“E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” 2Tm 2.2
[...] Ensinar não é uma tarefa fácil.
Ensinar
exige:
• Pesquisa — De acordo com Paulo Freire,
“não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”. O professor deve ser um
pesquisador. É por intermédio da pesquisa que o professor pode detectar e
resolver os problemas em sala de aula.
O professor de Escola Dominical é, na
verdade, um pesquisador. Sua fonte primária de pesquisa é a Bíblia, mas suas
pesquisas devem ultrapassar as páginas do Livro Sagrado.
• Reflexão — O professor precisa
adquirir o hábito da reflexão, a fim de que ensine os alunos a refletir sobre a
fé e a prática cristã.
• Diálogo — O professor que não dialoga
com os alunos em breve verá o esvaziamento de sua classe ou a apatia dos
alunos. É preciso abrir espaço para que os alunos questionem, a fim de que
encontrem as soluções.
• Reflexão crítica sobre a prática — É
fácil avaliar os alunos e atribuir tão somente a eles a falta de atenção, a
apatia e a evasão. Todavia, o professor precisa fazer constantemente uma
autoanálise do seu trabalho.
• Pôr em prática o discurso — Quantos já
não ouviram: “Faça o que digo e não o que eu faço”? Nossos alunos precisam
pensar de acordo com a Palavra e agir de acordo com ela (Tg 1.22). Ensino e
prática precisam ser coerentes.
• Querer bem o outro — Esta deve ser a
nossa motivação: que o outro, o aluno, seja alcançado como um todo — corpo alma
e espírito” (BUENO, Telma. Educação Cristã: Reflexões e Práticas. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2012, p.21).
O ensino da Palavra faz com que a Igreja cresça, se fortaleça e possa resistir aos ataques do mundo e de Satanás.
Estamos vivendo tempos trabalhosos, onde
muitos crentes, por falta de conhecimento bíblico, estão sendo seduzidos pelas
falsas doutrinas. Uma igreja sem ensino é uma igreja sem
condições de cumprir com sua missão integral. O objetivo da doutrina cristã, do
ensino, é tratar o homem como um todo, pois só a Palavra tem poder para
transformar a alma e o espírito: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e
mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão
da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). A igreja tem uma missão
proclamadora, mas também uma responsabilidade com o ensino (Mt 28.19,20).
EDUCAÇÃO CRISTÃ É...
1. Vida (Dt 32.2).
2. Santificação (Jo 17.17).
3. Sólido mantimento (Hb 5.14).
4. Um escudo contra as sutilezas de
Satanás (Mt 7.15).
5. Liberdade em Cristo Jesus.
Texto leitura bíblica: Marcos 16 15-20
INTRODUÇÃO
O ensino é um mandamento bíblico. Mais do que
pregar, Jesus esmerou-se em ensinar, pois seu ministério era de anunciar o
Evangelho e as verdades do Reino de Deus. Ele levou tão a sério o ensino que
deixou como orientação para a Igreja o ensino e a evangelização (Mt 28.19,20).
Nesta lição, veremos a importância do ensino
bíblico e o seu alcance dentro da igreja local. Estudaremos a respeito dos
grupos que devemos alcançar para que cumpramos a nossa vocação de agência de
ensino do Reino de Deus.
1. Definindo o termo.
Ensinar é o ato de doutrinar, transmitir
conhecimento a outra pessoa, orientar, conduzir. O ensino cristão tem como
objetivo a transformação espiritual e moral do ser humano, tornando-o uma
pessoa melhor. No ensino bíblico o aluno não deve ser expectador da aula,
apenas recebendo informações. Ele precisa interagir com o professor e com os
outros alunos, pois assim todos aprendem uns com os outros, partilhando
experiências e conhecimento.
