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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Três Segredos para a Vitória dos 300 de Gideão

Jz 7:16 Então dividiu os trezentos homens em três companhias; e deu-lhes a cada um, nas suas mãos, buzinas, e cântaros vazios, com tochas neles acesas.

Jz 7:17 E disse-lhes: Olhai para mim, e fazei como eu fizer; e eis que, chegando eu à extremidade do arraial, será que, como eu fizer, assim fareis vós.

Jz 7:18 Tocando eu a buzina, eu e todos os que comigo estiverem, então também vós tocareis a buzina ao redor de todo o arraial, e direis: Espada do SENHOR, e de Gideão.

Jz 7:19 Chegou, pois, Gideão, e os cem homens que com ele iam, ao extremo do arraial, ao princípio da vigília da meia noite, havendo sido de pouco trocadas as guardas; então tocaram as buzinas, e quebraram os cântaros, que tinham nas mãos.

Três segredos para a Vitória de Gideão e seus 300 homens 

1º Segredo

DEUS ESTABELECE LÍDERES PARA O SEU POVO E ESPERA QUE ELES SE TORNEM UM REFERENCIAL

Juízes 7:17 - ...Olhai para mim e fazei como eu fizer...

Filipenses 3:17 - Sede também meus imitadores,  irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam.

O obreiro que não pode exigir dos membros de sua igreja que façam e procedam como ele, não está no centro da vontade de Deus;

O crente não deve viver adotando "ídolos" para seguir seu modo de viver. O referencial do crente são os pastores.

2º Segredo

VOCÊ PRECISA CRER QUE O INIMIGO SÓ AGE ATÉ O DIA QUE DEUS LHE PERMITE

Os MIDIANITAS se uniram aos AMALEQUITAS e depois com os FILHOS DO ORIENTE  e tomaram de assalto as lavouras, as entradas e saídas dos israelitas. Com isso o povo de Israel ficou enfraquecido.

Em Juízes 6:1 diz que foi o Senhor quem os entregou nas mãos dos midianitas.

Jó 1:12  - Deus entregou a Jó nas mãos de Satanás...

Deus pode até nos entregar, ou permitir que o inimigo nos oprima... Mas, é só por um tempo...

Juízes 6:1 completa dizendo que "...e o SENHOR os deu nas mãos dos midianitas por sete anos". Ou seja, SETE ANOS E NEM UM DIA A MAIS!

Lucas 22:31,32 - Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.

3º Segredo

É DEUS QUEM PELEJA POR SEU POVO

Desde o início o Senhor havia deixado claro para Gideão que naquela guerra tanto a estratégia quanto a execução ficaria por conta de Deus. A prova disto foi a dispensa proposital de 31.700 homens, ficando apenas 300;

A única coisa que os 300 deveriam fazer era quebrar os cântaros, levantar as tochas, gritar e tocar as buzinas. Nenhuma espada precisava ser desembainhada;

Existem momentos em nossa vida que devemos entregar tudo nas mãos de Deus e somente adorá-lo, enquanto Ele abre cadeias - At 12:7  ; despedaça grilhões - At 16:26  ; e fecha boca de leões - Dn 6:22.

Enquanto os 300 homens tocavam buzinas e seguravam alto as tochas acesas, os midianitas matavam os amalequitas que por sua vez matavam os filhos do oriente que por sua vez matavam os midianitas... E assim, quando o dia amanheceu era uma multidão de mortos diante daquele vale.


Confie no SENHOR! Ele é o teu DEUS!

"...Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver.
O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis.
Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem." Êxodo 14:13-15

Autoria: Evangelista Rodrigo Alex (Teólogo e meu Professor curso Teológico Médio FTLB) 

Forte e e fraterno abraço ao grande amigo em Cristo.
Irmão Rodrigo Alex obrigado pela permissão desta publicação.

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sábado, 25 de agosto de 2018

Jesus, o Holocausto perfeito

“Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez” Hb 10.10

Jesus, o Holocausto perfeito

Nem toda oferta, ou oferenda, presente no sistema de sacrifício levítico, era sacrifício pelos pecados. Algumas delas tinham a função de expressar a comunhão com Deus ou ratificar uma aliança com Ele. Com o Holocausto já é diferente.

O que é o Holocausto?

Tragicamente, o termo se popularizou com o desumano e carniceiro “Holocausto Judeu”. Este foi um acontecimento histórico que representa o mais alto grau de antissemitismo no mundo, bem como a raiz contemporânea dele. Mais de seis milhões de judeus foram mortos, incinerados nos campos de concentração. Uma vergonha trágica para a humanidade do período contemporâneo.

Holocausto, na Bíblia, significa “oferta inteiramente queimada”. Era uma oferta dedicada inteiramente a Deus e, por isso, deveria ser integralmente queimada como expiação do pecado. O princípio por trás dessa oferta era o seguinte: para uma pessoa viver algo precisa morrer no lugar dela. Assim, era oferecido o gado, vacas e ovelhas (Lv 1.2). Estas ofertas deveriam ser queimadas inteiramente. Note, que não por acaso, o holocausto abre o livro do Levítico (Cap. 1). Sem dúvida, é a oferta que mais faz sentido com a entrega total do Filho de Deus, Jesus Cristo, na cruz do Calvário.

A transitoriedade do Holocausto

A oferta do Holocausto, como as demais, era transitória e insuficiente para resolver o problema do pecado, conforme escreve o escritor aos Hebreus: “Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar” (Hb 8.13). Graças a Deus!, hoje não é preciso mais queimar animal algum. Está consumado! Tudo pago!

Tudo se deu por intermédio da revelação do Verbo Encarnado. Nosso Senhor se tornou homem para se apresentar como um de nós. Um amor que não se pode medir fez tudo isso.

