“Acabando, pois, Jacó de dar mandamentos a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, e expirou, e foi congregado ao seu povo” Gn 49.33
“Tanto o Antigo Testamento como o Novo
Testamento fornecem uma variedade de soluções práticas para um relacionamento
matrimonial e familiar bem-sucedido. O livro de Provérbios está especialmente
repleto destes ensinos.
Além das instruções específicas, as
Escrituras também fornecem muitas ilustrações significativas que, por sua vez,
apresentam princípios para uma vida familiar como a vida de Cristo. Por
exemplo, os filhos de Eli e os filhos de Davi são um forte lembrete quanto ao
que acontece quando os pais falham (1Sm 3.13; 2Sm 12.10). José é, sem dúvida, o
supremo exemplo do perdão familiar (Gn 50.15-21).
Jesus ilustrou as atitudes corretas do pai em
relação ao filho que se desviou em sua parábola do filho pródigo (Lc 15.11-24),
mas ele apresenta também motivos egoístas claros por parte dos pais (Mt 20.
20-28).
Não há dúvida de que os ensinos da Bíblia
elevam a família e sua função a um nível não alcançado em nenhuma outra
literatura ou sociedade. Embora esta unidade social divinamente instituída
tenha falhado em muitos casos, não funcionando em um nível correto dentro da
comunidade cristã, o padrão santo de Deus para a vida da família não está
invalidado” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.773).
A família segundo o coração de Deus pode enfrentar dificuldades em sua trajetória, mas sempre será triunfante.
Se existiu um
homem segundo o coração de Deus (At 13.22), o qual era cheio de imperfeições,
então existem famílias que agradam ao Todo-Poderoso. Essa será a tônica do
capítulo, comum a abordagem repleta de esperança sobre a missão familiar:
expandir o Reino do Altíssimo na terra. Problemas ocorrem porque a Queda deixou
marcas indeléveis no ser humano e também porque o mundo jaz no maligno. Porém,
há famílias boas, não impecáveis, mas esforçadas, as quais anelam acertar na
vida, cujos integrantes glorificam ao Senhor e estão dispostos a segui-lo
fielmente até o fim.
TEXTO BÍBLICO
Salmos 128.1-6
"Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos!
Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem.
A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa.
Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor!
O Senhor te abençoará desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida.
E verás os filhos de teus filhos e a paz sobre Israel."
"Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos!
Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem.
A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa.
Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor!
O Senhor te abençoará desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida.
E verás os filhos de teus filhos e a paz sobre Israel."
INTRODUÇÃO
O salmo 128.2 diz que o homem que teme ao
Senhor será feliz. Para os dias atuais, isso pode parecer uma utopia, um desejo
inatingível, mas é exatamente o que acontece com a pessoa que está em uma
família que conhece a Deus. Ela conquistará vitórias e triunfará (Sl 127.1-5).
1. A
família perfeita
Nenhuma esperança
há para o sistema atual de coisas, o qual se encontra contaminado pelos
valores difundidos por Satanás e seus demônios. Entretanto, em que pese o
estado espiritual e moral deplorável da sociedade, é possível ao jovem cristão
sonhar em construir uma linda família que sirva a Deus, como aconteceu com
Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, José e Maria, etc.
Observa-se muita
gente desiludida, procurando desestimular mais ainda os outros, enfatizando,
com veemência, a inexistência de família perfeita, fazendo, dessa forma, um
discurso pessimista sobre as relações familiares. Não! A família não é um
projeto falido, porquanto o Senhor não desistiu desse plano tão vital para a
existência.
Elementos
contingenciais humanos, como idade avançada, aparência física, pobreza, etc.,
não são obstáculos. Se o Eterno tiver uma meta traçada, ninguém poderá
impedi-lo. O Senhor pode fazer, em um único movimento, o que as pessoas
passariam meses e anos para realizar. Dessa forma, o jovem cristão deve ser uma
pessoa cheia de alegria e confiança no futuro, pois o Altíssimo pode lhe dar
uma família perfeita aos seus olhos!
Uma família
perfeita não é sinônimo de uma família sem defeitos. Decepções ao longo da
caminhada são inevitáveis, mas com o Altíssimo guiando o casal, a bênção será
abundante. O importante é fazer o que diz o apóstolo Pedro: “lançando sobre ele
toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7). Tudo
ocorrerá no tempo certo. O jovem, assim, deve sempre agradecer ao Todo-Poderoso
por todas as circunstâncias e levar a Ele, em oração, todas as suas petições (1
Ts 5.17; Fp 4.6,7).
