“Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses [...], que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste” Dt 10.17,18
O Milagre Está em Sua Casa
O nome Eliseu significa “Deus é salvação”.
Auxiliar do profeta Elias, Eliseu era filho de Safate, de Abel-Meolá, no Vale
do Jordão. Tinha como trabalho arar a terra com junta de bois. O jovem Eliseu
foi convidado pelo profeta Elias a segui-lo. O texto bíblico mostra que ele “se
levantou, e seguiu a Elias, e o servia” (1Rs 19.21).
O primeiro ponto digno de nota na vida do
profeta Eliseu foi a sua humildade e a disponibilidade em aprender com o
profeta Elias. Na caminhada com Deus, saber ouvir e ter o compromisso de
aprender com o outro é muito importante. Na época de Eliseu não havia uma
espécie de seminário teológico ou faculdade que tinha o objetivo de formar,
embora houvesse escola de profetas, mas que nem de longe era parecida com as
instituições modernas. Os profetas eram formados aos pés dos outros profetas.
No dia a dia da caminhada, os profetas iam sendo formados, trabalhados e
forjados diante de Deus e dos homens.
Outro ponto digno de nota é que o ministério
do profeta Eliseu é permeado por milagres. Segundo especialistas em Antigo
Testamento, excetuando a pessoa de Jesus Cristo, ninguém na história sagrada
registrou a quantidade de sinais e maravilhas como consta o registro na vida do
profeta mediante o seu ministério. Ele sarou águas infectadas (2Rs 2.19-22),
fez brotar água no deserto (2Rs 3.9,16-20), proveu a necessidade da viúva (2Rs
4.1-7) e ressuscitou mortos (2Rs 4.18-37), além de curar leprosos (2Rs 5).
Estes três últimos milagres antecipam o que o nosso Senhor faria em abundância
em seu ministério terreno.
A vida e a obra de Eliseu nos ensinam que
Deus traz provisão no momento oportuno. O ministério do profeta mostra uma
profusa quantidade de ações divinas em favor das pessoas que por intermédio
dele eram abençoadas.
Não podemos perder a dimensão da verdade
bíblica de um Deus que provê. O que não significa abrir barganha com Ele. Nada
disso. Resgatar a visão bíblica de que Deus intervém na circunstância de uma
pessoa é urgente a fim de não cairmos no erro de uma religiosidade sem paixão,
de uma ortodoxia morta e do gélido ceticismo.
À luz da vida de Eliseu, somos convidados a
andar com Deus em fidelidade e verdade. Amá-Lo de todo o nosso coração, alma e
pensamento. À medida que nos aproximamos mais de Deus por intermédio da oração
e da leitura da Palavra, o Senhor se aproxima mais de nossas vidas. Por isso,
busquemos ao Senhor, o reverenciemos enquanto há tempo.- Revista Ensinador Cristão nº68-pg.40.
Em tempos de crises Deus realiza o impossível e o extraordinário.
Leitura Bíblica: 2 Reis 4 1-7
A importância do profeta Eliseu começa pelo
significado do seu nome na língua hebraica — “elisha”, que significa “Deus é
salvação” — e no grego do Novo Testamento é “elissaios” (Lc 4.27). A vida de
Eliseu indica que tinha uma família abastada, porque arava uma terra que tinha
vários empregados. Era um homem rude, sem formação acadêmica alguma, que tinha
calos nas mãos pelo serviço que exigia força e saúde para ser feito. Seu tempo
de vida passou por, pelo menos, quatro reis de Israel — Jorão, Jeú, Jeoacaz e
Jeoás nos capítulos 5 a 13 de 2 Reis — além de outros reis, inclusive
estrangeiros, como o rei da Síria, Ben-Hadade, Hazael e até o rei de Judá,
Josafá (2 Rs 3.11-19). Eliseu era um homem sem discriminação, que ia à casa
de uma pobre viúva e até aos palácios dos reis. Quando foi desafiado a seguir o
profeta Elias, Eliseu não titubeou na decisão de segui-lo. Desvencilhou-se de
suas atividades rurais e passou a seguir a Elias, de quem se tornou o auxiliar
imediato.
