“Então,
o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram” Mt 4.11
“Depois de seu batismo e afirmação por Deus,
Jesus foi levado para o deserto pelo Espírito de Deus, e ali jejuou por
quarenta dias e noites. Há um paralelo direto com Israel, o povo de Deus, no
Antigo Testamento. Depois de eles atravessarem o mar Vermelho (batismo) e
fazerem uma aliança com Deus (afirmação da missão e identidade), os israelitas
passaram quarenta anos no deserto, onde a fé e a obediência a Deus foram
testadas (Dt 8.2). Agora, o verdadeiro Filho de Deus também tinha de
experimentar esse teste, mas, de forma distinta de Israel, Ele teria de confiar
perfeitamente no Pai e obedecer a Ele de forma plena (Hb 4.15).
Mateus e Lucas registram três tentações
específicas que Satanás apresentou a Jesus; ainda assim, nosso Salvador, em
cada caso, resistiu citando versículos de Deuteronômio (8.3;6.16,13). As
tentações de Satanás levaram os primeiros seres humanos a duvidar da Palavra de
Deus, mas Jesus firmou-se na verdade da Palavra. Em cada uma das tentações,
Jesus foi desafiado sobre a compreensão de sua missão e identidade (‘Se tu és o
Filho de Deus [...]’). Primeiro, Satanás tenta Jesus para que provesse pão para
si mesmo, mas Jesus responde citando Deuteronômio 8.3. Os israelitas no deserto
murmuraram para ter pão e, só de forma muito relutante, confiaram na Palavra de
Deus para prover o maná que necessitavam” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2013, p.81).
A
narrativa da tentação de Jesus enaltece a importância do conhecimento e do uso
da Palavra de Deus contra os ataques do Inimigo.
Texto Bíblico - Mateus 4.1-11
INTRODUÇÃO
As pessoas tendem a acreditar que a tentação
de Jesus foi apenas momentânea. No entanto, Ele foi tentado pelo Diabo durante
toda a sua vida terrena.
Segundo o Evangelho de Mateus, a primeira
tentação de Jesus está relacionada com as necessidades de sustento material e
tem conexão com o povo hebreu na travessia do deserto. A última está
relacionada à idolatria. Tal tentação nos mostra o risco que corremos ao dar
lugar ao impulso de se desfrutar das glórias do mundo, em detrimento da
adoração a Deus. Precisamos estar atentos.
1. A relação de Mateus 4.1-4 com a caminhada
dos israelitas no deserto.
Existe uma relação direta entre a narrativa
de Mateus 4.1-11 e a narrativa da travessia dos hebreus pelo deserto, em
especial nos capítulos 6, 7 e 8 de Deuteronômio.
O texto de Mateus 4.1-11 está diretamente relacionado ao livro de Deuteronômio, que narra a história dos hebreus enquanto caminhavam no deserto rumo à Terra Prometida. A única exceção é o Salmo 91.11,12. Conhecer as Escrituras foi fundamental para as respostas de Jesus ao Adversário. Ele reage cada tentação citando a Palavra de Deus e extraindo o princípio de cada passagem mencionada. É recomendado estudar a tentação de Jesus em paralelo com os textos de Deuteronômio.
2. A tentação de Israel no deserto durou 40 anos.
A tentação de Jesus se assemelha ao Haggadah, um dos mais importantes textos da tradição judaica. No início da Páscoa, judeus de todos os cantos da Terra se reúnem para lê-lo ao redor da mesa. Ele contém a narrativa do êxodo do Egito. Uma celebração da passagem dos israelitas da escravidão para a liberdade, passando pelo deserto.
Os hebreus saíram da escravidão do Egito, onde abundava a injustiça, com a incumbência de criar uma sociedade justa na terra que o Senhor os mandaria. Eles tiveram, necessariamente, de passar pelo deserto e permanecer nele por 40 anos, porém muitos dentre o povo, diante das condições adversas do deserto, colocaram em dúvida a proteção e o cuidado de Deus, tentando-o por diversas vezes (Êx 16.3-8). Por isso, a maioria das pessoas que saíram do Egito não entrou na Terra Prometida. Aprendemos que o deserto é lugar de fome (Mt 4.2-4), porém também é lugar de provisão, aliança, purificação e encontro com Deus (Êx 19.1-19; Os 2.14).
