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sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cartas Pastorais - As ordenanças de Cristo

Uma mensagem à Igreja Local e à Liderança

As cartas pastorais reúnem orientações à liderança cristã e aos membros em geral para que vivam conforme a vontade de Deus.

Neste terceiro trimestre do ano, estudaremos a respeito das epístolas "pastorais" de Timóteo e Tito. O autor destas cartas é o apóstolo Paulo. Ele as escreveu com o objetivo de orientar e confortar dois jovens pastores, Timóteo e Tito.
As Cartas Pastorais receberam esta designação pelo fato de terem sido escritas e enviadas a dois pastores.

Paulo, o grande evangelista, pastor e humilde servo de Deus, era “apóstolo de Jesus Cristo (1 Tm 1.1), e considerava-se, muito apropriadamente, “apóstolo dos gentios” (Rm 11.13). Na condição elevada de pastor, sentiu de perto a necessidade de cuidar das igrejas locais, por ele fundadas, em suas históricas viagens missionárias. Escritor de praticamente metade dos livros do Novo Testamento, Paulo era homem culto, poliglota, de educação esmerada, em termos humanos (At 22.3), e grande intérprete e exegeta insuperável dos Evangelhos.
Ele era um verdadeiro apóstolo, no sentido pleno da palavra. Ainda que não teve seu nome inscrito no rol dos “Doze”, que conviveram com Cristo, testemunhando o ministério terreno de Jesus, bem como sua ressurreição, fez jus ao nome de apóstolo, porque, tendo sido chamado de forma tão impactante, no seu encontro com Cristo, no caminho de Damasco, teve a convicção e a experiência de que o Senhor lhe apareceu por derradeiro, “como a um abortivo” (1 Co 15.8). Paulo, além de ser chamado por Deus, foi enviado a cumprir a grande missão e comissão em prol da Igreja do Senhor Jesus (2 Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1; 1 Tm 1.1; 2 Tm 1.1; Tt 1.1).

O apóstolo preocupou-se grandemente, não só em abrir igrejas e ganhar almas para Cristo. Sentiu sua grande responsabilidade de ensinar e doutrinar os crentes, especialmente os novos convertidos, diante do assédio das falsas doutrinas, das heresias e, mais ainda, dos falsos irmãos (2 Co 11.26). Depois de relembrar os sofrimentos que experimentara em diversas ocasiões, Paulo diz: “Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas” (2 Co 11.28). As cartas pastorais ultrapassam seu propósito a priori de serem destinadas apenas a dois jovens obreiros. Foram, na verdade, cartas que se tornaram autênticos manuais eclesiásticos por assim dizer, para as igrejas cristãs em seus primórdios, bem como, sem qualquer impropriedade, para as igrejas dos tempos atuais.

I - O QUE SÃO AS EPÍSTOLAS PASTORAIS
1. Porque São Pastorais
Porque por intermédio dos seus destinatários, Timóteo e Tito, tratam de “assuntos relacionados com a ordem e o ministério da igreja”.1 São chamadas de “pastorais” pelo fato de Paulo, como verdadeiro pastor, demonstrar, nessas epístolas, seu grande cuidado com a edificação das igrejas a serem alcançadas pela mensagem, enviadas a seus dois jovens obreiros.

2. Os Destinatários
As cartas de Paulo 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito são chamadas de cartas pastorais. Foram destinadas, em princípio, a dois de seus mais fiéis e abnegados cooperadores jovens que ganhara para Cristo em suas longas viagens missionárias. Eles eram obreiros ainda jovens, mas ganharam a confiança de seu “pai na fé”, a ponto de serem merecedores de receber encargos e missões do maior sentido e responsabilidades. Na primeira carta dirigida ao discípulo, Paulo chama Timóteo de “meu verdadeiro filho na fé” (1 Tm 1.2). Na segunda carta a Timóteo, Paulo o chama de “meu amado filho” (2 Tm 1.2) - “meu filho amado e fiel no Senhor” (1 Co 4.17) —, revelando o cuidado paternal para com o jovem obreiro. Paulo chama Tito de “meu verdadeiro filho” (Tt 1.4); “meu irmão” (2 Co 2.13); “meu companheiro e cooperador” (2 Co 8.23). Tito era homem de inteira confiança do apóstolo (2 Co 12.18). Juntamente com Barnabé, foi convidado pelo apóstolo para acompanhá-lo em sua obra missionária junto aos gentios (G1 2.1,3) e recebeu missões de grande responsabilidade (2 Co 2.3,4; 8.16,24). Da parte de Paulo, vemos um exemplo para os líderes de igrejas, nos dias presentes, no trato com os obreiros mais jovens. Do lado de Timóteo e Tito, vemos exemplos de obreiros que souberam comportar-se diante do seu pastor.

