"Os justos clamam, e o SENHOR os ouve e os livra de todas as suas angústias." Sl 34.17
A história da rainha Ester é uma das mais belas histórias do livramento de Deus para com a nação de Israel. Uma exilada judia que viveu no período do reinado de Assuero, o Xerxes, 486-465 a.C., na Pérsia.
Seu nome, Ester, era gentílico, derivado do persa stara, que significa "estrela", e tinha a ver com o paganismo babilônico (pois o nome Ishtar também deriva Ester, de uma deusa babilônica). Entretanto, o nome de origem da jovem judia era o hebraico Hadassa, que significa "murta". Órfã desde muito cedo, Hadassa foi criada por seu primo Mardoqueu (ela era filha do tio de Mardoqueu cf. Et 2.7). A jovem era bela de aparência e formosa à vista. Por isso foi contada entre as virgens do rei e levada a reinar no lugar de Vasti, a antiga rainha que perdera o trono. Assim, Hadassa foi escolhida por Assuero como a nova rainha do palácio de Susã. Era agora a rainha Ester.
Embora num primeiro momento a rainha temesse e se mostrasse apática, sendo preciso Mardoqueu lhe chamar a atenção para a gravidade dos acontecimentos: "Não imagines, em teu ânimo, que escaparás na casa do rei, mais do que todos os outros judeus. Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?" (Et 4.13-14); posteriormente, a rainha se mostrou absolutamente decidida e focada em proteger e a interceder pelo seu povo (4.15-17). A jovem rainha, ao longo do reinado, mostrara-se uma mulher sábia, corajosa e leal ao seu povo. Ela ficou no centro de uma conspiração covarde para aniquilar o seu próprio povo.
A rainha Ester arriscou a própria vida entrando na presença do rei, revelando que era judia e suplicando que o rei Assuero fizesse um novo decreto, cancelado o de Hamã e dando o direito aos judeus de se defenderem no reino da Pérsia. Assim, Deus livrou o seu povo de ser aniquilado numa época distante. Tudo isso foi pensado e colocado estrategicamente em pauta por intermédio de jejum, oração e ação diante de Deus. No momento mais angustioso da história do povo judeu, a nação se voltou ao Pai por meio de jejuns e muitas súplicas. Deus deu o livramento ao seu povo!
Portanto, nos momentos de crises e de muitas tribulações devemos nos inclinar aos pés do Senhor com jejuns, orações e ação sob a orientação do Espírito Santo. Deus nos dará o escape! (Revista Ensinador Cristão nº68-pg.41)
Deus é fiel no cumprimento de todas as suas alianças e promessas
Leitura Bíblica: Ester 5 1-6 (leia o livro inteiro são só 10 capítulos)
O nome de Deus não aparece no livro de Ester, porém o Senhor está presente em todas as circunstâncias, intervindo em favor do seu povo. Veremos que a história de Ester, Mardoqueu e dos judeus foi delineada pela providência divina. Na lição de hoje, veremos que Deus age em prol dos que o servem.
[...] e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?
- Ester 4.14
Dos livros da Bíblia, Ester e Cantares são dois livros que se distinguem
por evitar usar o nome de Deus, não ensinar a Lei de Moisés, nem
destacar a religiosidade israelita. Mas a razão principal que fez com que
o livro de Ester fosse reconhecido no Cânon das Escrituras foi o fato de
revelar o cuidado divino com o povo de Israel em meio à hostilidade,
estando exilado de sua terra. Matthew Henry escreveu acerca desse livro
que “se o nome de Deus não aparece no livro, o dedo de Deus estava lá”,
de modo invisível, orientando a vida do povo de Deus.
É uma história em que se percebe a presença de Deus de modo inescrutável
e invisível nos seus elementos circunstanciais, destacando, em
especial, dois personagens importantes, Mardoqueu e Ester. Temos uma
história delineada pela providência divina. Não há determinismo nos
ingredientes da história, mas percebe-se a soberania de Deus fazendo valer
seus desígnios. Todos os fatos que envolvem pactos e alianças de Deus
com o seu povo são cumpridos com aqueles que o servem.
Nessa história, podemos observar as operações invisíveis de Deus delineando
todos os fatos que envolvem o povo de Deus em terra estranha,
sofrendo toda sorte de perseguição e rejeição no lugar em que habitavam
e os personagens da história. Além de Mardoqueu (ou Mordecai) e Ester, outros três personagens fazem parte de todo o enredo da história, que
são: o rei Assuero (ou Xerxes I), a rainha Vasti e Hamã, o oficial da
corte do reino de Assuero (Et 1.1,9; 2.5,6; 3.1).
