“Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” Rm 14.17
O livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo
15, narra o primeiro grande conflito que poderia levar grandes prejuízos à
comunhão da novata igreja. O problema teve de ser tratado no que se chamou de o
primeiro concílio da igreja. Ora, por intermédio do ministério de Paulo e de
outros companheiros, muitos gentios chegaram à fé. Mas havia grandes questões:
O que era preciso para ser um seguidor de Jesus?
Era necessário o gentio guardar toda a lei de Moisés?
Conhecer e compreender a mensagem do Evangelho não seria suficiente?
O concílio da igreja chegou à conclusão de que os gentios não precisariam guardar a Lei de Moisés, senão, apenas considerar as seguintes resoluções:
O que era preciso para ser um seguidor de Jesus?
Era necessário o gentio guardar toda a lei de Moisés?
Conhecer e compreender a mensagem do Evangelho não seria suficiente?
O concílio da igreja chegou à conclusão de que os gentios não precisariam guardar a Lei de Moisés, senão, apenas considerar as seguintes resoluções:
1. Não comer carne de nenhum animal que tenha sido oferecido
aos ídolos;
2. Não comer sangue nem carne de nenhum animal que tenha
sido estrangulado;
3. Não praticar imoralidade sexual.
Estas resoluções foram recebidas de maneira
amorosa pelos gentios. Mas temas dessa natureza retornaram agora no capítulo 14
de Romanos. Pois o apóstolo Paulo volta-se novamente perante o problema que já
havia sido superado. Entretanto, a questão maior é que na igreja de Roma,
judeus e gentios estavam convivendo mutuamente, de modo que os judeus se
escandalizavam com a liberdade dos gentios. Mas que nos chama atenção neste
capítulo 14 é o ensino de tolerância que o apóstolo passa a expor:
1. “Paremos de criticar uns aos outros” (v.13);
2. “Por estar unido com o Senhor Jesus, eu estou convencido
que nada é impuro em si mesmo” (v.14);
3. “Mas, se alguém pensa que alguma coisa é impura, então
ela fica impura para ele” (v.14).
O apóstolo conclui o argumento da tolerância
entre irmãos da seguinte maneira: “Se você faz com que um irmão fique triste
por causa do que você come, então você não está agindo com amor. Não deixe que
a pessoa por quem Cristo morreu se perca por causa da comida que você come. Não
deem motivo para os outros falarem mal daquilo que vocês acham bom” (vv.15,16).
Pois na verdade o Reino de Deus não é comida e nem bebida, mas vida correta, em
paz e com alegria no Espírito Santo (v.17).
Portanto, em nome da paz e da alegria, vale a
pena respeitar o diferente e aquele que não pensa da mesma forma que você.
Pensar diferente faz parte da grande diversidade que há na Igreja, o Corpo de
Cristo. Por isso, viva em paz! Viva com alegria! (Revista Ensinador Cristão nº66-pg.41)
INTRODUÇÃO
O apóstolo Paulo foi informado de que havia alguns conflitos na igreja de Roma, os quais giravam em torno da liberdade cristã. Alguns crentes, ainda imaturos, se escandalizavam com determinadas atitudes dos crentes, cuja a fé achava-se amadurecida. Esses conflitos, como acredita a maioria dos comentaristas, surgiram com o retorno de alguns judeus cristãos que haviam sido expulsos pelo imperador Cláudio. Estes, ao se juntarem à igreja formada em sua maioria por gentios, se escandalizaram com determinadas práticas. Paulo busca um ponto de equilíbrio a fim de que a obra de Cristo não sofresse nenhum dano. Este é o tema que vamos estudar.
Os crentes mais maduros não devem agir egoisticamente, mas precisam atuar como modelo para os mais fracos.
Romanos 14.1-12
Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará em firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi para isto que morreu Cristo e tornou a viver; para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
Buscando a Maturidade
“Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (14.1). O apóstolo introduz aqui uma nova discussão — o relacionamento entre crentes maduros e imaturos. Essa seção revelará como deve ser o convívio entre os “fracos” e os “fortes” na fé. Essa não é uma peculiaridade da igreja de Roma. Nenhuma igreja é nivelada, possuindo somente crentes fortes ou somente crentes fracos. Essas duas modalidades de crentes estão presentes em qualquer discipulado cristão. As vezes incorremos no erro de achar que a igreja deve ter somente os “fortes”, e acabamos relegando os débeis na fé para segundo plano. Diante de Deus todos são importantes. O que precisamos ter é amor e paciência para descer até ao nível do irmão mais fraco para ajudá-lo a crescer.
