“Porque assim diz o Senhor Jeová, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em repousardes, estaria a vossa salvação; no sossego e na confiança, estaria a vossa força, mas não a quisestes” Is 30.15
Martinho Lutero, segundo alguns, disse que
desejava viver a sua vida como se o Senhor Jesus viesse hoje, e ainda plantaria
uma macieira. Naqueles dias, as macieiras naturais levavam anos para amadurecer
e dar frutos. Em outras palavras, ele desejava equilibrar o curto prazo com o
longo prazo.
Acredito que cada cristão deva ter a mesma
atitude. Não sabemos quando Jesus retornará nem quando morreremos. Sendo assim,
devemos aproveitar ao máximo cada oportunidade. Ao mesmo tempo, devemos
planejar viver 70 a 80 anos em conformidade com os parâmetros bíblicos da vida
(Sl 90.10). Deus é quem decide quanto tempo viveremos. Dois de meus mentores
são Oswald Chambefs e Billy Graham, provavelmente o maior evangelista do século
XX. O primeiro viveu pouco mais de 40 anos, e o segundo ainda está vivo, com
mais de 80 anos de idade, enquanto escrevo este livro. Ambos causaram um grande
impacto ao cristianismo. O importante não é quanto tempo você vive.
É importante, em qualquer estágio da vida, ter
uma perspectiva de longo prazo do conjunto da vida. Provavelmente você tomará
decisões mais sábias e usará melhor seu tempo, em cada etapa, quando aprender a
contar seus dias” (ADEI, Stephen. Seja o Líder que Sua Família Precisa. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2010, pp.73,74).
O ativismo é uma conduta que leva as pessoas a adoecerem no físico e na mente. Para preservar a saúde física e mental, precisamos deixar de lado todo tipo de ativismo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Ilustre professor, durante a aula instigue seus alunos a não faltarem à aula seguinte, pois será a conclusão da “trilogia do tempo” (preguiça, ativismo e o “optimus”), onde será abordado a respeito de como utilizar o fluxo temporal a nosso favor, nos moldes do projeto do Criador. Isso é fundamental para a qualidade da vida presente e futura! Estimule-os a meditar, durante a semana, sobre as implacáveis consequências do uso inadequado do tempo. Assim, proponha que anotem o que consideram mais importante (relação com Deus, com os pais, irmãos, namorado(a), amigos, futuro profissional, etc.) e quanto tempo investem em cada “coisa” importante nas 24h do dia. Peça para trazerem na próxima aula. Você verá, depois da entrega das análises pessoais, como quase todos precisam melhorar!
TEXTO BÍBLICO: Lucas 10.38-42
INTRODUÇÃO
Jesus era diligente, mas nunca foi um ativista. Ser diligente, aplicado, cuidadoso, é um dever do todo cristão, mas Deus nunca quis o ativismo para seu povo. Pois o ativismo causa estresse, doenças físicas e emocionais. No tempo de Jesus já havia a famigerada luta pela vida, pelo pão de cada dia, porém Ele no Sermão do Monte declarou que não devemos andar ansiosos pelas coisas deste mundo. Certa vez, Jesus estava sendo comprimido por uma multidão que estava ansiosa para ouvir a Palavra de Deus quando viu um barco e o utilizou como tribuna, distanciando-se um pouco da praia. Jesus poderia ter despedido aquela multidão de ansiosos, porém Ele quis atendê-la. A multidão deveria se acalmar, desacelerar, parar e ouvir o que Jesus tinha a dizer. Ao contrário de Jesus, os ativistas gostam de plateia ao seu redor e muitas vezes contribuem para incentivar a ansiedade nas pessoas.
I. ATIVISMO: UMA DISFUNÇÃO NO USO DO TEMPO
1. Definição.
A sociedade moderna pode ser caracterizada, dentre outras coisas, como uma sociedade ativista. As pessoas estão trabalhando até a exaustão, em busca de bens materiais, fama, poder e riquezas. Todos querem ser ricos a qualquer custo. Não importa, para o mundo, apenas chegar ao topo, enriquecer, mas sobretudo se manter lá, e alguns estão dispostos a tudo para isso, inclusive admitem negociar os valores mais caros da moralidade e ética em prol de seus interesses escusos. Em geral, os ativistas, querem os resultados “para ontem”, ou seja, são imediatistas em extremo. Sentem-se sempre atrasados. A Bíblia, porém, adverte contra o ativismo e imediatismo: “[...] o que se apressa com seus pés peca” (Pv 19.2).