Além do Verbo Encarnado, nosso Senhor padeceu um sofrimento imenso porque tinha perfeita consciência de que Ele deveria morrer. Não!, nosso Senhor não morreu para servir de um grande exemplo para a humanidade, mas para salvá-la de uma vez por todas.

A morte e a ressurreição de nosso Senhor é o “clímax” de todo o plano divino para prover uma salvação suficiente e eterna para o seu povo. Cristo é o Holocausto perfeito porque, nEle, tudo o que era necessário para que o ser humano fosse salvo se realizou. Um Holocausto que gerou vida para todo o que crê! Estejamos em Cristo, o Holocausto perfeito! Revista Ensinador Cristão nº74

Os holocaustos da Antiga Aliança eram transitórios e imperfeitos, mas o sacrifício de Jesus Cristo é perfeito e eterno, porque Ele morreu e ressuscitou eficazmente por toda a humanidade.

Leitura Bíblica - Levítico 1.1-9

É importante que você conheça e compreenda o significado desse termo. A palavra holocausto vem do grego holokauston, de hólos, completo + kaio, eu queimo. O holocausto é um tema frequente e relevante no Antigo Testamento, por isso o livro de Levítico inicia com as instruções divina conferidas a Moisés a respeito dos sacrifícios que seriam oferecidos no Tabernáculo. Levítico mostra o tipo de sacrifício e a forma como deveria ser apresentado ao Senhor.

O Deus que tudo criou precisava do sangue de animais? Não! Tudo é dEle, contudo os holocaustos apontavam para o plano perfeito da salvação que o Pai já havia preparado antes da fundação do mundo. Eles expunham a verdade de que Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, morreria em nosso lugar. Seu sacrifício foi perfeito, único e superior a todos os holocaustos já oferecidos.



Só viremos a entender plenamente a obra da salvação, em Jesus Cristo, se nos voltarmos com devoção e temor à teologia do holocausto, o principal sacrifício levítico. Quando o ofertante apresentava essa oferta ao Senhor, encenava ele, de maneira vívida e dramática, a História Sagrada. Uma interface perfeita com João 3.16; sublime teologia. Quem melhor compreendeu a sua doutrina foi o autor da Epístola aos Hebreus. Inspirado pelo Espírito Santo, ele divisou, nos animais oferecidos periodicamente a Jeová, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Estudaremos, neste capítulo, a instituição do holocausto: história, teologia, referência simbólica e cumprimento em Jesus. Sem o sacrifício dos sacrifícios, não podemos entender o plano da nossa salvação. O presente estudo, por conseguinte, além de formalmente tipológico, é essencialmente soteriológico; requer uma exegese correta que harmonize profetas e apóstolos, pois estes jamais estiveram em desarmonia.

Que Deus nos permita a perceber a maravilhosa doutrina da salvação e a desenvolvê-la em nossa jornada terrena.

I. HOLOCAUSTO, O SACRIFÍCIO POR EXCELÊNCIA

Como já vimos, a religião noética gerou grandes santos e teólogos como Jó, Melquisedeque e Abraão. E, pelo que nos é permitido inferir do texto sagrado, cada um deles, em seu próprio turno, serviu a Deus com sacrifícios cruentos.

Nesse sentido, o rei de Salém, por ter uma teologia bem mais messiânica e soteriológica, foi além das oferendas animais. Ao receber o pai dos hebreus, em seu domicílio, Melquisedeque apresentou-lhe uma oferta que, em virtude de sua essência, unia o Antigo ao Novo Testamento. Neste tópico, mostraremos por que o holocausto é o ofertório por excelência.

1. Definição de holocausto.

O termo holocausto provém do vocábulo hebraico `olah, que significa ascender ou ir para cima. É uma referência tanto à fumaça da oferta queimada, em si, como à devoção e a entrega amorosa dessa mesma oferta ao subir à presença de Deus (Lv 1.9). Sacrifício dos sacrifícios. Foi por essa razão, que Paulo considerou o desprendimento dos irmãos filipenses, em favor da obra missionária, como um holocausto de cheiro suave ao Senhor (Fp 4.18).

O holocausto era o mais importante sacrifício do culto hebreu (Lv 1.1-3). Consistindo no oferecimento de aves e animais limpos, requeria a queima total da vítima; era pleno e incondicional (Lv 1.9). Tendo em vista a sua relevância, inaugurava todas as solenidades diárias, sabáticas, mensais e anuais do calendário litúrgico do Antigo Testamento.

O holocausto era conhecido também como oferta queimada.
Ao oferecê-lo ao Senhor, o crente hebreu fazia-lhe uma oração que, apesar da ausência de palavras, era eloquente e persuasiva; implicava em sua total submissão ao querer divino. Assim como a vítima do sacrifício dera-se ao altar sem resistência, assim também o fazia o adorador naquela instância; entregava-se resignadamente a Deus. Tal atitude remetia-o ao Calvário.

Jesus Cristo é o holocausto perfeito.
Quando nos conformamos plenamente à vontade do Filho, oferecemos ao Pai o mais sublime dos holocaustos; mostramos-lhe que, pela ação intercessora do Espírito Santo, já estamos crucificados com Cristo. A partir de agora, não sou eu quem vive, mas Jesus Cristo vive em mim.

2. A antiguidade do holocausto.

O holocausto é também o mais antigo sacrifício da História Sagrada. Introduzido mui provavelmente por Abel, foi observado durante todo o período do Antigo Testamento. É o cerimonial que mais caracteriza o culto levítico; descreve, gestualmente, a peregrinação da alma penitente da Queda, no jardim do Éden, à Redenção, no monte Calvário.