2.
Construindo um lar feliz
A construção de um
lar feliz não acontece do dia para a noite, mesmo assim é possível. O sábio
Salomão, ao analisar tudo o que se passava “debaixo do sol”, nunca disse ser
impossível ao homem construir um lar feliz; pelo contrário. No Salmo 127, por
exemplo, reconheceu em Deus o poder de edificar um lar feliz para o homem,
dando-lhe mantimento, inclusive enquanto dorme (w. 1,2); ele também afirmou que
os filhos são presentes do Altíssimo, para os pais poderem, através deles (como
flechas) ir a lugares distantes e realizarem coisas inimagináveis (vv. 3,4),
bem como aludiu ao fato de que ter muitos filhos (em um lar edificado por Deus)
traduz-se em bem-aventurança, pois a família será vitoriosa contra os inimigos
(v. 5).
Como se não
bastasse, para não deixar dúvida, Salomão recomendou a todo homem desfrutar,
com intensidade, a vida com a mulher amada (ele não disse com “as mulheres”)
durante todos os dias de sua vida, "porque esta é a tua porção nesta vida
e do teu trabalho que tu fizeste debaixo do sol” (Ec 9.9b).
Dessa forma, o
jovem pode sonhar com um lar perfeito, cheio de amor e companheirismo. Ele só
não pode ser ingênuo em acreditar que tudo será um “mar de rosas” e achar que
nunca passará por dificuldades. Ora, a própria Maria, mãe do Senhor Jesus,
mesmo com a família vivendo no centro da vontade do Eterno, quando foi
apresentar Jesus no templo, ouviu uma profecia dizendo que “uma espada
traspassaria sua alma” (Lc 2.35).
É possível
acreditar, sempre, na palavra do Senhor, pois nada é impossível para o
Altíssimo (Lc 1.37).
3. O grande
paradoxo
Ezequias foi um
dos bons reis de Judá. Ele era um homem que confiava em Deus e até gostava de
orar, pelo menos nos momentos de aflição. No entanto, apesar de sua grande
devoção a Deus, ele não se preocupava com sua família (2 Rs 20.16-19). Um
paradoxo!
Para Ezequias, o
fato de seus filhos se darem mal na vida não tinha relevância. Ele até disse
que a circunstância do mal atingir sua família no futuro era até bom, desde que
não fosse com ele. Lamentável alguém experimentado em grandes experiências com
Deus ser tão insensível em relação à sua família. O “amor próprio” dele estava
em alta, mas o “amor ao próximo” era praticamente inexistente.
Infelizmente,
existem pessoas iguais a Ezequias, pois elas servem a Deus, mas não conseguem
conduzir suas famílias pelo caminho do Senhor. O ritmo das ocupações, a falta
de paciência, ou o egoísmo mesmo, são algumas das causas para tão escandaloso
paradoxo. E mais: há pais que levam os filhos dos outros para o céu, mas se
esquecem de seus próprios filhos.
A família de um
homem é o seu maior patrimônio. Perguntaram, certa vez, a um grande pregador do
século XX, qual tinha sido o maior pregador de todos os tempos. Ele respondeu:
“Foi o patriarca Noé, pois ele havia conseguido salvar sua própria família”.
Essa é uma das grandes contradições da vida: ganhar a Cristo, mas perder sua
família para o mundo. Essa perda deve ser evitada a qualquer custo. Todo
esforço, no fim, valerá a pena!
1. Davi e
suas escolhas
A história de cada
ser humano é por demais complexa. Assim, no caso do fracasso de uma pessoa ou
de uma família, não haverá, necessariamente, alguém ou um fator exclusivo
determinante do resultado funesto. Afinal, independentemente do ambiente
familiar, será decisiva a escolha pessoal de cada indivíduo. O futuro,
portanto, dependerá da decisão de amar a Deus e ao próximo, a base de toda e
qualquer real prosperidade.
Davi foi um homem
notável em todos os sentidos, mas certamente deixou a desejar em relação à sua
família. Ele foi um grande rei, mas um péssimo marido e pai. Davi foi um homem
que agradou a Deus por sua extraordinária devoção, mas entristeceu sobremaneira
ao Senhor por suas escolhas nada sensatas ao longo da vida.
