“E também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades [...] e muitas outras que o serviam com suas fazendas” Lucas 8.2,3
Não há dúvidas que Jesus Cristo
quebrou vários paradigmas em relação às mulheres do seu tempo. Na Palestina
Antiga não havia sacerdotisas, isto é, a hierarquia religiosa judaica era
formada por homens. Logo, toda a concepção de moral, de ética e de costume em
relação à mulher era decidida por intermédio da perspectiva religiosa
masculina. Isso nos faz compreender o porquê de um rabino não se comunicar com
mulheres; a genealogia das muitas mulheres não serem mencionadas na Bíblia;
outras mulheres não entrarem nos livros de genealogias.
Mais interessante ainda é quando
olhamos para a genealogia de Jesus e, lá, encontrarmos uma mulher como Raabe.
Todo estudante da Bíblia sabe que Raabe fora uma prostituta da cidade de Jericó
e que somente sobreviveu ao ataque do povo de Israel porque escondeu os vigias
israelitas. Uma ex-prostituta na genealogia do salvador do mundo!
E Rute, uma estrangeira, adoradora
de outros deuses, mas que graciosamente foi acolhida na família de Israel,
entrando para a genealogia do Messias desejado das nações.
E Bete-Seba, citada na genealogia
de Mateus (1.6), mãe do rei Salomão. Uma mulher que fora amante do rei Davi,
naturalmente temos de levar em conta todas as circunstâncias sociais e política
da época, agora contemplada como uma das mulheres presentes na genealogia de
Jesus. E o que falar de Maria, a mãe do
meio nazareno? A bendita entre as mulheres, mui amada pelo nosso Deus. O seu
ventre concebeu e deu à luz o menino Jesus, o nosso Salvador. E as mulheres que
subsidiavam o ministério de Jesus? E a mulher samaritana? Enfim, o ministério
terreno de Jesus foi de encontro com diversas mulheres, que ao encontrá-lo,
sentiram-se acolhidas por Ele.
Em Jesus, o homem não tem mais uma
relação de domínio sobre a mulher, mas de parceria e de ajuda mútua. Leia o
versículo 21 do capítulo 5 de Efésios. Ali, o apóstolo nos diz que ser “cheios
do Espírito”, inevitavelmente, nos levaria a sermos submissos uns aos outros em
amor. Em seguida, o apóstolo escreveu sobre a relação da esposa com o esposo, e
deste para com aquela. Como consequência natural do versículo 21, não é difícil
compreender que tanto a esposa deve se submeter ao esposo em amor quanto o
esposo deve submeter-se a esposa, amando-a como Cristo amou a Igreja e
entregou-se por ela. Em Jesus, a posição da mulher é outra. Ele a honrou!
Revista
Ensinador Cristão. Editora CPAD. Ano 16 -
N° 62
COMENTÁRIO
As mulheres tiveram uma participação especial no ministério de Jesus. O
Mestre foi para as mulheres judias não somente o Salvador, mas aquEle que resgatou
a dignidade da condição social feminina. Nos dias de Jesus, os rabinos se
recusavam a ensinar as mulheres. Era atribuída a mulher uma condição social
inferior. Jesus não somente as ensinou, mas as teve como amigas (Marta e
Maria), as libertou dos poderes de demônios (Maria Madalena), como também as
evangelizou (a mulher samaritana). Jesus valorizou as mulheres como ninguém
jamais o fez e ainda concedeu a elas o privilégio de poderem contribuir
financeiramente para a expansão do Reino. [1]
A mulher sempre teve um papel importante na expansão do Reino de Deus.
INTRODUÇÃO
Ao longo dos séculos, em muitos
lugares, as mulheres foram tratadas como objetos e estiveram à margem da
sociedade. As mulheres ainda são, em algumas culturas, consideradas seres
inferiores e por isso são discriminadas. Na cultura oriental, a qual pertenceu
Jesus de Nazaré, era assim também que se enxergava as mulheres.