Pelo que depreendemos da narrativa sagrada, após a morte de Jó, o holocausto, como o praticara os primeiros descendentes de Noé, não demoraria a desaparecer. Manter-se-ia, porém, no clã de Abraão, o ramo mais nobre de Sem; messiânico e soteriológico.

Em Canaã, se o holocausto noético foi alguma vez oferecido, não tardou a dar espaço a celebrações sórdidas, lascivas e criminosas. Naqueles templos e lugares altos, dominados por régulos tiranos e sanguinários, prostituição e homicídio litúrgico eram livremente praticados. Já no Egito, sacrifícios como o holocausto eram algo impensável. Se bovinos e ovinos eram deuses, por que lhes tirar a vida?

Nas escavações arqueológicas realizadas nos entornos das pirâmides, animais mumificados são descobertos em nichos e santuários. Aqui, um macaco; ali, um falcão. E quanto ao boi? Era intocável; personificava a Terra. Imolá-lo? Sacrilégio dos sacrilégios aos olhos egípcios.

No Cairo, capital do Egito, existe um museu em que é possível constatar que os ídolos, nos quais Faraó depositava toda a sua confiança, eram absurdamente esdrúxulos. Cada um deles, embora tivesse corpo de homem, carregava uma cabeça de animal. Até deus com cara de cachorro pode ser visto ali entre múmias de reis e carcaças de nobres.

Já que a religião egípcia tinha o holocausto como algo abominável, como descrever-lhe a soteriologia? Para mim, semelhante religião nem soteriologia possui. O mais acertado seria qualificá-la de tanatologia: doutrina ou estudo da morte. Isso porque, no Egito, empregavam-se todos os recursos para dar a Faraó, após o seu falecimento, confortos, regalias e honras. O reino do Nilo mais parecia uma imensa casa funerária.

A bem da verdade, os egípcios não acreditavam na vida eterna, mas numa morte sem fim. No mundo além, dependiam do mundo aquém. Nem mesmo Aquenáton que, reinando no século XIV antes de Cristo, buscou estabelecer um culto monoteístico em ambos os Egitos (alto e baixo), logrou uma doutrina da salvação que tivesse a Deus como redentor. Adorando o Sol, ignorou o Criador dos Céus e da Terra.

Retornemos, agora, aos descendentes de Noé que perseveraram em seguir-lhe as pisadas.

3. O holocausto no período patriarcal.

Se considerarmos o sacrifício que Abel ofereceu ao Senhor uma espécie de holocausto, então essa oferenda foi, de fato, a mais antiga da História Sagrada (Gn 4.4). O costume seria preservados pelos filhos de Abraão em Isaque e Jacó (Gn 8.20; 22.13).

A religião divina, como Adão e Noé a transmitiram a seus descendentes, foi preservada nos holocaustos que, sem interrupção, foram oferecidos ao Senhor desde Abel até a destruição do Templo de Esdras, no ano 70 de nossa era. Cada vez que um desses crentes imolava um animal, profetizava ele, tipologicamente, a morte de Cristo no Calvário. Em cada oferenda, sustentada pela fé, havia uma súmula da soteriologia que hoje professamos.

4. O holocausto no período mosaico.

Após a saída dos filhos de Israel do Egito, o Senhor instruiu Moisés a sistematizar o culto divino, para evitar impurezas pagãs. Quanto ao holocausto, por exemplo, apesar de já ser uma tradição na comunidade de Israel, teria de observar preceitos e normas. A partir daquele momento, haveria um altar específico para as ofertas queimadas (Êx 31.9). Tudo deveria ser executado de acordo com as normas estabelecidas por Deus (Lv. 1—6).

Em sua peregrinação, os israelitas retornam livremente ao holocausto. Se, no Egito, era abominação imolar um animal a Jeová, agora, naquele deserto inóspito, o sacrifício de animais veio a constituir-se na parte mais bela e nobre da religião hebreia. Os sacerdotes, agora, ofereciam redis inteiros ao Senhor.

Como puderam eles criar tantos animais, não apenas consumo próprio, como também para oferecê-los a Deus? Se em prados verdejantes e junto a águas tranquilas já é difícil tanger bois e carneiros, o que fazer em regiões ermas e abrasadoras? Quando nos pomos a servir a Deus, tudo Ele dispõe a nosso favor. À noite, orvalhava o maná para o sustento do povo. Durante o dia, providenciava o pasto àqueles rebanhos que se esparramavam pelo Sinai.

A instituição e a continuidade do culto levítico, no deserto, constitui, em si, um grande milagre. Uma religião como a hebreia que, litúrgica e teologicamente, requer animais, perfumes, incensos e pães, não pode sobreviver sem uma logística perfeita. Num grande centro urbano, não haveria problemas; fornecedores de matérias-primas não faltam. Mas, no Sinai, já distante do Egito e ainda longe de Canaã, adorar ao Senhor, com os rigores e demandas do culto levítico, era um desafio cotidiano. Sem mencionar a construção do Tabernáculo em si.

5. O holocausto na Terra de Israel.

Após a conquista de Canaã, os holocaustos continuaram a ser oferecidos livremente ao Deus de Abraão. Josué celebrou uma importante vitória sobre os cananeus com holocaustos e ofertas pacíficas (Js 8.31). Gideão, ao ser comissionado pelo Senhor para libertar Israel, ofertou-lhe um holocausto (Jz 6.26). Quanto a Samuel, ofereceu o mesmo sacrifício ao Poderoso de Jacó, antecipando uma grande vitória sobre os filisteus (1 Sm 13.9,10). A reforma de Ezequias foi marcada por generosos holocaustos (2 Cr 29.7-35). Após o retorno do exílio, os judeus, agradecidos a Deus pela restauração de seu culto, também ofereceram-lhe holocaustos que iam além de suas posses (Ed 8.35).
        A essa altura, o que era tradição adâmica e noética torna-se instituição religiosa em Israel. Agora, o holocausto é visto como a principal liturgia do culto israelita. Se fizermos uma pesquisa no âmbito da história, da cultura e da antropologia, concluiremos que apenas a linhagem de Sem observou a prática de ofertas queimadas ao Senhor. Quanto aos camitas, que povoaram a África e partes do Oriente Médio, e aos jafetitas, que colonizaram a imensa região da Eurásia, temos evidências de que não deram continuidade a oferenda com que Noé inaugurara a segunda civilização humana.

