“A terra, porém, estava corrompida diante da
face de Deus; e encheu-se a terra de violência” Gn 6.11
“Os servos de Deus devem manifestar-se contra
a violência (Jr 20.8; Hc 1.2). Eles oram pela libertação dos homens violentos
(Sl 140.1,4) sabendo que somente Deus poderá libertá-los (2Sm 22.3,49; Sl
72.14; 86,14). Os governantes devem eliminar a violência (Jr 22.2ss; Ez 45.9).
As cidades devem se arrepender dela (Jn 3.8). Entretanto, sua presença na
sociedade humana ainda cria problemas em relação à doutrina da justiça divina
(Ec 5,8; Hc 1.2-4). Somente Cristo estava livre dela (Is 53.9) e ela não
existirá na nova terra (Is 60.18ss). Deve-se observar que a violência na época
de Noé (Gn 6.11,13) repetir-se-á nos últimos dias antes do segundo advento de
Cristo (Mt 24.12,37)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD,
2009. p.2022).
“É certo que somente os cristãos têm a
cosmovisão capaz de prover soluções exequíveis para os problemas da vida
comunitária. Assim, devemos estar na vanguarda, ajudando comunidades a cuidarem
de seus próprios bairros. Seja mobilizando esforços para acabar com as
pichações e limpar terrenos desocupados, ou ativismo político para fazer votar
leis que obriguem padrões de comportamento público, deveríamos estar ajudando a
restabelecer a ordem nessas áreas menores como primeiro passo em direção aos
principais problemas sociais” (COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E Agora,
como Viveremos. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000, pp.434,435).
O enfrentamento da violência urbana e a
compaixão pelas vítimas são faces da responsabilidade cristã na sociedade.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Nesta lição, utilize o esquema abaixo para
ensinar a importância do Decálogo para o estabelecimento da ordem social. Dos
Dez Mandamentos, os quatro primeiros referem-se ao relacionamento entre Deus e
o homem, e os outros seis, do homem com o próximo. O intuito dos mandamentos
era organizar a vida em comunidade, para proteger os israelitas contra o
arbítrio e a ofensa alheia.
TEXTO BÍBLICO - Lucas 10.30-37
INTRODUÇÃO
Na lição deste domingo, violência urbana é o
tema a ser estudado. No sentido aqui compreendido, o termo violência urbana
alude a toda conduta humana que ofenda a lei e a ordem pública.
I. PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE A VIOLÊNCIA
1. A violência na Bíblia.
O primeiro episódio violento registrado nas
Escrituras após a rebelião humana foi protagonizado por Caim. Este entrou para
os anais da história como o homem que inaugurou a violência na face da terra,
ao assassinar friamente seu irmão Abel (Gn 4.1-16). Depois deste fatídico
evento, e com a crescente degeneração humana, não pararia mais a escalada da
violência social, a ponto de homens sanguinários se vangloriarem de seus feitos
cruéis (Gn 4.23) e assassinos serem cultuados como verdadeiro heróis (Gn 6.4).
2. A geração do dilúvio.
Violência e depravação vieram a atingir
níveis alarmantes nos tempos de Noé (Gn 6.5). De acordo com Gênesis 6.11, a
terra estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de
violência. O Guia do Leitor da Bíblia explica que maldade e violência são as
duas palavras usadas para caracterizar os pecados que causaram o dilúvio do
Gênesis: “Maldade é rasah, atos criminosos que violam os direitos dos
outros e tiram proveito do sofrimento deles. Violência é hamas, atos deliberadamente
destrutivos que visam prejudicar outras pessoas”. Eis aí as características da
violência urbana.
3. Violência ao longo da Bíblia.
As Escrituras relatam muitos outros episódios
de violência, crueldade e agressão, física e emocional, a fim de evidenciar a
condição pecaminosa do homem (Êx 2.11,12; 2Sm 13; 1Rs 21). Ao lermos tais
passagens, devemos ter em mente que se trata de relatos descritivos, e não
prescritivos. Ou seja, descrevem fatos, mas não prescrevem condutas!
Pense!
Por amor à humanidade, Jesus submeteu-se à
maior de todas as violências: a morte.
Ponto Importante
A Bíblia faz questão de registrar a violência
humana. Afinal, não é objetivo de Deus esconder a verdade ou falsear a história
da humanidade.
1. “Nínives” da atualidade.
O Brasil é um dos países com maior índice de
criminalidade do mundo, com elevada taxa de homicídios, roubos, sequestros e
outros atos criminosos. Algumas cidades se assemelham a Nínive: há derramamento
de sangue, são repletas de roubo e nunca ficam sem presas (Na 3.1). Nesse
quadro avassalador, a população vive em estado de pânico, insegura e
traumatizada com a delinquência dominante. Oremos pelo nosso país!
2. O Estado e a sua função de punir o mal.
Conforme estudamos na lição anterior, Deus
delegou ao governo civil a autoridade para castigar os malfeitores (1Pe 2.14).
Paulo diz que os magistrados são ministros de Deus, e vingador para castigar o
que faz o mal (Rm 13.4). Fica claro, à luz do texto bíblico, que somente o Estado,
sob a autoridade divina, pode punir os malvados, o que contraria qualquer ideia
de revanchismo, vingança privada e o “justiçamento” feito com as próprias mãos.
