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quarta-feira, 11 de julho de 2018

O Milagre nas Bodas de Caná

“Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” Jo 2.11

Apesar de estar lecionando a pessoas que, em sua maioria, ainda são solteiras, sabemos que a família tem sido alvo constante de ataque. Muitos alunos podem até mesmo ser provenientes de famílias que estão vivendo conflitos terríveis. Interceda por eles e, se julgar oportuno e estiver preparado, aproxime-se e ofereça auxílio. Traumas vividos no âmbito da família de origem podem bloquear a pessoa na formação de um novo lar. Outro problema bastante comum é a reprodução daquilo que antes foi traumático. Interromper tal ciclo destrutivo é um grande desafio. Aproveite a temática transversal da lição — casamento, família — para destacar a importância de um lar harmonioso e com a presença constante de Jesus. Quem sabe você mesmo esteja enfrentando dificuldades no lar. Assim como Jesus interveio nas bodas de Caná, Ele pode entrar com providência hoje mesmo em sua casa e realizar um grande milagre.

A lição de hoje inicia os onze milagres que serão estudados neste trimestre. A peculiaridade desta é que o milagre objeto de estudo, bem como os próximos seis, são todos do Evangelho de João. Esta seção do quarto Evangelho é conhecida como “livro dos sete sinais” (2.1-11; 4.46-54; 5.2-18; 6.1-15; 6.16-21; 9.1-41; 11.1-46). Além desses sete sinais, há outros números “sete” no Evangelho joanino. Ele contém, por exemplo, sete sermões do Mestre (3.1-21; 4.4-42; 5.19-47; 6.22-59; 7.37-44; 8.12-30; 10.1-21), e a importantíssima pronúncia e/ou declaração “Eu sou” também figura sete vezes no texto (6.35; 8.12; 10.7; 10.11; 11.25; 14.6; 15.1). Uma vez que quanto mais familiaridade com o material, mais lições e conteúdo dele é possível extrair.

Texto - João 2.1-11

O primeiro milagre realizado por Jesus evidencia todo o programa de seu ministério.

INTRODUÇÃO

Os Evangelhos, tanto os sinóticos — Mateus, Marcos e Lucas — quanto o de João, são textos basilares para a fé cristã, pois apresentam o Senhor Jesus Cristo, sua concepção miraculosa, seu nascimento, sua mensagem, seu ministério, sua paixão e ressurreição (Mc 1.1; Lc 1.1-4 cf. At 1.1-3). Mesmo assim, conforme João deixa bem claro, tais textos não são exaustivos, visto que o Mestre “fez muitas outras coisas” e, continua o apóstolo do amor, “se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (Jo 21.25). Portanto, a série de sete milagres do Evangelho de João que se inicia hoje não significa que o Filho de Deus tenha realizado “apenas” estes, pois como o escritor sagrado afirma, “Jesus, pois, operou também, em presença de seus discípulos, muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro” (Jo 20.30).

I. O OBJETIVO DOS MILAGRES NO EVANGELHO DE JOÃO

1. Um Evangelho singular.
Cada um dos Evangelhos possui suas peculiaridades. Tal se dá pelo fato de que eles foram dirigidos a diferentes destinatários e públicos, além de terem sido escritos por pessoas distintas. O de João é um tratado universal e tem um caráter mais abrangente e teológico que os demais. Isso pode ser percebido pelo seu prólogo (Jo 1.1-14). Enquanto Mateus e Lucas, por exemplo, relatam lances acerca do nascimento e infância de Jesus (Mt 12; Lc 1.26—2.52), o quarto Evangelho, em seu prólogo, trata da preexistência do Filho de Deus. As divisões deste Evangelho também demonstram sua singularidade. Uma dessas divisões refere-se aos milagres que o apóstolo do amor relatara.

2. Os sete sinais.
A expressão “sinais” é utilizada por João com o claro significado de “milagres” (Jo 20.30). É emblemático que o apóstolo do amor relate “apenas” sete (2.1—4.54; 5.1—11.57), formando uma seção em seu Evangelho que é comumente denominada pelos estudiosos como "Livro dos Sinais". Na tipologia bíblica, e para os judeus, o número sete transmite a ideia de completude e totalidade.

3. O objetivo dos sinais no Evangelho de João.
Conforme já foi mencionado em lições anteriores, os milagres, ou sinais, possuem objetivos que perpassam, e satisfazem, o socorro do aflito, glorificam a Deus e chegam ao cerne do seu propósito, que é levar as pessoas a crerem “que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). Este é justamente o objetivo de o apóstolo do amor ter relatado os sete milagres em seu Evangelho: demonstrar a messianidade de Jesus e com isto levar as pessoas à fé e, finalmente, à vida eterna.

II. JESUS E A VIDA SOCIAL

1. Jesus e a vida social.
É sabido que entre outras coisas, cabia ao discípulo seguir o modelo de vida do seu mestre (Lc 6.40). Neste sentido, Jesus é a referência absoluta de todos que se propuseram a segui-Lo (Mt 16.24, cf. Ef 4.13). E como Ele viveu? Em termos sociais, por exemplo, a postura do Mestre é inequívoca, Ele não se comportou como um eremita, pois comia com pessoas discriminadas e frequentava a casa de todo o tipo de gente (Mc 2.1,2; Lc 7.33,34,36-39; 19.1-10). Não obstante ir a tais lugares, o Senhor não se contaminava com nada e nem praticava o que tais pessoas faziam, pois sua visita tinha objetivo (Hb 4.15 cf. Lc 19.9,10).

2. O casamento valorizado pelo Mestre.
A prova de que Jesus tinha “vida social” é que João registra o importante fato de que o seu primeiro milagre se deu justamente em uma festa de casamento (Jo 2.1-11). É no mínimo curioso que o Mestre tenha escolhido um momento tão corriqueiro para principiar seu ministério, pois tal poderia ter se dado em uma das muitas sinagogas ou mesmo no Templo em Jerusalém. No entanto, ao assim fazê-lo, Jesus demonstra igualmente o quanto Deus valoriza a instituição do casamento e a formação de uma nova família (Mc 10.6-9).

3. A diferença ministerial entre Jesus e João Batista.
A diferença na dinâmica de interação social entre Jesus e João Batista é marcante: enquanto o primeiro imiscuía-se nas relações interpessoais, o segundo vivia no deserto (Mt 3.1; 11.7,18,19). Contudo, tal diferença aponta para uma distinção bem mais profunda entre ambos os ministérios. Enquanto João Batista marcava o fim do Antigo Concerto, sendo o seu último profeta (Mt 11.13), Jesus Cristo, como Filho de Deus, inaugurava um novo tempo, iniciando um Novo Concerto (Mt 26.26-29; Hb 8.13; 9.15). Assim, a vida social de ambos dizia respeito ao chamado e ao ministério que cabia a cada um.