As etnias acima citadas praticavam sacrifícios cruentos; nenhum desses, porém, assemelhava-se ao holocausto semítico. Entre os povos tidos como bárbaros, houve (e ainda há) abate ritual de animais e de seres humanos. Mas holocausto, semelhante ao hebreu e com a sua essência teológica, não; é algo exclusivo de Israel, a linhagem mais nobre e representativa de Sem. E, por se falar em sacrifícios humanos, veremos, daqui a pouco, por que esse tipo de oferenda jamais seria aceito por Deus.

II. A IMPLICAÇÃO TEOLÓGICA DO HOLOCAUSTO

Em todo sacrifício levítico, subjaz uma teologia que tem, em sua natureza, uma soteriologia que nos remete, de imediato, à morte vicária de Jesus Cristo. Sendo assim, precisamos descobrir aquilo que não seria incorreto chamar de a mecânica teológica do holocausto.

1. A consciência do pecado humano.

Quando um crente hebreu propunha-se a oferecer um holocausto ao Senhor, a primeira coisa que lhe vinha ao coração era a sua própria culpabilidade (Sl 51.5). Ele sabia que, em Adão, todos haviam pecado; ninguém seria tido por inocente diante de Deus. Até mesmo o recém-nascido, apesar de ainda não ter a experiência do pecado, já carregava, em si, a essência da ofensa adâmica (Rm 3.23; 5.12).

Se a situação do peregrino é tão desfavorável, o que fazer?

Ele não poderia apresentar a si próprio a Deus, pois não ignorava a pecaminosidade que lhe ia na alma. Por isso, buscava num animal tenro, bom e geneticamente perfeito (símbolo de um intermediário eficaz); uma ponte que o conduzisse a Deus. Sem o saber, o penitente evocava perspectivamente, pela fé, ali, junto àquele altar, o sacrifício do Senhor Jesus Cristo no Calvário. O Filho de Deus haveria de morrer, de fato, em favor de todos os filhos de Adão: pelos contemporâneos da cruz, pelos que viriam a nascer e pelos que já haviam morrido.

2. A consciência da justiça divina.

Já diante do altar, esse mesmo crente sabia que, confrontado pela justiça de Deus, merecia apenas uma coisa: a morte; o salário mais adequado ao pecado adâmico. Nesse impasse, a pergunta vinha-lhe à mente: “Como aplacar um Deus irado?”. Se, por um lado, ele sabia que Deus é justo, por outro, não ignorava que a justiça divina jamais deixava de vir acompanhada por um amor que, incompreensivelmente, se dá. Por essa razão, apresentava ao Senhor a vítima do holocausto, como a rogar-lhe: “Nele, perdoa-me”. E, pela fé, era não apenas perdoado, mas justificado imediatamente.

A justificação não é uma doutrina exclusivamente apostólica; no âmbito profético, era já conhecida e praticada junto ao trono divino. O salmista, ao discorrer sobre a ousada ação de Fineias no episódio de Baal-Pedor, reconhece: “Isso lhe foi imputado por justiça, de geração em geração, para sempre” (Sl 106.31, ARA).

No episódio narrado pelo autor sagrado, observa-se que Fineias assim agiu porque fora movido por uma fé incomum na santidade divina. E, por essa mesma fé, foi justificado. O mesmo acontecia àquele que, crendo na justiça divina, apresentava-lhe um holocausto. No ato da matança e da queima do animal, mostrava ele a Deus a sua confiança num sacrifício vicário que alcançaria o mundo todo. No ato do holocausto, desfilava diante de Deus toda a soteriologia do Novo Testamento.

3. A consciência da propiciação diante de Deus.

O que o crente hebreu mais ansiava era tornar-se propício a Deus. Todavia, ninguém poderia fazê-lo por si só, a não ser por meio de um intermediário, que fosse visto pelo justíssimo Deus como alguém igualmente justo, santo, inocente e eficaz como salvador; o próprio Filho de Deus.

Nos tempos dos patriarcas, ainda não se tinha um retrato do Messias como hoje encontramos nos Salmos e nos Profetas. Davi, em vários de seus cânticos, descreveu a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Já Isaías, no capítulo 53 de seu livro, pinta o Servo de Jeová em tons fortes e inapagáveis.

Ambos os autores sagrados já não precisavam do holocausto para saber que o Filho de Deus, ao vir a este mundo como homem, teria o mesmo destino do animal oferecido a Deus numa oferta queimada. Eis porque o rei de Israel, numa evocação messiânica, lembra a transitoriedade do holocausto na soteriologia messiânica: “Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres” (Sl 40.6, ARA).

Davi, como bom teólogo, sabia que o homem, para tornar-se propício diante de Deus, carece não propriamente de um animal perfeito, mas de um perfeitíssimo medianeiro. Já antevendo não apenas o Messias, mas também o Consolador, roga ele a Jeová, depois de haver quebrantado duplamente a lei divina:

Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. (Sl 51.9-12, ARA)

Observemos que Davi, embora almejasse a aceitação de Deus, não lhe ofereceu um único holocausto. Sua compreensão das coisas divinas ia além da pedagogia das oferendas e dos sacrifícios. Naquele momento, ofertório algum, ainda que duplamente cruento, ser-lhe-ia útil. Por essa razão, evocando implicitamente a intermediação de Jesus Cristo, o Holocausto dos holocaustos, confessa sua confiança no verdadeiro Mediador entre Deus e os homens: “Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51.16,17, ARA).