Desde a divisão de Israel em dois reinos — o de Israel, chamado
Reino do Norte, e o de Judá, chamado Reino do Sul — , os seus reis,
com pouca exceção, não foram fieis a Deus e, por isso, tiveram que arcar
com as consequências graves e trágicas na vida do povo de Deus. Os
exércitos da Assíria entraram em suas terras, subjugando os dois reinos
ao domínio persa. Os judeus exilados tornaram-se subservientes dos
persas. Em 485 a.C., o Império Medo-Persa era forte e, nesse período,
os exilados judeus serviam aos interesses persas com trabalho forçado,
escravidão e muito sofrimento das famílias. Nesse tempo do domínio
de Assuero (Xerxes I) entra a história de Ester como uma prova de que
Deus não havia se esquecido do seu povo. Ora, o povo de Israel tinha
consciência de sua eleição para representar os interesses de Deus entre as
nações e que aquela situação momentânea era consequência dos pecados
de seus lideres. Por isso, estavam exilados e longe da sua terra.
Ao longo da história, o povo de Israel tem sofrido com a tentativa de
exterminação, porque Satanás odeia esse povo e quer destruí-lo. Então,
por desígnio de Deus, entra no cenário dessa circunstância uma jovem
temente a Deus que se torna o elemento-chave da libertação do seu povo
no reino da Pérsia. A jovem Hadassa, criada por seu tio Mardoqueu,
também chamada Ester, entra na cena que Deus armou para que seus
desígnios fossem concretizados. Ester, entre as moças do palácio, alcançou
graça perante o rei e foi constituída rainha da Pérsia, no lugar de Vasti.
Não imaginava ela que seu papel dentro do palácio real de Assuero seria
o salvar todo o seu povo do extermínio tramado por Hamã e conquistar
espaço dentro do império para se defender e servir ao seu Deus.
Existe uma palavra profética de Mardoqueu para Ester que revela a
providência divina no cenário daquela história que se iniciava com uma
simples jovem do povo judeu. A palavra aconteceu quando uma trama
contra o povo de Deus foi armada por Hamã, oficial da corte do rei
Assuero. Mardoqueu, tendo notícias da trama, preparou Ester para ser o elo de Deus para salvação do seu povo, e disse-lhe: "Não imagines,
em teu ânimo, que escaparás na casa do rei, mais do que todos os outros
judeus. Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento
doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis;
e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?” (Et
4.14). Indiscutivelmente, o dedo de Deus delineia a história do seu povo.
Como Ver o Dedo de Deus como Providência nessa História?
A expressão “dedo de Deus” encontrada na Bíblia em algumas
circunstâncias especiais é uma metáfora antropomórfica que atribui
a Deus coisas, figuras e órgãos humanos, como coração, mãos, pés,
olhos, ouvidos, que representem ações de Deus. Deus é Espírito, e
qualquer figura humana em relação a Deus tem sentido de revelação
de um Deus que é Pessoa e fala conosco. Em relação à história do
livro de Ester, o dedo de Deus é uma figura invisível da providência
divina. A palavra “providência” vem do latim providentia, e o prefixo
“pro” significa “antes” ou “antecipadamente”, mas o sufixo da palavra,
videntia, deriva de videre, que significa ver. Quando nos referimos
a Deus, sua providência diz respeito ao que Ele faz e vê antecipadamente.
É o que Deus vê, e Ele vê todos os incidentes da vida antes que
ocorram, algo que humanamente não podemos fazer (SI 139.1-14).
Nesse sentido, constatamos que os incidentes históricos naqueles
dias dentro do Império Persa foram delineados e orientados pelo dedo
de Deus dirigindo cada circunstância. Por esse modo invisível e providencial,
o Senhor colocou a jovem Ester dentro do palácio de Assuero
para que o seu povo fosse salvo da destruição. Comprova-se esse fato
pelo que Deus disse a Isaías, o profeta: “[...] os meus pensamentos [são]
mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55.9).
O domínio do Império Persa sob o reinado de Assuero continha 127
províncias. O território persa se estendia desde o vale do Indo, no noroeste
da índia, o norte da África, incluindo Egito, Líbia e Cus (hoje, Sudão).