3. Autoria e Datas das Três Cartas
Os eruditos têm a condição de possuir conhecimentos além da média das pessoas em sua volta. Mas, por vezes, “as muitas letras” os fazem delirar, como Festo disse a Paulo (At 26.23). Por volta do século XIX, F. Schleiermacher lançou dúvidas quanto à autoria de Paulo com relação a 1 e 2 Timóteo e da Carta a Tito. Esse e outros estudiosos entenderam que, pela linguagem, estilo e época em que foram escritas, as mesmas poderiam ter sido escritas por um “pseudoepígrafo (embora discípulo de Paulo)” em nome do apóstolo.2
No entanto, grande parte dos estudiosos do Novo Testamento apresenta razões de sobra para o reconhecimento da paternidade literária do apóstolo Paulo para as chamadas “cartas pastorais”. A primeira epístola a Timóteo foi escrita por volta de 64 d.C, entre a primeira e a segunda prisão de Paulo. A segunda epístola a Timóteo foi escrita em torno de 67 d.C, quando do segundo encarceramento do apóstolo, e antes de sua morte. Fazem parte das “cartas da prisão”, ao lado de Filipenses, Efésios, Colossenses e Filemom.
A Carta a Tito foi escrita no mesmo ano de 1 Timóteo. Se aceitamos que o cânon do Novo Testamento teve a direção do Espírito Santo, não há razão para acreditarmos que Ele iria permitir que pseudoautores usassem o nome de Paulo para escrever livros considerados inspirados por Deus. Estudiosos cristãos entendem que essas cartas foram “escritas durante o segundo aprisionamento, em 65-68 d.C., embora a primeira epístola a Timóteo e a epístola a Tito possam ter sido escritas no intervalo entre esses dois aprisionamentos”. Ainda que importantes, a questão das datas não é o foco deste estudo.

4. Conteúdo das Cartas Pastorais
As três cartas pastorais formam um conjunto literário, devocional e doutrinário em que se observam o mesmo vocabulário, o mesmo estilo e os mesmos propósitos para que foram escritas, o que reforça a evidência interna de que seus escritos tiveram origem na mente do seu autor, que foi o apóstolo Paulo. Nas três cartas, percebe-se a preocupação de Paulo em orientar as igrejas quanto à firmeza na fé cristã, ante os perigos das falsas doutrinas, sua organização eclesiástica e administrativa, e sobre como uma comunidade que saía do judaísmo para uma nova visão perante a realidade do mundo, de seu tempo e do futuro da Igreja, em termos escatológicos. Esse conteúdo poderá ser mais bem entendido quando da análise de cada epístola em particular. As mensagens dessas cartas vão além de uma missiva a seus jovens obreiros. São epístolas cujo conteúdo doutrinário é tão profundo, que servem de fundamento bíblico para a edificação das igrejas cristãs, ao longo dos séculos. Sua mensagem, ainda que escrita por volta 64 d.C., revela-se muito bem apropriada para as necessidades espirituais das igrejas atuais, em plena época da chamada Pós-Modernidade.