Acompanhando Elias até o seu arrebatamento por cima de sua cabeça,
Eliseu não se descuidou e assistiu à maravilha de ver um carro de fogo que,
mais rápido que a força do vento, passou entre os dois e os separou um do
outro, levando Elias para o alto. Uma intervenção do sobrenatural sobre o
natural que só Deus pode fazer. Os racionalistas rejeitam a literalidade da
história, mas nós cremos no poder sobrenatural que o Senhor manifesta quando
quer.
A partir de então, a história de Eliseu toma um rumo diferente. Ao tocar
a capa de Elias nas águas do Jordão e elas se abrirem fazendo um caminho para
que ele passasse para o outro lado, Eliseu não teve mais dúvida. Estava
investido de autoridade espiritual, e a partir daquele momento iniciava seu
ministério, que se tornou ousado e com operação de milagres (2 Rs 2.1,11-14).
Ele vira o que Deus havia feito por meio de Elias e, agora, investido do mesmo
poder e autoridade, os milagres começaram a acontecer. Eliseu se tornou o canal
de milagres operados em várias ocasiões diferentes. A começar pela casa de uma
viúva e dois filhos. Era a viúva de um profeta, a qual, sem condições de pagar
uma dívida deixada pelo marido, corria o risco de ter que entregar os seus dois
filhos para um tempo de serviço escravo poder pagar a dívida.
Essa narrativa
bíblica descreve o modo de Deus agir por meio do seu servo Eliseu,
multiplicando o azeite de um vasilhame de barro que havia na casa da viúva. A
bondade de Deus foi demonstrada na vida daquela família que acreditou na
orientação do profeta e foi agraciada com o milagre da multiplicação do azeite.
SUBSÍDIO
“A viuvez no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, a questão da viuvez já
era tratada com muita atenção. Inclusive, Deus advertira fortemente ao povo de
Israel para que tratasse bem aos órfãos e as viúvas, caso contrário, Ele
castigaria contundentemente aqueles que os oprimissem (Êx 22.22-24; Sl 68.5; Ml
3.5).
Um detalhe interessante a ser notado é que as
passagens tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, que tratam da questão da
viuvez, não falam do cuidado com os viúvos, mas, sim, em relação às viúvas, uma
vez que, no modelo de organização familiar daqueles tempos, a morte da esposa
não mudava a posição social e econômica do marido, mas o contrário, sim.
Lembremo-nos que, nos tempos antigos, ou seja, no período bíblico e também
durante muitos séculos depois, não havia pensão alimentícia nem seguro social,
e as mulheres também não tinham tantas alternativas de emprego em nossos dias.
Já para o homem, que normalmente sustentava a família sozinho, havia muitas
opções, além de ser privilegiado na questão das heranças. Por esse motivo as viúvas
passavam geralmente grandes necessidades.
No período bíblico,
perder o marido significava para a mulher perder de forma dramática a sua
posição social e econômica, e, conforme lembram-nos os teólogos Merril F. Unger
e William White Jr, ‘a gravidade da situação era aumentada se ela não tivesse
filhos’ (Dicionário Vine, p.33). No caso de não ter gerado filhos, a viúva
voltava para a casa dos pais (Gn 28.1) e ficava sujeita à lei do levirato, que
já era praticada antes de Moisés, mas foi estabelecida como lei, de fato,
somente com ele (Dt 25.5,6)” (COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Vencendo
as Aflições da Vida. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, pp.43,44
AS PRIMEIRAS PROEZAS DO MINISTÉRIO DE ELISEU
Desde a travessia do rio Jordão mediante a
visão gloriosa e literal da elevação de Elias em carro de fogo (2 Rs 2.12-14),
Eliseu estava consciente de que o ministério profético estava sobre os seus
ombros. Os sinais que caracterizaram a vida do profeta Elias se manifestaram
sobre a vida de Eliseu.
