A situação exige um maior acompanhamento e atenção no que se refere ao 'dia a dia' da vida de um líder espiritual.
Sinal Amarelo! ...e os acontecimentos
continuam a nos causar um choque.
Certeza é que há diversos casos não divulgados, relatos que não são comentados e muitos nem conhecidos, mas a situação é de extrema relevância
e necessita de muita atenção. Já é o quarto caso entre líderes religiosos este
mês... “Atenção Igreja!!”
Pastora Lucimari Alves Barro |
Mais um caso de suicídio entre líderes
religiosos que abala o meio evangélico no Brasil. Desta vez, trata-se da
pastora Lucimari Alves Barro, da Igreja do Evangelho Quadrangular, em
Criciúma, Santa Catarina.
A pastora foi encontrada sem vida pendurada
por uma corda nesta quarta-feira (27), e o seu enterro aconteceu nesta
quinta-feira (28), no Cemitério Municipal de Morro da Fumaça em Criciúma.
Este é o quarto caso de suicídio entre religiosos neste mês de dezembro.
pastor Ricardo Moisés, da Igreja Assembleia de Deus e o pastor Júlio César Silva, ex-presidente da Assembleia de Deus Ministério Madureira em Araruama (RJ). |
Um dos casos aconteceu em Cornélio Procópio (PR). O pastor Ricardo
Moisés, da Igreja Assembleia de Deus, se enforcou em sua casa que fica nos
fundos da igreja. Ele tinha 28 anos de idade.
No último dia 12, o pastor Júlio César Silva, ex-presidente
da Assembleia de Deus Ministério Madureira em Araruama (RJ) tirou a própria
vida por enforcamento. O corpo do pastor foi encontrado na varanda de sua casa,
localizada em um condomínio na região nobre do Estado do Rio de Janeiro.
Presbítero João Luiz Tavares foto divulgação internet |
O terceiro suicídio entre líderes religiosos,
aconteceu no último domingo (17) o presbítero João Luiz Tavares, da Igreja
Assembleia de Deus em Iguaba Grande, na Região dos Lagos (RJ), foi encontrado
morto, pendurado em uma árvore do quintal de sua casa.
O corpo do presbítero foi velado na capela de Iguaba
Grande, e o sepultamento ocorreu na segunda (18).
Depressão de pastores é preocupante
Ainda que o motivo dessas mortes não tenha
sido revelado por suas famílias, os números cada vez maiores de pastores
que cometem suicídio têm preocupado instituições em todo o mundo.
O Instituto Schaeffer, dos Estados
Unidos, chegou a pesquisar sobre a saúde mental de líderes religiosos
e revelou que 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e 71%
estão “esgotados” física e mentalmente.
Ainda de acordo com esta pesquisa, 80% dos
pastores acreditam que o ministério pastoral afeta negativamente suas famílias
e 70% dizem não ter um amigo próximo.
Não
se pode falar em uma causa, mas múltiplas causas para que alguém deseje não
mais viver, e não necessariamente, morrer.
'Os casos antes mais esporádicos ou não
noticiados, agora são frequentemente colocados na mídia e tem abalado a Igreja
no Brasil, gerando desde sinceras manifestações de pesar até falas
desrespeitosas e insensíveis.
O suicídio está entre as três maiores causa
de morte entre pessoas com idade entre 15-35 anos. [1]
Segundo o historiador israelense Yuval Noah
Harari, se antes a humanidade sofria baixas consideráveis que dizimavam a
população, a vida moderna consegue dar lugar a obesidade e diabetes, que tem
matado mais que as pestes, fome e guerras de antigamente. Nunca se produziram
tantos programas de culinária, que são assistidos por milhares de pessoas.
O instinto do prazer é exercido em todas as
formas de consumo, e vive-se cada vez mais de forma utilitária e narcisista.
Lembro de uma vez quando estava ministrando palestras sobre o Cuidado aos Cuidadores e o Cuidado de Si numa grande denominação evangélica. Perguntei para quem os pastores ali presentes poderiam ligar tarde da noite, se estivessem precisando de ajuda. O pastor presidente depois me confidenciou: “acho que eu não tenho realmente para quem ligar”.
Um homem invejado por sua posição, poder e bens materiais mas que não tem amigos que se importam e apenas esperam seu resvalo, uma pena!
A Bíblia relata casos de suicídio, sem julgar os envolvidos. Saul, Aitofel (conselheiro de Davi) e Judas são exemplos, além de Sansão, que curiosamente, aparece como um dos heróis da fé (Hebreus 11:32).
Não se pode falar em uma causa, mas múltiplas causas para que alguém deseje não mais viver, e não necessariamente morrer.