Não procuramos, aqui, ao evocar Davi e Isaías, invalidar o holocausto na compreensão da soteriologia bíblica. Sem esse sacrifício, o profeta e o rei jamais viriam a entender adequadamente a mecânica da redenção que Deus, em Jesus Cristo, nos providenciara antes mesmo da fundação do mundo.

4. A consciência de um sacrifício perfeito diante de Deus.

Assombrado pela justiça divina, indaga o profeta:

Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. (Mq 6.6-8 ARA)

Sim, indaga Miqueias: “Com que me apresentarei ao SENHOR?”. Buscando a propiciação divina, o crente hebreu poderia oferecer diversas coisas a Deus: bezerros, carneiros e azeite. Numa instância já desesperada, não hesitaria em dar-lhe o próprio filho; o primogênito da alma. Vejamos a inadequabilidade desses ofertórios. Iniciemos por examinar a oferta que mais dor custaria a um pai.

Antes de tudo, deixemos bastante claro, que Deus jamais exigiu sacrifícios humanos. A razão é bastante simples. Não obstante o custo espiritual, moral e espiritual que tal demanda acarretaria ao adorador, o seu efeito redentor e soteriológico seria inútil perante a justiça divina. Se todos pecaram e carecem da glória de Deus, quem estaria apto a morrer vicariamente por alguém? Um recém-nascido? Embora ainda inocente, já traz em si a semente do transgressão adâmica. Até mesmo os três homens mais justos da História Sagrada não seriam capazes de se darem vicária e salvificamente em favor dos transgressores, como o próprio Deus o demonstra através do profeta Ezequiel:

Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, cometendo graves transgressões, estenderei a mão contra ela, e tornarei instável o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e eliminarei dela homens e animais; ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, salvariam apenas a sua própria vida, diz o SENHOR Deus. (Ez 14.13,14, ARA).

No entanto, se o Senhor Jesus Cristo estivesse nessa mesma cidade, Ele, em virtude de sua justiça vicária, certamente morreria; ela, porém, seria poupada. Foi o que disse mui sabiamente o sumo sacerdote Caifás: “Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação” (Jo 11.49,50, ARA). Ao registrar o fato, o apóstolo João, com a sua elevadíssima acuidade teológica, assim interpretou a alocução de Caifás:

Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos. (Jo 11.51,52, ARA).

Inspirados por esse modelo teológico, como explicaremos a experiência de Abraão ao ser instado pelo Senhor a oferecer-lhe Isaque? O patriarca, como o melhor teólogo da época, depois de Melquisedeque, sabia que, seja desta seja daquela forma, haveria de recobrar o filho, pois tinha irrestrita fé na promessa divina. Mas, ainda que viesse a imolar o seu querido unigênito, a morte deste poderia ser doxológica, mas jamais soteriológica e redentora, porque Abraão já havia sido justificado ao crer em Deus (Gn 15.6). No instante extremo da provação, o Senhor interveio, não permitindo que o hebreu lhe imolasse o filho da promessa (Gn 22.11-13). Vicariamente, o ser humano é ineficaz até para si mesmo. Se a nossa morte fosse suficiente para salvar-nos, bastaríamos optar pelo suicídio, e a nossa situação, diante de Deus, estaria resolvida de vez. O suicídio, todavia, não tem qualquer eficácia remidora. Se assim fosse, Judas Iscariotes estaria hoje no Paraíso junto ao Senhor Jesus. Mas sabemos que, perdendo-se ele, foi para o seu próprio lugar.

Se a morte do meu primogênito é ineficaz para tornar-me aceitável diante do Senhor, o que lhe entregarei? Rios de azeite? O fruto da oliveira pode (e deve) ser apresentado ao Senhor como dízimo e ação de graças, mas, soteriologicamente, que eficácia tem? Afinal, não somos salvos pelas obras, mas pela fé em Jesus Cristo. Logo, tais ofertas servem apenas evidenciar-nos a salvação; somos salvos não pelas boas obras, mas à prática de obras boas, meritórias e que mostrem, por intermédio delas, o nosso compromisso com o Pai Celeste.

Restam-nos, agora, os bezerros de um ano e os carneiros tenros e bons. Tornar-nos-ão propícios a Deus? Como símbolos e tipos são eficazes. Mas, vicariamente, não. Se a simbologia e tipologia desses animais fossem recebidas pela fé, o adorador não deixaria de ver, em cada um deles, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Caso contrário, a morte desses bichos não passaria de um desperdício litúrgico, um pesado encargo ao crente, um enfado ao sacerdote e um enojamento ao Senhor.

O adorador que, pela fé, oferecia um holocausto ao Senhor, demonstrava a eficácia desse sacrifício, em sua vida, na prática da justiça, no exercício da misericórdia e na vivência do amor divino em seu cotidiano. E, no final de tudo, veria naquele bezerro ou naquele carneirinho, o Cordeiro de Deus.

III. JESUS CRISTO, O HOLOCAUSTO PERFEITO

Para que o Filho de Deus se tornasse o holocausto perfeito, a fim de redimir a humanidade, três coisas foram-lhe necessárias: a encarnação, o sofrimento e, finalmente, a morte e a ressurreição.

1. A encarnação de Cristo.

A encarnação de Cristo foi o cumprimento cabal e perfeito da profecia de Davi: “Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste” (Sl 40.6).

