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sexta-feira, 21 de julho de 2017

O Senhor e Salvador Jesus Cristo

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” Jo 14.6

O Senhor e Salvador Jesus Cristo

Jesus de Nazaré é a pessoa mais importante que existiu no mundo. Ele veio em forma de uma criança, cresceu na graça e no conhecimento, diante de Deus e dos homens. Jesus iniciou o seu ministério com doze discípulos, pregando o Reino de Deus por toda a Antiga Palestina. É impossível alguém ficar indiferente em relação ao seu ministério. Se os nossos alunos o conhecerem como descrevem as Escrituras, “rios de águas vivas fluirão do seu interior”.

Jesus chamado “Cristo”
Jesus (que quer dizer “o salvador”) é o “Messias” de Israel, isto é, o ungido de Deus Pai para redimir o povo de Israel e o “Cristo” para redimir o mundo: “Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36). Jesus Cristo é o evento anunciado por João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Nele, a condenação eterna é apagada, as prisões psicológicas e emocionais são abertas. Nossa natureza humana pecaminosa, egoísta e perversa é completamente transformada.

O “Logos
O Evangelho afirma que só há verdadeira vida por intermédio do verbo vivo de Deus: Jesus Cristo, a vida eterna que pulsa de Deus para nós. É vida verdadeira que dá conta de todas as interrogações, questionamentos e dúvidas humanas. Mas o mundo não compreendeu o significado dessa vida, desse verbo e desse sentido último (Jo 1.5).

Para descrever esse evento extraordinário o apóstolo João usou um termo bem peculiar em o Novo Testamento, Logos, que quer dizer “verbo” ou “palavra”. O apóstolo escreveu assim o primeiro versículo no seu Evangelho: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Esse versículo descreve Jesus como o início de todas as coisas e o significado último da vida: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1.3,4). Segundo o Evangelho, só há verdadeira vida por intermédio do verbo vivo de Deus: Jesus Cristo, a vida que pulsa de Deus para nós. Só ele quem pode doar vida verdadeira. Só Ele quem dá conta de todas as interrogações, questionamentos e dúvidas humanas. Mas o mundo não compreendeu o significado dessa vida, desse verbo e desse sentido último (Jo 1.5). Mas para nós, os que cremos, o servo Jesus é Senhor e Cristo. Sejamos servos disponíveis no serviço, olhando sempre para o autor e consumador da nossa fé.

Cremos no Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, plenamente Deus, plenamente Homem e o único Salvador do mundo.

Prezado professor, nesta lição estudaremos a respeito do Homem mais importante que já viveu nesta terra, Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus. O seu nascimento foi e é um marco na história da humanidade. Depois da sua vinda ao mundo a História passou a ser dividida em antes de Cristo e depois dEle. É importante lembrar que quando Jesus veio ao mundo, a Palestina estava debaixo do jugo romano. César Augusto era o imperador e os imperadores romanos eram visto por todos como um deus. Porém, o Rei dos reis veio habitar entre nós. Ele nasceu em um lugar simples, em um estábulo. Seu berço não foi de ouro, mas foi uma simples manjedoura. Ele abriu mão de toda a sua glória para vir ao mundo salvar todos os perdidos e revelar-se aos piedosos e às minorias.

Leitura Bíblica para aula:  João 1.1-14

Leitura Bíblica Diária

Jo 3.16-18 - Jesus é o Filho Unigênito de Deus

Rm 1.3,4 - Jesus é o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem

Is 7.14; Mt 1.20,23 - Jesus foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu da virgem Maria

Hb 10.12 - A morte de Jesus foi expiatória

Rm 8.34 - Jesus ressuscitou dentre os mortos e intercede por nós

At 1.9 - Jesus subiu aos céus

Cremos que Jesus é o Filho Unigênito de Deus, plenamente Deus e plenamente homem.

O tema sobre a verdadeira identidade de Jesus de Nazaré é algo palpitante e ao mesmo tempo oportuno. São milhões de seres humanos que ainda não conhecem o verdadeiro Jesus dos evangelhos. Muitas pesquisas criteriosas foram realizadas sobre a vida e a obra de Jesus ao longo dos séculos; no entanto, Ele continua sendo a personagem mais controvertida e mais importante da História. Jesus é tema de filmes, músicas, livros, poesias, pinturas e teatros como ninguém. Sua história está traduzida em 2.935 línguas. Ele revelou seu poder sobre o reino das trevas, sobre Satanás e sobre o inferno (Mc 5.7-13); sobre as enfermidades e sobre a morte (Mt 10.8); sobre o pecado e sobre a natureza (Jo 8.46; Mt 8.26, 27). Seus discípulos chegaram a perguntar: “Que homem é este?” (Mt 8.27). O próprio Jesus perguntou certa vez: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (Mt 16.13). A resposta certa depende da revelação divina “porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está no céu” (Mt 16.17); “E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo Santo” (1 Co 12.3).

Desde os primeiros séculos do cristianismo, houve tentativa de resposta para essa pergunta, mas, sem a revelação divina, ninguém é capaz de acertar. Os grandes heresiarcas do passado fracassaram como os gnósticos: Simão de Samaria, Saturnino, Basisides, Cerinto, Marcião e Valentino, entre outros; os monarquianistas: dinâmicos como Teódoto de Bizâncio, “o Curtido”, e Paulo de Samosata; modalistas, Noeto, Práxeas e Sabélio; Ário, Apolinário, os monofisitas Eutique e Jacó Baradeus. Os discípulos deles ainda estão por aí. O Espírito Santo já havia falado de antemão por meio do ministério do apóstolo Paulo a respeito dos pregadores de um Jesus estranho aos evangelhos (2 Co 11.4).