O cristão “débil”, tradução do grego astheneo, possui o sentido de “fraco”, “doente”. Esse termo era usado tanto para enfermidades físicas como espirituais (Lc 5.15; 1Co 11.30). Godet destaca que o sentido nesse texto é de alguém que enfraquece num dado momento e num caso especial. Já destacamos que a igreja de Roma era formada por judeus e em grande maioria por gentios. O problema não era com os gentios adotando práticas pagãs, pois não vemos aqui as mesmas recomendações que Paulo deu à igreja gentílica de Corinto (1Co 8). Os judeus — com suas tradições milenares, como por exemplo, a observância de vários ritos cerimoniais — eram mais propensos a entrar em choque com a nova fé. Toda essa carga cultural vinha junto quando um deles se convertia ao evangelho. Como conciliar a tradição com os princípios do evangelho? Evidentemente que essa foi sem dúvida uma fonte de tensão na igreja de Roma. Não se tratava de uma prática judaizante, pois não vemos o apóstolo enfatizando isso em seu discurso como fez, por exemplo, com a igreja da Galácia. A referência à guarda de dias especiais e a observância a regras alimentares se ajusta melhor com a cultura judaica.
Esse conflito estava gerando debates acalorados na igreja, e essas “opiniões” (gr. dialogismos) estavam gerando muitos questionamentos. Em qualquer igreja viva, onde há a presença de novos manifestos, esses questionamentos aparecem. A orientação apostólica é no sentido de que isso não venha a causar tropeço naquele que é mais fraco. À propósito, lembro-me de que quando eu e minha família recebemos Jesus como Salvador nos anos 80, um amigo nosso também se converteu. Ele era muito dinâmico e possuía o hábito de tudo questionar. Ele não questionava por questionar, mas por que queria saber de tudo de forma muito rápida. Nesse propósito ele se debruçou na leitura da Bíblia. Certa noite, ele chegou em nossa casa com uma pergunta. Dirigindo-se a meu irmão, perguntou: “De onde veio Deus?” Meu irmão, que havia se convertido alguns meses antes, respondeu que Deus não tinha origem, visto que era isso o que a Bíblia afirmava em Salmos 90.2: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Aquele amado irmão não se deu por satisfeito porque, segundo ele, também havia lido na Bíblia que “Deus veio de Temã” (Hc 3.3). Estava formada a polêmica! Por cerca de uma hora eles discutiram de forma acalorada. Eu ficava apenas observando de longe. Em determinado momento, já com os ânimos alterados, meu irmão pediu que nosso amigo se retirasse para sua casa. Dias depois procuramos aquele irmão para uma reconciliação. Mais de trinta anos já se passaram e continuamos amigos.
Não tenho dúvidas de que em Roma havia também debates assim.
“Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes” (14.2). Aqui o crente “forte” aparece como aquele que acredita que está livre para comer de tudo. De acordo com o versículo 21, o comer carne está em evidência nessa discussão. Por outro lado, o crente “débil” não possuía estrutura para fazer o mesmo que seu irmão mais “forte” fazia. Em vez disso, ele ficava escandalizado. Mudou o cardápio, mas as controvérsias continuam hoje. Conheci um estimado irmão em Cristo que não conseguia usar camisa de mangas curtas porque achava que as mesmas o deixavam mundano. Outro achava que crente nenhum devia ir à praia. Isso parece tolice, mas são fatos reais e que precisam ser vistos com amor para que não haja um aleijão na formação cristã.
“O que come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu” (14.3). Aqui está o ponto de equilíbrio — o respeito pelas convicções de cada um. Paulo não entra em um juízo de valor, decidindo por um dos lados. Mas procura mostrar que acima de tudo a lei do amor fraternal deve imperar nesses casos. O que comia carne não deveria desprezar o que não comia e o que não comia carne também não deveria desprezar o que comia. À propósito, lembro que no início da minha fé éramos exortados a não usar bermudas e jogar futebol. Agora imagine que nesse tempo eu tinha 18 anos e jogava em um time de futebol amador. Sofri por conta da força do hábito, mas me ajustei às normas da igreja naqueles dias. Tantos anos se passaram que não sinto nem a falta da bermuda nem tampouco do futebol*. Hoje eu sei que esses usos e essas práticas não são pecaminosas em si e nunca foram. Mas como obediência à comunidade que abracei naqueles dias, abandonei essas práticas.
