Muito tem se falado, em nossos dias, a respeito da Igreja de Jesus Cristo. Existem várias indagações a respeito da Igreja, como por exemplo: “Qual sua origem, para que foi criada, quem são os seus membros, como deve ser liderada e que tipo de culto deve prestar a Deus”.
Estas indagações são comumente feitas por cristãos e não cristãos. Nesta lição, trataremos da origem da Igreja, de seu fundamento e de como Deus, por intermédio do Espírito Santo, capacita os crentes no serviço divino. Veremos também a importância de se estudar sobre a doutrina da Igreja de Jesus, pois fazemos parte dela e devemos, neste mundo, zelar pelo bom andamento da obra de Deus.
I. POR QUE ESTUDAR A RESPEITO DA IGREJA?
1. As Escrituras falam da Igreja.
O primeiro motivo pelo qual devemos estudar sobre a doutrina da Igreja é porque o Novo Testamento fala a respeito dela. Dos 27 livros do Novo Testamento, os quatro evangelhos mostram o fundador da Igreja, Jesus Cristo. Atos mostra como a Igreja nasceu e como foi se desenvolvendo. As Cartas Paulinas foram escritas a igrejas locais, e as pastorais, escritas a pastores de igrejas. As Cartas Gerais também foram escritas à igrejas, e o Apocalipse apresenta igrejas recebendo orientações de Jesus. Temos, portanto, um excelente e farto material escrito a respeito da Igreja de Jesus Cristo. Isso deve chamar a nossa atenção para a importância dessa doutrina, pois a Bíblia confere valor a ela.
2. Porque conhecer a doutrina da Igreja é tão importante quanto as outras doutrinas.
Não raro, muitas pessoas deixam de estudar sobre a Igreja, porque acreditam que conhecem profundamente a sua estrutura, e por estarem perfeitamente ambientados à igreja local, aos horários de cultos e atividades de que participam. Na verdade, estudar a respeito da Igreja requer de nós atenção especial. A Bíblia nos diz que Deus enviou Jesus para que o homem experimentasse a salvação e o perdão de seus pecados. E em nossos dias, fazemos parte da Igreja, que é guiada pelo Espírito Santo, que nos prepara para a Vinda de Cristo.
3. Porque fazemos parte dela.
Outro motivo pelo qual devemos estudar sobre a Igreja é porque fazemos parte dela. Quando conhecemos bem uma instituição com que nos identificamos ou porque dela participamos, como uma empresa, uma força armada, uma escola ou universidade, temos menos dificuldades para explicar a outras pessoas a respeito dessas instituições. Da mesma forma ocorre em relação à Igreja. Se a conhecemos bem, podemos defendê-la de ataques e críticas de pessoas que não a conhecem.
Quando conhecemos a Igreja, tanto como doutrina quanto como instituição, temos mais condições de apresentá-la, explicá-la e defendê-la de ataques.
II. A IGREJA E SEU FUNDAMENTO — JESUS
1. A importância de um fundamento sólido.
Quando se fala sobre uma edificação, geralmente o que nos salta aos olhos é o que vemos de sua estrutura: o acabamento, a pintura, a decoração com que os cômodos foram arrumados. Entretanto, o mais importante não é nenhum desses itens. Estes servem para adornar o local, mas o que tem maior importância em uma edificação é justamente o que não vemos, ou seja, o fundamento.
Sem uma base sólida, nenhuma construção pode estar de pé. Uma casa pode até estar bem decorada, mas se não estiver bem fundamentada, ela corre o risco de desmoronar, trazendo sérios prejuízos físicos e financeiros a quem nela está residindo.
Da mesma forma como uma casa, a Igreja precisa de um fundamento sólido, e esse fundamento é o próprio Senhor Jesus Cristo.
2. Jesus, o fundamento da Igreja.
Jesus Cristo é apresentado como sendo o fundamento da Igreja. Foi Ele quem morreu por ela, derramando o seu sangue, e não qualquer outro homem. Paulo fala aos efésios que fomos “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef 2.20), e aos Coríntios lembra que “beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo” (1Co 10.4). A Bíblia, então, não deixa dúvidas de que Jesus é o fundamento de sua Igreja. Jesus é o único fundador da Igreja. Ele amou a Igreja a ponto de entregar sua própria vida por ela, para que pudesse existir.
3. Pedro seria o fundamento da Igreja?
Há quem creia que a Igreja de Jesus Cristo está fundada no apóstolo Pedro. Este homem teve grande importância na história da Igreja, mas não foi ele quem a fundou. Reconhecendo Jesus como sendo o único fundamento da Igreja, Paulo diz que “[...] ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co 3.11). E o próprio apóstolo Pedro declara que Jesus é a “pedra”, ou seja, a base de uma construção sólida, a Igreja (At 4.11). Pedro não fundou a Igreja do Senhor. Ele foi um homem muito usado por Deus, e por meio dele muito foi feito pelo Evangelho, mas da mesma forma que outros homens, Pedro precisou de salvação, foi cheio do Espírito de Deus e pregou o Evangelho em Jerusalém com ímpeto, mas nunca se declarou como a base na qual a Igreja de Jesus Cristo está fundada.
Pense!
Sem uma base sólida, nenhuma instituição ou construção consegue se manter de pé. Por isso, o fundamento é tão importante.
Ponto Importante!