O JESUS DAS ESCRITURAS

A sua divindade
A Bíblia afirma textualmente e com todas as letras que Jesus é o verdadeiro Deus, o mesmo Deus Javé de Israel:

O Filho é chamado “Deus Forte” (Is 9.6); Javé, “Justiça Nossa” ou “O SENHOR, Justiça Nossa” (Jr 23.6); “e o Verbo era Deus” (Jo 1.1); “Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! ” (Jo 20.28); “e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9.5); “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” (Fp 2.6); “enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus ​ Cristo” (Cl 2.2); “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9); “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13); “Mas, do Filho diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro de teu reino” (Hb 1.8); “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1); “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5.20); “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que transpassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.7, 8).

As Escrituras mostram diversas vezes o Senhor Jesus ao lado do Pai, revelando assim a sua divindade:

“Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1.7); “todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele” (1 Co 8.6); “Mando-te diante de Deus, que todas as coisas vivifica, e de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos deu o testemunho de boa confissão” (1 Tm 6.13); “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino” (2 Tm 4.1).

O Senhor Jesus possui os mesmos nomes e títulos divinos, como Javé dos Exércitos e Criador. Jesus é o mesmo Deus Javé dos Exércitos. “Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Sl 24.10). Este salmo transcende um marco nacional. É um salmo profético que fala sobre o retorno de Cristo à sua glória, na sua ascensão. É o cântico dos anjos e a festa de recepção do Filho de Deus, pois Ele voltou vitorioso ao céu. O Novo Testamento chama Jesus de “o Senhor da Glória” (1 Co 2.8). As “portas” e “entradas eternas” (Sl 24.7) se referem às portas do céu que se abriram para receber o Rei dos reis, e isso se cumpriu em Atos 1.9-11. Isaías
6.3 diz que a terra está cheia da glória de Javé dos Exércitos; entretanto, o Novo Testamento diz que esse Javé é Jesus. Compare Isaías 6.3, 10 com João 12.40,41. O v. 40 é uma citação de Isaías 6.10, e o v. 41, de Isaías 6.3. Assim, a Bíblia ensina que Jesus é o Deus-Javé dos Exércitos.

Jesus é o mesmo Javé. Jesus é chamado de Javé Justiça Nossa (Jr 23.5, 6). Os profetas Isaías e Malaquias profetizaram que João Batista seria aquele que viria ante a face de Javé (Is 40.3; Ml 3.1). Estas palavras foram citadas por Zacarias por ocasião do nascimento de João: “E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos” (Lc 1.76). Veja que o nome “Senhor” está no lugar de Javé, entretanto João Batista foi o precursor de Jesus (Lc 3.28). O profeta Ezequiel chama o Messias de Javé, Deus de Israel: “E disse-me o SENHOR: Esta porta estará fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o SENHOR Deus de Israel entrou por ela: por isso estará fechada” (Ez 44.2). Esta profecia começou a se cumprir quando Jesus entrou em Jerusalém. Montado num jumento, Ele caminhou no sentido do monte das Oliveiras ao centro da cidade, e passou pela Porta Oriental (Ne 3.29), atualmente a Porta Dourada, a única que dá acesso direto ao pátio do templo (Mc 11.11). Esta porta, que fica no lado oriental de Jerusalém, foi lacrada no ano de 1542 por ordem do sultão Suleiman II, o Magnífico, e permanece fechada até hoje. Quem é este Javé Deus de Israel que entrou por esta porta? É Jesus, o profeta de Nazaré.

A Bíblia revela também a divindade de Jesus e a sua igualdade com o Pai nos seus atributos incomunicáveis. Jesus é eterno; Ele existe desde a eternidade “e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2); “Pai da Eternidade” (Is 9.6); “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb 13.8). Ele mesmo declarou ser onipotente: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18); “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8). A Bíblia mostra que Jesus está “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1.21). Jesus mesmo afirmou ser onipresente: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20) e mais: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.20). Ele é onisciente, pois sabe todas as coisas: “Agora, conhecemos que sabes tudo e não precisas de que alguém te interrogue. Por isso, cremos que saíste de Deus” (Jo 16.30); “Senhor, tu sabes tudo” (Jo 21.17); em Cristo “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2.2, 3). Jesus é o Criador do céu e da terra: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3); “porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.16). Além disso, Jesus transcende a criação; isso significa que ele é um ser à parte da criação, não participa dela: “E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17).

A sua humanidade
“Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Tm 2.5). Jesus Cristo é o eterno e verdadeiro Deus e ao mesmo tempo o verdadeiro homem. Tornou-se homem para suprir a necessidade humana. O termo Emanuel é traduzido pelo próprio escritor sagrado por “DEUS CONOSCO” (Mt 1.23). Isso mostra que Deus assumiu a forma humana e como homem viveu entre nós: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14); “E todo o espírito que confessa que Jesus não veio em carne não é de Deus...” (1 Jo 4.3). O ensino da humanidade de Cristo, no entanto, não neutraliza a sua divindade, pois Ele possui duas naturezas – a humana e a divina –, o que está claramente expresso no seu nome Emanuel.

Jesus foi revestido do corpo humano porque o pecado entrou no mundo por um homem e pela justiça de Deus tinha de ser vencido por um homem (Rm 5.12,18,19). Jesus se fez carne, fez-se homem sujeito ao pecado, embora nunca houvesse pecado (Hb 4.15), e venceu o pecado como homem (Rm 8.3). A Bíblia mostra que todo o gênero humano está condenado; que o homem está perdido e debaixo da maldição do pecado (Sl 14.2, 3; Rm 3.23). Todos são devedores, e por isso ninguém pode pagar a dívida do outro. A Bíblia diz que somente Deus pode salvar (Is 43.11). Então, esse mesmo Deus tornou-se homem, trazendo-nos o perdão de nossos pecados e cumprindo ele mesmo a lei que promulgara (At 4.12; 1 Tm 3.16; Cl 2.14). Quando Jesus estava na terra, não se apegou às prerrogativas da divindade para vencer o diabo, mas aniquilou a Si mesmo, fazendo-se semelhante aos homens (Fp 2.5-8).