III. O SIGNIFICADO DO MILAGRE DA TRANSFORMAÇÃO DA ÁGUA EM VINHO

1. “Fazei tudo quanto ele vos disser”.
João registra que estando o Mestre acompanhado de sua mãe e dos seus discípulos, realizaram-se umas bodas em Caná da Galileia e eles foram convidados. Entretanto, algo embaraçoso ocorreu: o vinho que era servido na festa acabou. Uma vez que a festa de casamento podia se prolongar por até uma semana (Gn 29.27,28), essa questão não era um problema simples, pois violava uma das regras da hospitalidade. O fato foi comunicado a Jesus por sua mãe e devido à resposta do Mestre, muitos pensam tratar-se de rispidez, mas na verdade, quando se analisa o versículo quatro à luz de outros textos do Evangelho joanino (5.25; 7.30; 8.20; 12.23,27; 13.1; 17.1), fica claro que a palavra do Filho de Deus tem um sentido mais profundo. Ao dizer “Fazei tudo quanto ele vos disser”, Maria tinha certeza que o Mestre interviria mudando aquela situação, bastava apenas que os empregados, por mais que não compreendessem, obedecerem ao que Ele dissesse (v.5). De fato, Jesus orientou os empregados que enchessem de água as seis talhas de pedra que havia na casa e que tirassem em seguida uma porção e levassem do conteúdo para o mestre-sala provar (vv.6-8).

2. O milagre.
A narrativa diz que tão logo o mestre-sala provou da “água” trazida pelos empregados, chamou o esposo e, em tom de surpresa, disse a ele: “Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho” (v.10). O mestre-sala desconhecia o que realmente ocorrera, mas os empregados que encheram as seis talhas com água, sabiam perfeitamente de onde viera a enorme quantidade de vinho da mais alta qualidade para a festa (v.9). De forma discreta, sem nenhum alarde, Jesus realizara um grande milagre.

3. O significado do milagre.
O apóstolo do amor revela que dessa forma Jesus iniciou os seus “sinais” e “manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (v.11). Uma leitura ligeira do texto deixa escapar importantes detalhes que lançam luz em seu significado. O versículo seis diz que no local havia “seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus”. A religião oficial de Israel possuía muitos ritos que se fundamentavam não na Lei, mas na “tradição dos anciãos”, sendo um deles o hábito de lavar-se com finalidades ritualísticas e não simplesmente higiênicas (Mc 7.1-4). Ao utilizar para algo social os recipientes cujo objetivo era religioso, Jesus declara que no âmbito do Reino de Deus nada é sem importância, e que a verdadeira purificação não é exterior, mas interior, posto que a água servia para lavar “por fora” e o vinho deveria ser ingerido pelos convidados. Com este ato de transformar a água em vinho, o Mestre demonstra que o seu ministério envolve o cotidiano e que a transformação se dá em todos os âmbitos e dimensões, sendo a intervenção do Senhor a melhor parte, ainda que mude costumes religiosos e sociais, como as talhas religiosas usadas para a festa e o vinho bom distribuído por último (vv.6-10).


CONCLUSÃO

O primeiro milagre de Jesus é um resumo de todo o seu ministério, pois denota seu propósito — a transformação da realidade, seja ela pessoal ou ambiental — resultando na glória de Deus (Mc 7.37; Jo 9.1-4). Foi exatamente isto que ocorreu com a realização deste primeiro milagre do Senhor, ou seja, através dele o Mestre “manifestou a sua glória” e, como resultado, “os seus discípulos creram nele” (v.11).


SUBSÍDIO
Jesus transforma a água em vinho (2.1-11)
O fato de que as grandes talhas que João menciona fossem de pedra (2.6) é significativo e indica que a água que eles continham era provavelmente usada para a purificação ritual, pois recipientes de pedra, ao contrário dos de barro ou metal, não contraem ‘impurezas’. Assim, a transformação desta água em vinho tem significado simbólico: a água que representava a religião do Antigo Testamento foi transmutada por Jesus em um vinho que representava a abundante bênção de Deus. A validade deste símbolo está estabelecida nas Escrituras, que frequentemente retratam o reino escatológico de Deus como um banquete (Mt 5.6; 8.11,12; Mc 2.19; Lc 22.15-18), do qual uma característica básica era a profusão de vinho (cf. Is 25.6). Simbolismo semelhante é encontrado nos comentários que Filo, o filósofo judeu do século I, faz sobre Melquisedeque. Em Leg. Alleg. 3.79, Filo escreve que Melquisedeque ‘trará vinho em lugar de água e dará às nossas almas uma bebida pura, para que elas possam tornar-se possuídas por aquela divina intoxicação que é mais sóbria que a própria sobriedade’.
Ao transformar a água que representa a antiga economia em vinho que representa a vinda do reino de Deus, Jesus ‘manifestou sua glória, e os seus discípulos creram nele’” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p.204).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 3º Trimestre de 2018 - Título: Milagres de Jesus — A fé realizando o impossível - César Moisés Carvalho
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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Países onde a perseguição é extrema

Conheça um pouco mais e ore pelos cinco países que lideram a Lista Mundial da Perseguição 2018

Divulgada a cada ano pela Portas Abertas, a Lista Mundial da Perseguição classifica os 50 países onde há maior perseguição aos cristãos. Em 2018, os cinco primeiros classificados são Coreia do Norte (que ocupa o primeiro lugar desde 2002), Afeganistão, Somália, Sudão e Paquistão. Nesses países a perseguição é extrema, assim como é extrema a necessidade de oração por eles. Conheça um pouco da realidade de cada um, ore e divulgue a causa da Igreja Perseguida.

A Coreia do Norte tem um governo comunista, que é a principal fonte de perseguição. Aliado a isso está o culto à personalidade. Governada pela mesma família desde 1948, um verdadeiro culto à figura do presidente é imposto à Coreia do Norte. Ninguém pode desafiar ou questionar a autoridade de Kim Jong-un. Dos 300 mil cristãos no país, cerca de 25% estão em campos de trabalhos forçados. Os outros têm que viver a vida cristã secretamente, não compartilhando a fé nem mesmo com os filhos.

Já no segundo colocado, Afeganistão, o que impera é a opressão islâmica. Os cidadãos são proibidos de se converter ao cristianismo, assim a conversão é vista como apostasia, causando vergonha à família e à comunidade. Isso leva os cristãos ex-muçulmanos a manterem a fé em segredo. Cerca de 45% do território é controlado pelo Talibã que, em sua luta pelo poder, já causou muitas mortes, feridos e refugiados. Os afegãos têm uma grande confiança em seus líderes, então os apoiam caso decidam oprimir alguém por se converter ao cristianismo.


CONTEXTOS DIFERENTES, MESMA OPRESSÃO

Uma Somália imersa em guerra civil ocupa a terceira posição. No último ano, o Al-Shabaab realizou muitos ataques na capital, Mogadíscio, fazendo com que a opressão islâmica também seja a principal fonte de perseguição. Altos níveis de crime e corrupção também são fatores que levam os cristãos a serem perseguidos no país. Além disso, eles são proibidos de celebrar o Natal e os líderes religiosos afirmam que não há lugar para o cristianismo no país.

No quarto colocado, Sudão, ao menos três cristãos foram mortos por sua fé no período de apuração da Lista Mundial da Perseguição 2018, que é de outubro de 2016 a novembro de 2017. Além disso, muitas igrejas foram demolidas e cristãos, presos. Tudo isso resultante do fato de o presidente Al-Bashir ter prometido a aplicação plena da sharia (conjunto de leis islâmicas) no país.

