“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não
para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” Jo
3.17
A abrangência universal da Salvação
A salvação em Cristo abrange poucas pessoas
escolhidas por decreto de Deus ou qualquer ser humano que se arrepende de seus
pecados e crê no Unigênito Filho do Pai?
Esta lição retoma uma discussão de séculos,
que no lugar de origem dela se encontra superada, mas floresceu aqui no Brasil.
Em primeiro lugar é importante ressaltar que não podemos fazer da boa exposição
teológica um campo de batalha e de agressões pessoais, pois quem se compreende
tanto arminiano quanto calvinista herdarão o mesmo céu. Entretanto, é verdade
que nós, os pentecostais, nos identificamos mais com a teologia clássica
arminiana, que infelizmente, é desconhecida por muitos pentecostais.
Uma teologia que destaca o caráter amoroso e
justo de Deus
Diferentemente do que muitos pensam a
teologia arminiana não está centrada no livre-arbítrio, mas na ênfase ao
caráter amoroso e justo de Deus. Segundo o teólogo Roger E. Olson, na obra
Teologia Arminiana: Mitos e Realidades, a preocupação primária de Jacó Armínio
foi o compromisso com a bondade de Deus, sendo Jesus Cristo a maior e melhor
prova de que o caráter de Deus foi revelado nas Escrituras compassivo,
misericordioso, amável e justo. Ora, a epístola de Paulo aos Colossensses diz
que em Cristo “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). De
modo que um dos Evangelhos narra essa mesma verdade da carta paulina,
pronunciada e confirmada pelo próprio Senhor (Jo 12.44,45; cf; Jo 14.9-14). Por
isso, como fez Roger Olson, pode-se arrematar sobre Armínio: “Sua teologia é
cristocêntrica”.
Uma teologia que destaca a vontade universal
de Deus para a salvação
Baseado nessa compaixão, misericórdia, amor e
justiça é que o plano salvífico de Deus, executado por Jesus Cristo, provê
salvação a todo o ser humano. Em Jesus, Deus se mostra misericordioso, bondoso,
amoroso e justo; logo, não haveria o porquê de o Pai enviar seu Filho, fazê-lo
passar por todo processo de crucificação, morte e ressurreição, ordenando que
os discípulos, após serem batizados no Espírito Santo, proclamassem o Evangelho
a toda a criatura (Mc 16.15; cf. At 1.8). A partir dessa ordem, estava clara a
intenção de Deus de salvar todos os seres humanos e, com base em sua bondade,
amor e justiça, dá a oportunidade de ele rejeitar ou não a promessa bendita de
Salvação. Aqui, o livre-arbítrio torna-se secundário, pois o que se destaca são
o amor e a bondade de Deus. Revista ensinador Cristão nº72
A salvação em Jesus Cristo é de abrangência
universal, pois os que o aceitarem, em todo tempo e lugar, serão salvos pela graça
de Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - João 3.16-18; 1
Timóteo 2.5,6
Prezado(a) professor(a), na lição deste
domingo veremos que a salvação em Jesus Cristo é de abrangência universal. Deus
ama todos, independente de raça, cor ou classe social. Ele ama todos os povos e
deseja que todos se salvem mediante a fé no sacrifício do seu Filho Unigênito.
Não podemos concordar com a predestinação, pois as Escrituras Sagradas não
mostram que somente alguns foram criados para usufruir da vida eterna, enquanto
outros, predestinados, serão lançados no lago de fogo. Contudo, sabemos que
Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio e nossas escolhas vão influenciar o
nosso destino eterno. O próprio Salvador, Jesus Cristo, afirma que quem crer e
for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16.16).
A salvação em Cristo alcança a todos (Jo
3.16). É tão eficaz que foi completada de uma vez por todas pelo “Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Somente por intermédio de um
Cordeiro tão perfeito, de um sacrifício tão completo e de um Deus tão amoroso
se poderia realizar essa obra de maneira a raiar a luz para os que estavam em
trevas (Mt 4.16).
Nada na história é comparável ao que Cristo
fez. Sua encarnação é única no mundo; sua vida foi plena de sentido; sua morte
foi a salvação completa da humanidade e do cosmo, e sua ressurreição aponta
para o fato de que os que creem em sua obra salvadora alcançarão, um dia, a
plenitude da glória eterna. Ela é eficaz porque foi completada de uma vez por
todas pelo “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Somente um
cordeiro tão perfeito, um sacrifício tão completo e um Deus tão amoroso poderiam
realizar esta obra e trazer luz para os que habitavam em trevas (Mt 4.16).