A história de
Davi, porém, não é solitária. Muitos homens de Deus influenciaram negativamente
sua família. Não se está, aqui, sentenciando-os como culpados pela derrota da
família ou de algum membro, no entanto é importante notar a contribuição
pessoal, principalmente dos pais, sobre o resultado final, porquanto a Bíblia
recomenda aos pais ensinarem os filhos no caminho do Senhor (Pv 22.6).
Ruth Tucker relata
sobre o romance “Porto fino”, considerado autobiográfico, escrito pelo filho do
apologista Francis Schaeffer, Franky Schaeffer. Nele, o autor fala negativamente
da conduta, em família, de seus pais, os quais, segundo o livro, não viviam o
evangelho que pregavam. A certa altura, ela transcreve alguns trechos do
romance “familiar”:
"A vida de
nossa família girava em torno das crises de papai. (...) Qualquer coisa poderia
provocar as negras nuvens de uma crise. (...) Em casa, na Suíça, nós muitas
vezes íamos para os quartos uns dos outros e ficávamos bem juntinhos para nos
proteger dos tons altos e baixos da voz do papai nervoso, interrompidos pelo
baixo murmúrio das respostas da mamãe. (...) Depois ouvíamos coisas indizíveis
que nos deixavam sem graça, morrendo de vergonha. Era uma agonia o simples
gesto de olhar para as irmãs quando papai se comportava realmente mal, porque
ficávamos todos muito embaraçados por termos um pai tão mau. (...) No ano
passado, ele bateu a porta de vidro entre o quarto deles e a sacada com tal
violência que ela se estilhaçou, e noutra ocasião ele havia atirado um vaso com
uma planta contra nossa mãe”.
A autora ainda
relatou outros episódios bastante desagradáveis, tais como jogar os pratos com
comida no chão, sair de casa no meio da noite indignado, e a mãe, nesses
momentos, “parecia um tanto ansiosa (...) nervosa, temendo que papai quebrasse
alguma coisa outra vez”.
Esse pai cruel e
dominador, narrado por Franky Schaeffer, como sua rigorosa disciplina religiosa
e a “melosa piedade da mãe” provocaram, no filho, um afastamento da fé que os
pais defendiam. A autora conclui que “a importância de Porto fino para este
estudo é que o romance mostra como o pecado e a hipocrisia de líderes cristãos
afetam a fé de seus seguidores”. No caso específico, de seus "seguidores”
mais íntimos: a família!
2. Davi e
seus relacionamentos
Uma das coisas
mais relevantes na vida são os relacionamentos, as conexões que as pessoas
fazem com Deus, consigo mesmas e com os outros. Isso oscila entre os dois
maiores mandamentos: amar profundamente a Deus e ao próximo. A conexão entre
pessoas (e sobre isso falaremos aqui) toma os indivíduos importantes, ou seja,
um indivíduo “importa” o outro para dentro de si, e então ele se torna
importante para o outro. Na família, acontecendo esse processo ao longo da
vida, os relacionamentos serão fortes e duradouros. O grande problema sobrevém,
na família, quando não há relacionamento ou quando houve "desconexão”
entre pessoas que se amavam. Isso é muito grave e de consequências
imprevisíveis.
Earry Crabb, ao
falar sobre a importância dos relacionamentos, comenta:
"Nenhum
problema é mais profundo ou mais significativo do que a ausência ou a
minimização dessa força de conexão. Os cristãos há muito tempo acreditam que a
dificuldade central da existência humana é a separação de Deus (...), de nós
mesmos (...) e dos outros (...). Por desconexão, quero dizer exatamente essa
separação. Em termos menos teológicos, a desconexão pode ser considerada como
um estado do ser, uma condição de existência em que a parte mais profunda do
que somos não está vinculada de modo vibrante a ninguém, em que nos vemos profundamente
desconhecidos e, portanto, não vivenciamos nem a empolgação de ser acreditados,
nem a alegria de amar ou ser amados. (...) As pessoas desconectadas não têm
consciência daquilo que Deus incutiu dentro delas, coisas que, se derramadas
aos outros, poderiam mudar vidas. Sentem-se inadequadas por razões
questionáveis ou cheias de si por motivos errados. (...) O impulso mais
profundo em cada coração humano é o de travar um relacionamento com alguém que
se alegre completamente conosco. Alguém com talentos que nos faltam, que não vê
prazer maior do que se doar a nós. Alguém que nos respeite o suficiente para
exigir que usemos tudo o que recebemos para o bem dos outros — e como ele mesmo
já nos deu de si, sabe que temos algo também a dar. O desejo de conectar-se
define a nossa dignidade de seres humanos e o nosso destino como portadores da
imagem divina”.
