“[...] Que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão [...]” 1Jo 3.11,12
O capítulo 4 do livro do
Gênesis apresenta a consumação do pecado e sua história de implicações práticas
para o gênero humano. O assassinato de Abel por seu irmão, Caim, é o símbolo do
alcance do mal quando este domina o coração humano. E o consequente banimento
de Caim da presença de Deus mostra o quanto o homem se afasta da presença do
Altíssimo quando decide em seu coração fazer o mal.
O caminho de Caim se torna o caminho de todos nós, quando desejamos em nosso coração a vingança, o “dar o troco”, o revide, ou seja, tudo o que passa na contramão do filtro de Jesus Cristo: ame o vosso inimigo.
Tudo começa bem na vida do ser humano. Assim, Caim nasceu e cresceu numa família que devotava a vida a Deus, tanto que a sua mãe, Eva, devotou a Deus ação de graças: “Alcancei do Senhor um varão” (Gn 4.1). A vida de Caim para os seus pais era uma bênção de Deus. Um presente.
Adulto, Caim tornara-se um agricultor, pois trabalhava a terra, administrava-a e assim cumpria o plano de Deus estabelecido para a humanidade (Gn 1.26-28). Fazendo assim, Caim obedecia a Deus. Até que, num belo dia, o ciúme, a inveja e o desejo egoístico tomaram o coração de Caim. Seu sacrifício fora rejeitado por Deus e o de seu irmão, aprovado e aceito por Ele. A razão de o Senhor aceitar o sacrifício de Abel e rejeitar o de Caim, embora não esteja totalmente claro nas Escrituras, pelo menos deixa claro que o Senhor olhava e olha com atenção e justiça para o interior do ser humano, de modo que nada lhe escapa o olhar divino.
Caim não se achou aprovado, muito menos aceito, pelo olhar de Deus. Entretanto, essa reprovação de Deus não significava que Caim seria banido de sua presença, pois bastava outro sacrifício com a motivação correta, espontânea e voluntária que o Senhor não haveria de rejeitá-lo. Mas Caim não escolheu o caminho do bem. Ele matou o seu irmão covardemente. O resultado: Caim foi banido da presença de Deus.
O caminho de Caim é muito fácil de trilhar. Basta dar vazão ao ódio, à inveja, ao rancor, à raiva e a tudo que não esteja de acordo com o nosso interesse. O caminho de Caim está a cada dia próximo de nós, quando rejeitamos considerar o nosso próximo superior a nós mesmos. O caminho de Caim está mais próximo das nossas vidas, quando procuramos fugir da realidade inventando desculpas para não fazermos a nossa parte com retidão.
Qual o caminho que você deseja trilhar: o de Caim ou o de Jesus? - Revista Ensinador Cristão nº64-pg.38
O caminho de Caim se torna o caminho de todos nós, quando desejamos em nosso coração a vingança, o “dar o troco”, o revide, ou seja, tudo o que passa na contramão do filtro de Jesus Cristo: ame o vosso inimigo.
Tudo começa bem na vida do ser humano. Assim, Caim nasceu e cresceu numa família que devotava a vida a Deus, tanto que a sua mãe, Eva, devotou a Deus ação de graças: “Alcancei do Senhor um varão” (Gn 4.1). A vida de Caim para os seus pais era uma bênção de Deus. Um presente.
Adulto, Caim tornara-se um agricultor, pois trabalhava a terra, administrava-a e assim cumpria o plano de Deus estabelecido para a humanidade (Gn 1.26-28). Fazendo assim, Caim obedecia a Deus. Até que, num belo dia, o ciúme, a inveja e o desejo egoístico tomaram o coração de Caim. Seu sacrifício fora rejeitado por Deus e o de seu irmão, aprovado e aceito por Ele. A razão de o Senhor aceitar o sacrifício de Abel e rejeitar o de Caim, embora não esteja totalmente claro nas Escrituras, pelo menos deixa claro que o Senhor olhava e olha com atenção e justiça para o interior do ser humano, de modo que nada lhe escapa o olhar divino.
