...em continuação aos estudos relacionado aos costumes matrimoniais, hoje abordaremos o assunto:
Casamento, Levirato, Pessoa solteira.
A PESSOA SOLTEIRA
Por suas palavras e por sua própria vida de solteiro, Jesus mostrou que o casamento não era um fim em si mesmo, nem essencial à integridade da pessoa. Como servo de Deus, a pessoa podia não ser chamada para ter um companheiro e filhos. O discípulo cristão podia ter de esquecer pais e possessões por amor do reino de Deus (Lucas 18:29; cf. Mateus 19:29; Marcos 10:29-30). Paulo desejava que todos os homens estivessem contentes por viver sem casar-se (I Coríntios 7:7-8). Ele encontrava plena liberdade e inteireza em consagrar-se "desimpedidamente, ao Senhor" (II Coríntios 7:35). Mas reconhecia que a pessoa que não tem o dom do autocontrole nesta área deve casar-se, para que não peque (I Coríntios 7:9, 36).
O CASAMENTO
Nos tempos bíblicos, o primeiro passo no casamento era dado pelo homem ou por sua família (Gênesis 4:19; 6:2; 12:19; 24:67; Êxodo 2:1). Geralmente, as famílias do casal faziam o arranjo do casamento. Assim Hagar, como chefe da família "o casou [Ismael] com uma mulher da terra do Egito" (Gênesis 21:21).
Estando Isaque com quarenta anos de idade, era perfeitamente capaz de escolher sua própria esposa (Gênesis 25:20); no entanto, Abraão mandou seu servo a Harã a fim de buscar uma esposa para Isaque (Gênesis 24).
O servo de Abraão encontrou a orientação do Senhor em sua escolha (Gênesis 24:12-32). Então, segundo o costume da Mesopotâmia, ele fez os arranjos com o irmão e a mãe da moça (Gênesis 24:28-29, 33). Ele selou o acordo dando-lhes presentes (um dote) a eles e a Rebeca (Gênesis 24:53).
Finalmente, buscaram o consentimento da própria Rebeca (Gênesis 24:57). Este procedimento era muito semelhante às práticas matrimoniais humanas descritas em antigos textos de Nuzi.*
Em circunstâncias diferentes, ambos os filhos de Isaque ― Jacó e Esaú ― escolheram suas próprias esposas. A escolha de Esaú causou muita amargura de espírito a seus pais (Gênesis 26:34-35; 27:46; 28:8-9); mas a escolha de Jacó encontrou aprovação. Jacó foi enviado à casa de Labão, seu tio, em Harã, onde agiu com a autoridade de seu pai no arranjo para casar-se com Raquel. Em vez de dar um dote a Labão, ele trabalhou durante sete anos. Mas não se costumava permitir que a filha mais moça casasse primeiro, e assim Labão enganou Jacó casando-o com Lia, irmã mais velha de Raquel. Jacó aceitou, pois, a oferta de Labão de trabalhar mais sete anos para obter Raquel. Naquela região, o homem que não tinha filho muitas vezes adotava um herdeiro, dando-lhe a filha como esposa.
Exigia-se que o filho adotivo trabalhasse na família. Se mais tarde nascesse um filho, o adotivo perdia a herança em favor do herdeiro natural. Talvez Labão tenha tencionado adotar a Jacó; mas então lhe nasceram filhos (Gênesis 31:1). Talvez os filhos de Labão tenham sentido ciúmes de Jacó por temerem que ele pudesse reivindicar a herança. De qualquer maneira, Jacó deixou Harã secretamente para voltar à casa paterna em Canaã. Raquel levou consigo os deuses do lar que pertenciam ao pai. Visto como a posse desses deuses era uma reivindicação à herança, Labão saiu no encalço dos fugitivos; mas Raquel ocultou os ídolos de modo que Labão não os encontrasse. Para pacificar o tio, Jacó comprometeu-se a não maltratar as filhas de Labão nem tomar outras esposas (Gênesis 31:50).
Deveríamos notar, especialmente, a tradição do Antigo Testamento do "preço da noiva". Conforme vimos, o marido ou sua família pagava ao pai da noiva um preço por ela para selar o acordo de casamento (cf. Êxodo 22:16-17; Deuteronômio 22:28-29). O preço da noiva nem sempre era pago em dinheiro. Podia ser pago na forma de roupas (Juizes 14:8-20) ou de algum outro artigo valioso. Um preço muitíssimo horrendo foi exigido por Saul, que pediu a Davi prova física de que ele havia matado 100 filisteus (I Samuel 18:25). O pagamento do preço da noiva não significava que a esposa tinha sido vendida ao marido e agora era sua propriedade. Era reconhecimento do valor econômico da filha.
