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sábado, 1 de novembro de 2014

Deus abomina a soberba

"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda."
Provérbios 16:18

DEUS abomina a soberba. Este sentimento pernicioso é um prenúncio da queda (Pv 16.18). As conquistas de muitos impérios e o enriquecimento contribuíram para que Nabucodonosor se tornasse soberbo e altivo. Então DEUS decidiu lhe ensinar uma importante lição, assim como havia ensinado ao seu povo. O rei perdeu sua consciência e ficou durante um período de tempo se comportando como um animal. Depois deste período tão difícil, Nabucodonosor aprendeu que o Altíssimo está acima de todo reino e poder humano. O Senhor é soberano, Ele remove os reis e os estabelece.
Que a soberba não encontre guarida em nossos corações, nos fazendo agir como tolos. Que sejamos humildes, honrando a DEUS em toda a nossa maneira de viver.


A Prova da Soberania Divina
O rei Nabucodonosor foi chamado, segundo o profeta Jeremias, contemporâneo do período do exílio de Israel e Judá na Babilônia, de “servo do Senhor” (Jr 25.9).
Na verdade, Nabucodonosor foi a vara de DEUS de punição ao seu povo por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho da idolatria e dos costumes pagãos.

DEUS usou este rei para punir seu povo. O Senhor é soberano, Ele exalta e também abate. DEUS, em sua soberania é Aquele “que muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2.21). Porém, o coração do rei se tornou soberbo e ele então experimentou o juízo de DEUS.


Nabucodonosor […] meu servo.
Nabucodonosor […] meu servo. Essa expressão não significa que o monarca babilônio adorava o DEUS de Israel, mas apenas que era usado pelo Senhor para cumprir seus propósitos (como no caso de Ciro, que é chamado de ungido do Senhor, em Isaías 45.1). EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1157.

Nabucodonosor foi rei da Babilônia no período de 605 a 562 a.C.

Nabucodonosor proclama a Soberania de Deus
Antes de contar o seu segundo sonho, Nabucodonosor em seu discurso fez uma proclamação na forma de um edito real que reconhecia os sinais e milagres que o Deus Altíssimo havia realizado, especialmente, na vida do rei. Ele diz no versículo 2: “pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo”. Nesta proclamação Nabucodonosor deseja fazer pública a experiência que teve com o Deus dos judeus.

“Quão grandes são os seus sinais” (4.3). A ideia teológica de um “sinal ou sinais” pode significar um dos meios pelos quais Deus comunica seu pensamento aos homens e indica a sua vontade. “Sinais” podem significar demonstrações espirituais que não podem ser produzidas pelo homem. Na língua hebraica “sinal” é môpheth no sentido de algo que dá notabilidade. Podia significar ou indicar “um milagre” que se distinga. Os sinais de Deus são, acima de tudo, sobrenaturais, porque Deus é o Criador e Senhor dos céus e da terra.

O rei Nabucodonosor podia lembrar o livramento dos jovens hebreus na fornalha ardente sem se queimarem. Ele entendeu, também, que o Deus dos judeus tinha um modo especial de revelar coisas futuras através de sonhos que os homens comuns não podem interpretá-los. Ele quis que fosse comunicado a todos os povos sob sua liderança que o Deus dos judeus não se assemelhava a nenhum deus dos súditos do seu império. Ele era quem tinha o Domínio e o cetro de governo sobre toda a terra. Nabucodonosor, depois de ter experimentado a punição pela sua soberba e ter-se arrependido da mesma, foi restaurado de sua demência, sob a qual ficou longos sete anos num nível irracional como os animais do campo. O Pastor Matthew Henry disse em seu comentário que “Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido”. Porém, foi vencido por essa presunção e teve que reconhecer que o Deus Altíssimo estava acima dele.


A SOBERANIA DE DEUS PARA SALVAR HOMEM
Vários pontos merecem destaque nesse trecho do livro de Daniel. Em primeiro lugar, vejamos a paciência generosa de DEUS (Dn 4.29). Ele não derrama Seu juízo antes de chamar o homem ao arrependimento. DEUS deu doze meses para Nabucodonosor se arrepender. Noé pregou durante 120 anos. Sodoma teve o testemunho de Ló. Jerusalém, antes de ser levada cativa, ouviu o brado dos profetas que a convocaram ao arrependimento. Hoje DEUS continua dando chance aos homens pecadores. Cada dia é um dia de graça. É mais uma chance que DEUS dá. Em segundo lugar, vejamos a dureza do homem que rejeita ouvir a voz de DEUS (Dn 4.4,29). Nabucodonosor estava feliz e calmo passeando no palácio a despeito do solene aviso de DEUS (Dn 4.29). Ah! Se os homens pudessem perceber o perigo em que se encontra suas almas cairiam com o rosto em terra. Gritariam por socorro. O inferno está com a boca aberta para os devorar. Há um abismo debaixo de seus pés. Os demônios querem levá-los à perdição. O tempo é de emergência, não de folguedo.