2. Antídoto.
Está escrito: “E aconteceu que, apertando-o a multidão [...]” (Lc 5.1). A multidão exigia resultados, mas Jesus fazia as coisas da melhor maneira, sempre usando a condição mais favorável, aproveitando a solução mais inteligente dentre as possíveis, no tempo de Deus. Jesus é o antídoto para o ativismo. Precisamos aprender com Ele a ter equilíbrio no fazer para que não venhamos nos afatigar e adoecer. Talvez, você esteja cansado de tanto correr de um lado para o outro. Então, ouça o convite do Mestre: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).
3. Exemplos da natureza.
Deus criou toda a natureza para que ela cumpra o seu papel de maneira otimizada e com equilíbrio. Com harmonia, as águas que desaparecem pela evaporação, condensam-se nas nuvens e voltam à terra no estado líquido, num ciclo incansável, para a glória de Deus. E se essa chuva derrubar uma árvore? Sem problema: a árvore morrerá, mas outra nascerá em seu lugar. Até uma gota de orvalho que escorre em uma folha sobre a relva cumpre seu trajeto sem pressa, ou mesmo a metamorfose de uma lagarta. Todos fluem tranquilamente na dependência do tempo de Deus (Ec 3.1-8).
Observando como se comporta a natureza, pode-se perceber que todo o projeto do Criador flui tranquilamente, sem estresse, e os objetivos sempre são alcançados.
II. MARTA OU MARIA
1. Chamando a atenção.
Certa vez, numa visita a casa dos amigos, Maria, Marta e Lázaro, Jesus falou a uma das suas anfitriãs com veemência: “Marta, Marta” (Lc 10.41). Por que o Senhor chamou Marta com tanta determinação? É que uma das características do ativismo e da ansiedade é a dificuldade em escutar. Marta estava tão ocupada com os afazeres domésticos que não iria parar para ouvir a voz do Mestre. Às vezes, isso acontece com aqueles que querem servir ao Senhor e fazer o que é certo. O desejo e a preocupação com o trabalho são tantos que as pessoas se esquecem de desfrutar do melhor, a própria presença de Jesus. Marta, como boa anfitriã desejava oferecer o melhor para seus convidados, mas Jesus a lembra de que mais importante que correr de um lado para o outro nervosamente é ouvir a Deus. Marta não precisava fazer tudo, mas apenas o que estava ao seu alcance.
2. Uma descrição do ativismo.
A segunda observação de Jesus em relação a Marta foi o fato de que ela estava ansiosa e fadigada. Marta achava que dispunha de pouco tempo para fazer muita coisa e, por isso, precisava da ajuda de Maria, mas Deus deu para ela o tempo na medida certa. Entretanto Jesus prometeu que todos aqueles que fossem a Ele receberiam alívio para as cargas e fardos deste mundo, experimentando paz e descanso para a alma, pois o seu jugo é suave e o seu fardo leve (Mt 11.28-30). Marta precisava aprender mais com Jesus, mas para isso precisava deixar o ativismo de lado.
3. A exigência de Deus.
Jesus ensina a Marta que lhe bastava apenas uma coisa: estar aos seus pés. Marta estava em busca de resultados, mas Jesus queria apenas a sua companhia. Assim acontece nos dias atuais, vemos em algumas igrejas líderes e liderados que buscam freneticamente resultados, cumprir metas, ficar bem na “fotografia social” e familiar. No entanto, o Senhor deseja que venhamos somente anelar pela sua presença, como fez Maria. Jesus declara que isso não lhe seria tirado, pois ela escolheu a única atividade, naquele momento, que importava para Deus.
Muitos ao serem pressionados pelas obrigações do cotidiano, perdem o equilíbrio e, mesmo perto de Jesus, agem desnaturadamente.
