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sábado, 4 de novembro de 2017

A Abrangência Universal da Salvação

“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” Jo 3.17

A abrangência universal da Salvação

A salvação em Cristo abrange poucas pessoas escolhidas por decreto de Deus ou qualquer ser humano que se arrepende de seus pecados e crê no Unigênito Filho do Pai?

Esta lição retoma uma discussão de séculos, que no lugar de origem dela se encontra superada, mas floresceu aqui no Brasil. Em primeiro lugar é importante ressaltar que não podemos fazer da boa exposição teológica um campo de batalha e de agressões pessoais, pois quem se compreende tanto arminiano quanto calvinista herdarão o mesmo céu. Entretanto, é verdade que nós, os pentecostais, nos identificamos mais com a teologia clássica arminiana, que infelizmente, é desconhecida por muitos pentecostais.

Uma teologia que destaca o caráter amoroso e justo de Deus
Diferentemente do que muitos pensam a teologia arminiana não está centrada no livre-arbítrio, mas na ênfase ao caráter amoroso e justo de Deus. Segundo o teólogo Roger E. Olson, na obra Teologia Arminiana: Mitos e Realidades, a preocupação primária de Jacó Armínio foi o compromisso com a bondade de Deus, sendo Jesus Cristo a maior e melhor prova de que o caráter de Deus foi revelado nas Escrituras compassivo, misericordioso, amável e justo. Ora, a epístola de Paulo aos Colossensses diz que em Cristo “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). De modo que um dos Evangelhos narra essa mesma verdade da carta paulina, pronunciada e confirmada pelo próprio Senhor (Jo 12.44,45; cf; Jo 14.9-14). Por isso, como fez Roger Olson, pode-se arrematar sobre Armínio: “Sua teologia é cristocêntrica”.

Uma teologia que destaca a vontade universal de Deus para a salvação
Baseado nessa compaixão, misericórdia, amor e justiça é que o plano salvífico de Deus, executado por Jesus Cristo, provê salvação a todo o ser humano. Em Jesus, Deus se mostra misericordioso, bondoso, amoroso e justo; logo, não haveria o porquê de o Pai enviar seu Filho, fazê-lo passar por todo processo de crucificação, morte e ressurreição, ordenando que os discípulos, após serem batizados no Espírito Santo, proclamassem o Evangelho a toda a criatura (Mc 16.15; cf. At 1.8). A partir dessa ordem, estava clara a intenção de Deus de salvar todos os seres humanos e, com base em sua bondade, amor e justiça, dá a oportunidade de ele rejeitar ou não a promessa bendita de Salvação. Aqui, o livre-arbítrio torna-se secundário, pois o que se destaca são o amor e a bondade de Deus. Revista ensinador Cristão nº72

A salvação em Jesus Cristo é de abrangência universal, pois os que o aceitarem, em todo tempo e lugar, serão salvos pela graça de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - João 3.16-18; 1 Timóteo 2.5,6

Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo veremos que a salvação em Jesus Cristo é de abrangência universal. Deus ama todos, independente de raça, cor ou classe social. Ele ama todos os povos e deseja que todos se salvem mediante a fé no sacrifício do seu Filho Unigênito. Não podemos concordar com a predestinação, pois as Escrituras Sagradas não mostram que somente alguns foram criados para usufruir da vida eterna, enquanto outros, predestinados, serão lançados no lago de fogo. Contudo, sabemos que Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio e nossas escolhas vão influenciar o nosso destino eterno. O próprio Salvador, Jesus Cristo, afirma que quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16.16).

A salvação em Cristo alcança a todos (Jo 3.16). É tão eficaz que foi completada de uma vez por todas pelo “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Somente por intermédio de um Cordeiro tão perfeito, de um sacrifício tão completo e de um Deus tão amoroso se poderia realizar essa obra de maneira a raiar a luz para os que estavam em trevas (Mt 4.16).


Nada na história é comparável ao que Cristo fez. Sua encarnação é única no mundo; sua vida foi plena de sentido; sua morte foi a salvação completa da humanidade e do cosmo, e sua ressurreição aponta para o fato de que os que creem em sua obra salvadora alcançarão, um dia, a plenitude da glória eterna. Ela é eficaz porque foi completada de uma vez por todas pelo “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Somente um cordeiro tão perfeito, um sacrifício tão completo e um Deus tão amoroso poderiam realizar esta obra e trazer luz para os que habitavam em trevas (Mt 4.16).

