I. DOENÇAS, PERDÃO E CURA
1. Culpa, perdão e cura.
Certa
vez, Jesus disse a um paralítico que o perdoava, e os escribas e fariseus
murmuraram entre si: “Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar
pecados, senão Deus?” (Lc 5.21). Foi por causa dessa incredulidade que o Senhor
propôs: “Qual é mais fácil? Dizer: Os teus pecados te são perdoados, ou dizer:
Levanta-te e anda?” (Lc 5.23).
As
palavras de Jesus provocaram espanto na cidade de Cafarnaum. Antes de declarar
o paralítico curado, Jesus primeiramente proferiu uma palavra de perdão. No
contexto do Antigo Testamento, o pecado e as doenças eram conceitos
inter-relacionados (Sl 103.3). Essa era a crença popular de Israel nos dias de
Jesus, e o contexto mostra que o paralítico também pensava assim. O ensino
neotestamentário revelará que, de fato, há uma relação entre o pecado e as
doenças (Jo 5.14; Tg 5.15,16). Todavia, devemos observar que nem sempre a lei
de causa e efeito pode ser usada para justificar determinadas doenças ou fatos
ocorridos (Jo 9.1,2; Lc 13.1-5). Na narrativa lucana, Jesus, o Filho do Homem,
demonstrou o seu poder tratando o problema da alma, removendo a culpa e depois
cuidou do corpo, removendo a enfermidade (Lc 5.24).
No Evangelho de Lucas encontramos vários relatos de curas milagrosas e de pessoas sendo ressuscitadas. Não há por parte do evangelista a preocupação de provar que milagres existem. As fontes as quais ele pesquisou e as pessoas as quais consultou detalharam o que ouviram e viram Jesus fazer. Jesus não curava e ressuscitava as pessoas de entre os mortos para provar alguma coisa. Antes Ele as curava por ser o Filho de Deus.
2. A ação de Satanás.
É um fato bíblico que toda doença e enfermidade existem como
consequência da entrada do pecado no mundo (Gn 2.17). Por outro lado, a
Escritura mostra também que há enfermidades que vem por conta do julgamento de
um pecado pessoal (1Co 5.5; 11.30) enquanto outras, como demonstra Lucas, estão
associadas à ação de Satanás (Lc 13.10,11). Embora nem toda doença possa ser
atribuída à ação de demônios, todavia esse era o caso aqui. Quando confrontou o
chefe da sinagoga, Jesus deixou claro essa verdade (Lc 13.16). Jesus demonstrou Seu Poder sobre a enfermidade e sobre aquele que a causara, Satanás.
Possessão
Demoníaca
A
possessão demoníaca é um fenômeno que parece ter ocorrido com mais freqüência
na época de Cristo. Das 26 pessoas curadas por Cristo, seis são mencionadas
como tendo sido possuídas por demônios. Muitas outras pessoas sem nenhuma
enfermidade física aparente foram libertas de opressão demoníaca (Mt 8.16; Mc
1.34,39; Lc 6.18). Pouca ou nenhuma menção é feita à possessão demoníaca no A.T.
Cristo e o N.T parecem distinguir entre as doenças comuns e aquelas que são
acompanhadas pela possessão demoníaca (Mt 10.8; Mc 1.34; At 5.16). A possessão
demoníaca podia ser acompanhada por sintomas físicos (por exemplo: cegueira,
surdez e mudez, Mt 12.22; Mc 9.25), manifestações neurológicas (epilepsia, Lc 9.39,42), ou sintomas mentais (Lc 4.33; 8.27; Mc 7.25). O
diagnóstico da possessão demoníaca, porém, levanta alguns problemas difíceis. O
que a distinguia das doenças naturais? Como uma pessoa poderia reconhecê-la
como tal? Se não há nenhuma característica distinta que tipifique a condição,
elas são tendências suicidas e o uso da pessoa pelo demônio como porta-voz. Por
outro lado, nas Escrituras, a doença física é freqüentemente atribuída a
Satanás. Cristo falou da mulher que andava curvada como alguém a quem
"Satanás mantinha presa" (Lc 13.16). Ela estava possuída por demônios?