Caim não se achou aprovado, muito menos aceito, pelo olhar de Deus. Entretanto, essa reprovação de Deus não significava que Caim seria banido de sua presença, pois bastava outro sacrifício com a motivação correta, espontânea e voluntária que o Senhor não haveria de rejeitá-lo. Mas Caim não escolheu o caminho do bem. Ele matou o seu irmão covardemente. O resultado: Caim foi banido da presença de Deus.
O caminho de Caim é muito fácil de trilhar. Basta dar vazão ao ódio, à inveja, ao rancor, à raiva e a tudo que não esteja de acordo com o nosso interesse. O caminho de Caim está a cada dia próximo de nós, quando rejeitamos considerar o nosso próximo superior a nós mesmos. O caminho de Caim está mais próximo das nossas vidas, quando procuramos fugir da realidade inventando desculpas para não fazermos a nossa parte com retidão.
Qual o caminho que você deseja trilhar: o de Caim ou o de Jesus? - Revista Ensinador Cristão nº64-pg.38
Quem ama de verdade não se deixa dominar nem pela inveja nem pelo ódio.
INTRODUÇÃO
Se o orgulho é o primeiro dos pecados, a inveja talvez seja o segundo. Logo atrás de si, vem o medo que, não controlado, acaba por gerar o ódio e outros pecados ainda mais deletérios. Antes o invejoso. Agora, o assassino dissimulado e frio. Mais além, o réu confesso. Na terra, clama o sangue do irmão.
Eis a biografia de Caim
Apesar das honras que lhe conferiam a primogenitura, deixou-se ele dominar por uma inveja tola e injustificável. Seus privilégios eram nada desprezíveis. Primeiro filho de Adão, cabia-lhe, entre outras coisas, a herança messiânica Se ele tivesse permanecido fiel, estaria hoje entre os ancestrais de Cristo. Mas, agindo como agiu, foi arrolado como o primeiro descendente espiritual de Satanás.
Se o orgulho é o primeiro dos pecados, a inveja talvez seja o segundo. Logo atrás de si, vem o medo que, não controlado, acaba por gerar o ódio e outros pecados ainda mais deletérios. Antes o invejoso. Agora, o assassino dissimulado e frio. Mais além, o réu confesso. Na terra, clama o sangue do irmão.
Eis a biografia de Caim
Apesar das honras que lhe conferiam a primogenitura, deixou-se ele dominar por uma inveja tola e injustificável. Seus privilégios eram nada desprezíveis. Primeiro filho de Adão, cabia-lhe, entre outras coisas, a herança messiânica Se ele tivesse permanecido fiel, estaria hoje entre os ancestrais de Cristo. Mas, agindo como agiu, foi arrolado como o primeiro descendente espiritual de Satanás.
Caim inaugurou a galeria dos grandes criminosos da
História, tendo bem ao seu lado Nero, Herodes, Napoleão, Stalin, Hitler, entre
outros facínoras. Seus imitadores acham-se também entre os que, em nossas
igrejas, matam espiritual e moralmente o seu irmão.
I. MULHER, AUXILIADORA DE DEUS
No processo dialético da tentação, Satanás intentou
enredar Eva na luta contra o Reino de Deus. O Senhor, porém, interveio de
pronto, colocando inimizade entre a mulher e a serpente (Gn 3.15). Foi nessa
inimizade que germinou a amizade entre Deus e a raça humana: Jesus Cristo.
I. Inimiga da serpente. O que teria acontecido se o
Diabo tivesse aliançado Eva em sua luta contra Deus? A mulher, usada pelo
Maligno, não teria permitido a propagação da espécie humana. E, dessa forma,
Satanás e seus anjos não demorariam a apossar-se da Terra que Deus criara para
manifestar o seu Reino.
