As sete Cartas Universais, desde o quarto século são também conhecidas como Epístolas Gerais ou Católicas.
Elas são: Tiago, I e II Pedro; I, II e III João e Judas.
A designação refere-se ao fato de, ao contrário das Epístolas Paulinas, não terem sido dirigidas a igrejas ou indivíduos em particular, mas, antes, a um círculo mais amplo e até mesmo à Igreja como um todo. A designação primitiva destas cartas era a palavra “católica” usada no sentido “universal”, sendo que “geral” é um termo mais recente para este grupo de Epístolas.
Alguns têm objetado que Tiago, I Pedro e II e III João não são verdadeiramente Epístolas “gerais”, porque o objetivo de seus ensinamentos é demasiado restrito. Contudo, Tiago, que foi dirigida aos judeus da Dispersão (“às doze tribos que se encontram na Dispersão”), provavelmente é um dos livros mais antigos do N.T., tendo sido escrito antes da obra missionária de Paulo ter sido completa e num período quando a Igreja ainda estava sendo formada principalmente de cristãos hebreus. É, portanto, validamente descrita como Epístola “geral”. Do mesmo modo. I Pedro, endereçada aos “forasteiros” dispersos por cinco áreas: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, também é de natureza “geral”. Quanto a II e III João, as epístolas mais resumidas, embora endereçadas a indivíduos, estão intimamente relacionadas com I João no estilo e conteúdo, de modo que podem ser consideradas apêndices daquela.
Doutrinariamente, as Epístolas Gerais estão para com as Epístolas Paulinas assim como o Evangelho de João para com os Sinóticos – isto é, as Epístolas Gerais suplementam os ensinamentos de Paulo , mas não entram em conflito com eles. Por exemplo, a exposição que Tiago faz da justificação pelas obras (Tg 2:14-26) complementa o ensinamento de Paulo sobre a justificação pela fé; e os ensinamentos de Pedro sobre “os últimos dias” e a volta do Senhor suplementam os de Paulo.
A função, então, das Epístolas Gerais pode dizer-se que é a de completar a doutrina do N.T. acrescentando algo à grande exposição paulina do Cristianismo. Dizendo em outras palavras, Paulo apresenta o Cristianismo principalmente aos gentios, enquanto Tiago o apresenta para os judeus; Pedro apresenta uma ponte entre Paulo e Tiago; e João, em suas Epístolas, dá o aspecto universal do Cristianismo. Paulo pode ser considerado como um apóstolo da fé; Tiago, como o apóstolo das obras; Pedro como o apóstolo da esperança; João, como o apóstolo do amor; e Judas, como o apóstolo da defesa da fé. Finalmente, no relacionamento entre as Epístolas Gerais, Tiago e I Pedro, II Pedro e Judas, e as três epístolas de João têm muito em comum.
Introdução
Estudaremos a Carta de Tiago que é a mais prática de todas as epístolas e tem sido chamada de “Guia Prático para a Vida e a Conduta Cristã”. É o livro de Provérbios do Novo Testamento. Está repleto de preceitos morais. Expõe a ética do Cristianismo. É cheio de figuras e metáforas. Seu estilo é muitas vezes bastante dramático. Obriga a pensar realmente.
Dando destaque à vida prática, a Epístola de Tiago reflete, em seu estilo e em suas frequentes referências ao Sermão do Monte, a mente e os ensinamentos do Irmão divino do autor. Embora a sua ênfase não seja teológica, a Epístola é notável pelos ensinamentos morais e éticos de relevância para a Igreja.
Autoria. O prefácio da Epístola indica que o autor foi Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo (v.1). Mais quem era esse Tiago ? no Novo Testamento, só dois foram apresentados como possíveis autores desta epístola – Tiago, filho de Zebedeu, e Tiago, o irmão do Senhor Jesus. O primeiro é um candidato improvável. Sofreu o martírio em 44 A.D., e não há nenhuma evidência de que ocupasse posição de liderança na igreja que desse a autoridade para escrever esta carta geral. A opinião tradicional identifica o autor como sendo Tiago, o irmão do Senhor Jesus (Mt 13.54-56). A semelhança da linguagem da epístola com as palavras de Tiago em Atos dos Apóstolos 15, a forte dependência do escritor da tradição judia, e a consistência do conteúdo de sua carta com as notícias históricas que o Novo Testamento dá em relação a Tiago, o irmão do Senhor, tudo tende a apoiar a autoria tradicional.