Nabucodonosor exalta-se em vez de dar glória a DEUS (Dn 4.30). Ele diz: “Eu edifiquei”; “pela força do meu poder” “para a glória da minha majestade”. Ele era a causa, o meio e a finalidade de tudo que acontecia em seu reino. Tudo girava em torno da sua realeza imperial. A soberba precede a ruína. A auto-exaltação torna o homem cego, tolo e endurecido. A prosperidade não é garantia contra a adversidade. Babilônia era a cidade mais rica e poderosa do mundo. Ela tinha 96 km de muros, com 25 metros de largura, 25 portões de cobre, com uma imagem de Marduque no grande templo com 22.500 kg de ouro. Evis Carballosa diz que havia mais de cinquenta templos dentro da cidade, sendo o maior de todos, aquele dedicado a Marduque. Nabucodonosor era rei de reis, um grande conquistador e construtor. A cidade estava cheia de prédios, palácios e templos. Lá estavam os Jardins Suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo, construídos para sua esposa, uma princesa da Média, que sentia falta das montanhas de sua terra natal. Ele era um homem que tinha poder, riqueza e fama. Seu reino era glorioso e extenso. Mas as nações são para DEUS como um pingo, como um pó, como um vácuo, como nada. O rei cairia, Babilônia cairia. Só o Reino de DEUS é eterno. Em terceiro lugar, vejamos a humilhação do homem impenitente (Dn 4.31-33). Ela vem do céu (Dn 4.31).

Quando o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. DEUS abriu para o rei a porta da esperança e do arrependimento, ele porém, não entrou. Então, DEUS o empurrou para o corredor do juízo. DEUS o humilhou. O poder e a prosperidade sem o temor de DEUS podem intoxicar a alma (Dt 18.11-18). O orgulho é algo abominável para DEUS, pois Ele resiste ao soberbo.

A humilhação do homem é repentina (Dn 4.31,33). A paciência de DEUS tem limite. O cálice da ira de DEUS se enche. Chega um ponto que DEUS diz: “Basta! Ainda estava a palavra na boca do rei…”. A humilhação é terrível (Dn 4.32,33). O rei ficou louco. DEUS o fez descer ao fundo do poço, tirou seu entendimento e deu-lhe um coração de animal. Seu cabelo cresceu como penas de águia, suas unhas cresceram como as das aves. Vivia como animal no campo, comendo capim, pastando no meio dos bois. Sua doença era chamada de insânia zoantrópica, licantropia ou boantropia, ou seja, considerar-se um animal, agir como um animal. (Não cremos assim em uma transformação, mas em uma adaptação). Stuart Olyott afirma que as pessoas que sofrem desta terrível enfermidade agem como o animal que imaginam ser e emitem os ruídos que o caracterizam. DEUS colocou o homem mais poderoso do mundo no meio dos bois. DEUS golpeou seu orgulho para levá-lo à conversão. Ele passou a comer capim, a rolar no chão com os cascos crescidos. O poderoso Nabucodonosor se tornou como bicho, foi pastar.

A humilhação é irremediável (Dn 4.32,33). Ninguém pôde ajudar Nabucodonosor, embora fosse o homem mais rico e mais poderoso da terra.

A humilhação finalmente é proposital (Dn 4.27). 1) E cheia de esperança (v. 26,32); 2) Visa o arrependimento (v. 27). DEUS o mandou comer capim para não o mandar para o inferno. Essa é a eleição da graça, que leva o homem ao fundo do poço e depois o tira de lá. DEUS não fez o mesmo com Belsazar que foi condenado inapelavelmente. Herodes, por não dar glória a DEUS, foi comido de vermes. O DEUS que fere é o DEUS que cura. O que humilha, também exalta. E melhor ficar louco e ser salvo que ser lançado eternamente no inferno.