Um dos fatos que fica logo patente
no Evangelho de Lucas é o tratamento que Jesus dispensou às mulheres. Essas
mulheres esquecidas, discriminadas e maltratadas encontraram no Mestre a
manifestação do amor de Deus. A forma que elas encontraram para retribuir foi
segui-lo e servi-lo com seus bens. Um exemplo a todos aqueles que querem também
agradar a Deus. [1]
I. JESUS, O
JUDAÍSMO E AS MULHERES
1. A presença
feminina no ministério de Jesus.
O livro do médico amado
"Dr.Lucas", tem sido chamado “O Evangelho da Mulher”. O motivo: a
extrema consideração e valorização que Jesus concede às mulheres se ressaltarem
nos relatos neste Evangelho.
O Novo Testamento dá amplo destaque à presença
feminina no ministério de Jesus. O terceiro Evangelho põe essa realidade em
relevo.
Lucas escreve acerca de muitas delas. A lista é
extensa:
Maria, a mãe de Jesus, e
Isabel, a mãe de João Batista - Lc 1 e 2
Ana, a profetisa - Lc 2 36-38
a sogra de Pedro, curada da
febre - Lc 4 38-41
A viúva de Naim - Lc 7 11-18
a mulher pecadora (na casa de
Simão) que ungiu o nosso Senhor - Lc 7 36-50
Maria Madalena, curada de
espíritos malignos - Lc 8.2
a mulher do fluxo de sangue -
Lc 8 43-48
Joana, a mulher de Cuza,
procurador de Herodes, juntamente com Suzana, cujo nome significa
"Lirio", seguidoras que serviam com seus bens - Lc 8.3; Lc 24.10
Maria (irmã de Marta e
Lázaro), o cuidado da Família, e a excelente escolha "a boa parte",
Lc 10 38-42
A mulher dentre a multidão –
Lc 11 27-28
a mulher encurvada, a dezoito
anos - Lc 13 10-17
a mulher, na parábola da moeda
perdida – Lc 15 8-10
a viúva que pedia justiça, a
parábola da perseverante oração - Lc 18 1-8
a viúva que deu a Deus tudo
quanto tinha – Lc 21.1-4
as “Filhas de Jerusalém” que
lamentavam por Jesus enquanto Ele subia à cruz – Lc 23 27-28
*"A participação das mulheres na excursão missionária revela como era o ministério revolucionário de JESUS. Nos seus dias os rabinhos se recusavam ensinar as mulheres e lhes atribuía um lugar inferior. Por exemplo, só os homens tinham permissão de participar plenamente nos cultos da sinagoga. Mas JESUS trata as mulheres como pessoas e lhes dá as boas-vindas na comunhão. Elas têm acesso igual à graça e salvação, e muitas mulheres se tornam suas seguidoras. Entre elas estão as mulheres com recursos financeiros, que auxiliam JESUS dando de suas possessões para sustentar a Ele e seus discípulos" *[2]
Em geral, as três seguintes aplicações são
evidentes:
1. A menção de “Joana, esposa de Cuza, o mordomo da
casa de Herodes”, nos ensina que o evangelho deve ser levado tanto à mansão
quanto ao mercado, àqueles que se encontram em alta posição e aos que executam
trabalhos servis. Veja Efésios 6.5-9; Filipenses 4.22.
2.
A Escritura designa às mulheres um papel vital, chamando-as a um labor de
auxílio, de serviço (At 9.36; 16.14, 15,40; 18.26; Rm 16.1, 2; Fp 4.2, 3; 2Tm
1.5)
3. “Mulheres que tinham sido curadas... estavam
ajudando na manutenção” do pequeno grupo composto por JESUS e os Doze. Como a
chuva que desce sobre a terra para abençoá-la e outra vez sobe pelo efeito do
sol e forma nuvens, assim também é preciso manter o ciclo espiritual - o que se
menciona no Salmo 50.15; cf. 116.3-6, 12-14. As bênçãos que descem do céu devem
voltar para lá na forma de sincera e humilde ação de graças! [3]
As mulheres no judaísmo
"Na sociedade hebraica, a mulher comum tinha uma posição secundária e era legalmente considerada parte da propriedade de um homem (Gn 31.14,15). Normalmente, as filhas não recebiam nenhuma herança quando seu pai morria (cf. Nm 27. 1-8). " [4]
A posição da
mulher na sociedade judaica
As sinagogas do primeiro século mantêm registros
somente de homens. Homens e meninos podiam entrar nas sinagogas para adorar,
mas para as mulheres e meninas havia uma divisória separada onde era permitido
que elas se sentassem.
