“Livro da geração de Jesus Cristo, Filho de
Davi, Filho de Abraão” Mt 1.1
O Evangelho de Mateus
“Data
Como no caso da maioria dos livros do Novo
Testamento, a data é incerta. Escritores mais antigos consideraram Mateus como
tendo sido escrito por volta de 60 d.C. A maioria dos estudiosos hoje prefere
80 ou 85 d.C.
Local da Escrita
Novamente há duas opiniões principais. A
opinião tradicional é a de que o Evangelho de Mateus foi escrito na Palestina
(cf. ‘Judeia’). Streeter diz que o local foi Antioquia da Síria, e ele é
seguido pela maioria dos estudiosos hoje. Talvez a coletânea aramaica de
palavras tenha sido escrita na Palestina, e o Evangelho em grego em Antioquia.
Propósito
Fica evidente que Mateus escreveu o seu
Evangelho para os judeus, com o objetivo de apresentar Jesus como o Messias.
Quando o Evangelho foi escrito, a nação já o havia rejeitado, e logo — se
Mateus foi escrito entre 60 e 70 d.C. — iria sofrer por isto um severo juízo
através da destruição de Jerusalém (70 d.C.). Hayes diz: ‘O primeiro Evangelho
tinha algo do caráter de um ultimato oficial. Foi um último aviso do Senhor
para o seu povo’”
(Comentário Bíblico Beacon. Mateus a Lucas.
1ª Edição. Volume 6. RJ: CPAD, 2006, p.22).
O objetivo principal do Evangelho de Mateus é
mostrar que Jesus é o Messias que foi anunciado pelos profetas no Antigo
Testamento.
Texto Bíblico - Mateus 1.1-17
1 — Livro da geração de Jesus Cristo,
Filho de Davi, Filho de Abraão.
2 — Abraão gerou a Isaque, e Isaque gerou
a Jacó, e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos,
3 — e Judá gerou de Tamar a Perez e a
Zerá, e Perez gerou a Esrom, e Esrom gerou a Arão.
4 — Arão gerou a Aminadabe, e Aminadabe
gerou a Naassom, e Naassom gerou a Salmom,
5 — e Salmom gerou de Raabe a Boaz, e Boaz
gerou de Rute a Obede, e Obede gerou a Jessé.
6 — Jessé gerou ao rei Davi, e o rei Davi
gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.
7 — Salomão gerou a Roboão, e Roboão gerou
a Abias, e Abias gerou a Asa,
8 — e Asa gerou a Josafá, e Josafá gerou a
Jorão, e Jorão gerou a Uzias,
9 — e Uzias gerou a Jotão, e Jotão gerou a
Acaz, e Acaz gerou a Ezequias.
10 — Ezequias gerou a Manassés, e Manassés
gerou a Amom, e Amom gerou a Josias,
11 — e Josias gerou a Jeconias e a seus
irmãos na deportação para a Babilônia.
12 — E, depois da deportação para a
Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel, e Salatiel gerou a Zorobabel,
13 — e Zorobabel gerou a Abiúde, e Abiúde
gerou a Eliaquim, e Eliaquim gerou a Azor,
14 — e Azor gerou a Sadoque, e Sadoque
gerou a Aquim, e Aquim gerou a Eliúde,
15 — e Eliúde gerou a Eleazar, e Eleazar
gerou a Matã, e Matã gerou a Jacó,
16 — e Jacó gerou a José, marido de Maria,
da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo.
17 — De sorte que todas as gerações, desde
Abraão até Davi, são catorze gerações; e, desde Davi até a deportação para a
Babilônia, catorze gerações; e, desde a deportação para a Babilônia até Cristo,
catorze gerações.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos o Evangelho de
Mateus, o primeiro dos Evangelhos Sinóticos e o mais lido e estudado desde os
primórdios do cristianismo. Ele apresenta uma estrutura marcadamente didática,
distribuída por cinco grandes discursos, que são intercalados por narrativas.
Em seu conteúdo se destacam o Sermão do Monte, as parábolas a respeito do Reino
dos Céus, as orientações de Jesus para a Igreja e o discurso escatológico.
