(I Pe 3.15)
Vivemos em um momento
de grande marasmo teológico, onde ideologias e novas concepções surgem a cada
momento atacando e afrontando as maneiras tradicionais de se crer no divino.
Diante dessa conjuntura é preciso que sejamos objetivos quando somos abordados
acerca da razão de nossa esperança cristã; por que cremos assim? Qual a nossa
concepção de Deus? Qual a cosmovisão em que estamos estribados? Enfim, qual é a
definição teológica dos evangélicos em contraste com as demais, pois se soubermos
distinguir desse marasmo o que realmente acreditamos teremos como levar avante
o verdadeiro evangelho de Jesus.
Por isso exporemos
abaixo algumas das mais expressivas linhas de pensamentos teológicos.
Linhas Teológicas
Teologia Católica Romana
A Teologia Católica
está estribada em um tripé – A Bíblia, incluindo os apócrifos; A Tradição e o
ensino dos Pais da Igreja e a autoridade Papal, ex cathedra, onde o Papa decide
questões doutrinárias e morais. Com esse tripé teológico a Igreja Católica
concatenou novas doutrinas, sem criar constrangimentos por tais doutrinas
estarem além ou aquém da Bíblia. A Bíblia tem um papel secundário em detrimento
da própria Igreja que é superior a qualquer outra fonte de autoridade
eclesiástica. Essa conjuntura ideológica da cosmovisão teológica gerou os sete
sacramentos: batismo, crisma ou confirmação, penitência, eucaristia ou missa,
matrimônio, unção de enfermos ou extrema-unção e santas ordens. Segundo o
catecismo de 1994, “a Igreja afirma que para os crentes os sacramentos da nova
aliança são necessários à salvação.” Os sete sacramentos são nada menos que uma
séria de boas obras que os católicos crêem que precisam fazer para alcançar a
salvação. (A deterioração da doutrina católica iniciou-se por volta do século
IV).
Teologia Natural
A Teologia Natural baseia-se somente na razão em detrimento da fé e a
iluminação do Espírito Santo e seu mover. Os atributos de Deus são aqueles
comuns a todos os indivíduos, ou seja, criação, raciocínio lógico, etc… O
conhecimento de Deus é obtido pelo relacionamento com o universo por meio da
reflexão racional, sem se voltar a vaticínios e meios sobrenaturais.
Teologia Luterana
Sola Escriptura – Somente a Bíblia, Sola Gratia – Somente a Graça e Sola Fide –
Somente a Fé formam o fundamento da Teologia Luterana. A Bíblia é a bandeira
pela qual o exército de Cristo deve marchar, Ela não fala apenas de Deus, mas é
a própria Palavra de Deus. O centro das escrituras é o Cristo revelado a
humanidade. Na questão salvífica o indivíduo em nada contribui, sendo
destituído do livre-arbítrio, Deus é a causa eficiente da obra redentora.
(Século XVI)
Teologia Anabatista
A Teologia Anabatista
preconizou o batismo somente para adultos, testificando assim o rompimento do
cristão em relação ao mundo e o seu comprometimento em obedecer a Jesus Cristo.
Opunham-se ao controle da religião pelo o estado e nutriam um enorme zelo missionário.
Devido a maneira pragmática como viam a vida não deram ênfase aos estudos
teológicos sistemáticos.
Teologia Reformada
Como na Teologia
Luterana, a Teologia Reformada tem como principal bandeira “sola scriptura”. A
Bíblia é a Palavra de Deus e isenta de erros. Deus é soberano sobre todas as
coisas, tudo está sob o domínio de Deus, como criador e soberano de universo
Ele não pode ser limitado por nada. Deus predestinou um certo número de
criaturas caídas para serem reconciliadas com Ele mesmo. A salvação pode ser
resumida nos cinco pontos do Calvinismo: Depravação Total, Eleição
Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irreversível e Perseverança dos Santos.
(adaptado, 01)
Teologia Arminiana
A Teologia Arminiana
divergiu do calvinismo, argumentando que os benefícios da graça são oferecidos
a todos, em oposição ao princípio calvinista da condenação predestinada. A
ênfase desta Teologia gira em torno da presciência divina, da responsabilidade
e livre arbítrio do indivíduo e do poder da Graça capacitadora de Deus.
Teologia Wesleyana
A Teologia Wesleyana
era praticamente de cunho arminiana, embora a principal doutrina destacada por
Wesley fosse a da justificação pela fé através de uma experiência súbita de
conversão. Também se destacava a doutrina da perfeição cristã ou do perfeito amor,
segundo a qual era possível a perfeição cristã absoluta ainda nesta vida…
Wesley deixou claro que não propunha a perfeição sem pecado nem a perfeição
infalível, mas, antes, a possibilidade da santidade no coração (03).