O Novo Testamento registra vários Tiagos: 1) Tiago, o filho de Zebedeu (Mt 17:1); 2) Tiago, filho de Alfeu, que foi um dos doze apóstolos (Mt 10:3), também conhecido como Tiago – “o menor” (Mt 15:40), isto é, mais baixo do que Tiago, o filho de Zebedeu; 3) Tiago, o irmão do Senhor Jesus (Mt 13:55, Mc 5:3, Gl 1:19). Foi líder na Igreja em Jerusalém (At 12:17, 15:13, 21:18; Gl 1:19, 2:9 e 12) e, 4) Tiago, o pai do Apóstolo Judas (Lc 6:16; At 1:13).
Data e Lugar. Muitas são as opiniões sobre a data em que foi escrita a Epístola Tiago. Os que aceitam a autoria tradicional costumam datá-la entre o meio dos anos quarenta e o começo de sessenta. Acredita-se que foi a primeira epístola escrita à igreja. Ela foi, provavelmente, escrita em Jerusalém.
Conteúdo:
1. A Tentação como Prova da Fé – 1:1-21
a. Provações -1:2-8
b. Pobreza, riqueza, provação e tentação – 1:12-18
c. Recepção da Palavra – 1:19-25
2. As Obras como Evidência da Verdadeira Fé – 1:22 a 2:26
a. Verdadeira religião – 1:26,27
b. Distinções sociais e “a lei real” – 2:1-13
c. Fé e obras – 2:14-26
3. As Palavras e seu Poder – 3:1-12
a. A língua
b. As duas sabedorias – 3:13-18
4. Verdadeira e Falsa Sabedoria – 3:13 a 4:17
a. As duas sabedorias
b. O mundo e Deus – 4:1-10
c. Julgando – 4:11,12
d. Autoconfiança proveniente do pecado – 4:13-17
5. Paciência sob a Opressão: a Paciência da Fé – 5:1-12
a. Julgamento do rico inescrupuloso – 5:1-6
b. Paciência até a volta de Cristo – 5:7-11
c. Juramento – 5:12
6. Oração – 5:13-20
a. A oração
b. Reabilitando o irmão pecador – 5:19,20
CONCLUSÃO
PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO
A Primeira Epístola de Pedro foi escrita para os cristãos que viviam em cinco províncias romanas numa região que hoje faz parte da Turquia. O apóstolo está em “Babilônia” (5.13), que, provavelmente, seja uma maneira de falar da cidade de Roma (a Ap 14.8; 16.19; 17.5).
Os leitores objetos desta Carta estavam enfrentando sofrimentos e perseguições por causa de sua fé. Ao procurar animá-los a continuarem firmes na sua dedicação a Jesus Cristo. O apóstolo mostra que os sofrimentos servem para provar que a fé que eles têm é verdadeira (1.7). Ele cita o exemplo de Cristo, que suportou o sofrimento e a morte em favor deles; aconselha que eles, por sua vez, sigam o exemplo do Mestre (2.21-25). Recomenda que, acima de tudo, eles vivam uma vida que traga honra e glória para o nome de Deus (1.15-16). E o autor faz lembrar de novo aos leitores a razão de eles terem sido salvos: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daqueles que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (2.9).
A Epístola registra vários conselhos práticos aos servos de Deus, mostrando que os crentes são casa espiritual edificada em Cristo Jesus e que a vida exemplar cristã, como: os deveres para com os não crentes e para com as autoridades; a vida exemplar cristã envolve deveres dos que prestam serviços a outrem; os deveres dos casados; a prática do bem. A longanimidade segundo o exemplo de Cristo; a morte para o pecado e a pureza de vida; o sofrer por Cristo é um privilégio glorioso e por último, a Epístola fala dos deveres do ministério destacando vários conselhos.