A UNIVERSALIDADE DO PECADO

A obra expiatória de Cristo tornou-se necessária por causa da universalidade do pecado que atingiu toda a raça humana e também por causa da seriedade do pecado porque este corrompeu o ser humano e prejudicou sua comunhão com Deus. Também é necessária por causa da incapacidade do homem de resolver por si mesmo esses problemas. Portanto, a universalidade, a seriedade e a incapacidade humana apontam para Cristo como único possível para fazer a expiação. Assim, fez-se necessária a obra expiatória de Cristo, que Ele padecesse ou se sacrificasse para aniquilar o poder do pecado (Rm 5.21), a adversidade advinda dEle e também sua morte. O sacrifício expiatório de Jesus teve lugar na cruz do Calvário e foi a substituição do justo pelo pecador. Ele pagou o preço por nossos pecados, tomou-os sobre si, venceu a morte e ressuscitou (Is 53). A expiação é a suprema expressão do amor do Pai para com a humanidade através de Jesus Cristo (Jo 3.16).

Em sua morte, Cristo salientou a seriedade do pecado e a severidade da justiça de Deus, triunfou sobre as forças do pecado e da morte, liberando-nos de seus poderes, ofereceu satisfação ao Pai por nossos pecados e mostrou o grande amor de Deus à humanidade. Dessa forma, a expiação implica em que a “humanidade de Jesus significa que sua morte expiatória é aplicável aos seres humanos; sua deidade significa que sua morte pode servir para expiar os pecados de toda a humanidade.”74

Todos foram afastados de Deus por causa do pecado (Rm 3.23); todos se inclinam para o mal (Sl 14.3; Mc 10.18); não há homem justo sobre a terra (Ec 7.20). O pecado é tão terrível para o ser humano que a Bíblia afirma que ele tem o poder de afastar as pessoas de Deus e impedir as orações (Is 59.2) e ainda de tornarem as pessoas alvos de sua ira (Hb 10.27). Somado a isso, o homem sofreu perda física, psíquica, social e espiritual. Além disso, a natureza também foi atingida pelo pecado e sofreu sérias consequências (Gn 3.17-19), assim como ainda sofre por causa da degradação, poluição e destruição do homem que, em sua ganância, a destrói, fazendo-a gemer (Rm 8.22), aguardando novos céus e nova terra (1 Pe 3.13) através da sua redenção.

Portanto, sua morte é a expiação dos pecados, do hebraico kapar,75  que significa cobrir (no sentido de ocultar) o pecado. Isaías escreveu que “ao Senhor agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado [...]” (Is 53.10). Se alguém pecasse no Antigo Testamento, precisaria oferecer um animal pela culpa para “cobrir” a ofensa (Lv 6.2-7), significando que o pecado foi coberto por uma vítima inocente e, portanto, não seria mais visto, tornando-se invisível aos olhos de Deus. Esse mesmo princípio individual era usado para os pecados da nação (Lv 4.13-20). Nesse sentido, o sacrifício de Cristo é infinitamente mais abrangente, pois Ele não apenas cobre os pecados, como também os remove completamente, apagando-os e, portanto, perdoando-os (Hb 10.4-10) como se nunca houvessem sido cometidos.76

Pode-se dividir a expiação em quatro representações conforme Strong:77 moral, originada no amor desinteresseiro de Deus em assegurar a libertação do pecador (Jo 3.16); comercial, um pagamento de resgate libertando da escravidão (Mc 10.45); legal, como um ato de obediência à Lei violada pelo pecado e uma apresentação da justiça de Deus (Mt 3.15; Gl 4.4-5); e sacrificial, como obra de mediação sacerdotal reconciliando o homem com Deus, removendo a inimizade através da oferta pelo pecado a favor dos transgressores e satisfazendo a exigência da justiça e santidade de Deus (Hb 10.11-12).