Salvação. A
tradição afirmava que as mulheres não tinham direito à salvação por seus
próprios méritos. A única esperança de salvação era se unir a um devoto homem
judeu. As prostitutas eram excluídas porque não tinham esse vínculo, e viúvas
precisavam ter sido casadas com um judeu piedoso para ter esse privilégio.
Associação em público. Um homem
era proibido de falar com uma mulher em lugares públicos. Um rabi deveria
ignorar uma mulher em público, mesmo se ela pacientemente persistisse em busca
de algum urgente conselho espiritual.
Responsabilidade pelo pecado. Em um
enterro, as mulheres caminhavam à frente do caixão. Elas eram consideradas
responsáveis pelo pecado e, por isso, encabeçavam a procissão, levando a culpa
pelo que havia acontecido. Os homens, não se sentindo responsáveis, caminhavam
atrás do corpo.
Impureza. As
mulheres eram consideradas cerimonial e socialmente impuras durante seu período
menstrual. Durante sua menstruação, elas eram isoladas. Até mesmo aos membros
da família não era permitido chegar perto para não serem contaminados.
Gravidez como chave de valor. Aos olhos
da sociedade, o valor de uma mulher estava vinculado a sua habilidade de dar à
luz. A esterilidade era um estigma social terrível. A responsabilidade da
mulher era dar à luz bebês do sexo masculino que perpetuariam, desta maneira, o
nome do pai.
Divórcio. Era
privilégio do homem iniciar um processo de divórcio, o qual ele podia exercer
baseado em considerações que hoje parecem frívolas e dignas de riso.
Posição legal. A palavra
de uma mulher, num tribunal, precisava ser confirmada pelo menos por três
homens, de outro modo, não tinha valor.
Educação. Não era permitido à mulher entrar em uma
sinagoga para estudar; era considerado perda de tempo.
Religião. Não era
permitido que as mulheres se aproximassem do Lugar Sagrado no templo. Na época
de Jesus, havia um pátio no templo para as mulheres, localizado fora dos
recintos reservados para sacerdotes e outros homens, e uns 15 degraus abaixo,
que indicava a posição subordinada da mulher. 1.[5]
2. Jesus
valorizou as mulheres. Causa admiração quando fazemos
um contraste entre o tratamento dado às mulheres no Novo Testamento e aquele
que era praticado no judaísmo do tempo de Jesus. No judaísmo do primeiro
século, a mulher não participava da vida pública. Nem mesmo lhe era permitido aparecer
em público descoberta, sendo dessa forma impossível ver a sua fisionomia. Não
tinha voz nem rosto. A mulher era, portanto, tida como objeto, uma coisa que
poderia ser usada e descartada. Ao contrário de tudo isso, Jesus não tratou as
mulheres como coisa ou objeto. Ele as tratou como gente! Jesus mostrou que a
mulher era um ser especial para Deus e fez com que elas se sentissem assim. Não
são poucas as passagens do Novo Testamento que dão destaque às mulheres, e o
Evangelho de Lucas não foge a essa regra (Lc 1.13,42; 7.48; 8.2,43; 13.12;
16.18; 23.27). [1]
É importante observar
que, enquanto Sócrates, Aristóteles, Demóstenes, os rabinos e os homens da
comunidade de Qumran tinham as mulheres em baixa estima, JESUS, em harmonia com
o ensino do Antigo Testamento, lhes designava um lugar de elevada honra. Além disso,
é especialmente no Evangelho de Lucas que se enfatiza a ternura e a profunda
consideração de JESUS pelas mulheres.
A primeira a ser
mencionada aqui entre as mulheres é Maria chamada Madalena, ou seja, Maria de
Magdala, deriva de sua terra natal, Magdala hoje El Medjdel (que significa Torre de Deus), O nome Magdala deriva do termo hebraico migdal, que significa “torre”. Magdala era uma cidade da Galileia, que também era conhecida pelo nome Tariqueia, uma aldeia de pescadores, localizada na margem ocidental do mar da Galileia, ou seja, do lago de Genesaré ou de Tiberíades (e ao sul de Cafarnaum).