Em quarto lugar, vejamos a conversão do homem quebrantado (Dn 4.34-37). Como DEUS operou a conversão de Nabucodonosor? Não foi exaltando-o, mas humilhando-o. E assim que DEUS converte as pessoas. Quem não se fizer como criança, não pode entrar no Reino de DEUS. Primeiro, o homem precisa ser confrontado com seu pecado e saber que está perdido. Depois, a lei o condena e o leva ao pó para reconhecer sua indignidade. No céu só entram pessoas quebrantadas. Nabucodonosor via a glória de sua cidade. Ele tocava trombeta para si mesmo. Gostava de viver sob as luzes da ribalta. Aplaudia sua própria glória. DEUS, portanto, o humilhou. Jogou-o no pó. Mandou-o para o pasto comer grama. Tirou suas roupas palacianas e molhou seu corpo com o orvalho do céu. Suas unhas esmaltadas viraram casco.

A conversão de Nabucodonosor pode ser vista por intermédio de quatro evidências: ele glorifica a DEUS (Dn 4.34). Agora, ele olha para o céu, para cima. Nossa vida sempre segue a direção de nosso olhar. Até agora ele só olhava para baixo, para a terra. Como aquele rico insensato que construiu só para esta vida, e DEUS o chamou de louco. Muitos levantam os olhos tarde demais, como o rico que desprezou Lázaro. Ele levantou seus olhos, mas já estava no inferno. Nabucodonosor confessou a soberania de DEUS (Dn 4.35). Testemunhou sua restauração (Dn 4.36) e adorou a DEUS (Dn 4.37). Stuart Olyott, afirma que da conversão de Nabucodonosor podemos aprender três lições práticas:

Em primeiro lugar, nunca devemos desistir da conversão de qualquer pessoa. Aquele que arruinou Jerusalém destruiu o templo, carregou os vasos sagrados, esmagou a cidade, levou cativo o povo, adorava deuses falsos e era cheio de orgulho converteu-se. Se aquele que manda matar seus próprios feiticeiros e também jogar na fornalha os filhos de DEUS; se aquele que exige adoração de seus súditos e força as pessoas a adorarem falsos deuses; se aquele que era o homem mais poderoso do mundo converteu-se, podemos crer que não há conversão impossível para DEUS.

Creia na conversão do ateu, do agnóstico, do cínico, do apático, do blasfemo, do feiticeiro, do idólatra, do viciado, da prostituta, do homossexual, do drogado, do assassino, do presidiário, do político, do universitário, do patrão, do cônjuge, do filho e dos pais. Creia! Evangelize! O DEUS que salva está no trono. Quando DEUS age, nem os loucos errarão o caminho.

Em segundo lugar, a razão pela qual você ainda não se converteu é porque ainda não está suficientemente quebrantado. É o publicano que bate no peito e chora pelos seus pecados que desce justificado. O grande perseguidor da igreja, Saulo de Tarso, só se converteu quando JESUS o joga no chão, e ele, cego, humildemente, volta-se para JESUS, quebrantado. JESUS não veio chamar justos, mas pecadores. Não veio curar os que se julgam sãos, mas os que reconhecem que são doentes e carentes.

Em terceiro lugar, quem reluta em se prostrar será quebrantado ou perecerá eternamente. DEUS poderia tornar qualquer pessoa louca. Quem sabe como DEUS reagirá a sua constante rejeição, a despeito das constantes advertências. DEUS pode quebrar você sem que haja cura (Pv 29.1). Se DEUS tornar você louco sem lhe restaurar, como você clamará por sua misericórdia? Se Ele chamar você agora, que desculpas você lhe daria? DEUS chamou de louco àquele que confia apenas no dinheiro e não se prepara para o dia de sua morte. Erga seus olhos ao céu enquanto é tempo. O homem rico o fez tarde demais e pereceu eternamente, nas chamas inextinguíveis do inferno. O tempo de DEUS é agora. É melhor ser quebrado por DEUS agora que perecer eternamente no inferno. Reconheça hoje também a soberania de DEUS e volte-se para o Senhor, pois Ele é rico em perdoar e tem prazer na misericórdia!
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 62-67.


SONHOS - UMA VIA DAS REVELAÇÕES DE DEUS
(Dn 4.4-9) Deus fala por meio de sonhos e visões
Sonhos e visões são vias pelas quais Deus se comunica com o homem. No campo das manifestações espirituais, os sonhos e visões são um modo de comunicação, não uma regra espiritual.