* Vejo o futebol como uma manifestação cultural como tantas outras. Todavia, é inegável que hoje há um culto ao desporto e o futebol está inserido nesse contexto. É lamentável vermos estádios, verdadeiros templos do esporte, lotados, e templos cristãos vazios. Isso é mais visível na Europa, onde há um culto ao esporte. Esse fato é demonstrado com precisão no livro La Postmodernidad, do escritor Antonio Cruz.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Juízo de valor (14.1)
Significa determinar, com base em nossas próprias crenças e convicções, que certa pessoa está em pecado. Quando uma pessoa se envolve num ato que a Bíblia tipifica como pecaminoso, não estamos fazendo juízo de valor ao classificar esse ato de pecado, mas, sim, estamos em concordância com Deus. É importante ter clara, na mente, essa distinção. A igreja deve disciplinar os crentes que pecam, mas ninguém, nem mesmo a congregação, tem o direito de emitir juízo de valor.
Forte e fraco (14.2) Para surpresa de muitos, é o fraco na fé (aetheneia: fraco, incapacitado) que tem problemas com a liberdade de outros, que desfrutam de uma fé mais forte! O forte na fé leva em conta que a espiritualidade não é uma questão de fazer ou não fazer, mas de amar e servir a Deus enquanto usufrui suas boas dádivas.
Desprezar (14.3) O problema de julgar os outros é que isso distorce relacionamentos, nos impede o entendimento e de compartilharmos a ajuda uns dos outros. Deus se agrada de nós, pelos nossos relacionamentos, não se comemos carne ou somos vegetariano" (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.750).
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo” (14.5). Os comentaristas destacam que o prosélito tinha por hábito considerar sagrado alguns dias, como por exemplo, o Dia da Expiação. Evidentemente que isso estava fixo de tal forma em sua mente que a não observância era um motivo de escândalo. Todavia, um novo convertido vindo do paganismo rejeitava essa prática por não achá-la mais necessária. Elvis Carballosa, em seu comentário de Romanos, observa que a ideia aqui é a de que qualquer prática cristã deve visar à glória de Deus. Evidentemente que aqui não está em foco a guarda do sábado como fazem determinados grupos heterodoxos em nossos dias, pois Paulo tinha convicção de que essa prática era apenas uma sombra que se cumpriu em Cristo (Cl 2.16).
“Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que despregas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo” (14.10). Há algumas coisas que são centrais na fé cristã enquanto outras são periféricas. A maioria das controvérsias entre irmãos em Cristo se dá por conta de coisas não essenciais. Muitos debates se fundamentam em futilidades sem fundamentação bíblica. O grande humanista do século XVI, Erasmo de Roterdã, em sua avassaladora sátira ao catolicismo medieval, mostrou esse fato com uma retórica impecável: “Escutei outro igualmente divertido: era um velho octogenário, teólogo da cabeça aos pés, e tão teólogo que o teriam tomado por Scotus ressuscitado. Explicando um dia o mistério do nome de Jesus, ele demonstrou com maravilhosa sutileza que tudo o que se pode dizer do divino Salvador está oculto nas letras do seu nome: ‘De fato, dizia, o nome de Jesus em latim tem apenas três casos, o que designa claramente as três pessoas da Santíssima Trindade. Observai, além disso, que o nominativo termina em S, JesuS, o acusativo em M, JesuM, e o ablativo em U,JesU. Ora, essas três terminações, S, M, U, encerram um mistério inefável; pois, sendo as primeiras letras das três palavras latinas Summum (zénite), Médium (centro) e UItimum (nadir), elas significam claramente que Jesus é o princípio, o centro e o fim de todas as coisas’. Restava ainda um mistério bem mais difícil de explicar que todos esses, mas nosso doutor encontrou uma solução inteiramente matemática. Ele dividiu a palavra Jesus em duas partes iguais, de maneira que a letra S ficou sozinha no meio. ‘Essa letra T, disse em seguida, que suprimimos do nome de Jesus, chama-se Syn entre os hebreus; ora, Syn é uma palavra escocesa que, ao que eu saiba, significa pecado. Isso nos mostra então claramente que foi Jesus que tirou o pecado do mundo’. Todos os ouvintes, sobretudo os teólogos, atentos a um exórdio tão maravilhoso, estavam paralisados de admiração; por pouco não teriam se transformado em pedra como outrora Níobe, depois que Apoio matou seus filhos. [...] Mas nossos sábios doutores [...] julgam que esses preâmbulos, como os chamam, são obras-primas de eloquência quando neles nada se pode perceber que os ligue ao resto do discurso, e quando o ouvinte, cheio de espanto e admiração, pergunta a si próprio: ‘Onde ele quer chegar?’”.