II - PROPÓSITO E MENSAGEM
As cartas pastorais, formando um conjunto de ensinos e doutrinas fundamentais do cristianismo para as igrejas em seus primórdios, por meio dos jovens obreiros Timóteo e Tito, tinham em comum, basicamente, os seguintes propósitos:

1. Orientar os Obreiros quanto à Vida Pessoal
[...] Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.12,16). O apóstolo sabia que só faz sentido o pastor estar à frente da igreja local se ele tiver uma vida exemplar, cuidando, primeiramente, de seu testemunho, de sua vida pessoal e de sua vida familiar (1 Tm 3.1-13).

2. Orientar os Obreiros quanto aos Falsos Mestres e as Heresias
Na época de Paulo, havia diversas heresias, que ameaçavam solapar as bases e as estruturas das igrejas locais, como parte do edifício maior da Igreja do Senhor Jesus Cristo. O desafio de manter a unidade da Igreja, com fundamento em Cristo e seus ensinos, emanados dos evangelhos, era enorme. As viagens demoravam meses, em meios de transporte rudimentares. As cartas ou epístolas eram o único meio de que se valiam os pastores, líderes ou supervisores da obra para transmitirem ensinamentos, advertências e doutrinas.
Enquanto isso, as heresias apressavam-se, com seus meios de divulgação, para assediar os neoconversos e os crentes mais antigos, que dependiam da orientação de seus líderes, de pastores, de presbíteros ou anciãos, que os reuniam para lhes transmitir o ensino cristão sadio. Dentre as heresias que Paulo e outros apóstolos tinham em mente, duas se destacavam por sua história e influência cultural e filosófica.

1) O Judaísmo
O judaísmo se manifestava de forma insidiosa, visando destruir os ensinos de Cristo, por meio da observância dos rituais estabelecidos na Lei de Moisés. Cristo disse que não viera destruir a lei nem ab-rogá-la, “mas cumpri-la” (Mt 5.17). Os judeus não entenderam o sentido e o significado do Novo Testamento ou Nova Aliança, trazida por Cristo com seus ensinos. Cristo viera cumprir a Lei de outra forma, não a partir de atos e liturgias exteriorizadas, mas a partir da transformação interior do homem. Paulo exortava aos crentes, de forma bem eloquente, quanto à mudança que deveria haver em suas vidas (Rm 12.1,2). Os judeus insistiam em que se cumprissem os preceitos essenciais e os rituais exigidos pela Antiga Aliança, como a guarda de dias, meses e anos (G14.9-11). Era enorme a luta de Paulo para manter seus filhos na fé, nos retos caminhos do Senhor, seguindo a sã doutrina, que recebera de Deus pelo Espírito Santo. Para os judaizantes, quem não guardasse o sábado, de modo literal, e não se circuncidasse, era digno de expulsão ou até de morte (ver At 15.5-32).

2) Gnosticismo
“Trata-se de uma filosofia herética, que se propõe a explicar todas as coisas por meio da gnosis (gr.‘conhecimento’).” “Os gnósticos consideravam-se cristãos, dotados de conhecimento superior aos demais convertidos”.3 Eram um tipo de cristãos que praticavam “culto aos anjos”, a quem chamavam de “tronos”, “dominações”, “principados” e “potestades”. Além desse ensino estranho ao cristianismo, negavam a supremacia de Cristo, negando sua encarnação, pois consideravam o corpo humano mau; este, sendo matéria, contaminaria a Cristo, visto que a matéria é má e somente o espírito é bom. E o chamado dualismo.
O gnosticismo era esoterista ou ocultista. Apregoava que seus ensinos eram “superiores” e só podiam ser alcançados por “iniciados”. Em Colossos, havia o culto à deusa Cibele, “a grande mãe da fertilidade”. Em Efeso, onde se situava a igreja destinatária das cartas a Timóteo, havia a deusa Diana (At 19.33-35), um ídolo que os efésios entendiam ter caído do céu, enviada por Júpiter, o principal deus do panteão romano. E esses ensinos heréticos estavam-se infiltrando nas igrejas cristãs, carentes de líderes e de ensinos doutrinários sólidos e bem embasados na Palavra de Deus. Quando Paulo passou por Efeso, ao lado de Timóteo, a caminho da Macedônia, descobriu que as heresias gnósticas já haviam feito grande estrago entre os irmãos. Os líderes da rebelião contra o que Paulo ensinava eram Himeneu e Alexandre (1Tm 1.19,20). Paulo os excomungou, e, tendo de prosseguir viagem, deixou Timóteo em Éfeso para instruir os irmãos contra a terrível investida do Diabo contra a fé cristã.
Um tal de “Alexandre, o latoeiro” (2Tm 4.14), também muito perturbou a Paulo e aos crentes de Éfeso. Era um causador de dissensões, e Paulo mandou que Timóteo se afastasse dele. Ciente de que Timóteo, ainda sem experiência sólida, deveria estar enfrentando dificuldades para conter a onda dos falsos ensinos na igreja em Éfeso, ele escreveu as duas cartas, dirigidas ao jovem obreiro, mas visando à ministração dos ensinos e exortações pastorais para a igreja local. O mesmo fez com Tito, em relação à igreja que havia na ilha de Creta. Infelizmente, os causadores de dissensões aparecem ainda hoje, perturbando a harmonia que deve caracterizar as igrejas cristãs.