Porém, as guerras com a Grécia trouxeram desgaste físico, emocional e econômico para o império. Em vez de novos tributos e a ampliação
comercial com outros países, essas guerras se tornaram pesadas para a
economia do império. Esse tempo datava o tempo do governo de Xerxes
I (Assuero) no Império Persa, nos anos 486 a 465 a.C. Seu pai foi Dario,
o Grande, e sua máe chamava-se Atosa, filha de Ciro. Assuero herdou
um enorme império, mas não conseguiu estender suas fronteiras como
objeto da vaidade dos reis daquela época.
Assuero resolveu reunir aos príncipes, sátrapas e nobres da Pérsia
para um tipo de convenção de 180 dias (seis meses) na capital de Susã
(Et 1.3,4). Essa reunião ocorreu em 483 a.C., que tinha como estratégia
o planejamento de guerras para conquista de outras nações. Confiado
em suas forças militares, Assuero entendia que sairia vitorioso. Dentro
desse período, Assuero mandou preparar uma festa especial, com uma
celebração esplêndida (Et 1.6,7).
Na mente de Deus, a festa promovida por Assuero já estava nos seus
desígnios e nada poderia impedir a sua concretização. O rei Assuero
era vaidoso, e querendo ostentar sua glória, poder e riqueza a todos os
súditos do império, ordenou que se fizesse uma festa com muita comida e
bebida, além das danças e orgias que se permitiam nos salões do palácio
de Susã. As 127 províncias tributárias ao seu reino estavam representadas
nessa festa. Assuero exibia seu ouro, prata e pedras preciosas nas joias
do palácio, nas pratarias e decorações internas do palácio.
Por mais que não entendamos os desígnios de Deus em algumas
circunstancias, temos que reconhecer que a mão invisível do Deus
onisciente estava operando de modo oculto aos olhos humanos. Aquela
festa havia chegado a um ponto de total extravagância em comidas
e bebidas, deixando todos aqueles homens da corte completamente
irracionais. Nesse contexto de exibicionismo e ostentação de Assuero,
em que o vinho fez com que o rei ultrapassasse os limites de domínio
racional daquela festa, pelo ímpeto da vaidade e do exagero do vinho,
o rei ordenou que se chamasse Vasti, a rainha, para apresentá-la aos
seus convidados, como se fosse uma peça de decoração. A rainha Vasti, contrariando a ordem do rei, recusou-se a comparecer diante dele e da
corte, o que representou humilhação para o rei. Por isso, a punição foi
severa para Vasti, que era uma mulher de personalidade forte e que não
aceitava ser exposta ao ridículo pelo seu próprio marido.
A Deposição da Rainha Vasti
Mediante a recusa de Vasti em comparecer ante os convidados de
Assuero para exibi-la como se fosse uma peça de decoração, o rei ficou
furioso com a recusa. Sentindo humilhado e não querendo perder a
autoridade real, Assuero a depos de sua realeza. Ele não aceitava a
desobediência de sua mulher e, por medo de abrir outro precedente,
Assuero teve uma atitude irracional e violenta, típico de sua personalidade
arrogante. Como soberano do império, Assuero era exaltado e
orgulhoso, e sua autoridade seria questionada naquela festa se alguém
lhe desobedecesse.
Ao depor Vasti do palácio, queria que ficasse bem claro a todos
os palacianos que nada, ninguém, nem a rainha, podia recusar uma
ordem real sem sofrer as consequências. Portanto, a recusa da rainha
Vasti em comparecer vestida com sua realeza para ser exibida perante a
corte custou a sua destituição. Era o terceiro ano do reinado de Assuero
quando aconteceu a festa. Os seus convidados de todas as províncias
tributárias do império assistiram à humilhação de Assuero, mas viram
com seus olhos o poder que tinha para fazer valer suas ordens. Esses
fatos contribuíram para que o proposito de Deus fosse realizado na vida
do seu povo cativo naquela terra.
SOB O DESÍGNIO DE DEUS,
ESTER ENTRA NO PALÁCIO DE ASSUERO
Segundo o historiador judeu Josefo, do primeiro século da Era Cristã,
depois que os servos mais leais ao rei sugeriram que ele escolhesse uma
das moças do seu harém no palácio para ocupar o lugar de Vasti, foram
selecionadas 400 moças virgens como candidatas ao trono de rainha
junto a Assuero. Depois de todos os preparativos necessários, em termos
de estética e beleza, as moças seriam apresentadas individualmente perante Assuero. Todas as que estavam no palácio e faziam parte do
harem do rei teriam a oportunidade de conquistar seu coração, e uma
delas seria elevada a posição de rainha (Et 2.14). Foi assim que Deus
preparou Ester para ser a moça que conquistaria o coração do rei e seria
elevada à posição de rainha.