A Igreja é una, porém é formada por pessoas diferentes.
Romanos 14.13-23
Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. Eu sei e estou certo, no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu. Não seja, pois, blasfemado o vosso bem; porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens. Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. E verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come, está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado.
Desmamando a Criança
“Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão” (14.13). Essa seção de Romanos 14.13-23 mostra que tolerância, crescimento e conhecimento devem andar juntos. Paulo já deixou claro que a responsabilidade de manter a fraternidade cristã é responsabilidade tanto do crente “fraco” como do “forte”. A passagem de Gênesis 21.8 serve como metáfora que ilustra a necessidade do crescimento. Isaque cresceu e foi desmamado. Todos nascemos como bebés em Cristo, e nessa fase de nossa vida adotamos alguns comportamentos que são peculiares a essa faixa-etária. Não há nada errado com isso. Todavia, chegará o dia em que precisaremos ser desmamados! A. W. Tozer mostrou que precisamos sair da infância espiritual e crescer. O cristão que não cresce é carnal. Tozer mostra algumas características do crente carnal: egocêntrico, temperamental, dependente de fatores externos, carente de propósitos, improdutivo, alheio as próprias falhas e alimenta-se com restrição.
E preciso, portanto, tirar a mamadeira do crente. Warren W. Wiersbe comentou com muita propriedade: “Tanto o cristão mais forte quanto o mais fraco precisam crescer. O mais forte precisa crescer em amor, enquanto o mais fraco precisa crescer em conhecimento. Enquanto um irmão for débil na fé, devemos tratá-lo com amor em meio a sua imaturidade. No entanto, se realmente o amarmos, o ajudaremos a crescer. E errado um cristão permanecer imaturo e com consciência hipersensível [...] Os cristãos recém-convertidos precisam de comunhão que os proteja e estimule seu crescimento. No entanto, não podemos tratá-los como ‘bebés’ a vida toda! Os cristãos mais velhos devem usar de amor e paciência e cuidar para não fazê-los tropeçar. Todavia, esses cristãos mais novos devem crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 3.18)”.
CONCLUSÃO
Aprendemos como o apóstolo Paulo procurou pacificar a tensão entre os crentes forte e fracos na igreja de Roma. Esse conflito estava gerando um ponto de tensão que poderia, a curto prazo, pôr em risco a obra de Cristo ali.
Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará em firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi para isto que morreu Cristo e tornou a viver; para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
Buscando a Maturidade
“Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (14.1). O apóstolo introduz aqui uma nova discussão — o relacionamento entre crentes maduros e imaturos. Essa seção revelará como deve ser o convívio entre os “fracos” e os “fortes” na fé. Essa não é uma peculiaridade da igreja de Roma. Nenhuma igreja é nivelada, possuindo somente crentes fortes ou somente crentes fracos. Essas duas modalidades de crentes estão presentes em qualquer discipulado cristão. As vezes incorremos no erro de achar que a igreja deve ter somente os “fortes”, e acabamos relegando os débeis na fé para segundo plano. Diante de Deus todos são importantes. O que precisamos ter é amor e paciência para descer até ao nível do irmão mais fraco para ajudá-lo a crescer.