Além de fazer a expiação pelo pecado de todos, Jesus também foi o Sumo Sacerdote que entrou no santuário celestial perante Deus, com seu próprio sangue, efetuando, de uma vez por todas, uma redenção eterna (Hb 9.11,12,24). Para provar que, a partir da morte de Cristo, não era mais necessário oferecer sacrifício de animais, o véu do templo, que dava acesso ao Santo dos Santos, onde ficava o propiciatório em que se oferecia a oferta de sangue, foi rasgado de alto a baixo (Mt 27.51), dando acesso pleno a todo ser humano à presença de Deus pelo novo e vivo caminho, consagrado pela sua carne rasgada por nós (Hb 10.19-20). Assim, podemos ter plena confiança de que seremos aceitos e amados, pois fomos purificados da má consciência e das obras mortas e, com todo coração, aproximamo-nos mais de Deus (Hb 10.22).

A expiação é suficiente para todos; ela é eficiente para aqueles que crêem em Cristo. A expiação propriamente dita, à medida que coloca a base para o trato redentor de Deus com os homens, é ilimitada; a aplicação da expiação é limitada àqueles que crêem verdadeiramente em Cristo. Ele é o salvador em potencial de todos os homens; mas é efetivamente só dos crentes. “Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (1 Tm 4.10).78

2. O ALCANCE DA OBRA EXPIATÓRIA DE CRISTO

A vida tem muitas coisas boas, mas também é repleta de sofrimentos que levam à angústia, desespero e dor. Isso aumenta ainda mais a necessidade de salvação daqueles que vivem em precárias condições humanas — como sendo algo complementar à necessidade da salvação espiritual —, pois, diante de um ser humano que sofre nesse mundo, há um grito de liberdade que encontra seu eco na cruz de Cristo. Esse grito está expresso na Oração do Pai Nosso quando Jesus ensina-nos a expressar em oração “livra-nos do mal” (Mt 6.13). O próprio salmista Davi revela que Deus iria levantar-se com “salvação” em defesa do necessitado em consequência do seu gemido (Sl 12.5; 72.12-14). Da mesma forma, a natureza geme esperando a redenção (Rm 8.22) diante das vergonhosas violências e depredações praticadas contra ela como consequência do pecado do homem.

Muitos se encontram em extrema miséria, fome, injustiça social, violência e pobreza em todos os sentidos.79  Pobres são os que “foram privados de fazer escolhas por si mesmos — a escolha de ter alimento sobre a mesa, de ter água pura e limpa, de receber educação, de estar livre da violência, de ter assistência médica, de ter moradia.”80  São também pobres os que não tem acesso à Palavra de Deus por falta de alguém para anunciar-lhes essa Palavra ou, então, por falta de recursos para tê-la; portanto, pobres são os que desconhecem o evangelho das Boas-Novas. A resposta de Deus a esse mundo que sofre somos nós, os cristãos, que conhecemos o evangelho que liberta, tanto através da obra de Cristo quanto das boas obras dos salvos (Tg 2.1617).81

Pobreza e pecado é o resultado dos conflitos humanos. “São uns que dependem dos outros: são os ricos que empobrecem os pobres; são os sãos que servem de obstáculo aos deficientes; são as pessoas boas que estigmatizam os fracos como pecadores. Quase sempre é a posse, a que os que possuem se agarram, e da qual eles excluem os que não a possuem. A posse pode ser dinheiro, saúde ou força, pode significar justiça ou o ser-bom; também pode significar a condição do homem varão. Sempre é o poder que está em jogo. Onde quer que estes dons da vida sejam apropriados por uns poucos, surgem as impiedosas lutas de distribuição em torno das oportunidades de trabalho, de propriedade e de vida, e nestas lutas sempre o que é próprio é “o bom” e o que é do outro é “o mau”. Só existe a possibilidade de se ser amigo ou inimigo, sem outras alternativas. Aqui o diabo anda solto, e o fim é [a morte].”82

A obra expiatória de Cristo tem alcance também sobre essa triste realidade. Foi exatamente para esses pobres que serve a obra expiatória de Cristo quando as escrituras afirmam que “Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre” (Tg 2.5-6a). As escrituras são claras quando afirmam que Jesus ratificou aquilo que o profeta dissera, ou seja, que Ele veio exatamente para aqueles que são pobres, necessitados e moribundos: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.1819). Portanto, se somos salvos, é nossa missão unirmo-nos a Cristo para completar a obra que Ele começou (Cl 1.24), tanto na evangelização, como na prática do evangelho e até mesmo na Teologia.