Ester Foi Designada por Deus para o Lugar de Vasti
Entre a deposição de Vasti e a chegada de Ester ao palácio, passaram-se quatro anos aproximadamente. Logo depois daquela festa, Assuero
empreendeu uma guerra contra a Grécia e todos os planos elaborados
não deram certo. Dois anos depois ele volta a Susã, completamente
decepcionado porque a guerra não foi vencedora. Ao voltar para o
palácio, Assuero estava só e o trono de rainha ao seu lado estava vazio.
Passado algum tempo depois daquele banquete e depois da volta da
guerra frustrada contra a Grécia, alguns servos de Assuero que o serviam
junto ao trono sugeriram que se buscassem moças virgens e formosas
à vista, que reunissem qualidades que conquistassem o coração do rei
e, quem sabe, fosse escolhida pelo rei uma delas para assumir o trono
de rainha. Comissários em todas as províncias trouxeram muitas
moças bonitas e virgens para o palácio de Susã para que ficassem sob
os cuidados do seu eunuco Hegai, que era guarda das mulheres. Entre
todas as moças levadas para o palácio, foi levada a jovem judia Ester,
que ganhou a simpatia do eunuco do rei (Et 2.9). Não há dúvidas de
que Ester fazia parte do desígnio de Deus para ajudar o seu povo, mas
nem ela podia imaginar isso.
Nessa história, podemos perceber como Deus age e direciona todas as
coisas para que a sua soberana vontade se concretize. Dos dois personagens,
Mardoqueu era um judeu exilado que estava com outros deportados de
Jerusalem para a cidade de Susã, a capital persa. Mardoqueu não estava
só, mas trazia além de sua família a Hadassa (Ester), de quem era tio e,
desde pequena, com a morte de seus pais, adotou-a e cuidou dela como
se fosse sua filha. No livro com seu próprio nome, Ester é a personagem principal da história. De algum modo especial, o Deus de Israel direcionou
sua vida para que ela se tornasse a grande libertadora do seu povo. Como
era jovem e inexperiente, seu tio Mardoqueu foi o orientador pessoal de
Ester naqueles episódios que a levaram ao palácio de Assuero. Portanto,
Mardoqueu era um homem temente a Deus e estava entre os cativos
judeus que serviam aos interesses do império em Susã.
Quem era Mardoqueu?
Sem dúvida, era um homem de fé e de profunda piedade espiritual.
Era um sonhador que sonhava com a libertação da sua gente. Ele cria
que Deus faria algo que fosse capaz de romper com os obstáculos que
impediam essa libertação. Ele sabia, acima de tudo, que quaisquer
tentativas meramente humanas seriam impossíveis. Ele sabia, também,
que a escravatura de seu povo seria desfeita mediante a interferência de
Deus. Mardoqueu era um homem que não recuava em seus propósitos
ainda que lhe custasse a vida (Et 4.1,2). Ele tinha certa liberdade de
movimentos porque, mesmo sendo um escravo judeu, ele podia estar
nas cercanias do palácio de Assuero.
Não muito depois da coroação de Ester como rainha do império,
Mardoqueu estava junto à porta de entrada do palácio de Assuero
quando ouviu a conversa de dois eunucos do rei, os quais, revoltados
com a deposição de Vasti, tramavam o assassinato do rei. Esses dois
eunucos eram oficiais que serviam na guarda da porta de acesso para o
rei (Et 2.21). Seus nomes eram Bigtã e Teres. Eles conspiravam contra
a vida do rei. Mardoqueu, ao ouvir a trama, resolve frustrar o plano
sinistro contra a vida de Assuero e falou com Ester, pedindo-lhe que
fizesse o rei saber da trama em nome dele, de Mardoqueu (Et 2.22).
Visto que esses oficiais tinham acesso aos aposentos íntimos de Assuero,
Mardoqueu não perdeu tempo em informar Ester da trama. Ela, então,
sem perder tempo, informou ao rei a trama de assassinato contra a sua
vida. Quando alguém do seu reino demonstrava alguma atitude de lealdade, o rei gostava de honrar essa pessoa. Ester contou ao rei que a
informação vinha de Mardoqueu. Essa atitude de lealdade de Mardoqueu
lhe deu condições de ser alguém mais presente no palácio e no acesso
a sua sobrinha Ester. Tão logo o rei tomou ciência da trama, ordenou
o enforcamento de Bigtã e Teres (Et 2.23). Cresceu ainda mais o amor
do rei por Ester, contribuindo para que, a seu tempo, o propósito divino
fosse concretizado na vida do povo de Israel.