No Paquistão, que ocupa o 5º lugar na lista, 15 cristãos foram mortos. O país conta com a presença de vários grupos extremistas, como Talibã e Estado Islâmico. Os considerados “bons” jihadistas têm o apoio do governo. Assim, um dos grandes desafios do país é supervisionar as cerca de 35 mil “madrassas” (escolas corânicas onde crianças, adolescentes e jovens são formados com ensinamentos fundamentalistas). Até mesmo listar e mapear essas escolas seria considerado como agir contra o islã. Nesse contexto em que o extremismo islâmico é incentivado, aqueles que se convertem ao cristianismo enfrentam forte oposição.

Assista ao vídeo abaixo:

(para ouvir o áudio, vá ao topo da pagina e dê pausa na rádio gospel)



Fonte: Portas Abertas


Todos os anos, a Portas Abertas divulga a Lista Mundial da Perseguição. Essa lista consiste em um ranking dos 50 países onde a perseguição aos cristãos está presente e afeta a vida daqueles que professam a fé em Jesus Cristo. O ranking tornou-se referência quando o assunto é a Igreja Perseguida ao redor do mundo.

Portas Abertas - Perfil Lista dos Países  


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sábado, 7 de julho de 2018

A beleza e a glória do Culto Levítico

“Então, entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; depois, saíram e abençoaram o povo; e a glória do SENHOR apareceu a todo o povo” Lv 9.23


A beleza e a glória do culto levítico

Há uma teologia do culto nas Escrituras

O comentarista do trimestre, pastor Claudionor de Andrade, mostra que havia uma teologia do culto levítico que perpassou toda a história monárquica da nação de Israel. Assim, ao inaugurar-se o Santo Templo, houve um trabalho precedente que desenvolveu a ordem litúrgica, o artesanato de instrumentos de louvores e a composição da música: tudo isso na esteira da teologia levítica do culto. Neste sentido, há ensinamentos para nós hoje a partir de Levítico.

O que Deus espera de nossa Adoração?

Há um “ditado” muito corrente na igreja hispânica, aqui na América Latina, em que se diz: “a Adoração tem de sê-la e parecê-la”.
Vivemos um tempo em que há dois perigosos extremos. O primeiro, o perigo do formalismo frio, engessado e meramente simbólico. O segundo, o oposto disso, em que a adoração pública seja realizada sem as devidas atenções para a rica e preciosa teologia do culto presente no Antigo e em o Novo Testamento.

Quando se fala que a Adoração tem de “sê-la” quer dizer que, em primeiro lugar, ela tem de partir do que há de mais forte, acumulativo e essencial no interior do ser humano: “Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças” (Mc 12.30). Esse primeiro mandamento está conectado com a seguinte verdade evangélica: “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.23).

Quando se diz que a Adoração deve “parecê-la”, leva-se em conta que toda a adoração a Deus tem uma manifestação intelectual e corporal. O apóstolo Paulo sinalizou isso em 1Coríntios 14.26: “Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. Nesse aspecto, estão contempladas as virtudes da reverência, do temor e da santidade quando prestamos um culto a Deus.

Por isso, é inadmissível num culto verdadeiro a Deus haver qualquer atividade paralela. Isso era inconcebível no Antigo e em o Novo Testamento. Por exemplo, seria inconcebível a um sacerdote, enquanto este apresentasse o sacrifício no altar, o outro estivesse resolvendo questões administrativas. Seria completamente fora de lógica, e uma blasfêmia para os apóstolos, concomitante ao ato da Santa Ceia, ocorrer outros afazeres de caracteres comerciais. Revista Ensinador Cristão nº74

O verdadeiro culto divino não se impõe pelo ritualismo nem por sua pompa, mas pelo quebrantamento de coração e pela integridade de espírito. A glória de Deus não pode faltar.

Leitura Bíblica em classe - Levítico 9.15-24

Na lição de hoje repetiremos a respeito do culto divino. O que é mais importante em um culto? A liturgia? Aqueles que estão prestando um serviço a Deus? O que realmente agrada ao Senhor? Essas são indagações importantes, que precisamos fazer se queremos adorar a Deus da forma que Ele merece e que lhe agrada. Contudo, você professor(a), precisa estar atento para que não venha fazer de suas aulas um espaço de debates teológicos inúteis. Precisamos de reflexão, de debates que promovam a interação da classe. Também precisamos ouvir mais nossos alunos, no entanto que o nosso alvo seja sempre o crescimento espiritual deles.

No decorrer da aula, ressalte o cuidado que devemos ter para não cairmos no formalismo, pois Deus não está preocupado com a forma, mas com o coração daqueles que se achegam a Ele, é necessário que aqueles que desejam cultuar ao Senhor o faça em espírito e em verdade (Jo 4.24).


Levítico era o manual do culto no Antigo Testamento. 


Em virtude de sua natureza didática e tipológica, o culto levítico tinha de ser majestoso e belo; um reflexo da glória do Deus de Israel. Sua liturgia, por isso mesmo, era para ser vista, ouvida e tocada. Nalguns ritos e cerimônias, até o olfato e o paladar do adorador eram contemplados.

Apesar de tantos recursos pedagógicos, somente alguns vieram a descobrir a essência dos procedimentos levíticos: a plena comunhão entre Deus e o seu povo. Esses raríssimos homens e mulheres tornaram-se conhecidos, na literatura profética, como o remanescente fiel.

Neste capítulo, veremos que o culto ao Deus de Abraão não era uma demanda a ser apresentada apenas para Israel; é uma reivindicação de Jeová a todos os habitantes da Terra. Nesse processo, a nação hebreia participaria (como de fato parcial e hesitantemente participou) como intermediária entre os gentios e o Deus Único e Verdadeiro.

Veremos ainda por que o culto é necessário. Neste ponto, somos obrigados a responder a velha pergunta: Por que o homem, mesmo que se confesse ateu, é um ser religioso? E, para concluir, viremos a constatar que o culto levítico, apesar do fracasso temporal de Israel, cumpriu seus propósitos eternos.

I. O Culto a Deus no Coração Humano

Neste tópico, veremos que o culto divino, para ser perfeito, tem de ser precedido pelo cultivo do coração humano. No âmbito teológico, cultuar e cultivar são sinônimos; harmonizam-se belamente.

1. Definição do culto divino.
A palavra “culto” advém do vocábulo latino cultus que, originário do verbo colere, descreve o esmero que o lavrador, na antiga Roma, dispensava a terra, a fim de torná-la arável. Inspirados por essa belíssima etimologia, os romanos não demoraram a associar o cultivo do solo às lides religiosas.

Teologicamente considerado, o culto pode ser definido como as honras, deferências e louvores que o homem, já cultivado pela Palavra de Deus, tributa ao Deus da Palavra. No ato cultual, o homem externa o seu reconhecimento a Deus como o Criador, Senhor e Mantenedor de todas as coisas. Para ser verdadeiro, o culto há de ter como fundamento a doutrina dos profetas e apóstolos, conforme a encontramos na Bíblia Sagrada.

