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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

A Igreja e os Dons Espirituais

Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas” 1Co 14.39

Dons espirituais
“Os dons espirituais, que são pela graça, mediante a fé, encontra-se na palavra grega mais usada para descrevê-los: charismata, ‘dons livre e graciosamente concedidos’, palavra esta que se deriva de charis, graça, o imerecido favor divino. Os carismas são dons que merecemos sem os merecermos. Dão testemunho da bondade de Deus, e não da virtude de quem os receberam.
Uma das falácias que frequentemente engana as pessoas é a ideia de como Deus abençoa ou usa alguém; isso significa que Ele aprova tudo o que a pessoa faz ou ensina. Mesmo quando parece haver uma ‘unção’, não há garantia disso. Quando Apolo chegou a Éfeso pela primeira vez, não somente era eloquente em sua pregação; era também ‘fervoroso de espírito’. Tinha o fogo. Mas Priscila e Áquila perceberam que faltava algo. Logo, o levaram (provavelmente, para casa, a fim de participar de uma refeição), e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus (At 18.25,26). Era, pois o caminho de Deus a respeito dos dons espirituais, que Paulo, como um pai, desejava explicar com mais exatidão aos coríntios. A esses dons ele dá o nome de ‘espirituais’ em 1 Coríntios 12.1 (a palavra dom não se encontra no grego). A palavra, por si mesma, inclui algo dirigido pelo Espírito Santo e expresso através de crentes cheios do poder. Nesta passagem, porém, Paulo limita a palavra no sentido dos dons gratuitos, ou carismas, que passam a ser mencionados repetidas vezes (12.4,9,28,30,31)” (HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12ª Edição. RJ, CPAD, 2012, p.225).

Dado conforme o Espírito deseja
“A primeira relação dos dons com a repetição do fato que cada um é dado pelo Espírito (1Co 12.8-10) leva ao clímax no versículo 11, que diz: ‘Mas um só e o mesmo Espírito opera todas as coisas, repartindo particularmente [individualmente] como quer’. Aqui temos um paralelo com Hebreus 2.4, que fala dos apóstolos que primeiramente ouviram o Senhor e depois transmitiram a mensagem: ‘Testificando também Deus com eles, por sinais [sobrenaturais], e milagres, e várias maravilhas [tipos de obras de grande poder] e dons [distribuições separadas] do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade’. É evidente, à luz destes trechos, que o Espírito Santo é soberano ao outorgar os dons. São distribuídos segundo a sua vontade. Buscamos os melhores dons, mas Ele é o único que sabe o que é realmente melhor em qualquer situação. Fica evidente, também, que os dons permanecem debaixo de sua autoridade. Nunca são nossos no sentido de não precisarmos do Espírito Santo, pela fé, para cada expressão desses dons. Nunca se tornam parte da nossa própria natureza, ao ponto de não perdê-los, de serem tirados de nós. A Bíblia diz que os dons e a vocação de Deus são permanentes (Deus não muda de opinião a respeito deles), mas aqui há referência a Israel (Rm 11.28,29). A princípio, parece, no entanto, que os dons e as vocações, uma vez dados, permanecem à nossa disposição” (HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12ª Edição. RJ, CPAD, 2012, p.230).

Os dons espirituais são presentes dados por Deus à sua Igreja para edificação do Corpo de Cristo.

Os dons não foram somente para a Igreja Primitiva e não cessaram, pois enquanto a Igreja permanecer neste mundo, ela precisa destas concessões divinas para sua expansão, edificação, exortação e consolo. Os dons são ferramentas divina que contribuem para que a Igreja cumpra com a sua missão de proclamar o Evangelho.

Os dons não são concedidos por nossos méritos (1Co 12.7). Eles são fruto da graça e da misericórdia divina.

Os dons não são sinais de espiritualidade e que não devem ser utilizados para o nosso próprio deleite, mas para o fortalecimento da Igreja de Cristo até que Ele volte (1Co 12.7).

Vejamos, abaixo, algumas das características dos Dons Espirituais. Perceba que os dons não são habilidades e aptidões inatas. Também são diferentes dos dons ministeriais relacionados em Romanos 12.7,8.