O cristão “débil”, tradução do grego astheneo, possui o sentido de “fraco”, “doente”. Esse termo era usado tanto para enfermidades físicas como espirituais (Lc 5.15; 1Co 11.30). Godet destaca que o sentido nesse texto é de alguém que enfraquece num dado momento e num caso especial. Já destacamos que a igreja de Roma era formada por judeus e em grande maioria por gentios. O problema não era com os gentios adotando práticas pagãs, pois não vemos aqui as mesmas recomendações que Paulo deu à igreja gentílica de Corinto (1Co 8). Os judeus — com suas tradições milenares, como por exemplo, a observância de vários ritos cerimoniais — eram mais propensos a entrar em choque com a nova fé. Toda essa carga cultural vinha junto quando um deles se convertia ao evangelho. Como conciliar a tradição com os princípios do evangelho? Evidentemente que essa foi sem dúvida uma fonte de tensão na igreja de Roma. Não se tratava de uma prática judaizante, pois não vemos o apóstolo enfatizando isso em seu discurso como fez, por exemplo, com a igreja da Galácia. A referência à guarda de dias especiais e a observância a regras alimentares se ajusta melhor com a cultura judaica.
Esse conflito estava gerando debates acalorados na igreja, e essas “opiniões” (gr. dialogismos) estavam gerando muitos questionamentos. Em qualquer igreja viva, onde há a presença de novos manifestos, esses questionamentos aparecem. A orientação apostólica é no sentido de que isso não venha a causar tropeço naquele que é mais fraco. À propósito, lembro-me de que quando eu e minha família recebemos Jesus como Salvador nos anos 80, um amigo nosso também se converteu. Ele era muito dinâmico e possuía o hábito de tudo questionar. Ele não questionava por questionar, mas por que queria saber de tudo de forma muito rápida. Nesse propósito ele se debruçou na leitura da Bíblia. Certa noite, ele chegou em nossa casa com uma pergunta. Dirigindo-se a meu irmão, perguntou: “De onde veio Deus?” Meu irmão, que havia se convertido alguns meses antes, respondeu que Deus não tinha origem, visto que era isso o que a Bíblia afirmava em Salmos 90.2: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Aquele amado irmão não se deu por satisfeito porque, segundo ele, também havia lido na Bíblia que “Deus veio de Temã” (Hc 3.3). Estava formada a polêmica! Por cerca de uma hora eles discutiram de forma acalorada. Eu ficava apenas observando de longe. Em determinado momento, já com os ânimos alterados, meu irmão pediu que nosso amigo se retirasse para sua casa. Dias depois procuramos aquele irmão para uma reconciliação. Mais de trinta anos já se passaram e continuamos amigos.
Não tenho dúvidas de que em Roma havia também debates assim.
“Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes” (14.2). Aqui o crente “forte” aparece como aquele que acredita que está livre para comer de tudo. De acordo com o versículo 21, o comer carne está em evidência nessa discussão. Por outro lado, o crente “débil” não possuía estrutura para fazer o mesmo que seu irmão mais “forte” fazia. Em vez disso, ele ficava escandalizado. Mudou o cardápio, mas as controvérsias continuam hoje. Conheci um estimado irmão em Cristo que não conseguia usar camisa de mangas curtas porque achava que as mesmas o deixavam mundano. Outro achava que crente nenhum devia ir à praia. Isso parece tolice, mas são fatos reais e que precisam ser vistos com amor para que não haja um aleijão na formação cristã.
“O que come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu” (14.3). Aqui está o ponto de equilíbrio — o respeito pelas convicções de cada um. Paulo não entra em um juízo de valor, decidindo por um dos lados. Mas procura mostrar que acima de tudo a lei do amor fraternal deve imperar nesses casos. O que comia carne não deveria desprezar o que não comia e o que não comia carne também não deveria desprezar o que comia. À propósito, lembro que no início da minha fé éramos exortados a não usar bermudas e jogar futebol. Agora imagine que nesse tempo eu tinha 18 anos e jogava em um time de futebol amador. Sofri por conta da força do hábito, mas me ajustei às normas da igreja naqueles dias. Tantos anos se passaram que não sinto nem a falta da bermuda nem tampouco do futebol*. Hoje eu sei que esses usos e essas práticas não são pecaminosas em si e nunca foram. Mas como obediência à comunidade que abracei naqueles dias, abandonei essas práticas.
