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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Rute: Deus honra o trabalho pela Família

[...] Bendito seja o SENHOR, que não deixou, hoje, de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel” Rt 4.14

Rute, Deus trabalha pela família

Rute era uma moabita que casou com dois homens judeus. O primeiro, que posteriormente faleceu, Malom, filho de Noemi (Rt 1.2). O segundo, Boaz, um parente do marido de Noemi (4.3). Na lei, mais especificamente em Deuteronômio 23.3,4, havia uma proibição expressa de os judeus aceitarem moabitas em sua comunidade: “Nenhum amonita ou moabita entrará na congregação do SENHOR; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação do SENHOR, eternamente. Porquanto não saíram com pão e água a receber-vos no caminho, quando saíeis do Egito; e porquanto alugaram contra ti a Balaão, filho de Beor, de Petor, da Mesopotâmia, para te amaldiçoar”. É possível que a geração de Noemi desconhecesse essa lei, pois se tratando do período dos juízes, uma característica dessa geração era desconhecer a Lei de Deus.

Entretanto, a opção de Rute chama atenção de qualquer estudioso ou leitor do livro. Num contexto em que se achava sua sogra, um momento difícil sob o ponto de vista político e econômico, seria natural que Rute tomasse a mesma decisão que a da sua irmã, Orfa. Sem marido, sem herança e na pobreza, por que não voltar para sua terra natal e estabelecer uma nova família de dentro do seu povo original?!

Mas Rute renunciou o seu próprio povo para ficar com outro estranho para ela. Isso significou trocar a cultura do seu povo pela do outro povo, deixar o deus da sua casa e reconhecer o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. O resultado da devoção de Rute a Deus e a sua consideração por Noemi, sua sogra, foi a providência de um remidor, Boaz, que a remiu e assumiu toda a responsabilidade marital com Rute. O que significava naquele tempo sobrevivência pessoal e da descendência da família.

No Evangelho de Mateus, Rute, a moabita, é mencionada na genealogia de Jesus (1.5). É muito interessante, que além de Raabe, uma ex-prostituta de Jericó, apareça a moabita Rute oriunda de uma cultura pagã e idólatra. É a prova de que Cristo Jesus veio como o salvador de qualquer ser humano e que a sua graça é capaz de alcançar o mais vil pecador.

A história de Rute nos mostra o quanto Deus guia os passos dos que desejam servi-Lo com verdade. Embora vivendo um contexto de escassez e fome, Deus trouxe provisão à necessidade de Rute. A história dessa grande mulher nos estimula a vivermos uma vida de devoção sincera a Deus, sabendo que o Pai é grande o bastante para abençoar o esforço das nossas mãos e a sinceridade da nossa fé. (Revista Ensinador Cristão nº68 pg.40)

Deus abençoa o trabalho, a fé e a persistência da família que o serve.

Leitura Bíblica: Rute 1 1-14

Nesta lição, estudaremos a história de uma família que enfrentou a crise da fome, do luto e da desesperança. É a história de três viúvas: Noemi, Orfa e Rute. Elas enfrentaram momentos terríveis. Porém, duas delas não se deixaram abater pelas dificuldades. Com fé, inteligência, lealdade, persistência e esperança, venceram dificuldades. É uma história de trabalho, provisão e resgate.

"Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubins." Provérbios 31.10

O livro de Rute se torna especial dentro do período em que Israel não tinha rei e a liderança do povo estava a cargo de juízes, que orientavam o povo acerca da terra, da espiritualidade e da família israelita. Uma história que teve o seu ponto de partida ainda em terra estrangeira. Houve bons juízes, mas houve péssimos juízes que provocaram divisões, crueldade, apostasia, guerra civil e vexame nacional perante as outras nações. Na verdade, a história de Rute começou em terra estrangeira, na terra de Moabe, onde ela, uma moabita, se casa com um efratita de Belém, na Judeia. Por algo misterioso da parte de Deus, havia um desígnio especial para a vida de Rute, que ela mesma não conhecia e nem podia imaginar. O seu “deus”, antes, era um “deus moabita”; depois, ela conhece o Deus de Noemi e do seu marido, e se torna uma serva de Jeová, o Deus de Israel.

