“E disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira; porque ela se exercerá no determinado tempo do fim” Dn 8.19
O oitavo capítulo de Daniel retrata os impérios Medo-Persa e Grego respectivamente. O carneiro de dois chifres representa o império Medo-Persa. O Bode é figura do império Grego e o grande chifre do bode refere-se a Alexandre Magno, o mais célebre conquistador do Mundo Antigo.
Alexandre humilhou o império Medo-Persa sem compaixão e piedade. Representado pelo grande chifre do bode que foi quebrado, o imperador grego morreu prematuramente. A visão de Daniel apresenta mais quatro chifres que cresceram no seu lugar. Eles representavam os quatro generais que dividiram o império Grego em quatro regiões, após a morte de Alexandre, isto é, Macedônia, Ásia Menor, Síria-Babilônia e Egito. Entretanto, desses quatro chifres cresceu um pequeno chifre que foi visto na figura de Antíoco Epífanes, o rei da Dinastia Selêucida que governou a Síria entre 174 e 164 a.C.
Antíoco Epífanes atacou as quatro regiões e suas respectivas potências militares. A história confirma também o assassinato do sumo-sacerdote judeu Onias em 170 d.C e a profanação do templo de Jerusalém. Daniel teve uma visão extensa e assustadora ao ponto de lhe tirar a força física para fazer as coisas mais básicas da vida. Mas era uma visão que devia ser guardada em segredo.
Muitos estudiosos concordam que o capítulo oito de Daniel traz um testemunho de uma profecia histórica que se cumpriu parcialmente. A história teria testemunhado os acontecimentos que os santos profetas, sem os conhecerem de antemão, profetizaram em nome do Senhor. É bem verdade que o nosso Deus zela pela sua Palavra.
A Bíblia diz que o espírito do anticristo opera no mundo. De acordo com a crueldade, a ignomínia e a covardia de Antíoco Epifânio muitos estudiosos o relacionam como um tipo do Anticristo de que fala o Novo Testamento. Mas enquadrá-lo como Anticristo ainda passa por especulação. Todavia, o que deve alegrar o crente são as vidas que abrem os olhos espirituais e percebem por si mesma o benefício de crermos na graça preciosa e suficiente de Deus, o nosso bendito e eterno Pai.
Aproveite a aula de hoje para mostrar aos alunos como o nosso Deus relaciona-se com o Seu povo escolhido. Somos a igreja de Deus, um povo escolhido e chamado por Ele para anunciar as boas novas da vida eterna. Não permita que o seu aluno deixe a aula sem este esclarecimento: o de que o Senhor, através do Seu Filho Jesus, e na força do Espírito Santo, tem cuidado de nós. (Revista Ensinador Cristão)
O tempo do fim não é o fim do mundo, mas o tempo de tratamento de Deus com o povo de Israel, prenunciando a vinda de Cristo.
“O tempo do fim”. Há pessoas que têm arrepios quando ouvem tal expressão. Mas esta nada tem com o fim do mundo. Todavia, parece que o tema escatológico do fim do mundo mexe com os sentimentos das pessoas. Não por acaso, a indústria cinematográfica americana tem investido bilhões de dólares acerca destes temários. No meio evangélico não é diferente, pois não poucos autores e cineastas têm assustado pessoas fazendo com que as profecias pareçam um filme de Hollywood. Quando ensinamos o oitavo capítulo do livro de Daniel, a nossa perspectiva de ensino não pode ser a do terror, mas a da esperança. Apresentando aos nossos alunos o triunfo do Reino de Deus mediante o contexto profético apresentado no capítulo em estudo.
INTRODUÇÃO
Se fizermos uma digressão ao conteúdo dos capítulos 2 ao 7, Daniel apresenta a história e profecia relacionadas diretamente com as nações gentílicas. Nos capítulos 3 e 6 a história ganha um sentido especial porque fala da vitória do remanescente judeu contra as influências pagãs. O capítulo 4 é um testemunho que o Rei Nabucodonosor faz acerca da sua experiência que o levou a tornar-se insano e agir como um animal do campo, fruto do juízo da parte de Deus, que por fim o restaurou da sua insanidade mental. No capítulo 5, temos a queda do Império Babilónico, por ocasião da festa de Belsazar. Nesta festa, com a profanação dos vãos sagrados do templo de Jerusalém, Deus intervém na festa e sua mão escreve na parede do salão de festas a sentença de juízo contra o Império Babilónico. No capítulo 6, a história de Daniel na cova dos leões é inserida na história que o profeta quis contar, mas que o fato havia acontecido 60 anos depois, no primeiro ano do reinado do rei Dario, o medo, aproximadamente no ano 539 a. C. Daniel teve o propósito de enfatizar a fidelidade em meio a desobediência civil ante leis e decretos que tinham como objetivo se opor ao Deus de Daniel.