Jesus não se dirigiu a nenhum demônio quando a curou. A solução
sugerida por A Rendle Short é a seguinte: "Não é que os escribas e
fariseus e as pessoas comuns diagnosticassem a possessão demoníaca com muita
freqüência; o fato é que suas ideias eram muito imaturas, e eles falhavam em
reconhecer que poderia existir uma obra do diabo muito mais ampla" (The
Bible and Modem Medicine, p. 121). Se isto é verdade, então pode não ser sempre
possível encontrar sinais específicos para diagnosticar e distinguir a possessão
demoníaca de outras doenças.
O perdão é terapêutico. Muitas doenças são resultado da falta de perdão, de mágoas e ressentimentos.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“O poder de Deus repousa sobre Jesus de forma que Ele possa curar os doentes. ‘A virtude [poder] do Senhor’ (Lc 5.17) é outra maneira que Lucas tem de falar sobre a unção do Espírito. Jesus não precisa de endosso de líderes religiosos para o seu ministério; o Espírito lhe concede autoridade para curar os doentes. Vemos esta autoridade quando quatro homens levam um paralítico para Ele. Jesus está numa casa, e grande multidão barra o acesso. Mas pela persistência dos companheiros do paralítico, ele é descido pelo telhado da casa à presença de Jesus. Não há dúvida de que a multidão espera um milagre; sua reputação como aquEle que cura já tinha se espalhado (Lc 4.40-44).
Em vez de curá-lo, Jesus pronuncia que os pecados do paralítico estão perdoados. Jesus reconhece a fé dos quatro companheiros, destacando pela primeira vez a importância da fé nos milagres (Lc 7.9; 8.25,48,50; 17.19; 18.42). O foco está na fé destes amigos, mas a fé do paralítico tem uma lição profunda. Ele precisa de ajuda física e espiritual de Jesus. Ele não recebe apenas a cura para o corpo, mas também o perdão dos pecados. Salvação plena e completa que abrange as bênçãos espirituais e físicas depende da fé”
(Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. 1ª Edição. RJ, CPAD, p.345).
II. RAZÕES PARA CURAR
1. A compaixão.
Os
Evangelhos mostram que uma das razões da cura dos enfermos no ministério de
Jesus estava em sua capacidade de demonstrar compaixão (Lc 5.12,13).
Você sabe
o que significa compaixão?
Segundo o Dicionário Houaiss, significa:
“sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem,
acompanhado do desejo de minorá-la”.
Jesus se identifica com o sofrimento
humano. Ele cura as enfermidades porque é misericordioso (Mc 3.5; Mt 20.34). E
você? Diante dos enfermos e necessitados, tem se mostrado compassivo?
Precisamos ser cheios do Espírito Santo para que nossos corações sejam repletos
de compaixão pelo próximo.
2. Manifestação messiânica.
Lucas
registra que em uma de suas visitas à cidade de Jericó, Jesus teve um encontro
com um mendigo cego (Lc 18.38-42). O relato nos revela outra razão para as
curas no ministério de Jesus — a revelação da sua natureza messiânica. O
título: “Filho de Davi” usado pelo mendigo era uma clara alusão ao Messias
prometido como mostram outros textos bíblicos (Mt 1.1; 12.23; 22.42). Era uma
atribuição do Messias curar os doentes (Is 61.1; Lc 4.18). De acordo com
Mateus, o Messias tomou sobre si, vicariamente, as nossas doenças e
enfermidades (Is 53.4,5; Mt 8.14-17).
Missão Messiânica
Lucas parte do princípio de que Jesus é o Messias prometido nas Sagradas Escrituras e que Ele havia sido capacitado pelo Espírito Santo para realizar as obras de Deus (Lc 4.16-18; Is 61.1,2). Mais uma vez a teologia carismática de Lucas fica em destaque. Na cura do paralítico de Cafarnaum, Lucas destaca que “o poder do Senhor estava com ele para curar” (Lc 5.17). O poder do Senhor é um sinônimo para a unção do Espírito Santo (At 10.38). Por outro lado, na ressurreição do filho da viúva de Naim, Lucas observa que o povo exclamou: “Grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo” (Lc 7.16). Não há dúvida de que esse grande profeta é uma referência messiânica encontrada em Deuteronômio: “Suscitar-lhe-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” (Dt 18.15-19).