Assim, o anelo de
se relacionar na família é, além de uma necessidade, uma demonstração da imagem
divina presente em nós. O Espírito Santo sempre nos conduz à conexão na
família, e o mal quer separar-nos uns dos outros.
Davi, como um
homem segundo o coração de Deus, deveria ter pensado mais em sua família. Esse
gigante da fé perdeu-se em seus relacionamentos familiares. Tornou-se um pai
irresponsável, frio e insensível. Ele nunca contrariou o indolente Adonias (1
Rs 1.5,6), não puniu a Amnom depois do estupro da irmã Tamar, assim como nunca
quis conversar com seu filho Absalão depois do assassinato, demonstrando que
não compreendia o que era ser um pai. Acrescente, também, o fato de ele não se
preocupar com as más companhias dos filhos. Como marido, ele também não andou
bem. Davi buscou mulheres para demonstrar seu poderio e alianças, mas não o
vemos sendo atencioso e respeitoso com elas. As consequências por esses
comportamentos inapropriados foram terríveis, e o pior: não só para ele! Todos
na sua família sofreram. Lágrimas, sangue, traição... Um triste espetáculo de
sofrimento e dor.
3. O fim da
família de Davi
Diferentemente das
famílias de Abraão, Isaque, Jacó, Rute, Zacarias e Jesus, que tiveram um final
feliz, cumprindo a missão estabelecida pelo Senhor, a família do rei Davi teve
um fim deprimente: ficou toda esfacelada. Nas orientações finais ao seu filho
Salomão, há duas coisas impressionantes na fala de Davi. Em primeiro lugar, ele
recomendou que Salomão conhecesse a Deus (1 Cr 28.9) e, após isso, o orientou a
matar Joabe e Simei (1 Rs 2.5,6,8,9). Ora, Davi pediu a Salomão para conhecer a
Deus só no fim da vida? Ele teve toda a infância de Salomão para ensiná-lo,
mas, certamente, como rei, Davi não tinha tempo para falar sobre o Altíssimo
com seu filho. Que lamentável! Salomão atendeu aos pedidos de seu pai sobre
matar Joabe e Simei, e foi mais além: matou também seu irmão Adonias (1 Rs
2.24,25). Que final funesto para a família de um homem segundo o coração de
Deus!
1. Uma
família que obedece
Se Davi foi um pai
que não se conectou à sua família, Abraão, por outro lado, foi um excepcional
“construtor de pontes”, e não de muros (como foi Davi). Abraão se relacionou
tão bem com toda a sua família, a tal ponto de conseguir transmitir, via
conexão, os valores morais e a comunhão com o Eterno. Dessa forma, eles
aprenderam a obediência, seguindo os passos do velho patriarca.
E de analisar, igualmente,
Sara, Isaque, Agar, Ismael, Eliézer e Ló, “conectados" por Abraão, ouviram
a voz do Eterno e viram milagres extraordinários. Ou seja, a família de Abraão
construiu um relacionamento com o Senhor. Essa obediência, portanto, tinha uma
motivação espiritual.
Flávio Josefo
assim descreve o que aconteceu no momento do sacrifício de Isaque (Gn 22):
“Depois de haver
colocado a lenha sobre o altar, Abraão falou a Isaque: ‘Meu filho, eu vos pedi
a Deus com muita insistência e muitas orações. Não houve cuidado que eu não
tivesse tido de vós, desde que viestes ao mundo, e eu consideraria como
realizados todos os meus votos se vos visse chegar a uma idade muito avançada e
deixar-vos, ao morrer, como herdeiro de tudo o que possuo. Mas, como Deus,
depois de vos ter dado a mim, quer agora que eu vos perca, consenti
generosamente em oferecer-vos a Ele em sacrifício. Prestemos-lhe, meu filho,
esse ato de obediência e essa honra, como testemunho de nossa gratidão pelos
favores que Ele nos fez na paz e pela assistência que nos deu na guerra. Como
nascestes para morrer, que fim vos pode ser mais glorioso do que ser oferecido
em sacrifício por vosso próprio pai ao soberano Senhor do universo, que, em vez
de terminar a vossa vida por uma doença, numa cama, ou por uma ferida na
guerra, ou por algum outro acidente, aos quais os homens estão sujeitos, vos
julga digno de entregar-lhe a alma no meio de orações e sacrifícios, de modo a
ficar para sempre unida a Ele? Consolareis assim a minha velhice, dando-me a
assistência de Deus em lugar da que eu devia receber de vós, depois de vos ter
educado com tanta diligência’. Isaque, filho digno de tão admirável pai,
escutou essas palavras não somente sem se admirar, mas até com alegria, e
respondeu-lhe que ele teria sido indigno de nascer se se recusasse a obedecer à
vontade de seu pai, principalmente quando ela estava de acordo com a de Deus.