Ao chegar ao capítulo 7, Daniel dava início à segunda parte do livro. A partir de então, as visões foram específicas a Daniel, tratando do futuro do seu povo (Israel) e das nações do mundo representadas pelas figuras dos quatro animais com caraterísticas diferentes que lembram as figuras mitológicas do mundo pagão. Neste capítulo temos a segunda visão de Daniel. No capítulo 7 aparecem os quatro animais representativos dos impérios que governaram o mundo de então, mas que prefiguravam o juízo e o estabelecimento do reino de Deus na terra num tempo especial. Neste capítulo, Deus revela a Daniel o futuro desses impérios por meio de sonhos.
Chegamos ao capítulo 8, quando Deus revela o destino desses impérios por meio de uma visão que tem um caráter particular. Neste capítulo, Deus mostra a Daniel a queda dos dois últimos Impérios, o Medo-persa e o Grego, representados pelas figuras de outros animais: um bode e um carneiro. Os mesmos impérios tratados no capítulo 7 e representados pelo Urso (7.5) e pelo Leopardo (7.6) ganham um sentido especial e particular no capítulo 8. Os dois outros animais, com caraterísticas especiais eram um carneiro (8.3,4) e um bode (8.5-9). Ambos eram animais poderosos, mas foram destruídos, porque ninguém prevalece contra o Cetro de Deus. Chama atenção a partir do capítulo 8 a mudança de idioma utilizado por Daniel. Nos capítulos 2 ao 7, o idioma do texto foi o aramaico dos gentios, no qual Deus trata diretamente com as nações gentílicas. Nos capítulos 8 ao 12, o idioma foi o hebraico, porque a visão dizia respeito, essencialmente, ao povo judeu, sob o domínio desses impérios mundiais. Porém, no capítulo 8, Deus revela a Daniel as caraterísticas dos dois Impérios, o Medo-persa e o Grego, representados por dois animais, “o carneiro e o bode”. Os elementos históricos da profecia tiveram seu cumprimento no passado; porém, algumas caraterísticas desses dois impérios personificam o futuro de Israel e o que acontecerá no “tempo do fim”(Dn 8.19).
ASPECTOS GERAIS DAS VISÕES DE DEUS A DANIEL
Nos tempos antigos a linguagem figurada era utilizada, especialmente, pelos povos pagãos. A cultura da época ilustrava valores e aspectos humanos através de componentes da natureza, do mundo animal. Neste capítulo, o escopo é menos abrangente, mas não menos importante, porque a visão tem apenas dois animais que surgem poderosos e ultrajantes pelo poder de violência e destruição que promovem. Nesta visão, Deus mostra a Daniel esses dois animais que representavam força, energia, autoridade, poder e perspicácia na invasão das nações e no domínio sobre os reis vencidos.
A visão dada a Daniel (8.1)
O texto literalmente diz: “apareceu-me, a mim, Daniel”. Daniel estava, de fato, distinguindo as visões dadas a Nabucodonosor nas quais ele foi apenas o intérprete das visões pessoais que Deus lhe deu. O caráter das visões concedidas a Daniel era moral e espiritual, enquanto que, as visões dadas a um rei pagão tinha um caráter material e político. Sonhos e visões são vias pelas quais Deus revela a sua vontade, mas não são únicas maneiras de Deus falar.
A data da visão (8.1)
Não há uma data certa, mas aproximada, quando os estudiosos entendem que o ano primeiro seja 541 a.C., e o ano terceiro teria que ser 539 a.C., que foi o ano da tomada da Babilônia pelos medos e persas. O texto indica que Daniel estava em Susã, capital da província de Elão.