O que o Messias, por meio do salmista, diz é que, sendo os holocaustos transitórios, restava-lhe apresentar-se voluntária e eternamente, perante o Pai, para ser a oferta e o ofertante, a fim de redimir a humanidade (Hb 10.110). Foi na condição de Homem Verdadeiro que o Senhor Jesus foi provado em todas as coisas, exceto no pecado, para mostrar a eficácia de seu maravilhoso e definitivo sacrifício.

2. O sofrimento de Cristo.

Assim como a vítima do holocausto era, antes de ser queimada, repartida em pedaços, foi o Senhor Jesus submetido a todos os sofrimentos, angústias e dores (Is 53). Ele sabia o que era padecer.

O autor da Epístola aos Hebreus garante que o Filho de Deus, durante o seu ministério terreno, apresentou ao Pai constantes rogos, clamores e lágrimas (Hb 5.7).

Da encarnação à morte, Ele foi implacavelmente provado em todas as coisas. Mas, nem por isso, deixou de apresentar um fiel testemunho como o Cordeiro de Deus (Jo 1.29).

3. A morte e a ressurreição de Cristo.

O auge do sofrimento do Filho de Deus, como nosso perfeito holocausto, foi a sua morte no Calvário. Antecedendo o seu sacrifício, rogou ao Pai que lhe afastasse aquele cálice (Mc 14.36). No entanto, Ele sabia que a morte na cruz era a sua missão, o ápice de seu ministério. Em sua morte, a nossa vida.

Na verdade, foi morto e sepultado (Mt 27.59-66). No terceiro dia, entretanto, eis que ressurge dos mortos como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Mt 28.1-10). Com a sua ressurreição, Jesus Cristo plenifica o sacrifício perfeito, como ofertante e oferta.

CONCLUSÃO

Neste capítulo, refletimos sobre o sacrifício perfeito de Jesus Cristo. Ele é o Holocausto dos holocaustos. Ele morreu eficazmente por mim e por você. Por essa razão, mantenhamos uma vida de santidade e pureza, a fim de sermos fiéis testemunhas do Evangelho. Não ignoremos o sacrifício de Cristo. Se o fizermos, sobre nós recairá o justo juízo de Deus (Hb 10.26,27).

Fonte:
Livro de Apoio – Adoração, Santidade e Serviço - Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico - Claudionor de Andrade
Lições Bíblicas 3º Trim.2018 - Adoração, Santidade e Serviço - Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico - Comentarista: Claudionor de Andrade
Aqui eu Aprendi!

O Milagre da Ressurreição de Lázaro

“Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria e que tinham visto o que Jesus fizera creram nele” Jo 11.45

“Pergunta-se: Por que os outros três evangelhos não relatam o grande milagre da ressurreição de Lázaro? Uma das respostas é: porque o Espírito Santo levou João a registrar esse milagre, que preenche sua parte no propósito do livro. O milagre da ressurreição de Lázaro não tinha lugar no plano dos outros três escritores. Lembremo-nos que há cinco outros milagres relatados por João, que não se mencionam nos outros Evangelhos. E há trinta e três milagres nos outros Evangelhos, não registrados por João. [...] Tirai a pedra (v.39): Era proibido, pelo Talmude, abrir um túmulo, depois de fechá-lo com a pedra. E isso para se evitar contaminar-se cerimonialmente. Mas Aquele que tocou o esquife do filho da viúva de Naim (Lc 7.14), e que tocou o leproso (Mt 8.3), mandou que retirassem a pedra do túmulo de Lázaro — anulando o formalismo dos judeus. Jesus, levantando os olhos para o céu, disse... (vv.41,42): Isto não é uma oração mas ação de graças a Deus, pela resposta à oração, resposta já recebida. Vd. Mc 11.24 (Vers. Bras e Vers. Ver. Autor.): Tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim. Recebestes é no tempo passado. Recebemos enquanto oramos e o vemos depois com os olhos. Cristo, diante do túmulo de Lázaro, orara até receber e só restava agradecer a Deus a resposta que ia ver logo com os próprios olhos” (BOYER, Orlando. Espada Cortante.Lucas, João e Atos. Volume 2. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, pp.311,312).

O sétimo e último sinal do quarto Evangelho é o mais significativo de todos, pois devolveu a vida a Lázaro, mostrando todo o poder do Filho de Deus.

Acostumados com a importante e necessária prática do planejamento, vez por outra somos surpreendidos por algum acontecimento que nos desperta para o inegável fato de que, na realidade, não temos controle algum, não apenas sobre o futuro, mas também sobre o que quer que seja. Sem conhecer os contornos da estrada da existência que vai se delineando conforme os dias vão passando, muitas vezes nos pegamos absortos com os acontecimentos. Para o bem ou para o mal, quantas vezes já não exclamamos: “Nunca pensei que isto fosse acontecer comigo”. Se os que não conhecem a Deus atribuem os acontecimentos ao “acaso”, aos que creem tal maneira de pensar não faz sentido, pois acreditam na providência divina. Não obstante, uma vez que são insondáveis as formas de Deus agir, até mesmo o crente, vez por outra, incorre no erro de falar daquilo que escapa ao seu conhecimento. O último sinal do quarto Evangelho ensina-nos que Deus, muitas vezes, age de maneira contrária à lógica, mas que ao final tudo concorre para a glória do nome dEle.

Como Jesus teve acesso tão rápido ao sepulcro onde jazia Lázaro?
A maioria dos estudiosos defende que havia no próprio terreno das casas, sobretudo das pessoas de posse, esculpido em rochas o túmulo dos entes queridos.

Texto Bíblico - João 11.28-40,43,44

INTRODUÇÃO

O sétimo milagre do Evangelho de João coroa de forma magistral os relatos dos sinais do texto joanino, culminando com o maior deles, pois devolveu a vida a alguém que havia morrido há quatro dias (Jo 11.39).