2. A Igreja ensinando a verdade.
A igreja cumpre um papel fundamental na
expansão do Reino de Deus por meio do ensino. Pessoas que são evangelizadas e
aceitam a Cristo precisam ser edificadas e crescer espiritualmente por meio do
ensino sistemático das Escrituras. Quem nasce de novo deve ser alimentado de
forma constante, ou morrerá por inanição. Da mesma forma, o ensino bíblico deve
ser encarado pela Igreja como uma tarefa essencial. E o que deve ser ensinado é
a Palavra de Deus, pois ela é a verdade. Não devemos ocupar nossas classes de
Escola Dominical e nossos cultos de doutrina, difundindo nas pessoas algo que
não seja as Escrituras.
3. A importância do mestre na igreja local.
O professor é aquele que auxilia o pastor na
área do ensino. Ele se dedica a edificar o povo de Deus por meio da explanação
das Sagradas Escrituras e de sua aplicação na vida dos seus alunos, e esse
trabalho deve ser feito com estudos constantes, pesquisa e domínio das técnicas
de transmissão de conhecimento. Nem todos os mestres são grandes pregadores,
pois pregar a Palavra de Deus é diferente de ensinar. Entretanto, por meio do
trabalho do professor a igreja é edificada. A pregação da Palavra é de grande
importância na congregação, mas o ensino também deve ser ministrado
sistematicamente em nossas igrejas.
O professor deve ser uma pessoa que busca o
conhecimento, e que deseja repassá-lo. Paulo ensinou a Timóteo, e este deveria
repassar o ensino a homens fiéis, e esses, por sua vez, deveriam ensinar mais
pessoas (2Tm 2.2).
A Igreja de Cristo tem a importante função de
transmitir as verdades sagradas por meio do ensino bíblico sistemático e
constante.
Leia também: MESTE, CUMPRE O TEU MINISTÉRIO
1. No Antigo Testamento.
Os hebreus não possuíam um sistema organizado
de transmissão de ensino. Na verdade, esse sistema foi sendo desenvolvido com o
passar do tempo, e as primeiras lições eram geralmente ministradas no lar. A
mãe se encarregava de ensinar às filhas os afazeres domésticos, e o pai
ensinava aos filhos uma profissão. O próprio Jesus era carpinteiro (Mt 13.55),
profissão que aprendeu com seu pai, José.
Moisés, orientado por Deus, disse ao povo que
procurasse ensinar os filhos sobre as tradições recebidas de seus pais, e que
esses ensinos fossem repassados aos seus descendentes, principalmente as
verdades sobre Deus, que os havia retirado do Egito.
2. No Novo Testamento.
Após o retorno do exílio, o povo teve de
estudar a Lei de Deus novamente, e com o surgimento das sinagogas, o ensino da
lei de Deus foi sistematizado e solidificado. Com o passar do tempo, os
fariseus e escribas passaram a ensinar. O próprio Jesus aprendeu a Lei de Deus,
e em seu ministério, ensinou com autoridade aos que o ouviam.
3. Jesus como mestre.
Jesus dedicou muito mais tempo para ensinar
às pessoas do que necessariamente pregando. Ele ensinou com autoridade (Mt
7.29), e aproveitou cada ocasião para ministrar o ensino sobre o Reino de Deus,
como quando falou com Zaqueu, a mulher samaritana e Nicodemos. Ele não apenas
procurou ensinar seus ouvintes, mas ordenou que seus discípulos fizessem o
mesmo (Mt 28.19,20). Ele tinha interesse por seus alunos, e era criativo
(utilizou um barco como plataforma para ensinar, Lc 5). Jesus também conjugou a
capacidade de ensino com a oração por seus discípulos, mostrando que ensinar é
importante, mas orar pelos alunos é tão necessário quanto passar o conteúdo.
Ele chegou a explicar mais de uma vez um assunto quando seus discípulos não
entendiam (Mt 15.16).
Jesus dedicou muito do seu ministério a
ensinar seus discípulos, para que eles pudessem dar prosseguimento ao
ministério do ensino da Palavra junto à Igreja Primitiva.