O local da visão (8.2)
O texto declara que Daniel se viu junto ao rio Ulai: “vi, pois, na visão, que eu estava junto ao rio Ulai”. Alguns comentaristas seguem a ideia de LeonWood que entende que Daniel não esteve fisicamente em Susã, mas que foi transportado em espírito junto ao rio Ulai para ter essa visão. Não há necessidade de discutir se esteve realmente em Susã ou não. O que importa é que Deus estava dando a Daniel uma visão que retratava ascensão e queda dos dois impérios que aparecem na visão como o carneiro e como o bode. Posteriormente, esse rio mudou seu curso e se dividiu em dois outros rios, identificados como os rios Karon e Kerkah. [1]
A VISÃO DO CARNEIRO E DO BODE (Dn 8.3-5)
Na primeira visão de Daniel no capítulo 7, os animais que simbolizavam o poder mundial eram animais selvagens. Agora a disposição da visão muda e dois desses mesmos poderes mundiais aparecem como animais domesticados — um carneiro e um bode. Será que é possível que o Espírito de Deus esteja retratando aqui mais uma importante fase da vida humana e da história, ou seja, o aspecto cultural? Enquanto o capítulo 7 ressalta o poder político das nações, o capítulo 8 destaca as influências culturais. Se concordarmos com essa hipótese, é possível imaginar que esses dois aspectos, provenientes de dois reinos diferentes, convirjam em dado momento em uma manifestação culminante do mal, ou seja, no surgimento do Anticristo.
Qualquer que seja o significado da mudança da natureza dos animais, o carneiro e o bode logo estavam furiosamente em guerra. O carneiro aparece primeiro, dando marradas para o ocidente, e para o norte, e para o meio-dia (“para o sul”, NVI; v.4). Keil sugere que a direção das marradas parece indicar que os avanços para o oriente não eram tão estrategicamente importantes comparados com os feitos em outras direções. Tanto Ciro quanto Dario lideraram campanhas bem-sucedidas para o Oriente, em direção à índia, mas é o seu impacto ocidental que mais seriamente afetou a história.
O animal de duas pontas (dois chifres), com a segunda crescendo mais que a primeira, claramente sugere a história medo-persa. Ciaxerxes, da Média, era um líder poderoso que se aliou ao caldeu Nabopolassar e seu filho, Nabucodonosor, para derrubar o império assírio em 612 a.C. Ao lado da Babilônia, a Média era um poder dominante dos seus dias. Mas a bravura do talentoso Ciro (que a tradição diz ser o neto de Astiages, rei dos medos) logo se tornou evidente, e ele rapidamente ascendeu até o topo da aliança medo-persa.
A palavra animais (chayywoth) significa criaturas viventes em geral e podem ser tanto selvagens quanto domesticados. “Nenhuma criatura vivente podia ficar diante dele, e não havia quem pudesse livrar-se do seu poder; e ele fazia o que bem desejava e tornou- se grande” (4, lit.). E se engrandecia (higddil) não significa aqui “tornar-se arrogante” mas, sim, “fazer grandes coisas”. Isso se repete no versículo 8; cf. SI 126.2-3: “Grandes coisas fez o Senhor por nós”. [2]
Os chifres do carneiro.
Os dois chifres “o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, mas uma era mais alta do que a outra“ (8.3). Na versão ARC, a expressão fala de duas pontas que são traduzidas em outras versões como dois chifres. Portanto, os dois chifres do carneiro são os dois reis da Média e da Pérsia. Segundo os historiadores, no caso dos persas, os seus reis sempre levavam como emblema uma cabeça de carneiro em ouro sobre a cabeça deles, principalmente quando passavam em revista os seus exércitos. De acordo com a história, a princípio, os medos haviam prevalecido na guerra contra a Babilônia e teve Dario como o primeiro governante daquela união entre a Média e a Pérsia. Porém, logo os persas prevaleceram em força e Ciro tornou-se o rei do império. O carneiro, com seus dois chifres, representado pela união da Média e da Pérsia, identificado como o Império Medo-persa venceu e derrotou o Império Babilónico quando Belsazar estava no poder. No mesmo dia em que Belsazar zombou dos vasos sagrados da Casa de Deus trazidos do Templo de Jerusalém. Nota-se que há uma repetição do predito na visão do capítulo 7 sobre o segundo e o terceiro impérios, porém, Deus, com uma maneira especial de aclarar a mente de Daniel mostrou a ele o que estaria fazendo no futuro desses impérios e com o próprio povo de Israel. Os dois chifres do carneiro são destacados, tendo um dos chifres maior que o outro. O chifre maior (“o mais alto”) representava Ciro, o persa (8.3) e o chifre menor representava Dario, da Média.
