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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O perigo da falsa religiosidade

“Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição?” Mt 15.3


Professor(a), a hipocrisia é um tema que precisa de uma atenção especial, pois infelizmente, existem pessoas em nosso meio com atitudes semelhantes as dos escribas e fariseus. Elas querem impor, por falta de conhecimento bíblico e doutrinário um jugo pesado e impraticável que acaba afastando as pessoas do Evangelho. Muitos, como os fariseus e publicanos até têm um discurso eloquente, mas não se comportam de maneira adequada na igreja ou na sociedade em geral. Muitos estão envergonhando o Evangelho e a Igreja, por isso, um debate bem conduzido a respeito do assunto poderá contribuir para chamar a atenção dos jovens para a necessidade de vivermos uma vida íntegra e coerente diante das pessoas e de Deus. Pois sem santidade ninguém verá o Senhor.

Os fariseus e escribas se preocupavam tanto em observar as tradições dos anciãos (recomendações de homens) que acabavam por desprezar a Lei de Deus.

Texto Bíblico: Mateus 15.1-17

INTRODUÇÃO

Quando o assunto é falsa religiosidade, não podemos deixar de falar dos escribas e fariseus, pois com suas práticas religiosas, eles cometiam muitas injustiças e lançavam fardos pesados sobre os outros. Estes, erroneamente, trocaram a religião pura, a comunhão com Deus, pela mercantilização da fé. No capítulo 15 de Mateus, vemos os escribas e fariseus acusando os discípulos de Jesus de transgredirem as tradições dos anciãos (v.2). Devido ao comportamento hipócrita deles, Jesus os chama de “condutores cegos”, que guiam outros “cegos” a reproduzirem suas condutas hipócritas (Mt 15.14).

Quanto mais Jesus se aproximava de Jerusalém, maior era a severidade dos confrontos com as facções religiosas judaicas que não suportavam ouvir os ensinos de Jesus.

I. A INJUSTIÇA DA FALSA RELIGIOSIDADE (Mt 15.1-9)

1. As acusações injustas dos escribas e fariseus (vv.1,2).
Jesus e seus discípulos estavam na terra de Genesaré pregando as Boas-Novas, curando os enfermos que eram trazidos de todas as localidades (Mt 14.34-36). Enquanto isso, alguns escribas e fariseus vindos de Jerusalém para observá-lo e achar algo errado para acusá-lo, perceberam que os discípulos de Jesus comiam sem lavar as mãos. No entanto, o que os incomodava não era a falta de higiene, mas sim a questão cerimonial, a tradição. A Torá previa alguns procedimentos quanto à pureza ritual (Lv 11-15; Nm 5.1-4). Todavia, a questão levantada pelos escribas e fariseus não constava nela, mas sim na tradição dos anciãos. Portanto, eles acusaram Jesus e seus discípulos injustamente. A tradição deles na verdade era acréscimo feito pelos homens e não por Deus.

2. Os acusadores eram na verdade os transgressores (vv.3-9).
Os escribas e fariseus acusavam as pessoas de transgredir as tradições dos anciãos como se eles fossem os seres mais honestos e puros do universo. No entanto, Jesus os repeliu e mostrou que eles estavam equivocados e o quanto eram hipócritas. Então, o Mestre questiona o fato de eles transgredirem os mandamentos de Deus (v.3).

Jesus repreende os fariseus e escribas afirmando: “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus” (v.6). Jesus cita a lei mosaica em que os filhos deveriam honrar o pai e a mãe (o quinto mandamento), cuja penalidade para tal transgressão era a morte. Mas, para não atenderem as necessidades materiais de seus pais alegavam que o bem que possuíam era Corbã, isto é, oferta ao Senhor (Mc 7.11). Segundo A. T. Robertson (Comentário Mateus & Marcos — CPAD) “os rabinos permitiam que o filho infiel fizesse a mera declaração dessa palavra para deixar de usar o dinheiro necessário para o sustento do pai ou mãe”. Na verdade os acusadores é que eram os verdadeiros transgressores da Lei de Deus.

3. O profeta Isaías já havia reprovado a falsa religiosidade (vv.7,8).
Jesus exorta seus acusadores e demonstra que eram eles que estavam burlando a lei de Moisés por ganância. O Mestre chama os fariseus e escribas de hipócritas e afirma a atitude errada deles citando Isaías 29.13. O profeta Isaías já havia, por diversas vezes, reprovado a falsa religiosidade do seu povo. Ele afirmou que seu povo adorava a Deus somente com palavras, mas o coração deles estava bem longe do Senhor.