As curas e milagres de ressurreição de mortos efetuados por Jesus, portanto, faziam parte da sua revelação messiânica e a demonstração da compaixão e do amor de Deus. “E aconteceu, pouco depois, ir ele à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos e uma grande multidão. E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam) e disse: Jovem, eu te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se e começou a falar. E entregou-o à sua mãe. E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo” (Lc 7.11-16).
Os MILAGRES
Os Evangelhos registram 35 milagres separados realizados por Cristo; entre estes,
Mateus cita 20; Marcos, 18; Lucas, 20; e João, 7. Não se deve concluir,
entretanto, que o Senhor só realizou estes milagres. Mateus, por exemplo,
relembra 12 ocasiões em que o Senhor Jesus realizou várias maravilhas (4.23-24;
8.16; 9.35; 10.1,8; 11.4,5; 11.20-24; 12.15; 14.14; 14.36; 15.30; 19.2; 21.14).
Obviamente os escritores dos Evangelhos simplesmente escolheram os milagres de
acordo com o seu objetivo, dentre os inúmeros que foram realizados pelo Senhor Jesus. Há muitas formas de organizar os milagres individuais registrados nos
Evangelhos, dependendo do propósito do comentarista. Pode ser de grande valia
enumerá-los em sua ordem de ocorrência, tanto quanto for possível. Os milagres
em negrito são os narrados por Lucas.
1.
A transformação da água em vinho (Jo 2.1-11)
2.
A cura do filho de um nobre em Cana (Jo 4.46-54)
3.
A cura um paralítico no tanque de Betesda (Jo 5.1-9)
4. A primeira pesca miraculosa (Lc 5.1-11)
5. A libertação de um endemoninhado na sinagoga (Mc
1.23-28; Lc 4.31-36)
6. A cura da sogra de Pedro (Mt 8.14,15; Mc 1.29-31; Lc
4.38,39)
7. A purificação de um leproso (Mt 8.2-4; Mc 1.40-45; Lc
5.12-16)
8. A cura de um paralítico (Mt 9.2-8; Mc 2.3-12; Lc
5.18-26)
9. A cura de um homem que tinha uma das mãos mirrada (Mt
12.9-13; Mc 3.1-5; Lc 6.6-10)
10. A cura do servo do centurião (Mt 8.5-13; Lc 7.1-10)
11. Jesus ressuscita o filho de uma viúva (Lc 7.11-15)
12. A cura de um endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22; Lc
11.14)
13. Jesus acalma uma tempestade (Mt 8.18,23-27; Mc
4.35-41; Lc 8.22-25)
14. A libertação de um endemoninhado gadareno (Mt
8.28-34; Mc 5.1-20; Lc 8.26-39)
15. A cura da mulher que tinha um fluxo de sangue (Mt
9.20-22; Mc 5.25-34; Lc 8.43-48)
16. Jesus ressuscita a filha de Jairo (Mt 9.18,19,23-26;
Mc 5.22-24,35-43; Lc 8.41, 42,49-56)
17.
A cura de dois cegos (Mt 9.27-31)
18.
A libertação de um mudo (Mt 9.32,33)
19. Jesus alimenta mais de 5 mil pessoas (Mt 14.14-21; Mc
6.34-44; Lc 9.12-17; Jo 6.5-13)
20.
Jesus anda sobre as águas (Mt 14.24-33; Mc 6.45-52; Jo 6.16-21)
21.
Jesus expulsa o demônio da filha de uma mulher siro-fenícia (Mt 15.21-28; Mc
7.24-30)
22.
A cura de um surdo-mudo em Decápolis (Mc 7.31-37)
23.
Jesus alimenta mais de 4 mil pessoas (Mt 15.32-39; Mc 8.1-9)
24.
A cura de um cego em Betsaida (Mc 8.22-26)
25. A libertação de um garoto (Mt 17.14-18; Mc 9.14-29;
Lc 9.38-42)
26.
Encontrando o dinheiro do tributo (Mt 17.24-27)
27.
A cura de um cego de nascença (Jo 9.1-7)
28. A cura de uma mulher em um sábado (Lc 13.10-17)
29. A cura de um hidrópico (Lc 14.1-6)
30.