3. A tentação de Jesus no deserto por 40 dias.
Os quarenta dias de jejum de Jesus recordam os quarenta anos de Israel no deserto. O jejum por 40 dias não era uma inovação, pois Moisés (Êx 24.18) e Elias (1Rs 19.8) também jejuaram este mesmo tempo. O número 40 é utilizado várias vezes na Bíblia (Gn 7,4,12; Êx 24.18; Dt 9.9) e quando se refere a dias ou anos pode significar um período necessário e suficiente para determinada ação.
Jesus foi desafiado, como Filho de Deus, a fazer uso de seus atributos divinos para satisfazer suas necessidades humanas, mas Ele rebate a tentação utilizando a Palavra de Deus. Enquanto o povo hebreu murmura contra Deus por causa da fome, Jesus segue submisso a Deus a fim de cumprir sua missão.
Conhecer as Escrituras foi fundamental para as respostas de Jesus ao Inimigo. A Palavra de Deus é uma arma eficiente contra as tentações.
Leia também sobre o assunto JEJUM
II. A TENTAÇÃO DO USO DO TEMPLO PARA EXPLORAÇÃO
1. A tentação de mercantilizar a religião (Mt 4.5,6).
O local da segunda tentação é o lugar mais alto do Templo. O pináculo demonstra a responsabilidade de estar no ponto mais alto do poder religioso, e quem assume tal “poder” precisa ter muito cuidado, pois também será tentado pelo Diabo para usá-lo mal. O Inimigo cita o Salmo 91, em que Deus promete proteger o justo. No entanto, isso não quer dizer que o cristão será beneficiado em troca de sua fidelidade. Infelizmente muitos pregam um relacionamento mercantil com Deus. Jesus descartou esse procedimento afirmando que os seus discípulos também passariam por aflições (Jo 16.33).
A sociedade atual é consumista, tendo como principais características o imediatismo, e em resposta a essa sociedade algumas instituições religiosas oferecem uma teologia consumista. Promessas de experiências inovadoras, com resultados imediatistas, em maior quantidade e menor esforço. Em troca, exigem a fidelização dos “consumidores espirituais”, além de sua passividade, cumplicidade e submissão cega. Essa relação de poder beneficia somente algumas pessoas, que não se interessam pelos fiéis, mas pelo sistema de poder que monopolizam. Diferente da teologia pregada por Jesus, que privilegiava a solidariedade, a vida em comunidade, simples e sem excesso de consumo. A mercantilização da sociedade tem moldado práticas religiosas antibíblicas e prestado um serviço ao materialismo.
2. A tentação de fazer de Deus um instrumento de ostentação.
Em uma das respostas de Jesus, Ele cita Deuteronômio 6.16: “Não tentareis o SENHOR, vosso Deus [...]”. O texto se refere ao episódio ocorrido em Massá (Êx 17.1-7), onde os israelitas tentaram a Deus, exigindo que Ele provasse o seu poder providenciando água para beber. Infelizmente, muitos ainda acham que podem determinar o que Deus deve fazer. Muitos falsos profetas usam do autoritarismo em supostas “visões e revelações”, visando à manutenção dos benefícios e interesses próprios. Eles se apresentam como pessoas com o suposto poder de manipular a ação de Deus (“tentam” a Deus). Estes se apresentam como pessoas de fé, mas na realidade se comportam como ateus, pois agem como se Deus não existisse para julgar o seus atos pecaminosos.
3. As distorções que prejudicam o cristianismo.
A atuação dos falsos profetas que querem mercantilizar a fé cristã e a ideia errônea de “manipular a Deus”, acabam por prejudicar o Cristianismo e a pregação da Palavra de Deus. Jesus curou e libertou muitas pessoas, mas Ele nunca tirou vantagem ou usou sua posição de profeta para manipular as pessoas com seus discursos. Mateus 7.28,29 afirma que as multidões se maravilhavam com o seu ensino e reconheciam sua autoridade como divina, pois não estava baseada na sua persuasão, mas no exemplo de vida.
Jesus tinha autoridade e nunca usou de suas qualificações em seu benefício próprio.