I. A ENFERMIDADE PARA A GLÓRIA DE DEUS

1. Jesus é notificado da enfermidade de Lázaro.
A cada sinal realizado, Jesus se indispunha ainda mais com as classes religiosas que, temendo perder seu domínio, depois deste grande feito, acabaram reunindo-se numa coalizão de forças entre sacerdotes e fariseus, formaram um conselho e reconheceram o que não dava mais para esconder — o que poderia ser feito para barrar o Senhor visto que Ele fazia “muitos sinais” (Jo 11.47)? Apesar de os milagres beneficiarem o povo, sobretudo os mais necessitados (At 10.34-38), o medo dos religiosos era que todos passassem a crer em Jesus e isso fizesse com que o poder imperial os achassem dispensáveis e não mais necessários para os interesses e acordos políticos (Jo 11.48). Foi nessa infame reunião que, diz o apóstolo do amor, depois de afirmar que convinha que um homem morresse pelo povo, o “sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação” (Jo 11.51), selando de vez o destino entre eles, pois “Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem” (Jo 11.53).

Dividido em duas partes, o relato do sétimo sinal tem longos 44 versículos (Jo 11.1-44). A despeito de o texto bíblico da lição conter apenas a segunda parte do relato, o contexto exposto na primeira é de primordial importância para se valorizar ainda mais a narrativa. João informa que se encontrava doente um homem chamado “Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta” (Jo 11.1). Estas, conhecidas e amadas do Senhor, mandaram-lhe avisar que Lázaro, a quem Jesus igualmente amava, estava enfermo (Jo 11.3,5). Isso indica que o Senhor já conhecia essa família. Todavia, mesmo após ser notificado, Jesus “ficou ainda dois dias no lugar onde estava” (Jo 11.6).

2. A doença que veio para a glória de Deus.
Felizmente, a demora de Jesus em ir até Betânia não se trata de insensibilidade, antes tem uma razão de ser, isto é, como o próprio Mestre disse: “Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” (Jo 11.4b). Na verdade, conforme o Senhor revela, o real motivo de Ele não se apressar em ir ao povoado e curar Lázaro antes que este viesse a falecer, foi o amor que Ele tinha pelos seus discípulos, pois estes teriam a oportunidade ímpar de assistir um portentoso milagre e assim poderiam acreditar definitivamente que o Senhor era o Filho de Deus (Jo 11.15).

3. O duplo significado da morte neste texto.
É natural que haja algum estranhamento no fato de Jesus ter dito que a doença não era para “morte” e Lázaro ter vindo a óbito. Vale perceber que, particularmente, neste texto, a “morte” possui dois sentidos e não significa simplesmente a cessação da vida biológica, mas tem um significado bem mais profundo, conforme se depreende da resposta do Senhor a Marta (Jo 11.25b,26). Falando, entretanto, especificamente da morte de Lázaro, o Mestre disse que aquele apenas “dormia”, algo que levou os discípulos a não entenderem a expressão, achando que o doente estivesse se recuperando (Jo 11.11-13). Para desfazer o equívoco “Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto” (Jo 11.14). Portanto, vê-se que há dois sentidos para a expressão “morte” na narrativa: morte natural e morte eterna.

II. A RESSURREIÇÃO E A VIDA

1. O inusitado convite de Jesus.
Quando o “tempo de Deus” se completou, Jesus então convidou os seus discípulos a retornarem à Judeia e eles, completamente confusos, tentaram dissuadir o Senhor “lembrando-lhe” que há pouco quiseram apedrejá-lo naquela localidade (Jo 10.31,39 cf. 11.7,8). A preocupação dos discípulos se dava pelo fato de Betânia distar de Jerusalém cerca de dois a três quilômetros (Jo 11.18). O Mestre então lhes esclarece por meio da metáfora do dia, já anteriormente utilizada (Jo 9.4,5), que há necessidade de se fazer o que Ele fora designado para executar (Jo 11.9-11). A resposta de Tomé, discípulo lembrado pela dúvida (Jo 20.24- 29) — “Vamos nós também, para morrermos com ele” (Jo 11.16) — que figura para muitos como uma incógnita, na verdade, trata-se de uma expressão de coragem, e resignação e não uma ironia.

2. O encontro de Jesus com Marta.
É curioso notar que em Lucas 10.38-42, Marta encontra-se excessivamente ocupada com as coisas corriqueiras da vida e até solicita ao Mestre que diga a Maria para esta vir lhe auxiliar. Neste episódio, entretanto, ela vai ao encontro do Senhor mesmo antes dEle chegar na aldeia, “Maria, porém, ficou assentada em casa” (Jo 11.20). Ambas, todavia, lamentam-se da mesma forma a respeito de Jesus não ter chegado a tempo de impedir que Lázaro viesse a óbito (Jo 11.21,32). Se na ocasião da narrativa de Lucas, Maria dispôs-se a estar aos pés do Mestre para aprender, nesta oportunidade é Marta quem nos oportuniza um importante e instrutivo diálogo (Jo 11.21-27). É perigoso formar uma visão de alguém, ou ainda pior, uma caricatura, por um único lance da vida da pessoa.

O fato de Maria ter ficado “assentada em casa”, certamente está relacionado com a recepção dos judeus que tinham ido a Betânia consolar a ambas (Jo 11.19,31).