Ester, uma jovem graciosa que correspondeu
à expectativa de Deus
Seu nome hebreu era Hadassa, que passou a ser chamada Ester, um
nome que provinha de uma palavra persa que significa “estrela” e derivava
do nome de uma deusa babilônica (Isthar), que significava “deusa do
amor”. Naturalmente, esse nome não teve qualquer influência em sua
vida de comunhão com o Deus de Israel. No seu livro bíblico, Ester é
a personagem principal da história que fala de uma jovem cujos valores
morais e espirituais serviram para torná-la um instrumento de justiça de
Deus para salvar a sua gente. Quando levada para o palácio de Susã, ela
era uma jovem entre tantas outras jovens bonitas e prendadas. Entretanto,
o seu tio Mardoqueu tinha uma visão mais ampla acerca do futuro de
Ester e, por isso, disse-lhe: “[...] quem sabe se para tal tempo como este
chegaste a este reino?” (Et 4.14).
Nesse ponto estamos fazendo uma pequena digressão histórica que
nos leva ao primeiro estágio de Ester antes de se tornar a escolhida de
Assuero. Depois da deposição de Vasti como rainha, as moças escolhidas
de todas as províncias foram levadas para a casa das mulheres do palácio
e, depois de apresentadas, uma delas seria escolhida para ser a rainha.
Quando veio a vez de Ester, sua presença superou a todas as moças que
até então haviam sido apresentadas. Ester achou graça diante do rei,
e ele baixou o cetro sobre ela e colocou a coroa de rainha sobre a sua
cabeça. Mardoqueu, que havia orientado o comportamento de Ester
para várias situações, estava assentado “à porta do rei” (Et 2.19) e teve o coração emocionado por ver o desígnio de Deus sendo cumprido na
vida de sua sobrinha. Um grande banquete foi preparado com a coroação
de Ester, e o rei deu-lhe presentes. Essa escolha estava nos desígnios
divinos para que ela, sendo rainha naquele império, tivesse influência
suficiente para conceder uma grande libertação ao seu povo, o povo de
Deus, e os desígnios malignos de seus inimigos, especialmente, Hamã,
que odiava Ester e Mardoqueu, queria destruí-los dentro do reino.
UMA TRAMA DE DESTRUIÇÃO CONTRA O POVO DE DEUS
A Trama de Hamã, o Agagita
Hamã foi um homem descendente de Agague, um rei amalequita
(1 Sm 15.8,33). Servindo no palácio de Susã ao rei Assuero, Hamã foi
elevado à posição de primeiro ministro do reino, dando-lhe condições
superiores entre todos os príncipes da corte persa, tornando-se o segundo
homem mais importante do reino depois de Assuero.
Sem dúvida alguma, o inimigo maior do povo de Deus é o Diabo,
que influenciava pessoas para odiarem o povo judeu naqueles dias.
Hamã se tornou um instrumento diabólico para perseguir e desejar a
destruição do povo judeu. Sua descendência agagita o lembrava de uma
história de derrota dos amalequitas, que eram descendentes de Agague
e foram derrotados pelo rei Saul no passado, e tinha o estigma do ódio
contra os judeus. Era um povo com uma história de pilhagem e roubo
que assaltava os que viajavam no deserto, especialmente, Israel. Por isso,
esse povo foi amaldiçoado por Deus (Dt 25.17-19).
Hamã era um agagita que odiava os judeus, especialmente Mardoqueu,
um judeu que exercia liderança no meio do seu povo. Visto que Hamã
tinha poderes políticos advindos do seu “status” de primeiro oficial do
reino persa, por sua arrogância, ambição e astúcia resolveu destruir o
povo judeu, principalmente, Mardoqueu. Como Mardoqueu não se
inclinava perante ele quando passava entre o povo, o seu ódio cresceu
e, para tanto, tramou diabolicamente a destruição de todos os judeus
que viviam no império. Pelo fato do enforcamento de dois oficiais que
haviam tramado o assassinato do rei, por informação de Mardoqueu,
a crueldade de Hamã agitou sua adrenalina, e então, cheio de empáfia
e espírito vingativo, ele sugeriu ao rei a destruição do povo judeu.