A UNIVERSALIDADE DO PECADO
A obra expiatória de Cristo tornou-se
necessária por causa da universalidade do pecado que atingiu toda a raça humana
e também por causa da seriedade do pecado porque este corrompeu o ser humano e
prejudicou sua comunhão com Deus. Também é necessária por causa da incapacidade
do homem de resolver por si mesmo esses problemas. Portanto, a universalidade,
a seriedade e a incapacidade humana apontam para Cristo como único possível
para fazer a expiação. Assim, fez-se necessária a obra expiatória de Cristo,
que Ele padecesse ou se sacrificasse para aniquilar o poder do pecado (Rm
5.21), a adversidade advinda dEle e também sua morte. O sacrifício expiatório
de Jesus teve lugar na cruz do Calvário e foi a substituição do justo pelo
pecador. Ele pagou o preço por nossos pecados, tomou-os sobre si, venceu a
morte e ressuscitou (Is 53). A expiação é a suprema expressão do amor do Pai
para com a humanidade através de Jesus Cristo (Jo 3.16).
Em sua morte, Cristo salientou a seriedade do
pecado e a severidade da justiça de Deus, triunfou sobre as forças do pecado e
da morte, liberando-nos de seus poderes, ofereceu satisfação ao Pai por nossos
pecados e mostrou o grande amor de Deus à humanidade. Dessa forma, a expiação
implica em que a “humanidade de Jesus significa que sua morte expiatória é
aplicável aos seres humanos; sua deidade significa que sua morte pode servir
para expiar os pecados de toda a humanidade.”74
Todos foram afastados de Deus por causa do pecado (Rm 3.23); todos se inclinam
para o mal (Sl 14.3; Mc 10.18); não há homem justo sobre a terra (Ec 7.20). O
pecado é tão terrível para o ser humano que a Bíblia afirma que ele tem o poder
de afastar as pessoas de Deus e impedir as orações (Is 59.2) e ainda de
tornarem as pessoas alvos de sua ira (Hb 10.27). Somado a isso, o homem sofreu
perda física, psíquica, social e espiritual. Além disso, a natureza também foi
atingida pelo pecado e sofreu sérias consequências (Gn 3.17-19), assim como
ainda sofre por causa da degradação, poluição e destruição do homem que, em sua
ganância, a destrói, fazendo-a gemer (Rm 8.22), aguardando novos céus e nova
terra (1 Pe 3.13) através da sua redenção.
Portanto, sua morte é a expiação dos pecados, do hebraico kapar,75 que
significa cobrir (no sentido de ocultar) o pecado. Isaías escreveu que “ao
Senhor agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por
expiação do pecado [...]” (Is 53.10). Se alguém pecasse no Antigo Testamento,
precisaria oferecer um animal pela culpa para “cobrir” a ofensa (Lv 6.2-7),
significando que o pecado foi coberto por uma vítima inocente e, portanto, não
seria mais visto, tornando-se invisível aos olhos de Deus. Esse mesmo princípio
individual era usado para os pecados da nação (Lv 4.13-20). Nesse sentido, o
sacrifício de Cristo é infinitamente mais abrangente, pois Ele não apenas cobre
os pecados, como também os remove completamente, apagando-os e, portanto,
perdoando-os (Hb 10.4-10) como se nunca houvessem sido cometidos.76
Pode-se dividir a expiação em quatro representações conforme Strong:77 moral,
originada no amor desinteresseiro de Deus em assegurar a libertação do pecador
(Jo 3.16); comercial, um pagamento de resgate libertando da escravidão (Mc
10.45); legal, como um ato de obediência à Lei violada pelo pecado e uma
apresentação da justiça de Deus (Mt 3.15; Gl 4.4-5); e sacrificial, como obra
de mediação sacerdotal reconciliando o homem com Deus, removendo a inimizade
através da oferta pelo pecado a favor dos transgressores e satisfazendo a
exigência da justiça e santidade de Deus (Hb 10.11-12).