Rute ganha notabilidade por ter um caráter exemplar, uma generosidade e uma fé no futuro que a sua sogra Noemi não tinha. Segundo a história de Israel, ela notabilizou-se especialmente por ter sido mãe dos melhores reis de Israel. Rute era uma estrangeira moabita que entrou na vida de Israel por seu casamento com um judeu vindo de Belém para Moabe por causa da escassez daquela terra. Dois anos depois de casada com Malon, morreram o seu sogro Elimeleque, o seu marido e o marido de Orfa, casada com Quiliom. Os três homens daquela família morrem e deixam viúvas, Noemi, Rute e Orfa.

A partir de então, inicia-se uma das mais belas histórias bíblicas em que exalta o amor e a virtude de uma mulher moabita chamada Rute. É a história de um drama familiar de luto, subsistência e desesperança. É a história de uma crise generalizada de pobreza, doença, viuvez e morte. Nesse drama se destaca a tenacidade de Rute, que foi capaz de superar as dificuldades com atitudes de fé, inteligência, lealdade, persistência e esperança. É uma história que exemplifica o trabalho como o modo de suprir as necessidades primárias, mas, acima de tudo, confiando no Deus de toda provisão.

A CRISE ECONÔMICA NA TERRA DA JUDEIA

A Escassez que Provocou Fome na “Casa do Pão”
“Casa do pão” é o significado do nome “Belém Efrata”, mas toda a região de Canaã estava afetada pela escassez de grãos, especialmente trigo e cevada. A escassez da terra, ressecada, sem chuva, não conseguia dar frutos e sementes, e o povo começou a passar necessidades. O texto de Rute 1.1 diz literalmente: “houve uma fome na terra”, isto é, toda a terra da Judeia estava escassa. Faltava-lhes não só os alimentos básicos de subsistência das famílias que viviam na região, mas a terra estava desolada. Toda essa situação resultava da má liderança dos últimos juízes de Israel, que abandonaram o Senhor e tornaram-se egoístas e idólatras. Esses fatos aconteceram entre 1268 a 1251 a.C., aproximadamente.

Belém, a “casa de pão”, estava vazia, sem o pão que representava o sustento físico e material do povo. A cidade deixou de ser um celeiro de grãos para ser um lugar de escassez e fome. Havia carestia e seca por toda a parte na terra de Canaã. Mediante a displicência dos líderes e do povo de Israel para com Deus, subentende-se que a fome era a disciplina de Deus ao seu povo por tê-lo abandonado e trocado por outras crenças pagãs (Lv 26.18-20; Dt 15,23,24). Naquele tempo, Israel afastou-se da comunhão com Deus e chegou a aderir aos ídolos pagãos. Nem todos agiam do mesmo modo, mas a disciplina era para todos.

A Crise de uma Família
Naturalmente, todas as famílias daquela terra foram afetadas e não foi diferente com a família de Elimeleque, sua esposa Noemi e seus filhos Malom e Quiliom. Elimeleque, certamente pai responsável pelo sustento da família, tomou uma decisão e a sua atitude foi a de mudar-se daquela região e procurar um lugar onde pudesse sustentar a família. A crise econômica era um fato consumado e atingia a todos. Elimeleque agiu rápido e resolveu buscar solução para a subsistência da família em outro lugar. Em vez de ficarem parados, decidiram ir para a terra de Moabe, seguindo o caminho que lhes parecia mais racional, as terra planas daquele lugar estrangeiro.

Como qualquer outro homem de Israel, Elimeleque conhecia ao Senhor, mas não buscou sua orientação para a decisão que tomou. Preferiu agir por conta própria, sem qualquer orientação da vontade de Deus para a sua vida. De fato, achou que não precisava de Deus naquela decisão, e tal atitude é sempre uma ameaça a uma vida de fé. Ao chegarem aos campos de Moabe, Elimeleque entendeu que estaria livre para resolver seus problemas sem precisar recorrer a Deus, mas a experiência não foi fácil. Em vez de encontrar pão, encontrou enfermidades e privações. Depararam-se com a morte e não conseguiram escapar de outras crises. Enfermidade, morte e viuvez envolveram a vida dessa família, e só restaram Noemi, a mãe, e seus dois filhos, Malom e Quiliom. Essa crise produziu na alma de Noemi uma amargura enorme. Não demorou muito tempo, seu marido falece e ela nada pode fazer. Os dois filhos, Malom e Quiliom, se enamoraram de duas jovens moabitas e casaram com elas, brilhando uma nova esperança no coração de Noemi. De repente, os dois filhos são acometidos por enfermidades e ambos morrem. Não se sabe do espaço de tempo entre uma morte e outra, mas deixaram suas esposas na viuvez. Agora eram três viúvas que, no contexto da época, teriam enormes dificuldades de sobrevivência.