Jesus ressuscita Lázaro (Jo 11.17-44)
31. A purificação dos 10 leprosos (Lc 17.11-19)
32. A cura do cego Bartímeu (Mt 20.29-34; Mc 10.46-52; Lc
18.35-43)
33.
Jesus amaldiçoa a figueira (Mt 21.18,19; Mc 11.12-14)
34.
A restauração da orelha de Malco (Lc 22.49-51; Jo 18.10)
35.
A segunda pesca maravilhosa (Jo 21.1-11)
SUBSÍDIO DIDÁTICO
“O que movia Jesus a curar as pessoas?”.
- Jesus era movido pela compaixão e misericórdia para com os carentes.
“No Novo Testamento, a palavra ‘misericórdia’ é a tradução da palavra grega eleos ou ‘piedade, compaixão, misericórdia’ (veja seu uso em Lucas 10.37), e oiktirmos, isto é, ‘companheirismo em meio ao sofrimento’.
No Antigo Testamento, representa duas raízes distintas: rehem, (que pode significar maciez), ‘o ventre’, referindo-se, portanto, à compaixão materna (1Rs 3.26, ‘entranhas’), e hesed, que significa força permanente (Sl 59.16) ou ‘mútua obrigação ou solidariedade das partes relacionadas’ — portanto, lealdade. A primeira forma expressa a bondade de Deus, particularmente em relação àqueles que estão em dificuldade (Gn 43.14; Êx 34.6). A segunda expressa a fidelidade do Senhor, ou laços pelos quais ‘pertencemos’ ou ‘fazemos parte’ do grupo de seus filhos. Seu permanente e imutável amor está subentendido, e se expressa através do termo berit, que significa ‘aliança’ ou ‘testamento’”
(Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Ediçãp. RJ: CPAD, 2010, p.1290).
III. AUTORIDADE PARA CURAR
1.
Autoridade recebida.
Lucas, mais
do que todos os outros evangelistas, associa a pessoa do Espírito Santo ao
ministério de cura de Jesus (Lc 4.16-18). O texto de Lucas 5.17 diz que antes
da cura do paralítico de Cafarnaum a “virtude do Senhor estava com ele para
curar” (Lc 5.17). A palavra “virtude”, do grego dynamis é a mesma usada em Atos 1.8 para se
referir ao poder do Espírito Santo. Dymanis é o poder do Espírito Santo para
realizar milagres. Jesus curava os enfermos porque a unção do Espírito Santo
estava sobre Ele. Esse é um fato relevante na teologia de Lucas. Ele retrata
Jesus como sendo cheio do Espírito Santo (Lc 4.1), capacitado por esse mesmo
Espírito para realizar milagres e também para curar os doentes (Lc 4.14; 5.17).
2.
Autoridade delegada.
Se por um
lado Jesus é capacitado pelo Espírito Santo para realizar milagres, por outro,
Ele dá esse mesmo poder aos seus discípulos. Tendo o Mestre convocado os Doze,
concedeu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem
curas. Também os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos (Lc
9.1,2). Aquilo que Jesus começou a fazer pelo poder do Espírito Santo teria
continuidade através de seus seguidores. O Senhor delegou à Igreja o mesmo
poder que estava sobre si (Lc 9.1,2; 10.9,18,19; At 1.8; 4.8; 13.9). Dessa
forma a Igreja estaria capacitada a cumprir a sua missão. Quando a Igreja
negligencia a Terceira Pessoa da Trindade, perde não somente o seu foco, mas
também a sua identidade.
A
Manifestação do Reino de Deus
Os
milagres de Jesus na perspectiva lucana devem ser também entendidos como a
manifestação da vinda do reino de Deus. Em Lucas, a expressão “Reino de Deus”
deve ser entendida como sendo o domínio de Deus (Lc 17.20,21). Ao curar os
enfermos e ressuscitar os mortos, Jesus demonstrava que o Reino de Deus havia
chegado: “Também os enviou a pregar o reino de Deus e curar os enfermos” (Lc
9.2); “Falava-lhes a respeito do reino de Deus e socorria os que tinham
necessidade de cura” (Lc 9.11). No Evangelho de Mateus essa mensagem acerca do
reino de Deus, além da cura dos enfermos envolve também a ressurreição dos
mortos (Mt 10.8).