   •    São dádivas (presentes) divinas;
   •    Não são resultado da nossa espiritualidade;
   •    Não leva tempo para se desenvolverem;
   •    Vão cessar somente quando a Igreja estiver com Cristo;
   •    São diversos;
   •    São para todos aqueles que creem e os buscam;
   •    São para o nosso tempo.
  
TEXTO BÍBLICO: 1 Coríntios 12.1-11

1 - Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
2 - Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.
3 - Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.
4 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
5 - E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
6 - E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.
8 - Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 - e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 - e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

INTRODUÇÃO

Neste domingo estudaremos os dons espirituais. Esse assunto tem sido alvo de debates nos últimos 100 anos, por ocasião do surgimento do Movimento Pentecostal.

O que a Bíblia diz a respeito dos dons?  Será que são válidos para os nossos dias?

I. DEFININDO O QUE SÃO DONS ESPIRITUAIS

1. O que são os dons espirituais.
Dons espirituais são poderes ou capacitações sobrenaturais, dadas pelo Espírito Santo, à pessoas em sua Igreja. Não são talentos naturais, aprendidos ou aperfeiçoados pelo uso de técnicas humanas. Essas dotações são divididas entre o povo de Deus pela escolha do Espírito Santo, que age “repartindo particularmente a cada um como quer” (1Co 12.11).

2. Não são um sinal de superioridade espiritual.
Como os dons espirituais são presentes de Deus, não podem ser um designativo de superioridade ou de santidade pessoal. Os dons dados por Deus não se baseiam em um grau de santidade adquirido por um crente, e sim na própria vontade de Deus em fazer daquela pessoa alguém que vai ser usada para determinada atuação dentro do Corpo de Cristo, na igreja local. Um profeta não pode se achar mais santo que outra pessoa por ter recebido o dom de profecia, pois o dom é dado pelo Espírito.

3. Devem ser utilizados para edificar a Igreja.
Paulo deixa claro que os dons são dados por Deus para que a igreja seja edificada, fortalecida. Não são para a vaidade pessoal, ou para se dar destaque a uma personalidade na igreja local. Entendemos que pessoas que recebem tais capacitações por parte do Espírito Santo podem até ser vistas de forma distinta. Mas estes jamais podem perder o senso de que os dons do Espírito não são para promoverem a si próprios, e sim o Reino e a glória de Deus.

Os dons espirituais são para os nossos dias, e não possuem o caráter distintivo de santidade na vida de um cristão.

II. A DIVERSIDADE DOS DONS

1. Dons de saber.
Os dons da Sabedoria, da Palavra da Ciência e de Discernimento de espíritos são nomeados como dons de saber, tendo em vista que de forma sobrenatural, Deus revela conhecimento a respeito de pessoas e circunstâncias.

A Palavra da Sabedoria, segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, “trata de uma mensagem vocal sábia, enunciada mediante a operação sobrenatural do Espírito Santo”.

A Palavra da Ciência manifesta ao que a recebe o saber de alguma situação, circunstância ou detalhes sobre determinadas pessoas.

O dom de Discernimento de espíritos nos faz identificar falsos ensinos, profecias, mensagens e manifestações espirituais.

2. Dons de elocução.
Os dons de elocução são os dons manifestos por palavras, a saber, o de profecia, a variedade de línguas e a interpretação das línguas.

O ato de profetizar implica a manifestação de uma previsão sobrenatural, divina a respeito de alguém ou situação. Mas não há maior profecia do que a Palavra de Deus. Qualquer outro tipo de previsão ou de advertência para os nossos dias deve se sujeitar à Palavra de Deus.

3. Dons de poder.
Os dons de poder são os de Fé, Curas e Manifestações de Maravilhas, também, chamado de Operação de Milagres. Tais dons interferem na área física, trazendo curas e agindo de forma sobrenatural em situações em que só o poder de Deus poderia intervir.