Marradas do Carneiro, “vi que o carneiro dava marradas para o ocidente e para o norte, e para o meio dia” (8.4) — São três direções audaciosas do carneiro dando marradas, isto é, dando coices com violência para se sobrepor. Interpretando o termo “marrada”, no contexto dessa visão, Daniel percebe que o carneiro com seus dois chifres, representado pelo Império Medo-persa, quando batalhou contra Nabonido, pai de Belsazar, da Babilônia, foi um animal violento e dominador. Suas marradas foram fortes e capazes de suplantar a força militar da Babilônia. As três direções das marradas do carneiro abrangia todos aqueles países adjacentes que envolviam a Babilônia, Lídia e o Egito, Palestina e outros mais das cercanias do Oriente Médio. Estas três regiões lembram e se comparam literalmente à figura das “três costelas” na boca do urso que Daniel viu em sua visão no capítulo 7.5. As duas visões tratam das mesmas conquistas dos medos e persas. No capítulo 7, os medos-persas são representados pelo urso e no capítulo 8.4, eles são representados pelo carneiro. O que Deus queria mostrar a Daniel diferia apenas quanto aos aspectos político do mundo de então e os aspectos moral e espiritual que envolveria esse Império.
(8.4) A força do Carneiro — “e nenhuns animais podiam estar diante dele, nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão”.
Na cultura persa, a figura do carneiro era muito popular. Esse animal é sempre referido ao macho das ovelhas. Simboliza força e bravura na defesa da sua família. Seus chifres são símbolos do poder de domínio e autoridade do carneiro para defender seu rebanho. O símbolo mais importante dos medos-persas era a cabeça de ouro de um carneiro que fazia parte da coroa real, do peitoral de bronze dos guerreiros nas grandes batalhas. Na cronologia histórica, Ciro sucedeu a Dario. Eventos importantes aconteceram no período desses dois reis até que o carneiro é vencido e, surge na visão de Daniel a figura de um bode que ataca o carneiro e o vence (8.5-7). [1]
“eis que um bode vinha do ocidente sobre a terra, mas sem tocar no chão” (8.5). A figura do bode, na mitologia do mundo de então significava poder, força e ousadia. Velocidade e mobilidade são caraterísticas desse animal que lembram a cabra montês que salta em montanhas de pedra com firmeza e sem resvalar. O bode é um animal que vive em regiões rochosas e inóspitas. O texto diz que “o bode” tinha uma velocidade que nem “tocava o chão”. Está se referindo a Alexandre, filho de Felipe da Macedônia, que surgiu com força incrível e com grande mobilidade para conquistar o mundo, a partir da conquista do Império Medo-persa que não se conteve diante dele. Quando surgiu o bode no espaço que o carneiro dominava, lançou-se contra o carneiro com muita força e domínio, ferindo-o e quebrando, de imediato, os dois chifres. O poder de Dario e Ciro caiu e foi usurpado pelo poder simbólico do bode que representava o Império Grego.
“vinha do ocidente sobre toda a terra” (8.5). Esse bode vinha do Ocidente com tanta velocidade e força que os seus pés não tocavam o chão. Na realidade, o ocidente é chamado “o poente” da Média e da Pérsia. Em 334 a.C., Alexandre, cruzou um famoso estreito entre os mares Negro e Egeu e com a força militar que tinha foi avançando até o Oriente e derrotou os exércitos dos medos e persas. Por uns dois ou três anos seguintes, Alexandre, definitivamente conquistou o Império Medo-persa por volta de 331 a.C.
“aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos” (8.5). Ele tinha um chifre no meio de sua testa. Era o Império Grego através de Alexandre, o Grande, que, com seus exércitos, suplantavam tudo e agiam com muita rapidez. O carneiro foi totalmente humilhado. Seus dois chifres foram quebrados e o carneiro foi pisoteado sem compaixão pelo bode. Foi uma profecia de completa sujeição e derrota do Império Medo-persa pelos gregos. Daniel vê em sua visão que “o bode” vinha do Ocidente com muita força e rapidez e representava o novo Império, o Grego.
Quem era a “ponta notável”? (8.5)
Daniel vê em sua visão que o bode tinha “uma ponta notável”, isto é, o bode tinha “um chifre no meio dos olhos” que chamava a atenção e, histórica e profeticamente estava se referindo ao líder mundial que ficou conhecido como, Alexandre, o Grande. Sob seu comando, representado pelo bode, quando deparou-se com o carneiro, quebrou os dois chifres do carneiro (Média e Pérsia). Na visão de Daniel, o bode demonstrou ter uma força superior ao do carneiro. Esse bode era, não só constituído de força e violência, mas tinha uma mobilidade ímpar. Esse “chifre notável” tornou-se, portanto, o grande conquistador por um espaço curto de tempo. Ele, Alexandre, era filho de Felipe da Macedonia, o qual fora educado aos pés do grande sábio grego Aristóteles. Ele nasceu na Macedonia em 356 a.C. Era de uma inteligência avançada para o seu tempo. Quando tornou-se o grande comandante das milícias gregas, a começar pela Macedonia, Alexandre demonstrava perspicácia e tenacidade ante os seus liderados. Ele era capaz de convencer seus liderados, generais e soldados, a superarem suas forças para conquistarem terras e mais terras.