* Vejo o futebol como uma manifestação cultural como tantas outras. Todavia, é inegável que hoje há um culto ao desporto e o futebol está inserido nesse contexto. É lamentável vermos estádios, verdadeiros templos do esporte, lotados, e templos cristãos vazios. Isso é mais visível na Europa, onde há um culto ao esporte. Esse fato é demonstrado com precisão no livro La Postmodernidad, do escritor Antonio Cruz.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Juízo de valor (14.1)
Significa determinar, com base em nossas próprias crenças e convicções, que certa pessoa está em pecado. Quando uma pessoa se envolve num ato que a Bíblia tipifica como pecaminoso, não estamos fazendo juízo de valor ao classificar esse ato de pecado, mas, sim, estamos em concordância com Deus. É importante ter clara, na mente, essa distinção. A igreja deve disciplinar os crentes que pecam, mas ninguém, nem mesmo a congregação, tem o direito de emitir juízo de valor.
Forte e fraco (14.2) Para surpresa de muitos, é o fraco na fé (aetheneia: fraco, incapacitado) que tem problemas com a liberdade de outros, que desfrutam de uma fé mais forte! O forte na fé leva em conta que a espiritualidade não é uma questão de fazer ou não fazer, mas de amar e servir a Deus enquanto usufrui suas boas dádivas.
Desprezar (14.3) O problema de julgar os outros é que isso distorce relacionamentos, nos impede o entendimento e de compartilharmos a ajuda uns dos outros. Deus se agrada de nós, pelos nossos relacionamentos, não se comemos carne ou somos vegetariano" (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.750).
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo” (14.5). Os comentaristas destacam que o prosélito tinha por hábito considerar sagrado alguns dias, como por exemplo, o Dia da Expiação. Evidentemente que isso estava fixo de tal forma em sua mente que a não observância era um motivo de escândalo. Todavia, um novo convertido vindo do paganismo rejeitava essa prática por não achá-la mais necessária. Elvis Carballosa, em seu comentário de Romanos, observa que a ideia aqui é a de que qualquer prática cristã deve visar à glória de Deus. Evidentemente que aqui não está em foco a guarda do sábado como fazem determinados grupos heterodoxos em nossos dias, pois Paulo tinha convicção de que essa prática era apenas uma sombra que se cumpriu em Cristo (Cl 2.16).
“Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que despregas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo” (14.10). Há algumas coisas que são centrais na fé cristã enquanto outras são periféricas. A maioria das controvérsias entre irmãos em Cristo se dá por conta de coisas não essenciais. Muitos debates se fundamentam em futilidades sem fundamentação bíblica. O grande humanista do século XVI, Erasmo de Roterdã, em sua avassaladora sátira ao catolicismo medieval, mostrou esse fato com uma retórica impecável: “Escutei outro igualmente divertido: era um velho octogenário, teólogo da cabeça aos pés, e tão teólogo que o teriam tomado por Scotus ressuscitado. Explicando um dia o mistério do nome de Jesus, ele demonstrou com maravilhosa sutileza que tudo o que se pode dizer do divino Salvador está oculto nas letras do seu nome: ‘De fato, dizia, o nome de Jesus em latim tem apenas três casos, o que designa claramente as três pessoas da Santíssima Trindade. Observai, além disso, que o nominativo termina em S, JesuS, o acusativo em M, JesuM, e o ablativo em U,JesU. Ora, essas três terminações, S, M, U, encerram um mistério inefável; pois, sendo as primeiras letras das três palavras latinas Summum (zénite), Médium (centro) e UItimum (nadir), elas significam claramente que Jesus é o princípio, o centro e o fim de todas as coisas’. Restava ainda um mistério bem mais difícil de explicar que todos esses, mas nosso doutor encontrou uma solução inteiramente matemática. Ele dividiu a palavra Jesus em duas partes iguais, de maneira que a letra S ficou sozinha no meio. ‘Essa letra T, disse em seguida, que suprimimos do nome de Jesus, chama-se Syn entre os hebreus; ora, Syn é uma palavra escocesa que, ao que eu saiba, significa pecado. Isso nos mostra então claramente que foi Jesus que tirou o pecado do mundo’. Todos os ouvintes, sobretudo os teólogos, atentos a um exórdio tão maravilhoso, estavam paralisados de admiração; por pouco não teriam se transformado em pedra como outrora Níobe, depois que Apoio matou seus filhos. [...] Mas nossos sábios doutores [...] julgam que esses preâmbulos, como os chamam, são obras-primas de eloquência quando neles nada se pode perceber que os ligue ao resto do discurso, e quando o ouvinte, cheio de espanto e admiração, pergunta a si próprio: ‘Onde ele quer chegar?’”.
