Vivemos em uma sociedade de valores absolutamente invertidos; aquilo que a Bíblia Sagrada declara como honroso e digno, o mundo retrata como ridículo e atrasado.
Um dos conceitos mais atacados em nossos dias é o de "obediência"; para muitos jovens "obedecer" é sinônimo de fraqueza, covardia e medo. Há entre nós, até mesmo em nossas Igrejas, a cultura da rebeldia. Essa cultura é alimentada por ícones da cultura Pop contemporânea. Faz parte de seu ministério, enquanto educador, ressignificar a definição de "obediência" entre os jovens que frequentam sua sala de aula. Para tanto, apresente exemplos positivos de pessoas que, por serem obedientes aos pais, às leis, a Deus, foram bem-sucedidas em suas vidas. Por fim, mui amorosamente, revele a eles que servir a Deus é um processo longo, contínuo e progressivo de obediência ao Pai. É algo árduo, mas que o fruto de comunhão com Deus, advindo de tal comportamento, é excelentíssimo.
Texto Bíblico: Juízes 2.8-10;16-19
Nesta lição estudaremos a respeito da íntima relação entre obediência e adoração. Veremos que todo ato de obediência a Deus pode naturalmente ser considerado uma ação que louva ao Senhor. Deste modo, rompemos com o conceito errôneo de que apenas atitudes cerimoniais ou litúrgicas associam-se à adoração.
Perceberemos que é possível louvar ao Rei do universo por meio de nossa vida cotidiana. Partindo do exemplo do povo de Israel no período dos Juízes, seremos conduzidos à compreensão de que a obediência não pode ser meramente formal, da boca para fora, pois é possível desobedecer a Deus fazendo aquilo que aparentemente é a coisa certa. A verdadeira obediência, assim como o genuíno louvor, é produzida dentro de nós.
Adoração e obediência são princípios muito interligados. Obedecer é dizer “não” para o eu e “sim” para Deus.
I- UM POVO QUE DESAPRENDEU A OBEDECER E A ADORAR
1. O caráter integral da vida.
É conhecida a história da decadência de Israel na época dos juízes, um momento em que cada um fazia o que achava ser certo. Aquele povo recém-acomodado no novo território não teve fundamento suficiente para permanecer nos princípios ensinados por Josué (Jz 2.10). A história do povo de Deus neste contexto histórico nos deixa valiosos ensinamentos. Um deles, talvez o mais importante, é a necessidade de compreensão da vida como um emaranhado de fatos, decisões e emoções. Tudo em nossa existência está interligado. Quem imagina que há uma divisão entre a instância espiritual e a física desconhece que somos pessoas integrais. O que faço no corpo tem implicações espirituais. Se nossa espiritualidade não vai bem, isto é um sinal que tudo em nós - ainda que aparentemente harmônico - está à beira do colapso.
2. Quando a exceção torna-se regra.
Que o amor de Deus e sua paciência são incomensuráveis isso é verdade. Entretanto, o povo de Israel tornou o erro, a queda e o pecado em uma rotina em seu arraial (Jz 2.19). O Senhor é poderoso para perdoar, mas nestes ciclos de santidade e promiscuidade, muitos israelitas se perderam, morreram pelas mãos de opressores impiedosos. A pior consequência dessa desestruturação espiritual foi afastamento do temor do Senhor (Jz 3.7). As sucessivas quedas não eram fruto de "acidentes", e sim de uma opção baseada na falta de comunhão com Deus. O povo passou a desenvolver um relacionamento idolátrico com Deus. Ele era o Deus verdadeiro, mas eles não lhe prestavam um louvor autêntico. Jeová era o amuleto a quem em tempos de crise eles clamavam e esperavam o resultado. Sem dúvida alguma, aquele povo desaprendeu a adorar.
3. Consequências para Israel.
Os efeitos dessa irreverência deliberada da parte do povo de Israel foram trágicos. Vejamos: Primeiro eles foram gradativamente perdendo a fonte da misericórdia para suas vidas (2.20); a ação sobrenatural de Deus ajudando Israel a vencer as guerras por várias vezes cessou (2.21); e aqueles povos que deveriam ser vencidos tornaram-se seus opressores (3.1-8); o povo de Deus sofreu saques e pilhagens (6.3-6).
Eles escolheram um caminho de dor, e por isso este foi o principal cenário no qual Deus os ensinou. A fonte da dor e do mal que os israelitas viveram neste período foi resultado das escolhas tortuosas (21.25). Mas a despeito destas, o Senhor ainda foi capaz de revelar seu amor e misericórdia. Israel experimentou a amargura de perceber-se longe do Senhor, não por que Ele simplesmente os abandonou, mas em virtude da infidelidade espiritual do povo que os conduziu a um sistemático afastamento de Deus (Jz 2.19; 3.7; 8.33; 10.13).