(8.6,7) A violência do bode unicórnio. Era um animal unicórnio por causa do “chifre notável” que tinha sobre a fronte. O texto diz que esse bode investiu com todas as forças sobre o carneiro e quebrou, de imediato, os dois chifres do carneiro. Ciro e Dario foram quebrados, e a união da Média e da Pérsia foi suprimida pela força desse bode, ou seja, o Império Grego que sucedeu ao medo-persa.
O chifre notável é quebrado repentinamente - “mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada” (8.8) - Quando Alexandre gozava do maior prestígio que um grande rei podia experimentar, no auge de sua glória militar e política, o jovem conquistador perdeu a vida de modo misterioso no ano 323 a.C. A profecia que Deus deu a Daniel uns 200 anos antes se cumpriu cabalmente na vida de Alexandre, o Grande. [1]
Reforçando o aprendizado:
o Carneiro - o significado do Carneiro é o advento do Império medo-persa.
os Chifres do Carneiro - eram dois os chifers do carneiro: o maior e o menor.
o maior referia-se a Ciro, o persa;
o menor referia-se a Dario, da média.
o Bode e o Grande Chifre - a figura do Bode representava o império Grego. E o Chifre, o Imperador Alexandre.
O CHIFRE PEQUENO (Dn 8.9)
A visão da ponta pequena.
“e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu” (8.8). O cenário muda completamente com a morte de Alexandre, o Grande. Seus quatro principais generais de guerra surgem como “quatro pontas notáveis no lugar da “ponta (chifre) notável”. Esses quatro chifres menores, porém, notáveis, representam os quatro generais que assumiram o Império Grego depois da morte de Alexandre, o Grande. Os quatro chifres que surgem em lugar do chifre notável são representados pelas quatro cabeças do leopardo de Daniel 7.6. Como já tratamos no capítulo 7 da identificação dessas quatro divisões do Império Grego, apenas as citamos pelos generais Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu, aproximadamente no ano 301 a.C.
Surge mais uma ponta pequena no cenário profético — “E de uma delas saiu uma ponta (chifre) mui pequena, a qual cresceu...” (8.9). Não devemos confundir esse “chifre pequeno” com o chifre pequeno de Daniel 7.8, 20,21, 24,26. Note que “o chifre pequeno” da Daniel 7.8 surgiu entre os 10 chifres do “animal terrível e espantoso” que se refere ao Império Romano. Porém, na visão de Daniel no capítulo 8, “o chifre pequeno” surge de um dos quatro chifres do bode, e diz respeito a um líder cruel da família de Seleuco, da Síria. Esse personagem é identificado, histórica e profeticamente, como Antíoco Epifânio.
Na visão, Daniel o vê surgir como “uma ponta mui pequena”. Porém, esta “ponta pequena” cresceu muito, especialmente direcionada para a “terra formosa” que se tratava de Israel. Antíoco Epifânio, da família dos selêucidas ficou conhecido como Antíoco IV e tornou-se um opressor terrível contra Israel. Ele surgiu da partilha do império de Alexandre e a ele coube o domínio da Síria, Ásia Menor e Babilônia, cuja capital era Antioquia.
Outrossim, esse “chifre pequeno” de Dn 8.9 não pode ser confundido, também, com a “ponta pequena” de Dn 8.5 que refere- se a Alexandre, o Grande. Já dissemos que “a ponta pequena” do animal terrível e espantoso de Dn 7.8 não é a mesma do capítulo 8.5,9. Porém, no texto de Dn 8.9 essa “ponta pequena” refere-se a esse personagem identificado como Antíoco Epifânio, (175 a 167 a.C.). Ele causou tantos males e destruições na “terra formosa”(Dn 8.9) que pode ser um tipo do futuro Anticristo, ou a Besta de Ap 13.2. Ele quis exterminar com o povo judeu e sua religião, chegando ao ponto de proibir o culto dos judeus a Jeová. [1]
O Anticristo também, durante os dias sombrios da Grande Tribulação, armará suas tendas (fortalezas de guerra) na terra gloriosa (Dn cap. 11.45). Mas ali, no vale do Armagedom, ele encontrará o seu fim: Cristo o aniquilará! [3]
A ultrajante atividade desse rei contra Israel
Antíoco Epifânio e sua truculência!