Os sonhos, segundo a Enciclopédia Bíblica de Merrill C. Tenney, “um sonho é uma série de pensamentos, imagens, ou emoções que ocorrem durante o sono; qualquer semelhança com a realidade que ocorre durante o sono; uma sequência de imagens, mais ou menos coerente que ocorre durante o sono”. No campo da psicologia, entende-se que os sonhos são impressões reavivadas e ajuntadas ao acaso no subconsciente e que se manifestam em imagens durante o sono. Às vezes, ideias, imagens e eventos presentes no sonho podem ser interpretados como símbolos de ansiedades reprimidas, medos ou desejos. No campo espiritual e na experiência de homens e mulheres bíblicos, os sonhos podem ser naturais (Ec 5.3), mas também, podem ter origem divina (Gn 28.12), através dos quais Deus revela acerca de eventos futuros e presentes. Os sonhos podem, também, ter origem maligna (Dt 13.1,2;Jr 23.32). Podemos entender, portanto, que da parte de Deus, os sonhos são um modo de Deus falar profeticamente aos seus servos. Por exemplo: os sonhos de José (Gn 37.5-11; 40.5-22; 41.1-32).

As visões fazem parte dos meios que Deus se utiliza para comunicar a sua palavra aos homens. Na Bíblia, essas manifestações divinas acontecem através de sonhos, revelações, oráculos e visões. Ora, uma visão pode ser uma revelação especial e sobrenatural que Deus utiliza para se comunicar com as pessoas, independente de ser um sonho. Por exemplo homens como Abraão (Gn 15.1); Isaías (Is 6.1-8); Ezequiel (Ez 1.1); Daniel (Dn 1.17). No Novo Testamento, temos Mt 17.9; At 9.10,12; 10.3,17,19; 11.5; 12.9; 16,9,10. Daniel era agraciado por Deus com a revelação divina através de visões. Não há dúvida, que ainda hoje, Deus fala por meio de visões, mas Ele não revelará nada além do que já está revelado na sua Palavra.

“Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa eflorescente no meu palácio” (4.4). As grandes conquistas militares haviam sido feitas em tempos anteriores. Aquele era, naquele momento, quando “ele estava sossegado” em sua casa, um tempo de inatividade militar e sem maiores preocupações. Seus projetos arquitetônicos eram os mais extraordinários pois havia progresso e o acúmulo de riquezas era uma realidade. Ele estava satisfeito e sentia-se senhor de tudo a ponto de, mais uma vez, se permitir dominar por uma arrogância inconcebível.

“tive um sonho” (4.5). À semelhança do capítulo dois quando teve o sonho da grande estátua representando seu reino e os reinos que o sucederiam, no capítulo quatro, mais uma vez Deus fala com Nabucodonosor. Mais uma vez ele ficou aflito por não entender o seu significado. E interessante perceber que o modo como Deus falava com os homens nos antigos tempos era diverso. Ele utilizava de canais possíveis para se fazer inteligível aos seus servos. Pelo fato dos antigos, especialmente, os caldeus darem muita importância aos sonhos e a sua interpretação, Deus usou esse canal de comunicação para revelar o significado das imagens do sonho na cabeça do rei. É claro que esse modo de falar e revelar a sua vontade não seja o único modo da comunicação divina. Portanto, essa via de comunicação não era e não é uma regra que obrigue Deus ter que falar somente por meio de sonhos. Mas Ele o fez, porque os antigos acreditavam piamente que os sonhos tinham um sentido divino. Hoje, temos a Palavra de Deus como o canal revelador da fala de Deus aos homens. E bom que se diga que não existe dom de sonhar como afirmam alguns cristãos. Mas é certo que Deus pode usar esse meio e outros mais para revelar a sua vontade soberana aos seus servos. E interessante notar o contraste entre o sonho do capítulo 2 e o sonho do capítulo 4. O primeiro sonho foi esquecido pelo rei, mas o segundo sonho ele não o esqueceu (2.1,6 e 4.10-17).
Como da vez passada (capítulo 2), todos os sábios da Babilônia, com seus magos, astrólogos, caldeus e os adivinhadores foram convocados à presença do Rei para darem a interpretação do sonho e, mais uma vez, falharam (4.6,7).