O Senhor, todavia, intervém e desfaz, ali mesmo no
Eden, o motim que visava transformar-lhe o Reino no império de Satanás. A
partir daquele momento, o inimigo perde uma aliada, ao passo que Deus ganha uma
grande auxiliadora.
2. Auxiliadora de Deus. Em conseqüência da Queda, a
mulher deprava-se não total, mas essencialmente. Apesar dos efeitos daninhos do
pecado, a graça divina estaria sobre ela, fortalecendo-a na execução da vontade
divina. Eva ergue-se para glorificar o Criador através da maternidade (1 Tm
2.15).
3. Teóloga da maternidade. Depois da queda, não
encontramos nenhuma declaração do homem. Adão simplesmente se cala. Até mesmo
quando Caim matou Abel, cala-se e nada diz. Ele certamente muito lamentou a
perda de ambos os filhos: o caçula, à sepultura,- o primogênito, ao crime.
Mesmo assim, silencia-se dolorosamente. Conquanto excelente teólogo e governador
do mundo, nenhum comunicado emite; emudecido, prefere chorar a irreparável
perda
De Eva, porém, temos duas declarações teológicas.
Ao dar à luz o primogênito, declara ‘Adquiri um varão com o auxílio do Senhor”
(Gn 41). Em sua primeira declaração, há pelo menos três proposições:
1) Deus é
o autor da vida;
2) o filho, que agora embala, não é seu; pertence ao Senhor;
e,
3) ela coloca-se no lugar de serva e auxiliadora do Criador no povoamento da
Terra.
A segunda declaração da mulher, também, é carregada
de significados teológicos. Após a morte do caçula e a perda do primogênito ao
Maligno, assim acolhe o pequenino Sete: “Deus me concedeu outro descendente em
lugar de Abel, que Caim matou” (Gn 4.25). Ela demonstra, uma vez mais, sua
grande acuidade teológica:
1) a intervenção divina nos negócios humanos;
2) a
punição dos culpados; e,
3) a continuidade do Plano de Salvação através de sua
semente.
Em suas declarações, não é difícil vislumbrar um
pequeno Magnífícat. Não obstante o luto que lhe ia na alma, encontra motivos
para glorificar a Deus por sua bondade e amor. Temos, em Eva, uma figura de
Maria, mãe de Jesus.
“A história dos primeiros
dois rapazes nascidos a Adão e Eva realça as repercussões do pecado dentro da
unidade familiar. Caim e Abel, tinham temperamentos notavelmente opostos. Caim
gostava de trabalhar com plantas. Abel gostava de estar com animais. Ambos
tinham uma disposição de espírito religioso.
Os filhos de Adão levaram
sacrifícios ao Senhor, o primeiro incidente sacrificial registrado na Bíblia.
Que Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura não
quer dizer necessariamente que animais são superiores a plantas para propósitos
sacrificiais. Por que atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta fica
evidente à medida que a história se desenrola. A primeira pista aparece quase
imediatamente. Caim não suportava que algum outro ficasse em primeiro lugar. A
preferência do Senhor por Abel encheu Caim de raiva. Só Caim podia ser o
‘número um’.
O Senhor não estava
ausente na hora da adoração. Ele abordou Caim e lhe deu um aviso. Deus não o
condenou diretamente, mas por meio de um jogo de palavras informou Caim que ele
estava em real perigo. Em hebraico, a palavra aceitação é, literalmente,
levantamento, e está em contraste com descaiu. Um olhar abatido não é companhia
adequada de uma consciência pura ou de uma ação correta. O ímpeto das perguntas
de Deus era levar Caim à introspecção e ao arrependimento” (Comentário
Bíblico Beacon. 1ª Edição.
Volume I. RJ: CPAD, 2005, p.43).
