles tinham de tratar os impiedosos donos da casa como se eles fossem gentios (cf. Mt 18.17; At 18.6) Essa instrução também era restrita a esta excursão, com seus perigos peculiares.
(ROBERTSON, A. T. Comentário Mateus & Marcos: À luz do Novo Testamento Grego. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2016, p.118).


Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

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