Dentre algumas causas possíveis estão o adoecimento psíquico. O suicídio pode se mostrar desde a exposição a situações de perigo deliberadas até como adições. Pastores e pastoras viciados em drogas, álcool, jogos, pornografia ou ativismo religioso, entre outras coisas, mostram o adoecimento e fuga da realidade. Longe de execrar, é necessário cuidar.
Lembro de uma vez quando estava ministrando palestras sobre o Cuidado aos Cuidadores e o Cuidado de Si numa grande denominação evangélica. Perguntei para quem os pastores ali presentes poderiam ligar tarde da noite, se estivessem precisando de ajuda. O pastor presidente depois me confidenciou: “acho que eu não tenho realmente para quem ligar”.
Um homem invejado por sua posição, poder e bens materiais mas que não tem amigos que se importam e apenas esperam seu resvalo, uma pena!
A Bíblia relata casos de suicídio, sem julgar os envolvidos. Saul, Aitofel (conselheiro de Davi) e Judas são exemplos, além de Sansão, que curiosamente, aparece como um dos heróis da fé (Hebreus 11:32).
Não se pode falar em uma causa, mas múltiplas causas para que alguém deseje não mais viver, e não necessariamente morrer.
Dentre algumas causas possíveis estão o adoecimento psíquico. O suicídio pode se mostrar desde a exposição a situações de perigo deliberadas até como adições. Pastores e pastoras viciados em drogas, álcool, jogos, pornografia ou ativismo religioso, entre outras coisas, mostram o adoecimento e fuga da realidade. Longe de execrar, é necessário cuidar.
A depressão, mais do que palavra da moda, é
um adoecimento que rouba as energias, podendo variar da melancolia e da
distimia, aos casos onde é preciso intervenção, medicação e ou internação
psiquiátrica[2]. Sabemos, contudo, que nem toda depressão leva ao suicídio,
felizmente, e há muitos recursos e tratamentos disponíveis.
O esgotamento ou exaustão (burnout) [3] é mais uma das causas de desistência da vida, e aparece mais nas profissões de Relação de Ajuda. Dados oficiais dos EUA,[4] onde foram feitas pesquisas, dão conta que o pastorado está numa faixa das profissões mais perigosas. Paul Tripp, pastor e professor de Aconselhamento escreveu seu livro “Vocações Perigosas” e tem trabalhado com pastores ao redor do mundo, numa perspectiva mais teológica.
No Brasil temos algumas pesquisas mais especificas (Lotufo, [5] Becker,[6] Kühnrich de Oliveira, [7] entre outros), que aliam além de aspectos espirituais as causas sociais, culturais, físicas e emocionais.
Além das questões mais pessoais, ligadas ao emocional, físico, ou espiritual do pastor ou pastora, estão as causas sociais, econômicas, culturais e eclesiais que geram sofrimento e desistência. Peter Scazzero em seus livros tem mostrado bastante desta realidade, que se esconde sob o iceberg cruel que transformou igrejas em empreendimentos de poderio econômico e status social. Não é de admirar portanto, que muitos adoeçam física, emocional e espiritualmente.
Quando a vida é um peso imenso, a opção de deixar de sofrer acena como uma sedutora possibilidade de escape.
Intrigas eclesiais somadas a uma forte idealização da vida pastoral e conflitos (conjugais, familiares, relacionais) acabam gerando questionamentos existenciais, filosóficos e espirituais que se não compartilhados e acolhidos, podem armar “arapucas mentais” que reduzem as possibilidades de olhar além.
A agonia parece superar em muito qualquer possibilidade de vida. Importante conversar sobre o tédio, a náusea e o vazio que os cercam muitos que estão passando por este tipo de provação.
Muitas denominações já estáo trabalhando ou implantando mentorias ou esquemas de suporte, visando trabalhar estas questões.
Muitas vezes intercedi em oração por pastores e pastoras, para que tivessem forças para encontrar uma razão para viver. Se tiver amigos e amigas nestas condições, ore, converse. Importe-se. São nossos irmãos e irmãs.
[1] PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: UM MANUAL PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE EM ATENÇÃO PRIMÁRIA TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS DEPARTAMENTO DE SAÚDE MENTAL Por: Organização Mundial da Saúde, Genebra, 2000
[2] O Dr. Francisco Lotufo Neto, em sua tese de doutorado “Psiquiatria e religião: a prevalência de transtornos mentais entre ministros religiosos”, observou que a depressão é o transtorno mental mais freqüentemente diagnosticado entre ministros (pastores) religiosos. Sinopse da pesquisa disponível AQUI
[3] Oliveira, Roseli M. Kühnrich de. Cuidando de quem Cuida, um olhar de cuidados aos que ministram a Palavra de Deus. Grafar, 2014, 4a. Edição.