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III. A CONTEMPORANEIDADE DOS DONS

1. Os dons são para os nossos dias.
Os dons espirituais, para alguns grupos cristãos, não são para os nossos dias. Eles não se baseiam na Palavra de Deus para respaldar essa opinião, e sim em entendimentos teológicos que consideram que o Livro de Atos não tem caráter prescritivo, e sim descritivo. Com base nesse argumento, entendem que com a morte do último apóstolo, os dons espirituais cessaram.

Se crermos que o Espírito Santo fala através das Escrituras, devemos ver se Ele deixou nas Escrituras algum texto que diga que os dons espirituais cessaram com a morte do último apóstolo. Em nenhum verso na Palavra de Deus há essa informação. Além disso, cremos — e temos visto — que Deus não deixou de curar pessoas, batizar com seu Espírito Santo, e isso o próprio Jesus disse que aqueles que criam nEle fariam, como curar enfermos e falar novas línguas (Mc 16.16-18). E Jesus disse que estaria conosco até a consumação dos séculos (Mt 28.20). Como a consumação dos séculos não aconteceu e Jesus não revogou sua presença com a igreja, Ele continua operando por meio de seu Espírito e pelos dons espirituais na igreja.

2. E quanto às revelações?
Como pentecostais, cremos na Palavra de Deus como nossa regra de fé e prática. Cremos que Deus pode falar com seus servos, dando-lhes orientações e advertências. Entretanto, qualquer palavra profética advinda do dom de profecia não pode ter o mesmo peso da Palavra revelada de Deus. Aqueles que possuem esse dom devem sujeitar seus vaticínios ao escrutínio das Escrituras. Se uma revelação trazida por um profeta é contrária à Palavra de Deus, tal revelação deve ser rejeitada. Nenhuma visão ou sonho podem ser superiores à Palavra revelada de Deus.

3. O que dizer da igreja de Corinto.
Muitos estudiosos dizem que a Igreja em Corinto era pentecostal, bagunçada e dividida, dando a entender que pentecostais são da mesma forma. Ocorre que, por um erro de interpretação, esses estudiosos se esquecem de que o problema daquela igreja não eram os dons espirituais, e sim o comportamento daqueles crentes. Dizer que a igreja em Corinto era problemática por causa dos dons espirituais é atribuir a Deus o envio de dons que ao invés de edificar a Igreja, estava na verdade, prejudicando-a. Deus é bom o tempo todo, e o que Ele nos concede também é bom.

4. Satanás pode imitar a manifestações dos dons?
Entendemos que o Inimigo intentará o possível no sentido de fazer com que da obra de Deus sofra revezes, e isso pode ocorrer quando ele faz com que haja imitações dos dons espirituais, a saber, o falar em línguas, a profecia e os dons de curar e milagres. Entretanto, devemos pensar que, primeiramente, toda imitação se baseia em algo original e legítimo.

Um objeto falso pode ser a imitação do original, e nem por isso o original é que perde o seu valor! Só porque o Inimigo consegue em alguns casos fazer imitações desses dons, as verdadeiras manifestações é que devem ser desprezadas e condenadas?

Em segundo lugar, devemos ter bastante cautela para não atribuir ao Diabo algo que Deus efetivamente está realizando. Mateus relata que Jesus libertou um jovem que estava possesso de espíritos malignos, e os fariseus atribuíram aquela libertação a uma atuação de Satanás (Mt 12.24). Jesus então responde que aquilo que eles fizeram, entender que a atuação divina estava sendo na verdade realizada por Satanás, era um pecado contra o Espírito Santo de Deus, e para tal coisa não haveria perdão (Mt 12.32). Devemos, portanto, ter muito cuidado para não atribuir ao Diabo algo que Deus efetivamente está fazendo.

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CONCLUSÃO

Os dons espirituais continuam a ser ministrados pelo Espírito Santo à sua Igreja em nossos dias. Seu uso correto traz edificação, glorifica a Deus e faz com que a igreja seja edificada. Mesmo sendo vários dons, são ministrados pelo mesmo Espírito, e não podem trazer confusão para a igreja.


Leia também:

Fonte:
Lições Bíblicas - 1º trim.2017 - A Igreja de Jesus Cristo - Sua origem, doutrina, ordenanças e destino eterno - Comentarista: Alexandre Coelho - CPAD

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