“E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos” Gn 1.14
“O que Deus fazia no princípio? Não é fácil
responder a essa pergunta, pois não dispomos de nenhuma informação acerca de
suas atividades entre os três primeiros versículos do capítulo um de Gênesis.
Todavia, permitam-me algumas conclusões, que acredito serem coerentes e
razoáveis. Antes de Deus fazer a Terra, Ele criou sua própria morada.
Deus jamais faria a sua obra na eternidade,
porquanto esta é um atributo exclusivamente seu (1Tm 6.16). O Criador é
sempiterno; a criação, temporal. Ao contrário dos gregos que acreditavam na
eternidade da matéria, os hebreus creem que tudo quanto existe no tempo, foi
criado pelo Eterno (Hb 11.3). Aliás, nem a própria morada de Deus é eterna.
Sendo o tempo a duração relativa das coisas,
geramos a noção de presente, passado e futuro: um período contínuo no qual se
sucedem os eventos. Deus, porém, é o que é. Ele não está sujeito a qualquer
sucessão de dias ou séculos. Presente, passado e futuro são-lhe a mesma coisa.
Logo, somente o Eterno poderia criar o tempo.
[...] O Criador não se acha limitado quer pelo
tempo, quer pelo espaço; a criação, sim. Até mesmo, os anjos não podem estar em
dois lugares ao mesmo tempo” (ANDRADE, Claudionor. O Começo de Todas as
Coisas. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2015, p.23).
Deus criou o tempo (chronos) e seu objetivo era poder se relacionar com a raça humana.
Caro professor, neste trimestre estudaremos a
respeito do tempo. Você verá que as lições de 1 a 8 têm um enfoque prático e
devocional, mas voltadas para a vida cristã saudável. Já as lições de 9 a 13
são mais apologéticas. Seus alunos terão uma grande oportunidade de compreender
a vontade do Senhor na administração do tempo. Que possamos fazer uso do nosso
tempo com sabedoria para que venhamos alcançar corações sábios.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Querido professor, você foi escolhido por Deus
para o ministério do ensino, portanto, considere-se privilegiado. O Senhor
confiou a você a tarefa de contribuir, de forma significativa, com a formação
espiritual de uma pequena parte de seus filhos. Quanta responsabilidade! No
entanto, apesar do imenso desafio inerente a essa tarefa, somado às muitas
atividades do dia a dia, até aqui o Senhor tem o fortalecido. Creia que neste
trimestre não será diferente. Dedique-se ao seu ministério e invista nele. O
Mestre dos mestres é o maior interessado no êxito desta obra e Ele lhe ajudará
a, num mundo em que as pessoas valorizam apenas o que é instantâneo, falar
sobre “tempo para todas as coisas”! Inspire-se! Você será o instrumento de Deus
para ensinar que não se deve querer atrasar ou apressar o kairós.
TEXTO BÍBLICO:
Eclesiastes 3.1-8
INTRODUÇÃO
Os céus e a terra, e tudo quanto neles existem,
pertencem ao Senhor (Dt 10.14; Jó 41.11). No que diz respeito ao tempo, essa
assertiva se torna ainda mais forte, uma vez que o homem não pode produzir, ou
reter, um único momento do seu tempo. Cada minuto da vida é um presente do
Criador. Deus dá a todos apenas a mordomia sobre o tempo, ofertando-lhes
oportunidade de realizar todas as coisas. No fim de tudo, porém, o Senhor
pedirá contas pelo gasto equivocado do tempo.
1. Considerações preliminares.
Após a criação (Gn 1.1), Deus estabeleceu um
tempo para todas as coisas debaixo do sol (Ec 3.1). Ele tem um propósito para
todas as suas obras, pois não faz nada ao acaso. Na eternidade, onde Deus
habita (Is 57.15), não se mede o tempo como nós medimos. O Senhor pode,
simultaneamente, responder as orações de milhões de pessoas (Jr 33.3), dar
comida aos corvos (Lc 12.24), fazer maravilhas (Sl 72.18), e ainda
compadecer-se e abençoar o parto das cabras monteses, bem como das gazelas nas
savanas africanas (Jó 39.1-3), dentre muitas outras tarefas espalhadas por todo
o imenso universo de aproximadamente trezentos bilhões de galáxias. Mas isso
não é nada para o Todo-Poderoso, o qual é o Pai da eternidade.
2. A origem do tempo (chronos).
A partir do século XX, com o surgimento da
teoria do Big Bang, a maioria dos cientistas passou a defender que o universo
teve um marco inicial há mais de 13 bilhões de anos, quando um “átomo
primordial” teria explodido, dando origem a tudo. Porém, inexistem dados
aferíveis cientificamente que comprovem a hipótese do Big Bang, como também não
há revelação bíblica que indique a ocorrência de uma grande explosão no passado
remoto, que tivesse liberado energia criadora. No entanto, tanto a Bíblia como
a ciência concordam que o universo teve um início. Assim, se houve um início
para o universo, é inegável admitir que existiu uma época — antes de Gênesis
1.1 — em que não havia matéria, nem espaço para a conter, como também não havia
tempo a ser contado (chronos). Era apenas a eternidade. Então, Deus decidiu
criar todas as coisas, submetendo-as às regras do tempo.
3. Importância do tempo.
A importância do tempo (chronos) se dá, dentre
outras coisas, pela necessidade do estabelecimento de ciclos para todas as
obras formadas, bem como para que o homem, a obra prima da criação, pudesse
conhecer e buscar a Deus.
Deus é Criador e Senhor do tempo, do espaço e
da matéria e, por isso, Ele não está sujeito a nenhuma das limitações e
contingenciamentos deste mundo.