A Igreja é una, porém é formada por pessoas diferentes.
Romanos 14.13-23
Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. Eu sei e estou certo, no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu. Não seja, pois, blasfemado o vosso bem; porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens. Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. E verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come, está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado.
Desmamando a Criança
“Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão” (14.13). Essa seção de Romanos 14.13-23 mostra que tolerância, crescimento e conhecimento devem andar juntos. Paulo já deixou claro que a responsabilidade de manter a fraternidade cristã é responsabilidade tanto do crente “fraco” como do “forte”. A passagem de Gênesis 21.8 serve como metáfora que ilustra a necessidade do crescimento. Isaque cresceu e foi desmamado. Todos nascemos como bebés em Cristo, e nessa fase de nossa vida adotamos alguns comportamentos que são peculiares a essa faixa-etária. Não há nada errado com isso. Todavia, chegará o dia em que precisaremos ser desmamados! A. W. Tozer mostrou que precisamos sair da infância espiritual e crescer. O cristão que não cresce é carnal. Tozer mostra algumas características do crente carnal: egocêntrico, temperamental, dependente de fatores externos, carente de propósitos, improdutivo, alheio as próprias falhas e alimenta-se com restrição.
E preciso, portanto, tirar a mamadeira do crente. Warren W. Wiersbe comentou com muita propriedade: “Tanto o cristão mais forte quanto o mais fraco precisam crescer. O mais forte precisa crescer em amor, enquanto o mais fraco precisa crescer em conhecimento. Enquanto um irmão for débil na fé, devemos tratá-lo com amor em meio a sua imaturidade. No entanto, se realmente o amarmos, o ajudaremos a crescer. E errado um cristão permanecer imaturo e com consciência hipersensível [...] Os cristãos recém-convertidos precisam de comunhão que os proteja e estimule seu crescimento. No entanto, não podemos tratá-los como ‘bebés’ a vida toda! Os cristãos mais velhos devem usar de amor e paciência e cuidar para não fazê-los tropeçar. Todavia, esses cristãos mais novos devem crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 3.18)”.
Os crentes fracos eram principalmente cristãos judeus que se abstinham de certos tipos de alimentos, e observavam determinados dias em razão de sua contínua lealdade à Lei de Moisés (Rm 14.6,14). Os fortes eram formados tanto por judeus como por gentios que haviam alcançado um entendimento correto das implicações da Nova Aliança. Esse fato é confirmado pela afirmação do apóstolo Paulo que se enfileira com os fortes na fé (Rm 15.1).
Leia: O Primeiro Concilio
Romanos 15.1-13
Mas nós que somos
fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos.
Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.
Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim
caíram as injúrias dos que te injuriavam. Porque tudo que dantes foi escrito
para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das
Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus da paciência e consolação vos
conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para
que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo. Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu
para glória de Deus. Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão,
por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos
pais; e para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está
escrito: Portanto, eu te louvarei entre os gentios e cantarei ao teu nome. E
outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, com o seu povo. E outra vez: Louvai ao
Senhor, todos os gentios, e celebrai-o todos os povos. E outra vez diz Isaías:
Uma raiz em Jessé haverá, e, naquele que se levantar para reger os gentios, os
gentios esperarão. Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em
crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo.
“Mas nós que somos
fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos”
(15.1). O contexto de Romanos 14 mostra o apóstolo falando sobre os “fracos” em
contraste com os “fortes”. Somente aqui em Romanos 15.1 aparece pela primeira
vez nessa seção a palavra “forte” em referência aos cristãos mais maduros na
fé. A palavra “forte” traduz o termo grego dynatos,
que nesse contexto tem o sentido de cristãos mais firmes ou amadurecidos. O
contexto revela que esses crentes mais “fortes’, entre os quais o apóstolo se
incluiu, eram aqueles que haviam compreendido o sentido da Nova Aliança em
Cristo. Para esses cristãos, os rudimentos do antigo pacto já haviam passado,
não sendo exigido deles nenhuma observância quanto aos seus preceitos. Para os crentes
mais “fracos”, formado por judeus vindos do judaísmo e convertidos ao
cristianismo, o desapego a essas tradições não era tão fácil assim.