Além de
fazer a expiação pelo pecado de todos, Jesus também foi o Sumo Sacerdote que
entrou no santuário celestial perante Deus, com seu próprio sangue, efetuando,
de uma vez por todas, uma redenção eterna (Hb 9.11,12,24). Para provar que, a
partir da morte de Cristo, não era mais necessário oferecer sacrifício de
animais, o véu do templo, que dava acesso ao Santo dos Santos, onde ficava o
propiciatório em que se oferecia a oferta de sangue, foi rasgado de alto a
baixo (Mt 27.51), dando acesso pleno a todo ser humano à presença de Deus pelo
novo e vivo caminho, consagrado pela sua carne rasgada por nós (Hb 10.19-20).
Assim, podemos ter plena confiança de que seremos aceitos e amados, pois fomos
purificados da má consciência e das obras mortas e, com todo coração,
aproximamo-nos mais de Deus (Hb 10.22).
A expiação é suficiente para todos; ela
é eficiente para aqueles que crêem em Cristo. A expiação propriamente dita, à
medida que coloca a base para o trato redentor de Deus com os homens, é
ilimitada; a aplicação da expiação é limitada àqueles que crêem verdadeiramente
em Cristo. Ele é o salvador em potencial de todos os homens; mas é efetivamente
só dos crentes. “Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus
vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (1 Tm
4.10).78
2. O
ALCANCE DA OBRA EXPIATÓRIA DE CRISTO
A
vida tem muitas coisas boas, mas também é repleta de sofrimentos que levam à
angústia, desespero e dor. Isso aumenta ainda mais a necessidade de salvação
daqueles que vivem em precárias condições humanas — como sendo algo
complementar à necessidade da salvação espiritual —, pois, diante de um ser
humano que sofre nesse mundo, há um grito de liberdade que encontra seu eco na
cruz de Cristo. Esse grito está expresso na Oração do Pai Nosso quando Jesus
ensina-nos a expressar em oração “livra-nos do mal” (Mt 6.13). O próprio
salmista Davi revela que Deus iria levantar-se com “salvação” em defesa do
necessitado em consequência do seu gemido (Sl 12.5; 72.12-14). Da mesma forma,
a natureza geme esperando a redenção (Rm 8.22) diante das vergonhosas
violências e depredações praticadas contra ela como consequência do pecado do
homem.
Muitos se encontram em extrema miséria, fome, injustiça social, violência
e pobreza em todos os sentidos.79 Pobres são os que “foram privados de fazer
escolhas por si mesmos — a escolha de ter alimento sobre a mesa, de ter água
pura e limpa, de receber educação, de estar livre da violência, de ter
assistência médica, de ter moradia.”80 São também pobres os que não tem acesso
à Palavra de Deus por falta de alguém para anunciar-lhes essa Palavra ou,
então, por falta de recursos para tê-la; portanto, pobres são os que
desconhecem o evangelho das Boas-Novas. A resposta de Deus a esse mundo que
sofre somos nós, os cristãos, que conhecemos o evangelho que liberta, tanto
através da obra de Cristo quanto das boas obras dos salvos (Tg 2.1617).81
Pobreza e pecado é o resultado dos conflitos humanos. “São uns que
dependem dos outros: são os ricos que empobrecem os pobres; são os sãos que
servem de obstáculo aos deficientes; são as pessoas boas que estigmatizam os
fracos como pecadores. Quase sempre é a posse, a que os que possuem se agarram,
e da qual eles excluem os que não a possuem. A posse pode ser dinheiro, saúde
ou força, pode significar justiça ou o ser-bom; também pode significar a
condição do homem varão. Sempre é o poder que está em jogo. Onde quer que estes
dons da vida sejam apropriados por uns poucos, surgem as impiedosas lutas de
distribuição em torno das oportunidades de trabalho, de propriedade e de vida,
e nestas lutas sempre o que é próprio é “o bom” e o que é do outro é “o mau”.