É uma verdade bíblica que as doenças e a morte existem por causa da entrada do
pecado no mundo. Isso não significa dizer que toda e qualquer doença fosse
resultante de um pecado pessoal. Os evangelhos mostram que haviam doenças que
poderiam advir como consequência de um pecado pessoal, como no caso da cura do
paralítico no tanque de Betesda (Jo 5.14, veja também 1 Co 11.27-31). Mas nem
todas as enfermidades e doenças estavam necessariamente associadas a algum tipo
de pecado ou punição pessoal (Jo 9.1-3). No caso do cego do capítulo nove do
Evangelho de João, Jesus afirmou que nem o doente nem seus pais haviam pecado
para que ele nascesse cego! Em outras palavras, a lei de causa e efeito do
pecado e suas consequências não pode ser aplicada aqui para explicar a razão da
cegueira daquele homem. O certo é que a sua cegueira existia, não como
consequência de um pecado pessoal, mas em razão da queda! O relato da cura do
paralítico de Cafarnaum é emblemático no evangelho de Lucas (Lc 5.17-26).
“E
aconteceu que, em um daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali assentados
fariseus e doutores da lei que tinham vindo de todas as aldeias da Galileia, e
da Judeia, e de Jerusalém. E a virtude do Senhor estava com ele para curar. E
eis que uns homens transportaram numa cama um homem que estava paralítico e
procuravam fazê-lo entrar e pô-lo diante dele. E, não achando por onde o
pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado e, por entre as
telhas, o baixaram com a cama até ao meio, diante de Jesus. E, vendo-lhes a fé,
Jesus disse ao paralítico: Homem, os teus pecados te são perdoados. E os
escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz
blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? Jesus, porém, conhecendo os
seus pensamentos, respondeu e disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração? Qual
é mais fácil? Dizer: Os teus pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te e
anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra poder de
perdoar pecados (disse ao paralítico), eu te digo: Levanta-te, toma a tua cama
e vai para tua casa. E, levantando-se logo diante deles e tomando a cama em que
estava deitado, foi para sua casa glorificando a Deus. E todos ficaram
maravilhados, e glorificaram a Deus, e ficaram cheios de temor, dizendo: Hoje,
vimos prodígios” (Lc 5.17-26).
Antes
de tratar do problema físico do paralítico, Jesus primeiramente tratou da sua
alma. O texto não nos permite deduzir que esse homem encontrava-se assim em
razão de algum pecado pessoal. Mas por outro lado, o contexto não deixa dúvidas
de que aquele pobre moribundo, além da doença física também carregava consigo a
culpa. De outra forma não teria sentido as palavras que Jesus dirigiu a ele:
“Os teus pecados te são perdoados” (Lc 5.23). O seu estado demonstrava que a
sua necessidade imediata era de cura e não de perdão, mas o Senhor não o viu
assim. Antes resolveu o problema da culpa, dando-lhe uma palavra de perdão e
somente depois cuidou também de curar o seu corpo: “Levanta-te, toma a tua cama
e vai para tua casa” (Lc 5.23).
Autoridade para Curar
Jesus embarca num ministério como o descrito em Lucas 4.18,19. Depois de sua rejeição na sinagoga de Nazaré, Ele vai para Cafarnaum, a cerca de trinta e dois quilômetros de distância. Esta cidade está na orla do mar da Galileia e serve de base para o ministério de Jesus na Galileia. Ele ‘desceu’, o que expressa adequadamente a descida de Nazaré a Cafarnaum, localizado ao nível do mar.
A narrativa de Lucas sobre o ministério de Jesus em Cafarnaum concentra-se nos atos poderosos de Jesus acompanhados pelo poder e autoridade do Salvador. A expulsão de um demônio que estava num homem (Lc 4.33-37), a cura da sogra de Pedro (Lc 4.38,39) e várias outras curas à tardinha (Lc 4.40,41) são atos da compaixão para com pessoas em necessidades desesperadora.
Os primeiros dois milagres implicam poder na palavra de Jesus, e os outros, seu toque curativo. Seu ensino e milagres exprimem sua autoridade profética e carismática.
(Comentário Bíblico Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, pp.340,41)
IV. A REDENÇÃO DO NOSSO CORPO
1.
O reino presente.