Rigorosamente, os louvores carreados a um ídolo não podem ser considerados culto, pois somente Deus é digno de toda adoração: Ele tudo criou e a tudo mantém. Quanto aos ídolos, que tributos merecem? Logo, o culto a um ídolo não é culto, mas idolatria; algo esdrúxulo, bizarro, grotesco.

Se a criatura tem de venerar o que a criou, conclui-se que o ídolo, por ser criação do homem, deveria adorar a esse mesmo homem. Silogisticamente, o homem está para o ídolo, assim como Deus está para o homem. A diferença é que somente Deus pode criar a partir do nada. O homem limita-se a recriar coisas de matérias e refugos já existentes. É por isso que o ídolo, embora exista, não passa de um objeto vil e desprezível.

2. Jesus e o cultivo do coração humano.
O nosso relacionamento com Deus requer cuidados e zelos agriculturáveis. Exige atenção, sabedoria, paciência. Foi por isso que o Senhor Jesus assemelhou a pregação do Evangelho ao semear (Mt 13.3-18). Nessa faina, o Semeador ansiará por obreiros e diaristas, para que uma parte da sementeira, ao menos, venha a germinar (1 Co.3.6).

Mas quem, de fato, está a sulcar o coração humano? O Senhor Jesus responde a essa pergunta com surpreendente beleza: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1, ARA). Se nos voltarmos a Isaías, deparar-nos-emos com o próprio Deus a sulcar o coração de Israel, a fim de fertilizá-lo, para que a boa semente germine: a Palavra da Fé. A descrição do profeta é de uma sublimidade que transcende a poesia:

Agora, cantarei ao meu amado o cântico do meu amado a respeito da sua vinha. O meu amado teve uma vinha num outeiro fertilíssimo.  Sachou-a, limpou-a das pedras e a plantou de vides escolhidas; edificou no meio dela uma torre e também abriu um lagar. Ele esperava que desse uvas boas, mas deu uvas bravas. Agora, pois, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.  Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas? (Is 5.1-4, ARA)

O cultivo do coração de Israel, levado a efeito pelo próprio Deus, não foi suficiente para reconduzi-lo, naqueles dias já distantes e rebeldes, ao culto verdadeiro. A alma israelita em nada diferia daquele terreno pedregoso e cheio de cardos descrito pelo Senhor na Parábola do Semeador.

Sim, o culto divino tem muito a ver com o cultivo da terra. Para se cultuar a Deus tem de se cultivar, antes, o coração do homem.

Dessa explanação, concluímos que o culto ao Deus Único e Verdadeiro não vinga como as ervas daninhas, nem como o joio que, nem bem é lançado ao solo, alastra-se e já sufoca o bom plantio. O culto divino exige uma lavragem zelosa, paciente e constante da alma; um trabalho que, iniciado com o semeador, prossegue com o que rega e com o que, vigilante e atento, impede o inimigo de lançar a cizânia durante as vigílias solitárias e já tomadas pelas trevas (1 Co 3.6).

3. O coração humano e o conhecimento de Deus.
A melhor forma de se cultivar o coração humano encontra-se no livro de Oseias: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3).

Quanto mais conhecemos a Deus, mais aprofundamos a nossa comunhão com Ele. O coração de Moisés estava de tal forma cultivado pela presença divina que, segundo o derradeiro registro do Deuteronômio, ele já não orava ao Senhor, mas, com o Senhor, falava cara a cara (Dt 34.10-12). O conhecimento que o profeta tinha de Deus transcendia o mero assentimento teológico; era algo experimental, profundo e cotidiano.

4. Os cultivadores do coração humano.
Foi para cultivar o verdadeiro culto, no coração hebreu, que o Senhor providenciou profetas, sacerdotes e reis. Cada um desses pedagogos tinha a obrigação de educar o povo na Palavra de Deus e mantê-lo ante o Deus da Palavra. Era uma educação tão perfeita, que levava o israelita a crescer tanto diante de Deus como perante os homens. Samuel, apesar do ambiente em que fora criado, alcançou esse ideal (1 Sm 2.21,26).

Vinha o profeta, e ensinava a nação a guardar os mandamentos divinos. Em seguida, chegava o sacerdote que, intercedendo pelo povo, tornava-o propício diante do Senhor. Quanto ao rei, possuindo este um mandato cristológico, tinha por obrigação sustentar o ofício profético e manter o ministério sacerdotal. Doutra forma, os ministros divinos não teriam condições de desempenhar a sua função. Na Igreja de Cristo, temos obreiros igualmente valiosos, cuja função também é educar-nos na Palavra de Deus (Ef 4.11-16).

No ato de congregar, cultivamo-nos mutuamente por intermédio do louvor, da oração, da celebração da Santa Ceia e, principalmente, da exposição da Palavra de Deus. Sem as Sagradas Escrituras, a liturgia é inútil.

II. O Culto Levítico

O culto levítico é o resultado de um processo litúrgico que, iniciado por Adão, culminou no chamado dos descendentes de Levi, cujo ministério precípuo consistia em zelar pela adoração ao Deus Único e Verdadeiro. Neste tópico, veremos os antecedentes do culto hebreu.

1. O culto adâmico.
Se Adão não tivesse dado ocasião ao pecado, suas oferendas a Deus, no Éden, teriam consistido apenas em sacrifícios pacíficos e de louvores. Ao invés de ofertas cruentas, limitar-se-ia ele a apresentar ao Senhor as primícias de seu trabalho no paraíso: a exuberância do reino vegetal.

Ao desobedecer ao Criador, o pai da raça humana percebeu que, além das ofertas de paz, teria de apresentar ao Senhor, também, sacrifícios por suas transgressões. Doutra forma, como poderia ele fazer-se propício diante do Santíssimo Deus? Aliás, na morte do animal, ou animais, cujas peles serviram-lhe de vestes, Adão e Eva vieram a entender o mecanismo da expiação (Gn 3.21).

Adão, apesar de sua culpa universal, jamais deixou de ser tratado por Deus como filho amado (Rm 5.12; Lc 3.38). Sem o seu exemplo de arrependimento e de adoração, os cultos que se seguiram, na História Sagrada, não teriam sido possíveis.

2. O culto noético.
O culto com que Noé servia ao Senhor tinha, como genealogia, uma sequência de homens santos, piedosos e ousados em sua adoração. O primeiro dessa lista foi Abel, cujo sangue clamou da Terra aos Céus (Gn 4.10). Assim como a morte de Estêvão deflagrou o crescimento da Igreja (At 11.19.20), de igual modo acontecera com o martírio de Abel; o seu exemplo foi imitado por homens como Enos, filho de Sete, cuja vida levou a linhagem piedosa de Adão a um reavivamento (Gn 4.26).

O culto de Noé era tão excelente que só poderia ser equiparado ao de Jó e ao de Daniel (Ez 14.14). Aliás, esses foram os três varões mais piedosos de toda a História Sagrada. A adoração noética sobressaía-se pela graça divina e constituía-se num poderoso libelo contra uma geração perversa, corrompida, irrecuperável e blasfema (Gn 6.8,9; Hb 11.7).