Só existe a possibilidade de se ser amigo ou inimigo, sem outras alternativas. Aqui
o diabo anda solto, e o fim é [a morte].”82
A obra expiatória de Cristo tem alcance também sobre essa triste
realidade. Foi exatamente para esses pobres que serve a obra expiatória de
Cristo quando as escrituras afirmam que “Ouvi, meus amados irmãos. Porventura,
não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do
Reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre” (Tg 2.5-6a). As
escrituras são claras quando afirmam que Jesus ratificou aquilo que o profeta
dissera, ou seja, que Ele veio exatamente para aqueles que são pobres,
necessitados e moribundos: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu
para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a
apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os
oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.1819). Portanto, se
somos salvos, é nossa missão unirmo-nos a Cristo para completar a obra que Ele
começou (Cl 1.24), tanto na evangelização, como na prática do evangelho e até
mesmo na Teologia.
Se a
situação histórica de [pobreza], fome e desnutrição não se converte no ponto de
partida de qualquer teologia cristã hoje, mesmo nos países ricos e dominadores,
a teologia não poderá situar e concretizar historicamente seus temas
fundamentais. Suas perguntas não serão perguntas reais. Passarão ao lado do
homem real. [...] Realmente, frente aos problemas do mundo de hoje, muitos
escritos de teologia se reduzem a um cinismo.83
Diante
de tantas necessidades humanas, somos confrontados pelo evangelho a anunciar as
Boas-Novas para que sua obra expiatória alcance não somente os quatro cantos da
terra, mas também todas as dimensões da existência humana e ainda o mais
profundo do ser humano, que sofre por causa do pecado e suas consequências.
A
dimensão da salvação extensiva aos necessitados tem a ver com o caráter
coletivo da salvação84 no sentido de que as boas obras para com o próximo
acompanham a salvação conforme descrito na epístola de Tiago. Entretanto,
biblicamente falando, não somos compostos por uma massa humana, mas, sim, por
uma família de Deus, que se preserva e cuida uns dos outros.
Unindo-se todos os sentidos dados à salvação no Antigo e no Novo
Testamento conforme descrito no primeiro capítulo deste livro, tem-se uma
abrangência tão grande quanto à fertilidade do solo, dos rebanhos, das pessoas;
a garantia de prosperidade, saúde e segurança; o livramento da perseguição de
inimigos; a possibilidade de felicidade; o livramento da miséria e da dor; o
suprimento de necessidades básicas (“pão nosso de cada dia”); e, especialmente,
a salvação da condenação do pecado. “A Bíblia não sustenta a separação entre
cura física e espiritual, entre o bem-estar e a salvação, entre a sanidade do corpo
e a redenção da alma.”85 Sabe-se que a existência humana é feita de
contradições, ambiguidades e paradoxos. Por esse motivo, alcança-se a salvação
na esfera humana, material e física de maneira substancial, ou seja, incompleta
e sujeita a precariedade. Isso, no entanto, não prejudica a dimensão
espiritual, presente e escatológica, da salvação que vence e vencerá tudo o que
ameaça a vida e impõe-se acima da morte e da destruição. Por isso, a salvação
ultrapassa as dimensões terrenas, embora esteja presente nela também; pelo fato
de o pão da vida ser muito mais do que o pão de cada dia é que, quando quiseram
proclamar Jesus rei por ter multiplicado pães e peixes, Ele negou-se a deixar
isso acontecer (Jo 6.15).86
A
progressividade da salvação aqui nesta terra, através do novo ser em Cristo,
dá-se na capacidade de exercitar a fé viva naquEle que experimentou a angústia
mais profunda da culpa e condenação de nossos pecados na cruz para trazer-nos
justificação; a angústia mais profunda da morte e do destino para trazer-nos
vida; e também da angústia mais profunda de vazio e insignificância do abandono
na cruz para encher-nos de significado.
Todos os
salvos participam do novo ser em Cristo através da fé, mas ninguém é
completamente curado e livre da ansiedade87 e das consequências do pecado;
portanto, ninguém pode experimentar ainda uma plenificação completa desse novo
ser em Cristo. Vivemos na tensão do “já agora” experimentando a cura e salvação
na medida em que permitimos que a coragem de ser nova criatura em Cristo vá
dominando o não-ser, pois nele a qualidade curativa é completa e ilimitada.88 Também vivemos dentro da perspectiva do “ainda não” escatológico quando,
finalmente, seremos semelhantes a Ele (1 Jo 3.2) e completamente livres da ansiedade
e do medo.