Jesus não apenas demonstrou poder sobre as doenças e
enfermidades, mas também sobre a própria morte (Lc 8.53-55). Um dos aspectos da
manifestação do Reino de Deus, isto é, o domínio de Deus entre os homens, era a
sua realidade já presente (Lc 17.20,21). As curas e ressurreições de mortos
atestavam isso (Lc 7.22). Jesus veio para destruir o poder do pecado e vencer a
morte!
2.
O reino futuro.
Se por um lado temos o Reino de Deus em seu aspecto presente,
por outro temos o seu aspecto futuro (Lc 21.31; 23.43). Como vimos, as curas
dos doentes e a ressurreição dos mortos registradas nos Evangelhos demonstravam
a realidade presente do Reino. Mas a realidade do Reino não foi manifesta em
sua totalidade. Pessoas continuam ainda lutando com doenças e mesmo aqueles que
foram ressuscitados por Cristo morreram posteriormente. O Reino em sua
plenitude só se consumará na segunda vinda de nosso Senhor, quando teremos a
redenção do nosso corpo e nunca mais haverá morte (Ap 21.4).
A
Cura e a Expiação
Esses
milagres efetuados por Jesus durante o seu ministério público estavam, sem
dúvida alguma, associados à sua missão vicária. Dizendo isso de uma outra
forma, o testemunho dos Evangelhos é que Jesus levou sobre si as nossas doenças
e enfermidades. Isso significa dizer que a cura faz parte da expiação (Mt
8.16-17). “E, chegada à tarde, trouxe- ram-lhe muitos endemoninhados, e ele,
com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam
enfermos, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz:
Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças” (Mt
8.16,17).
Ao
afirmar que a cura faz parte da expiação, não significa dizer que todos serão
curados. Da mesma forma, nem todos vão ser salvos embora a salvação também faça
parte da expiação. A santidade do crente também foi conquistada na cruz. Ela,
portanto, faz parte da expiação, embora nem todos vivam santamente. E
paradoxal, mas é bíblico. A doutrina da expiação de Cristo nos dá uma base
segura para crermos na salvação da nossa alma e na cura de nosso corpo. Todas
as bênçãos de Deus para nós, providas por Cristo, foram possíveis através de
seu sacrifício vicário. Não há bênção fora da expiação!
Um dia Jesus vai redimir o nosso corpo e não estaremos mais sujeitos às enfermidades e à morte.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A ressurreição de Cristo mediante o Espírito é a garantia de que seremos ressuscitados e transformados de tal maneira que nosso corpo ressuscitado será imortal e incorruptível” (1Co 15.42-44,47,48,50-54).
“Nosso corpo ressurreto será semelhante ao Seu (Fp 3.21). Embora Deus tenha criado a humanidade à sua semelhança, e que a imagem divina no homem haja continuado a existir depois da queda (Gn 9.6), somos informados que Adão ‘gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem’ (Gn 5.3). Por isso, Paulo diz: ’Assim como trouxemos a imagem do [homem] terreno, assim traremos também a imagem do [homem] celestial‘ (1Co 14.49). Nosso novo corpo será tão diferente do atual quanto a planta é diferente da semente (1Co 15.37).
O corpo ressurreto do crente também é descrito como ‘espiritual’ em contraste com o nosso corpo ‘natural’. Geralmente concorda-se que ‘espiritual’ (gr. pneumatikon) não significa ‘consistente em espírito’, pois esse corpo não é imaterial, etéreo ou sem densidade. Os discípulos sabiam por sua própria experiência que o corpo ressurreto de Cristo era real e palpável — não era fantasma, mas diferente, ajustável tanto à terra quanto ao céu, e não limitado às atuais condições de tempo e de espaço. Por isso, nosso corpo ressurreto é chamado ‘celestial’ (gr. epouranios).
Embora o corpo presente seja terreno, natural, com as mesmas limitações que Adão tinha depois da queda, o corpo ressurreto adotará qualidades e glórias sobrenaturais. Embora ainda sejamos seres infinitos, totalmente dependentes de Deus, nosso corpo será um instrumento perfeito para capacitar-nos a corresponder ao Espírito Santo de maneiras novas e maravilhosas”
(HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, pp.615,616).