Alguns imperadores romanos identificaram-se com o anticristo escatológico, tais como Nero e Domiciano, por exigirem adoração de seus súditos. Hitler foi identificado com ele por sua feroz perseguição aos judeus. Outros governadores antigos e contemporâneos por perseguirem os cristãos como nos regimes totalitários e comunistas. Mas ninguém se assemelhou tanto ao anticristo escatológico como Antíoco Epifânio. Esse rei selêucida foi um feroz perseguidor dos judeus (Dn 8.24). Porque os fiéis judeus não se prostravam diante dos ídolos foram duramente perseguidos por ele. Calcula-se que cem mil judeus foram mortos por ele. O anticristo escatológico também será implacável em sua perseguição aos cristãos (Ap 13.15).
Daniel fala acerca de sua blasfêmia (Dn 8.23-25). Ele será um usurpador. Como o anticristo quererá usurpar o lugar de Cristo, Antíoco também foi um usurpador. No seu tempo, a Palestina pertencia ao Egito dos ptolomeus. Mas ele, astuciosamente, aproveitou-se da divergência entre os judeus que estavam divididos em dois partidos, e levou-os a se aliarem a ele, rompendo com o Egito (Dn 8.23-25). Quando os judeus se aliaram a ele, logo os explorou e os perseguiu cruelmente até a morte.
O anticristo imporá uma única religião em seu reino e perseguirá e matará os que não se conformarem a ele (Ap 13.12,15). Antíoco fez isso em seu reino. A posse do Livro Sagrado, o Antigo Testamento, e a observância da lei de Deus eram punidas com a morte. Muitos judeus foram mortos por se manterem fiéis a Deus. Ele se levantará em tempo de grande apostasia. Como a apostasia do período do fim abrirá a porta para o anticristo (2Ts 2.3,4), também muitos judeus haviam se afastado da lei de Deus e adotado costumes dos gentios (Dn 8.12,23). Deus castigou Israel por causa de seus pecados. Quando no fim dos tempos a humanidade estiver suficientemente corrompida, ela estará pronta para receber o anticristo.
Antíoco fez cessar os sacrifícios na Casa de Deus e profanou o templo. Em 169 a.C., ele saqueou o templo e proibiu os sacrifícios (Ap 13.5). Por ordem de Antíoco, o templo foi profanado da maneira mais vil, indecente e imoral. O santuário de Jerusalém foi chamado de TEMPLO DE JÚPITER OLÍMPICO. Ele profanou o templo ainda quando colocou a própria imagem no lugar santíssimo e mandou matar sobre o altar um porco e borrifar o sangue e o excremento pelo santuário, obrigando os judeus a comerem a carne do porco, dentro do templo, sob ameaça de morte. Mandou ainda edificar altares e templos dedicados aos ídolos, sacrificando em seus altares porcos e reses imundas. O livro de Macabeus descreve a soberba e a perversidade de Antíoco na profanação do templo de Jerusalém:
E entrou cheio de soberba no santuário, e tomou o altar de ouro, e o candeeiro dos lumes, e todos os seus vasos, e a mesa da propiciação, e as bacias, e os copos, e os grais de ouro, e o véu, e as coroas, e o ornamento de ouro, que estava na fachada do templo: e quebrou tudo [...] E fez grande matança de homens, e falou com grande soberba. [4]
A purificação do santuário
O tempo de sofrimento de Israel — “Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (8.14). O tempo de sofrimento de Israel é revelado a Daniel com linguagem especial ao estabelecer um tempo de "2.300 tardes e manhãs" que, literalmente, referem-se às atrocidades de Antíoco Epifânio num período de 171 a 165 a. C.
(Daniel 8 14) No versículo 14 o Senhor revela que, depois daquele período de sofrimento, Ele haveria de purificar o santuário. Essa promessa implica na limpeza da profanação imposta por esse líder cruel contra a Casa de Deus. Os judeus até hoje fazem a celebração da purificação, ou seja, a Festa de Hannakah, que lembra a festa da purificação. [1]
O chifre pequeno de Daniel 8.9 refere-se à Antíoco Epifânio, um opressor cruel e terrível contra Israel.
ANTÍOCO EPIFÂNIO, O PROTÓTIPO DO ANTICRISTO
Antíoco Epifânio.