III. A TENTAÇÃO DO USO INDEVIDO DO PODER
1. O poder dos impérios e reinos deste mundo.
A grande altura do monte e a visualização de todos os reinos dão a sensação de poder. O ser humano tem a tendência de desejar o poder; a diferença é que alguns têm equilíbrio, enquanto outros não se importam com os meios para conquistá-lo.
2. O poder conquistado à custa da opressão e exploração do povo não provém de Deus.
O texto dá a entender que o Diabo domina os reinos do mundo, pois ele tem a petulância de oferecê-los a Jesus, como se estivessem em seu poder. Que mundo é esse? Provavelmente, Mateus está falando do controle da vida política, social, econômica e religiosa. Portanto, um mundo que necessita da intervenção divina para ser justo.
O Diabo tenta negociar esse poder, mas Jesus rejeita e o vence. Sua vitória final é na cruz, ou seja, no cumprimento da sua missão e com o recebimento de um corpo glorificado. O próprio Mateus descreve que esse Jesus ressurreto recebeu o poder e a autoridade, pois é o Criador de todas as coisas. Esse poder e autoridade são ilimitados, pois é sobre a Terra e também sobre o céu (Mt 28.18).
3. O poder idolátrico dos reinos deste mundo.
Todos aqueles que aguardavam a promessa messiânica tinham sua atenção voltada para a cidade de Sião. Essa atenção e centralidade estavam relacionadas com o fato de Sião ser um centro de adoração de todos os povos e um lugar de bênçãos. Um reino com o poder de prover as necessidades dos povos do mundo, com certeza receberia as “glórias” desses povos. Tal poder era e é realmente tentador. Com a tentação de Jesus também podemos aprender que mesmo alguém que pensa no bem do próximo também pode ser tentado a receber glórias para si. Por isso, a importância de se estar em sincronia com Deus e sua vontade.
Jesus estava estava totalmente comprometido em cumprir a vontade do Pai, mesmo que fosse necessário sofrer dores, perseguição e morrer na cruz. A cruz de Cristo deve ser o real motivo pelo qual realizamos a obra de Deus.
Pense!
Por que muitas pessoas que iniciam seu ministério na obra de Deus com amor e lealdade, com o aumento do “poder” e da fama, acabam por se perderem?
Ponto Importante
Jesus estava consciente que para cumprir sua missão e os propósitos de Deus deveria trilhar pacientemente o caminho da cruz e não o da glória humana.
CONCLUSÃO
Nesta lição aprendemos que a fidelidade a Deus deve preceder a satisfação pessoal e de bens materiais. Aprendemos também que Deus não pode ser tentado pelo mal e seu nome não deve ser usado em benefício próprio. Como crentes não devemos buscar a glória para nós, mas glorificar a Deus.
Precisamos estar sempre vigilantes, pois todos os cristãos passam pelo modelo das tentações de Jesus e o caminho da vitória também é o mesmo: conhecer a Palavra de Deus e fazer a vontade divina.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Jesus experimenta três tentações específicas.
A primeira envolve suas necessidades físicas (Lc 4.3,4). O Diabo presume que Jesus é o Filho de Deus — ‘Se tu és o Filho de Deus’ significa ‘Visto que Tu és o Filho de Deus’. Claro que Jesus pode exercer o poder de Deus e transformar uma pedra do chão em pão. O Diabo sugere que o uso deste poder para aliviar a fome era verdadeira prova de que Jesus é o Filho de Deus. Mas se Jesus transformasse uma pedra em pão, tal milagre revelaria sua falta de fé na bondade de Deus. Ele teria obedecido a Satanás em vez de ser obediente a Deus. Ele teria usado seu poder para satisfazer as necessidades pessoais em vez de usá-lo para a glória de Deus.
Jesus resiste à tentação do Diabo citando Deuteronômio 8.3. O ponto de sua resposta é que o bem-estar humano é mais que assunto de ter comida suficiente. O mais importante é obedecer à Palavra de Deus e confiar no Senhor que cuida de nós. Jesus obedece à Palavra de Deus, embora implique em fome física”
“A segunda tentação é a oferta que o Inimigo fez a Jesus de autoridade sobre os reinos da terra (Lc 4.5-8). Num momento de tempo, ele traz à presença de Jesus todos os reinos do mundo. Afirma que eles lhes foram dados e que ele tem o direito de dispor deles como quiser. A afirmação do Diabo é meia-verdade. Embora ele tenha grande poder (Jo 12.31; 14.30), não tem autoridade para dar a Jesus os reinos do mundo e a glória deles. Ele promete que Jesus pode se tornar o governante da terra se tão somente Ele o adorar. Satanás tenta ludibriar Jesus para obter poder político e estabelecer um reino no mundo maior que o dos romanos.