A postura de Mardoqueu em não se inclinar perante ele quando
passava causou tanta fúria em Hamã que este ficou obcecado com a
ideia de destruição total do povo judeu dentro do império. Para esse
intento, Hamã persuadiu Assuero a fazer um decreto contra os judeus.
Seu plano continha mentiras e calúnias contra o povo judeu de que
queriam a morte do rei e por isso deviam ser destruídos totalmente. O
rei aderiu ao plano de assassinato de Hamã, que ordenou o massacre
do povo, sem deixar escapar mulheres e crianças, além de saquear os
bens do povo (Et 3.13-15). Foi marcado um dia especial para destruição
do povo judeu e, quando esse povo teve notícias desse decreto, houve
grande tristeza e lamento do povo judeu. Mardoqueu, percebendo que
a tragédia viria e seu povo seria destruído, vestiu-se de saco de cilício e
foi para a porta do palácio de Assuero (Et 4.1-6).
Hamã é chamado de agagita. A tradição judaica
identifica-o como um descendente do rei amalequita cujo povo Saul deixou de
destruir (cf. Êx 17.8-14; 1 Sm 15.7-33).
Mordecai era da tribo de Saul (cf. 2.5). Assim comentaristas rabínicos veem esse conflito como a luta histórica do povo judeu com os inimigos gentios, cujo ódio irracional persiste por milhares de anos." (Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, p.325).
A rainha
O rei persa nomeando Ester como rainha,
ilustra como Deus pode mudar o coração dos ímpios para que eles cumpram seus
propósitos (cf. Pv 21.1). Ester tinha agora condições de ajudar o seu próprio
povo, o que se tornou necessário cinco anos mais tarde. Deus usou as decisões
espontâneas das pessoas envolvidas, para proteger o seu povo (Et 4.4).
Embora Ester tivesse sido escolhida e coroada
rainha do grande império persa, não se orgulhou, nem se envaideceu por causa da
sua posição social e do poder que acabara de receber. Não desprezava os
conselhos de seu tio, de condição humilde, nem menosprezou sua tradição
espiritual. Pelo contrário, manifestava um espírito de mansidão, humildade e
submissão após tornar-se rainha, como sempre fizera antes" (Bíblia de
Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, p.758).
Ester Toma Conhecimento da Trama
Mardoqueu fez mais que se postar à porta do palácio, vestido de
tecido de cilício e com cinza sobre a cabeça. Ele se lembrou de que sua
sobrinha estava no palácio e era a rainha. Ela estava lá para esse momento
especial em que Deus a usaria para salvar sua gente. Ester teve
conhecimento do lamento de seu tio Mardoqueu e de todo o seu povo.
Sua alma se condoeu mediante a ameaça do maior inimigo dela e do
povo judeu. Mardoqueu pediu que Ester entrasse à presença do rei e
falasse do intento cruel de Hamã, mas ela não podia entrar à presença
do rei sem ser convidada. Mardoqueu, então, cheio de fé na intervenção
divina, convenceu Ester a que fizesse a sua parte naquele momento e
que confiasse na direção de Deus. Ela foi convencida de que era o meio
pelo qual Deus haveria de agir, e Mardoqueu disse-lhe: “[...] quem sabe
se para tal tempo com este chegaste a este reino?” (Et 4.14). Ela sabia
que não poderia quebrar as regras do palácio, mesmo sendo a rainha.
Por isso, arriscou-se, com graça e prudência, para entrar à presença de
Assuero. Pelas palavras de seu tio Mardoqueu, ela ficou convencida de
que Deus abriria as portas para ter acesso ao trono de Assuero e que,
de algum modo, poderia salvar o seu povo da destruição e morte (Et
4.13,14). Ester avaliou bem toda a fala de Mardoqueu e preferiu correr
o risco de entrar na presença do rei sem ser convidada. Entretanto, como mulher temente a Deus, pediu a Mardoqueu que reunisse todos
os judeus para que jejuassem por ela, sem comer nem beber, até que
pudesse tomar a iniciativa e entrar na presença do rei.
Sem precipitação e com prudência, Ester preparou-se para aquele
momento, vestindo-se com vestidos reais e perfumando-se para o
encontro. Inicialmente, Ester foi para o pátio interior da casa do rei
de modo estratégico. Assuero, ao vê-la com toda a beleza que possuía,
ficou deslumbrado pela sua rainha e apontou seu cetro de ouro para ela.