DANIEL VOLTA AO CENÁRIO PROFÉTICO
O detalhe desse capítulo é que o próprio rei está contando o sonho. Os seus sábios, astrólogos e caldeus o decepcionaram, e ele lembrou-se de que havia apenas um homem no palácio em que a ciência de Deus era demonstrada e o único que podia revelar os mistérios do sonho que tanto o perturbaram. O próprio rei reconhecia que o Deus de Daniel era superior a todos os deuses da Babilônia. Ele mesmo reconhece que havia sido arrogante e Deus o adverte e revela seu futuro num sonho que ele não conseguia entender. Não se tratava de um sonho comum, mas uma revelação divina acerca do futuro de Nabucodonosor.

Daniel é convocado a entrar na presença do Rei (4.8). Nabucodonosor contou-lhe o sonho e queria que Daniel lhe desse a interpretação. Daniel ouviu atentamente o sonho do rei e pediu-lhe tempo porque, por quase uma hora, Daniel esteve atônito e sem coragem para revelar a verdade do sonho. Interpretar sonhos era uma habilidade espiritual de Daniel reconhecido desde quando entrou no palácio da Babilônia conforme está escrito: "Ora, a esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos”(Dn 1.17).

“Beltessazar,príncipe dos magos” (4.9). Como aceitar esse aspecto na vida de Daniel? E bom que se diga, que o nome Beltessazar era um nome dado a Daniel e que ele não podia evitar, porque vinha da parte do rei. Entretanto, o seu papel de liderança e de chefia sobre os “sábios e magos do palácio” implicava em que Daniel cumpria sua função oficial sem se envolver com a magia daqueles homens que ele não podia mudar. Ele continua a ser Daniel, fiel e temente a Deus.


Daniel ouve o sonho e dá a sua interpretação (Dn 4.10-18)
O Rei conta a Daniel todo o seu sonho. O rei viu uma grande árvore de dimensões enormes que produzia belos frutos e que era visível em toda a terra. Os animais do campo se abrigavam debaixo dela e os pássaros faziam seus ninhos nos seus ramos (Dn 4.10-12). O rei viu descer do céu “um vigia, um santo” (v. 13) e esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos” (v. 14).


A árvore majestosa (vv. 11,12). O texto diz que era “uma árvore no meio da terra” (4.10). Isto é, a árvore chamava a atenção porque tinha uma posição central, para simbolizar o Império Babilônico naqueles dias. A Babilônia destacava-se por concentrar todo o poder conquistado por Nabucodonosor na capital, uma figura simbólica da Babilônia escatológica que aparece em Apocalipse nos capítulos 17 e 18. A “árvore” do sonho de Nabucodonosor era formosa e bela. A visão esplêndida dessa árvore indicava a formosura, a grandeza, o poder e a riqueza que representavam a glória de Nabucodonosor. Ninguém na terra havia alcançado todo esse poder antes dele. Daniel declarou ao rei que aquela árvore que seria cortada era o próprio rei e disse: “Es Tu, ó Rei” (Dn 4.22).
Imaginemos a tristeza de Nabucodonosor ao ouvir esta declaração. Como resignar-se serenamente ante um fato inevitável revelado pelo Deus de Daniel. Assim é a glória dos homens, como uma árvore que cresce e se torna frondosa e, de repente, é derribada. Assim Deus destrói os soberbos.

“um vigia, um santo, descia do céu” (4.13). A linguagem figurada para falar do papel dos anjos designados por Deus para executarem a sua vontade é o termo “vigia” ou “um santo” vindo do céu. Não há dúvida de que os anjos de Deus trabalham com missão delegada para proteger e para cumprir as ordens de Deus. Na visão do rei, ele viu “um vigia” que descia do céu com a missão de proclamar os juízos de Deus (Dn 4.14,15). No Antigo Testamento, os anjos tinham uma atividade mais presente na vida do povo de Deus. No Novo Testamento, eles continuam suas atividades em obediência a Deus, mas hoje a igreja de Cristo tem o Espírito Santo que vive na igreja e a orienta em tudo. Alguns teólogos creem numa teofania, referindo-se ao próprio Deus como “o vigia, o santo”. Alguns estudiosos interpretam como sendo o Senhor Jesus Cristo, uma vez que Ele se apresenta em outros eventos bíblicos numa teofania especial. Entretanto, ainda que mereça apreciação esta ideia é discutível na sua interpretação. Preferimos a ideia de que se trata de um anjo da parte de Deus com poder delegado para fazer juízo contra esta árvore.