O Reino que Jesus veio estabelecer é muito diferente. É um reino no qual Deus reina, e é formado por homens e mulheres livres da escravidão do pecado e de Satanás”
“A terceira tentação tem a ver com provar a verdade da promessa de Deus (Lc 4.9-12). Jesus se deixa levar voluntariamente com o maligno até o ponto mais alto do templo. A localização precisa no templo é incerta, mas do ponto mais alto do templo Satanás instiga Jesus a pular: ‘Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo’ (v.9). A sugestão dele é esta: ‘Antes de tu te dispores em tua missão, é melhor que te certifiques da proteção de Deus. Então, por que não pulas e não te asseguras de que Deus tomará conta de Ti?’. O maligno foi refutado duas vezes com as Escrituras, então ele cita o Salmo 91.11,12 para garantir que Deus o protegerá de qualquer dano. Este é um exemplo de torcer as Escrituras para servir a um propósito, pois o Salmo 91 não garante que Deus fará milagres sob as condições que estipularmos” (Comentário Bíblico Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, p.338).
O texto de Mateus 4.1-11 está diretamente relacionado ao livro de Deuteronômio, que narra a história dos hebreus enquanto caminhavam no deserto rumo à Terra Prometida. A única exceção é o Salmo 91.11,12. Conhecer as Escrituras foi fundamental para as respostas de Jesus ao Adversário. Ele reage cada tentação citando a Palavra de Deus e extraindo o princípio de cada passagem mencionada. É recomendado estudar a tentação de Jesus em paralelo com os textos de Deuteronômio.
2. A tentação de Israel no deserto durou 40 anos.
A tentação de Jesus se assemelha ao Haggadah, um dos mais importantes textos da tradição judaica. No início da Páscoa, judeus de todos os cantos da Terra se reúnem para lê-lo ao redor da mesa. Ele contém a narrativa do êxodo do Egito. Uma celebração da passagem dos israelitas da escravidão para a liberdade, passando pelo deserto.
Os hebreus saíram da escravidão do Egito, onde abundava a injustiça, com a incumbência de criar uma sociedade justa na terra que o Senhor os mandaria. Eles tiveram, necessariamente, de passar pelo deserto e permanecer nele por 40 anos, porém muitos dentre o povo, diante das condições adversas do deserto, colocaram em dúvida a proteção e o cuidado de Deus, tentando-o por diversas vezes (Êx 16.3-8). Por isso, a maioria das pessoas que saíram do Egito não entrou na Terra Prometida. Aprendemos que o deserto é lugar de fome (Mt 4.2-4), porém também é lugar de provisão, aliança, purificação e encontro com Deus (Êx 19.1-19; Os 2.14).
3. A tentação de Jesus no deserto por 40 dias.
Os quarenta dias de jejum de Jesus recordam os quarenta anos de Israel no deserto. O jejum por 40 dias não era uma inovação, pois Moisés (Êx 24.18) e Elias (1Rs 19.8) também jejuaram este mesmo tempo. O número 40 é utilizado várias vezes na Bíblia (Gn 7,4,12; Êx 24.18; Dt 9.9) e quando se refere a dias ou anos pode significar um período necessário e suficiente para determinada ação.
Jesus foi desafiado, como Filho de Deus, a fazer uso de seus atributos divinos para satisfazer suas necessidades humanas, mas Ele rebate a tentação utilizando a Palavra de Deus. Enquanto o povo hebreu murmura contra Deus por causa da fome, Jesus segue submisso a Deus a fim de cumprir sua missão.
Conhecer as Escrituras foi fundamental para as respostas de Jesus ao Inimigo. A Palavra de Deus é uma arma eficiente contra as tentações.