A
perspectiva escatológica da salvação não impede que a vivamos aqui, como já
descrito anteriormente. Por esse motivo, podemos experimentar as consequências
positivas dela desde já, as quais são: o abandono de esforços humanos para agradar
a Deus; o restabelecimento da comunhão indescritível com Deus; estabelece-se um
relacionamento amoroso entre Pai e filho; experimenta-se a libertação das
garras do pecado; há a libertação da consciência e dos pensamentos pecaminosos
e perniciosos; recebe-se a cura substancial dos problemas psicológicos
(autoaceitação, autoestima, etc.) e dos relacionamentos; e vive-se com mais
confiança, contentamento e gratidão.
Quando recebemos a morte de Cristo como nossa redenção, tornamo-nos
aceitos nEle e amados do Pai (Ef 1.6); a justiça dEle torna-nos justos (Rm
3.21); somos santificados pelo Espírito Santo, desenvolvemos o caráter de
Cristo e produzimos o fruto do Espírito (Gl 5.22-23). Temos o perdão de Deus, a
purificação do pecado (At 2.38; 3.19) e ainda a esperança da redenção completa,
quando o que é corruptível revestir-se de incorruptibilidade (1 Co 15.53-54) e
a trombeta soar, quando mortos e vivos subirão para o encontro com o Senhor nos
ares (1 Ts 5.13-18).
Mas, certamente, uma das maiores e mais densas consequências da obra expiatória
de Cristo, já nesta terra, é a alegria da salvação, que, juntamente com a
justiça e a paz, constituem a natureza do Reino de Deus (Rm 14.17). Jesus
afirmou que, quando esse tempo de salvação efetiva chegasse, a alegria seria
permanente, não podendo ser ameaçada por nenhuma contingência (Jo 16.22).
Alegria é a explosão de vida abundante operada por Jesus e um estado de ânimo
que produz confiança, concretiza anseios e experiências gratificantes. Está claro
que a perfeita alegria é futura; ela, porém, já é antecipada através da
salvação na vida cotidiana, pois o evangelho são novas de grande alegria (Lc
2.10; 10.17; Is 51.11).89 Jesus orou para que os discípulos e todos os que
iriam crer tivessem alegria completa (Jo 17.13).
Há uma
amplitude muito grande e completa na salvação operada por Cristo. Ela envolve
todos os homens e o homem por inteiro, abrangendo espírito, alma e corpo (1 Ts
5.23). A salvação alcança o mundo todo em todas as dimensões (Jo 3.16). Além
disso, através da expiação de Cristo, é possível a redenção, a reconciliação, a
justificação, a adoção, o perdão dos pecadores e todas as demais garantias
salvíficas. Todavia, convém destacar: essa grande salvação precisa ser aceita
livremente pela fé para tornar-se efetiva.
O
esforço próprio para manter-se puro e sem pecado sempre fracassou. O sistema
sacrificial foi apenas uma indicação para o sacrifício perfeito de Cristo.
Sendo assim, o homem não consegue resolver o problema do seu pecado porque não
pode mantê-lo oculto (Nm 32.23), nem tem condições de purificar-se (Sl 20.9), e
a lei é incapaz de justificá-lo (Rm 3.20; Cl 2.16). Portanto, suas tentativas
são fracassadas, exigindo a vinda do próprio Filho de Deus para resolver a
questão.
3. CRISTO OFERECE SALVAÇÃO A
TODO O MUNDO
A maior
consequência da salvação operada por Jesus é o perdão dos pecados e a
reconciliação do pecador com Deus. Mas, através da salvação de Cristo, Deus
faz-se presente na cura dos enfermos (Mt 4.23), na ressurreição dos mortos, no
anúncio do evangelho aos pobres, na libertação das várias opressões que assolam
o ser humano (Jo 12.46), na transformação de vidas que o evangelho opera, na
vida eterna (Jo 6.47; Rm 1.16) e na chegada do Reino de Deus (Mt 10.7; Mc
1.15).