Sobrevivendo ao Dilúvio e à apostasia de Cam, o culto noético teve, como herdeiros imediatos, a Sem, a Jó e, finalmente, a Abraão, nosso pai na fé (Gn 9.26; Jó 1.1). Cronologicamente, o patriarca Jó precedeu ao patriarca hebreu, pois, em suas lamúrias, cita Adão, mas não menciona Abraão (Jó 31.33).

3. O culto abraâmico.
O culto de Abraão teve início quando ele ainda era um gentio como eu e você, querido leitor (At 7.2). Os próprios israelitas, aliás, reconhecem que o seu grande patriarca não passava de um pagão entre outros pagãos (Dt 26.5). Mas, reconvocado em Harã, obedeceu prontamente ao Senhor (Gn 12.1-4). Já firme na fé, pôs-se a peregrinar por uma terra que, embora sua, tratava-o como estrangeiro (Hb 11.9). Mas, para o crente Abraão, o que mais lhe importava era a sua confiança em Deus. Ele sabia que, além de sua herança terrestre, aguardava-o uma cidade, nos Céus, cujo artífice era o Senhor Todo-Poderoso.

O auge do culto abraâmico deu-se quando o patriarca encontrou-se com Melquisedeque, depois de uma renhida batalha contra uns régulos orientais. Ali, na já querida Salém, ele foi reconhecido pelo rei-sacerdote como servo de Deus e legítimo representante do verdadeiro culto (Gn 14.19,20).

Celebra-se, ali, a proto-ceia do Senhor Jesus, unindo, numa única liturgia, os representantes de ambos os testamentos (Gn 14.18). Nessa celebração, encontrava-se já presente, nos lombos de Abraão, o responsável pelo culto oficial de Israel, conforme a interpretação do autor da Epístola aos hebreus: “E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste” (Hb 7.9,10, ARA).

Para mim, o capítulo 14 de Gênesis é o texto de ouro da religião divina. Nessa narrativa, Melquisedeque ergue-se como sacerdote do Deus Altíssimo. E, nessa condição, traz o pão e o vinho consagrados ao crente Abraão, que, pela fé, celebra a redenção do corpo e do sangue de Jesus Cristo. Ao fazê-lo, mostra a eternidade do sacrifício vicário do Filho de Deus. Naquele ato, Levi, em Abraão, curva-se ao Novo Testamento.

Com base nesse texto sagrado, declaramos que existe apenas uma religião abraâmica: a religião do Deus Único e Verdadeiro. Esta, por seu turno, manifestou-se plenamente na vinda de Jesus Cristo, conforme explica muito bem o autor da Epístola aos Hebreus, na introdução de sua carta. Portanto, considerar o Islã uma religião abraâmica é desconhecer o espírito do Antigo Testamento. Rigorosamente falando, nem o próprio Judaísmo, como hoje o conhecemos, é uma religião abraâmica. Foi o que o próprio Cristo deixou patente aos seus contemporâneos (Jo 8.40).

4. O culto levítico.
Herdeiro direto da devoção abraâmica, o culto levítico pode ser definido como a instituição oficial da verdadeira religião confiada a Israel pelo próprio Deus. Seu objetivo não é apenas litúrgico, mas essencialmente teológico, conforme exorta o profeta Oseias aos seus contemporâneos (Os 6.3). Apesar de sua imponência e exterioridade, a adoração levítica é voltada ao interior de cada adorador de Jeová, que sempre buscou estar presente entre o seu povo.

Segundo a narrativa sagrada, o culto levítico foi instituído pela celebração da Páscoa, na noite que precedeu a saída dos filhos de Israel do Egito. E, tendo como fundamento esse fato, conduziu litúrgica, didática e teologicamente os israelitas a se apresentarem ao mundo como um povo escolhido, profético, sacerdotal e real. Um povo, aliás, que deve a sua redenção unicamente a Jeová.

III. As Finalidades do Culto Levítico

O culto divino, no Antigo Testamento, tinha quatro finalidades básicas: adorar ao Único e Verdadeiro Deus, reafirmar as alianças divinas, professar o credo mosaico e aguardar o Messias. Era uma celebração teológica e messiânica.

1. Adorar ao Único e Verdadeiro Deus.
Ao reunir-se para adorar a Deus, a comunidade de Israel demonstrava duas coisas: a aceitação do Único e Verdadeiro Deus e a rejeição dos deuses pagãos (Sl 86.10; 97.9).

Enfim, o culto levítico afastava os israelitas da idolatria e aprofundava a sua comunhão com o Senhor (Sl 96.5). Esse era o teor dos cânticos congregacionais do Santo Templo.

2. Reafirmar as alianças antigas.
Se os filhos de Israel, por exemplo, entoassem o Salmo 136, professariam ser herdeiros das alianças que o Senhor firmara com Abraão, Isaque, Jacó e Davi. E, assim, cultuando ao Senhor, lembravam-se de que Deus comanda a História. Em boa parte de seus cânticos, os filhos de Israel relembram a presença de Deus em sua vida familiar e comunal (Sl 47.9). Veja o Salmo 105.

3. Professar o credo divino.
Em seus cultos, os israelitas, guiados pelo ministério levítico, professavam o seu credo: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4, ARA). Nesta sentença, resume-se toda a teologia do Antigo Testamento. É necessário que voltemos a recitar e a cantar o nosso credo.

4. Aguardar o Messias.
No livro de Salmos, há uma elevada cristologia, que descreve a paixão, a morte, a ressurreição e a glorificação do Senhor Jesus Cristo como Rei dos reis (Sl 22.1-19; 16.10; 110.1-4; 2.1-8). Um israelita crente e predisposto a servir a Deus jamais seria surpreendido com a chegada do Messias, pois o culto levítico era essencial e tipologicamente cristológico.

IV. Os Elementos do Culto Levítico

Em seu auge, o culto divino do Antigo Testamento era composto por estes elementos: sacrifícios, cânticos, exposição da Palavra, oração, leitura da Palavra e bênção. Isso não significa, porém, que todo esse conteúdo estivesse presente em todas as celebrações.

1. Sacrifícios.
O culto inaugural do Santo Templo, que teve início com a chegada da Arca Sagrada, foi marcado por uma grande quantidade de sacrifícios de animais (1 Rs 8.5). De forma sem igual, o rei Salomão e todo o Israel demonstraram suas ações de graças ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó.

2. Cânticos.
Em seguida, os cantores e músicos puseram-se a louvar ao Senhor, entoando provavelmente os cânticos que Davi e outros salmistas haviam composto (2 Cr 5,12,13). Nesse período, a arte musical de Israel era a mais desenvolvida de toda região oriental.

3. Exposição da Palavra.
Logo após, Salomão dirigiu-se ao povo, fazendo uma síntese da História Sagrada até aquele instante. Ele mostra a clara intervenção de Deus em cada etapa da existência de Israel (2 Cr 6.1-13).

4. Oração.
O rei dirige-se, agora, a Deus em oração, agradecendo-o por aquele momento, e intercede não só por Israel, mas pelos gentios que, ouvindo acerca da intervenção divina na vida de seu povo, para ali acorreriam (2 Cr 14.31).

