“Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade” Pv 16.32
Vivemos numa sociedade onde os excessos da
vida são estimulados diariamente, como o acesso ao consumo diante das
propagandas midiáticas prometendo “céus e terras”. Os Shoppings Centers talvez
seja o maior exemplo do reflexo desse espírito consumista. A imagem dos
rodízios, onde as pessoas comem muito mais do que seria o adequado para o seu
bem estar. Os valores exorbitantes de aparelhos de telefone celular, bolsas
importadas e tantos outros itens que não fazem parte da realidade econômica da
maioria das pessoas, mas que impõem a ela a necessidade de adquirir sem poder.
Esse é o “espírito” do nosso tempo!
O ser humano anda na corda bamba entre o
equilíbrio e a falta de moderação. Em Gálatas, a palavra grega que aparece para
prostituição é porneia. O termo se refere a todo tipo de imoralidade
sexual. Note que as três palavras que aparecem no texto bíblico de Gálatas 5 —
prostituição, impureza e lascívia —, embora tenham significados distintos, têm
a mesma conotação: imoralidade sexual. Ou seja, a conduta que vai à contramão
da vontade de Deus em relação à vida sexual. Aqui, há um grande apelo do
apóstolo aos crentes da Galácia para cultivarem uma vida íntima de acordo com a
vontade de Deus. Isso demandaria equilíbrio espiritual!
Junto com a glutonaria, podemos destacar
também as bebedices. Com glutonaria, o texto bíblico se refere ao ato de comer
demasiadamente ao ponto de se tornar em vício. Ao lado das bebedices, a
glutonaria está numa posição onde o apóstolo Paulo rechaça o vício na vida dos
que seguem a Jesus. Os vícios descritos em Gálatas revelam um estilo de vida
hedonista, fruto da cultura pagã dos tempos de Paulo. Cada um vivia conforme
seu gosto e sua maneira de ver a vida. O que não é diferente da realidade
atual. Por isso, somos instados pelo apóstolo a ter uma vida equilibrada,
manifestando a virtude da temperança em toda a nossa maneira de viver.
A palavra “temperança” também é apontada como
“domínio próprio” ou “autodomínio”. Conforme 1 Coríntios 9.27, a palavra mostra
que a temperança ou o autodomínio é uma virtude do Espírito Santo que nos ajuda
a dominar nossos impulsos carnais. É a virtude de conter a si mesmo, conter
todos os vícios enumerados pelo apóstolo Paulo: a prostituição, a impureza, a
indecência, a glutonaria e as bebedices. Deus nos da poder para resistir e
nunca nos deixarmos dominar por esses vícios. (Revista Ensinador Cristão nº69)
A temperança ajuda o crente a ser moderado em todas as áreas e circunstâncias da vida.
Texto Bíblico: 1 João 2.12-17
Na lição de hoje estudaremos a
temperança, fruto do Espírito, em contraposição a prostituição e a glutonaria,
obras da carne. Como crentes precisamos ter uma vida moderada, equilibrada e
santa. A prostituição e a glutonaria são um pecado contra o nosso corpo, que é
morada do Espírito Santo. Tudo que agride o nosso corpo é pecado, pois fere e
macula a morada de Deus. Jamais podemos nos esquecer que o nosso corpo é
habitação do Espírito Santo, por isso, precisamos cuidar bem dele evitando tudo
que possa manchá-lo e fazê-lo adoecer.
“A palavra grega egkrateia significa ‘temperança’ ou ‘domínio
próprio’ até sobre paixões sensuais. Inclui, portanto, a castidade. Essa ênfase
não aparece nos textos de Romanos 12 e 1 Coríntios 12—14. Por outro lado, o
contexto anterior oferece um tratamento completo do assunto. Em Efésios
4.17-22, a vida nova é contrastada nitidamente com a antiga. A imoralidade não tem
lugar na vida de uma pessoa que procura ser vaso de bênçãos nas mãos de Deus.