Quando lemos o Evangelho de Mateus, podemos perceber suas características judaicas,
que estimularam grupos judeu-cristãos a usá-lo.
Nesta primeira lição abordaremos as questões
introdutórias, como por exemplo, a data e o ano em que foi escrito, bem como a
genealogia de Jesus.
1. Autoria e data.
A autoria do primeiro
Evangelho, como apresentado na ordem canônica, é atribuída a Mateus, o
publicano que se tornou discípulo de Jesus. A Igreja Primitiva considerava-o
autor do Evangelho assim como os pais da Igreja: Orígenes, Tertuliano e
Eusébio. Quanto à data, situa-se entre os anos 60 d.C. e 85 d.C.
2. A relação sinótica dos Evangelhos de Mateus,
Marcos e Lucas.
A partir do século XVIII, os três primeiros Evangelhos
passaram a ser conhecidos como sinóticos (synopsis = visão de conjunto).
Em uma análise da organização narrativa da vida e obra de Jesus no Evangelho de
João comparada com a dos livros sinóticos fica evidente a diferença entre eles,
e consequentemente o motivo dele não pertencer ao grupo.
As similaridades entre os três Evangelhos
sinóticos conduzirão em determinados momentos uma análise comparativa de textos
de Mateus com os Evangelhos de Marcos e Lucas. Essa análise contribuirá para a
interpretação do texto em apreciação. Mateus e Lucas possuem maior volume e,
consequentemente, maior detalhamento de alguns episódios, como por exemplo:
tentação, infância e discursos de Jesus. Desse modo, os Evangelhos de Mateus e
Lucas tem um conteúdo maior que Marcos, mas eles se complementam. As
semelhanças entre eles deram-lhes o título de Evangelhos sinóticos.
3. Organização em blocos narrativos e
discursivos.
Mateus está organizado em blocos narrativos e discursivos.
Nos blocos narrativos são apresentados relatos de uma série de eventos que
cobrem certo período e variedade de locais. A apresentação da região e a cidade
(Cafarnaum) onde Jesus reside e convoca seus primeiros discípulos, o padrão de
sua atuação na região e a popularidade conquistada é um exemplo de bloco
narrativo.
Mateus faz com requinte a relação entre
agrupamentos narrativos e discursivos, preservando a ênfase nos discursos de
Jesus. Como exemplo a conexão entre o agrupamento narrativo (Mt 3,4,8,9) e o
agrupamento discursivo (Mt 5-7,10). Assim Mateus dá ênfase no ensino de Jesus,
de forma que seus seguidores possam se tornar cada vez mais disciplinados,
guardando todas as coisas que Ele tem ensinado (Mt 28.20).
Pense!
Jesus ensinou que devemos guardar todas as
coisas que Ele tem ensinado. Jovem, o que você tem feito para saber e fazer o
que Ele ensinou?
1. A genealogia de Jesus, o Messias.
A
relação do evangelista com a tradição e modo de pensar dos rabinos influencia a
organização das gerações de Abraão até Jesus. Ele divide em três grupos de
gerações: de Abraão ao estabelecimento do reino sob Davi (Mt 1.2-6); de Davi ao
fim da monarquia (exílio babilônico) (Mt 1.6-11) e do período do exílio
babilônico ao nascimento de Jesus (Mt 1.12-16).
O evangelista tinha um objetivo específico ao
descrever a genealogia de Jesus: demonstrar que Ele era o Messias prometido.
Mateus o relaciona com a casa real, como descendente direto do rei Davi, figura
ligada à expectativa messiânica. Também enfatiza a descendência abraâmica, pois
o grande patriarca é considerado o pai da nação israelita. Ele recebeu a
promessa divina de que sua descendência seria grande e abençoada. Abraão é uma
figura importante para o cristianismo como o pai de todo aquele que crê, por
meio de seu exemplo de fé e vínculo com Jesus.