Se a situação histórica de [pobreza], fome e desnutrição não se converte no ponto de partida de qualquer teologia cristã hoje, mesmo nos países ricos e dominadores, a teologia não poderá situar e concretizar historicamente seus temas fundamentais. Suas perguntas não serão perguntas reais. Passarão ao lado do homem real. [...] Realmente, frente aos problemas do mundo de hoje, muitos escritos de teologia se reduzem a um cinismo.83

Diante de tantas necessidades humanas, somos confrontados pelo evangelho a anunciar as Boas-Novas para que sua obra expiatória alcance não somente os quatro cantos da terra, mas também todas as dimensões da existência humana e ainda o mais profundo do ser humano, que sofre por causa do pecado e suas consequências.

A dimensão da salvação extensiva aos necessitados tem a ver com o caráter coletivo da salvação84  no sentido de que as boas obras para com o próximo acompanham a salvação conforme descrito na epístola de Tiago. Entretanto, biblicamente falando, não somos compostos por uma massa humana, mas, sim, por uma família de Deus, que se preserva e cuida uns dos outros.

Unindo-se todos os sentidos dados à salvação no Antigo e no Novo Testamento conforme descrito no primeiro capítulo deste livro, tem-se uma abrangência tão grande quanto à fertilidade do solo, dos rebanhos, das pessoas; a garantia de prosperidade, saúde e segurança; o livramento da perseguição de inimigos; a possibilidade de felicidade; o livramento da miséria e da dor; o suprimento de necessidades básicas (“pão nosso de cada dia”); e, especialmente, a salvação da condenação do pecado. “A Bíblia não sustenta a separação entre cura física e espiritual, entre o bem-estar e a salvação, entre a sanidade do corpo e a redenção da alma.”85 Sabe-se que a existência humana é feita de contradições, ambiguidades e paradoxos. Por esse motivo, alcança-se a salvação na esfera humana, material e física de maneira substancial, ou seja, incompleta e sujeita a precariedade. Isso, no entanto, não prejudica a dimensão espiritual, presente e escatológica, da salvação que vence e vencerá tudo o que ameaça a vida e impõe-se acima da morte e da destruição. Por isso, a salvação ultrapassa as dimensões terrenas, embora esteja presente nela também; pelo fato de o pão da vida ser muito mais do que o pão de cada dia é que, quando quiseram proclamar Jesus rei por ter multiplicado pães e peixes, Ele negou-se a deixar isso acontecer (Jo 6.15).86

A progressividade da salvação aqui nesta terra, através do novo ser em Cristo, dá-se na capacidade de exercitar a fé viva naquEle que experimentou a angústia mais profunda da culpa e condenação de nossos pecados na cruz para trazer-nos justificação; a angústia mais profunda da morte e do destino para trazer-nos vida; e também da angústia mais profunda de vazio e insignificância do abandono na cruz para encher-nos de significado.

Todos os salvos participam do novo ser em Cristo através da fé, mas ninguém é completamente curado e livre da ansiedade87  e das consequências do pecado; portanto, ninguém pode experimentar ainda uma plenificação completa desse novo ser em Cristo. Vivemos na tensão do “já agora” experimentando a cura e salvação na medida em que permitimos que a coragem de ser nova criatura em Cristo vá dominando o não-ser, pois nele a qualidade curativa é completa e ilimitada.88  Também vivemos dentro da perspectiva do “ainda não” escatológico quando, finalmente, seremos semelhantes a Ele (1 Jo 3.2) e completamente livres da ansiedade e do medo.

A perspectiva escatológica da salvação não impede que a vivamos aqui, como já descrito anteriormente. Por esse motivo, podemos experimentar as consequências positivas dela desde já, as quais são: o abandono de esforços humanos para agradar a Deus; o restabelecimento da comunhão indescritível com Deus; estabelece-se um relacionamento amoroso entre Pai e filho; experimenta-se a libertação das garras do pecado; há a libertação da consciência e dos pensamentos pecaminosos e perniciosos; recebe-se a cura substancial dos problemas psicológicos (autoaceitação, autoestima, etc.) e dos relacionamentos; e vive-se com mais confiança, contentamento e gratidão.

Quando recebemos a morte de Cristo como nossa redenção, tornamo-nos aceitos nEle e amados do Pai (Ef 1.6); a justiça dEle torna-nos justos (Rm 3.21); somos santificados pelo Espírito Santo, desenvolvemos o caráter de Cristo e produzimos o fruto do Espírito (Gl 5.22-23). Temos o perdão de Deus, a purificação do pecado (At 2.38; 3.19) e ainda a esperança da redenção completa, quando o que é corruptível revestir-se de incorruptibilidade (1 Co 15.53-54) e a trombeta soar, quando mortos e vivos subirão para o encontro com o Senhor nos ares (1 Ts 5.13-18).