Juízo e misericórdia são demonstrações da Soberania de Deus (4.14,15). No versículo 14 a ordem delegada de Deus ao seu anjo de juízo era o de derribar a árvore, seus ramos e suas folhas. O texto do versículo 15 deixa claro que Deus não queria destruir tudo daquela árvore, mas ele deu ordem ao seu anjo para que “o tronco com suas raízes” fossem deixadas na terra. A intenção divina não era destruir Nabucodonosor sem dar-lhe a oportunidade de se converter e reconhecer a glória de Deus. Mas o próprio rei testemunhou que foi inevitável a consequência de sua arrogância. Ele foi tirado do meio dos homens e ficou completamente louco, indo conviver com os animais do campo por sete anos (Dn 4.25). Depois de sete anos, Nabucodonosor voltou ao normal, mas o seu reino logo depois foi sucedido por Belsazar que fez cair o reino nas mãos de Dario, o persa.


Daniel dá a interpretação do sonho (4.19-26)
“Então Daniel,... esteve atônito quase uma hora” (4.19). Mais uma vez, o servo de Deus tinha uma missão difícil e ficou perplexo porque a revelação era forte e havia dificuldade para entender o sonho. O tempo que levou para interpretar significava que ele ficou amedrontado em contar ao rei a verdade da revelação. De certo modo, Daniel gozava da confiança do rei como conselheiro e preferia, como homem, que as revelações do sonho não atingissem a pessoa do rei. Mas Daniel não pôde evitar, porque o próprio rei, percebendo a perplexidade de Daniel, o instou a que não tivesse medo e contasse exatamente o que o seu Deus havia revelado.

“Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra o que te tem ódio, e a sua interpretação para os teus inimigos” (4.19). Daniel reconhecia que o rei havia sido bondoso e complacente com ele e seus amigos e, por isso, preferia que o juízo fosse contra os inimigos do rei. Daniel sabia que havia dentro do palácio complôs contra o rei e, por isso, ele preferia que o juízo fosse para punir os inimigos do monarca. Mas Daniel não pôde evitar falar a verdade.

“Es tu, ó rei” (v. 22). Daniel foi incisivo e objetivo em informar ao rei que ele mesmo era, simbolicamente, a árvore frondosa do sonho, mas não evitaria a tragédia moral e espiritual do seu reino. Ele perderia a grandeza que tinha durante os “sete tempos” (sete anos). No versículo 26, a revelação assegurava ao rei a sua restauração, mas para que isso acontecesse, ele deveria dar sinais de arrependimento e provar a si mesmo e ao seu império a mudança interior na sua vida.

Daniel aconselha ao rei que reconheça os seus pecados e mude de atitude para que a misericórdia divina o alcance (4.27-38). Passaram-se um ano (doze meses) e houve, até certo ponto, um prolongamento da tranquilidade de Nabucodonosor. Mas ele não se humilhou e não mudou de atitude. Pelo contrário, se empolgou com a beleza de suas construções e seus jardins suspensos para agradar a sua esposa, segundo escreveu o historiador Josefo. Nos versículos 34 a 37, depois dos sete anos de insanidade, ele recuperou seu entendimento e acordou para a realidade quando louvou a Deus.
Aprendemos com esta história que o orgulho é sempre insano e inaceitável diante de Deus e que a mais sóbria atitude é reconhecer a soberania de Deus e louvá-lo.


A CORAGEM DE DANIEL
A pregação de Daniel. Apesar de inicialmente ter sentido certo temor após interpretar o sonho. Daniel deu um conselho a Nabucodonosor que lembra a mensagem neotestamentária de Cristo à Igreja de Éfeso (Dn 4.27 cf. Ap 2.5).

Será que temos coragem de fazer o mesmo diante dos poderosos dessa terra?

O pecado de Nabucodonosor em relação aos pobres. Daniel diz ao rei que ele deveria desfazer os seus pecados praticando a justiça, "usando de misericórdia para com os pobres" (Dn 4.27). Em outras palavras, antes do pecado da soberba, o rei estava pecando social e estruturalmente em relação aos menos favorecidos do reino. A atualidade desse ponto é tão verdadeira que a mesma recomendação de cuidado aparece em o Novo Testamento, no contexto da igreja (Gl 2.10)

Que Deus nos livre da soberba, pois ela é como uma doença contagiosa que se aloja no coração do homem e faz com que ele perca o senso de autocrítica, passando a agir irracionalmente (Sl 101.5; 2Cr 26.16). Estejamos atentos, pois a Palavra de Deus nos mostra que a soberba nos cega (1Tm 3.6; 6.4), nos afasta de Deus e traz ruína.