[4] Segundo o relatório da Clergy Health Initiative (CHI), os pastores com depressão chegaram a 8,7%, e os casos de ansiedade a 11,1%. A média das demais profissões para ambos os casos (nos Estados Unidos) é de 5,5%.
[5] LOTUFO NETO, F. Psiquiatria e religião. A prevalência de transtornos mentais entre ministros protestantes. Tese. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1977.
[6] Maria Candida Becker, Aconselhamento pastoral na depressão : uma analise psico-teologica do aconselhamento pastoral diante da depressão.
[7] Oliveira, Roseli M. Kühnrich de. Cuidando de quem Cuida, um olhar de cuidados aos que ministram a Palavra de Deus. Grafar, 2014, 4a. edição.
O esgotamento ou exaustão (burnout) [3] é mais uma das causas de desistência da vida, e aparece mais nas profissões de Relação de Ajuda. Dados oficiais dos EUA,[4] onde foram feitas pesquisas, dão conta que o pastorado está numa faixa das profissões mais perigosas. Paul Tripp, pastor e professor de Aconselhamento escreveu seu livro “Vocações Perigosas” e tem trabalhado com pastores ao redor do mundo, numa perspectiva mais teológica.
No Brasil temos algumas pesquisas mais especificas (Lotufo, [5] Becker,[6] Kühnrich de Oliveira, [7] entre outros), que aliam além de aspectos espirituais as causas sociais, culturais, físicas e emocionais.
Além das questões mais pessoais, ligadas ao emocional, físico, ou espiritual do pastor ou pastora, estão as causas sociais, econômicas, culturais e eclesiais que geram sofrimento e desistência. Peter Scazzero em seus livros tem mostrado bastante desta realidade, que se esconde sob o iceberg cruel que transformou igrejas em empreendimentos de poderio econômico e status social. Não é de admirar portanto, que muitos adoeçam física, emocional e espiritualmente.
Quando a vida é um peso imenso, a opção de deixar de sofrer acena como uma sedutora possibilidade de escape.
Intrigas eclesiais somadas a uma forte idealização da vida pastoral e conflitos (conjugais, familiares, relacionais) acabam gerando questionamentos existenciais, filosóficos e espirituais que se não compartilhados e acolhidos, podem armar “arapucas mentais” que reduzem as possibilidades de olhar além.
A agonia parece superar em muito qualquer possibilidade de vida. Importante conversar sobre o tédio, a náusea e o vazio que os cercam muitos que estão passando por este tipo de provação.
Muitas denominações já estáo trabalhando ou implantando mentorias ou esquemas de suporte, visando trabalhar estas questões.
Muitas vezes intercedi em oração por pastores e pastoras, para que tivessem forças para encontrar uma razão para viver. Se tiver amigos e amigas nestas condições, ore, converse. Importe-se. São nossos irmãos e irmãs.
[1] PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: UM MANUAL PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE EM ATENÇÃO PRIMÁRIA TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS DEPARTAMENTO DE SAÚDE MENTAL Por: Organização Mundial da Saúde, Genebra, 2000
[2] O Dr. Francisco Lotufo Neto, em sua tese de doutorado “Psiquiatria e religião: a prevalência de transtornos mentais entre ministros religiosos”, observou que a depressão é o transtorno mental mais freqüentemente diagnosticado entre ministros (pastores) religiosos. Sinopse da pesquisa disponível AQUI
[3] Oliveira, Roseli M. Kühnrich de. Cuidando de quem Cuida, um olhar de cuidados aos que ministram a Palavra de Deus. Grafar, 2014, 4a. Edição.
[4] Segundo o relatório da Clergy Health Initiative (CHI), os pastores com depressão chegaram a 8,7%, e os casos de ansiedade a 11,1%. A média das demais profissões para ambos os casos (nos Estados Unidos) é de 5,5%.
[5] LOTUFO NETO, F. Psiquiatria e religião. A prevalência de transtornos mentais entre ministros protestantes. Tese. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1977.
[6] Maria Candida Becker, Aconselhamento pastoral na depressão : uma analise psico-teologica do aconselhamento pastoral diante da depressão.
[7] Oliveira, Roseli M. Kühnrich de. Cuidando de quem Cuida, um olhar de cuidados aos que ministram a Palavra de Deus. Grafar, 2014, 4a. edição.
Fonte:
GOSPELPRIME - https://artigos.gospelprime.com.br/suicidio-e-pastorado-dores-e-sofrimentos-a-beira-do-precipicio/
- https://noticias.gospelprime.com.br/por-que-os-pastores-estao-cometendo-suicidio/
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