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quarta-feira, 15 de junho de 2016

A Família de Jesus

Com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se firma” Pv 24.3

Havia muitas profecias falando sobre o nascimento do Salvador Jesus, e muitos esperavam por isso. O dia chegou e, num canto desprezado do mundo, uma família humana o recepcionou com todo amor e carinho. Os pais eram de ascendência real, porém pobres; tinham nobreza de caráter e uma grande fé em Deus. O início da vida familiar foi bastante difícil, com muitas perseguições e ameaças, mas Deus estava no controle. A família cresceu em torno de uma carpintaria em Nazaré.

Texto Bíblico: João 7 2-5, 8-10.  Lucas 2 1-40.  Mateus 2 1-21.  Marcos 6.3.

Ensinar os filhos no caminho do Senhor, como fizeram José e Maria, é o passaporte para a felicidade da família, ainda que haja problemas no percurso.

“E aconteceu que, estando eles ali [em Belém] (...) deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2.6,7).

Quando Jesus estava chegando a este mundo, somente seus pais o aguardavam alegremente! Os homens, em geral, não o receberam bem. Não havia lugar para Ele e seus pais na estalagem em Belém. Somente o Céu fez uma recepção à altura: uma estrela brilhou intensamente, e milhões de anjos cantaram com júbilo... Na Terra, porém, era noite. O vento era frio. O lugar era pobre e sem nenhum conforto. Era uma estrebaria de animais. O cheiro não era bom. Naquele ambiente, sua mãe entrou em trabalho de parto. Não havia enfermeiras ali, nem médicos, nem parteiras. Apenas seu marido. O berço era um tabuleiro onde os animais comiam. Um cocho. Que recepção para o Rei dos reis! Jesus poderia ter voltado ao Céu naquela mesma hora; mas, por amor, decidiu ficar. O Redentor nasceu e permaneceria na Terra, ao lado de seus pais.

Os pais de Jesus eram pessoas extraordinárias. Aceitaram ser a família do Salvador, entregando suas vidas e futuro à vontade do Altíssimo. Isso foi muito nobre, mas também perigoso. Maria poderia ter sido apedrejada sob a acusação de adultério. José, seu noivo na época, só não desistiu do casamento por causa de uma revelação divina. Ele a aceitou pela fé.

Pouco tempo após Jesus nascer, a família quase foi assassinada. Diante disso, tiveram que fugir para outro país. A vida deles nunca foi fácil. Quando voltaram para Israel, anos depois, foram morar numa cidadezinha nas montanhas chamada Nazaré. A família montou uma microempresa: uma carpintaria. Trabalho pesado e mal remunerado. Eles eram pobres. Algum tempo se passou e, ao que tudo indica, Maria ficou viúva... sem marido, porém não sem esperança, pois ela sempre se lembrava das promessas do anjo Gabriel sobre seu filho primogênito (Lc 2.19). O Redentor era o maior projeto da sua vida, era a coisa mais importante.

A vida do Salvador em família se desenvolveu normalmente até os seus trinta anos, quando ainda trabalhava como carpinteiro. A partir desse momento, recebeu a ordem do Pai para se manifestar ao mundo. Então, Ele começou a ensinar: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12), “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo M.6), “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11.25). Os seus irmãos, a princípio, não o aceitaram. A certa altura dos acontecimentos, acharam estar louco. Maria, porém, sempre esteve presente durante o ministério do Messias, a fim de servi-lo, como outras mulheres, e também para sofrer. Um profeta havia dito à Maria sobre Jesus: “uma espada traspassará também a tua própria alma” (Lc 2.35). Esta profecia se cumpriu no Calvário. Ali, ao pé da cruz, ela viu Jesus morrer como um bandido. A dor na alma daquela mulher era aguda demais, assim como a perfuração de uma espada. O Senhor Jesus, com a responsabilidade social de um primogênito, sentindo a angústia de sua mãe, que não o abandonou, estabeleceu um novo vínculo familiar para Maria. Ele deu à sua mãe um novo filho, João, que cuidaria dela. O Senhor, assim, esteve com sua família do início até o fim, como todo bom filho faz. José, Maria e seus filhos Tiago, José, Judas e Simão (Mc 6.3; Mt 13.55), além das filhas, foram um presente do Eterno para Jesus.