II. A CEGUEIRA DA FALSA RELIGIOSIDADE

1. A cegueira espiritual dos escribas e fariseus (v.14).
Jesus não se intimidou diante dos fariseus e dos escribas. Ele os exortou de forma segura e eficaz, chamando-os de cegos e condutores de cegos. Os fariseus e escribas se apegavam tanto a questões secundárias e irrelevantes (tradições humanas) que se privavam das questões primárias, a observância da Lei divina. Na realidade, o que os incomodavam era a popularidade, o reconhecimento e o respeito que Jesus e seus discípulos vinham conquistando diante da população. Os testemunhos dos feitos de Jesus se espalhavam rapidamente e todos queriam ouvir e ver a Jesus. Os líderes religiosos, com suas tradições, discursos monótonos e repetitivos já não chamavam mais a atenção do povo.

2. A dificuldade de Pedro em compreender o ensino de Jesus.
Os discípulos, em alguns momentos específicos, também tiveram dificuldades para entender os ensinos de Jesus. Pedro, tomando a palavra, perguntou a Jesus: “Explica-nos essa parábola” (Mt 15.15). Interessante como o apóstolo Pedro não se preocupava em declarar publicamente que não havia compreendido. Ele estava certo, pois quem quer aprender tem que perguntar e não pode se importar com a reação das pessoas. Muitas pessoas deixam de aprender por receio de perguntar.

Jesus fica admirado com a atitude de Pedro e diz: “Até vós mesmos estais ainda sem entender?” (v.16). De acordo A. T. Robertson (Comentário Mateus & Marcos — CPAD) os discípulos “ainda estavam sob o ‘encanto’ da perspectiva teológica dos fariseus”. Por isso, a dificuldade de entendimento. Então, Jesus explica para eles que o que contamina o homem é tudo aquilo que procede do seu interior, coração (Mt 15.18,19). Diferente dos escribas e fariseus, que ouviam Jesus ensinar, mas não queriam aprender, pois seus interesses e hipocrisia impediam que seus “olhos fossem abertos” para entender a mensagem do Reino, os discípulos realmente desejavam compreender e aplicar às suas vidas o ensino do Mestre.

3. O que contamina o homem é o que procede do coração (Mt 15.17-19).
Jesus explica aos discípulos que o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que procede do seu coração. É do interior do homem que provêm os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. As práticas, os ensinos errôneos e perversos dos escribas e fariseus ainda influenciam muitos religiosos na atualidade, pois infelizmente ainda há pessoas que valorizam mais as tradições humanas que a infalível e inerrante Palavra de Deus. Jesus deixa claro que a falsa religiosidade contamina o homem e não o comer sem lavar as mãos. O Mestre rebate duramente o ritualismo hipócrita dos fariseus e escribas e a falsa santidade e espiritualidade deles.


Google images - Jesus purifica templo
III. A MERCANTILIZAÇÃO DA FÉ E DA ADORAÇÃO PELA FALSA RELIGIOSIDADE (Mt 21.12-17)

1. Os falsos religiosos transformaram o Templo em covil de ladrões (v.13).
Ao entrar no Templo, Jesus fica indignado quando vê o comércio que se havia estabelecido no pátio dos gentios, área que ficava na parte externa do Templo e era aberta a judeus e gentios. Era neste local que se dava a venda de animais que seriam utilizados nos sacrifícios, porém os cambistas se utilizavam disso para explorar os fiéis. Quem se beneficiava com o monopólio das vendas eram os sacerdotes e levitas, já que o comércio de animais gerava muito dinheiro. Mas Jesus expulsa os cambistas do Templo e para isso utiliza os textos de Isaías 56.7 e Jeremias 7.11. O propósito dEle era restaurar a verdadeira finalidade do Templo: a oração e a adoração.

2. Os falsos religiosos querem calar o louvor genuíno (vv.15,16).
Jesus também aproveita a ocasião para curar cegos e coxos que foram ter com Ele no Templo. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal, “Davi proibiu que os cegos e coxos entrassem no Templo”. Mas, o Filho de Deus reverte este preceito legal, mostrando que a Casa de Deus é para acolher a todos.