Autor: Pedro, um dos doze apóstolos chamado Simão e Cefas (1.1; Mt 10.2; Jo 1.42), um pescador nativo de Betsaída (Mt 4.18; Jo 1.44). Sua história consta em vários livros do Novo Testamento. Era casado (Mt 8.14; 1Co 9.5). Foi pregador do Pentecoste quando quase 3 mil pessoas aceitaram a Jesus e foram batizados. Ele se intitula um ancião e testemunha dos sofrimentos de Cristo Jesus. Não tinha liderança sobre a igreja. Ministrou primeiramente aos judeus (Gl 2.7) e não era líder nem da seção judaica da igreja, muito menos da parte gentia (At 15; 2Co 11.28; Gl 2.2-21). Pedro era somente um presbítero, entre muitos outros (1Pe 5). Não há a menor prova de que ele sequer visitou Roma. Paulo, na Epístola aos Romanos e nas escritas em Roma, nunca o mencionou como sendo um presbítero residente ali. Em vez de ir para o oeste, encontramos Pedro indo para o leste, e escrevendo uma epístola na Babilônia. O que se sabe de sua morte, de acordo com a tradição, teve morte de mártir, sendo crucificado durante o reinado de Nero, o imperador romano, como considerava-se indigno de morrer de maneira semelhante ao seu Mestre Jesus, foi crucificado de cabeça para baixo, além do que é registrado em João 21.18,19. Ele escreveu dois livros, 1 e 2 Pedro.
Pedro tem sido chamado de “o apóstolo da esperança”, como João era “o apóstolo do amor”, e Paulo “o apóstolo da fé”. A palavra esperança aparece em 1Pe 1.3, 13, 21; 3.15. Pedro amplia a declaração de Hebreus quanto ao “Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hebreus 12.2). Ele conhecia a relação entre sofrimento, alegria e glória.
Quando foi escrita: Este livro foi escrito entre os anos 60 a 67 A.D (Ano Dominus - Ano do Senhor), na Babilônia. Esta carta foi escrita num período em que a aversão geral aos cristãos ameaçava tornar-se perseguição aberta (2.15; 3.13-17; 4.12). Era o tempo das perseguições de Nero (62-64 d.C.). O próprio Pedro sofreu às mãos desse imperador cruel antes do ano 67 A.D. (1.1-3, 6-9; 2.13-17; 4.12-19).
Qual objetivo da carta: Para animar os fiéis que forasteiros da Dispersão que habitavam e fossem viajantes em cinco províncias da Ásia Menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia a estarem firmes durante o sofrimento e a exortá-los à santidade. Os seus destinatários estavam enfrentando uma opressão severa e tendia a se tornar crítica. Um tema dominante da epístola é o de consolo e exortação no meio das provações.
Tema: A suficiência da graça divina e a sua aplicação prática com relação à vida cristã e para suportar a prova e o sofrimento com a graça de Deus.
Conteúdo:
1. Regenerados para uma viva esperança (1.1-12)
a. Ações de graça (1.3-6)
b. A alegria da salvação (1.7-12)
2. Conselhos e recomendações aos crentes (1.13-2.10)
a. A santidade de Vida (1.13-21)
b. A santidade no amor (1.22-25)
c. Os crentes são à casa espiritual edificada em Cristo (2.1-10)
3. Exortação à vida cristã exemplar (2.11-4.19)
a. Deveres dos crentes para os não crentes e autoridades (2.11-17)
b. Deveres para com os prestam serviços (2.18-25)
c. Deveres dos casados e a prática do bem (3.1-22)
4. A morte para o pecado e a pureza de vida (4.1-19)
a. Deveres dos crentes com os outros (4.1-11)
b. O sofrimento por Cristo é privilégio glorioso (4.12-19)
5. Recomendações finais (5.1-14)
a. Os deveres dos pastores (5.1-4)
b. Conselhos para os idosos e jovens (5.5-14).