Subsídio Teológico I
O autor deste capítulo (4) é o próprio Nabucodonosor. A história concernente a ele, aqui registrada, chegou até nós através das suas próprias palavras, pois ele mesmo as escreveu e publicou. Mas Daniel, um profeta, por inspiração, insere- a em seu livro, e faz dela uma parte memorável do documento sagrado. Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do DEUS Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido. Mas aqui ele reconhece que foi justamente vencido e admite, talvez a contragosto, que o DEUS de Israel está acima dele. Temos então:
I. O prefácio dessa narrativa, no qual o rei reconhece o domínio de DEUS sobre si (v.1-3).
II. A própria narrativa, onde relata:
1. O sonho que teve e que deixou os mágicos perplexos (v.1-18).
2. A interpretação desse sonho, feita por Daniel, mostrando que representava um prognóstico da sua ruína, advertindo-o, portanto, que deveria se arrepender e se reformar (v.19-27).
3. O cumprimento desse sonho, quando Nabucodonosor ficou completamente louco durante sete anos para depois recuperar novamente a razão (v.28-36).
4. E a conclusão dessa narrativa com uma humilde aceitação e adoração a DEUS como Senhor de tudo e de todos (v.37).
Isso foi extraído dele através do poderoso domínio do DEUS que tem o coração dos homens em suas mãos, e se afirma como um registro da eterna comprovação da supremacia divina, um monumento à sua glória, um troféu à sua vitória e uma advertência para ninguém pensar que poderá prosperar se colocando acima de DEUS ou endurecendo o coração contra Ele.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 845-846.


Subsídio Teológico II
DEUS ABOMINA A SOBERBA
Imagine um rei que controla as vidas das pessoas e decide se elas vivem ou morrem, mas de repente, de uma hora para outra se tornar um louco, um lunático e um irracional? Este rei foi Nabucodonosor.
O capítulo 4 de Daniel traz a imagem de uma árvore florescente representando a figura de Nabucodonosor, o imperador da Babilônia. Num belo dia o rei olhou para todas as criações do seu império e, consigo mesmo, viveu a síndrome de Narciso: pensou que era o responsável por todas as realizações do império babilônico. Na imagem apresentada a Nabucodonosor um homem anuncia que a árvore seria cortada e ficariam apenas as raízes e o tronco. Esta árvore era o rei Nabucodonosor. Daniel foi corajoso em anunciar isso a ele!

O conceito de soberba
O relato do quarto capítulo de Daniel demonstra o sutil, mas desastroso, efeito da soberba. Um comportamento excessivamente orgulhoso, arrogante e presunçoso caracteriza o sentimento da soberba. A ideia de poder sobre os outros por si só é uma loucura. Segundo a psicóloga Rosemeire Zago, “a soberba leva o homem a desprezar os superiores e a desobedecer as leis. Ela nada mais é que o desejo distorcido de grandeza” e completa: “a pessoa que manifesta a soberba atribui apenas a si próprio os bens que possui. Tem ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade, e o orgulho excessivo, com conceito elevado ou exagerado de si próprio”. Nabucodonosor concentrou todas estas características perdendo-se em si mesmo no mundo obscuro do orgulho.

Não percamos a lucidez
Quantas vezes sentimos a síndrome de narciso como a que se abateu sobre Nabucodonosor? Pretendemos usar o nosso raio de influência para fazer um pequeno império onde nós determinamos, impomos e mandamos sobre o “destino” das pessoas. Por isso que Tomás de Aquino atribuiu a soberba um pecado específico, embora, como bem retratou a psicóloga Rosemeire Zago, num artigo publicado no UOL, a soberba apareça em outros pecados. A soberba adoece a alma. Não fomos chamados para ser irracionais ou lunáticos no exercício das nossas funções humanas. Por isso, o verdadeiro antídoto contra as ambições das nossas almas é JESUS de Nazaré, o homem “manso e humilde de coração”.
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD.(60) pag.38

Veja também: texto de auxílio sobre este assunto:

Fonte:
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos - Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos
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