II. CAIM É GERADO ESPIRITUALMENTE POR SATANÁS
Não foi apenas Eva que supôs fosse Caim a semente
anunciada pelo Senhor. Satanás deve ter chegado à mesma conclusão. Por isso, se
não pôde ter a mulher como aliada, por que não lhe cooptar o filho? E, assim,
começa o inimigo a frondar sua árvore de famosos descendentes espirituais:
Caim, o primeiro. Ao longo dos séculos, brotariam o Faraó do Êxodo, Nero, Adia,
Napoleão, Stalin, Hitler e muitos de nossos contemporâneos.
I. A cooptação de Caim. E bem possível que o
maligno haja iniciado a cooptação de Caim, quando este ainda era bebê. Bom
psicólogo, observou-lhe as reações. Fez-se presente em sua infância, não se
ausentou de sua adolescência e, em sua juventude, soube como trabalhar-lhe a
inveja, o ódio e o ímpeto homicida. E, dai para o ato criminoso, não precisou de
muito esforço. Segundo Tiago, o pecado nasce paulatina e imperceptivelmente (Tg 1.13-15).
O Diabo cristalizou os sentimentos de Caim num ódio
mortal contra Abel. Infelizmente, o mesmo vem ocorrendo em alguns lares
cristãos. Ainda infantes, irmãos levantam-se uns contra os outros. Quanto aos
pais, nada fazem. Alguns até incentivam a rivalidade entre os filhos, para que
estes sejam agressivos e predadores. E o resultado não poderia ser mais
trágico. Há pais que, ao invés de uma Bíblia, dão ao filho uma arma. Enquanto
redijo estas linhas, a sociedade americana chora a morte de oito cristãos
negros da Igreja Metodista Episcopal Emanuel, na Carolina do Sul. O jovem
Dylann Roof matou-os com a pistola que lhe dera o pai. Em sua alma, o ódio
racial e diabólico.
E provável que Satanás haja tentado cooptar também
Abel. Este, todavia, observando os conselhos paternos, não lhe dera guarida. O
tentador, não se dando por vencido, propõe-se a destruí-lo pelas mãos de Caim. Dessa maneira, imaginava o Maligno, poderia comprometer de vez a germinação da
semente da mulher. Abel seria destruído, morrendo; Caim, matando.
2. Um perfeito aliado de Satanás. Se não pode ter
Eva como aliada, por que não o seu primogênito? Havendo, pois, o Diabo
trabalhado a religiosidade de Caim, já o tinha como aliado. Agora, poderia
contrapor-se ao estabelecimento do Reino de Deus, que viria através da semente
da mulher.
Caim, portanto, aliou-se a Satanás. Fez-se tão
diabo quanto o próprio Diabo. Assim ocorre com os que, desprezando a Deus,
pecam e fecham-se ao arrependimento. Aos tais, a perdição eterna. Caim, além da
depravação essencial, totalmente depravou-se ao ignorar o apelo divino.
“‘E irou-se
Caim fortemente’ (4.5). A ira de Caim mostra quão decidido ele estava em agir
por conta própria, sem se submeter a Deus. A ira é uma emoção destruidora.
Nunca poderemos nos desculpar por ter ofendido alguém dizendo:
‘Tenho um temperamento agressivo’.
Precisamos considerar a ira como pecado e conscientemente nos submeter à vontade de Deus” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.28).
‘Tenho um temperamento agressivo’.
Precisamos considerar a ira como pecado e conscientemente nos submeter à vontade de Deus” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.28).
III. O PRIMEIRO HOMICÍDIO
Por que Caim matou Abel?
João é direto e
desconcertante “Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1Jo
3.12). Sendo Caim do Maligno, como haveria de aturar o irmão, cujas obras
evidenciavam uma fé viva e santa? Logo, ele não se fez do Maligno por haver
matado Abel. Ele o assassinou porquanto já era do Maligno. Afinal, o Diabo
jamais se comprouve na verdade; matar, mentir e roubar faz parte de sua
natureza corrompida e totalmente depravada. Mas Caim, advertido por Deus,
poderia ter evitado aquele desatino.