A lição que aprendermos nessa história é que, quando vivemos pelas aparências e não por fé, podemos sofrer consequências graves. Revoltamo-nos com Deus e o culpamos pelos nossos próprios pecados.

SUPERANDO AS CRISES EXISTENCIAIS

O que São Crises Existenciais?
Para entender o que se passou com Noemi e Rute, é preciso entender o significado de experimentar uma crise existencial. Segundo especialistas, “crise existencial é um momento no qual um indivíduo questiona os próprios fundamentos de sua vida: se esta vida possui algum sentido, propósito ou valor”. Outra definição diz que “crise existencial é um estado emocional em que o ser humano vê a própria vida sem sentido ou significado”. Foi essa a experiência vivida por Noemi, que, tendo perdido o marido e seus dois filhos, em sua viuvez não via outra coisa senão a mão pesada de Deus contra ela. Rute foi mais forte, mas viveu um momento de amargura e dúvida a rondar sua cabeça sem ver alguma luz no final do túnel. Contudo, Rute foi capaz de não se deixar dominar por sentimentos negativos e ainda amenizou a amargura de sua sogra, ficando com ela e lhe dando toda a atenção e carinho.

A Crise Doentia de Noemi
Noemi chegou a um ponto de sua vida pessoal em que não via nenhuma saída racional para solucionar seu dilema. Ela estava vivendo a falta de perspectiva do que fazer para mudar aquela situação. Parecia ter chegado a um “beco sem saída” para sua vida física, emocional e até mesmo espiritual, porque havia perdido a esperança. Nossa visão da vida quando nos deparamos com crises se torna embaçada e limitada. Mas podemos superar essas crises com uma atitude de fé no Deus de toda provisão e declarar como o apóstolo Paulo, ao dizer aos romanos perseguidos em Roma: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31).

A Crise Momentânea de Rute
Vivendo o drama da solidão e da falta de recursos para subsistir, Rute teve uma crise mais leve que sua sogra Noemi. Ora, Noemi fora dominada por um sentimento de solidão. Rute chegou a ter momentos de esmorecimento ante o desafio de ter que arranjar alguma coisa para a subsistência delas duas. Noemi via a Deus como aquEle que a abandonou. Disse ela às duas noras viúvas: “[...] porquanto a mão do Senhor se descarregou contra mim” (Rt 1.13). Seus sentimentos tornaram-se amargos e não esperava mais nada, senão a morte. Porém, sua nora Rute foi capaz de superar as crises de sua casa e da sua sogra com uma visão de esperança, paciência e tenacidade para superar todas as dificuldades que viviam (Rt 1.16). Rute demonstrou possuir um caráter modelar, pois, sendo uma estrangeira e tendo uma formação pagã, ela foi sábia o suficiente para que a sua crise fosse passageira.

Noemi Decide Voltar à sua Terra
Noemi teve boas notícias da sua terra. Ouviu que o Senhor havia derramado de suas misericórdias para com o seu povo e que a terra recebeu chuvas, e o plantio de sementes de trigo e cevada frutificou, dando outra vez pão ao seu povo (Rt 1.6). Ora, Noemi, viúva, não estava só, porque suas noras moabitas, Orfa e Rute, também viuvas, ainda estavam com ela.

Noemi resolve voltar à sua terra na Judeia, pois a notícia de que a sua terra estava outra vez produzindo grãos em abundância encheu de esperança a Noemi. Até então, foram dez anos de luta e escassez na terra de Moabe. Tudo o que lhe restara era tomar o caminho de volta à sua terra na Judeia.

Noemi estava envelhecida; por isso, resolveu liberar suas noras Orfa e Rute para que voltassem às suas famílias de origem em Moabe (Rt 1.8). Orfa aceitou a liberação de sua sogra Noemi e voltou para sua família, mas Rute resolveu ficar com sua sogra (Rt 1.14-17). Noemi, não entendendo as razões do seu sofrimento até então, acreditava que Deus a estivesse castigando com todas as suas agruras vividas, mas não podia imaginar o plano presciente de Deus em todas aquelas circunstâncias. Aprendemos com o apóstolo Paulo que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28, ARA).