CONCLUSÃO
SEGUNDA EPÍSTOLA DE PEDRO
Introdução
A Segunda Epístola de Pedro foi escrita a todos os cristãos do seu tempo. Ela trata de falsas doutrinas que estavam sendo espalhadas entre eles. Os falsos mestres não somente ensinavam coisas erradas como também se entregavam a todo tipo de imoralidades e vícios e procuravam arrastar os outros consigo. O apóstolo avisa os leitores do perigo que eles corriam e os anima a ficarem firmes na fé e na vida de pureza e dedicação a Deus. Esses falsos mestres também zombavam da esperança que os cristãos tinham de que Cristo iria voltar; por isso, o apóstolo afirma que, de fato, o Senhor voltará. Contudo, por ser bondoso, Deus tem paciência “não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (3.9). O apóstolo recomenda que todos se esforcem para ser encontrados por Cristo “em paz, sem mácula e irrepreensíveis” e fiquem esperando aquele dia abençoado em que haverá “novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (3.13-14).
As Segundas Epístolas de Pedro e de Timóteo têm muita coisa em comum. Em ambas os escritores estão aguardando o martírio (II Tm 4.6; II Pe 1.14; comparar Jo 21.18,19), ambas estão cheias de alegria; ambas provêem o afastamento da fé que chegará ao auge durante “os últimos dias” (2.1-3.9; II Tm 3). Uma ênfase parecida sobre o perigo da falsa doutrina encontra-se em I Jo 4.1-5, em II Jo 7-11 e em Judas.
A ênfase da Epístola é denúncia eloqüente e ampla da heresia na doutrina e na vida (2.1-3.3). Mas há outros assuntos importantes na carta também: A insistência de Pedro sobre a confirmação da “chamada e eleição” do cristão pela prática das virtudes cristãs (1.4-14); suas lembranças pessoais da transfiguração de Cristo (1.15-18); seus ensinamentos sobre a autenticidade inspirada da profecia (1.19-21) e a vinda do Senhor (3.4-13); e suas exortações à diligência e firmeza espirituais (3.14-17).
Autor: Pedro. O começo desta epístola, com palavras um pouco diferentes das que foram usadas em I Pedro, declara ser ela de autoria de Simão. É o que se encontra em alguns dos melhores manuscritos. Nas edições da Bíblia Revista e Corrigida, como na Atualizada, traz Simão Pedro, conforme em Atos 15.14. Na Segunda Epístola de Pedro 1.1 registra: “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo...”. No capítulo 3 versículo 2, Novamente identifica o autor como apóstolo.
Quando foi escrita: Na mesma época em que foi escrita a Primeira Epístola de Pedro, quando os leitores ainda tinham em mente a Primeira Epístola.
Objetivo: Combater heresias e dar uma ilustração profética, advertir da apostasia dos últimos dias, e para exortar os cristãos àquela preparação do coração e da vida que unicamente pode habilitá-los a enfrentar os seus perigos dentro da Igreja.
Tema: Advertências referentes aos falsos mestres nos Últimos Dias. A Primeira Epístola de Pedro trata de um perigo fora da Igreja – as perseguições; a Segunda de Pedro da falsa doutrina dentro da Igreja. Por isso, Pedro adverte quanto ao perigo dos falsos mestres que ameaça a fé do povo de Deus. O tema pode se resumir da seguinte maneira: um conhecimento completo de Cristo é uma fortaleza contra falsa doutrina e uma vida impura.
Conteúdo:
1. Exortação a crescer na Graça e no Conhecimento – Cap. 1
a. A prática das graças cristãs e seus resultados (1.3-11)
b. Os motivos que o apóstolo escreveu a carta (1.12-15)
c. A superioridade da palavra de Deus (1.16-21)
2. Advertência contra os falsos mestres – Cap. 2
a. Os falsos profetas e o justo castigo (2.1-6)
b. O livramento dos justos (2.7-9)
c. A punição dos ímpios (2.10-22)
3. Promessa da Vinda do Senhor – Cap. 3
a. A vinda do Senhor e o seu significado (3.1-13)
b. O cristão deve esperar o Senhor e viver vida reta (3.14-18)
CONCLUSÃO
PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO
Introdução
O assunto principal da Primeira Epístola de João é o amor: o amor de Deus para conosco, o amor que nós devemos ter por ele e o amor que devemos ter uns para com os outros. “Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (4.16). Deus também é luz, e nós devemos sempre viver na luz e assim estaremos unidos uns com os outros (1.7; 2.9-11). O autor também previne os seus leitores contra a falsa doutrina de que Jesus Cristo não se tornou, de fato, um ser humano, mas que ele tinha somente a aparência de homem (2.22,23; 4.1-3; 5.6-9). Essa falsa doutrina, diz o autor, vem do espírito do Inimigo, o espírito do erro.