A família do Filho de Deus era bem humana. As vezes errava, julgava mal, perdia a paciência, falava o que não devia, mas, no fim da história, soube reconhecer seus equívocos e compreender que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).

Lucas é o único a narrar com detalhes a pré-história individual e familiar do Redentor, pois, como todo bom historiador, ele reputava por fundamental a compreensão dessa narrativa para entender como a pessoa será. Dessa forma, vislumbra-se, por óbvio, que a teoria psicológica do Behaviorismo não acertou ao dizer que “o homem é um produto do meio”. O homem é o resultado de inúmeras interações biopsicossociais. Daí, a importância de conhecer sua pré-história individual e familiar. Quando se observa um meio social onde há muita violência e criminalidade, percebe-se a maioria das pessoas enveredando não pelo mau caminho, mas procurando construir um mundo melhor e mais justo. Assim, não só o meio em que se vive, mas também os antecedentes históricos da família e a estrutura psicológica do indivíduo também determinarão como será esse novo ser humano (isso, claro, do ponto de vista científico). Por causa dessa ideia, Lucas informou inicialmente, com muitas minúcias, o que aconteceu antes de o Nazareno nascer (e, ao longo do livro, lançou luzes sobre como era aquele ambiente), para entendermos melhor sua família, sua vida e seu ministério.

I. PRÉ-HISTÓRIA FAMILIAR
1. Uma família nobre
Nobreza é uma qualidade transcendente à genética, e não se resume em ter ascendentes detentores do poder político e social. Nobreza expressa, sobretudo, grandeza de caráter. Essa era a situação de José e Maria. Além de fazerem parte de uma árvore genealógica real, apresentada por Mateus e Lucas, também tinham um caráter acima da média. Assim, eram da linhagem dos reis de Israel (sendo descendentes diretos tanto de Abraão quanto do rei Davi) e, por isso, repousava sobre essa família toda sorte de promessas e direitos. Além disso, eram pessoas da mais fina estirpe. Encarnaram a ideia de a vida só valer a pena ser vivida se for para ser agradável aos olhos do Altíssimo. Essa diretriz era, inclusive, seguida por Isabel e Zacarias, familiares distantes, os quais eram “justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor" (Lc 1.6). Tal afirmação apresenta-se muito forte, pois demonstra grande dignidade por parte desse casal tão querido pela família do Redentor. Não é de estranhar, portanto, a glória do Senhor manifestada no encontro de Maria, ainda grávida, e sua prima Isabel numa visita. É como diz o adágio popular: “aves da mesma plumagem voam juntas”.

Zacarias e Isabel, assim, representavam um alto padrão de moralidade e espiritualidade, fazendo coro com o casal José e Maria, pois tinham, como dito, nobreza de caráter. Interessante como era bonita a relação entre as primas Maria e Isabel, como se vê na visita que a jovem Maria foi fazer à anciã Isabel (Lc 1.39-45). Uma diferença tão grande de idade, porém uma enorme proximidade no caráter e na obediência. Isabel era um referencial de fé, experiente em Deus, e Maria era bastante jovem, entretanto elas estavam juntas, em comunhão. Isabel, humilde, indagou: “E de onde me provém isso a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?” (Lc 1.43). Elas eram muito nobres! No que diz respeito a José, sua nobreza pode ser atestada isoladamente por querer deixar Maria em segredo, para não a “prejudicar”. Ele poderia, por outro lado, ter exigido o castigo da jovem, mas preferiu aceitar calado ante a aparente traição. O Eterno, porém, falou com ele, e tudo foi resolvido.

2. Uma família corajosa
Uma das características dos grandes homens e mulheres de Deus, na Bíblia, sempre foi a coragem. Em via de regra, esses ícones da fé não se acovardaram no dia da angústia (Pv 24.10); antes, retiraram a força necessária das fraquezas, a fim de realizar proezas em nome do Senhor. Eles não agiram com coragem somente quando tudo estava sob controle, mas, sobretudo (e é aí onde a verdadeira coragem aparece), quando tudo parecia dar errado, ou quando todos davam as costas. José e Maria, seguindo esse modelo, demonstraram muita firmeza de espírito em todos os embates que enfrentaram.