Deus nunca foi desleal para com o seu povo. O Senhor jamais mudou em sua disposição de abençoar e acolher Israel. Todavia, eles repetidas vezes, trocaram a segurança do amor do Altíssimo pelos encantos de Baal e Astarote.
II - QUANDO ADORAR E OBEDECER SÃO SINÔNIMOS
1.Não é possível adorar sem obedecer.
A trajetória de Israel, especialmente no período dos Juízes, é uma prova irrefutável de que é impossível declarar-se adorador do Pai, e ao mesmo tempo, ser surdo e desleal às suas ordenanças (Is 43.8). Louvar a Deus implica relacionar-se com Ele. Quem tem comunhão com o Altíssimo sabe que Ele é o Senhor e nós seus servos. Quando obedecemos a Deus estamos louvando-o e quando o desobedecemos estamos em pecado (Pv 28.5; Rm 5.19). Se não gosto de ouvir e não quero obedecer a Deus, como o adorarei? Por isso, muitos estão apenas fingindo, conforme denunciou Isaías e ratificou Jesus (Is 29.13; Mt 15.8). Amar a lei de Deus é parte fundamental do louvor que agrada ao Senhor (Sl 119.163).
2. É possível louvar ao Senhor desobedecendo sua Palavra?
Esta resposta precisa ser categórica: NÃO! A Bíblia cita vários casos onde as pessoas agiram sob o pretexto de adorar ao Criador, mas o resultado foi desastroso, pois as ações que tomaram confrontavam diretamente a vontade de Deus. Saul poupou excelentes animais para serem sacrificados ao Senhor, contudo, foi rejeitado como rei daquele momento em diante, pois a ordem dada por Deus havia sido outra (1 Sm 15.1-3;24-28). Uma multidão resolveu seguir a Jesus, deslocando-se e desejando estar perto dEle; tais pessoas estavam agradando a Deus? Não, pois seu interesse não era por salvação, e sim, por alimento fácil (Jo 6.22-26). Davi teve uma excelente ideia: construir uma casa para adoração ao Eterno, algo extremamente louvável, e a princípio foi até incentivado pelo profeta (2 Sm 7.3). Contudo, esta não era a vontade de Deus para a vida dele, pois se ele fizesse aquela construção não agradaria a Deus (1 Cr 22.7,8).
3. Como posso obedecer se não sei o que o Senhor quer?
Esse é um velho argumento que algumas pessoas procuram utilizar para isentarem-se de suas responsabilidades diante de Deus. Supor-se ignorantes não nos dá autorização para sairmos pecando e desagradando a Deus. A vontade do Mestre está expressa em sua Palavra, tudo o que fazemos e que contradiga a Bíblia é desobediência. Não há como escondermo-nos por trás da máscara da ignorância, nossa responsabilidade é conhecer o plano de Deus declarado nas Escrituras (Sl 40.8; 143.10;Cl 1.9). Se aquilo que você vive é uma questão absolutamente específica do mundo contemporâneo, mesmo assim os preceitos eternos de Deus continuam valendo (Sl 119.44). Não se esqueça: A Bíblia traz os princípios de Deus para nossas vidas!
Declarar que a Bíblia é um livro de princípios e não de regras significa dizer que os valores que ela defende são imprescindíveis, universais e eternos.
III - ADORANDO A DEUS NO DIA A DIA
1. Superando a dicotomia: vida secular X vida espiritual.
Dicotomia é a palavra que usamos para expressar a ideia de uma separação radical. Para muitas pessoas aquilo que fazemos no cotidiano (trabalhar, estudar, responsabilidades domésticas, relacionamentos familiares e com amigos) não possui qualquer relação com nossa vida espiritual, a qual seria exercida exclusivamente nos momentos em que nos dedicamos a atividades religiosas (ler a Bíblia, orar, ir ao culto etc.). Isto é um perigoso engano. Não há divisões em nossa vida, tudo o que fazemos deve ser dedicado ao Senhor, em todo o momento e em todo lugar (1 Pe 1.15).
2. Adorando a Deus na obediência diária.
Entendendo que tudo em nossa vida é do Pai, compreendemos também que devemos louvá-lo em nossas atividades diárias. Por isso, aquele que lidera uma equipe no trabalho, deve agir com justiça e equidade (Cl 4.1), sem ameaças sabendo que o Senhor de tudo está no céu (Ef 6.9). O cristão que exerce um cargo de chefia com opressão e desrespeito está pecando contra Deus. Já o crente que é empregado em um estabelecimento deve saber que quando trabalha com seriedade e produtividade, faz de sua profissão seu sacerdócio (Ef 6.5-8; Cl 3.23,24; Tt 2.9,10).