III - UMA MENSAGEM PARA A IGREJA LOCAL E A LIDERANÇA DA ATUALIDADE
1. Mensagem para as Igrejas — Alerta contra as Heresias
Um leitor apressado poderia indagar: “O que as três cartas pastorais, escritas a dois obreiros do primeiro século da era cristã, teriam para o contexto espiritual e doutrinário de igrejas no período da pós-modernidade?”. Se ouvíssemos tal questionamento, teríamos que responder com bastante convicção: Têm muito a ver, sim. Se, na época de Paulo, umas poucas heresias ameaçavam os alicerces da fé cristã, hoje, são centenas ou milhares de ensinos heréticos que não só ameaçam, mas muitos já estão infiltrados sorrateiramente no seio de muitas igrejas evangélicas.

A seguir, algumas heresias pós-modernas, que demandam o confronto sério com base na ortodoxia bíblica.

1) O restauracionismo
Trata-se de uma inovação teológica, ou doutrinária, que procura adaptar, nos dias presentes, ensinos, ritos, costumes e práticas próprias do antigo concerto, ou da antiga aliança de Deus com Israel. Parece um contrassenso, mas é querer inovar com coisas antigas, ou velhas doutrinas. É o “fermento velho” a que Paulo se referiu escrevendo aos coríntios (1 Co 5.7).
Dentre esses ensinos, apareceram, há alguns anos, igrejas que ensinam que os cristãos devem guardar o sábado. Não se trata de Adventistas do Sétimo Dia. São igrejas que se consideram cristãs, modernas e atualizadas. Mas estão pregando um tipo de retorno ao judaísmo. No Novo Testamento, encontramos manifestações claras desse ensino equivocado. Paulo teve que agir com vigor contra esse tipo de ensino pernicioso (ver G1 1.6). E considerou “anátema” quem desse ouvidos a esse tipo de ensino, mesmo que viesse por intermédio de “um anjo do céu”. A guarda do sábado, como obrigação exclusiva, especial, é específica para o povo de Israel, e para nenhuma nação mais no mundo (ler Êx 31.14-17; ver Lv 23, 31, 32; Ez 20.12,13,20).
Hoje, pregadores televisivos e “apóstolos” de megaigrejas, ou pastoras neopentecostais, conseguem iludir grande parte de crentes incautos, desavisados, ignorantes da Palavra, detentores de uma fé superficial e sem fundamento na Palavra de Deus. Timóteo fala para hoje, sim. É só ler com calma as epístolas pastorais. No tempo de Paulo, os judaizantes exigiam dos novos convertidos a prática da circuncisão. Paulo, Barnabé e Pedro uniram-se, no Primeiro Concilio, em Jerusalém, e ensinaram que não se deveria por sobre os novos convertidos um jugo que não poderiam suportar (At 15.7-11).