Pelo testemunho da evidência interna e comparação com o Evangelho de João, a Primeira Epístola de João, foi manifestamente escrita pelo Apóstolo João. É uma carta familiar do Pai aos seus “filhinhos” que estão no mundo. Com possível exceção dos Cantares de Salomão, é a mais íntima das obras inspiradas. O pecado de um cristão é tratado como ofensa do filho contra o seu Pai, e é resolvido como um assunto de família (1.9; 2.1). O governo moral do universo não está sendo tratado. O pecado do filho como uma ofensa contra lei foi resolvido na cruz, e “Jesus Cristo, o justo” é agora o seu “advogado junto ao Pai”. O Evangelho de João nos leva através da soleira da casa do Pai; sua Primeira Epístola faz que nos sintamos à vontade lá dentro. Uma palavra terna foi usada para com os “filhos” (do gr. Teknia), um diminutivo significando filhinhos, nascidos, como, por exemplo, traduzido do escocês “bairns”. Deus aqui está tratando com seus filhos nascidos de novo.
A vida de João. Foi o discípulo a quem Jesus amava. Ficou junto a ele na cruz do Calvário. Contemplou o túmulo vazio na manhã da ressurreição. Em Patmos foi arrebatado pelo Espírito e viu uma porta aberta para o céu. Ele apresenta-nos o testemunho desses fatos.”Sabemos”, diz ele. “Não há possibilidade de dúvida quanto a eles”. “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida – Jesus!”. João dá-nos prova daquilo que conhece. Ele deseja levar os leitores a essa íntima comunhão com o Pai e com seu Filho, para que a alegria deles seja completa (1.3,4,7; 2.13,14).
A vida do apóstolo divide-se em dois períodos. O primeiro conclui com a sua partida de Jerusalém algum tempo depois da ascensão de Cristo Jesus, e o segundo prossegue desde então até a sua morte. João era evidentemente muito mais jovem do que Jesus. Ele deve ter nascido em Betsaída (Jo 1.44). Filho de Zebedeu e Salomé, vinha, ao que parece, de uma família abastada; pois tinha servos (Mc 1.20), sua mãe ajudou no sustento financeiro de Cristo ( Mc 15.40,41), e João conhecia o sumo-sacerdote, que era escolhido entre a elite (Jo 18.15). Seu irmão mais moço era Tiago. Embora João não tenha provavelmente freqüentado as escolas rabínicas (Atos 4.13), sua educação religiosa em seu lar judeu deve ter sido completa.
Quanto tempo João ficou em Jerusalém depois do Pentecoste não é certo. Evidentemente não estava lá quando Paulo visitou a cidade pela primeira vez (Gl 1.18,19), embora possa ter estado mais tarde como membro do concílio (Atos 15.6). A evidência de que passou a última parte de sua vida na Ásia Menor, e principalmente em Éfeso, é forte demais para ser abalada com outras conjecturas. A forte inferência de que o Apocalipse foi escrito por um líder eclesiástico na Ásia Menor, todos atestam este fato. Literatura extra-bíblica está repleta de histórias das atividades de João durante este período.
Quando foi escrita: Foi escrita pelo apóstolo João no ano 90 A.D., provavelmente em Éfeso. Ao contrário dos outros apóstolos, ele não dirige sua epístola a nenhuma igreja ou pessoa em particular. Escreve para todos os cristãos velhos e moços (2.12-14).
Objetivo: João escreveu sua epístola para que todos cressem em Cristo Jesus e soubessem que têm a vida eterna (5.13), e, ainda, “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20.31).
Tema: Os fundamentos da vida cristã e da comunhão com o Pai.