Leia também sobre o assunto JEJUM
II. A TENTAÇÃO DO USO DO TEMPLO PARA EXPLORAÇÃO
1. A tentação de mercantilizar a religião (Mt 4.5,6).
O local da segunda tentação é o lugar mais alto do Templo. O pináculo demonstra a responsabilidade de estar no ponto mais alto do poder religioso, e quem assume tal “poder” precisa ter muito cuidado, pois também será tentado pelo Diabo para usá-lo mal. O Inimigo cita o Salmo 91, em que Deus promete proteger o justo. No entanto, isso não quer dizer que o cristão será beneficiado em troca de sua fidelidade. Infelizmente muitos pregam um relacionamento mercantil com Deus. Jesus descartou esse procedimento afirmando que os seus discípulos também passariam por aflições (Jo 16.33).
A sociedade atual é consumista, tendo como principais características o imediatismo, e em resposta a essa sociedade algumas instituições religiosas oferecem uma teologia consumista. Promessas de experiências inovadoras, com resultados imediatistas, em maior quantidade e menor esforço. Em troca, exigem a fidelização dos “consumidores espirituais”, além de sua passividade, cumplicidade e submissão cega. Essa relação de poder beneficia somente algumas pessoas, que não se interessam pelos fiéis, mas pelo sistema de poder que monopolizam. Diferente da teologia pregada por Jesus, que privilegiava a solidariedade, a vida em comunidade, simples e sem excesso de consumo. A mercantilização da sociedade tem moldado práticas religiosas antibíblicas e prestado um serviço ao materialismo.
2. A tentação de fazer de Deus um instrumento de ostentação.
Em uma das respostas de Jesus, Ele cita Deuteronômio 6.16: “Não tentareis o SENHOR, vosso Deus [...]”. O texto se refere ao episódio ocorrido em Massá (Êx 17.1-7), onde os israelitas tentaram a Deus, exigindo que Ele provasse o seu poder providenciando água para beber. Infelizmente, muitos ainda acham que podem determinar o que Deus deve fazer. Muitos falsos profetas usam do autoritarismo em supostas “visões e revelações”, visando à manutenção dos benefícios e interesses próprios. Eles se apresentam como pessoas com o suposto poder de manipular a ação de Deus (“tentam” a Deus). Estes se apresentam como pessoas de fé, mas na realidade se comportam como ateus, pois agem como se Deus não existisse para julgar o seus atos pecaminosos.
3. As distorções que prejudicam o cristianismo.
A atuação dos falsos profetas que querem mercantilizar a fé cristã e a ideia errônea de “manipular a Deus”, acabam por prejudicar o Cristianismo e a pregação da Palavra de Deus. Jesus curou e libertou muitas pessoas, mas Ele nunca tirou vantagem ou usou sua posição de profeta para manipular as pessoas com seus discursos. Mateus 7.28,29 afirma que as multidões se maravilhavam com o seu ensino e reconheciam sua autoridade como divina, pois não estava baseada na sua persuasão, mas no exemplo de vida.
Jesus tinha autoridade e nunca usou de suas qualificações em seu benefício próprio.
III. A TENTAÇÃO DO USO INDEVIDO DO PODER
1. O poder dos impérios e reinos deste mundo.
A grande altura do monte e a visualização de todos os reinos dão a sensação de poder. O ser humano tem a tendência de desejar o poder; a diferença é que alguns têm equilíbrio, enquanto outros não se importam com os meios para conquistá-lo.
2. O poder conquistado à custa da opressão e exploração do povo não provém de Deus.
O texto dá a entender que o Diabo domina os reinos do mundo, pois ele tem a petulância de oferecê-los a Jesus, como se estivessem em seu poder. Que mundo é esse? Provavelmente, Mateus está falando do controle da vida política, social, econômica e religiosa. Portanto, um mundo que necessita da intervenção divina para ser justo.
O Diabo tenta negociar esse poder, mas Jesus rejeita e o vence. Sua vitória final é na cruz, ou seja, no cumprimento da sua missão e com o recebimento de um corpo glorificado. O próprio Mateus descreve que esse Jesus ressurreto recebeu o poder e a autoridade, pois é o Criador de todas as coisas. Esse poder e autoridade são ilimitados, pois é sobre a Terra e também sobre o céu (Mt 28.18).