Ela foi uma das mulheres que mais tarde:
(a) presenciaram a
crucificação (Mt 27.55, 56; Me 15.40; Jo 19.25);
(b) viram onde o corpo de
JESUS foi colocado (Mt 27.61; Me 15.47; Lc 23.55);
(c) saíram no raiar do
domingo para ungir o corpo do Senhor (Mt 28.1; Me 16.1; Lc 24.10).
Além disso,
ela iria ser a primeira pessoa a quem o CRISTO Redivivo apareceria (João 20.1-18;
veja também o disputado final de Marcos, 16.9).
Quanto a Joana, esposa
de Cuza, o mordomo da casa de Herodes Antipas, Tetrarca ou Governante da Galileia e da Pereia, ela estava também entre as mulheres que
iriam ouvir as boas-novas: “Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lc 24 6-10).
O nome Cuza vem do aramaico, significando "jarrinha".
O nome Joana (proveniente do hebraico) é a forma feminina do nome "João" que significa "agraciada por Deus"
Acerca de Susana,
mencionada somente aqui em Lucas 8.3, nada mais se sabe. Entretanto, seu nome
jamais deveria ser esquecido. Seus atos de bondade para com o Senhor e seus
discípulos eram puros e fragrantes, que por conseguinte nos lembra um belo
“lírio” (que é o significado de seu nome).
Alegra-nos ler que além
das três mulheres já mencionadas havia “muitas outras”. O que temos aqui,
pois, é uma verdadeira Sociedade que as mulheres nunca adotaram uma atitude contrária
a JESUS ou a sua causa carece de cuidadosa delimitação. Não obstante, é um fato
que, salvo algumas poucas exceções, as moças e senhoras mencionadas no Novo
Testamento estavam lado a lado com o Senhor. Em linhas gerais, é verdade que,
embora Pedro negasse a CRISTO, Judas o traísse, Herodes o desdenhasse e Pilatos
o condenasse, as mulheres o honraram e ministraram às necessidades dele e de
seus discípulos. Na extensão em que fizeram isso, as consoladoras palavras de
Mateus 25.34-40 podem ser-lhes aplicadas com toda propriedade. "Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e
destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e
vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então
os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te
demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos
estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo,
ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos
digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes". Mateus 25:35-40 [3]
No judaísmo as mulheres não eram valorizadas, mas Jesus veio restaurar sua condição social.
II. MULHERES COM
DISPOSIÇÃO PARA OBEDECER
1. Maria, a mãe
do Salvador.
A doutrina católica acerca da pessoa
de Maria se fundamenta na tradição e não conta com apoio bíblico. Não é
fundamentada nos Evangelhos, mas na tradição apócrifa que começou a circular
por volta do segundo século de nossa era. Crenças como a perpétua virgindade de
Maria, imaculada conceição e sua ascensão não fazem parte do cânon
neotestamentário. Esse é um lado da história. O outro é a rejeição à pessoa de
Maria que prevalece entre muitos protestantes por conta do anticatolicismo. O
que a Escritura mostra de fato é que Maria foi uma pessoa agraciada por Deus
para fazer parte diretamente do Plano da Salvação. A sua disposição em aceitar
e crer no plano de Deus está demonstrada em suas palavras: “Eis aqui a serva do
Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra [...]” (Lc 1.38).
2. Isabel, a mãe
do precursor. Isabel, esposa do sacerdote
Zacarias, aparece na história bíblica como uma pessoa também agraciada por
Deus. Ela foi escolhida para ser a mãe de João Batista, o último profeta da
Antiga Aliança (Lc 1.8-24; 16.16). A revelação do nascimento de João foi dada a
seu marido Zacarias, que inicialmente não creu. O relato de Lucas, de que
Isabel “ficou cheia do Espírito Santo” quando foi visitada por Maria, deixa
claro também a sua disposição em crer e aceitar o plano de Deus para ela (Lc
1.41-43). Assim como Maria, Isabel foi uma mulher obediente e sua obediência
foi recompensada.