Ao curar os doentes e dar vida aos mortos, o Senhor Jesus mostrou o seu poder sobre o pecado e suas consequências. As pessoas que presenciavam o Filho do Homem realizar sinais e maravilhas exclamavam admiradas: “Deus visitou o seu povo” (Lc 7.16). Deus visitou um povo esquecido, sofredor, carente, oprimido e sem esperanças! Sim, o Verbo havia se tornado carne para participar dos sofrimentos humanos. Ele tem poder para curar as doenças físicas e espirituais da humanidade (Lc 9.11).
PARA REFLETIR
Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:
Qual era a concepção do judaísmo sobre as doenças?
No judaísmo havia a tendência de ligar a doença ao pecado e também à ira divina. Sabemos que as enfermidades tiveram sua origem na Queda, porém não podemos considerar que toda enfermidade é resultado do pecado ou fruto de ação demoníaca.
De acordo com a lição, por que Jesus curava os doentes?
Ele curava movido pela compaixão.
A cura do cego de Jericó revela outra razão para as curas. Qual seria?
A revelação da natureza messiânica do Senhor.
Por que nosso corpo continua vulnerável às doenças?
Porque ainda não recebemos um corpo glorificado.
Você crê que Jesus continua a curar os enfermos?
Resposta pessoal. Jesus não mudou, Ele continua a curar os enfermos e a libertar os oprimidos.
Fontes:
José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Ed.CPAD
Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. José Gonçalves - Livro de Apoio Ed.CPAD
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol 1.CPAD
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD
Dicionário da Bíblia John Davis. Editora Hagnos
A Cura na Expiação - Livro Defendendo o Verdadeiro Evangelho. José Gonçalves-CPAD
Relação dos Milagres - Bíblia Anotada_Charles Ryrie pg.1663 / e /
Dicionário John Davis pg.395
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD
Revista Ensinador Cristão - CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Defesa da Fé
Sugestão de Leitura:
Aqui eu Aprendi!
Jesus realizou muitos milagres, de cura e libertação fez Lázaro sair do túmolo, fez segos enchergar.curou um homem com uma mão smirr, fez doentes se levantar uma menina que sua mãe disse que estava morta, Jesus se acalmou dizendo que a menina estava dormindo curou um homem indemoniado, o milagre da água que se trans formou em vinho.
ResponderExcluirO Senhor Jesus morreu em nosso lugar, ressuscitou e venceu a morte e o pecado que foi o que introduziu a morte e as doencas; logo nao precisamos mais aceitar as doencas, Ele curou a TODOS os que tinham fé e nos deu autoridade para fazer o mesmo.
ResponderExcluirEsta autoridade antes doada a satanas pelo homem agora nos foi reentregue pelo Senhor Jesus! Não precisamos pedir a Deus para curar, mas devemos usar a autoridade antes perdida mas resgatada por Jesus, razao pela qual oramos em nome Dele. Ex: Disse Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande”. Segurando-o pela mão direita, ajudou-o a levantar-se, e imediatamente os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes.
Atos 3:6-7 NVI. Ele não pediu a Deus em nome de Jesus, mas usou sua própria autoridade em nome de Jesus
Obrigado pela participação Leo Campos. Mas, por favor, me diga onde está escrito na Bíblia – “esta autoridade antes doada a satanás pelo homem...”
ExcluirTambém não entendi quando escreve - “não precisamos pedir a Deus para curar...”
Por acaso agora fazemos tudo sozinhos? Não precisamos mais de Deus?
A Palavra diz que Tudo que pedirmos ao Filho, Ele nos concederá - E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. João 14:13 -
A Palavra também nos diz que sem Jesus nada poderemos fazer - Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. João 15:5 -
Veja que a autoridade está com Jesus; no nome de Jesus,
- E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Mateus 28:18 -
- Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Filipenses 2:9 -
- Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; Efésios 1:20-21 -
Não podemos tirar a autoridade que está no nome de Jesus, e a Graça da Presença do Espírito Santo entre nós;
– E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome (de JESUS) expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém. Marcos 16:17-20 –
Necessitamos muito da Presença do SENHOR em tudo que formos fazer.
Tenhamos cuidado para não tomarmos a posição que é de Deus.
Abraço fraterno
Pastor Ismael