2. As mulheres na genealogia de Jesus.
Na
leitura da genealogia de Jesus salta aos olhos a menção de três mulheres: Rute,
Raabe e Tamar. Para a cultura da época a menção de mulheres já era um fato
relevante pois elas geralmente, não eram mencionadas nas genealogias. O que
surpreende ainda mais é o fato de que estas mulheres, segundo a tradição
judaica, jamais teriam condições de entrar na genealogia do Rei dos reis, pois
Rute, embora tivesse um caráter ilibado, era moabita. Raabe ganhava a vida como
prostituta (Js 2.1), e Tamar seduziu e enganou o seu sogro (Gn 38). Além dessas
três mulheres é citada também Bate-Seba, esposa de Urias, que se tornou
conhecida pelo adultério com Davi (2Sm 11.3-5). Para a cultura judaica, estas
mulheres eram consideradas moralmente corrompidas e, portanto, sem nenhuma
possibilidade de fazerem parte da linha sucessória do Messias. No entanto, Deus
não se submete às culturas, pois está atento aos corações das pessoas.
3. Uma genealogia onde os excluídos são
incluídos.
As mulheres não eram as únicas “excluídas” a serem incluídas na
genealogia de Jesus. Mateus coloca várias personagens excluídas da sociedade
judaica em papéis principais nos discursos de Jesus. Esta inclusão parece ser
proposital, principalmente pelo ambiente judaico desse Evangelho. O evangelista
destaca que o Messias viria para salvar o seu povo de seus pecados (Mt 1.21).
Ao mesmo tempo, ele descreve o encontro de Jesus com pessoas estrangeiras que
são alcançadas pela sua graça e misericórdia (Mt 4.23-25). Demonstra que sua
missão não era exclusiva para os judeus, mas universal. A universalidade da
missão de Jesus é explicada de forma exaustiva pelo apóstolo Paulo,
principalmente na Epístola aos Romanos, ao incluir tanto judeus como gentios
como receptores da graça de Deus.
Ponto Importante
A genealogia de Jesus nos dá um grande exemplo
de inclusão social, pois a tendência humana é “esconder” das ascendências os
excluídos pela sociedade.
1. O Messias e a proclamação da chegada do
Reino dos Céus.
A figura do Messias está estritamente relacionada com a
proclamação do Reino dos Céus. Esses temas ficam mais evidentes no início e no
fim do Evangelho. O título “Filho de Deus” é citado sempre em momentos cruciais
do Evangelho: no batismo de Jesus (Mt 3.17); na confissão de Pedro (Mt 16.16);
na transfiguração (Mt 17.5), no julgamento e na cruz (Mt 26.63; 27.40,43,54).
Outra expressão importante relacionada à messianidade de Jesus é “Filho de
Davi”, que ocorre 10 vezes em Mateus.
Mateus demonstra que Jesus é, de fato, o Filho
de Deus prometido no Antigo Testamento. Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus.
No Reino dos Céus proclamado por Jesus, a forma
de governo é diferente dos impérios humanos que dominam os povos. O Reino dos
Céus implica justiça, paz e a alegria que somente Deus pode dar. Assim a
identidade messiânica de Jesus, o Reino dos Céus e temas recorrentes (a justiça
e a Lei) são os principais focos teológicos do Evangelho de Mateus.
2. O Evangelho de Mateus e a Igreja.
Mateus
menciona a Igreja por duas vezes (Mt 16.18; 18.18), enquanto o termo não é
mencionado nos demais Evangelhos. Em seus escritos, a comunidade cristã é
incentivada a manter a fé em Cristo e a seguir suas diretrizes fundamentais e
aos seus líderes. Os grandes discursos do Evangelho contêm as principais
diretrizes à Igreja.
Mateus recomenda a fé em Cristo e a humildade
para se evitar a queda e os escândalos, aos quais todas as pessoas estão
sujeitas (Mt 18.1-9). Ele alerta a respeito dos falsos profetas (Mt 7.15) e da
existência tanto de santos como de pecadores na Igreja, cuja diferença ficará
evidente apenas no Dia do Senhor (Mt 13.36-43; 22.11-14). No Evangelho de
Mateus, o estilo de vida apostólico e missionário é descrito (Mt 9.36-11.1) e a
Igreja é chamada para cumprir a sua missão evangelizadora (Mt 28.19,20).