Ester chegou à sala do trono, inclinou-se perante o rei e tocou na ponta
do cetro com a mão. Ela estava confiada nos desígnios de Deus para
aquele momento e, inteligentemente, mostrou sua beleza e também seu
respeito pelas leis do palácio. Foi delicada com o rei, que, maravilhado
mais uma vez pela beleza de sua rainha, recebeu-a no seu trono. O rei,
deslumbrado pela simpatia e beleza da rainha Ester, abriu seu coração
e perguntou-lhe: “Que é o que tens, rainha Ester, ou qual é a tua petição?”
(Et 5.3). Ester o convida para um banquete e pede que Hamã
esteja presente também. Assim, ambos foram ao banquete preparado
por Ester (Et 5.8). Visto que Hamã mantinha o seu intento de destruir
e matar Mardoqueu e todo o seu povo, após o banquete, sua mulher
sugeriu que ele fizesse uma forca para enforcar Mardoqueu acusado
de inimigo do rei e do império. Hamã mandou preparar a forca para
Mardoqueu e foi para a festa de Ester (Et 5.14; 6.4).
Assuero Descobre Mentiras de Hamã
Quando Hamã saiu do banquete que Ester oferecera a ele e ao rei,
estava certo de que deveria fazer alguma coisa que agradasse ao rei. Falou
da sua alegria em ter estado no banquete de Ester, mas não aceitava o
fato de Mardoqueu, à porta do palácio não o respeitava nem se inclinava
perante ele. Por isso, ao contar da sua raiva contra Mardoqueu,
sua mulher deu a sugestão de fazer uma forca para ele e, assim, estaria
livre daquele homem; certamente isso agradaria ao rei.
Hamã tomara para si o mérito da descoberta dos homens que tramavam
o assassinato do rei, mas o mérito era de Mardoqueu, que informou a rainha Ester para ela informasse ao rei em seu nome. Naquela noite,
o rei não conseguiu dormir, porque o Espírito de Deus tocou em sua
consciência e, por essa razão, o rei pediu para ver os livros das crônicas que
traziam relatos dos fatos de cada dia no império. Nessa leitura feita diante
do rei, descobriu-se que foi Mardoqueu quem, de fato, salvou o rei da
trama do assassinato que intentaram os dois eunucos, oficiais do palácio.
Hamã queria a destruição de Mardoqueu e do povo judeu, inclusive
da própria rainha, que era de origem judia. Mas Ester informou ao rei
que havia um plano para matá-la, bem como ao povo judeu, e esse plano
havia sido tramado por Hamã, o que enfureceu o rei.
A CORAGEM DE ESTER PARA SALVAR O SEU POVO
Ester Desmascara Hamã diante do Rei
Segundo o relato, durante toda a noite, Hamã mandou preparar a
forca que seria colocada no lugar mais alto possível para que todos vissem
aquele que seria enforcado — conforme o seu intento, Mardoqueu.
Estava tão certo de que isso agradaria o rei que foi ao banquete cheio
de empáfia e confiante de que seria, mais uma vez, honrado pelo rei.
No primeiro banquete de Ester, ela não revelou nada especificamente.
Decerto, o dedo de Deus na direção da sua vida não permitiu
que houvesse qualquer precipitação. Então, Ester convida o rei e Hamã
para outro banquete. A rainha Ester, mais confiante e decisiva do que
deveria fazer, usou de sua habilidade social e política e da apreciação
amorosa de Assuero por ela, esperou o momento certo para falar ao rei
sobre a trama de morte e destruição engenhada por Hamã. O rei já sabia
da mentira de Hamã quando ouviu o registro feito nas crônicas do
império de que foi Mardoqueu, não Hamã, quem impediu o plano de
morte contra o rei. Soube que foi Mardoqueu que impediu que a trama
se efetivasse ao informar à rainha, cinco anos atrás. Agora, o rei queria
honrar o homem que o livrara da morte por traição naquele tempo. Até
então, o nome de Mardoqueu não havia sido revelado naquele banquete.
Quando o rei perguntou o que deveria ser feito para honrar o homem
que o havia salvo da morte, o próprio Hamã, pensando ser ele mesmo
a quem o rei honraria com homenagens especiais, sugeriu o tipo de
homenagem que deveria receber. A sugestão de Hamã era que o homem que receberia a homenagem seria conduzido em um cavalo da cavalariça
do próprio rei e fosse vestido com roupas de gala e com o anel do rei.