Conteúdo:
Prólogo: O Verbo da Vida (1.1-4)
1. Deus é luz: permaneçamos na luz (1.5-2.29)
a. Deus é luz (1.5-10)
b. A verdade e o erro (2.1-29)
2. Deus é nosso Pai: Andemos como filhos de Deus (3.1-4.6)
a. Os filhos de Deus e os filhos do Diabo (3.1-24)
b. O Espírito de Deus e o do Inimigo de Cristo (4.1-6)
3. Deus é amor: Amemo-nos uns aos outros (4.7-5.21)
a. Deus é amor (4.7-21)
b. A fé que vence o mundo (5.1-21)
CONCLUSÃO
Introdução
Esta pequena Epístola foi escrita por um presbítero, isto é, um dirigente de uma igreja. A epístola é dirigida aos membros de outra igreja, os quais o autor conhece bem. Ele pede aos leitores que amem uns aos outros e que tomem cuidado com certas doutrinas falsas que estão sendo espalhadas pelo mundo.
A segunda Epístola de João tem, por causa de sua saudação, ocasionado muita discussão. Alguns mestres defendem que as palavras “a senhora eleita”, personificam uma das igrejas do primeiro século; outros acham que referem-se a alguma senhora cristã importante que o Apóstolo João conhecia. Ainda que breve, a Epístola não é insignificante. Pelo contrário, sua mensagem urgente centraliza-se ao redor da “verdade” em seu relacionamento com o viver cristão. Com “verdade” João quer dizer não apenas o corpo da verdade revelada, as Escrituras, mas também o Senhor Jesus Cristo que, como principal Assunto das Escrituras, é Ele mesmo a Verdade encarnada.
Autor: João.
Objetivo: Para advertir uma senhora cristã e hospitaleira a não atender a falsos mestres.
Tema: Mandamento de Cristo. É dever obedecer à verdade e evitar comunhão com os seus inimigos.
Data: Entre 85 e 90 A.D.
Conteúdo:
Prefácio (vs. 1-3)
1. Permanecei firmes na verdade (vs. 4-6)
2. Cuidado com os enganadores (vs. 7-11)
3. Saudações (vs. 12-13)
CONCLUSÃO
TERCEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO
Introdução
A epístola apresenta dentro do Novo Testamento, um reflexo mais nítidos de uma igreja no primeiro século. As características da vida da igreja também se vislumbram claramente na epístola. A independência dos crentes é notável, e suas personalidades, como também seus problemas doutrinários são patentes. Esta curta e muito pessoal carta destrói a noção de que o estado de coisas era ideal, ou quase, no primeiro século da igreja. Por outro lado, revela os problemas de uma fé vigorosamente crescente.
A Terceira Epístola de João, endereçada pelo Apóstolo João a seu amigo, Gaio, repreende Diótrefes, que usurpara a liderança de uma das igrejas. Injuriosamente rejeitando a autoridade de João, este homem recusara-se a “receber os irmãos” (ministros itinerantes junto às igrejas locais vs. 5-8) e excomungando aqueles que o recebiam. Ele se apresenta como um dos primeiros exemplos da ambição do domínio dentro da igreja. Em contraste com Diótrefes, dois outros homens são rapidamente descritos – Gaio, notável por sua vida cristã sadia, evidenciada especialmente na prática da hospitalidade para com os ministros itinerantes; e Demétrio, um crente de elevada reputação com base prática da verdade. A Epístola como um todo apresenta um vislumbre da igreja no final do primeiro século.
Objetivo: João escreveu esta carta a seu generoso e afetuoso amigo Gaio, com o objetivo de elogiá-lo por ter recebido esses trabalhadores cristãos que dependiam inteiramente da hospitalidade dos crentes e para denunciar a falta de hospitalidade e a tirania de Diótrefes. Gaio era o tipo de obreiro cristão autêntico, que dedicou seus bens e seu talento ao Senhor. Sua bolsa e sua porta estavam sempre abertas para os outros. Tudo o que ele tem pertence a Cristo. Cristo é para ele o “Caminho” e no seu viver diário procura mostrar esse precioso “Caminho” a outros. Homens assim aqui e ali, através dos anos, não só têm mantido a Igreja viva num mundo hostil, mas têm mantido o fogo do amor de Cristo no meio do povo de Deus quando tudo parece escuro.
Gaio era conhecido por sua efetuosa hospitalidade. João recomenda-lhe que continue a acolher os pregadores itinerantes, apesar da forte oposição de um oficial da igreja, autoritário e orgulhoso, de nome Diótrefes. A hospitalidade é manifestação de amor cristão.