5. Leitura da Palavra.
Após o cativeiro babilônico, já no tempo de Esdras e Neemias, a Palavra de Deus começou a ser lida publicamente como parte da liturgia do culto (Ne 8.1-8). Nesse período, os sacerdotes puseram-se também a explicar a Lei ao povo de Deus. Antes disso, a leitura das Escrituras limitava-se aos montes Gerizim e Ebal (Dt 29.11).

6. Bênção.
O culto levítico era encerrado com a bênção araônica (Nm 22.6). Ao serem assim abençoados, os filhos de Israel conscientizavam-se de que eram propriedade particular do Senhor.

V. Culto Levítico na Grande Tribulação

Nos meios evangélicos conservadores, aguarda-se com muita expectativa a restauração escatológica do culto levítico. Que ela virá, não temos dúvidas, mas em tempos angustiantes.

1. A interrupção do culto judaico.
O culto levítico foi suspenso em duas ocasiões diferentes.

A primeira deu-se em 586 a.C. Nessa data, os exércitos de Nabucodonosor, após sitiarem longamente Jerusalém, destruíram a capital do Reino de Judá e deitaram por terra o Templo de Salomão. Como se não bastasse tamanha dor, os babilônios exilaram o escol da sociedade judaica. Essa interrupção cultual, apesar de humilhante, não durou mais que sete décadas (Jr 25.11,12).

A segunda ocorreu no ano 70 de nossa era, quando os exércitos do general romano Tito destruíram por completo a Cidade Santa e o Templo Sagrado. Desde então, os judeus aguardam ansiosamente a restauração de seu reino, de sua capital e do culto levítico, que só pode ser realizado no interior da Casa de Deus em Jerusalém. O Judaísmo sobrevive, hoje, apenas didática e magisterialmente nas sinagogas espalhadas pelo mundo.

2. A restauração do Santo Templo.
A restauração da nacionalidade israelita já é história contada, romanceada e cotidiana. Desde 14 de maio de 1948, o Estado de Israel vem pontificando entre os demais países como nação forte, desenvolvida e rica; um exemplo para os demais povos. Quanto à Jerusalém, o que podemos dizer? Ela é a capital de Israel desde junho de 1967, por ocasião da Guerra dos Seis dias. Quer a ONU reconheça, quer deixe de reconhecer o atual status da Cidade Santa em relação a Israel, isso em nada mudará a realidade profética e histórica dos filhos de Abraão.

No que tange, porém, ao Templo de Deus, a situação torna-se bem mais complicada. Como reerguer o Santuário Divino se, ali, onde outrora fora erguido, encontra-se hoje uma mesquita muçulmana? Não é fácil responder a essa pergunta. Não obstante, a profecia bíblica não deixa dúvidas: o Santo Templo em breve será reerguido. Veja como Daniel trata o assunto: “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” (Dn 9.27, ARA).

A profecia é clara. Na Septuagésima Semana, o Templo, com todas as suas liturgias e oferendas, estará funcionando plenamente em Jerusalém. Mas, na metade dessa mesma semana, o Anticristo romperá a aliança com Israel para instaurar um reino diabólico que, a partir de Jerusalém, dominará todo o sistema religioso mundial. É por isso que a Cidade Santa, nesse período, será conhecida espiritualmente como Egito e Sodoma (Ap 11.8). O apóstolo Paulo diz o mesmo em sua Segunda Epístola aos Tessalonicenses (2.1-12). Devemos olhar a restauração do culto levítico, no período da Septuagésima Semana, não como ação divina, mas como ato oportunista de Satanás. Apesar de o Templo ser chamado Casa de Deus, não será reerguido pelo Deus da Casa, pois nesse santuário, mais ecumênico e político que propriamente religioso, o Diabo, por intermédio do Falso Profeta, respaldará todas as ações da Besta que emergirá do mar, conforme lemos no capítulo 13 de Apocalipse.

Das profecias mencionadas, inferimos que o restabelecimento do culto levítico, nessa ocasião, não levantará a ira dos muçulmanos nem da cristandade apóstata. Pelo menos até o início da segunda metade da Septuagésima Semana. No entanto, após os judeus romperem com o homem do pecado, o mundo todo, orquestrado pelo Anticristo, levantar-se-á contra Israel. Garante a profecia que, nesse momento, o arcanjo Miguel, príncipe dos exércitos do Senhor, comandará a defesa dos filhos de Abraão (Dn 12.1). Será um período tão difícil aos judeus, que o profeta Jeremias refere-se a ele como o tempo da angústia de Jacó (Jr 30.7).

A restauração do culto levítico, no período da Grande Tribulação, levará em conta apenas a Lei de Moisés, em si, e não o seu cumprimento em Jesus Cristo. Portanto, não terá qualquer efeito messiânico nem soteriológico; seu objetivo, conforme já dissemos, será mais ecumênico e político do que religioso. Como se vê, até o próprio Diabo acha-se interessado no restabelecimento do culto divino, desde que o centro desse culto seja ele, e não o Deus que merece toda a glória, louvor e ações de graças.

VI. O Culto Levítico no Milênio

Neste tópico, buscaremos responder a esta pergunta: qual a diferença entre o Templo da Grande Tribulação e o do Milênio? Se, de acordo com a Epístola de Hebreus, os sacrifícios e dons da Antiga Aliança não passavam de sombras das coisas futuras, por que retroceder a esses recursos que, hoje, são vistos como meramente didáticos? É o que tentaremos responder nas linhas a seguir.

1. O restabelecimento do Milênio.
Terminada a Grande Tribulação, haverá um período de 45 dias até que o Senhor Jesus, juntamente com os seus santos, desça a Terra, para estabelecer o Milênio. Pelo menos é o que eu entendo desta profecia final de Daniel: “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Dn 12.11,12, ARA). Leia novamente Daniel 9.27.

Vê-se, pois, que o culto levítico, na Septuagésima Semana, será interrompido após três anos e meio. E, a partir daí, até o término dessa mesma semana profética, haverá outros três anos e meio, mais um misterioso acrescimento de 45 dias. Por que esse mês e meio? Até agora, não descobri. Vejo, nessa passagem, uma das profecias mais difíceis da Bíblia Sagrada. O certo é que o remanescente fiel do Senhor, provindos das 12 tribos, terá de amargar mais 45 dias de espera, perseverança e fé na intervenção divina. No final desse tempo, o Reino Milenial será uma realidade, e não uma utopia escatológica, como imaginam muitos teólogos incrédulos.

2. O culto levítico no Milênio.
Ezequiel dedica os derradeiros capítulos de seu livro a descrever o Reino de Israel no final dos tempos. No capítulo 40, por exemplo, o profeta descreve o Templo de Deus como estando situado num monte alto e bem destacado no cenário das terras sagradas. Que monte seria este? O Sião? Ou o das Oliveiras? Não nos é possível responder com precisão a essa pergunta. Mesmo porque a escatologia bíblica é uma ciência que se revela aos poucos; quanto mais a percorremos, mais nos acercamos de suas verdades (Dn 12.4).

O Templo do Milênio, ao contrário do da Grande Tribulação, será a expressão do amor de Deus por Israel. E, desse magnífico santuário, sairão as leis e mandamentos do Senhor para reger todas as nações da Terra, durante o reinado de mil anos de Nosso Senhor.