Nunca deixaram de fazer o que era certo por medo dos poderosos. Eles tinham uma missão e não a abandonariam sob nenhum pretexto. Esse sentimento de destemor integrava, com muita veemência, os valores dos pais humanos do Nazareno. Por exemplo, José foi fazer o recenseamento da família em sua terra natal nos últimos dias da gravidez de Maria (Lc 2.1-4). Ele poderia ter fugido de sua responsabilidade, por causa do estágio gestacional dela, mas não o fez. José foi cumprir sua obrigação com sua casa. Isso é coragem e fé. A vida do simples e despretensioso carpinteiro, de uma hora para a outra, entrou em ebulição. Mesmo assim, ele permaneceu inabalável juntamente com Maria (Mt 2.19-21), e percorreu todos os lugares que eram necessários, pela direção do Senhor. Neles nunca houve receio em fazer a vontade do Altíssimo.

3. Uma família de pais obedientes
Pais obedientes geram, em regra, pelo bom padrão de conduta, filhos obedientes, e pais desobedientes, também pela mesma regra, geram filhos desobedientes. Dessa forma, eles têm uma extraordinária capacidade de influência sobre sua prole, indo muito além das palavras: o exemplo. Havia um filósofo antigo que dizia: “Existem pessoas que pensam que o exemplo é a melhor forma de ensino; estão enganadas: é a única”. Não é à toa os filhos frequentemente seguirem a profissão de seus pais, como aconteceu com Tiago e João (eram pescadores, como seu pai Zebedeu) e com Jesus (carpinteiro, como seu pai), por exemplo.

José e Maria sempre foram muito obedientes ao Senhor, e isso, certamente, foi importante para Jesus “aprender a obediência” (Hb 5.8). Eles não tinham suas vidas por preciosas. Qual o legado de um pobre carpinteiro e de uma simples camponesa que moravam num canto empoeirado do mundo, subjugado pela nação mais poderosa da época, para a humanidade? Resposta: a obediência. Ela gera benefícios inigualáveis, tanto para si, como para a família. Os filhos de José e Maria puderam experimentar isso, “quando aprenderam a obediência”. Eles, no fim de tudo, transformaram-se em grandes expoentes da fé cristã. Seus pais foram obedientes ao Todo-Poderoso, e eles o seriam também. Pais que andam com os filhos no caminho do Senhor recolherão frutos abençoados no futuro, pois os filhos nunca se desviarão (Pv 22.6).

II. VIDA SOCIAL
1. Pobre
O Eterno escolheu um homem pobre para exercer o papel de chefe da família de Jesus, e não um super-homem. Tratava-se de alguém normal e que não se destacava por sua intelectualidade. Aliás, esse homem nunca escreveu um livro. O negócio dele era cortar árvores para transformá-las em móveis. Era, ao que tudo indica, de uma simplicidade marcante, uma pessoa do povo, um carpinteiro, porém um homem cheio de Deus e, por isso, o Senhor o colocou perto de uma mulher "cheia de graça” que seria “bendita entre as mulheres”.

Em um mundo rústico, de pessoas simples e com uma economia estrangulada por altos impostos, não é fácil enriquecer honestamente. Este era o perfil da sociedade de Nazaré, onde José e Maria moravam — uma pequena cidade encravada numa montanha, cuja reputação não era das melhores no cenário nacional (Jo 1.46). E foi ali que a família de Cristo viveu por longos anos.

A vida da família do carpinteiro José não era fácil e, pela quantidade de filhos, a situação financeira deveria ser complicada. Tudo leva a crer que eles não eram ricos materialmente. Isso pode ser ratificado por alguns episódios bíblicos, conforme se vê: 
a) José e Maria, no oitavo dia do nascimento de Jesus, conforme a lei, foram apresentar o Senhor no templo, quando levaram para sacrificar um par de rolas — oferta dos casais pobres (Lc 2.21-24);
b) quando adulto, o Salvador diz não ter um lugar onde reclinar a cabeça (Mt 8.20);
c) os discípulos de Cristo, todos judeus, colheram espigas dos campos alheios, prerrogativa dos estrangeiros ou pobres (Lv 19.9,10; Mt 12.1);
d) antes de entrar em Jerusalém, Jesus pediu emprestado um jumentinho (Lc 19.29-35); e
e) por fim, a última Páscoa foi celebrada em um cenáculo de outra pessoa (Lc 22.7-13). Todos esses episódios corroboram o fato de que a família do Salvador era pobre (2 Co 8.9).