Se o viver santo não acompanhar os dons, o nome de Cristo é envergonhado. O
ministério verdadeiramente eficaz perde seu impacto. Os milagres talvez
continuem durante algum tempo, mas Deus não recebe nenhuma glória. Os milagres
não garantem a santidade, porém a santidade é vital para o verdadeiro
ministério espiritual” (HORTON, Stanley H. Teologia Sistemática: Uma
perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.492).
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos que o crente deve ser
livre de qualquer intemperança. Ele precisa ter o fruto do Espírito Santo,
vivendo com equilíbrio, em tudo sendo moderado a fim de que o nome do Senhor
seja exaltado mediante suas ações. Estudaremos a temperança como um dos
aspectos do fruto do Espírito em oposição à glutonaria e à prostituição.
TEMPERANÇA
“A temperança não é apenas moderação. É
controle próprio. O verbo correspondente é usado para os atletas que precisam
se controlar em tudo para serem vitoriosos (1 Coríntios 9.25). O Espírito nem
sempre remove todos os desejos da carne, e, certamente, nem todos os impulsos e
tendências da carne. Mas parte do seu fruto é que Ele nos ajuda a desenvolver o
autocontrole que domina esses desejos, impulsos, paixões e apetites. O
autocontrole não aparece automaticamente. O que o Espírito faz é ajudar-nos a
disciplinar a nós mesmos”. Para conhecer mais leia, A Doutrina do Espírito
Santo, CPAD, p.194.
I. TEMPERANÇA, O DOMÍNIO DAS INCLINAÇÕES
CARNAIS
Podemos comparar o crente que vive segundo a
carne, dominado pela velha natureza, a um vulcão ativo que está sempre prestes
a entrar em erupção. O que o vulcão lança de seu interior? Gases venenosos,
lava incandescente e fogo. A erupção pode devastar cidades inteiras e fazer
milhares de vítimas. Assim é o crente que não tem o fruto do Espírito. Do seu
interior, procede somente aquilo que é mau (Lc 6.45). Precisamos ser comedidos
em nossas palavras e atitudes, procurando ser cheios do Espírito Santo
diariamente (Ef 5.18). Fomos salvos pela graça divina e essa graça nos ensina a
rejeitar as obras da carne e a vivermos de modo sóbrio, justo e piedoso (Tt
2.11).
No grego, a palavra temperança é enkráteia,
que significa autocontrole, disciplina (2Pe 1.6; Tt 1.8). Este vocábulo é
também utilizado por Paulo para tratar a respeito da pureza sexual (1Co 7.9).
Já em 1 Coríntios 9.25, ele é empregado para destacar a disciplina de um
atleta. Paulo desejava que os crentes entendessem que é o Espírito Santo que
nos ajuda a ser disciplinados e comedidos. Com a ajuda de Deus, Paulo tinha
suas vontades e desejos em sujeição (1Co 9.27).
Talvez você pense que as palavras mansidão e
temperança sejam sinônimas, porém existe diferença entre elas. Mansidão é saber
se controlar em um momento de ira, ou irar-se no momento certo. Já a temperança
está relacionada à questão do impulso sexual, glutonaria e às questões da
carne.
2. Temperança e qualidade de vida.
Temperança significa ter controle sobre seus
desejos e atitudes. Quem tem temperança tem qualidade de vida. Deus não proíbe
você de comer, beber e ter uma vida de conforto e felicidade. Contudo, Ele
deseja que vivamos de modo sóbrio e equilibrado. Uma pessoa que tem domínio
próprio sabe se controlar em toda e qualquer situação. Por não terem a
temperança como fruto do Espírito, muitos estão vivendo sem pudor, cometendo
toda a sorte de excessos, envergonhando o nome de Cristo e a Igreja do Senhor.
Sabemos que o que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do Espírito é
espírito, logo vive de modo equilibrado e não tem prazer nas concupiscências
desse mundo (Jo 3.6). Precisamos diariamente nos encher do Espírito Santo para
não cumprirmos os desejos da carne (Gl 5.16). As obras da carne são conhecidas,
e sua mortificação só é possível quando somos completamente dominados pelo
poder do Espírito Santo.