Os evangelhos revelam atributos característicos do ser humano em Jesus, como por exemplo:
• Ele nasceu de uma mulher, embora gerado pela ação sobrenatural do Espírito Santo. Seu nascimento, contudo, ou seja, o parto pelo qual ele veio ao mundo, foi normal e comum como o de qualquer ser humano (Lc 2.6-7);

• Ele cresceu em estatura e em sabedoria (Lc 2.52);

• Ele sentiu sono, fome, sede e cansaço (Mt 8.24; Jo 19.28; 4.6);

• Ele sofreu, chorou e sentiu angústia (Hb 13.12; Lc 19.41; Mt 26.37);

• Ele teve mãe humana, além de irmãos e irmãs (Mt 12.47; 13.55, 56).

• Ele morreu, embora ressuscitasse ao terceiro dia, passando pelo ardor da morte (1 Co 15.3-4);

• Ele deu provas materiais de ter um corpo humano (1 Jo 1.1; Lc 24.39-41);

• Ele foi feito semelhante aos homens, mas sem pecado (Hb 2.17; 4.15).

Assim como é pecado negar a humanidade de Cristo (1 Jo 4.2, 3; 2 Jo 7), da mesma forma é pecado negar a sua divindade (Rm 10.9), pois Jesus é tanto humano como divino (Rm 1.3, 4; 9.5). Como homem, sentia as dores do ser humano (Hb 5.18); e, como Deus, hoje supre a necessidade da humanidade (Hb 2.17, 18).

O Filho de Deus
O conceito de Pai-Filho, na divindade, não deve ser confundido com o processo de reprodução humana nem com o relacionamento pai-filho numa família natural. Os muçulmanos consideram ofensa chamar Jesus de “Filho de Deus”, pois analisam essa relação no plano humano. Eles creem que pregamos que Deus teve relações sexuais com Maria, pois assim interpretam o nosso conceito de “Filho de Deus”. Diz a religião islâmica: “Originador dos céus e da terra! Como poderia ter prole, quando nunca teve esposa, e foi Ele que criou tudo o que existe, e é Onisciente?” (Alcorão, 6.101). Nenhum cristão no mundo pensa dessa forma; essa caricatura é invenção deles. Jesus é chamado de Filho de Deus no Novo Testamento porque Ele é Deus e veio de Deus. Jesus mesmo disse: “Eu saí e vim de Deus” (Jo 8.42); “Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16.28).

Concepção e nascimento virginal
O Senhor Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo no ventre da virgem Maria: “[...] lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo” (Mt 1.20); “E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35). A palavra profética anunciava isso desde o profeta Isaías: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is 7.14).

O substantivo hebraico para “virgem” usado nesta passagem é ‘almâ. Isto tem dado espaço para intermináveis controvérsias, principalmente por eruditos judeus e por teólogos “cristãos” modernistas, na tentativa de neutralizar a doutrina do nascimento virginal de Jesus. Alguns afirmam que a palavra mais apropriada para “virgem” seria betûlâ, querendo com isso dissociar Mateus 1.23 de Isaías 7.14.

A palavra betûlâ aparece 51 vezes no Antigo Testamento hebraico e é traduzida 44 vezes por parthenos na Septuaginta. Ela pode se aplicar a uma mulher casada (Jl 1.8), o que não ocorre com o substantivo ‘almâ, que só se aplica à mulher solteira. W. E. Vine, com base em Joel 1.8, diz que betûlâ nos textos aramaicos tardios era aplicada a uma mulher casada. Isso, portanto, traria muita confusão: “parece que a eleição da palavra ‘almâ foi deliberada. Parece que é a única palavra hebraica disponível que indicaria com clareza que aquela a que ele designa não estava casada” (VINE, vol. 4, 1989, p. 248).

O substantivo ‘almâ aparece nove vezes no Antigo Testamento hebraico (Gn 24.43; Êx 2.8; 1 Cr 15.20; Sl 46 (título, pois a palavra hebraica ‘alamôth é plural de ‘almâ); 68.25; Pv 30.19; Ct 1.3; 6.8; Is 7.14). Em dois lugares, a Septuaginta traduziu esse termo pelo vocábulo grego parthenos, que significa “virgem” (Gn 24.43; Is 7.14). A mesma Rebeca que é chamada “virgem [betûlâ, em hebraico] a quem varão não havia conhecido”, no v.16 desse mesmo capítulo ela é chamada de ‘almâ. A Septuaginta foi traduzida por 72 judeus em Alexandria antes do nascimento de Jesus.

Com o surgimento do cristianismo, os cristãos pregavam que a concepção e o nascimento virginal de Jesus eram o cumprimento de uma profecia do Antigo Testamento. Assim começaram as disputas com os judeus: “Contra a Igreja os judeus sustentavam que Isaías 7.14 não fala de uma ‘virgem’ (parthenos), mas de uma ‘mulher jovem’ (neanis). Os cristãos respondiam acertadamente que a tradução parthenos provém de tradutores judeus” (BENTZEN, 1968, p. 92).