Roger C. Palms, um associado das cruzadas de Billy Graham, contou a experiência de “um homem que foi forçado a aposentar-se antes do tempo, devido a problemas cardíacos; porém, tinha absoluta consciência de que Deus sabia exatamente o que estava acontecendo e ainda tinha suas mãos divinas sobre ele. Entendeu que Deus o estava libertando de compromissos a fim de trabalhar com enfermos hospitalizados e com pessoas idosas. Foi o início de um ministério inteiramente novo, e ele se sente muito feliz”. Noemi não podia entender o que Deus estava reservando para a sua vida dali para a frente, porque Deus não nos abandona em circunstâncias adversas. Nem ela nem Rute podiam perscrutar o futuro reservado por Deus para suas vidas.

Rute Renuncia aos Deuses dos Moabitas e se Converte ao Deus de Israel
Foi uma reviravolta na vida de Rute. O seu amor por Noemi a fez conhecer o Deus verdadeiro, poderoso e invisível a quem Noemi servia. Ela não podia imaginar que seria mãe dos melhores reis de Israel, destacando-se Davi, na mesma linhagem que revelou Jesus, filho de Davi. Seu amor pela sogra e sua dedicação a ela tinham a ver com o conhecimento que tivera do caráter de Noemi, a despeito de todo o sofrimento que havia passado; ela fez parte da família. Quando Noemi a liberou para voltar ao seio de sua família, Rute declarou de coração aberto a ela: “o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). Rute teve um gesto de amor exemplar para com Noemi. Sua convivência com Noemi a levou a conhecer o Deus de Noemi. Rute descobriu que o Deus de sua sogra era um Deus Vivo, que é Espírito e Verdade, e que supre as necessidades dos seus servos. Rute se apegou à sua sogra não só pelos laços familiares, mas também pela fé no Deus de Noemi.

FÉ E TRABALHO NUMA NOVA PERSPECTIVA DE VIDA

Noemi decidiu retornar à Palestina, a Belém, levando consigo Rute. As duas empreenderam uma viagem difícil para aquele tempo que distava do lugar onde habitavam uns 160 quilômetros. Tiveram que atravessar montanhas íngremes e de difícil acesso. Viajaram, não se sabe por quais meios de transporte, e suportaram as intempéries climáticas seguindo em frente. Mesmo com as dificuldades da viagem, Noemi e Rute não desanimaram até chegar a Belém Efrata (Rt 1.19).

A Bíblia diz que “o justo viverá da fé” (Rm 1.17; Hc 2.4) para que aprendamos a confiar inteiramente em Deus. Quando Noemi e Rute empreenderam a viagem para a Judeia, havia uma nova esperança em seus corações. Era uma esperança de restauração de vida e de fé. Rute se tornara uma mulher de fé e disposta a superar a crise de subsistência com confiança em Deus.

Noemi e Rute Chegam à Terra do Pão
Quando Noemi e Rute chegaram a Belém, era o começo da colheita da cevada e do trigo, e Noemi pôde constatar que o Senhor havia visitado o seu povo, dando-lhe pão em abundância. Entenderam as duas mulheres que não passariam mais fome, mas que, de algum modo especial, elas estariam provisionadas de trigo e cevada.

Entretanto, a chegada das duas mulheres viúvas alvoroçou a cidade de Belém, e os antigos conhecidos de Noemi queriam saber o que havia acontecido com sua família. Noemi ainda era uma mulher amarga com as duras experiências passadas em Moabe e preferia ser chamada “Mara”, cujo significado no hebraico é “amarga” (cf. Ex 15.23). Noemi sabia que a sua volta como mulher pobre, sem marido, era o fruto do pecado de tomar decisões precipitadas sem consultar a Deus. Além de ter permitido seus filhos se casarem com mulheres pagãs. Ela tinha consciência do seu pecado, mas nunca foi capaz de reconhecer isso e confessá-lo a Deus.