Antíoco é o protótipo do Anticristo
A expressão “tempo do fim” se refere a uma época escatológica, isto é, aponta para um tempo futuro. Do mesmo modo como a profecia dizia respeito aos impérios medo-persa e o grego que já passaram (8.20-23), também, esta mensagem tem uma dupla referência profética. Se Antíoco Epifânio, demonstrou caraterísticas de crueldade e destruição contra Israel, no futuro, surgirá outro governante mundial, que promoverá grandes males ao povo de Israel e ao mundo, até que Jesus Cristo, em sua vinda pessoal, desça para desfazer o poder desse personagem, o Anticristo.
A visão dada a Daniel concentrou-se essencialmente no personagem de Antíoco Epifânio, porque na mente de Deus, a visão apontava, também, para outro personagem que haveria surgir no futuro com as mesmas caraterísticas de Antíoco Epifânio, e chamaria “homem do pecado”, “Anticristo”, “a Besta”(2 Ts 2.9; Ap 13.2,3). Esse personagem escatológico aparecerá tão somente no período da Grande Tribulação quando a Igreja não mais estará na terra, porque, antes que o Anticristo apareça, a igreja de Cristo será arrebatada (1 Co 15.51,52).
“E eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias” (8.27). Quando Daniel teve essa visão já tinha quase 90 anos de idade. Naturalmente, sua estrutura física e emocional estava enfraquecida. A magnitude da visão foi tal que Daniel não teve mais forças para suportar tudo aquilo que Deus estava lhe mostrando. Naturalmente, toda aquela visão requereu dele, um estado de êxtase espiritual que, quando voltou ao normal, não tinha forças para ficar em pé. O mesmo aconteceu com João, na Ilha de Patmos. [1]
A visão do anjo Gabriel
A visão do anjo Gabriel (Dn 8.15-18)
“E havendo eu, Daniel, visto a visão, busquei entende-la” (8.15). Essa atitude de Daniel nos estimula a estudar a profecia com cuidado e desvelo. Buscar entender uma escritura bíblica requer de quem a deseja, dedicação e respeito ao que o texto quer dizer. Não dá direito de interpretação aleatória, ou seja, interpretação especulativa.
“se me apresentou diante uma como semelhança de homem” (8.15). O contexto bíblico não deixa dúvidas de que se tratava de um ser angelical que tomou a forma de um homem para falar com Daniel. Os anjos são seres espirituais sem forma qualquer. Por isso, eles podem tomar a forma que for necessária para comunicar a Palavra de Deus. Subtende-se, mais uma vez, que podia tratar-se do anjo Gabriel que se manifesta numa forma humana, a de um homem. Ele se comunica com Daniel e o trata por “filho do homem”. Não devemos confundir essa aparência angelical com uma teofania (manifestação da divindade em forma humana). Neste caso em especial se trata apenas de um ser angelical com forma de homem, para poder comunicar racionalmente com Daniel. O anjo Gabriel comunicou de forma objetiva ao explicar toda a visão que Daniel tivera, distinguindo aspectos históricos e aspectos escatológicos.Ele anuncia a Daniel que a visão se cumpriria no “tempo do fim” (8.19). [1]
Gabriel (hb., “Deus mostrou-se poderoso”) é bastante conhecido nas Escrituras.
Ele era o mensageiro de Deus para Daniel (8.16; 9.21) e o mensageiro da anunciação do nascimento de João Batista, bem como do nascimento de Jesus (Lucas 1.9, 26). Ao idoso Zacarias, Gabriel explica sua posição: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas” (Lc 1.19). [2]
O tempo do fim
Dn 8.17 “... caí sobre o meu rosto”. Esta expressão é também repetida no versículo seguinte. A aproximação de Gabriel fez Daniel “tombar” no chão com extremo assombro, como acontecera com Ezequiel, o profeta do cativeiro, em suas grandes visões (Ez 1.28; 3.23; 44.4). Gabriel diz a Daniel que esta visão se cumprirá somente no “tempo do fim”. Já tivemos oportunidade de falar sobre isso, em outras notas expositivas. Este “tempo do fim”, no livro de Daniel, refere-se a septuagésima semana profética, descrita em Dn 9.2-27, com especial referência à metade dela, na parte final, que, no Apocalipse, é chamada “A Grande Tribulação”. No Novo Testamento, a expressão “os últimos dias”, em At 2.17; 2 Tm 3.1; Hb 1.1, é equivalente, no grego, ao “tempo do fim”, e, o sentido geral, é mais amplo que em Daniel, pois é aplicado à época do Evangelho de Cristo, à época do Espírito Santo em sua plenitude. E também para os “últimos dias maus”. [3]
Dn 8.17 O “fim do tempo", neste caso. ê uma alusão a todo o período compreendido entre o final do exílio e a segunda vinda de Cristo. Muitos acontecimentos ocorridos sob o governo de Antíoco Epifânio IV se repetirão em uma escala mais ampla antes da segunda vinda de Cristo. Durante esse tempo Deus lida com Israel de maneira radicalmente diferente, com a divina disciplina chegando por meio das nações gentílicas. Este período é muitas vezes mencionado como “os tempos dos gentios" (Lc 21.24). [5]
Conclusão
Deus é Soberano e a história do mundo faz parte dos Seus desígnios. ELE conhece toda a história, começo e fim. O futuro do homem e do mundo está sob o olhar do Altíssimo.
