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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O Concilio de Jerusalém - os Decretos

"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma." 1 Coríntios 6:12

O concílio de Jerusalém e Os Quatro Decretos Apostólicos
por Pr. Douglas Baptista
As inúmeras conversões de gentios deflagraram uma forte controvérsia na igreja primitiva: “deveriam os gentios guardar a lei?” O primeiro concílio da igreja cristã, registrado em Atos capítulo quinze, foi realizado para decidir acerca desta questão. Os cristãos judaizantes afirmavam que cumprir a lei era imprescindível para a salvação. O apóstolo Paulo ensinava não ser necessário, pois a salvação era pela graça e não pela observância da lei.

Este ensino de Paulo, porém, não foi aceito e nem entendido por boa parte dos cristãos (At 21.21). Muitos judeus que se convertiam nessa época continuavam a observar a lei (At 21.20). Um grupo destes judeus cristãos exigiam que os gentios fossem circuncidados e que guardassem a lei de Moisés (At 15.1,5). No Concílio de Jerusalém, o apóstolo Pedro considerou esta posição judaizante um ultraje contra o próprio Deus: Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?” (At 15.10).

Uma decisão precisava ser tomada afim de solucionar a controvérsia. O apóstolo Tiago, líder da igreja em Jerusalém, recomendou que os gentios convertidos não fossem molestados com estas questões judaicas (At 15.19) e apresentou parecer que agradou a todos e acalmou os ânimos mais exaltados (At 15.25-28). O parecer ficou conhecido como “decretos apostólicos” e possui quatro recomendações aos gentios convertidos. Os decretos abordam os aspectos morais e cerimoniais da lei (At 15.20).

O primeiro e o segundo parecem ter conexão intencional, “que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos” e que vos guardeis da “prostituição”. Este entendimento se dá pelo fato que a idolatria com frequência envolvia a imoralidade. O terceiro e o quarto decreto também possuem conexão entre si. De um lado a orientação de abstinência da “carne sufocada” (carne que retém o sangue, conforme Lv 17.10-14) e de outro a recomendação para não comer “do sangue” (conforme Lv. 3.17; 7.26; 17.10; 19.26). Estes decretos podem ser identificados com um resumo da lei de Levítico capítulos 17-28 a que estavam obrigados os judeus e também os estrangeiros que viviam entre eles.

Será que estes decretos tiram a liberdade cristã em relação ao jugo dos preceitos da lei mosaica? Ou se trata apenas de uma “palavra de sabedoria” concedida pelo Espírito Santo para a solução de um problema local da igreja primitiva, entre judeus e estrangeiros? Todos concordam que os decretos contra a idolatria e a imoralidade são preceitos válidos até o dia de hoje. Mas, será de fato pecado comer carne sufocada e sangue? Os que consideram pecado argumentam que este mandamento era anterior à lei (Gn 9.3,4; 19.1-25; 34.31; 35.2-4). Os que não enxergam pecado, afirmam ser uma orientação local com o propósito de conciliar judeus e gentios convertidos.

De fato os decretos contra a idolatria e a imoralidade fazem referência ao segundo e ao sétimo mandamento do Decálogo. A chamada Lei Moral combatia a idolatria - “Não farás para ti imagens de escultura... não te encurvarás a elas nem as servirás” (Ex. 20.4,5) e ainda condenava a imoralidade - “Não adulterarás” (Ex. 20.14). Portanto, é consenso que o texto de Atos não trata de um conjunto geral de regras morais para os cristãos, pois ficaria de fora outros mandamentos, como “não tomarás o nome do Senhor em vão” (Ex. 20.7), “honra teu pai e tua mãe” (Ex. 20.12), “não matarás” (Ex. 20.13), “não furtarás “ (Ex. 20.15), “não dirás falso testemunho” (Ex. 20.16) e “não cobiçarás” (Ex. 20.17). Assim, não se pode considerar como ordenança final aos cristãos e sim como uma orientação pontual específica para que gentios e judeus convertidos pudessem conviver harmoniosamente sem causar tropeços uns nos outros (1Co 10.32).

Os decretos quanto à carne sufocada e o sangue são alvo de controvérsia contemporânea. No primeiro século estes decretos serviram para apaziguar os cristãos e em nossos dias são objeto de intenso e acalorado debate. O sangue é considerado, na Antiga Aliança, como sendo vida (Dt 12.23). O sangue de animais era requerido por Deus no pacto mosaico para fazer expiação do pecado (Lv 17.11). Deste modo, a chamada lei cerimonial exigia que os judeus valorizassem o sacrifício e não banalizassem o sangue (Lv. 17.14). Esta prática, evidentemente, não era comum entre os gentios. Por isso, essas regras eram o mínimo que se pedia dos gentios, para não escandalizarem os judeus cristãos. Segundo Moody, esse regulamento foi divulgado entre as igrejas gentias não como meio de salvação, mas como base de comunhão [1].

Para evitar os escândalos e manter a comunhão entre cristãos judeus e gentios, Paulo recomendava seguir a consciência, ou seja, comer carne sem nada perguntar (1Co 10.27-28). Mas, se alguém fosse avisado que se tratava de carne sacrificada aos ídolos deveria se abster de comer por causa da consciência do outro (1Co 10.29-30). A carta paulina sintetiza: "quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (1Co 10.31-32). Segundo este principio paulino, o crente que quiser abster-se de sangue e de carne sacrificada ou sufocada deve faze-lo para glória de Deus e não para se considerar superior ou mais espiritual que os outros.

Para concluir, afirmamos que idolatria e imoralidade integram os mandamentos teologicamente chamados de lei moral e permanecem em vigor (estes decretos são indiscutíveis), carne sufocada e sangue integram o que se convencionou integrar a lei cerimonial (estes são anteriores a lei e alvo de discussão atual). Os que discordam não podem comer qualquer coisa com sangue (carne "mal passada", carne ao molho pardo e “chouriço”, por exemplo). Quem entende diferente, absolve a consciência e não vê mal em comer. Porém, é consenso nas duas correntes que não se deve beber o sangue. Acerca do resultado deste concílio, Williams escreveu: “ao pesar os dois princípios, o da liberdade e o da obediência. O resultado foi o triunfo do amor” [2]. E no parecer de Paulo: "Por isso se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize" (1Co 8.13).
Qual o seu parecer?

Texto de Douglas Roberto de Almeida Baptista
[1] Moody, D.L. Atos dos Apóstolos. Comentário Bíblico, p.75.
[2] Williams, David J. Atos. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, p.267
via CPADNews 

Desde o principio temos a orientação Divina: "A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis." Gênesis 9:4

Lembremos "sempre" - Faça tudo para glória de Deus e...
"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus." 1 Coríntios 10:31

"Todavia, quanto aos que creem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da fornicação.' Atos 21:25

...se vai escandalizar o teu irmão "não faça"
"Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize." 1 Coríntios 8:13

Leia também: 
Aqui eu Aprendi!

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