As cartas pastorais visavam orientar os crentes quanto a essas mesmas perturbações de origem judaizante. Mas hoje, em pleno século XXI, há igrejas restauracionistas, que ensinam que os cristãos devem celebrar a Festa dos Tabernáculos (Lv 23.34; Dt 16.13); a Festa da Colheita (Êx 23.16; 34.22), as quais eram tipicamente festas judaicas, de grande valor para o povo de Israel, pois tinham um simbolismo marcante para aquele povo. Há quem comemore a Páscoa em pleno período da graça, quando a Palavra de Deus diz que Cristo é nossa Páscoa (1 Co 5.7). Ora, Jesus celebrou a Páscoa pela última vez na véspera de sua morte, e instituiu, em seu lugar, a “Ceia do Senhor” (1 Co 11.20), ou “o partir do pão” (At 2.42), ou “cálice”, que é o “Novo Testamento no meu sangue” (1 Co 11.25).
Tais práticas podem ser consideradas, à luz da Bíblia, como “fermento velho” (1 Co 5.7a), que incluía os rituais judaicos, superados e substituídos pelo evangelho de Cristo, que não é ritualista, mas realista, trazendo Cristo aos corações, em espírito e em verdade, e não como “sombra dos bens futuros” (Hb 10.1), os quais foram tornados realidade em Cristo Jesus.
Hoje, graças às pesquisas na área da saúde, está provado que a circuncisão é benéfica, pois evita a formação de substâncias cancerígenas em torno da glande, no órgão genital masculino. Mas não pode ser exigida como preceito religioso. Isso é “fermento velho”.

2) O Evangelho da Prosperidade material
Talvez essa seja uma das inovações mais influentes nos últimos tempos, desde o século passado. Nos últimos anos, tem sido apregoado aos quatro cantos do mundo um ensino exagerado sobre a prosperidade cristã. Segundo esse ensinamento, todo crente tem que ser rico, não morar em casa alugada, ganhar bem, além de ter saúde plena, sem nunca adoecer. Caso não seja assim, é porque está em pecado ou não tem fé. Paulo contradiz isso em 1 Timóteo 6. 9,10. Diz Hagin, um dos mais eminentes defensores dessa falsa doutrina de prosperidade (já falecido): ‘“Você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi...’ (Hagin, Word ofFaith, 1980, p. 14). ‘Você não tem um deus dentro de você. Você é um Deus’ (Kenneth Copeland, fita cassete The Force of Love, BBC-56). ‘Eis quem somos: somos Cristo!’ (Hagin, Zoe: A Própria Vida de Deus, p. 57). ‘Eu sou um pequeno Messias’.5 Baseiam-se, erroneamente, no SI 82.6, citado por Jesus em Jo 10.31-39. Satanás, no Éden, incluiu no seu engodo que o homem seria ‘como Deus, sabendo o bem e o mal (Gn 3.5).6 Com essa visão, essa heresia leva as pessoas a crerem que o crente não pode ser pobre, não pode adoecer, e pode possuir tudo o que quiser, pois ele é “um Deus”! Julgam-se com autoridade suprema para decretar, determinar, exigir e reivindicar as promessas e bênçãos de Deus. À luz da Bíblia, tal comportamento equivale a orgulho, presunção e soberba. Isso é doutrina de demônio. Paulo deixou Timóteo em Éfeso para “[advertir] alguns que não ensinem outra doutrina” (1 Tm 1.3). O texto de 1 Timóteo fala hoje!

3) Apostasia dos últimos dias
Nesse aspecto, nunca foi tão atual a mensagem das cartas pastorais. Na segunda carta a Timóteo, Paulo adverte aos crentes quanto ao que está acontecendo nos dias atuais — “Extrema corrupção nos últimos tempos”.
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. (2 Tm 3.1-5)
Esse texto é de uma eloquência extraordinária. Cumpriu-se nos dias de Timóteo, pois Paulo manda que se afaste desse tipo de gente que haveria de se comportar de modo contrário à sã doutrina. E notória a existência de obreiros que amam a si mesmos, em busca de vantagens pessoais, usando as igrejas para alcançarem seus objetivos egoístas. São presunçosos, “avarentos”, ou seja, amantes do dinheiro. Sem dúvida, os que cobram vultosos “cachês” para cantar ou pregar são dessa estirpe. São “mais amigos dos deleites do que amigos de Deus”. São hipócritas, pois mostram uma “aparência de piedade”, mas a negam com suas obras.