Talvez seja essa uma das razões pelas quais as autoridades judaicas resolveram revisar a Septuaginta. As versões gregas do Antigo Testamento, que vieram após o cristianismo, substituíram parthenos por neanis, “jovem”. Áquila era judeu e discípulo do rabino Akiva (morto em 132 d.C.). A outra versão é a de Teodócio, ou Teodocião, apóstata do cristianismo, que voltou ao judaísmo (final do segundo século d.C.); e finalmente a de Símaco, que era ebionita (seita judaica que negava a divindade de Cristo), preparada em 170 d.C. (FISCHER, 2013, pp. 105, 106). Até hoje os israelenses, em Israel, usam ‘almâ para designar “senhorita”.

Gerard Van Groningen, em sua obra Revelação messiânica no Velho Testamento, apresenta a seguinte conclusão: “Um exame dos materiais disponíveis a estudiosos e peritos, como indicado acima, leva-nos à
segura conclusão de que, com base no uso do termo tanto em hebraico quanto em ugarítico, o termo ‘almâ deve ser traduzido por ‘virgem’. A Septuaginta dá pleno apoio a isto, e o testemunho do Novo Testamento (Mt 1.23) dá a palavra final. Isaías disse e pretendeu dizer virgem” (GRONINGEN, 1995, p. 484).

O JESUS DOS CREDOS

Os gnósticos e demais heresias e heresiarcas
O monarquianismo foi um movimento que surgiu depois da metade do segundo século em torno do monoteísmo cristão. Os monarquianistas se dividiam em dois grupos: os dinâmicos, que ensinavam ser Cristo Filho de Deus, mas por adoção; e os modalistas, que ensinavam ser Cristo apenas uma forma temporária da manifestação do único Deus. Tertuliano chamou de monarquianistas, do grego monarchia, “governo exercido por um único soberano”. Eram os opositores da doutrina do Logos os alogoi, aqueles que rejeitavam o Evangelho de João.

Teódoto de Bizâncio, “o curtidor”, discípulo dos alogoi, aceitava o evangelho de João com certa ressalva, e foi o primeiro monarquianista dinâmico de importância. Chegou a Roma em 190, mas foi excomungado em 198. Ele ensinava ser Jesus um homem e nada mais, que nasceu de uma virgem e teve uma vida santa, pois o Espírito Santo sobre ele desceu por ocasião do seu batismo no rio Jordão. Alguns dos discípulos de Teódoto rejeitavam qualquer direito divino em Jesus, mas outros afirmavam que Jesus teria se tornado divino, em certo sentido, por ocasião da sua ressurreição.

O mais famoso monarquianista dinâmico foi Paulo de Samosata, bispo de Antioquia entre 260 e 272. Ele dizia que o Logos e o Espírito Santo eram qualidade divinas, e não Pessoas; e mais: “o poder do Logos habitara em Jesus como num vaso, como nós habitamos nossas casas. A unidade que Jesus tinha com Deus era da vontade e do amor; não de natureza” (TILLICH, 2004, p. 82). Paulo de Samosata foi considerado herege por negar a natureza divina de Cristo e terminou excomugado em 269, depois de suas ideias serem examinadas por três sínodos.

Os monarquianistas modalistas não negavam a divindade do Filho nem a do Espírito Santo, mas, sim, a distinção destas Pessoas, o que é diametralmente oposto aos ensinos do Novo Testamento, que ensina a unidade composta de Deus em três Pessoas distintas. Os modalistas pregavam a unidade absoluta de Deus, coisa que nem mesmo o Antigo Testamento ensina, e para apoiar tal ensino mutilaram os textos neotestamentários. Seus principais representantes foram Noeto, Práxeas e Sabélio (ver capítulo anterior). Hipólito de Roma (170-236) rebateu essas crenças em sua obra Refutação de todas as heresias.

O Concílio de Niceia
Os credos anteriores ao século 4 tiveram caráter local e estavam relacionados ao batismo na preparação catequética, cuja autoridade procedia da igreja local de onde o documento se originava; são os chamados credos sinodais. O embrião do Credo dos Apóstolos vem do final do século II; contudo, não se tornou universal antes do Concílio de Niceia.

O Credo Niceno é a primeira fórmula publicada por um concílio ecumênico e a primeira a possuir status de valor universal em sentido legal. O documento é resultado da chamada controvérsia ariana que começou no ano 318 em Alexandria, no Egito. O confronto girava em torno da consubstancialidade do Filho com o Pai. Ário (256-336), um presbítero do distrito de Baucale, em Alexandria, Egito, desencadeou a maior controvérsia do cristianismo a ponto de até a política dos imperadores ter sido envolvida na questão.

A ideia dominante de Ário era norteada pelo princípio monoteísta esboçado pelo monarquianismo dinâmico. Existe um só Deus não-gerado, dizia, um único Ser não-originado, sem nenhum começo de existência. O Filho tivera começo e teria sido criado do nada antes de o Pai haver criado o mundo. Assim, Ário se negava a reconhecer a deidade do Filho e a sua consubstancialidade com o Pai, reduzindo-o à condição de mera criatura. A palavra de ordem e o refrão cantado por ele e seus partidários era: “Houve tempo em que o Filho não existia”. É o mesmo ensino das atuais testemunhas de Jeová.

Ário foi cortado da comunhão da Igreja por Alexandre, bispo de Alexandria, e isso provocou o protesto de seus partidários. Ário se apegava a algumas passagens bíblicas que julgava favorecer sua interpretação, como (Pv 8.22 – LXX; Jo 14.28; 17.3; At 2.36; Cl 1.15; Hb 3.2). Ele pouco se ocupou do Espírito Santo, mas dizia que era também criatura. Em Contra os arianos, Atanásio refutou os argumentos arianistas depois do Concílio de Niceia, comentando cada passagem bíblica citada aqui.