Isabel e Maria eram mulheres de fé, tementes e obedientes ao Senhor.
III. MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA SERVIR
1. Mulheres servas.
Logo após ser curada por Jesus de uma
febre muito alta, a sogra de Pedro se levantou e passou a servi-lo (Lc 4.39). O
verbo “servir” é a tradução do vocábulo grego diakoneo. As mulheres aparecem com frequência
no Evangelho de Lucas a serviço do Mestre.
Maria Madalena se destacou das
demais:
- foi a primeira mulher mencionada em Lucas 8.1-3;
- aparece de forma
destacada nos Evangelhos de Mateus, Marcos e João.
- foi uma das mulheres que
mais tarde presenciaram a crucificação (Mt 27.55,56; Mc 15.40; Jo 19.25);
- viu (viram) onde o corpo de Jesus foi colocado (Mt 27.61; Mc 15.47; Lc 23.55);
- saiu (saíram) no
raiar do domingo para ungir o corpo do Senhor (Mt 28.1; Mc 16.1; Lc 24.10).
Além disso, ela iria ser a primeira pessoa a quem o Cristo ressurreto
apareceria (Jo 20.1-18).
2.
Mulheres abnegadas.
O Evangelho de Lucas revela que Jesus
teve em seu ministério a ajuda de mulheres abnegadas (Lc 7.36-50). O
evangelista mostra Jesus sendo ungido por uma mulher tida como pecadora na casa
de Simão, um dos fariseus. Essa mulher, visivelmente emocionada, usou o
unguento que levou em um vaso de alabastro para ungir Jesus enquanto
beijava-lhe os pés. O Evangelho de João mostra um fato semelhante ocorrido com
Maria de Betânia, que não deve ser confundido com o relato de Lucas (Jo
12.1-8). No texto de João, é destacado que Maria de Betânia também preferiu
derramar sobre os pés de Jesus o perfume do vaso do que usá-lo em benefício
próprio. Esse seu gesto sofreu duras críticas de Judas Iscariotes, que estava
de olho nos trezentos denários que esse unguento poderia render. Ela considerou
muito mais valioso o perdão que o Salvador lhe deu do que os ganhos que esse
perfume poderia lhe trazer.
Mulheres que tiveram um Encontro Pessoal com Jesus
Aprecio o esboço feito pela escritora Wanda de
Assumpção sobre as mulheres que tiveram um encontro pessoal com Jesus. Ela
divide em quatro grupos todas as mulheres que de alguma forma se encontraram
com Jesus. No grupo das que tiveram Jesus como seu sustento e consolo, estão:
Ana, a profetisa, a viúva de Naim e a viúva pobre. No grupo das mulheres que
tiveram Jesus como a sua justificação, estão: a pecadora que ungiu os pés de
Jesus e a mulher adúltera. No grupo das que tiveram Jesus como a cura, estão: a
sogra de Pedro, a mulher com hemorragia, a mulher curvada por enfermidade, a mulher
siro-fenícia e Maria Madalena. Por último, no grupo das mulheres que tiveram
Jesus como a água viva que sacia a sede, encontram-se: a mulher samaritana,
Marta, Maria de Betânia, a mãe de Tiago e João e Maria, a mãe de Jesus.
De todas essas histórias, a narrativa sobre a
mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus se mostra como uma das mais belas e
fascinantes. Ela mostra que Jesus valorizou as mulheres e devolveu-lhes a
dignidade perdida.
“E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele;
e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa. E eis que uma mulher da
cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou
um vaso de alabastro com unguento. E, estando por detrás, aos seus pés,
chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-los com os
cabelos da sua cabeça e beijava-lhe os pés, e ungia-los com o unguento.
Quando
isso viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora
profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.
E, respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele
disse: Dize-a, Mestre. Um certo credor tinha dois devedores; um devia- lhe
quinhentos dinheiros, e outro, cinquenta. E, não tendo eles com que pagar,
perdoou-lhes a ambos. Dize, pois: qual deles o amará mais? E Simão,
respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe
disse: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta
mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me
os pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas
esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a
cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. Por isso, te digo que
os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem
pouco é perdoado pouco ama. E disse a ela: Os teus pecados te são perdoados. E
os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa
pecados? E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lc 7.36-50).