Assim dizendo, colocou-se ele mesmo sobre o altar, para ser imolado. Esse
grande sacrifício ter-se-ia realizado se Deus mesmo não o tivesse impedido”.
Que cena
extraordinária narrada por Flávio Josefo! Sem dúvida, a família de Abraão
assinala um paradigma de fé e obediência, seja pelo modelo de submissão de Sara
(1 Pe 3.6), pelas tomadas de decisões, em conjunto, por Abraão e Sara (Gn
16.5,6; 21.10-14) bem como grau de obediência dos filhos (Gn 21.14; 22.9).
Talvez esse seja um dos motivos pelos quais o Altíssimo disse a Abraão “em ti
serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).
2. Uma
família que erra
Se, por um lado, a
família de Abraão foi modelo de obediência, por outro também cometeu enormes
falhas; afinal, todos pecaram. Abraão e Sara desobedeceram a Deus em várias
ocasiões, quando trouxeram Ló de Ur dos Caldeus, ao desceram ao Egito (e quando
trouxeram de lá a Agar) e também a Gerar, bem como na questão do nascimento do
herdeiro. Acrescente, igualmente, a mentira de Abraão (Gn 12.13; 20.2) e seus
risos ao ouvir uma promessa do Eterno (Gn 17.17).
No livro “Quem é
Quem na Bíblia Sagrada", editado por Paul Gardner, há um enfoque especial
sobre as fraquezas da família de Abraão:
“A narrativa (...)
é cheia de falhas. Primeiro, houve o medo de que, afinal, o Senhor que o
chamara (Gn 12.1) e lhe prometera (w. 2-4, 7), não fosse capaz de prover (note
o termo ‘porque’ no v.10). Segundo, a falha revelada mediante o desejo
compreensível de encontrar uma solução rápida e prática para um problema
familiar (Gn 13.8). Abraão mostrou que estava preparado para adaptar a palavra
de Deus (a promessa de possuir toda a terra de Canaã), a fim de pacificar Ló. A
próxima falha envolveu Hagar, procedente da espera impaciente pelo cumprimento
da promessa (Gn 15.2-4; cf. também 16.1). E, em quarto lugar, Abraão falhou,
quando manteve hábitos irracionais e temeu por sua segurança pessoal (Gn 20.1,
11-13). Essa última falha foi mais grave do que qualquer outra que Abraão
experimentou. O Senhor não só se comprometeu com ele, mediante uma aliança (Gn
17.1-8), como mostrou sua fidelidade em manter suas promessas: Por que Ele se
‘lembrou de Abraão e tirou a Ló do meio da destruição’ (Gn 19.29), embora este
não estivesse incluído na promessa de Gênesis 17.7? A despeito disso, no
momento da pressão, quando sua própria segurança encontrava-se ameaçada (Gn 20.
11), Abraão não estava muito seguro de que o Senhor provaria ser digno de
confiança. A estrada da maturidade da fé (Gn 22.1-19 Tg 2.21,22) sempre foi
baseada na prática de dois passos para frente e um para trás; é um teste
constante, no qual as pressões da vida — alimento (Gn 12.10), família (Gn 13.7),
anseios (Gn 15.3; 16.1) e temores (Gn 20.11) — cooperam, em forma de
‘provações’ (Tg 1.2), as quais, quando enfrentadas com fé e perseverança, nos
tornam 'maduros e completos’ (Tg 1.4)”.
Pelo que parece, a
Bíblia quer mostrar a família de Abraão como estudantes de uma escola, com
notas extremamente baixas e que, ao fim do curso, recuperaram-se e são
aprovados, com louvor, pelo Senhor. Eles erraram muito, mas sempre construíam
altares para adorar a Deus, cumprindo sua missão na terra.