A Bíblia
afirma que a salvação é para todos (Jo 3.15; 1 Tm 4.10), em qualquer
circunstância (Lc 23.43), com o esforço humano mínimo (At 15.9; Rm 3.28; 11.6)
de apenas crer de coração e confessar com a boca a Cristo como Salvador (Rm
10.9; 1 Co 1.21). Mas, além disso, a salvação que Cristo oferece é uma
experiência bastante abrangente para o ser humano, envolvendo todas as
dimensões da vida, trazendo paz à alma através do perdão dos pecados, alívio da
consciência acusadora, libertação de cadeias e prisões da alma, cura de traumas
e doenças emocionais (Hb 10.39), cura de doenças físicas, um espírito renovado,
novas perspectivas de vida, forças para enfrentar as circunstâncias adversas,
um aguçado senso de justiça e, especialmente, a prática constante do amor (Jo
13.34). A oferta de salvação que Cristo trouxe é a evidência da instalação de
seu Reino nos corações dos seres humanos que, outrora, viviam em tristeza e
pobreza, cativos, cegos e oprimidos (Is 61.1ss; Lc 4.18).
Nós,
como cristãos, temos uma enorme responsabilidade em compartilhar a salvação com
o mundo. Esse compartilhar evidencia-se de variadas formas que estão alinhados
com o ide de Jesus (Mt 28.19) e são: a evangelização e o discipulado das
pessoas em nosso círculo de contatos reais ou virtuais (At 5.42); o comprometimento
com missões mundiais colaborando com as igrejas locais que sustentam
missionários (At 13.2); o envolvimento político e comunitário em conselhos,
comissões e entidades que promovem a justiça social e a dignidade humana (Mt
5.20); o disponibilizar-se para ouvir o clamor dos que tem fome e sede de
justiça (Mt 5.6) e que se encontram desprovidos do que é básico para sua
subsistência (Mt 19.21; Lc 14.13; 2 Co 9.9; Gl 2.10); a minimização do
desespero humano; o combate contra a marginalização e a violência (Lc 4.18); e
a oposição profética à idolatria do materialismo, do consumismo, do
individualismo e da exploração que subvertem os valores do evangelho e levam
milhões de pessoas aos abismos da miséria (Mt 6.31-33; 21.12).
A
salvação que Cristo oferece é tão abrangente que, além de ser uma experiência
espiritual individual, primordial e libertadora, traz consigo implicações de
ordem cultural, social, política e econômica que vão muito além do indivíduo,
estendendo-se por toda a ordem de coisas criadas.
Portanto, todo cristão tem um compromisso moral e ético de promover a pregação
dessa salvação que Cristo oferece gratuitamente a todo mundo — se realmente ele
foi alcançado pela salvação que há em Cristo. Para oferecê-la, Ele veio ao
mundo demonstrando que fez efetivamente de tudo para que o Deus Pai amoroso e
sua salvação tornassem-se conhecidas. Assim sendo, esse gesto de Cristo
constrange-nos a também tornar conhecida sua obra a todo o mundo, em todos os
lugares, a todas as pessoas, em todas as situações (2 Tm 4.2) para que se
cumpra o que escreveu o apóstolo João:
“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma
multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e
línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes
brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo:
Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro” (Ap
7.9-10).
“Como, pois, invocarão aquele em quem não
creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há
quem pregue?” (Rm 10.14).
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
O Alcance da Obra Salvífica de Cristo
“Há entre os cristãos uma diferença significativa de opiniões quanto à extensão da obra salvífica de Cristo. Por quem Ele morreu? Os evangélicos, de modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto é, o amor divino não permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o Diabo e os anjos caídos permaneçam eternamente separados dEle). O universalismo postula que a obra salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção. Além dos textos bíblicos que demonstram ser a natureza de Deus de amor e de misericórdia, o versículo chave do universalismo é Atos 3.21, onde Pedro diz que Jesus deve permanecer no Céu ‘até aos tempos da restauração de tudo’. Alguns entendem que a expressão grega apokastaseõs pantõn (restauração e todas as coisas) tem significado absoluto, ao invés de simplesmente ‘todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas’. Embora as Escrituras realmente se refiram a uma restauração futura, não podemos, à luz dos ensinos bíblicos sobre o destino eterno dos seres humanos e dos anjos, usar este versículo para apoiar o universalismo. Fazer assim seria uma violência exegética contra o que a Bíblia tem a dizer deste assunto” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.358).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
O Perdão de Cristo
“A doutrina do perdão, proeminente tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, refere-se ao estado ou ao ato de perdão, remissão de pecados, ou à restauração de um relacionamento amigável. Central à doutrina do Antigo Testamento está o conceito de cobrir o pecado da vista de Deus, representado pela palavra heb. kapar. Isto é indicado pelas várias traduções da palavra tais como ‘apaziguar’, ‘ser misericordioso’, ‘fazer reconciliação’, e o uso mais proeminente na expressão ‘fazer expiação’, que ocorre 70 vezes na versão KJV em inglês. Em Levítico 4.20, ela é agrupada com uma outra palavra proeminente do Antigo Testamento empregada para perdão, com o significado de ‘enviar ou deixar partir’. Consequentemente, em Levítico 4.20 está declarado: ‘O sacerdote por eles fará propiciação [de karpar], e lhes será perdoado [de salah] o pecado. Uma terceira palavra heb., na'as, ocorre frequentemente com a ideia de ‘levantar’ ou ‘dispersar’ o pecado.