Algumas deduções são possíveis a partir desse
texto:
1. A mulher pecadora era “cobiçada” pelos homens,
mas não se sentia amada por Deus.
Essa mulher que ungiu os pés de Jesus, que não deve
ser confundida com uma outra mulher citada no capítulo 12 do evangelho de João,
trazia o estigma de ser “pecadora”. Esse adjetivo significava que ela era uma
mulher de vida “livre” ou mais popularmente uma “prostituta”. Isso a excluía da
vida religiosa e da vida em sociedade. Não há dúvida de que essa mulher, sempre
disponível para os homens, sendo cobiçada por eles, não se sentia uma mulher
amada.
É somente quando ela encontra o Senhor Jesus que
ela de fato vai saber o que é se sentir realmente amada. Jesus fez com que a
mulher pecadora se sentisse perdoada por Deus.
2. A mulher pecadora levava consigo um frasco de
perfume, mas não conseguia encobrir o fedor do seu passado.
O fariseu que convidou Jesus, ao observar a cena da
mulher ungindo o Senhor, pensou: “Se este fora profeta, bem saberia quem e qual
é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora”. Esse fariseu tinha o olfato
refinado para sentir o cheiro do “pecado”. Pela lei, aquela mulher de fato era
uma pecadora! O fariseu e todos os presentes ali sabiam disso. Parece que
aquela mulher fedia a pecado.
Foi somente quando teve o contado com o Mestre que
o seu pecado e consequente o seu passado foram esquecidos diante de Deus. Agora
ela não fedia mais a pecado, mas tornara-se o bom perfume de Cristo (2 Co 2.15).
3. A mulher pecadora vendia o seu corpo, mas não
conseguia comprar a paz.
O que de fato essa mulher procurava e buscava com
intensidade era encontrar a paz! Ela tinha os homens à sua volta, ganhava
dinheiro com seu corpo, mas não conseguia encontrar a paz. Jesus mostra-lhe que
ser amada por Deus e perdoada por Ele é o que importa. A paz vem quando o
perdão de Deus é derramado em seu coração.
4. A mulher pecadora derramou diante de Jesus tudo
o que tinha para que Deus juntasse o que havia sobrado dela.
O relato lucano diz que ela ungia o Senhor. Ela
derramou tudo o que possuía de mais precioso sobre o Senhor. O seu gesto de
entrega e de arrependimento possibilitou o Senhor restaurá-la por completo. A
sua vida, que se encontrava fragmentada em retalhos foi totalmente
reconstruída.
5. A mulher pecadora aprendeu que a Lei condena,
mas a graça perdoa!
A Lei puniu aquela mulher, a graça a perdoou! A Lei
a excluía, a graça a abraçou! A Lei foi dada através de Moisés, a graça e a
verdade vieram através de Jesus Cristo (Jo 1.17). [1]
Jesus contou com a ajuda de mulheres que tinham disposição para servi-lo no Reino de Deus.
IV.
MULHERES COM DISPOSIÇÃO PARA OFERTAR
1.
O trabalho rabínico.
Lucas registra que Jesus “andava de
cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do
Reino de Deus; e os doze iam com ele” (Lc 8.1). A dedicação de Jesus e seus
doze discípulos ao ministério da Palavra era exclusiva. Como se dava, então, a
manutenção desse ministério? Jesus orientou seus discípulos quando estivessem
em missão a que “ficassem na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem,
pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa” (Lc 10.7).
O
trabalhador era digno de seu salário. Um rabino não podia receber pagamento
pelo que ensinava, mas a cultura hebraica considerava uma obrigação e um
privilégio sustentar um rabino. Há um princípio válido aqui — o obreiro não
deve ter valores materiais como a motivação do seu ministério. Por outro lado,
aqueles que se beneficiam desse ministério, devem ajudá-lo em sua manutenção.
2.
Apoio feminino.