Da lavra de Ário é a obra Thalia, “Banquete”, exposição de sua doutrina escrita em versos e talvez em prosa, da qual alguns fragmentos foram preservados nas obras de Atanásio. Ário escreveu ainda uma carta destinada a Eusébio de Nicomédia, na qual afirma: “Somos perseguidos porque dizemos que o Filho tem um começo, enquanto Deus é sem começo”; e outra a Alexandre, bispo de Alexandria. Posteriormente ele enviou uma confissão de fé ao Imperador Constantino. Entre seus partidários, citamos Eusébio de Nicomédia, e principalmente Astério, o Sofista, que esteve ao lado de Ário desde o início da controvérsia e escreveu a obra Syntagmation, uma exposição resumida da doutrina ariana, da qual alguns fragmentos foram preservados por Atanásio em Contra os arianos I.5, 3; 11, 1.

A fonte da teologia de Ário não é muito clara. Ele não reivindicou originalidade para suas ideias. Mas sabe-se que Luciano, falecido em 312 numa perseguição imperial, fundou uma escola catequética em Antioquia e foi discípulo de Paulo de Samosata. Eusébio de Nicomédia é descrito como discípulo de Luciano. Segundo J. N. D. Kelly, Ário e Eusébio de Nicomédia eram “lucianistas” (KELLY, 2009, p. 174). Luciano era monarquianista dinâmico e esteve fora da comunhão da Igreja por três bispos sucessivos porque adotava a teologia de Paulo de Samosata. Os principais líderes do arianismo foram todos discípulos de Luciano. Assim, o pensamento teológico de Ário provavelmente teria vindo de Paulo de Samosata por meio de Luciano.

Essa controvérsia chamou a atenção do povo e também ganhou conotação política, considerada hoje a maior controvérsia da história da Igreja Cristã. O imperador Constantino considerava que uma igreja dividida era uma ameaça, pois esperava ser o cristianismo “o cimento do império”. Ele enviou mensageiros liderados por Ósio, bispo de Córdoba e seu conselheiro espiritual, com o propósito de uma conciliação, mas não houve resultado. Ósio explicou ao imperador a profundidade do problema, e assim Constantino convocou um concílio na cidade de Niceia, na Bitínia, região que é citada no Novo Testamento (At 16.7; 1 Pe 1.1), na Ásia Menor, hoje Isnik, Turquia. A reunião começou em 19 de junho de 325, com a participação de 318 bispos provenientes do Oriente e do Ocidente.

Entre os participantes do Concílio, estava presente um pequeno grupo de arianistas convictos, liderados por Eusébio de Nicomédia, pois Ário não era bispo e não tinha direito de participar das deliberações. De outro lado, estava presente um pequeno grupo, liderado por Alexandre, bispo de Alexandria, acompanhado do diácono Atanásio, vindo a tornar-se, posteriormente, notável pela vigorosa defesa da ortodoxia cristã. O concílio contava ainda com uns três bispos patripassianistas e, fora essas minorias, a maior parte era formada por bispos procedentes do Ocidente, de fala latina, sem interesse no que eles chamavam de especulações teológicas, pois se davam por satisfeitos com a formulação trinitária de Tertuliano.

As fontes primárias são de testemunhas oculares: alguns fragmentos de Eustáquio de Antioquia, alguns capítulos das obras de Atanásio e a famosa carta de Eusébio de Cesareia (KELLY, 2012, p. 255). Eusébio de Nicomédia expôs na assembleia a doutrina ariana, pois tinha convicção absoluta de que, após sua apresentação, todo o concílio o apoiaria, aceitando como correto o pensamento de Ário; porém, grande foi a sua decepção quando o plenário se manifestou com indignação ao ouvir a ideia arianista de considerar o Filho de Deus como criatura. Alguns chegaram a arrebatar e rasgar o seu discurso em pedaços em meio a gritos de “Blasfêmia! Mentira! Heresia!”. Eusébio de Cesareia, autor da proposta de formular um credo, sugeriu o Credo de Cesareia, alegando ter recebido o texto de seus predecessores. Era um credo local usado para o discipulado dos candidatos ao batismo.

A esse credo, com a aprovação do imperador e talvez por sua sugestão, acrescentaram-se as palavras ousía e homooúsios, “substância”  “consubstancial”, aplicadas a Cristo. Assim o Credo de Cesareia foi modificado, tornando-se o conhecido Credo de Niceno, depois de ampliado em 381 no I Concílio de Constantinopla.

Credo de Cesareia
Cremos em um só Deus, Pai Onipotente, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; Em um só Senhor Jesus Cristo, Verbo de Deus, Deus de Deus, Luz de Luz, Vida de Vida, Filho Unigênito, Primogênito de toda a criação, por quem foram feitas todas as coisas; o qual foi feito carne para nossa salvação e viveu entre os homens, e sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e subiu ao Pai e novamente virá em glória para julgar os vivos e os mortos.
Cremos também em um só Espírito Santo.

Credo de Niceia
Cremos em um só Deus, Pai Onipotente, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor Jesus Cristo [Filho de Deus, o Unigênito do Pai, que é da substância do Pai], Deus de Deus, Luz de Luz [verdadeiro Deus de verdadeiro Deus], gerado, não feito [consubstancial com o Pai], por meio de quem todas as coisas vieram a existir, as coisas que estão no céu e as coisas que estão na terra, que por nós homens e por nossa salvação [desceu e
foi feito carne, e se fez homem], sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, e virá para julgar os vivos e os mortos.
E [cremos] também no Espírito Santo.
Mas aqueles que dizem: “Houve um tempo quando ele não era”; e “Ele não era antes de ter nascido”; e “Ele foi feito do que não existe”, ou “Ele é de outra substância” ou “essência”, ou “O Filho de Deus é criado”, ou “mutável”, ou “alternável” – eles são condenados pela Igreja cristã e apostólica”.