Leia também: JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS
1. Crianças.
A Escola Dominical começou com algumas
crianças inglesas. Se hoje temos Escolas Dominicais estruturadas nas igrejas
evangélicas, devemos nos lembrar de que o trabalho pioneiro de Robert Raikes
junto às crianças abriu o caminho para a Escola Dominical como a conhecemos
hoje. Devemos priorizar o ensino cristão para as crianças, tendo em vista que Jesus
deixou claro: “Não as impeçais de vir a mim” (Mt 19.14).
2. Jovens e adultos.
Os jovens e adultos, que em regra são a maior
parte da igreja em nossos dias, devem ser igualmente ensinados. Você jovem, com
certeza, se depara com novos desafios na trajetória de seus estudos e vida
profissional diariamente, por isso, precisa ser instruído na Palavra para que
vença os desafios. Parte dos adultos em nossas igrejas não teve uma educação
cristã quando criança e jovem, o que demanda da igreja ensinar a essas pessoas,
com toda a sua história de vida, como andar com Deus e seguir em uma nova forma
de vida e de pensar.
3. Portadores de necessidades especiais.
Em nossos dias, há uma maior conscientização
por parte da sociedade para a inclusão de pessoas com deficiência. Esse grupo
deve ser alcançado igualmente pelo ensino das Sagradas Escrituras em nossas
igrejas. Em alguns ambientes eclesiásticos, sem perceber, acabamos excluindo os
deficientes de nossos cultos de ensino e da Escola Dominical por não termos
professores treinados, ou por achar que Jesus vai operar um milagre na vida
dessas pessoas. Como pentecostais cremos que Jesus cura a todos, mas enquanto
essa cura não vem, devemos prover dentro da igreja, crentes capacitados a lidar
com esse público-alvo, de tal forma que nenhuma pessoa seja deixada de fora do
ensino e crescimento espiritual.
Leia também: A ORIGEM DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
CONCLUSÃO
Ensinar é uma ordenança de Deus para a sua
Igreja. E a Igreja deve cumprir com seu papel ensinador alcançando a todas as
pessoas.
SUBSÍDIO
“A
abordagem das Escrituras como uma ‘sã doutrina’ e como um guia para a vida
cristã
Nesta expressão, encontrada em 1 Timóteo 1.10
e 2 Timóteo 4.3, o adjetivo é bygiainouse, que significa ser ‘saudável’ ou
‘são’. A ideia é que o ensino cristão não é somente proveitoso e útil, mas
também promove a saúde espiritual. Paulo observa que o objetivo em interromper
os falsos ensinos é o de ensinar uma sã doutrina que produzirá um amor que vem
‘de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida’ (1Tm
1.5).
O que Paulo tem em mente é o fato de que o
cristão não está procurando estar em conformidade com as Escrituras, como um
padrão exterior, mas procura uma transformação através de uma experiência com
as ‘palavras da fé’ (1Tm 4.6). Assim, quando lemos as Escrituras, nós
procuramos descobrir realidades que podemos sentir com a ajuda de Deus. Dessa
forma, Paulo lembra Timóteo a ‘ser o exemplo dos fiéis’ (4.12) e a ‘ter cuidado
de si mesmo e da doutrina’ (1Tm 4.16).
É neste contexto que Paulo, em 2 Timóteo
3.10-4.5 fornece instrução específica, mostrando-nos como ler as Escrituras
para evitar os erros dos mitologistas, legalistas, e daqueles que rejeitam
completamente os ensinos das Escrituras.
Paulo escreve muito claramente a Timóteo:
‘Tu, porém, tens seguido minha doutrina, modo de viver, intenção, fé,
longanimidade, caridade, paciência’” (RICHARDS, Lawrence. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007,
pp.479,480).
Sugestão de leitura:
Fonte:
Lições Bíblicas - 1º trim.2017 - A Igreja de Jesus Cristo - Sua origem, doutrina, ordenanças e destino eterno - Comentarista: Alexandre Coelho - CPAD
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