3. Os sacrifícios e oferendas levíticas no Milênio.
À luz das epístolas aos gálatas e aos hebreus, como entender esta passagem de Ezequiel:

“Durante sete dias, prepararás cada dia um bode para oferta pelo pecado; também prepararão um novilho e, do rebanho, um carneiro sem defeito”? (Ez 43.25, ARA).

Não parece isso uma contradição com essa afirmação de Hebreus:

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”? (Hb 1.1,2, ARA)

Para entendermos os nove últimos capítulos de Ezequiel, à luz de nossa escatologia, precisamos ver o restabelecimento do culto levítico, no Milênio, não mais como sombra dos bens futuros, como ocorria no Antigo Testamento, mas como um memorial do que aconteceu em o Novo Testamento. Ou seja: todas as vezes que os levitas, no Milênio, sacrificarem ao Senhor, não mais o farão perspectivamente, aguardando a chegada do Messias, mas retrospectivamente, olhando para o Calvário, onde Cristo foi oferecido, de uma vez por todas, por toda a humanidade. Da mesma forma não fazemos, hoje, quando celebramos a Ceia do Senhor? Esta, apesar de não ser um sacrifício, remete-nos de imediato ao Sacrificado — Jesus, Senhor Nosso.

Conclusão

O livro de Levítico, embora já cumprido nas Escrituras do Novo Testamento, ainda tem muitas lições a ensinar-nos. Se o lermos à luz, por exemplo, da Epístola aos Hebreus, entenderemos a didática que o Senhor usou para conduzir os filhos de Israel ao Calvário. Infelizmente, estes não foram capazes de entender a essência das oferendas e sacrifícios do Tabernáculo e do Santo Templo. O que era temporário viam eles como algo permanente.

Nós, que já recebemos Jesus Cristo como Salvador, regozijamo-nos, porque, agora, não mais necessitamos de sacerdotes humanos para achegarmo-nos a Deus. Hoje, por intermédio do sangue de Cristo, temos livre acesso ao trono da graça. Amém.



SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Culto
1. Definição etimológica e antropológica.
A palavra culto é originária do vocábulo latino ‘culto’, e significa adoração ou homenagem que se presta ao Supremo Ser. No grego, temos duas palavras para culto: ‘latréia’, significando adoração; e ‘proskuneo ’, reverenciar, prestar obediência, render homenagem.

2. Definição teológica.
O culto é o momento da adoração que tributamos a Deus; marca o encontro do Supremo Ser com os seus adoradores. Eis porque, durante o seu transcurso, cada membro da congregação deve sentir-se e agir com o integrante dessa comunidade de adoração — a Igreja de Cristo.

Se o culto aos ídolos induz o ser humano às mais abjetas práticas, a adoração cristã enleva-nos ao coração do Criador. O teólogo Karl Barth via o culto cristão como ‘o ato mais importante, mais relevante e mais glorioso na vida do homem’” (ANDRADE, Claudionor. As Disciplinas da Vida Cristã: Como alcançar a verdadeira espiritualidade. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008, pp.58,59).

Fonte:
Livro de Apoio – Adoração, Santidade e Serviço - Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico - Claudionor de Andrade
Lições Bíblicas 3º Trim.2018 - Adoração, Santidade e Serviço - Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico - Comentarista: Claudionor de Andrade

Aqui eu Aprendi!

quinta-feira, 5 de julho de 2018

O Propósito dos Milagres no Ministério de Jesus

“Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” Jo 20.31


Comparando a proposta de Jesus aos modelos de sedição política que haviam, Ele ‘não era um separatista, tampouco se comprometia com sistemas’ e, de igual forma, ‘também não era um zelote’. Distintamente de tais ‘modelos, Jesus voltou-se para as Escrituras e resgatou um modelo único de reinado na terra, muito mais judaico do que os três implementados pelo seu próprio povo’. Mais ‘judaico’ porque resgatava justamente o sentido original do que pretendia o Criador ao dizer, através de Moisés, que o povo de Israel seria um ‘reino sacerdotal’ (Êx 19.6). Isso porque, conforme Wright, os ‘judeus dos dias de Jesus não esperavam que o universo fosse parar de funcionar’. Na verdade, eles aguardavam ‘que Deus fosse agir de forma dramática no universo, como havia feito em momentos extremos — como o episódio do êxodo, no qual a única linguagem apropriada era a de um mundo abatido e, então, recriado’. Assim, quando Cristo anuncia que o ‘Reino de Deus, o retorno do exílio, o clímax da história de Israel está entre vós, Jesus está a dizer [que], embora não se pareça com o que [eles] esperavam ver’, o reinado de Deus finalmente havia iniciado” (CARVALHO, César Moisés. O Sermão do Monte. A justiça sob a ótica de Jesus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017, pp.57,58).

Os milagres realizados por Jesus manifestavam a chegada do Reino de Deus.

Texto Bíblico - Lucas 4.14-24

INTRODUÇÃO

Sem dúvida alguma os milagres realizados por Jesus visavam socorrer as pessoas (Lc 13.16). Com seu poder, o Mestre usava de extrema sensibilidade e então toda dor e todo sofrimento cessavam. Mas será que além de socorrer aos que sofriam, havia mais algum propósito na realização dos milagres? Tal pergunta só pode ser respondida se entendermos a missão do Senhor Jesus Cristo, pois todas as ações do Mestre convergiam para o propósito final de sua missão. Nada que Ele fazia era sem objetivo ou a esmo. Na verdade, como o próprio povo reconhecia, Jesus fazia bem todas as coisas, inclusive quando curava surdos e mudos (Mc 7.37). Apesar disso, seu ministério não se deu sem oposições e enfrentamentos, pois os fariseus chegaram a acusá-lo de operar sinais, não pelo Espírito de Deus, mas por Belzebu, príncipe dos demônios (Mt 12.24).


I. A EXPECTATIVA JUDAICA

1. O chamado de Abrão e o Povo da Promessa.
Chamado por Deus, Abrão peregrinou sob a promessa de que, a partir dele, seria formada uma grande nação (Gn 12.1,2,4-9). Juntamente com tal promessa, Deus também disse que, através de Abrão, seriam “benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3; Gl 3.8). Isso, porém, não se daria de um dia para o outro e nem sem reveses (Gn 15.13). Tal tempo era necessário, pois sendo justo, Deus aguardava que “a medida da injustiça dos amorreus” se completasse para só então desapropriá-los e dar a terra à descendência de Abrão (Gn 15.16).

2. O propósito de Israel.
Quando o tempo de Deus completou-se, o Senhor chamou a Moisés e o enviou ao Egito para que libertasse o povo (Êx 34). Em Êxodo 19.6 o Senhor revela o propósito da nação israelita e ordena a Moisés para que este diga o seguinte ao povo: “E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo”. Como povo sacerdotal a tarefa de Israel era clara: servir de modelo aos demais povos, levando-os a querer ser como o Povo da Promessa (Dt 4.5-8). A ideia não era que Israel dominasse os outros povos, mas que exercesse um papel sacerdotal em relação às demais nações (Êx 23.9).