1. Advertência divina. Deus amava tanto Caim quanto
Abel. Não queria um assassino, nem desejava um assassinado, pois tinha um plano
específico para cada um deles. Por isso, adverte Caim: “Por que andas irado, e
por que descaiu o teu semblante" Se procederes bem, não é certo que serás
aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu
desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4).
A que assemelharei o pecado? Em nada difere da
víbora que, astuta e paciente, espera o incauto abrir a porta, a fim de
morder-lhe o calcanhar. Por isso mesmo, fiquemos longe de seu bote quase sempre
certeiro. Caim, porém, brincou com o pecado; menosprezou a advertência divina.
Em sua alma, já havia matado o irmão. Na intenção, já era um assassino
duplamente qualificado. Não obstante, tanto o seu coração, quanto a sua
intenção ainda poderiam ser mudados. Ele, porém, recusou-se a ouvir a voz de
seu Criador.
2. O crime. Até aquele momento, a morte de um ser
humano só era conhecida teoricamente. Adão e Eva sabiam que, por haverem
desobedecido ao Senhor, teriam de enfrentá-la eventualmente. Eles achavam que
viriam a morrer naturalmente, como naturalmente morriam os animais. Afinal,
carcaças sempre eram achadas nos campos e nos arredores de sua habitação.
Como sua dieta era vegetal, os primeiros humanos não
tinham necessidade de abater aves e animais. Matar ainda não era técnica nem
arte. Aliás, suponho que os próprios animais, dóceis como eram, não se predavam
uns aos outros. Entretanto, o homem estava prestes a tornar-se o lobo do homem. Achava na iminência de transformar sua enxada e relha numa espada.
Nessa época, o único que sabia matar era Abel.
Sendo ele pastor de ovelhas, das primícias destas apresentava regularmente uma
oferenda ao Senhor. Não sei quantos cordeiros santificara em sua adoração. Mas,
certamente, aprendera a imolá-los no altar que, rusticamente, construíra. Caim,
que o observava atentamente, não demorou a premeditar o assassinato do irmão:
Por que não matar Abel como Abel matava suas ovelhas? Por que não sacrificar o
sacrificador?
O autor sagrado assim descreve o primeiro homicídio
da história: “Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no
campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou” (Gn 4.8). O que Caim queria mostrar a Abel no campo? A lavoura ou a nova lavragem?
Mas, ali mesmo, adiantando-se, mata o irmão. Que instrumentos usou? Os
instrumentos do pastoreio ou os petrechos da agricultura?
3. A desculpa do assassino. Caim racionaliza o seu
pecado. Após ter assassinado Abel, retoma as lides do campo como se nada
tivesse acontecido. Não sei que desculpa dera aos pais acerca do sumiço do
irmão. Talvez dissesse que este achava-se errante à procura da centésima
ovelha. Não age assim o bom pastor? Deus, porém, não se deixa embair por nossos
álibis e pretextos. Onisciente e Onipresente, Ele nos conhece as ações; vê-nos
os pecados; não nos ignora as intenções homicidas.
Vem o Senhor, então, e pergunta-lhe: “Onde está
Abel, teu irmão'”’ (Gn 4.9). E bem provável que Caim, ao ser arguido de forma
tão direta pelo Autor e Conservador da vida, haja sido tomado pela surpresa. Afinal, o seu crime fora executado com requinte, astúcia e muita discrição.
Ninguém vira nada. Nem o pai, nem a mãe. Talvez ele não soubesse ainda que Deus
é tanto onisciente quanto onipresente. Mas, agora, sabe que nada poderá
escondê-lo do Juiz de toda a Terra.
Mesmo arguido judicialmente pelo Senhor,
desculpa-se Caim: “Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão?”’ (Gn 4.9). Em sua
resposta, descortinamos uma filosofia violenta e contrária à lei do amor. Em
primeiro lugar, Caim encobre o seu pecado com outro pecado. Embora soubesse
onde estava seu irmão, mente. O corpo de Abel jazia nalgum lugar, talvez até
insepulto. Em seguida, alega não ter qualquer responsabilidade sobre o irmão
mais novo. Diz não ser tutor de Abel. Irmão mais velho, tinha ele, sim,
responsabilidade quanto ao caçula da família. Caim era tutor de seu irmão.