Mais tarde a lei sancionou a prática de comprar uma criada para tornar-se esposa de um homem. Tais leis protegiam as mulheres contra abuso ou maus tratos (Êxodo 21:7-11). Às vezes, o noivo ou sua família dava presentes à noiva também (Gênesis 24:53). Doutras vezes o pai da noiva também lhe dava um presente de casamento, como fez Calebe (Josué 15:15-19). É interessante notar que Faraó deu a cidade de Gézer como presente de casamento à sua filha, esposa de Salomão (1 Reis 9:16). A festa fazia parte importante da cerimônia de casamento. Geralmente era dada pela família da noiva (Gênesis 29:22), mas a família do noivo podia oferecê-la também (Juízes 14:10).
Tanto a noiva como o noivo tinham criados para servi-los (Juízes 14:11; Salmo 45:14; Marcos 2:19). Se fosse um casamento real, a noiva dava suas criadas ao esposo para aumentar a glória da corte dele (Salmo 45:14). Muito embora a noiva se adornasse com jóias e vestimentas bonitas (Salmo 45:13-15; Isaías 49:18), o noivo era o centro de atenção. O Salmista apresenta, não a noiva (como fazem os modernos ocidentais), mas o noivo como feliz e radiante no dia do casamento (Salmo 19:5). Em outras nações do Oriente Próximo, o noivo costumeiramente passava a morar com a família da noiva. Mas em Israel, em geral era a noiva que ia para o lar do marido e se tornava parte de sua família. O direito de herança pertencia ao varão. Se um israelita tinha somente filhas e desejava preservar a herança da família, suas filhas tinham de casar-se dentro da própria tribo porque a herança não podia ser transferida para outra tribo (Números 36:5-9). Um dos mais importantes aspectos da celebração do casamento era o pronunciamento da bênção de Deus sobre a união.
Foi por isto que Isaque abençoou a Jacó antes de enviá-lo a Harã para buscar uma esposa (Gênesis 24:60; 28:1-4). Embora a Bíblia não descreva uma cerimônia matrimonial, supomos que fosse um acontecimento muito público. Jesus compareceu a, pelo menos, uma cerimônia de casamento e abençoou-a. Em suas lições, ele referiu-se a vários aspectos das festividades de casamento, mostrando assim que a pessoa comum tinha familiaridade com tais cerimônias (Mateus 22:1-10; 25:1-3; Marcos 2:19-20; Lucas 14:8).
* Nuzi foi uma antiga cidade da Mesopotâmia ao sudeste de Kirkuk no moderno governorado do Iraque, localizada próximo ao rio Tigre. Seu sítio consiste de um relato de tamanho médio multiperíodo e dois pequenos montes de período único.
O LEVIRATO
Os israelitas achavam muito importante que o homem tivesse herdeiro. A preservação da herança da propriedade que Deus lhes havia dado, era feita através dos descendentes (cf. Êxodo 15:17-18; Salmo 127; 128). A mulher incapaz de ter filhos muitas vezes era alvo do opróbrio dos vizinhos (Gênesis 30:1-2, 23; 1 Samuel 1:6-10; Lucas 1:25). Ela e a família se recolhiam, então, em ardente oração (Gênesis 25:21; 1 Samuel 1:10-12, 26-28). Surgia situação mais grave se o marido morresse antes de ela ter-lhe dado herdeiro.
Para resolver este problema, deu-se início à prática do levirato. Mencionado pela primeira vez em conexão com a família de Judá (Gênesis 38:8), o levirato mais tarde veio a fazer parte da lei de Moisés (Deut. 25:5-10). Quando uma mulher enviuvava, o irmão do marido morto, de acordo com a lei do levirato, tinha de casar-se com ela. Os filhos deste casamento tornavam-se herdeiros do irmão falecido, a fim de que "o nome deste não se apague em Israel" (Deut. 25:6). Se um homem recusava casar-se com a cunhada viúva, ele sofria a ignomínia pública (Deut. 25:7-10; cf. Rute 4:1-7).
O exemplo mais conhecido deste tipo de casamento foi o de Boaz com Rute. Neste caso, o parente mais próximo não quis casar-se com ela; então Boaz, como o parente mais próximo logo a seguir, agiu como parente resgatador. Havendo ele pago a dívida da herança de Elimeleque, tomou Rute por sua esposa "para suscitar o nome deste [Malom] sobre a sua herança, para que este nome não seja exterminado dentre seus irmãos, e da porta da sua cidade" (Rute 4:10). Davi foi a terceira geração deste casamento, e desta linha veio, mais tarde, Jesus Cristo (Rute 4:17; Romanos 1:3).
* Veja E. A. Speiser, The Anchor Bible: Gênesis (Nova Iorque: Doubleday and Company, 1964), pp. 182-185.
Fonte:
- site Ouça a Palavra do Senhor
- TENNEY, Merril C. ; PACKER, J.I.; WHITE, William Jr. Vida Cotidiana nos Tempos Bíblicos: 1ª Ed. São Paulo. Editora Vida, 1988.
Fonte:
- site Ouça a Palavra do Senhor
- TENNEY, Merril C. ; PACKER, J.I.; WHITE, William Jr. Vida Cotidiana nos Tempos Bíblicos: 1ª Ed. São Paulo. Editora Vida, 1988.
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