2. Solidária
Solidariedade não é somente ofertar o sobressalente, mas é, especialmente, a capacidade de multiplicar as coisas através da divisão, em amor, como Cristo frequentemente fazia. Os dois milagres da multiplicação dos pães e peixes, por exemplo, foram gerados com base no princípio da solidariedade. Ao dividir o que tinha nas mãos, houve a multiplicação! O Senhor poderia ter transformado pedras em pães e relva em peixes, e o povo sairia alimentado fisicamente do mesmo jeito... e que milagre seria! Entretanto, nisso não haveria ensinamento moral. Jesus não perdeu a chance de oferecer, além dos ensinos proferidos naquele dia, uma tão valiosa lição. Ele cria as coisas com um fim nobre, sempre, por intermédio de canais que glorifiquem o seu nome.

A vida de José foi marcada pela solidariedade. A primeira vez deu-se quando receberam os presentes dos magos, notadamente o ouro, que deve ter fornecido condições para a família do Messias se manter no Egito pelos anos que por lá palmilhou. Afinal, uma antiga profecia dizia: "Do Egito chamei a meu filho” (Os 11.1).

O primeiro milagre do Salvador ocorreu em um casamento, quando Maria intercedeu ao Senhor por um problema dos outros — a falta de vinho (Jo 2.1-11). Muitos milagres de Jesus foram realizados em solidariedade aos mais pobres, tais como as restaurações da visão do mendigo Bartimeu, da saúde da mulher do fluxo de sangue (que perdera tudo), a cura de um mendigo, que era cego de nascença (Jo 9), dentre outros. Assim, a família do Messias era familiarizada com atitudes solidárias, o que ensinou aos seus irmãos a se compadecerem dos mais pobres. Existe um provérbio português que diz: "ninguém é tão pobre, que não possa dar, nem tão rico, que não possa receber”.

Tiago, filho de José e Maria, foi um dos que disseram ao apóstolo Paulo para lembrar-se dos pobres (Gl 2.10,11) e também, em sua epístola, denunciou aqueles que desonravam os pobres (Tg 2.5,6) e não ajudavam aos necessitados (Tg 2.15,16). É preciso citar, igualmente, a determinação do Messias para João acolher Maria em sua própria casa (Jo 19.26,27). O filho primogênito tinha o dever moral de deixar sua mãe amparada. Jesus era Deus. Todavia, mesmo na hora da morte, continuou sendo um bom filho, um filho solidário!

3. Trabalhadora
O trabalho era considerado algo inútil para os gregos antigos, devendo ser realizado somente pelos pobres e ignorantes. No livro “A República”, Platão defende que o trabalho manual não deveria ser valorizado, inclusive os trabalhadores não integravam nenhuma classe de cidadania, pois “não lhes sobrava tempo para a contemplação teórica da verdade e para a práxis política”. Ele, inclusive, acreditava no ideal humano se concretizar na pessoa do cidadão filósofo, liberto das responsabilidades da sobrevivência, podendo ser considerado, por isso, um formador de opinião da classe dominante.

A família de Cristo, longe de ser da elite da sociedade, era acostumada aos trabalhos braçais (aliás, nada mais manual que um trabalho de carpinteiro). As tarefas desenvolvidas pelo Filho do Altíssimo e sua família na carpintaria de José (Mt 13.55,56; Mc 6.3), portanto, poderiam escandalizar os filósofos gregos. Essa semente de que o trabalho dignifica o homem foi lançada no seio da família do Messias de maneira tão intensa que Tiago, filho de José e Maria, ao escrever sua epístola, censurou os empresários que diminuíram os salários dos trabalhadores (Tg 5.4). Está escrito: “(...) trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4.28). O Altíssimo sabia da pobreza de José e Maria. Isso, entretanto, era importante para que Jesus vivesse intensamente sua humanidade.