3. Uma
família que tem um final feliz
Abraão fez de seu
lar o melhor lugar do mundo. Ele levou sua esposa e filhos a um patamar de
excelência moral e espiritual impressionante. Não é à toa que Deus o tenha
chamado de amigo. O interessante é que ele nunca morou na Terra Prometida ou em
casa de alvenaria, mas sempre em tendas. Seus descendentes perceberam, com o
tempo, o segredo do patriarca. Ele queria algo maior, melhor, a pátria
celestial! Abraão conseguiu impregnar a eternidade no coração de sua família.
Os filhos de
Abraão terminaram seus dias de vida unidos. É importante frisar os diversos
erros de Abraão durante sua trajetória, porém ele sempre recomeçava de onde
havia caído. No fim, o Todo-Poderoso juntou os cacos, reconstruiu a família e,
assim, tudo terminou bem.
Aos 127 anos, Sara
morreu. Depois, Abraão casou-se novamente e ainda gerou seis filhos. Aos 175, o
velho patriarca partiu para a eternidade.
Matthew Henry alude acerca dos
últimos momentos de Abraão:
“A sua vida não
foi extorquida dele, mas alegremente ele a entregou. (...) A sua morte foi uma
libertação das cargas da sua idade: um homem velho não deve viver para sempre.
Foi também a coroa da glória da sua velhice. Ele estava farto de dias ou farto
de vida (...) incluindo todas as conveniências e confortos da vida. Ele não
viveu até que o mundo estivesse cansado dele, mas até que ele ficasse cansado
do mundo. (...) Um bom homem, ainda que não morra velho, morre farto de dias,
satisfeito por viver aqui e desejando um lugar melhor. (...) Quem o sepultou:
seus filhos, Isaque e Ismael. Mas parece que Abraão os tinha reunido
pessoalmente enquanto vivia, ou pelo menos a sua morte os reconciliou”.
Uma família
segundo o coração de Deus não é feita por pais e filhos acima da média, e sim
por pessoas comuns que se submetem à palavra do Eterno, que se amam mutuamente
e que decidem lutar para fazer a diferença numa geração incrédula e perversa
(Fp 2.15).
O jovem cristão
deve colocar tal projeto diante do Senhor, esperar o tempo certo, escolher bem,
e o resto Ele fará (SI 37.5). Viver em comunhão com Deus é uma intensa
experiência!
Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude.
Como é feliz o homem cuja aljava está cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal."
Fonte:
Lições Bíblicas CPAD - 2ºtrim.2016 Eu e minha casa - Orientações da Palavra de Deus para a Família do Século XXI - Comentarista Reynaldo Odilo
Livro de Apoio - Eu e minha casa - Orientações da Palavra de Deus para a Família do Século XXI - Comentarista Reynaldo Odilo
Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Defesa da Fé
Leia também:
SALMO 127 1-5
"Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda.
Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por alimento. O Senhor concede o sono àqueles a quem ama.
Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá.Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude.
Como é feliz o homem cuja aljava está cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal."
Fonte:
Lições Bíblicas CPAD - 2ºtrim.2016 Eu e minha casa - Orientações da Palavra de Deus para a Família do Século XXI - Comentarista Reynaldo Odilo
Livro de Apoio - Eu e minha casa - Orientações da Palavra de Deus para a Família do Século XXI - Comentarista Reynaldo Odilo
Dicionário Bíblico Wycliffe - CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Defesa da Fé
Leia também:
Aqui eu Aprendi!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O comentário será postado assim que o autor der a aprovação.
Respeitando a liberdade de expressão e a valorização de quem expressa o seu pensamento, todas as participações no espaço reservado aos comentários deverão conter a identificação do autor do comentário.
Não serão liberados comentários, mesmo identificados, que contenham palavrões, calunias, digitações ofensivas e pejorativas, com falsidade ideológica e os que agridam a privacidade familiar.
Comentários anônimos:
Embora haja a aceitação de digitação do comentário anônimo, isso não significa que será publicado.
O administrador do blog prioriza os comentários identificados.
Os comentários anônimos passarão por criteriosa analise e, poderão ou não serem publicados.
Comentários suspeitos e/ou "spam" serão excluídos automaticamente.
Obrigado!
" Aqui eu Aprendi! "