Na cultura judaica do tempo de Jesus,
a participação das mulheres na vida pública era bem limitada. As mulheres, por exemplo,
não podiam estudar e não podiam ensinar. Mas nem por isso deixaram de
participar do ministério do Mestre. Lucas diz que elas serviam o Senhor com
suas fazendas, isto é, com seus bens (Lc 8.3). Enquanto Jesus e seus doze
apóstolos se dedicavam ao ministério da Palavra, essas mulheres lhes davam
suporte financeiro e material. Por trás de grandes ministérios, sempre há
alguém dando suporte, seja financeiro, seja, espiritual. Não podemos negar que
atualmente as mulheres têm desempenhado um papel importante na obra do Senhor.
Muitas têm se dedicado à oração, ao serviço social, à contribuição, à obra
missionária, etc. Grande parte da obra missionária é feita por mulheres. São
milhares de servas que dedicam suas vidas à seara do Senhor. O serviço de Deus
é para todos que amam ao Senhor, independentemente de gênero.
Jesus contou com a ajuda de mulheres que tinham disposição para ofertar.
CONCLUSÃO
No
judaísmo do tempo de Jesus, conversar com uma mulher era considerado um ato
vergonhoso (Jo 4.27). Mas Jesus conversou, ensinou, curou, libertou e valorizou
as mulheres como homem algum jamais o fez. Lucas nos mostra que as mulheres
tiveram uma participação expressiva na implantação do Reino de Deus. Graças a
Deus pelo trabalho das mulheres na Seara do Senhor.
JESUS - O Filho de Deus - Sua vida na terra foi breve – somente 33 anos e meio. Seu ministério foi ainda mais breve – apenas três anos e meio. Mas ninguém, com sua vida e ensinamentos, impactou tanto a história de uma maneira tão intensa quanto Jesus. O que Ele ensinou e o que fez alterou o curso da história e dramaticamente mudou e continua mudando milhões de vidas ao redor do mundo. Seus ensinamentos têm afetado cada aspecto da vida – religião, educação, trabalho, ética, saúde, justiça social, desenvolvimento econômico e as muitas artes e ciências do viver humano.**
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“É importante reconhecer que quando Deus criou a humanidade, quando fez os seres humanos à sua imagem, Ele os criou macho e fêmea (Gn 1.27), e não ‘um ou outro’. Portanto, a imagem de Deus aparece tanto no homem (o macho) quanto na mulher (a fêmea), e as características peculiares de cada sexo são completamente necessárias para espelhar a natureza de Deus. A própria palavra ishsha para ‘mulher’ sugere as suas sensibilidades e dons especiais dados por Deus no campo emocional. Estas características servem para realçar a humanidade. A mulher possui uma sensibilidade especial para as necessidades humanas que lhe permitem entender intuitivamente as situações e os sentimentos das outras pessoas” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, p.1312).
PARA REFLETIR
Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:
Como era a situação das mulheres no judaísmo nos dias de Jesus?
No judaísmo do primeiro século, a mulher não participava da vida pública. A mulher era tida como um objeto que poderia ser usado e descartado.
Como a Bíblia fala de Maria a mãe de Jesus?
A Bíblia mostra que Maria foi uma pessoa agraciada por Deus para fazer parte diretamente do Plano da Salvação.
De acordo com a lição, qual o nome de algumas mulheres, citadas por Lucas, que serviram a Jesus?
Lucas cita Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana.
De que forma as mulheres apoiaram Jesus em seu ministério?
Elas apoiaram Jesus com seus recursos financeiros.
Qual a importância da mulher na expansão do Reino de Deus?
Sua importância é de grande valor. Muitas mulheres têm se dedicado à oração, ao serviço social, à contribuição, etc. Grande parte da obra missionária é feita por mulheres.
Aqui também eu aprendi!!! Amei o estudo!!! estou me sentido plena com o que Jesus fez por nós mulheres. Amém!!!
ResponderExcluirMaravilhoso estudo temos muuto a aprender com cristo.
ResponderExcluirComo me edificou esse estudo, compartilharei com minhas irmãs em uma ministração.
ResponderExcluirQue benção! Glórias ao Nosso Senhor! Jesus é um lord! Temos muito o que aprender com Ele!
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