3. O fracasso de Israel em representar Deus e a expectativa judaica.
Como é sabido, infelizmente Israel fracassou em seu papel sacerdotal e rejeitou o conhecimento de Deus (Os 4.6). O Senhor já havia advertido, há muito tempo, que se o povo que Ele separara praticasse as mesmas coisas das demais nações, o destino deles não seria diferente (Lv 18.26-28). Desde quando Israel fracassou em representar o que significava ser governado por Deus, sua esperança era que o Senhor interviesse e mudasse a situação. No período intertestamentário desenvolveu-se uma consciência extremamente nacionalista e então se pensou na figura de um libertador político, o Messias, descendente de Davi, que mudaria tal quadro. Nos dias do Novo Testamento, tal ideia era ainda muito forte e motivo de questionamento até mesmo por parte dos discípulos (Jo 4.25; At 1.6).

Quando Deus chamou Abraão, Ele o fez não apenas para que o patriarca fosse abençoado, mas para ser uma fonte de “bênção”.


II. A VINDA DO REINO DE DEUS

1. O rei que não nasceu no palácio.
A maioria das pessoas que estudam a Palavra de Deus, e que tem experiência com o Senhor, já sabe que Ele não age da forma como a nossa lógica humana pensa (1Co 1.25-29). Com o nascimento de Jesus não foi diferente. Os magos que vieram do Oriente para visitar o Salvador, orientados por uma estrela, o procuraram no palácio, mas depois descobriram que, conforme diziam as Escrituras, Cristo não nascera na capital, Jerusalém, mas sim em Belém e, conforme se sabe, não foi em um “berço de ouro”, mas numa manjedoura (Mt 2.1-12; Lc 2.1-20). Parece um contrassenso, mas foi exatamente assim que aconteceu, dando indícios de que Jesus não era um rei como os demais que as pessoas conheciam (Mt 21.5).

2. João Batista anuncia a proximidade do Reino de Deus.
Levantado por Deus para preparar o caminho para o Salvador, João Batista começa a pregar no deserto da Judeia: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). O povo chegou a pensar que o Batista fosse o Cristo, o Rei, mas ele tratou de desfazer tal pensamento (Lc 3.15-17). Na verdade, João Batista tinha consciência de que seu ministério tinha uma finalidade, bem como um período de abrangência (Jo 3.28-30). Sua missão era anunciar que o tempo ansiado por todos em Israel estava próximo, o Reino de Deus, e o seu Messias, estavam chegando (Mc 1.2-8).

3. O Reino de Deus não é deste mundo.
A despeito de todos os judeus esperarem ansiosamente pelo Reino de Deus, ou seja, pela “redenção”, ou libertação, de Jerusalém (Lc 2.38), não tardou a vir a decepção. Com expectativas equivocadas, eles ansiavam por um reinado político nos moldes dos reis-imperadores objetivando até mesmo retaliação (Lc 24.21; Jo 6.14,15; At 1.6). Contudo, como Jesus fez questão de frisar a Pilatos: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo 18.36). Naquele momento histórico o Reino ainda não dominaria completamente aqui, pois atua somente no coração, e realidade, daqueles que aceitam ao Evangelho e assim decidem viver (Mc 1.14,15 cf. Mt 6.10). Entretanto, chegará o dia em que o Reino de Deus será uma realidade absoluta e física (Dn 2.34,35) e neste dia, toda língua confessará ao Senhor e todo joelho se dobrará perante o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Rm 14.11).

João Batista nunca pensou em colocar-se em uma posição de Messias, pois tinha consciência de seu ministério.


III. O MINISTÉRIO DE JESUS SÓ PODE SER ENTENDIDO EM CONEXÃO COM O REINO DE DEUS

1. Os sinais concretos da chegada do Reino de Deus.
Procurado por dois discípulos de João Batista e perguntado por estes acerca de se Jesus era mesmo o Messias que havia de vir ou se eles deviam esperar por outro, a “resposta” do Mestre não poderia ser mais clara, pois a Bíblia diz que “na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espíritos maus; e deu vista a muitos cegos” (Lc 7.21). Na sequência, Ele disse aos discípulos que retornassem ao Batista e então anunciassem o que viram e ouviram (Lc 7.22). Em outra ocasião, acusado de expulsar espíritos malignos por Belzebu, príncipe dos demônios, o Mestre disse que o fazia pelo “dedo”, isto é, pelo poder de Deus, e que, por conseguinte, isto era uma evidência concreta de que o Reino de Deus havia chegado (Lc 11.20).

2. Jesus revela sua missão, causando escândalo e ira.
O ministério de Jesus era dirigido pelo Espírito e consistia em anunciar o Evangelho de que o Reino de Deus havia chegado. Este era o conteúdo do seu ensinamento, inclusive nas sinagogas dos judeus (Lc 4.14,15 cf. Mc 1.14,15). Em uma dessas ocasiões, numa das passagens mais conhecidas, o Mestre, num sábado, foi a uma sinagoga em Nazaré, local onde fora criado. Ali lhe deram o livro do profeta Isaías e então Ele fez uma leitura que sintetiza perfeitamente sua missão (Lc 4.18,19 cf. Is 61.1). Pelo fato de Ele ter dito que naquele dia aquela Escritura cumprira-se, o povo se surpreendeu, pois conheciam sua origem humilde e simples (Lc 4.22). Tal reação não foi surpresa alguma para o Senhor, pois Ele sabia da resistência das pessoas em reconhecer que Deus pudesse levantar alguém entre os de sua própria terra natal (Lc 4.23-27). A revolta do povo foi tão grande que eles o expulsaram e até quiseram atentar contra sua vida (Lc 4.28-30).

3. O propósito dos milagres de Jesus.
O que fica claro, ao se estudar os milagres e sinais realizados pelo Senhor Jesus, é que o seu propósito só pode ser devidamente entendido levando-se em conta a mensagem do Reino de Deus o Evangelho, e o ministério de ensino que o Mestre desenvolveu (Lc 11.20). Lucas relata que em Cafarnaum, num sábado, o Mestre ensinava numa sinagoga quando um homem atormentado por um espírito imundo manifestou-se, incomodado com o ensino e com a presença do Senhor, pois sabia que o exercício de tal ministério significava a derrota de Satanás (Lc 4.31-36). As pessoas ali presentes ficaram espantadas, pois se admiravam de que o ensinamento do Senhor não fosse apenas teórico, mas extremamente poderoso e eficaz.

CONCLUSÃO
Além de servir de alívio para a dor e o sofrimento das pessoas, os milagres e sinais realizados por Jesus manifestavam o Reino de Deus. Ocorre, porém, que tal Reino nenhuma semelhança tem com os impérios deste mundo, seja os da antiguidade ou atuais. Isso, porém, faz com que as pessoas se frustrem em suas expectativas e acabem não aceitando a mensagem do Reino de Deus. Todavia, os que o aceitam, desfrutam, desde já, do privilégio de serem feitos filhos de Deus (Jo 1.11-13).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 3º Trimestre de 2018 - Título: Milagres de Jesus — A fé realizando o impossível - César Moisés Carvalho
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