Subsídio Histórico
“MEDOS, MÉDIA - Em Isaías 13.17,18 e Jeremias 51.11,28, foi predito o papel que os medos iriam desempenhar na queda da Babilônia, embora nessa época os persas estivessem dominando. Daniel também atribui aos medos um papel importante na queda da cidade da Babilônia (Dn 5.30,31). Talvez em 539 a.C. os exércitos de Ciro o Grande fossem dirigidos por um Dario, o medo, que ‘ocupou o reino, na idade de sessenta e dois’ (v.31). Entretanto, é difícil identificar esse Dario, o medo. O estudioso J. C. Whitcomb Jr. acredita que era o Gubaru das Crônicas de Nabonido”
“PÉRSIA - Os reis assírios foram os primeiros a mencionar a Pérsia em seus relatos. Salmanaser III recebeu tributo dos reis da Parsua em 836 a.C., Tiglate Pilaser III invadiu a Parsua em 737, e Senaqueribe lutou contra eles em Halulina em 681. Aquêmenes (Hakhmanish da Pérsia) foi o ancestral epônimo que fundou a dinastia persa. Teispes, filho de Aquêmenes, dois netos, Ariyaramnes e Ciro I, e um bisneto, Cambises, governaram a terra natal, mas foram subordinados aos seus primos mais poderosos do norte, os medos. A pátria deste povo de língua indo-europeia era chamada de Parsa, mas eles a chamavam de Airyana, do sânscrito arya, ‘nobre’, e a partir daí o atual Irã. O país situava-se a leste de Elão a partir do golfo Pérsico até o Grande Deserto de Sal. Este povo passou pelo planalto do Irã e ocupou esta região no início do primeiro milênio a.C.
Depois da queda de Nínive, em 612 a.C., os medos controlaram todo o norte da Mesopotâmia. O casamento de Cambises com a filha do rei medo Astíages, resultou no nascimento de Ciro II. Este líder uniu as tribos persas e juntou forças com Nabu-na’id (Nabonido) da Babilônia, em uma revolta contra os medos. Em pouco tempo, o controle da Média caiu nas mãos de Ciro o Grande, em 547 a.C. ele venceu Creso, o rei de Lídia que governava a Anatólia ocidental.
Ciro não fez uma mudança radical quando tomou os reinos dos caldeus, mas instituiu reformas. Colocou o templo da Babilônia sob sua própria administração, mas teve uma atitude iluminada em relação às religiões que eram diferentes da sua. Os judeus exilados não foram os únicos a receber liberdade religiosa e voltar para a sua terra natal” (PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe.)
Fonte:
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos - Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD.
Dicionário Bíblico Wycliffe
Bíblia de Estudo Pentecostal
[1] Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje.
[2] Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 529. 530-531
[3] Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD
[4] LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 106-107.
[5] BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 1106.
Estudantes da Bíblia / estudaalicaoebd / Bíblia de Aplicação Pessoal / Bíblia Defesa da Fé / Dicionário Ilustrado da Bíblia. / Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica
Sugestão leitura:
Aqui eu Aprendi!
Este é um estudo extremamente profundo sobre o livro que poucos cristãos se aventuram a desvendar os mistérios e , por isso, perdem grandes bênçãos! A volta de Cristo é eminente e precisamos estar preparados, creio que já estamos vivendo o tempo do fim. A igreja tem negligenciado o seu papel missionário, seremos todos responsáveis por cada alma que não ouviu o evangelho. Enquanto é tempo, precisamos cumprir nossa missão! Sempre amei o livro do apocalipse, e aqui temos a oportunidade de aprender mais!
ResponderExcluirObrigado irmã em Cristo Jesus Deyse L.S.Patoleia pelo seu comentário.
ExcluirO que menciona é muito importante!
Abraço fraterno
Pastor Ismael