3. O papel do Poder Público.
É responsabilidade do poder público a
promoção da segurança e o combate a todo tipo de criminalidade, mediante a
atuação conjunta e eficiente dos três poderes governamentais. Espera-se do
Legislativo a criação de leis e normas que coíbam todo e qualquer ato de
violência a fim de garantir a ordem e a paz social. O poder Executivo, além de
criar políticas públicas que busquem garantir a segurança da população, deve
manter um corpo policial preparado, próximo da comunidade, que saiba atuar de
forma preventiva e repressiva. Enquanto isso, o Judiciário tem o importante papel
de julgar de maneira célere e punir com justiça os homens violentos e
sanguinários, evitando, com isso, a impunidade.
Pense!
“Não vos vingueis a vós mesmos [...]” (Rm
12.19)
Ponto Importante
É responsabilidade do poder público a
promoção da segurança e o combate a todo tipo de criminalidade.
1. Utilizando as ferramentas de Deus.
Os filhos de Deus têm condições suficientes
de contribuir com o enfrentamento da violência urbana, valendo-se das
ferramentas que Deus nos disponibilizou em sua Palavra. Vejamos como fazer
isso:
a) Fornecendo uma lei moral absoluta: Para
criarmos uma boa sociedade do ponto de vista cristão, é necessário, em primeiro
lugar, um firme sentimento do que é certo e errado e uma determinação para
colocar adequadamente em ordem a vida de alguém. A violência urbana da presente
época deve-se em grande parte à desconstrução dos valores judaico-cristãos que
serviram de base para a história da humanidade. O cristianismo rejeita o
relativismo pós-moderno e fornece ao homem uma lei moral absoluta que permite
julgar entre o certo e o errado.
b) Envolvendo-se com a comunidade local: Na
fé cristã, palavras e ações devem caminhar juntas. Logo, o agir cristão
impactante no contexto das cidades inicia-se com o envolvimento da igreja com a
comunidade, famílias e escolas locais. A congregação de crentes não pode viver
alienada do cotidiano e dos problemas que afetam o bairro onde está instalada.
c) Desenvolvendo projetos contra a violência: Você
já pensou como os grupos de jovens crentes podem ajudar a desenvolver projetos
contra a violência urbana? Colocando em prática a força espiritual a que João
alude (1Jo 2.14), é possível promover ações sociais que incentivem o
comportamento virtuoso e confrontem os vícios sociais que conduzem à destruição
e à delinquência juvenil.
d) Apoiando as vítimas da violência: Por
fim, e não menos importante, é a ajuda às vítimas da violência. No exemplo de
Jesus (Lc 10.37), a atuação do Bom Samaritano não se resumiu às palavras de
apoio ao homem que fora espancado a caminho de Jericó. A Bíblia diz que ele
“atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu
animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele” (v.34). Há muitos feridos e
moribundos ainda hoje. Cuidar dessas pessoas revela a nobreza do amor de Deus
derramado em nossos corações.
Pense!
Além de pôr em prática a dimensão do cuidado,
o Bom Samaritano garantiu financeiramente a continuidade do tratamento da
vítima.
Ponto Importante
Na fé cristã, palavras e ações devem caminhar
juntas.
CONCLUSÃO
Ao final desta lição, a parábola do Bom
Samaritano ainda continua a nos ensinar muito a respeito do enfrentamento
cristão à violência urbana de hoje. Deus nos chama a desempenhar esse mesmo
ministério da compaixão e da misericórdia nesta sociedade fraturada pela
violência física, emocional e patrimonial.
“Todas as vezes que os líderes das grandes
potências, ignorando a soberania de Deus, proclamam uma política de
globalização, o mundo é mergulhado numa guerra. Haja vista a euforia do
primeiro-ministro inglês Neville de Chamberlain às vésperas da Segunda Guerra
Mundial. Terminado o conflito, constataram os estadistas que o mundo estava
mais dividido do que nunca.
Assim acontece a esta geração de estadistas.
Apesar de sua retórica, o mundo nunca teve tão dividido em aldeias e tribos. O
ser humano continua o mesmo: bairrista, selvagem, violento. Se o romano
Petrônio estivesse aqui, vendo as cenas que neste momento comovem o mundo,
repetiria mais enfaticamente sua sentença: ‘O homem é o lobo do homem’.
A globalização jamais melhorará o homem, nem
o arrancará de suas estreitas fronteiras de violência e terror. Somente o
Senhor Jesus Cristo poderá transformar radicalmente o ser humano numa nova
criatura (Jo 3.3).
O que estamos fazendo enquanto o mundo arde
em nosso redor? Não nos enganemos! [...] Que ninguém pense que seremos poupados
de semelhantes provações por sermos o país do futebol e do carnaval. Deus exige
que sejamos conhecidos também como a pátria do Evangelho e da responsabilidade
moral” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Quando os Símbolos e Mitos Caem:Ícones
de riqueza, globalização e segurança desabam em Nova Iorque. Mensageiro da
Paz, CPAD: RJ. Setembro/2001, p.11).
Fonte: Lições Bíblicas CPAD - Jovens - 4º Trimestre de 2017
Título: Seguidores de Cristo — Testemunhando numa Sociedade em ruínas - Comentarista: Valmir Nascimento
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