Eliseu se Depara com uma Crise de Águas
Contaminadas em Jericó
A água é vital para uma cidade, e Jericó
estava vivendo o drama da água contaminada em seus mananciais. Não é de
estranhar que as águas de Jericó fossem ruins, pois essa cidade era uma cidade
amaldiçoada; por isso, o seu solo era improdutivo (Js 6.26). Porém, o servo de
Deus estava lá e mais cinquenta moços da escola de profetas que haviam
assistido ao arrebatamento de Elias, que não acreditavam que Elias tivesse, de
fato, subido ao céu num redemoinho, mas que poderia estar em algum monte. Por
três dias o procuraram e não o encontraram. Ao voltar para Eliseu, reconheceram
que ele agora era o seu novo líder, e deveriam respeitá-lo e obedecer-lhe. Em
Jericó, ao voltar, depararam-se com o problema das águas contaminadas em seus
veios. Não só os filhos dos profetas, mas os chefes de famílias da cidade de
Jericó também reconheceram que Eliseu tinha algo mais que poderia resolver o
problema da água e foram até ele. Eliseu não discutiu com eles, mas exerceu sua
fé no sobrenatural usando meios naturais para demonstrar o poder de Deus (2 Rs
2.20). Ao pedir que trouxessem sal num prato, não dá direito a ninguém de
querer imitar milagres passados e dogmatizá-los como modo de Deus operar hoje.
Grupos neopentecostais, que gostam de explorar essas coisas, procuram ensinar a
prática de colocar sal em casas, terrenos e outras coisas, como se Deus se
limitasse a operar sempre do mesmo modo. Refutamos essas práticas utilizadas
por líderes cristãos que dependem de manipulações para fazer acontecer alguma
coisa. O Deus de milagres sempre operará como quiser porque Ele não fica
circunscrito a experiências passadas.
O saneamento das águas más aconteceu com
o sal colocado nas águas, mas a cura daquelas águas não era por causa do sal,
mas sim pelo poder de Deus. Em outra ocasião, quando Israel peregrinava no
deserto sob a liderança de Moisés, o povo encontrou água, mas aquela água era
amarga, e o povo começou a murmurar contra Moisés, dizendo que ele havia
trazido o povo para morrer de sede e de fome no deserto (Êx 15.22-26). Moisés
chamou aquela lagoa de “Mara”, que significa “amarga”. Deus orientou Moisés a
tomar um pedaço de uma árvore do deserto e lançá-lo naquelas águas; assim elas
seriam saradas e transformadas em água potável (Êx 15.23-27). Naquele lugar, o
Senhor se manifestou a Israel como Yahweh Ropheka, ou de forma aportuguesada
como Jeová-Raphah, que significa “O Senhor que cura”.
Uma Intervenção Divina numa Circunstância
Difícil
Três reis que não serviam ao Senhor Deus de
Israel — Jorão, rei de Israel (2 Rs 3.1), Josafá, rei de Judá (2 Rs 3.7) e o
rei de Edom (2 Rs 3.9) — se uniram para enfrentar os exércitos de Moabe, que
eram muito fortes. Na realidade, os três reis, mesmo não sendo tementes a Deus,
reconheciam que em Israel havia um homem de Deus que tinha a resposta que eles
precisavam ouvir. Jorão era o filho mais novo de Acabe, um rei que fora inimigo
do profeta Elias e não merecia qualquer cooperação da parte do homem de Deus,
Eliseu. Josafá foi um rei profano, e o rei de Edom era pagão. Porém, Josafá
sabia que Deus agia de modo especial por meio de um homem especial, o profeta
Eliseu (2 Rs 3.11). Aqueles três reis haviam marchado para ir ao encontro dos
exércitos de Moabe, sabendo que aqueles exércitos eram muito mais poderosos que
eles.
Pergunta-se então: Por que Deus resolveu intervir naquela guerra?
Em
primeiro lugar, para preservar o seu nome perante as nações e para demonstrar
àqueles reis que a causa maior e mais importante daquela intervenção era
Eliseu. Eliseu era o homem que representava os interesses divinos naquelas
terras. Por isso, Eliseu tinha a palavra que eles precisavam ouvir. Esses
exércitos se encontraram no deserto de Edom depois de sete dias de calor,
sequidão e falta de água. Eliseu, confiante na providência divina, deu ordem
para que eles cavassem muitas covas, porque viria uma grande chuva e encheria
aquelas covas e supriria a necessidade dos soldados (2 Rs 3.16,17). Aqueles
reis não duvidaram da palavra de Eliseu, e puseram seus homens para cavar covas
nas terras desérticas e vermelhas de Edom. Vieram as chuvas e encheram aquelas
covas. A cor da água ficou avermelhada e, quando os moabitas se preparavam para
marchar com aqueles reis, foram confundidos porque a chuva caiu apenas nas
terras onde estavam os três e a força do sol com seu brilho virou um espelho
avermelhado que fez com que os moabitas, vendo a cor de sangue naquele deserto,
entendessem que podia ser o sangue dos exércitos mortos. Os moabitas
levantaram-se para invadir as cidades de Israel, mas foram surpreendidos com a
reação dos exércitos dos três reis e foram destruídos, porque Deus assim o
permitiu. Não importa como acontece nas intervenções divinas. O que vale é
saber que Deus é poderoso para mudar situações.