Logo depois, Mateus relata que alguns meninos, talvez admirados com os milagres de Jesus, com a sua ousadia e justiça o adoraram clamando: “Hosana ao Filho de Davi” (v.15). Ao ouvir o louvor dos meninos, a raiva dos principais dos sacerdotes e escribas se acentua ainda mais, e eles então tentam envergonhar a Jesus. Eles questionam Jesus a respeito do procedimento das crianças. Mas, para a surpresa deles, o Mestre responde a eles utilizando o Salmo 8.2.

O texto de Mateus nos mostra duas situações antagônicas: de um lado os cambistas e líderes do Templo que lucravam com o uso indevido das tradições religiosas; do outro, as crianças oferecendo o perfeito louvor ao Filho de Deus pela libertação dos excluídos (cegos e coxos) e a restauração da ordem na Casa de Deus.


CONCLUSÃO

Nesta lição, aprendemos a respeito da falsa religiosidade, fazendo uma análise das atitudes errôneas dos escribas e fariseus. Estes acusaram os discípulos de Jesus de não cumprir as tradições religiosas. Entretanto, o Mestre os exorta mostrando o quanto eles estavam errados ao darem mais importância às tradições humanas do que as Leis de Deus. Aprendemos também que Jesus purificou o Templo, expulsando os cambistas e reprovando a atitude gananciosa dos líderes religiosos que fizeram da Casa de Deus um covil de ladrões.



SUBSÍDIO I
“Mateus usa a palavra ‘então’ (tole) para unir a demanda dos fariseus e escribas (mestres da lei) da lavagem cerimonial (v.2) como relato de curas no final do capitulo 14, no qual as pessoas cerimonialmente imundas tocavam Jesus para serem curadas. O termo tole é uma das palavras de transição favoritas de Mateus. Das cento e sessenta vezes que aparece no Novo Testamento, mais de cinquenta ocorrem no Evangelho de Mateus. A ‘tradição dos anciãos’ era a composição de regulamentos designados a ampliar a lei mosaica e facilitar guardá-la. Conforme a tradição, os fariseus se lavavam depois de estar numa multidão, no caso de eles terem tocado uma pessoa cerimonialmente imunda; a questão para eles não era saúde ou higiene. Preocupando-se mais com a pureza cerimonial do que com a cura de doentes, eles consideravam Jesus e os discípulos violadores imundos da lei (cf. Mc 7.3,4, que explica esta tradição para uma audiência gentia).

Jesus não responde diretamente a acusação dos fariseus, antes, nivela as próprias acusações contra a deles. Ele faz nítida distinção entre os mandamentos de Deus e as tradições bastante modernas dos inimigos, que não observavam as questões mais importantes da lei. Ele questiona as pressuposições e procedimentos operacionais padrões e mostra como suas tradições sabotavam a Lei de Deus por fins egoístas” (ZRRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal:Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.96).


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SUBSÍDIO II
“A purificação do Templo é descrita de forma vívida. Jesus expulsou todos os que vendiam e compravam no templo (Mt 21.12) — hieron, a ‘área do Templo’, compreendia cerca de vinte e cinco acres. No Pátio dos Gentios havia um mercado onde ovelhas e bois eram vendidos para os sacrifícios (cf. Jo 2.14). Como a Lei especificava que esses animais deveriam ser ‘sem mácula’ (Êx 12.5) era mais seguro comprá-los no mercado do Templo que era dirigido por parentes do sumo sacerdote. Tudo que fosse comprado ali seria aprovado. Da mesma forma, seria inconveniente para os peregrinos da Galileia trazer animais em uma viagem tão longa. Aqueles que eram demasiadamente pobres para oferecer uma ovelha tinham permissão de substituí-la por uma pomba (Lv 12.8). Todo o dia era realizada uma animada venda desses animais.

Os cambistas também colhiam seus frutos. Todo judeu adulto tinha que pagar uma taxa anual de meio siclo ao Templo (cf. Mt 17.24). Mas esse pagamento deveria ser feito com a moeda fenícia. Como o dinheiro que os judeus usavam habitualmente era grego ou romano, isso queria dizer que a maioria das pessoas precisava trocar o seu dinheiro. Os sacerdotes tinham permissão de cobrar algo em torno de 15 por cento para fazer essa troca. Edersheim acredita que somente essa taxa poderia alcançar uma soma entre 40.000 a 45.000 dólares por ano, isto era, uma renda exorbitante naquela época” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 6. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006. p.146).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

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