3. Fazendo da vida um altar de adoração.
As verdades que aprendemos nesta lição devem nos inspirar a ter responsabilidades em nossas escolhas. Devemos sempre pensar:
As pessoas com que me relaciono são inspiradas a ter uma vida com Deus a partir de meu testemunho?
Sou reconhecido como um profissional de referência, um estudante dedicado ou constantemente escuto críticas negativas a meu respeito?
Afasto as pessoas de Deus com minha falta de obediência à vontade do Pai?
Que nossa vida, hoje e sempre, seja um altar vivo de adoração (Sl 34.18).
Ao aplicar-se com amor a suas atividades você despertará nas pessoas o desejo de saber porque você é tão feliz e dedicado em tudo o que faz; nessas oportunidades, declare com alegria: Não sou eu, é Cristo em mim!
CONCLUSÃO
Como vimos, adoração e obediência não podem ser separadas uma da outra. Somente quem possui um coração de servo, disposto a obedecer em todas as instâncias de sua vida, é capaz de adorar a Deus com excelência.
SUBSÍDIOS I
Quando Deus criou os dois primeiros seres humanos, Adão e Eva, estabeleceu um limite moral: 'E ordenou o Senhor Deus ao homem,dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás' (Gn 2.16,17). Adão e Eva eram livres para acreditar em Deus e obedecer a sua lei, ou desobedecê-lo e sofrerem as consequências. Essa mesma escolha confronta cada pessoa no decorrer da história. Obediência a Deus não é uma questão de seguir regras arbitrariamente impostas por um mestre severo. Mas um meio de entrar na vida real, uma vida cheia de significado e propósito: 'Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal... escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua semente' (Dt 30.15-19). A obediência também não é apenas sobre ações externas. Mas uma reação interna a Deus como um ser pessoal; é a escolha de conhecer e amar (Dt 6.5). No âmago dos mandamentos de Deus não está um conjunto de princípios ou uma lista de expectativas, mas a essência de um relacionamento. Somos feitos para amar a Deus com todo o nosso ser"
(COLSON, Charles & PEARCEY, Nancy. E Agora Como Viveremos? 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000. pp.235, 236).
SUBSÍDIOS II
"Quando chegamos no Novo Testamento, a primeira coisa que notamos é que todo o povo de Deus é dotado e chamado para fazer várias obras pelo Espírito de Deus (veja Atos 2.17; 1 Coríntios 12.7), e não apenas as pessoas especiais como os artesãos do Templo, reis ou profetas. Todo o trabalho humano, quer seja complicado ou simples, é possibilitado pela operação do Espírito de Deus na pessoa que trabalha. Como poderia ser diferente? Se a vida inteira do cristão é por definição uma vida no Espírito, então o trabalho não pode ser exceção, quer seja trabalho religioso ou trabalho secular, trabalho 'espiritual' ou trabalho mundano. Em outras palavras, trabalhar no Espírito é uma dimensão do andar cristão no Espírito (veja Rm 8.4; Gl 5.16-25). Deus deseja que todos os cristãos utilizem pelo trabalho que fazem os vários dons que Ele lhes deu. Deus chama os indivíduos para entrar no seu Reino e viver uma vida de acordo com as suas demandas. Quando eles respondem, Deus os capacita a dar o fruto do Espírito e os dota cada um com os múltiplos dons do Espírito. Na qualidade de pessoas dotadas pelo Espírito e guiadas pelas demandas do amor, os cristãos devem fazer seu trabalho na obra de Deus e da humanidade"
(PALMER, Michael D. (Ed.). Panorama do Pensamento Cristão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001. p. 228).
"Os justos clamam, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas angústias. Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito. Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas." Salmos 34:17-19
Fonte:
Revista Lições Bíblicas Jovens 4º Trim/2016 - Em Espírito e em Verdade - A essência da Adoração Cristã - CPAD
Sugestão leitura:
A paz do Senhor meu amigo e irmão em Cristo pastor Ismael!
ResponderExcluirMuitos precisam ter este conhecimento e entendimento do que é ser um verdadeiro adorador, que é um cumpridor dos decretos do Senhor, que busca conhecer a vontade de Deus e tem consciência que esta vontade é boa perfeita e agradável. E onde quer que um adorador esteja em todas as suas atividades o principal tempero deve ser o amor.
Grande abraço!
Neiva, grande amiga e irmã em Cristo, a Paz do Senhor. Uma grande verdade esse seu comentário, realmente "muitos precisam ter..."
ExcluirDeus abençoe!
abraço fraterno
seu amigo em Cristo