3. A temperança na vida de Cristo.
Jesus se fez homem e habitou entre nós (Jo
1.14), mas Ele não pecou e jamais experimentou as obras da carne. Jesus era cheio
do Espírito Santo (Lc 4.18), razão pela qual pôde vencer as tentações da carne,
do mundo e do Diabo (Hb 4.15). A velha natureza deseja apenas o que é desse
mundo: comida, bebida e prazeres pecaminosos. Porém, quando vivemos orientados
e guiados pelo Espírito, somos equilibrados e não deixamos que as paixões
carnais nos vençam.
A temperança, fruto do Espírito, nos ajuda a
termos domínio contra as inclinações carnais.
II. PROSTITUIÇÃO E GLUTONARIA, O DESCONTROLE
DA NATUREZA HUMANA
O vocábulo prostituição no grego é porneia e
significa imoralidade, relações sexuais ilícitas. Como novas criaturas,
precisamos abster-nos da prostituição e de todo o tipo de infidelidade
conjugal. Vivemos em uma sociedade que aceita e propaga o sexo antibíblico e
profano. Não podemos nos conformar com esse mundo e não podemos jamais esquecer
de que devemos ser “sal” e “luz” neste mundo (Mt 5.13-16; Rm 12.2).
2. A disciplina em casos de prostituição.
Paulo teve sérios problemas com a imoralidade
na igreja em Corinto (1Co 5.1). Um dos crentes estava mantendo relacionamento
sexual com sua madrasta. O apóstolo tratou esse caso de imoralidade com
seriedade e temor. O pecado precisa de disciplina, pois, caso contrário, haverá
a corrupção generalizada (vv.6-8). O propósito da disciplina não é humilhar ou
ferir aquele que pecou, mas preservar a pureza moral na igreja. A Palavra de
Deus nos adverte a fugir da prostituição: “Fugi da prostituição [...]” (1Co 6.18).
Nosso corpo pertence ao Senhor, pois Ele nos criou (1Co 6.13). Que jamais
venhamos a usar nossos membros para a prostituição, mas para manifestar a
glória de Deus.
3. A glutonaria e seus males.
Glutão é aquele que come em excesso e com
voracidade. Tal atitude revela falta de equilíbrio espiritual e emocional. Até
mesmo na hora de nos alimentarmos precisamos ter parcimônia. Enquanto a
prostituição é um pecado com o corpo, a glutonaria é um pecado contra o corpo.
Salomão adverte aos que comem em excesso (Pv 23.2). Nosso corpo é templo do
Espírito Santo, por isso, precisamos cuidar bem dele, tendo uma alimentação
saudável e equilibrada (1Co 6.19). Muitos estão enfrentando sérios problemas de
saúde porque não foram equilibrados em sua alimentação. Sabemos que a gordura,
o sal e o açúcar em excesso trazem sérios prejuízos para a nossa saúde. Porém,
muitos continuam a ingerir tais alimentos, mesmo sabendo que trarão sérios
prejuízos à saúde. Muitos maltratam o corpo e depois ficam a clamar a Deus por
um milagre. Façamos a nossa parte.
A prostituição e a glutonaria, obras da velha
natureza, são um descontrole da natureza humana.
Prostituição
“A Bíblia defende consistentemente a pureza
moral e mantém uma posição firme contra a prostituição de qualquer tipo. Várias
proibições podem ser encontradas na lei mosaica (Lv 19.29; 21.7,14; Dt 22.21).
O livro de Provérbios está repleto de advertências àqueles que desejam procurar
prostitutas. Os mesmos riscos eram enfrentados pelos crentes do Novo
Testamento, pois vários cultos da fertilidade ainda prevaleciam no Império
Romano e o aspecto geral da moralidade no primeiro século era bastante baixo. A
proibição contra a prostituição era incluída nas proibições gerais sobre os
relacionamentos sexuais ilícitos, claramente expressas no Novo Testamento” (Dicionário
Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1254).
Glutonaria
“Truphe, ‘luxo, suntuosidade, afetação,
diversão, festança, folia’, é encontrada em 2Pe 2.13 (‘deleites’, literalmente,
‘contando se divertir no dia do prazer’). Em Lucas 7.25, é usada com a
preposição em, ‘em’, e traduzido por ‘em delícias’.