3. Um diálogo altamente teológico.
O que acontece na sequência após Marta ter ido se encontrar com o Senhor é um diálogo de teor altamente teológico. Apesar de ter dito que sabia que tudo quanto Jesus pedisse a Deus, o Pai lhe concederia, no momento decisivo, tal crença parece não ter se mostrado tão segura (Jo 11.22,39). O Mestre então diz que trará Lázaro novamente à vida e Marta responde que sabe que o seu irmão “há de ressuscitar na ressurreição do último Dia” (Jo 11.23,24). A crença na ressurreição não era novidade para os judeus (Is 26.19; Dn 12.2), porém, por entender a morte apenas no sentido natural, este evento era exclusivamente situado no futuro. Jesus revela uma verdade completamente distinta: Ele mesmo é a ressurreição e a vida e quem nEle crê, “ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê [...] nunca morrerá” (Jo 11.25,26). Portanto, morte e vida, nas palavras do Senhor a Marta, revestem-se de um significado bem mais profundo, pois indicam que, como já foi dito, existem dois tipos de morte e também de vida: naturais e eternas. O Mestre falava, obviamente, da vida eterna que era uma realidade para os que nEle criam (Jo 3.16,36). À pergunta do Senhor se Marta cria no que Ele acabara de pronunciar, ela respondeu não apenas de forma afirmativa, mas com uma confissão: “Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo” (Jo 11.27).

III. “PARA QUE CREIAM QUE TU ME ENVIASTE”

1. Um homem com sentimentos.
Após fazer tal confissão, Marta então se dirige a casa e avisa a Maria que o Mestre desejava vê-la. Maria, sem demora alguma, corre ao encontro do Senhor, que ainda nem havia chegado à aldeia (vv.28-30). Os judeus que a consolavam seguiram-na pensando que ela fosse ao sepulcro chorar, e acabaram encontrando-se também com o Senhor Jesus que, observa João, “quando a viu chorar e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito e perturbou-se” (v.33). Se essa observação parece “subjetiva”, o que acontece na sequência não deixa dúvida quanto ao fato de Jesus ser um homem sensível.

Após inquirir acerca do local onde sepultaram Lázaro, o apóstolo do amor registra que “Jesus chorou” (v.35), daí a afirmação dos judeus: “Vede como o amava” (v.36b). Diferentemente dos mestres da antiguidade que se esforçavam para passar uma imagem de impassibilidade, o Senhor não teve receio algum em chorar e comover-se por ver Maria e os judeus chorando.

2. A dúvida dos judeus e de Marta.
Vendo que Jesus chorava, alguns dos judeus questionaram: “Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?” (v.37b). Eles até levantam a hipótese de o Senhor, por ter dado vista ao cego, caso tivesse chegado a tempo, também ter curado a Lázaro; mas trazê-lo de volta parece estar completamente fora de cogitação. Neste momento, ao chegar ao sepulcro havia uma pedra na entrada e uma vez mais o Mestre se comoveu (v.38). Sem titubear, Jesus ordenou que removessem a pedra do sepulcro, mas Marta então protestou que já fazia quatro dias que Lázaro morrera e que por isso já cheirava mal (v.39), o Mestre, todavia, respondeu-lhe: “Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?” (v.40b).

3. O grande milagre.
Após removerem a pedra, Jesus faz uma breve oração, onde deixa claro sua intimidade com o Pai (vv.41,42). Na prece, o Senhor revela que a oração não fora feita por uma necessidade de comunicação entre ambos Ele e o Pai, e sim por causa da “multidão ao redor”, ou seja, para que as pessoas creiam que Deus o enviara. Logo depois de orar, o Mestre grita: “Lázaro, vem para fora” (v.43b). No mesmo instante, Lázaro despertou e “saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto, envolto num lenço” (v.44). O Senhor então mandou que o soltassem e o deixassem ir. Se o povo já admirara o milagre de dar vista ao cego realizado por Jesus, este agora era sobrenaturalmente superior, pois devolvera a vida a um morto, não de poucas horas, mas alguém que já havia morrido há quatro dias, isto é, não havia dúvida alguma acerca da impossibilidade de este voltar à vida a não ser por um milagre divino.

CONCLUSÃO

A lição de hoje encerra o ciclo dos sete sinais elencados pelo apóstolo do amor. Não apenas aos seus destinatários originais, mas também a nós, nos dias de hoje, tais sinais trazem edificação e fazem com que creiamos no Senhor como o Filho de Deus, e assim tenhamos vida em seu nome (Jo 20.31).

SUBSÍDIO
“Quando Jesus declarou: ‘Teu irmão há de ressuscitar’, Marta recitou: de modo muito triste, um artigo do credo judaico: ‘Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia’. O único alívio que sentia era uma esperança para o futuro distante, baseada numa doutrina. Jesus, no entanto, fez com que ela desviasse sua atenção do artigo do credo para fixá-la nEle: ‘Eu sou a ressurreição e a vida’, o que nos faz entender que o Cristianismo consiste mais em confiar numa Pessoa divina do que assentir a proposições teológicas. Não há proveito em procurar assenhorear-se da teologia sem primeiro aceitar Cristo como Senhor. Podemos crer numa doutrina sem entregar nossa vida a ela em plena confiança; podemos entendê-la sem que ela nos transforme o coração; como Marta, podemos crer na ressurreição sem ter verdadeira fé naquele que é a Ressurreição e a Vida. A causa das lágrimas de Jesus. Tais lágrimas fazem parte da humanidade de Jesus. Apesar de ser Filho de Deus, Ele sofreu todas as aflições dos homens, embora sem a prática do pecado. ‘E o Verbo se fez carne’. Sua humanidade não era fictícia; participou realmente da nossa natureza. As lágrimas brotaram de real compaixão, foram a resposta do coração de Jesus ao apelo da tristeza. Suas lágrimas também foram causadas pela tristeza — tristeza pelos danos causados pelo pecado e pela morte” (PEARLMAN, Myer. João. O Evangelho do Filho de Deus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1995, pp.138-140).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 3º Trimestre de 2018 - Título: Milagres de Jesus — A fé realizando o impossível - César Moisés Carvalho
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