Noemi sabia apenas reclamar, considerando-se vítima daquela situação; por isso, achava-se ser uma pessoa de vida amarga que havia saído com recursos financeiros, mas volta completamente pobre. Sua queixa se resumia a declarar que o Todo-Poderoso, o “El-Elyon”, o “EI-Shaddai”, o Deus Onipotente, parecia tê-la abandonado. Entretanto, o Deus El-Elyon não é vingativo nem se compraz no sofrimento do seu povo. Acima de tudo e apesar de tudo, Ele estava no comando da vida de Noemi para um propósito maior do que ela jamais podia imaginar. Sua humilhação e tristeza foram transformadas em alegria e recuperação das perdas até então.

Rute Ajuda Noemi a Recuperar sua Autoestima
A grande bênção na vida de Noemi foi ter Rute consigo nessa trajetória da vida. Quando elas chegaram a Belém, toda a cidade se comoveu por elas por causa da sua pobreza. Noemi ainda estava cabisbaixa e com sinais de amargura, culpando a Deus pelo seu estado de pobreza (Rt 1.20), ainda que soubesse que estava colhendo o fruto de seus erros juntamente com seu marido quando foram para Moabe (Rt 1.21).

Porém, Deus permitiu que a estrangeira convertida ao Deus de Israel se tornasse o canal da bênção de recuperação para Noemi. Rute deu uma demonstração de carinho e amor por Noemi que a fez entender que ainda havia esperança. Elas haviam chegado no “principio da sega das cevadas” (Rt 1.22), ou seja, quando a colheita de cevada estava começando.

Em Moabe a situação era precária; mas agora, em Belém, havia esperança de “não faltar nada” para ambas. Rute usou sua perspicácia para suprir a necessidade da casa sem precisar roubar ou matar. Ela apenas agiu com ética e respeito, e fez Noemi entender que Deus cuidaria delas e não faltaria nada. Sua atitude de ânimo contribuiu para que Noemi levantasse a cabeça e melhorasse sua autoestima.

Rute Trabalha com Afinco Apanhando Espigas
Não há dúvidas de que a providência divina daria às duas mulheres a oportunidade de restaurar a situação precária com que chegaram à cidade. Noemi e Rute não sabiam que faziam parte de um projeto divino, com o qual se cumpririam as promessas de Deus feitas a Abraão (Gn 12.1-3). Com a experiência dessas mulheres aprendemos que, se quisermos que Deus trabalhe em nossa vida e participe de todas as nuances imprevisíveis da nossa trajetória, precisamos cumprir os requisitos que viabilizam os seus propósitos.

Rute aprendeu que a relação com Deus envolve fé, e a fé sem obras é morta (Tg 2.20). Ela acreditava que Deus a amava porque o recebeu como Deus e Senhor de sua vida, então supriria suas necessidades. Sendo estrangeira, ela estava numa posição bastante vulnerável. Por isso, precisava agir com cautela quando resolveu ir para um campo de cevada que pertencia a um parente de Elimeleque. Ela tinha que agir reconhecendo-se pobre, e, por isso, podia ajuntar espigas que os segadores deixavam para trás na sua colheita. Era uma prática permitida e concedida aos pobres pela lei mosaica (Dt 24.19-21).

Nosso país vive um momento de crise econômica, e a falta de trabalho, ou seja, emprego, é uma realidade vivida pelo povo. Mas as pessoas que querem trabalhar buscam, de algum modo, algum trabalho que lhes dê condições de sobrevivência.

Rute não cruzou os braços esperando que os alimentos lhe viessem às mãos. Ela, com fé e disposição para trabalhar, saía cedo de casa e passava o dia inteiro juntando espigas até juntar um tanto suficiente que pudesse levar para casa. Sua diligência no trabalho e sua perseverança em ajuntar espigas e grãos chamou a atenção de Boaz, o dono daquele campo. Boaz ficou admirado com a simpatia e a disposição daquela jovem que não media esforços para conseguir grãos para ela e sua sogra Noemi. O trabalho dignifica o trabalhador, e Rute demonstrou sua lealdade e beneficência para com sua sogra.

Rute É Honrada pelo Trabalho no Campo de Boaz
Ainda que viúva, Rute era uma mulher livre e desimpedida. Ela podia casar-se outra vez. Numa manhã, quando foi ao campo para juntar espigas depois que os colheiteiros tivessem colhido o principal da colheita daquele campo, Rute, confiante e disposta para um dia de trabalho, não podia imaginar que encontraria o dono do campo, que se chamava Boaz. Ele ficou admirado por essa mulher e até certo ponto enamorou-se dela, mesmo não tendo dito qualquer palavra. Era um homem respeitável, e ela tinha atitude modesta, mas achou graça perante ele (Rt 2.2,10,13).