III. VIDA ESPIRITUAL
1. Pais cheios de fé
A fé foi o grande diferencial de homens simples que se deixaram ser usados por Deus no Antigo Testamento (Hb 11). Os heróis da fé, na Bíblia, sempre tiveram seus momentos de medo. Apesar disso, animados pelo Senhor, seguiram em frente: Abraão (Gn 15.1), Jacó (Gn 32.7,29,30), Moisés (Ex 2.14, 15), Josué (Js 1.1-9), dentre muitos outros. No Novo Testamento, porém, a situação foi ainda mais complicada, pois houve, segundo se presume, quatrocentos anos de silêncio profético. A última profecia do Cânon Sagrado dizia sobre a vinda do “Sol da Justiça”, mas, antes disso, “Elias” deveria aparecer (Ml 4.2,5). Por isso, a fé foi fundamental para a realização do projeto maior do Altíssimo, pois o Eterno estava “em silêncio” há muito tempo! E para piorar as circunstâncias, as estruturas da religião judaica estavam profundamente apodrecidas. Os sacerdotes estavam vivendo apenas de ritualismos e de tradições vãs. João Batista (o “Elias” esperado) veio para denunciar esses desvios e anunciar a chegada do Messias, mas não obteve o êxito em corrigir as condutas espirituais de seus conterrâneos. Por outro lado, existia uma profunda deturpação da situação social, jurídica e política da nação. Israel estava subjugada pelos romanos, os quais exigiam do povo o pagamento de uma pesada carga tributária, que empobrecia ainda mais o povo.

Assim, para enfrentar todos esses inimigos, era preciso muita fé. Os inimigos, para a família do Salvador, estavam, dessa forma, dentro e fora da nação. Diante disso, o Onipotente treinou o casal José e Maria logo nos primeiros momentos da vida familiar. Afinal de contas, a fé move montanhas, como disse Jesus (Mt 17.20). É interessante como Deus enviou Gabriel para falar com Maria e nada falou, pelo menos a princípio, para José (não seria mais fácil e mais lógico se Gabriel tivesse falado logo com o casal!?). Deus, porém, tem o seu caminho na tormenta e na tempestade (Na 1.3b). O Senhor estava amadurecendo a fé, a confiança e a intimidade da nova família. Todos os passos tomados por José e Maria foram baseados na fé, como Abraão. Deus disse a José, por exemplo, para ir ao Egito, mas não explicou para qual cidade e nem o que ele e Maria deveriam fazer por lá. Depois, o Senhor falou para ele voltar e, mais uma vez, o casal agiu pela fé. Maria, mesmo sem entender a maior parte dos acontecimentos, ficava calada, em oração, guardando no coração as coisas incompreensíveis que se passavam (Lc 2.19). Isso que é fé! E saber que aquilo que Deus diz é verdade, mesmo sem conhecer os caminhos a percorrer.

O medo pode arruinar todos os sonhos, destronar todos os ideais, apequenar a alma. A fé, por outro lado, é o antídoto contra o medo. José e Maria, pela fé, seguiram até o fim. Ambos enfrentavam o medo e o venceram. Este é o mais frequente desafio do cristão. Se o superar, nada o deterá. José e Maria, por isso, são exemplos de fé para toda a cristandade.
R.N. Champlin acredita que José morreu antes de o Nazareno completar trinta anos, principalmente pelo fato de a Bíblia não o mencionar em nenhum momento do ministério do Senhor, bem como pela circunstância de o Messias haver determinado que João cuidasse de sua mãe Maria, “o que teria sido desnecessário se José estivesse vivo”.