Mas, certamente, uma das maiores e mais densas consequências da obra expiatória de Cristo, já nesta terra, é a alegria da salvação, que, juntamente com a justiça e a paz, constituem a natureza do Reino de Deus (Rm 14.17). Jesus afirmou que, quando esse tempo de salvação efetiva chegasse, a alegria seria permanente, não podendo ser ameaçada por nenhuma contingência (Jo 16.22). Alegria é a explosão de vida abundante operada por Jesus e um estado de ânimo que produz confiança, concretiza anseios e experiências gratificantes. Está claro que a perfeita alegria é futura; ela, porém, já é antecipada através da salvação na vida cotidiana, pois o evangelho são novas de grande alegria (Lc 2.10; 10.17; Is 51.11).89  Jesus orou para que os discípulos e todos os que iriam crer tivessem alegria completa (Jo 17.13).

Há uma amplitude muito grande e completa na salvação operada por Cristo. Ela envolve todos os homens e o homem por inteiro, abrangendo espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23). A salvação alcança o mundo todo em todas as dimensões (Jo 3.16). Além disso, através da expiação de Cristo, é possível a redenção, a reconciliação, a justificação, a adoção, o perdão dos pecadores e todas as demais garantias salvíficas. Todavia, convém destacar: essa grande salvação precisa ser aceita livremente pela fé para tornar-se efetiva.

O esforço próprio para manter-se puro e sem pecado sempre fracassou. O sistema sacrificial foi apenas uma indicação para o sacrifício perfeito de Cristo. Sendo assim, o homem não consegue resolver o problema do seu pecado porque não pode mantê-lo oculto (Nm 32.23), nem tem condições de purificar-se (Sl 20.9), e a lei é incapaz de justificá-lo (Rm 3.20; Cl 2.16). Portanto, suas tentativas são fracassadas, exigindo a vinda do próprio Filho de Deus para resolver a questão.

3. CRISTO OFERECE SALVAÇÃO A TODO O MUNDO

A maior consequência da salvação operada por Jesus é o perdão dos pecados e a reconciliação do pecador com Deus. Mas, através da salvação de Cristo, Deus faz-se presente na cura dos enfermos (Mt 4.23), na ressurreição dos mortos, no anúncio do evangelho aos pobres, na libertação das várias opressões que assolam o ser humano (Jo 12.46), na transformação de vidas que o evangelho opera, na vida eterna (Jo 6.47; Rm 1.16) e na chegada do Reino de Deus (Mt 10.7; Mc 1.15).

A Bíblia afirma que a salvação é para todos (Jo 3.15; 1 Tm 4.10), em qualquer circunstância (Lc 23.43), com o esforço humano mínimo (At 15.9; Rm 3.28; 11.6) de apenas crer de coração e confessar com a boca a Cristo como Salvador (Rm 10.9; 1 Co 1.21). Mas, além disso, a salvação que Cristo oferece é uma experiência bastante abrangente para o ser humano, envolvendo todas as dimensões da vida, trazendo paz à alma através do perdão dos pecados, alívio da consciência acusadora, libertação de cadeias e prisões da alma, cura de traumas e doenças emocionais (Hb 10.39), cura de doenças físicas, um espírito renovado, novas perspectivas de vida, forças para enfrentar as circunstâncias adversas, um aguçado senso de justiça e, especialmente, a prática constante do amor (Jo 13.34). A oferta de salvação que Cristo trouxe é a evidência da instalação de seu Reino nos corações dos seres humanos que, outrora, viviam em tristeza e pobreza, cativos, cegos e oprimidos (Is 61.1ss; Lc 4.18).