Boaz era um homem bom e temente a Deus. Procurava ser justo com seus empregados (Rt 2.4). Ao perceber o esforço daquela mulher, Boaz perguntou aos seus trabalhadores quem era ela. Ao ter informações acerca de Rute, discretamente Boaz procurou ajudá-la, ordenando aos seus homens que fossem amáveis com ela e não a aborrecessem, porque se tratava de alguém especial.

Rute se dispôs a trabalhar pelo seu sustento e da sua sogra Noemi (Rt 2.7), e foi convidada por Boaz a que colhesse o seu trigo e cevada seguindo os homens e outras mulheres que trabalhavam para ele, mas colhesse apenas do seu campo, não fosse a outro. Foi um convite a que descansasse na casa de descanso dos seus trabalhadores. Ela foi abençoada por ser uma mulher de iniciativa e persistência, porque acreditava na força do trabalho para conseguir o que buscava. Ela não teve medo de correr riscos (Rt 2.2), mas foi determinada e disposta para alcançar o sucesso desejado. Por isso, Boaz, ao descobrir essa estrangeira simpática e generosa, e tendo conhecimento da generosidade dela para com Noemi, ofereceu seu campo, sua proteção e se tornou o provedor de Noemi e Rute.

Nos desígnios divinos, não foi por acaso que Rute entrou no campo que pertencia a Boaz. Havia um direcionamento de Deus na sua vida porque ela aprendera a confiar no Deus de Israel e já conhecia a história de um passado de escassez, mas que tinha naquele momento de sua vida a volta da bênção da prosperidade a Israel.

RUTE ENCONTRA O REMIDOR DA FAMÍLIA

Rute Descobre o seu Remidor
A descoberta do remidor da herança familiar de Noemi é uma demonstração da graça de Deus, especialmente, para Rute. Ela, como mulher estrangeira, pobre e viúva, não tinha condições de reivindicar qualquer tipo de direito a quem quer que fosse, porque sua posição era inferior na sociedade da época. Mas Rute, antes de tudo, alcançou graça para com Boaz, porque era homem justo e bom para com as pessoas em torno de si. Procurava ajudar a todos. Era um homem diferente. Na tipologia bíblica, Boaz é apresentado como um tipo de Cristo na sua relação com a Igreja, um tipo de Rute. Ela era uma estrangeira, pobre e carente até encontrar Boaz, que se tornou o seu remidor, assim como Cristo é o nosso Redentor que, sendo rico, se fez pobre para nos fazer ricos e herdeiros das suas riquezas (2 Co 8.9).

Quando Rute se dispôs a apanhar restos das espigas deixadas pelos empregados de Boaz, descobre que Boaz era parente de Elimeleque e, por lei, ele podia redimir essa herança para que a mesma ficasse dentro da família e a viúva não ficasse desamparada. Rute gozou da confiança de Boaz e comeu até fartar-se de sua mesa, mas não se esqueceu de Noemi. Ao voltar para casa, trouxe consigo muito mais do que havia colhido, porque Boaz lhe concedeu algumas medidas a mais. Noemi ficou feliz, mas perguntou-lhe onde havia colhido tanto. Rute contou-lhe tudo quanto havia acontecido e a benevolência de Boaz, senhor daquele campo. Ela havia se comportado com prudência e delicadeza sem que nada a desabonasse moralmente.

Boaz se Dispõe Remir a Rute, a Moabita
Havia alguns entraves para que Boaz pudesse remir aquela herança à sua origem porque a mesma estava nas mãos de outra pessoa. Seguindo os costumes do povo na tomada de decisões que requeriam consenso, Boaz foi para a porta da cidade, onde se reuniam os anciãos do povo na forma de um júri, os quais julgavam as causas do povo. O remidor por direito era outro homem, porque aquela parte da terra que pertencia a Elimeleque havia sido vendida e não pertencia a Boaz. No entanto, interessado em Rute, Boaz se dispôs a casar-se com ela para adquirir o direito de remissão daquela parte da herança. Visto que Rute era viúva do filho de Elimeleque, Boaz explicou aos anciãos da cidade e os convenceu desse direito, solicitando que o antigo dono vendesse aquela terra a Boaz. Mais que isso, Boaz redime à Rute a herança, pagando o preço daquela terra e o direito de resgate da viúva. Boaz se casa com Rute, e o antigo remidor entendeu que a redenção do campo e o direito de viúva do filho falecido de Noemi era conquistado por Boaz.