III. TEMPO PARA TUDO
1. Deus não é ativista.
O Todo-Poderoso poderia criar o mundo num só instante, mas preferiu gastar seis dias. Por quê? Porque Ele não é ativista. Esse traço do caráter de Deus pode ser visto, também, na maneira como Ele conduz seu rebanho “mansamente às águas tranquilas” (Sl 23.2). Ele não é apressado! No que tange à salvação do homem, Deus sempre teve urgência, mas aguardou a chegada do tempo adequado para tudo. Por que, então, há discípulos que querem tudo imediatamente? Jesus poderia, sozinho, ter anunciado o Evangelho a todo o mundo, mas preferiu, a princípio, treinar doze homens por três anos para ensinarem outros. Treinamento requer tempo, preparo, mas muitos não querem mais esperar e se preparar até chegar o tempo de Deus em suas vidas.
2. Os jovens ativistas.
Os discípulos de Jesus eram jovens. Talvez tivessem não mais que trinta anos quando foram chamados e certamente eles abrigavam em seus corações sonhos pessoais, mas abandonaram suas profissões e seus ideais para serem treinados e poderem realizar a obra de Deus. Os discípulos escolhidos por Jesus não eram perfeitos e em certos momentos, queriam que tudo acontecesse imediatamente, a qualquer custo, independentemente das consequências. Isso é ativismo. João e Tiago, por exemplo, queriam que caísse fogo do céu para queimar os samaritanos por não receberem Jesus (Lc 9.51-54). Os discípulos sugeriram ao Senhor mandar a multidão faminta embora (Mc 6.35,36). Eles tentaram impedir as crianças de estarem com Jesus (Mt 19.13). Eles rogaram que Jesus despedisse uma mulher cananeia que estava gritando por ajuda (Mt 15.23) e também que um cego (Lc 18.39) chegasse perto de Jesus. Por que eles tiveram tal atitude? Certamente, havia compromissos inadiáveis na agenda, mas Jesus sempre os repreendia e investia seu tempo no trato dos necessitados.
Conta-se que, após a morte do famoso pregador americano Charles Finney, encontraram em sua Bíblia, ao lado do Salmo 37.23 que diz que “os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho”, a seguinte anotação: “e as paradas também”.
Antes de ascender aos céus, Jesus deixou uma instrução contra o ativismo aos discípulos: “[...] ficai, porém na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). Eles deveriam esperar o tempo necessário até que o revestimento de poder viesse.
3. O barquinho ministerial.
Deus, às vezes, deseja que seus servos “reduzam a marcha e puxem o freio de mão”. Afinal, o Senhor é o dono do tempo. Ele está no controle. Por isso, tem hora que o melhor a fazer é se calar, parar e repousar. Jesus, por exemplo, mandou que os discípulos deixassem sempre à disposição dEle um barquinho (Mc 3.9), para poder partir rapidamente, quando a multidão estivesse a comprimi-lo. Quantos não estão sendo comprimidos, e oprimidos pelo excesso de trabalho? A multidão queria sempre mais, porém Jesus sabia a hora certa de sair de cena.
No início do seu ministério, Jesus alertou os discípulos dizendo: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celeste as alimenta [...]” (Mt 6.26). O Deus que cuida das aves e dos lírios tem cuidado de nós, por isso não precisamos viver ansiosos por coisa alguma.
Jesus amava e procurou ajudar a todos, mas Ele não permitiu que as multidões o oprimissem com suas necessidades. Ele sabia a hora de se afastar e se achegar às pessoas.
CONCLUSÃO
Atribui-se ao ex-presidente americano Abraham Lincoln a seguinte frase: “Se eu tivesse oito horas para derrubar uma árvore, passaria seis afiando meu machado”. Fugir do ativismo é ter tempo para “amolar o machado”. E “amolar o machado” é de suma importância para que surjam excelentes resultados, mas sem estresse ou dores. O Senhor deseja que venhamos realizar a sua obra, mas sem ativismo.
Fonte: Lições Bíblicas 3º Trimestre de 2017 Título: Tempo para todas as coisas — Aproveitando as oportunidades que Deus nos dá - Comentarista: Reynaldo Odilo
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