As expressões em itálico entre colchetes [ ] foram acrescidas ao Credo.

O credo aprovado em Niceia era decisivamente antiarianista. Só havia duas opções, assinar o documento ou ir para o exílio. Somente dois bispos não assinaram: Segundo de Ptolemaida e Teonas de Marmarica. Até Eusébio da Nicomédia, arianista, assinou o credo elaborado nesse concílio, alegando ter subscrito o texto com o termo homoioúsios “de substância semelhante”, e não homooúsios,9 “da mesma substância”.

O propósito fundamental dos autores do texto do Credo Niceno foi rechaçar definitivamente a heresia arianista. Isso é evidente no uso do termo “da substância do Pai”, em grego, ousías tou patrós, ou seja, da mesma essência, do mesmo tipo do Pai, que é uma clara resposta ao pensamento central de Ário; e também no emprego da frase: “consubstancial com o Pai”, em grego, homooúsion tō patrí, que significa “da mesma substância com o Pai”, qualificando a unidade de essência do Pai e do Filho. Outra evidência inconfundível é o anátema da última cláusula. A inserção desses termos no Credo somada à inclusão do anátema foram um golpe mortal contra os arianistas, mas as controvérsias não terminaram aí.

O período pós-Niceia
O documento aprovado em Niceia tornou-se ponto de partida ao invés de ponto de chegada. A controvérsia prosseguiu por três razões principais: a inclusão do termo homooúsios no texto, a indefinição sobre a identidade do Espírito Santo (assunto do capítulo seguinte) e a volta do arianismo.
Em Niceia ficou dito que o Filho é homooúsios, do grego, significando “da mesma essência, substância”, consubstancial com o Pai. Os opositores da fé nicena faziam duras críticas: uns acusavam o Credo de sabelianismo; outros, alegavam que o termo não é bíblico, pois não aparece nas Escrituras. Eusébio de Cesareia não esconde a sua decepção pela inclusão de homooúsios no documento na sua longa carta enviada aos seus subordinados da região de Cesareia que se aproveitaram do vasto significado do termo, querendo convencê-los de que não se tratava da consubstancialidade.

Muitos movimentos controvertidos surgiram nos 60 anos que se seguiram ao Concílio de Niceia, como os anomoeanos, os homoeanos e os homoiousianos, entre outros. Os anomianos, do grego anómoios, “diferente”, eram os arianos radicais, pois diziam que “o Filho é diferente do Pai em todos os aspectos”. Os homoeanos, do grego hómoios, “similar”, diziam que o relacionamento entre o Pai e o Filho era de similaridade. Seus expoentes eram arianos convictos.

Outro grupo expressivo eram os homoiousianos, do grego homoioúsios, “de substância semelhante”, pois diziam que o Filho era de substância semelhante ao Pai. Eram um meio-termo entre Ário e a Declaração de Niceia. Em 358, liderado por Basílio de Ancira, um sínodo reunido nessa cidade aprovou a primeira fórmula homoiousiana. O texto afirma que o Filho está muito próximo do Pai, e não entre as criaturas, mas não é da mesma substância, mas sim são duas substâncias, ousíai. Em Niceia ficou dito que o Filho é homooúsios, “da mesma essência, substância”, consubstancial com o Pai. A letra “i” no termo homoioúsios fazia a grande diferença. Em homooúsios, o Filho é consubstancial com o Pai; no entanto, em homoioúsios o Filho é de substância semelhante ao Pai.

I Concílio de Constantinopla
O imperador Teodósio I tomou posse em 379 e no ano seguinte estabeleceu só a confissão nicena. Em novembro do ano 380, o imperador substituiu o patriarca ariano de Constantinopla, Demófilo, por Gregório de Nazianzo. Mas nenhum imperador ou bispo poderia sozinho, por autoridade própria, estabelecer normas de fé que tivessem validade para toda a Igreja. Era necessário um concílio universal, ou seja, ecumênico. A defesa da fé nicena apresentada por Atanásio e pelos pais capadócios foi estudada no capítulo anterior. O pensamento desses teólogos foi considerado no Concílio de Constantinopla, realizado a pedido do imperador Teodósio I com a participação de 150 bispos, entre eles Gregório de Nazianzo, Gregório de Nissa e Cirilo de Jerusalém. Esse é considerado pelo Concílio de Calcedônia, 451, o segundo grande concílio ecumênico da Igreja.

Credo de Niceia
Cremos em um só Deus, Pai Onipotente, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.

E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, o Unigênito do Pai, que é da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, por meio de quem todas as coisas vieram a existir, as coisas que estão no céu e as coisas que estão na terra, que por nós homens e por nossa salvação desceu e foi feito carne, e se fez homem, sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, e virá para julgar os vivos e os mortos.

E [cremos] também no Espírito Santo. Mas aqueles que dizem: “Houve um tempo quando ele não era”; e “Ele não era antes de ter nascido”; e “Ele foi feito do que não existe”, ou “Ele é de outra substância” ou “essência”, ou “O Filho de Deus é criado”, ou “mutável”, ou “alternável” – eles são condenados pela Igreja cristã e apostólica”.

Credo Niceno-Constantinopolitano
Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis.

E em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, luz de luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, da mesma substância do Pai, por meio do qual todas as coisas vieram a ser; o qual, por nós, os homens e pela nossa salvação desceu dos céus e se encarnou do Espírito Santo e da Virgem Maria e se fez homem e foi por nós crucificado sob Pôncio Pilatos e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu aos céus e está sentado à direita do Pai e virá de novo, com glória a julgar vivos e mortos; e o seu reino não terá fim.