Na caminhada ministerial de
Eliseu, muitas proezas e milagres aconteceram porque o Senhor era com Ele.
UMA FAMÍLIA PIEDOSA EM DIFICULDADES
A Crise Econômica de uma Família
Esta história vem logo após um incidente
internacional que provocou uma guerra de três reis contra o rei de Moabe. Nesse
incidente, Deus usou Eliseu para demonstrar a intervenção divina numa
circunstância que nenhum homem comum poderia resolver. Entende-se que por amor
à casa de Davi, Deus deu vitória aos três reis.
No capítulo 4, Eliseu se volta
às famílias dos profetas quando se depara com a situação alarmante de uma viúva
e seus dois filhos que estavam vivendo um estado caótico de gêneros de primeira
necessidade e uma dívida impagável. A narrativa não identifica o nome dessa
mulher, que era esposa de um profeta que havia falecido e deixado uma dívida. A
situação daquela família era de completa penúria, pois além da perda do marido,
estavam vivendo uma crise económica, em que faltavam alimentos básicos e não
tinham nenhum recurso financeiro. A viúva corria o risco de perder seus dois
filhos para os credores. Seus filhos poderiam ser vendidos como escravos para
saldar a dívida. O texto indica que o marido dessa mulher poderia ter sido um
servidor do profeta Eliseu. A situação era gravíssima, pois não havia nem
dinheiro nem qualquer tipo de alimentos dentro de casa. Era pobreza total, e
isso significava privação das necessidades básicas da vida. A Bíblia nos dá a
garantia de que “Deus faz justiça ao órfão e à viúva” (Dt 10.18; SI 68.5;
146.9).
Vivemos em tempos de grandes dificuldades econômicas, quando muitas
famílias estão em total pobreza material. Famílias inteiras que vivem nas
favelas das grandes cidades comem restos de comida encontrados nos lixões das
cidades. Sem alimentação, nem educação, nem segurança, a pobreza gera desespero
e violência, e os governos tentam fazer alguma coisa, mas muito pouco é feito
para mudar esse estado caótico de pobreza. Nesse meio se encontram muitos
cristãos fiéis a Deus que vivem de migalhas e muito pouco que as igrejas fazem
por eles. Muitas igrejas ficaram ricas e usam os seus recursos para quaisquer
projetos de construções e outras coisas mais, porém muito pouco é investido na
obra social para amenizar a pobreza dos nossos próprios irmãos na fé.
A Situação daquela Viúva e seus Dois Filhos
Naquele tempo, o povo rural enfrentava muitas
dificuldades para fazer as culturas locais produzirem; por isso, a pobreza era
grande e a maioria dos colonos estava endividada. Uma vez que as colheitas não
eram boas, os colonos rurais se viam obrigados a vender suas terras e outros
bens materiais, e até a própria família, para saldar suas dívidas. Uma vez
vendidos os filhos dessa viúva, as leis que regiam esses negócios exigiam seis
anos de serviços para saírem da escravatura. A situação daquela viúva era
triste, porque ela não tinha outra saída para a solução do problema senão pagar
a dívida com o trabalho servil de escravo dos seus filhos. Naquela época, as
mulheres eram privadas de direitos e, principalmente, as viúvas. A viúva
poderia encontrar algum parente que se tornasse o seu remidor e se casasse com
ela. No caso daquela viúva com dois filhos, não houve ninguém que a remisse.
Pelo contrário, a dívida contraída por seu marido deveria ser paga com a entrega
de seus dois filhos ao credor (Êx 21.1-11; Lv 25.29-31; Dt 15.1-11). Nesse
contexto inevitável, essa pobre viúva precisaria de uma intervenção de Deus
para mudar aquele estado de desespero. Ela lembrou-se do homem de Deus que a
conhecia e sabia da situação que estava vivendo. O texto diz que ela clamou ao
profeta e mostrou a sua situação. Ela sabia que Jeová é aquele que “faz justiça
ao órfão e à viúva” (Dt 10.18).