1. A atemporalidade de Deus.
A Bíblia afirma que Deus é atemporal. Ele é
Deus de eternidade a eternidade, ou seja, não teve início e nem terá fim (Sl
90.2). Nem mesmo todo o universo pode contê-Lo (2Cr 6.18). Ademais, Ele não
pode ser provado empiricamente porque nunca foi criado e, portanto, não teve
início. Então, como o Criador poderia se relacionar com os homens, tão finitos,
para salvá-los? Para resolver este problema, Ele enviou o seu Filho Unigênito
(Jo 3.16). O Verbo se fez carne (homem) e habitou entre nós. A encarnação de
Jesus era a única forma da imagem de Deus se tornar tangível por um tempo, para
que os seres humanos “vissem, contemplassem e tocassem da Palavra da Vida” (1Jo
1.1,2), e assim fossem conduzidos à salvação.
2. Relacionando-se no tempo com uma pessoa
atemporal.
A partir de Jesus, os homens puderam ver,
enfim, a glória de Deus. Antes, se vissem, morriam, pois o finito não pode
conter, e nem ao menos ver, o Infinito (Êx 33.20). Jesus, o Filho de Deus, para
vir ao mundo precisou “aniquilar-se” a si mesmo, fazendo-se semelhante aos
homens (Fp 2.7). A Bíblia mostra que Deus é completamente ilimitado em relação
ao tempo, não seguindo, portanto, o calendário humano, pois, para Ele, mil anos
são como “o dia de ontem” ou a “vigília da noite” (Sl 90.4). Precisamos
entender que Deus tem o seu tempo para agir. Ele não se adianta ou chega
atrasado. Como filhos precisamos aprender a confiar nEle, independentemente do
tempo.
3. Kairós X Chronos.
Kairós é uma palavra de origem grega, que
significa “momento certo”, “tempo oportuno”, em oposição a chronos, que
traz a ideia de tempo sequencial, cronológico, quantitativo. Essas duas formas
de definir, no grego, o tempo, trazem consigo um conflito épico, por assim
dizer. De um lado o tempo linear, quantitativo, marcado pelos relógios e
calendários — chronos —, do outro o tempo qualitativo, o momento
ideal, próprio, para os fatos acontecerem — kairós.
A encarnação de Jesus foi uma
oportunidade para que, por algum tempo, os homens pudessem ver a glória de
Deus.
1. Vivendo no tempo.
Deus colocou a eternidade no coração do homem,
no seu espírito e alma. Mas o nosso corpo é corruptível e está sujeito a ação
do tempo (Sl 90.10). Talvez, por isso, seja tão difícil nos conformarmos com a
morte, pois existe uma fagulha divina acesa em nosso espírito e que anela pela
eternidade.
2. Conhecendo o tempo.
Conhecer o tempo (kairós) faz toda a diferença,
como aconteceu com alguns dos filhos de Issacar, os quais eram “destros na
ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer” (1Cr 12.32). Eles
tinham discernimento e, por isso, foram indispensáveis para a prosperidade da
nação de Israel e ganharam muito destaque.
3. Contando o tempo.
Moisés, certa vez, orou a Deus pedindo:
“Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração
sábio” (Sl 90.12). O grande problema de muitas pessoas é que deixam para pensar
sobre o fim da existência terrena somente quando lhes resta bem pouco tempo.
Contar os dias é uma atitude de sabedoria, pois significa ter em perspectiva a
iminência da morte, o que garante um melhor entendimento sobre como aproveitar
os dias de vida.
Se o timing perfeito existe, ele
consiste em “acertar” o nosso relógio (chronos) com o relógio de Deus (kairós).
Para tanto, é necessário estar em comunhão com Ele.
CONCLUSÃO
Deus, ao estabelecer que as coisas teriam um
tempo oportuno (kairós) para serem realizadas, criou a possibilidade dos homens
cumprirem, não o seu destino, mas o propósito para o qual foram criados.
Fonte: Lições Bíblicas 3º Trimestre de 2017 Título: Tempo para todas as coisas — Aproveitando as oportunidades que Deus nos dá - Comentarista: Reynaldo Odilo
SUBSÍDIO
“Deus não tem que se apressar no decurso do
tempo deste Universo, assim como um autor não está sujeito ao tempo imaginário
do romance que escreve. Deus tem uma atenção infinita para dispensar a cada um
de nós. Não tem que lidar conosco em conjunto. Você está tão a sós com Deus
como se fosse o único ser que Ele criou. [...] Deus, creio, não vive
absolutamente numa sucessão temporal. [...] Porque Ele é a sua própria vida.
Deus está num ambiente sem sucessões temporais
e que me faz ter certeza de que pode atender-me no mesmo instante em que atende
aos rogos de outros, mesmo quando estes são milhões.
[...] Deus não prevê os
fatos, Ele os vê, e concomitantemente. Chegamos, então, à conclusão de que o
meu tempo, ou o nosso tempo, não afeta aiónios [o tempo de Deus].
Isso é algo confortante. E a explicação é que Deus é extrapolante, infinito,
sempiterno, imensurável; logo, só pode estar na eternidade. Mas, por ser tudo
isso, o tempo também pode estar nEle, pois o tempo é finito. O finito é um
ponto fixo no infinito. O finito cabe no infinito. [...]
Deus não é afetado
pelo tempo, mas Ele afeta o tempo. Deus enche o mundo com uma parte de sua
infinitude e por meio de sua onipresença” (DANIEL, Silas. Reflexões sobre
a Alma e o Tempo. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001, p.142).
Aqui eu Aprendi!