E no Espírito Santo, o Senhor e Doador da vida, que procede do Pai e do Filho, que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, que falou por meio dos profetas.

E em uma só Igreja santa, cristã e apostólica.
Confessamos um só batismo para perdão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém.

Esse documento é o reconhecimento da fórmula teológica aprovada em Niceia em 325, com algumas modificações, acréscimos e cortes. A comissão revisora retirou o termo homooúsios, que trouxe mais problema do que solução, sem, contudo, eliminar a consubstancialidade do Filho com o Pai. Procurou seguir uma linguagem próxima da Bíblia. Introduziu no texto parte do Credo dos Apóstolos. Definiu a identidade e a obra do Espírito Santo com Deus igual ao Pai e ao Filho, além de informações eclesiológicas e dos anátemas do Credo Niceno, que foram cortados do texto. Os debates teológicos que sacudiam a Igreja precisavam de um fim. De fato, o Concílio pôs fim a quase meio século de domínio político e teológico ariano no Ocidente. A causa ariana estava agora irremediavelmente perdida.

O Credo Niceno-Constantinopolitano é um dos mais importantes da igreja cristã. De todos os credos ecumênicos, esse é apresentado como universalmente aceito. O Credo dos Apóstolos é puramente ocidental; no entanto, o Constantinopolitano foi admitido como obrigatório no Oriente e no Ocidente a partir de 451 até a atualidade.

O Concílio de Calcedônia
Um monge de Constantinopla chamado Êutico ou Eutique expôs a doutrina monofisita e foi condenado numa reunião do Sínodo Permanente de Constantinopla em 448. “Em termos históricos, ele é considerado fundador de uma forma extremada e praticamente docética de monofisismo, ensinando que a humanidade do Senhor havia sido totalmente absorvida por sua divindade” (KELLY, 2009, p. 250). O termo “monofisismo” vem de duas palavras gregas: monos, “único”, e physis, “natureza”. É a doutrina que defende uma única natureza de Cristo, só a divina ou a divina e a humana amalgamada. Esse era o pensamento radical ensinado pela escola alexandrina. Mas Roma e Antioquia discordavam dessa ideia.

A questão no momento girava em torno das duas naturezas de Cristo. Hilário de Poitiers (316-367) escreveu: “Em virtude das duas naturezas unidas em Um, é um sujeito que tem duas naturezas, de tal sorte que de nada carece em nenhuma das duas. Ao nascer como Homem, não deixa de ser Deus e, porque continua a existir como Deus, não deixa de ser Homem” (Tratado sobre a Santíssima Trindade, 9.3). Mais adiante, ele declara: “No Senhor Jesus Cristo, deve considerar uma Pessoa que tem duas naturezas” (Tratado sobre a Santíssima Trindade, 9.14). Esse pensamento Tertuliano havia precocemente ensinado com mais de 200 anos de antecedência, no ano 213 para ser mais preciso: “Nós vemos claramente o duplo estado, que não nos confunde, mas é unido em uma Pessoa, Jesus, Deus e homem” (Contra Práxeas, XXVII). Assim, é correto afirmar que a ideia contida no Tomo de Leão, o Bispo de Roma, Leão I, nada tinha de original e foi decisiva para a realização do Concílio de Calcedônia, hoje um bairro de Istambul, Turquia, chamado Kadikoy.


Videmus duplicem statum, non confusum se coniunctum in una persona, Deum et hominem Iesum (Adversus Praxean, XXVII).

As reuniões da Calcedônia se iniciaram em 8 de outubro de 451, com mais de 500 representantes, e Roma foi representada por legados. A maioria era contra a elaboração de um novo credo e se dava por satisfeita em reafirmar a fé nicena. Mas os comissários imperiais sabiam que, para que o concílio tivesse resultados, era necessário elaborar uma fórmula assinada por todos. Ficou definido o seguinte: o Credo Niceno é solenemente aceito como padrão de ortodoxia, ao seu lado o Credo Niceno-Constantinopolitano, o reconhecimento de duas cartas de Cirilo e o Tomo de Leão e por fim a confissão formal, conhecido como o Credo de Calcedônia. Assim ficou definida de uma vez para sempre a doutrina das duas naturezas de Cristo, plenamente humana e perfeitamente divina, e ambas as naturezas permanecem intactas.

Credo de Calcedônia
Fiéis aos santos pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar que nosso Senhor Jesus Cristo é o mesmo e único Filho, perfeito quanto à divindade e perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo consubstancial ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em todas as coisas semelhante a nós, exceto no pecado, gerado, segundo a divindade, antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, a portadora de Deus [Theotókos]. Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, inseparáveis e indivisíveis. A distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só Pessoa e subsistência; não dividido ou separado em duas Pessoas, mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor, conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo ensinou-nos e o credo dos pais transmitiu-nos.