O ATO BENIGNO DE ELISEU QUE OPEROU UM MILAGRE
Eliseu Cria em El-Shaddai, o Todo-Poderoso
Eliseu ouviu os reclamos daquela viúva e,
naturalmente, como homem comum, ele se sente incapaz de resolver o problema.
Porém, ele sabia muito mais que o seu Deus, o El-Shaddai, era aquEle que podia
operar o milagre na casa daquela mulher. Ele sabia que o El-Shaddai havia se
manifestado muitas vezes em variadas situações na história de homens e mulheres
da Bíblia, e que só Ele poderia operar o milagre na vida daquela família.
O Deus de Milagres Operou de Modo Especial na Casa daquela Viúva
Quando Eliseu
pergunta àquela viúva “Que te hei de fazer?”, estava confrontando os limites de
sua pessoa como homem, que estava pronto para ajudar, dentro dos limites desse
seu espírito humanitário. Eliseu não agia com atitude presunçosa só por causa
dos milagres que já haviam sido operados por seu intermédio. Ele tinha
consciência de suas limitações, e não ostentava atitude de senhorio sobre as
operações de Deus. Mas, confiante no poder de Deus e certo de que é Deus que
“faz justiça ao órfão e à viúva”, lhe daria uma solução que resultasse na
glória de Deus. Na segunda pergunta do profeta à viúva, “Que é que tens em
casa?”, ele vislumbrou em sua mente a operação de Deus.
“Que é que tens em
casa”? (2 Rs 4.2) é uma pergunta que, colocada no contexto das famílias na sociedade
atual, se choca com a realidade da pobreza, da mendicância nas cidades, da
busca de alimentos nos lixões das grandes metrópoles, dos maus serviços de
saúde. A igreja de Cristo na terra não pode fugir ao seu papel social, e sim
seguir o exemplo da igreja que saiu do Pentecostes (At 4.32-35). Em vez de
querermos espiritualizar todas as suas ações, a igreja deveria investir em
exercer justiça social. Não adotamos a teologia da libertação dos teólogos
modernos, nem devemos cruzar os braços sem alguma ação em favor dos
necessitados. Essa pergunta deveria ser feita pelos adeptos da teologia da
prosperidade, que confundem o “ser com o ter” e ensinam que os pobres são
pobres porque não conseguem a bênção da prosperidade. Existe uma teologia
chamada “teologia da pobreza” que ensina e declara que pobreza material é
garantia de espiritualidade, usando como texto para essa ideia equivocada uma
interpretação da expressão “pobres de espírito” como pobreza material. Na
história deste capítulo, Eliseu era o homem de Deus, que confiava em
Jeová-Jireh e sabia que Deus podia mudar aquele estado de penúria daquela viúva
e seus filhos. Por isso, perguntou-lhe: “Que é que tens em casa”? (2 Rs 4.2). A
resposta da viúva foi clara e precisa: “Tua serva não tem nada em casa, senão
uma botija de azeite”.
Deus Começa o Milagre a partir do que Temos
“Tua serva não tem nada, senão uma botija de
azeite.”
A lição maior que aprendemos com essa
declaração da viúva é que, a partir do nada, ou do pouco que temos, Deus age e
opera milagres. Na Bíblia temos histórias lindas dos milagres de Deus em prover
a necessidades de seus servos. O que é que temos em mãos para começar a ver a
operação de Deus? Moisés tinha em mãos “uma vara”, e com essa vara Deus operou
grandes maravilhas; Davi tinha uma funda, e com uma pedrinha matou o gigante
Golias (1 Sm 17.23-25,40,49); Pedro e seus companheiros de pesca tinham uma
rede e viram o milagre da pesca abundante depois de uma noite sem pegar nada
(Lc 5.1-7); Dorcas tinha uma agulha de costura (At 9.36-40).
O que temos em
mãos, ou em casa, para crer no Deus de milagres?
Em 1954, na cidade de Chapecó,
SC, meu pai, pastor Osmar Cabral, atendia a nova igreja na cidade e as
dificuldades financeiras eram enormes. Certo dia, faltou de tudo em nossa casa.