Arrogante, Hamã imaginou que esse homem seria ele mesmo. Assuero,
então, de forma objetiva e determinada, ordenou a Hamã que honrasse
um homem especial, maltratado por ele, que deveria receber as honras
sugeridas por ele. Esse homem era o judeu Mardoqueu, que deveria ser
conduzido pelas ruas da capital, montado em um cavalo do rei, vestido
com roupas palacianas e com o anel do rei. A mais alta honraria que um
súdito poderia receber. Por outro lado, aprendemos o que acontece com
os arrogantes: Ele abate o soberbo e exalta o humilde (Ez 21.26; Tg 4.6).
Salvos Graças ao Papel Persuasivo de Ester
Nos dois banquetes oferecidos por Ester, o rei estava tão feliz com
sua rainha que estava disposto a conceder o que ela quisesse, quem sabe
mais joias, outro palácio, ouro, prata e coisas semelhantes (Et 5.3). O rei
estava disposto a dar-lhe até metade do seu reino, mas não era isso que
Ester queria da parte do rei. No primeiro banquete, ela pediu apenas
que o rei e Hamã aceitassem o convite para um segundo banquete, em
que ela revelaria ao rei o que desejava. No segundo banquete, com a
presença do rei, de Hamã e de todos os demais convidados, a rainha
Ester revela o seu pedido ao rei (Et 7.3,4). Com lágrimas nos olhos e
com angústia em sua alma, ela revela o plano assassino de Hamã contra
ela mesma, contra Mardoqueu e contra todo o seu povo no império. Foi
um momento de consternação, mas de coragem, em que ela apontou
o dedo para Hamã como aquele que desejava a morte dela e de todo o
seu povo. Então pediu que fosse revogada a lei contra os judeus. O rei
se enfureceu contra Hamã e, saindo para fora no pátio do palácio, o
rei externava a sua raiva contra aquela situação em que a própria rainha
estava ameaçada de morte mediante o intento de Hamã. Mesmo que a lei
não pudesse ser revogada, também não seria executada. Posteriormente,
o rei deu um decreto de proteção aos judeus (Et 8.8-12).
A forca preparada para desonrar Mardoqueu e expor seu corpo publicamente
foi utilizada para enforcar a Hamã (Et 7.9,10). Mardoqueu
assumiu o lugar de Hamã, e o rei sabia que ele não o trairia.
Deus salvou o seu povo, mesmo estando ainda exilado em outra
terra, usando uma mulher especial que se colocou em suas mãos para
ser instrumento de salvação para o seu povo. A palavra Purim é derivada
da palavra hebraica para “sortes”. Quando Hamã tramou a destruição
do povo judeu, foi procurar astrólogos para lançarem sortes com o fim
de ter certeza de que a trama seria efetivada. Em função da grande
libertação do povo judeu nas terras persas, Mardoqueu entendeu que
aquela data deveria ser celebrada por todos os judeus, convertendo-se
numa celebração tradicional para todos os tempos da vida do povo judeu.
Onde Está o Deus do Livro de Ester?
Em todo o livro, não aparece o nome de Jeová, mas Ele estava presente
na condução daquela história do povo de Deus em atos e manifestações
de poder. A sobrevivência dos judeus ao longo da história da humanidade
revela a mão providencial do Todo-Poderoso em cada evento
e em cada detalhe ao proteger e preservar seu povo. Sua providência é
visível em todos os fatos que envolveram personagens como Mardoqueu
e Ester. O poder invisível de Deus é obvio, ordenando soberanamente
cada detalhe da vida daqueles exilados para preservá-los e ensiná-los a
reconhecer que Ele cumpre a sua palavra em quaisquer circunstâncias.
A lição que aprendemos com Ester é que a sua história emergiu
da tragédia, das perplexidades incontáveis e das intervenções divinas
para fazer valer as suas promessas. O povo judeu foi salvo, estando em
terra estranha e pagando caro pelos erros de seus líderes no passado,
mas Deus não o abandonou. Ele cumpre o que diz e promete. Deus
cuida do seu povo.
Na providência divina, os desígnios de Deus são efetivados
para que suas promessas e alianças se cumpram cabalmente.
CONCLUSÃO
Aprendemos,
por intermédio da história da rainha Ester, que Deus salva o seu povo quando
nos dispomos a orar, jejuar e agir. O Senhor colocou Ester no palácio com um
propósito definido. Ele também tem abençoado a sua vida com um objetivo:
abençoar os que sofrem e correm risco de morrer. Ester cumpriu a sua missão.
Então, deixe que os propósitos divinos cumpram-se em sua vida.
"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." Romanos 8:28
Fonte:
Lições Bíblicas - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Livro de Apoio - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Revista Ensinador Cristão-nº68
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