Nessa situação,
aqueles crentes que já possuíam um maior discernimento da fé cristã deveriam
demonstrar amor e paciência para com esses crentes mais lentos na fé. Eles
deveriam suportar as fraquezas dos mais fracos. Paulo já havia escrito sobre
esse assunto na Carta aos Gálatas, quando exortou os crentes da Galácia: “Levai
as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2). Há um
momento na nossa caminhada cristã em que precisamos levar o outro nas costas,
talvez não por muito tempo, mas enquanto for necessário.
“Porque também
Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as
injúrias dos que te injuriavam” (15.3). Paulo mostra que o exemplo máximo de
tolerância veio do Senhor Jesus Cristo. Essa lição já havia sido mostrada pelo
apóstolo em Romanos 5.8: “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. Ora, se Cristo nos amou na condição
de pecadores, totalmente rebelados contra Deus, então por que não deveríamos
suportar as debilidades dos mais fracos? Todos nós conhecemos alguma história
envolvendo cristãos que no início da fé demonstraram lentidão no seu
crescimento espiritual e como a paciência e o amor de quem o discipulou ajudou
nesse processo.
“Portanto,
recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus”
(15.7). Paulo se dirige diretamente aos cristãos de origem gentílica. Ele pede
que eles olhem para sua própria história. Eles não faziam parte da oliveira
verdadeira, como já havia sido demonstrado em Romanos 9—11, mas graças à
misericórdia e bondade de Deus, haviam sido enxertados. Agora estavam
produzindo frutos para a vida eterna. Por que não esperar pelos seus irmãos que
demonstravam um pouco de lentidão na compreensão das verdades espirituais? Eles
deveriam aprender com a própria Escritura que mostrava como a misericórdia de
Deus o levou a acolhê-los no plano da salvação. Era uma lição para não ser
esquecida.
"No exemplo de Cristo 15.1-13
De certo modo, Paulo dá continuidade ao assunto do capítulo 14, porém, com uma visão especial.
vv. 1,2 - Nestes dois versículos a exortação continua quanto às relações entre os crentes denominados 'fortes' e os 'fracos'. Os fortes devem suportar os 'fracos' nas suas fraquezas. Não apenas suportá-los, mas ajudá-los. O propósito do crente forte não deve ser o de agradar a si mesmo, mas o de ajudar os que necessitam do seu auxílio (15.2). Paulo exemplifica com Jesus, dizendo: 'Porque também Cristo não agradou a si mesmo' (15.3).
[...] O grande problema estava no fato das diferenças de costumes entre os judeus e os gentios. Paulo não desmerece a importância dos pertencentes à 'circuncisão', mas reafirma que Cristo é Senhor e Salvador, tanto dos judeus como dos gentios. Para que os crentes gentios não se orgulhassem sobre os crentes vindos do judaísmo, Paulo mostra que o Evangelho é superior aos sistemas de vida. Gentios e judeus, fortes e fracos, todos são um só povo em Cristo, pois este foi feito ministro para confirmar as promessas (15.8)" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.144).
CONCLUSÃO
Aprendemos como o apóstolo Paulo procurou pacificar a tensão entre os crentes forte e fracos na igreja de Roma. Esse conflito estava gerando um ponto de tensão que poderia, a curto prazo, pôr em risco a obra de Cristo ali.
Romanos 15.1,2: “Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação”
Fonte:
Lições Bíblicas - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - 2º.trim_2016 CPAD - Comentarista Jose Gonçalves
Livro de Apoio - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - Comentarista José Gonçalves
Romanos. O Evangelho da Justiça de Deus - 5ª.ed.CPAD
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10.ed.
Revista Ensinador Cristão-nº66
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Bíblico Wycliffe
Dicionário Teológico CPAD
Lições Bíblicas - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - 2º.trim_2016 CPAD - Comentarista Jose Gonçalves
Livro de Apoio - Maravilhosa Graça - O Evangelho de Jesus Cristo revelado na Carta aos Romanos - Comentarista José Gonçalves
Romanos. O Evangelho da Justiça de Deus - 5ª.ed.CPAD
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10.ed.
Revista Ensinador Cristão-nº66
Guia do Leitor da Bíblia - CPAD
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Bíblico Wycliffe
Dicionário Teológico CPAD
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