2. Filhos incrédulos e zombadores
Por que os justos sofrem?
Se Deus é bom e Todo-poderoso, por que existe o sofrimento no mundo?
São perguntas que têm inquietado parte da humanidade há milênios. Filósofos e teólogos têm se digladiado sobre esse tema. O certo é que o Altíssimo nunca nos garantiu um caminho tranquilo, porém sempre nos assegurou uma chegada segura. Os irmãos de Jesus estavam em “pé de guerra” contra Ele, pois zombavam e criticavam acidamente do Senhor (Jo 7.1-8). Isto tornou o clima familiar muito desagradável. Certamente, Maria sofria bastante com aquela situação. Como pode uma tempestade dessas se abater sobre uma família tão abençoada? Em Marcos 3.21, é visto a família do Messias considerando-o como louco e saindo para prendê-lo. Eles não acreditavam que os milagres extraordinários e as pregações arrebatadoras de grandes multidões de Cristo fosse obra divina. É muito triste quando isso acontece em uma família que serve a Deus. São, no entanto, episódios que, vez por outra, acontecem. E é fato que ninguém gosta de tempestade. Primeiro, porque ela é uma disfunção da natureza. Depois, porque a tempestade traz consigo ventos fortes, trovões, relâmpagos e chuva, neve ou granizo... e o pior, surge inesperadamente. (Os "meteorologistas” devem estar sempre atentos). Após sua passagem, revela-se o rastro do caos. Tudo fora do lugar.
Deus, porém, usa a tempestade para dar ensinamentos aos homens, e nenhuma pessoa está imune a ela. Na verdade, não há ninguém que nunca tenha enfrentado uma tempestade na família. A tempestade é democrática, atinge a todos. Por isso, é importante fazer uma pequena abordagem sobre este fenômeno.

Existe a tempestade formada por uma só "célula”, a mais simples, dando origem a um acontecimento isolado. Esta é de curta duração e com pouca intensidade, pois envolve apenas, digamos, um “problema”. Há, porém, tempestades complexas, formadas por “várias células”, estabelecendo uma "supercélula” de tempestade, como o Furacão Katrina que, durante nove dias, em 2005, destruiu parte dos EUA. Neste caso, como se viu, o “problema” demorou mais tempo para acabar, e sua força era bem maior.

Na vida dos cristãos, igualmente, as tempestades podem durar menos ou mais tempo e, também, podem se dar por um distúrbio ou por vários. Vai depender da nossa necessidade de aprendizado. De um jeito ou de outro, Deus caminhará com o seu servo em meio à tempestade, como um pai faz com seu filho, segurando-o pela mão, a fim de que a criança não seja arrastada pelos fortes ventos. Nesses períodos de turbulência, há um aumento de intimidade entre o filho e o pai, deixando marcas indeléveis na criança, por toda a vida: marcas de amor. Certamente, Maria desfrutou de muita intimidade com Deus nos momentos de tempestades. Com sabedoria e humildade, ela contornou os obstáculos, como faz um rio, e assim atingiu os objetivos traçados pelo Eterno.

3. Família que vence a dúvida e o medo
Está escrito: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo.” (1 Jo 4.18 ARA). O medo é um sentimento estagnante, apavorante, auto-mutilante. Ele pode até surgir pequeno; entretanto, como possui um enorme potencial de crescimento, é possível se tornar maior que o próprio homem, ser autodestrutivo, além de mais relevante que o amor e a fé. O medo, dessa forma, acaba tornando-se um impedimento para o crescimento espiritual. O Senhor Jesus foi referido na Bíblia como o Cordeiro de Deus por sua mansidão e como o Leão da Tribo de Judá por sua coragem. Ele não era medroso. Cristo enfrentou os maiores obstáculos com uma confiança inabalável e se fiou no caráter do Pai, aceitando “correr os riscos” de andar no caminho apertado de Deus (Mt 7.13,14).

A família do Nazareno, logo após sua morte, lançou fora toda a dúvida e medo, que eram obstáculos para seguir o Cristo. Seus irmãos e sua mãe ficaram em Jerusalém, esperando o cumprimento da promessa do Salvador (At 1.14). Poucos dias depois, o Espírito Santo revestiu de poder os crentes da Igreja Primitiva, no dia de pentecostes, e tudo indica que, dentre eles, estavam os membros da família de Jesus. A partir daí, quando os cristãos eram ameaçados, pediam coragem para fazer a obra do Altíssimo (At 4.29-31). As palavras medo e dúvida, portanto, não estavam mais em seus vocabulários.

A família de Jesus não precisava ter mais medo de nada, nem de ninguém. Seus familiares levantaram-se corajosamente para continuar a missão do Verbo Encarnado, que deu a vida pelos seus irmãos.

Em 1 Co 9.5, há a informação dos irmãos do Senhor atingindo uma posição de liderança na igreja em Jerusalém. Em Gl 1.18-19, é relatada a visita de Paulo a Jerusalém, onde, além de Pedro, encontrou Tiago, o irmão do Senhor. Em 1 Co 15.7, está registrada a aparição do Redentor, depois de ressuscitado, a Tiago.