Nós, como cristãos, temos uma enorme responsabilidade em compartilhar a salvação com o mundo. Esse compartilhar evidencia-se de variadas formas que estão alinhados com o ide de Jesus (Mt 28.19) e são: a evangelização e o discipulado das pessoas em nosso círculo de contatos reais ou virtuais (At 5.42); o comprometimento com missões mundiais colaborando com as igrejas locais que sustentam missionários (At 13.2); o envolvimento político e comunitário em conselhos, comissões e entidades que promovem a justiça social e a dignidade humana (Mt 5.20); o disponibilizar-se para ouvir o clamor dos que tem fome e sede de justiça (Mt 5.6) e que se encontram desprovidos do que é básico para sua subsistência (Mt 19.21; Lc 14.13; 2 Co 9.9; Gl 2.10); a minimização do desespero humano; o combate contra a marginalização e a violência (Lc 4.18); e a oposição profética à idolatria do materialismo, do consumismo, do individualismo e da exploração que subvertem os valores do evangelho e levam milhões de pessoas aos abismos da miséria (Mt 6.31-33; 21.12).

A salvação que Cristo oferece é tão abrangente que, além de ser uma experiência espiritual individual, primordial e libertadora, traz consigo implicações de ordem cultural, social, política e econômica que vão muito além do indivíduo, estendendo-se por toda a ordem de coisas criadas.

Portanto, todo cristão tem um compromisso moral e ético de promover a pregação dessa salvação que Cristo oferece gratuitamente a todo mundo — se realmente ele foi alcançado pela salvação que há em Cristo. Para oferecê-la, Ele veio ao mundo demonstrando que fez efetivamente de tudo para que o Deus Pai amoroso e sua salvação tornassem-se conhecidas. Assim sendo, esse gesto de Cristo constrange-nos a também tornar conhecida sua obra a todo o mundo, em todos os lugares, a todas as pessoas, em todas as situações (2 Tm 4.2) para que se cumpra o que escreveu o apóstolo João:

“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro” (Ap 7.9-10).

“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10.14).


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
O Alcance da Obra Salvífica de Cristo
“Há entre os cristãos uma diferença significativa de opiniões quanto à extensão da obra salvífica de Cristo. Por quem Ele morreu? Os evangélicos, de modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto é, o amor divino não permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o Diabo e os anjos caídos permaneçam eternamente separados dEle). O universalismo postula que a obra salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção. Além dos textos bíblicos que demonstram ser a natureza de Deus de amor e de misericórdia, o versículo chave do universalismo é Atos 3.21, onde Pedro diz que Jesus deve permanecer no Céu ‘até aos tempos da restauração de tudo’. Alguns entendem que a expressão grega apokastaseõs pantõn (restauração e todas as coisas) tem significado absoluto, ao invés de simplesmente ‘todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas’. Embora as Escrituras realmente se refiram a uma restauração futura, não podemos, à luz dos ensinos bíblicos sobre o destino eterno dos seres humanos e dos anjos, usar este versículo para apoiar o universalismo. Fazer assim seria uma violência exegética contra o que a Bíblia tem a dizer deste assunto” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.358).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
O Perdão de Cristo
“A doutrina do perdão, proeminente tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, refere-se ao estado ou ao ato de perdão, remissão de pecados, ou à restauração de um relacionamento amigável. Central à doutrina do Antigo Testamento está o conceito de cobrir o pecado da vista de Deus, representado pela palavra heb. kapar. Isto é indicado pelas várias traduções da palavra tais como ‘apaziguar’, ‘ser misericordioso’, ‘fazer reconciliação’, e o uso mais proeminente na expressão ‘fazer expiação’, que ocorre 70 vezes na versão KJV em inglês. Em Levítico 4.20, ela é agrupada com uma outra palavra proeminente do Antigo Testamento empregada para perdão, com o significado de ‘enviar ou deixar partir’. Consequentemente, em Levítico 4.20 está declarado: ‘O sacerdote por eles fará propiciação [de karpar], e lhes será perdoado [de salah] o pecado. Uma terceira palavra heb., na'as, ocorre frequentemente com a ideia de ‘levantar’ ou ‘dispersar’ o pecado.
[...] Fica claro que o perdão depende de um pagamento justo, de uma penalidade pelo pecado. Os sacrifícios do Antigo Testamento proporcionaram tipicamente e profeticamente uma expectativa do sacrifício final de Cristo. O perdão como um relacionamento entre Deus e o homem depende dos atributos divinos de justiça, amor e misericórdia, e é baseado na obra de Deus ao providenciar um sacrifício apropriado” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1501).


Fonte:
Livro de Apoio - 4º Trim/17 – A Obra da Salvação - Claiton Ivan Pommerening
Lições Bíblicas Adultos 4º trimestre/17 - A Obra da Salvação — Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida – Comentarista: Claiton Ivan Pommerening

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