Komos, ‘divertimento, folia, pândega, orgia’,
a concomitância e consequência da bebedeira, é traduzido no plural em Romanos
13.13; Gl 5.21 e 1Pe 4.3 (‘glutonarias’).
Gaster (glutão) denota ‘barriga,
ventre’. É usado em Tito 1.12, com o adjetivo argos, ‘ocioso, preguiçoso’,
metaforicamente, para significar glutão; em outro lugar, ocorre em Lucas 1.31” (Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do
Antigo e do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.676).
III. VIVENDO EM SANTIFICAÇÃO E DEIXANDO OS
EXCESSOS
Pela graça de Jesus, somos salvos e já
experimentamos a regeneração. Como novas criaturas, precisamos viver de modo a
agradar ao Senhor. Seja santo na sua maneira de vestir, falar, comer, em seus
relacionamentos, etc. Quem ama a Deus, deseja agradá-lo em tudo e tem prazer em
cumprir a sua lei. A Bíblia diz que nos últimos dias, por aumentar a
iniquidade, o amor de muitos esfriaria (Mt 24.12). É o que temos visto. Falta
amor genuíno para com o Pai e, logo, também falta santidade, moderação e bom
senso.
2. Santificação.
Que venhamos abandonar o pecado e buscar a
santificação, pois sem ela não poderemos ver ao Senhor (Hb 12.14). Quando
falamos em pecado, em geral, as pessoas pensam logo em adultério,
homossexualismo e roubo. Mas pecado significa tudo o que não agrada a Deus. O
Senhor deseja que tenhamos uma vida santa, produzindo o fruto do Espírito.
Vida
santa significa honrar o próprio corpo, evitando os pecados sexuais: “Que cada
um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra” (1Ts 4.4). É
importante ressaltar que “vaso” neste contexto significa o corpo do crente. O
sexo entre os cônjuges não é pecado, mas precisamos compreender que nossos
corpos são santos. Marido e a esposa precisam respeitar um ao outro e cuidar um
do outro.
3. Deixando os excessos.
Viver de maneira que agrade a Deus é difícil,
mas é possível. É possível porque não estamos sozinhos. O Espírito Santo, que
habita em nós, deseja nos ajudar a abandonar todo excesso e todo o pecado. Ele
nos ajuda a ter uma vida equilibrada, sadia e santa.
Precisamos viver em santidade, deixando os
excessos, em todas as áreas da nossa vida, de lado.
“Embora vivessem numa sociedade onde o pecado
sexual era comum e aceitável, os apóstolos não transigiam com a verdade e a
santidade de Deus. Não rebaixaram os padrões morais para acomodá-los às ideias
e tendências daquela sociedade. Sempre que se deparavam com baixo padrões
morais em alguma igreja (cf. Ap 2.14,15,20), repreendiam-na e procuravam
corrigi-la. Considerando padrões a baixa moralidade que prevalece em nossos
dias, precisamos de dirigentes do tipo dos apóstolos, para conclamar a igreja a
obedecer aos padrões divinos de retidão” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ:
CPAD, 1995, p.1847).
CONCLUSÃO
A temperança, como fruto do Espírito Santo,
nos ajuda a ter uma vida disciplinada e feliz. Que venhamos ser cheios do
Espírito, aprendendo com Ele a disciplina espiritual em todas as áreas de nossa
vida.
Fonte:
Livro de Apoio 1º trim 2017 - As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - CPAD - Osiel Gomes
Revista Bíblica As Obras da Carne e os Frutos do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente - 1º sem_2017 - CPAD - Comentarista Osiel Gomes
Bíblia Defesa da Fé
Bíblia de Estudo Pentecostal
Dicionário Wycliffe
Fonte:
Livro de Apoio 1º trim 2017 - As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - CPAD - Osiel Gomes
Revista Bíblica As Obras da Carne e os Frutos do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente - 1º sem_2017 - CPAD - Comentarista Osiel Gomes
Bíblia Defesa da Fé
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