O comércio não vendia nada fiado para qualquer crente e meu pai saiu à procura
de alguma coisa para trazer para casa numa outra cidade próxima. Minha mãe
reuniu-se comigo e minha irmã, que tínhamos apenas 9 e 7 anos de idade, para
orar a Deus que enviasse comida para a nossa casa. A noite, já muito tarde,
alguém bateu à porta de nossa casa de madeira e perguntou pelo meu pai, que
ainda não havia retornado. Essa pessoa se identificou e disse que Deus o
enviara para trazer comida. Minha mãe o recebeu, e o homem trouxe para dentro
de casa muito feijão, arroz, carne seca e outros alimentos. O Deus de milagres
tocou no coração desse irmão que não nos conhecia, vindo de outra cidade, para
encher a nossa casa de alimentos. É a partir de “uma botija de azeite” que Deus
torna tudo abundante, porque Ele é o “Deus de toda provisão”.
A PROVISÃO NA MEDIDA CERTA
Eliseu trouxe tranquilidade e fé para aquela
pobre viúva, tornando-a capaz de suprir as necessidades básicas de sua casa e
com condição de pagar sua dívida com os credores. Ele a orientou como deveria
fazer, porque o abastecimento da sua casa não seria momentâneo, mas serviria
para ter em estoque muito azeite, que poderia ser vendido, e com o dinheiro ela
sustentaria a sua casa e seus dois filhos continuariam com ela.
Provisão Abundante sem Desperdício
O que a viúva tinha em casa senão uma “botija
de azeite”? Foi um bom começo o “ter uma botija de azeite”, mas se ela não
tivesse nada, o Senhor operaria do mesmo modo.
O profeta orientou a viúva e seus filhos que
pedissem emprestados muitos vasilhames próprios (vasos de barro), tanto quanto
pudessem tomar emprestados. Sem que os vizinhos e amigos soubessem, seus filhos
trouxeram muitos vasilhames para dentro de casa. Tudo quanto aquela viúva tinha
em casa era “uma pequena botija de azeite”. Fecharam a porta da casa e
obedeceram à orientação do profeta de “tomar a botija de azeite” e começar a
derramar em cada vasilhame o restinho do azeite que havia na botija. Então o
milagre começou a acontecer, porque o azeite não terminava e quanto mais eles
enchiam os vasos, mas o azeite se multiplicava até o último vaso, quando o
azeite parou de derramar. O azeite continuou a fluir enquanto havia vasos para
recebê-los. Não houve desperdício. Tanto quanto havia em capacidade de receber
azeite foi o que Deus fez fluir para resolver o problema da viúva e seus
filhos.
A lição que aprendermos é que, do pouco que temos, podemos exercer
nossa fé para obtermos a bênção de Deus em todos os aspectos de nossa vida
material, emocional e espiritual. O apóstolo Paulo disse aos romanos que Deus
dá da sua graça na medida da nossa fé, ou “conforme a medida da fé que Deus
repartiu a cada um” (Rm 12.3). Deus nos dá tanto quanto precisamos e dá
abundantemente. Nunca Ele dá demais ou de menos, mas sempre na medida da nossa
capacidade de gerirmos aquilo que Ele nos dá.
A Obediência à Orientação do Profeta Foi
Fundamental para Perceber a Bênção
Aquela mulher podia discutir com o profeta o
seu modo de resolver o problema, mas ela sabia que o homem de Deus tinha a
resposta divina para a sua vida. Tudo o que ela precisava fazer era aceitar a
orientação do profeta e colocar sua fé em ação. Para não haver interferência no
milagre, a viúva e seus filhos deveriam “tomar vasos emprestados”, ou seja,
vasilhames de cerâmica, tantos quantos pudessem conseguir, e trazê-los para
dentro de casa. A viúva só tinha uma botija, um pequeno vasilhame; por isso,
precisaria de muitos vasilhames. Ela sabia que deveria obedecer à orientação do
seu líder espiritual como aquele que cumpre o papel de representar os
interesses de Deus na terra. Para não haver a interrupção dos credores à sua
porta, nem o de sentir-se orgulhosa pelo suprimento miraculoso, ela deveria
fechar a porta atrás de si na sua casa. Ela fez tudo conforme a orientação do
servo de Deus para que o milagre acontecesse. O princípio da autoridade
espiritual é o mesmo para os nossos dias. Um pastor deve ser respeitado como
homem de Deus, e esse respeito se conquista com o exemplo de vida piedosa.