Você pode ser um Gaio, ajudando a obra do Reino, ou um Diótrefes, atrapalhando a causa.
Tema: O dever da hospitalidade para com o ministério e o perigo de uma direção ditatorial.
Conteúdo:
Prefácio (vs. 1-4)
1. Elogio à hospitalidade de Gaio (vs. 5-8)
2. A oposição de Diótrefes (vs. 9-10)
3. Bom testemunho acerca de Demétrio (vs. 11-12)
4. Saudações (vs. 13-15)
CONCLUSÃO
Introdução
Devemos reconhecer a natureza da Epístola de Judas como sendo “apologética”, pois apresenta francamente a defesa do Cristianismo contra os assédios do gnosticismo.
O gnosticismo perturbou durante 150 anos a Igreja Primitiva. E, em todas as épocas históricas do Cristianismo houve ataques contra a Verdade de Cristo.
Essa mensagem de Judas tem sido reconhecida pelos verdadeiros crentes como uma verdade necessária para todos os tempos, pois aponta os pontos de ataque e as bases da defesa apologética.
Os perigos permanecem dentro e fora da Comunidade Cristã. Os princípios ímpios, renovam-se a cada geração, mudando sua roupagem, sua tática, mas tem alcançado muitos e até mesmo alguns crentes manifestam essa tendência para o gnosticismo.
Muitos dos chamados teólogos e mestres dos primeiros séculos leram, estudaram e fizeram uso dessa Epístola mostrando sua necessidade para aqueles tempos difíceis de apostasia. Alguns podem ser citados:
· Policarpo - 115 d.C.
· Tertuliano - 197 d.C.
· Clemente de Alexandria - 200 d.C.
· Orígenes - 250 d.C.
· Eusébio - 340 d.C.
· Atanásio - 367 d.C. - todos os 27 livros do Novo Testamento foram reconhecidos por ele com toda convicção como inspirados, sem nenhuma dúvida.
· Jerônimo - 392 d.C.
Data: O livro foi escrito antes os anos 70 d.C. Muitos têm confirmado essa data.
Autor: Judas, também chamado pelos antigos como apóstolo, irmão do Senhor. Aqui, na epístola, ele se identifica como irmão de Tiago, mostrando sua humildade.
Objetivos
MOTIVOS - Combater a heresia gnóstica que surgiu desde os primórdios do Cristianismo. Judas indica a grande crise dos falsos ensinos que cercava a Igreja e levou o autor sagrado a lançar um tratado planejado para defender “a nossa comum salvação”. Trata-se de um violento ataque contra o gnosticismo.
PROPÓSITOS
- Primeiro - Posicionar contra a heresia dos gnósticos, esperando, assim, poder quebrar o encantamento e fascínio exercido sobre eles das suas doutrinas.
- Segundo - Trazer de volta ao Evangelho.
- Terceiro - Dar instruções a respeito da natureza da verdadeira fé.
- Quarto - Encorajar aos crentes a lutar pela fé.
- Quinto - Consolar os sofriam com esses ataques.
- Sexto - Apresentar os exemplos do passado onde o juízo de Deus se manifestou contra todos os que assim agiram.
Destinatários: Judas escreveu para atingir aos crentes do seu tempo e, também, a todos os irmãos amados em todos os lugares e de todos os tempos. O alcance da mensagem é universal, para todos os crentes em Cristo Jesus.
Doutrinas Gnósticas Específicas: Nesse tratado doutrinário, transparecem as diversas doutrinas do gnosticismo, assim como:
a. Imoralidade - Os mestres gnósticos praticam e ensinavam a imoralidade e licenciosidade. Esse princípio constituía parte oficial da ética gnóstica. Embora houvesse outro tipo de gnosticismo que seguiam o outro extremo - ética ascética.
Na visão gnóstica, a matéria era o princípio do mal no homem. Pensavam que o sistema do mundo visa a destruir a matéria, para libertar o espírito para seu vôo até a realidade espiritual e final.
Segundo ensinavam, deveriam “cooperar”, por meio do abuso do corpo - imoralidade extremada ou do ascetismo extremo (Cl 2.15).