O pensamento de Roma saiu vencedor, e o Oriente ficou desapontado com a decisão. Os delegados de Alexandria não assinaram a declaração final. A reação oriental contra a Calcedônia contribuiu para a divisão entre Oriente e Ocidente. Jacó Baradeus e seus seguidores rejeitaram a decisão desse Concílio. A igreja nacional da Síria é conhecida como jacobita. Ainda hoje o monofisismo é mantido nas igrejas cóptica, armênia, abissínia e jacobitas.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Unigênito
Monogenes é usado cinco vezes, todas nos escritos do apóstolo João, acerca de Jesus como o Filho de Deus; em Hebreus 11.17 é traduzido por ‘unigênito’, sobre a relação de Isaque com Abraão.
Com referência a Jesus, a frase ‘o Unigênito do Pai’ (Jo 1.14), indica que, como o Filho de Deus, Ele era o representante exclusivo do Ser e caráter daquele que o enviou. No original, o artigo definido está omitido tanto antes de ‘Unigênito’ quanto antes de ‘Pai’, e sua ausência em cada caso serve para enfatizar as características referidas nos termos usados. O objetivo do apóstolo João é demonstrar que tipo de glória ele e seus companheiros apóstolos tinham visto. Sabemos que ele não está fazendo somente uma comparação com as relações terrenas, pela indicação da preposição para, que significa ‘de, proveniente de’. A glória era de uma relação única e a palavra ‘Unigênito’ não implica um começo de Sua filiação. Sugere, de fato, a relação, mas esta deve ser distinguida da geração conforme é aplicada aos homens.
Podemos apenas entender corretamente o termo ‘unigênito’ quando usados para se referir ao Filho, no sentido de relação não originada. A geração não é um evento no tempo, embora distante, mas um fato independente do tempo. O Cristo não se tornou, mas necessariamente é o Filho. Ele, uma Pessoa, possui todos os atributos da deidade pura. Isto torna necessário a eternidade, o ser absoluto; sobre este aspecto Ele não é ‘depois’ do Pai'” (Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. 14ª Edição. RJ: CPAD, 2011, p.1045).


A deidade de Cristo inclui sua coexistência no tempo e na eternidade, com o Pai e o Espírito Santo. Conforme indica o prólogo de João, o Verbo é eternamente preexistente. O uso do termo ‘Verbo’ (no grego, Logos) é significativo, visto que Jesus Cristo é a principal expressão da vontade divina. Ele não é somente o único Mediador entre Deus e a humanidade (1Tm 2.5), mas foi também o Mediador na criação. Deus, falando, trouxe o Universo à existência, através do Filho, a Palavra Viva. Porquanto, ‘sem ele nada do que foi feito [na criação] se fez’ (Jo 1.3). Colossenses 1.15 diz que Cristo é a ‘imagem do Deus invisível’. E a passagem de Hebreus 1.1,2 também proclama a grande verdade: Cristo é a mais completa e melhor revelação de Deus à humanidade. Desde o começo, o Verbo foi a própria expressão de Deus, e continua a demonstrá-lo. E então, ‘vindo a plenitude dos tempos’ (Gl 4.4), o ‘Verbo se fez carne e habitou entre nós...’ (Jo 1.14).
Antes de manifestar-se à humanidade dessa nova maneira, o Verbo esteve eternamente em existência como aquEle que revela a Deus. É bem provável que as teofanias do Antigo Testamento fossem, na realidade, ‘cristofanias’, visto que em seu estado preexistente, os encontros com várias pessoas, pode revelar a vontade de Deus, estaria de pleno acordo com seu ofício de Revelador” (MENZIES, William; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblica: Os fundamentos da nossa fé. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.50).


Jesus Cristo não somente era pleno Deus, como pleno ser humano. Ele não era em parte Deus e em parte homem. Antes, era cem por cento Deus, e, ao mesmo tempo, cem por cento homem. Em outras palavras, Ele exibia um conjunto pleno tanto de qualidades divinas quanto de qualidades humanas, numa mesma Pessoa, de tal modo que essas qualidades não interferiram uma com a outra. Ele há de retornar como ‘esse mesmo Jesus’ (At 1.11). Numerosas passagens ensinam claramente que Jesus de Nazaré tinha um corpo verdadeiramente humano e uma alma racional. Eram características de seres humanos não-caídos (isto é, Adão e Eva), que nEle podiam ser encontradas. Ele foi, verdadeiramente, o Segundo Adão (1Co 15.45,47). As narrativas dos evangelhos aceitam automaticamente a humanidade de Cristo. Ele é descrito como um bebê, na manjedoura, e sujeito às leis humanas do crescimento. Ele aprendeu, sentia fome, sentia sede e se cansava (Mc 2.15; Jo 4.6). Ele também sofreu ansiedade e desapontamentos (Mc 9.19); sofreu dor física e mental, e sucumbiu diante da morte (Mc 14.33,37). Na epístola aos Hebreus há grande cuidado em se mostrar sua plena identificação com a humanidade (2.9,17; 4.15; 5.7,8 e 12.2).
A verdade, pois, é que na pessoa única do Senhor Jesus Cristo habitam uma natureza plenamente divina e outra plenamente humana, sem se confundirem. Ele é, verdadeiramente, pleno Deus e pleno ser humano, Céu e Terra juntos na mais admirável de todas as pessoas” (MENZIES, William; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblica: Os fundamentos da nossa fé. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.51).


CONCLUSÃO
O Senhor Jesus Cristo é a mais controvertida de todas as personagens da História porque é o único que é o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem, e a sua verdadeira identidade só é possível pela revelação (Mt 16.17; 1Co 12.3). Isso revela a sua divindade.


Fonte: Lições Bíblicas CPAD Adultos - 3º Trimestre de 2017 - Título: A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Livro de Apoio - Comentarista: Esequias Soares
Revista Adultos 3º Trim.2017 - A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Comentarista: Esequias Soares
  
9 O termo grego homooúsios, “consubstancial”, significa ser da mesma substância, da mesma essência. Trata-se de um adjetivo composto por homós, “igual, comum, idêntico, o mesmo”, e ousía, “ser, realidade, essência, substância”. Homooúsios aparece com frequência nos escritos de Atanásio e dos pais capadócios para se referir à mesma essência ou substância da deidade das três Pessoas da Trindade.

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