Rute Deseja Ser Remida por Boaz
No livro de Levítico, foi estabelecida por Moisés a lei do parente resgatador (Lv 25.23-34) e em Deuteronômio 25.5-10 foi estabelecida a lei sobre o casamento de levirato. Segundo a Escritura relata, o objetivo dessas leis era o de preservar o nome e proteger a propriedade familiar. Para não haver exploração das terras, especialmente pelos ricos, que poderiam se aproveitar dos pobres e das viúvas, essas leis foram estabelecidas. Eram leis que garantiam o nome da família do homem que morreu depois de sua morte. Por isso, a propriedade não seria vendida para pessoas que não fizessem parte da família. Lamentavelmente, Israel, algumas vezes esqueceu-se de Deus e de suas leis, desrespeitando essas leis e buscando apenas o interesse próprio. Muitos do povo não respeitavam mais qualquer direito adquirido (1 Rs 21; Is 5.8-10; Hc 2.9-12; 2 Cr 36.21).

Quando Noemi ouviu os fatos sobre o interesse de Boaz por Rute e que a tratou com tanta bondade, apelou, então, para uma tradição sobre costume do “parente remidor”. Seria um modo de Boaz remir a ambas da pobreza (Rt 3.1-18). Noemi instruiu Rute para que se preparasse com vestes e perfumes e, discretamente, sem que Boaz soubesse, fosse deitar-se aos pés dele sem que percebesse a sua presença. Cerca de meia-noite, Boaz estremeceu em sua cama quando viu que Rute estava deitada aos seus pés (Rt 3.8,9). Não se constitui nenhum ato delituoso nem sensual, porque ela estava protegida pelas leis que regiam o costume que envolvia o papel do remidor para com aquela mulher que estava viúva, e o seu marido era parente de Boaz. Pedir que ele estendesse uma aba de sua coberta sobre ela significava que ele a estaria protegendo.

Entretanto, ele teria que negociar com o outro homem que era o dono daquela parte da terra que pertencera a Elimeleque e seus filhos. Depois de buscar conselho com os anciãos da cidade, Boaz negociou com o homem, comprando aquela terra, pagando o preço justo conforme prescreviam as leis que regiam sobre o resgate de propriedades.

No capítulo 4 do livro, Boaz se casa com Rute, tornando-se o seu remidor e ainda mantendo sob proteção a Noemi. Legitimamente, Boaz e Rute se casaram sob as bênçãos de toda a comunidade de Belém. No devido tempo, Deus deu a Boaz e Rute um filho, a quem deram o nome Obede, e este gerou a Davi, o grande rei de Israel.

Rute, a moabita, entra na genealogia de Jesus. Ora, de uma mulher moabita, convertida ao Deus de Israel, veio a se tornar bisavó de Davi. Quando Jesus foi manifestado na terra, tornou-se conhecido como o “filho de Davi” (Mt 1.3-6), formando os elos da linhagem do Messias desejado por todos os judeus até o dia de hoje.

CONCLUSÃO

Essa mulher gentia obteve fé suficiente para servir de exemplo aos que aspiram a um emprego nesses tempos difíceis. Rute teve perdas enormes: o sogro, o cunhado e o marido. Além dessas perdas, sua sogra Noemi tornou-se uma mulher amargurada, mas ela soube superar essas perdas sem perder a esperança de que sua felicidade poderia ser construída sobre valores maiores do que riqueza material. Rute não se deixou seduzir pelo fascínio de ser mulher bonita e conquistar marido rico, mas firmou sua mente na busca de um trabalho honesto que lhe desse tranquilidade. Deus honrou seu trabalho, do qual sustentou a si mesma e a casa de sua sogra Noemi.

A história de Rute é uma história que referenda o trabalho, a fé e a persistência como elementos de realização pessoal e vitória espiritual.

Temos um Deus que nos ajuda e abençoa-nos com o trabalho e a Sua provisão. Confie!

Fonte:
Lições Bíblicas - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Livro de Apoio - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Revista Ensinador Cristão-nº68
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Wycliffe

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