O Azeite Flui enquanto Houver Vasos
Disponíveis
Houve um outro tempo na vida de Israel em que
havia uma crise de fé e de espiritualidade nos dias do profeta Zacarias
(519-520 a.C.). Esse profeta tem uma visão maravilhosa do modo como Deus
supriria o seu povo nas suas necessidades. Entre outras coisas da visão,
Zacarias viu um candelabro todo de ouro com as suas sete lâmpadas e um vaso por
cima das lâmpadas que supria com azeite. Esse grande castiçal de ouro que
representava o povo de Deus (Zc 4.2). Para um castiçal que estava sem azeite,
não havia nenhum recurso humano que pudesse suprir esse castiçal, mas aquele
vaso estava cheio de azeite para as lâmpadas.
Fazendo uma comparação com a
história vivida pela viúva e seus dois filhos, o azeite que se multiplicava era
a provisão de Deus para suprir as necessidades daquela família. Na Igreja, é
preciso um novo azeite que traga avivamento e renovação espiritual.
O azeite
torna-se uma tipologia da provisão de Deus na vida dos que dependem dEle para
as suas necessidades. Os filhos da viúva conseguiram muitos vasos e os
trouxeram para dentro de casa, mesmo sem saberem o que ia acontecer. Eles
creram na operação divina para realizar o milagre. Matthew Henry comentou que
“nós nunca estamos em dificuldades em Deus, em seu poder e generosidade, e nas
riquezas da sua graça. Toda a nossa dificuldade está em nós mesmos. É a nossa
fé que falha, não a Sua promessa. Ele dá mais do que pedimos: houvesse mais
vasos, haveria mais em Deus para enchê-los, o suficiente para todos, o
suficiente para cada um”.
Muitas igrejas cristãs estão vivendo o drama da viúva
com a despensa vazia. Vivem das experiências passadas porque não há mais vasos
disponíveis para que o Senhor faça fluir o azeite. Os vasos podem representar
aquelas pessoas que trazemos para “dentro da casa”, ou seja, que se convertem e
as trazemos para o convívio da igreja.
A medida da fé é a medida das bênçãos.
SUBSÍDIO
“Deus espera que ajamos com sabedoria em
todos os momentos de nossa existência, sobretudo nas adversidades. O pouco que
aquela mulher tinha em casa foi feito em muito, mas ela precisava ser sábia no
tocante ao que fazer com aquele muito que o Senhor lhe dera. Ter recursos em
abundância não é suficiente para que solucionemos problemas de escassez. É
preciso que saibamos utilizar o que Deus nos deu.
A orientação de Eliseu foi que a mulher
vendesse o azeite e pagasse a dívida que destruiria sua família que já estava
desfalcada. A mulher já tinha visto o milagre sendo operado. Agora, deveria
angariar os fundos necessários com a utilização correta do milagre de Deus.
Lembre-se disso: Na hora em que a despensa está vazia, não adianta ter muitos
recursos se você não sabe como aproveitá-los em prol de sua subsistência e de
sua família” (COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Vencendo as Aflições da
Vida. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.54).
CONCLUSÃO
Muitos crentes estão
vivendo o drama da despensa vazia, da falta de recurso e das muitas dívidas.
Com certeza são momentos difíceis, mas não desanime. Ore ao Senhor, creia e o
seu milagre chegará à sua casa. A viúva seguiu as orientações do profeta de
Deus. Leia a Bíblia e ouça as orientações do Senhor para a sua vida. Deus vai
instruí-lo a vencer a crise da escassez e do endividamento.
Fonte:
Lições Bíblicas - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Livro de Apoio - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Revista Ensinador Cristão-nº68
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Wycliffe
Sugestão de leitura:
Aqui eu Aprendi!
Amém. eu creio
ResponderExcluirQue lindo e edificante estudo me ajudou muito que Deus continue abençoando
ResponderExcluirPaz do Senhor Vania Santos. Obrigado! Esteja a vontade em participar com seus comentários.
Excluirabraço fraterno.
Bom dia
ResponderExcluirDeus o abençoe
Gostei muito do estudo. Continue assim. Vou compartilhar
Obrigado.