[...] Fica claro que o perdão depende de um pagamento justo, de uma penalidade pelo pecado. Os sacrifícios do Antigo Testamento proporcionaram tipicamente e profeticamente uma expectativa do sacrifício final de Cristo. O perdão como um relacionamento entre Deus e o homem depende dos atributos divinos de justiça, amor e misericórdia, e é baseado na obra de Deus ao providenciar um sacrifício apropriado” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1501).
Fonte:
Livro de Apoio - 4º Trim/17 – A Obra da Salvação - Claiton Ivan Pommerening
Lições Bíblicas Adultos 4º trimestre/17 - A Obra da Salvação — Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida – Comentarista: Claiton Ivan Pommerening
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
O Alcance da Obra Salvífica de Cristo
“Há entre os cristãos uma diferença significativa de opiniões quanto à extensão da obra salvífica de Cristo. Por quem Ele morreu? Os evangélicos, de modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto é, o amor divino não permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o Diabo e os anjos caídos permaneçam eternamente separados dEle). O universalismo postula que a obra salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção. Além dos textos bíblicos que demonstram ser a natureza de Deus de amor e de misericórdia, o versículo chave do universalismo é Atos 3.21, onde Pedro diz que Jesus deve permanecer no Céu ‘até aos tempos da restauração de tudo’. Alguns entendem que a expressão grega apokastaseõs pantõn (restauração e todas as coisas) tem significado absoluto, ao invés de simplesmente ‘todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas’. Embora as Escrituras realmente se refiram a uma restauração futura, não podemos, à luz dos ensinos bíblicos sobre o destino eterno dos seres humanos e dos anjos, usar este versículo para apoiar o universalismo. Fazer assim seria uma violência exegética contra o que a Bíblia tem a dizer deste assunto” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.358).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
O Perdão de Cristo
“A doutrina do perdão, proeminente tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, refere-se ao estado ou ao ato de perdão, remissão de pecados, ou à restauração de um relacionamento amigável. Central à doutrina do Antigo Testamento está o conceito de cobrir o pecado da vista de Deus, representado pela palavra heb. kapar. Isto é indicado pelas várias traduções da palavra tais como ‘apaziguar’, ‘ser misericordioso’, ‘fazer reconciliação’, e o uso mais proeminente na expressão ‘fazer expiação’, que ocorre 70 vezes na versão KJV em inglês. Em Levítico 4.20, ela é agrupada com uma outra palavra proeminente do Antigo Testamento empregada para perdão, com o significado de ‘enviar ou deixar partir’. Consequentemente, em Levítico 4.20 está declarado: ‘O sacerdote por eles fará propiciação [de karpar], e lhes será perdoado [de salah] o pecado. Uma terceira palavra heb., na'as, ocorre frequentemente com a ideia de ‘levantar’ ou ‘dispersar’ o pecado.
[...] Fica claro que o perdão depende de um pagamento justo, de uma penalidade pelo pecado. Os sacrifícios do Antigo Testamento proporcionaram tipicamente e profeticamente uma expectativa do sacrifício final de Cristo. O perdão como um relacionamento entre Deus e o homem depende dos atributos divinos de justiça, amor e misericórdia, e é baseado na obra de Deus ao providenciar um sacrifício apropriado” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1501).
Fonte:
Livro de Apoio - 4º Trim/17 – A Obra da Salvação - Claiton Ivan Pommerening
Lições Bíblicas Adultos 4º trimestre/17 - A Obra da Salvação — Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida – Comentarista: Claiton Ivan Pommerening
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