3. O poder idolátrico dos reinos deste mundo.
Todos aqueles que aguardavam a promessa messiânica tinham sua atenção voltada para a cidade de Sião. Essa atenção e centralidade estavam relacionadas com o fato de Sião ser um centro de adoração de todos os povos e um lugar de bênçãos. Um reino com o poder de prover as necessidades dos povos do mundo, com certeza receberia as “glórias” desses povos. Tal poder era e é realmente tentador. Com a tentação de Jesus também podemos aprender que mesmo alguém que pensa no bem do próximo também pode ser tentado a receber glórias para si. Por isso, a importância de se estar em sincronia com Deus e sua vontade.
Jesus estava estava totalmente comprometido em cumprir a vontade do Pai, mesmo que fosse necessário sofrer dores, perseguição e morrer na cruz. A cruz de Cristo deve ser o real motivo pelo qual realizamos a obra de Deus.
Pense!
Por que muitas pessoas que iniciam seu ministério na obra de Deus com amor e lealdade, com o aumento do “poder” e da fama, acabam por se perderem?
Ponto Importante
Jesus estava consciente que para cumprir sua missão e os propósitos de Deus deveria trilhar pacientemente o caminho da cruz e não o da glória humana.
CONCLUSÃO
Nesta lição aprendemos que a fidelidade a Deus deve preceder a satisfação pessoal e de bens materiais. Aprendemos também que Deus não pode ser tentado pelo mal e seu nome não deve ser usado em benefício próprio. Como crentes não devemos buscar a glória para nós, mas glorificar a Deus.
Precisamos estar sempre vigilantes, pois todos os cristãos passam pelo modelo das tentações de Jesus e o caminho da vitória também é o mesmo: conhecer a Palavra de Deus e fazer a vontade divina.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Jesus experimenta três tentações específicas.
A primeira envolve suas necessidades físicas (Lc 4.3,4). O Diabo presume que Jesus é o Filho de Deus — ‘Se tu és o Filho de Deus’ significa ‘Visto que Tu és o Filho de Deus’. Claro que Jesus pode exercer o poder de Deus e transformar uma pedra do chão em pão. O Diabo sugere que o uso deste poder para aliviar a fome era verdadeira prova de que Jesus é o Filho de Deus. Mas se Jesus transformasse uma pedra em pão, tal milagre revelaria sua falta de fé na bondade de Deus. Ele teria obedecido a Satanás em vez de ser obediente a Deus. Ele teria usado seu poder para satisfazer as necessidades pessoais em vez de usá-lo para a glória de Deus.
Jesus resiste à tentação do Diabo citando Deuteronômio 8.3. O ponto de sua resposta é que o bem-estar humano é mais que assunto de ter comida suficiente. O mais importante é obedecer à Palavra de Deus e confiar no Senhor que cuida de nós. Jesus obedece à Palavra de Deus, embora implique em fome física”
“A segunda tentação é a oferta que o Inimigo fez a Jesus de autoridade sobre os reinos da terra (Lc 4.5-8). Num momento de tempo, ele traz à presença de Jesus todos os reinos do mundo. Afirma que eles lhes foram dados e que ele tem o direito de dispor deles como quiser. A afirmação do Diabo é meia-verdade. Embora ele tenha grande poder (Jo 12.31; 14.30), não tem autoridade para dar a Jesus os reinos do mundo e a glória deles. Ele promete que Jesus pode se tornar o governante da terra se tão somente Ele o adorar. Satanás tenta ludibriar Jesus para obter poder político e estabelecer um reino no mundo maior que o dos romanos.
O Reino que Jesus veio estabelecer é muito diferente. É um reino no qual Deus reina, e é formado por homens e mulheres livres da escravidão do pecado e de Satanás”
“A terceira tentação tem a ver com provar a verdade da promessa de Deus (Lc 4.9-12). Jesus se deixa levar voluntariamente com o maligno até o ponto mais alto do templo. A localização precisa no templo é incerta, mas do ponto mais alto do templo Satanás instiga Jesus a pular: ‘Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo’ (v.9). A sugestão dele é esta: ‘Antes de tu te dispores em tua missão, é melhor que te certifiques da proteção de Deus. Então, por que não pulas e não te asseguras de que Deus tomará conta de Ti?’. O maligno foi refutado duas vezes com as Escrituras, então ele cita o Salmo 91.11,12 para garantir que Deus o protegerá de qualquer dano. Este é um exemplo de torcer as Escrituras para servir a um propósito, pois o Salmo 91 não garante que Deus fará milagres sob as condições que estipularmos” (Comentário Bíblico Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, p.338).
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves
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