Pedro foi considerado uma das colunas da Igreja, da mesma forma que Tiago e João (Gl 2.9), mas não eram eles o fundamento da Igreja, e sim o próprio Jesus Cristo.
III. A IGREJA NO DIA DE PENTECOSTES
1. O que foi o Pentecostes?
A expressão Pentecostes é oriunda da língua grega e significa “quinquagésimo”. O Pentecostes era uma festa celebrada cinquenta dias após a Festa dos Tabernáculos, sendo, com a Festa da Páscoa, as três celebrações prescritas em Êxodo 23.14-17.
A ordem dessas celebrações era: primeiro a Festa da Páscoa, depois a Festa dos Tabernáculos e finalmente a de Pentecostes.
Foi justamente por ocasião dessa data, a Festa de Pentecostes, que Deus revestiu com o poder do Espírito Santo os primeiros crentes em Jerusalém. Naquela festa, especificamente, havia em Jerusalém muitos judeus que residiam em outros países, e justamente essas pessoas ouviram os galileus falando das grandezas de Deus nas línguas daqueles visitantes.
2. O que ocorreu no dia de Pentecostes segundo Atos 2?
Nesse dia, os cristãos estavam reunidos no cenáculo, em oração, como já tinham o hábito de fazer (At 1.13,15), quando foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas. Observe que esses crentes já criam em Jesus, oravam e tinham comunhão uns com os outros, mas não tinham sido ainda revestidos de poder para serem testemunhas de Jesus às nações. Além de falarem em outras línguas, conforme o Espírito de Deus lhes concedia que falassem, eles passaram a falar de Jesus sem medo, e muitos milagres e prodígios se seguiam, corroborando a mensagem da Salvação com poder, pois Jesus estava com eles.
3. O Pentecostes pode ser experimentado em nossos dias?
Esse mesmo poder está disponível em nossos dias aos que creem nessa promessa de Jesus. Não falamos do Pentecostes como festa judaica celebrada 50 dias após a Festa dos Tabernáculos, e sim da experiência que tiveram os primeiros cristãos.
Há grupos teológicos que interpretam o texto de Atos 2 como sendo meramente histórico, ou seja, sem caráter prescritivo. Essa linha teológica não acredita na contemporaneidade dos dons, seja por um equívoco na interpretação dos textos bíblicos, seja pela pura falta dessa experiência com Deus.
A Bíblia não nos permite interpretar Atos dos Apóstolos como sendo um texto meramente histórico, ou seja, que não deve ser entendido como válido para os nossos dias. Atos fala de pessoas se reunindo para orar, curando enfermos, expulsando demônios, evangelizando e ganhando almas para Jesus, fundando igrejas e fazendo conhecido o nome do Senhor. Entendemos que essas práticas jamais foram deixadas de lado, mesmo por aqueles que interpretam Atos como sendo um livro meramente histórico.
Jesus continua batizando seu povo com seu Espírito Santo, revestindo-os de poder. Ele distribui dons para a Igreja, opera com poder, milagres, salva pecadores e faz com que pessoas mudem radicalmente suas vidas por intermédio do novo nascimento. O Pentecostes é para hoje, e em nenhum texto na Bíblia Sagrada Jesus ou seus discípulos disseram que a experiência pentecostal seria apenas para o primeiro século.
Não há nenhum texto na Bíblia que diga que os dons espirituais foram somente para os dias dos apóstolos. Essa é uma interpretação pautada no pensamento humano, mas não tem base na Palavra de Deus.
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos que Jesus é o fundamento de sua Igreja. Cremos que a Igreja não foi fundada por nenhum homem ou apóstolo, e sim pelo próprio Cristo. Grandes homens do Novo Testamento foram importantes para dar prosseguimento ao plano de Deus, mas não foram eles os fundadores da Igreja de Cristo. E por meio de sua Igreja, Jesus provê o alimento espiritual e comunhão para todos os salvos, manifesta sua vontade e oferece a salvação para aqueles que carecem dela.
SUBSÍDIO
“O Evangelho de Lucas enfatiza o ministério do Espírito Santo na vida de Cristo. Em Atos, Lucas deixa claro o papel do Espírito Santo no crescimento e no desenvolvimento da jovem igreja cristã. Atos insiste frequentemente na tese dos ‘Atos do Espírito Santo’ por meio dos apóstolos e não nos ‘Atos dos Apóstolos’. O Espírito Santo é mencionado em Atos 1—2, 4—11, 13, 15—16, 19—21 e 28.
O evento previsto para ‘não muito depois destes dias’, é descrito em Atos 2, mas não está definido no capítulo. Por isso, o Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu pela primeira vez sobre os discípulos, é geralmente conhecido como a ‘data de nascimento da igreja’.
A expectativa dos discípulos era de que Jesus estabelecesse imediatamente seu reino terreno previsto pelos profetas. Cristo não nega a visão dos profetas. Antes, redireciona sua atenção. Deus cumprirá suas promessas, constantes no Antigo Testamento, na ocasião que lhe parecer oportuna. Os discípulos deveriam se dedicar à apresentação de Cristo ao mundo” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.708).
Fonte:
Lições Bíblicas - 1º trim.2017 - A Igreja de Jesus Cristo - Sua origem, doutrina, ordenanças e destino eterno - Comentarista: Alexandre Coelho - CPAD
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