Esse tipo de imoralidade extremada é amplamente combatido nas Epístolas Pastorais, Joaninas e Judas.
Para os gnósticos, o espírito não se corrompe com aquilo que é feito com o corpo. Eles não só aceitavam a imoralidade, como a encorajavam, contradizendo o ponto de vista judaico-cristão.
b. Negavam a Expiação através do Sangue de Jesus Cristo - Negavam a Deus, negavam ao Senhor Jesus Cristo. Cristo era o “aeon” ou espírito-cristo ou ainda, uma mera emanação angelical, mas de modo algum o grande LOGOS viera a possuir o corpo de Jesus. Pois, se o espírito se encarnasse seria corrompido pela matéria - o princípio do mal.
Estabelecendo essa base, diziam: Se Cristo não se encarnou, pois não podia, ele também não sofreu e não morreu. Na ocasião de sua morte, foi somente a morte de um homem, sem qualquer valor expiatório (2 Pe 2.1).
c. Negavam a Deus - Pai - Apresentam um conceito deísta de Deus. Falam de sua transcendência de tal modo que nada pode fazer pela Sua criação. A criação ficou entregue ao domínio das leis naturais. Deus não interfere, não pune e não recompensa os homens.
A posição teísta - afirma que Deus é o Criador Supremo de todas as coisas e declara sua interferência na história humana - recompensando e punindo os homens.
d. A Imoralidade - e perversão - A natureza moral dos falsos mestres é descrita de modo horrendo e desenfreado.
Conteúdo
Prefácio (vs. 1-2)
1. Propósito da epístola: Presença de falsos mestres na igreja (vs. 3-4)
2. Descrição do caráter e do juízo que pesa sobre os falsos mestres (vs. 5-16)
3. Advertências e exortação (vs. 17-23)
4. Doxologia (vs.24-25)
CONCLUSÃO
Os ensinamentos dessas Cartas são tão atuais quanto do tempo em que foram escritas. Podemos ver que realmente elas foram divinamente inspiradas.
BIBLIOGRAFIA
1. SCOFIELD, Dr. C. I. Bíblia Sagrada com Referências e Anotações, Edição Revista e Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil. 1967.
2. A BÍBLIA DO PREGADOR. Sociedade Bíblica do Brasil, texto bíblico: Almeida Revista e Atualizada. Editora Evangélica Esperança, 2009.
3. PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia Livro por Livro. Editora Vida. Quinta Edições, 1978.
4. MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. Editora Vida. 1982
5. THE MOODY BIBLE INSTITUTE OF CHICACO. Comentário Bíblico Moody Volume 5. Primeira edição em português. 1983. Editado pela Imprensa Batista Regular.
6. COMENTÁRIO BÍBLICO BROADMAN. Novo Testamento, Editor Geral: Clifton J. Allen. Tradução de Adiel Almeida de Oliveira. 2ª ed. Rio de Janeiro. Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1987, Volume 12
Fonte: SHEKINAH THEOLOGICAL INSTITUTE - Estudo Expositivo sobre as Cartas Universais - www.shekinahny.blogspot.com
Aqui eu Aprendi!
Pastor lendo o que o Senhor postou aqui só me fez reforçar o quanto é tão bom saber ajudar ao nosso próximo, aprender coisas com as pessoas, e ao mesmo tempo aprender a saber quaes e quem são nosso amigo de verdade. Sabe Pastor a vida é muito linda para ser vivida, só que não sei se estou sabendo e se sei viver, depois de muita decepção, sentimentos, viver como se não tivesse mais parentes, porque amigo eu tenho sim, mas mesmo assim conto todas meus pensamentos para Deus. Peço desculpas ao senhor por não ter deixado um comentário sobre o q o Pastor postou.
ResponderExcluirMinha amiga em Cristo Guiomar, que bom encontrar seu comentário por aqui. Você sabe que és uma grande amiga e fique, sempre, a vontade para escrever neste espaço.
ExcluirDeus abençoe.
Pastor Ismael
A legalidade, obediência, empatia, e o amor são a prova do legado deixado , conteúdo bem válido e construtivo que irá somar, empregando tanto na nossa vida material como espiritual.
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