Teologia Liberal
A Teologia Liberal é
recheada por convicções contemporâneas de novas ideologias filosóficas e
culturais. A humanidade não é pecadora e nem caída por natureza, não precisa de
uma conversão pessoal, apenas o aperfeiçoamento sociológico. Jesus não sofreu
vicariamente na cruz, ele não é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo,
nem Deus, mas simplesmente um representante de Deus, um modelo a ser seguido. A
Teologia Liberal segue a visão unitária da pessoa de Deus, Jesus estava cheio
de Deus, mas nunca foi Deus. O Espírito Santo é simplesmente a atividade de
Deus no Mundo. Os registros bíblicos são falíveis.
Teologia Existencial
Os teólogos
existenciais explicam tudo o que é sobrenatural como sendo um mito. Deus atua
no mundo como se não existisse, e não se pode conhecê-lo de nenhum modo
objetivo. A Trindade, os milagres de Jesus Cristo e sua historicidade, o Velho
e o Novo Testamento, as atuações do Espírito Santo, tudo isso, não passam de
mitologia religiosa, sendo que pouco se aproveita como conteúdo histórico
fidedigno. Encontrar o nosso verdadeiro eu e desmistificar a Bíblia é a maneira
pela qual a humanidade poderá ser salva.
Teologia Neo-Ortodoxa
Essa teologia foi uma
reação contra a concepção liberal implantada no final do século XIX e houve a
tentativa de preservar a essência da teologia da Reforma ao mesmo tempo em que
se adaptava a questões contemporâneas. Deus não pode ser conhecido por
doutrinas objetivas, mas por meio de uma experiência de revelação. O Cristo
importante é aquele experimentado pelo indivíduo, o Cristo bíblico não teve um
nascimento virginal. A Bíblia apenas contém a Palavra de Deus, sendo humana e
falível. O relato da criação não passa de um mito. Não existe nenhum pecado
herdado de Adão, o homem peca por concepção, e não por causa da sua natureza. O
inferno e o castigo eterno não são realidades. (adaptado, 01)
Teologia da libertação
A experiência
cotidiana das comunidades cristãs latino-americanas que combatem as injustiças
econômicas, sociais, culturais e políticas, está na origem da chamada teologia
da libertação. A teologia da libertação constitui uma nova interpretação da
mensagem evangélica, à luz da injustiça social. Apesar do nome, não é
propriamente uma teologia, no sentido de reflexão sobre Deus. Suas raízes podem
ser encontradas no movimento denominado teologia política, surgido na Europa na
década de 1970, depois que o Concílio Vaticano II (1962-1965), examinou o
problema das relações entre a igreja e o mundo moderno. A característica mais
inovadora do movimento foi encarar os problemas políticos como base para a
interpretação dos textos bíblicos… A mensagem de salvação é interpretada à luz
das mazelas sociais de que o homem precisa ser libertado. Ao narrar a
libertação dos hebreus do cativeiro no Egito e sua marcha para a Terra Prometida,
o Êxodo é a imagem bíblica da mensagem da salvação, e a história sagrada não é
algo distinto da história da humanidade ou superposto a ela, mas sim a
intervenção de Deus. Um outro elemento importante da teologia da libertação é o
método de análise marxista (02).
Mas enfim qual é a
concepção teológica dos Evangélicos? A Soberania de Deus, Ele está acima da sua
criação e de tudo o que há, não é limitado por nada. A Bíblia é a única fonte
de autoridade, inerrante, verdadeira, ela não contém mas é a Palavra de Deus
(II Tm. 3:16). Jesus Cristo é o centro das Escrituras; a sua pessoa e obra,
principalmente sua obra vicária, são o fundamento de nossa fé cristã e da
mensagem da salvação (Jo 5:39). O Espírito Santo é uma pessoa, que atua por
intermédio da Palavra de Deus convencendo o homem do pecado, da justiça e do
juízo (Jo 16:8). A salvação é somente pela graça mediante a fé (Ef 2:8-9), a
fonte da salvação é a graça de Deus manifestada pela obra de Cristo, o
fundamento da salvação. A concepção trinitariana é a única maneira de
compreender o Deus revelado na Bíblia (Mt 28:19; IICo 13:13). O batismo é
simbólico, para quem já tem consciência do que é pecado, mostrando a decisão de
se separar do mundo em compromisso para com o Senhor Jesus (Cl 2:12). A Igreja
é o corpo de Cristo na terra, composta pelos filhos de Deus (I Co 12:27;
Ef 4:15.16). O cristão deve sempre procurar a santificação em sua vida diária
(I Ts 4:3). A Santa Ceia é em memória da obra de Cristo (I Co 11:24) e todos
os batizados devem participar da mesma (Mc 16:16; Jo 6:54).
Em linhas gerais, o que concluímos no fim desse estudo comparativo é a teologia
professada pelos protestantes evangélicos atuais.
Fontes de Pesquisas:
(01) H. W. House,
“Teologia Cristã Em Quadros”, Editora Vida, 2000, São Paulo – SP.
(02) Encyclopaedia
Britannica do Brasil Publicações Ltda – CD ROM.
(03) E. E. Cainrs, “O
Cristianismo Através dos Séculos”, Editora Vida Nova, 1988, São Paulo – SP.
por Pr. João Flávio Martinez - via CACP Ministério Apologético
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