3. O uso do Antigo Testamento em Mateus.
O
evangelista utiliza, pelo menos, uma série de 10 citações do Antigo Testamento
para demonstrar que tudo que aconteceu na vida e ministério de Jesus estava
previsto, principalmente nos profetas (Mt 1.23; 2.15,23; 4.14-16; 8.17;
12.17-21; 13.35; 21.4,5; 27.9).
O cuidado de Mateus em demonstrar o cumprimento
das profecias na vida e obra de Jesus tinha como objetivo demonstrar que o
Messias não veio para destruir ou anular, mas para cumprir a Lei e os profetas
(Mt 5.17). Principalmente por meio de sua morte na cruz, que era de difícil
entendimento para um judeu, mesmo convertido ao cristianismo. Essa dificuldade
será analisada com mais profundidade na lição 11.
A utilização de textos do Antigo Testamento
para explicar os acontecimentos da vida de Jesus e sua obra foi uma importante
estratégia de Mateus para demonstrar que o plano histórico-salvífico de Deus é
único, tanto para judeus como para gentios.
Os títulos “Filho de Deus” e “Filho de Davi”,
atribuídos a Jesus, são expressões messiânicas que Mateus usa para
identificá-lo com o Messias prometido.
CONCLUSÃO
Na lição de hoje, uma introdução ao Evangelho
de Mateus, aprendemos que os Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas)
evidenciam detalhes diferentes da vida e obra de Jesus, mas são coerentes no
conteúdo. Que a genealogia mateana de Jesus tem o objetivo de apresentá-lo como
o Messias, cujo Reino é universal incluindo judeus e gentios e que a teologia
principal de Mateus é apresentar o Reino dos Céus por meio da Igreja e em
concordância com o Antigo Testamento.
“Durante os três primeiros séculos da era
cristã, a descrição de Jesus, no Evangelho de Mateus, foi a mais admirada e
citada no Novo Testamento. Evidentemente, o evangelho é exatamente isso: o
retrato da pessoa que é em si mesma as boas-novas do amor perdoador de Deus.
O Evangelho de Mateus é um dos mais enraizados
no Antigo Testamento e o mais preocupado com questões importantes para o povo
judeu. É o que mais contém citações do Antigo Testamento e a maior parte das
referências acerca do cumprimento das profecias messiânicas. Também é o que
mais tem a dizer sobre a Lei do Antigo Testamento, ao demonstrar a distorção
produzida pelas tradições defendidas pelos fariseus focalizando a atenção no
coração e não no comportamento.
Tudo indica que a contribuição teológica mais
importante de Mateus diz respeito ao reino. Os profetas do Antigo Testamento
estavam convencidos de que a intenção de Deus era implementar um reino terreno
do Messias, um descendente de Davi, que elevaria Israel à glória e
estabeleceria a justiça de Deus em todo o mundo. A morte de Jesus na cruz
levantou uma questão decisiva. Se Jesus é o Messias, o que teria acontecido com
o reino? Mateus responde a essa indagação" (RICHARDS. Lawrence O. Guia
do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. 9ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.599).
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º
Trimestre de 2018 - Título: Seu
Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino
das Neves
Aqui eu Aprendi!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O comentário será postado assim que o autor der a aprovação.
Respeitando a liberdade de expressão e a valorização de quem expressa o seu pensamento, todas as participações no espaço reservado aos comentários deverão conter a identificação do autor do comentário.
Não serão liberados comentários, mesmo identificados, que contenham palavrões, calunias, digitações ofensivas e pejorativas, com falsidade ideológica e os que agridam a privacidade familiar.
Comentários anônimos:
Embora haja a aceitação de digitação do comentário anônimo, isso não significa que será publicado.
O administrador do blog prioriza os comentários identificados.
Os comentários anônimos passarão por criteriosa analise e, poderão ou não serem publicados.
Comentários suspeitos e/ou "spam" serão excluídos automaticamente.
Obrigado!
" Aqui eu Aprendi! "