Segundo R.N. Champlin, esse Tiago, irmão do Salvador, era conhecido como “o justo”, em face de sua “estrita aderência à santidade cerimonial judaica e de sua austera maneira de viver”. Ele teria sido o primeiro pastor da Igreja em Jerusalém, local onde teria sofrido o martírio por apedrejamento, por ordem do sumo sacerdote Anano, durante um tempo de ausência de autoridade civil, logo após a morte do procurador Festo, no ano 61 d.C.

Em relação a Judas, irmão de Jesus, o referido Champlin atesta que ele veio a tornar-se apóstolo, existindo ainda a tradição de sua geração ter continuado servindo a Deus, ao ponto de seus netos haverem sido ameaçados de morte pelo imperador Domiciano, ante ao íntimo relacionamento do avô com o Senhor Jesus. Entretanto, depois de o tirano observar que eles eram muito simples, pobres e rústicos, incapazes, portanto, de fazer uma revolta, deixou-os em paz.

Essa é a grande característica de uma família segundo o coração de Deus: no fim da estrada, todos terminam bem e felizes. No caminho, aparecem muitos erros, decepções, frustrações e momentos de tensões; todavia, como a família ama a Deus, todas as coisas cooperam juntamente para a sua felicidade e bem (Rm 8.28). Maria ficou amparada na casa de João, e os irmãos do Messias, que foram mencionados nos evangelhos (nada é dito acerca de suas irmãs), foram feitos líderes eclesiásticos e, pelo menos dois deles (Tiago e Judas) escreveram cartas do Novo Testamento. O fim das coisas é melhor que o começo delas (Ec 7.8). Aquilo que começou mal em família, pode melhorar e se tornar excelente com Deus. Este é o retrato da família do Redentor.

Seus parentes mudaram de vida, nasceram de novo e foram muito úteis ao Reino de Deus.

A família de Cristo foi muita complexa, como a de todos nós, pois também era formada por seres humanos falíveis! Eles até chegaram a duvidar e a temer. Apesar disso, ao final de tudo, compreenderam o magnífico projeto do Altíssimo. Não é assim, por acaso, que acontece cotidianamente? Membros de famílias cristãs infelizmente se perdem ao longo da caminhada, mas depois, assim como o filho pródigo, retornam ao lar paternal! É preciso orar e esperar. Deus está no controle!


SUBSÍDIO
"Os versículos 3 a 8 contêm o diálogo entre Jesus e seus irmãos. Eles falam pela primeira vez nos versículos 3 e 4, onde exortam Jesus a ir a Jerusalém para a Festa dos Tabernáculos - ocasião apropriada para Ele ir publicamente com suas declarações messiânicas, as quais, julgam, devem ser divulgadas de maneira ousada: 'Para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes'. Implícito está a noçãode que esta é a maneira de angariar seguidores - fazer sinais. Eles concluem no versículo 4 com a exortação de Ele se manifestar ao mundo.
O modo como os irmãos de Jesus falam claramente os coloca na categoria dos incrédulos. Jesus se distingue ainda mais dos seus irmãos. Seus irmãos foram vistos pela última vez em João 2. 12. Jesus não confiava neles, e também não confia agora. Nestes pequenos parágrafos, estes irmãos desempenham papel importante e tornam-se antagonistas de Jesus, aparecendo duas vezes (vv. 3,10). Eles estão com o mundo (que o odeia) em seu pecado e incapacidade de conhecer as coisas espirituais. Mais tarde, em João 20.17, Jesus envia uma mensagem a seus irmãos acerca de ir para o Pai, muito provavelmente a fim de encorajá-los a crer" (Comentário Bíblico Pentecostal. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp. 528,529).

Fonte:
Lições Bíblicas CPAD - 2ºtrim.2016 Eu e minha casa - Orientações da Palavra de Deus para a Família do Século XXI - Comentarista Reynaldo Odilo
Livro de Apoio - Eu e minha casa - Orientações da Palavra de Deus para a Família do Século XXI - Comentarista Reynaldo Odilo
Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Defesa da Fé

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