2. Orientações quanto ao Relacionamento Humano na Igreja
Além de confrontar heresias, com o uso da “espada do Espírito” (Ef 6.17; Hb 4.12), a liderança cristã, à frente das igrejas locais, a exemplo do que fez Timóteo, precisa orientar os crentes quanto à forma de adoração, ao relacionamento humano, na igreja local, no trato com se mulheres (1 Tm 2.9-15); com as viúvas (1 Tm 5.3-16); com idosos, adultos e jovens (1 Tm 5.1); no relacionamento social, entre patrões e empregados cristãos ou não, como bem constam do conteúdo de 1 Timóteo.

Em 2 Timóteo, sentindo que seu tempo estava terminando, Paulo exorta o discípulo quanto ao seu comportamento pessoal; quanto às atitudes ministeriais; e ainda quanto às ameaças dos ensinos falsos.

3. Mensagem para a Liderança
1) Administração eclesiástica
Em 1 Timóteo 3.1-12 e em Tito 1.6-9, vemos um verdadeiro conjunto de diretrizes para a ordenação de obreiros ao ministério.

2) Ética ministerial
Na segunda epístola de Timóteo 2.15, Paulo exorta o ministro a respeito de como deve se apresentar a Deus. Aqueles que são chamados por Deus para liderar parte de seu rebanho devem ser líderes de verdade. Nem todos sabem o que é ser líder. A verdadeira liderança estabelece-se pelo exemplo, pelo testemunho, muito mais do que pela eloquência, pela oratória ou pela retórica (Fp 3.17; 1 Co 11.1). O líder cristão não é o que manda. É que serve. Não é o maior. E como o menor. Jesus deu precioso ensino sobre isso em Mateus 20.24-28.

CONCLUSÃO
As cartas pastorais — escritas por Paulo e enviadas às igrejas de Éfeso e de Creta por mãos de Timóteo e de Tito, respectivamente — são verdadeiros manuais de Administração Eclesiástica. Elas contêm doutrina, ensino, exortações, quanto a assuntos práticos, mas, também, diretrizes gerais sobre liderança, designação de obreiros, suas qualificações, as responsabilidades espirituais e morais do ministério, o relacionamento com Deus, com os líderes e as relações interpessoais. São riquíssimas fontes de ensino precioso para edificação das igrejas locais, nos tempos presentes.

Embora tenha sido escrita em um tempo distinto do nosso, podemos encontrar nas cartas pastorais, ensinos preciosos para a liderança local e para a igreja dos dias atuais.

Notas
1 CPAD. Bíblia de estudo pentecostal, p. 1886 (referências preliminares a Tito).
2 Gordon D. FEE. Novo comentário bíblico contemporâneo - 1 & 2 Timóteo e Tito, p. 12.
3 Elinaldo Renovato de LIMA. Colossenses - A perseverança da igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos, p.18,19.
5 Haggin, citado por Haneegraf, p.119.
6 Elinaldo Renovato de LIMA. Perigos da pós-modemidade, p.174.

Fonte: As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais - Elinaldo Renovato de Lima (apoio do 3ºtrim.2015)

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3 comentários:

  1. Quero parabenizar a todos vcs que se empenharam para fazer esse estudo,quero que saibam que aprendi muuuuito. Vcs estão de PARABÉNS

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    Respostas
    1. Gloria Deus! Obrigado pela participação Andre Luis, verdadeiramente estamos aprendendo sempre.

      Toda Glória para o nosso SENHOR JESUS CRISTO

      abraço fraterno

      Excluir
  2. As cartas de Paulo foi muito importante na aquela época,e tá sendo até hoje amém

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