Portanto, deveria ter agido como referência moral e ética de Abel.
O ódio e a inveja levaram Caim a matar o seu irmão.
Não sabemos quantas pessoas habitavam a Terra a
essas alturas. O relacionamento humano, porém, já exibia certa complexidade. Por
isso mesmo, a punição de Caim dar-se-ia em vários níveis: divino, pessoal,
doméstico e social. Ele não seria castigado com a morte, mas seria disciplinado
por uma vida errante, longe dos pais e distante de Deus.
I. Castigo divino. Se enfrentar um juiz humano já é
constrangedor e vexatório, como nos haveremos diante do Juiz de toda a Terra? A
situação de Caim é nada confortável. Diante do Criador, o homicida é desnudado.
Arguido pelo Autor e Conservador da Vida, desnuda-se ele sem desculpas e sem
álibis.
No início do julgamento, pergunta-lhe o Senhor:
“Onde está Abel, teu irmão?” Buscando fugir à inquirição divina, responde o
homicida, tentando fugir à responsabilidade doméstica e social: “Não sei;
acaso, sou eu tutor de meu irmão?” (Gn 4.9). Em sua resposta, sobressaem a
mentira e a ignorância.
Na verdade, ele bem sabia onde estava Abel. Quanto
à sua tola indagação, não precisava de resposta alguma. Na qualidade de irmão
mais velho, ele era, sim, como já dissemos, tutor do mais novo. Assim como
Judá, mais tarde, haveria de responsabilizar-se por Benjamin, deveria o
perverso e desalmado primogênito ter-se dado fraternalmente pelo caçula (Gn 44-32-34).
Em seguida, endereça-lhe o Senhor a segunda
pergunta:
“Que fizeste?” Caim sabia o que havia feito quando
ele e Abel encontravam-se sozinhos no campo. Julgando-se longe dos olhos dos
pais, matara-o. Todavia, Deus, que a todos vê e escrutina, presenciara-lhe o
homicídio, qualificando-o como gravemente doloso: ‘A voz do sangue de teu irmão
clama da terra a mim” (Gn 4.10). O sangue de Abel fizera-se eloquente e
irretorquível; clamava a Deus, não por vingança, mas por justiça. Sem outro
tribunal a que recorrer, Caim ouve o veredito do Juiz de toda a terra: “Es
agora, pois, maldito por sobre a terra, cuja boca se abriu para receber de tuas
mãos o sangue de teu irmão. Quando lavrares o solo, não te dará ele a sua
força,- serás fugitivo e errante pela terra” (Gn 4-11-12).
Ao invés de arrepender-se e pedir misericórdia,
Caim julga o castigo divino desproporcional: “E tamanho o meu castigo, que já
não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua
presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo
se encontrar me matará” (Gn 4.13,14).
Caim não pede misericórdia; põe-se, contudo, a
reclamar da sentença. Teme mais as conseqüências temporais do que as penalidades
eternas. Como a lei da proporcionalidade ainda não estava em vigor, não seria
punido com a morte: ‘Assim, qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes.
E pôs o Senhor um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o
encontrasse” (Gn 4.15).
Ouvida a sentença, o criminoso retira-se da
presença do Senhor e detém-se ao oriente do Eden, onde fundará a primeira
cidade humana. Tão perto do paraíso e tão arredado da presença do Senhor.
2. Castigo pessoal. Para resguardar Caim de uma
vingança futura, dá-lhe o Senhor um salvo conduto: ‘Assim, qualquer que matar a
Caim será vingado sete vezes” (Gn 4.15).
A partir daquele instante, o próprio Deus
encarregar-se-ia de sua custódia. Se alguém o matar, sete vezes será castigado.
E, para que não pairasse qualquer dúvida quanto ao seu salvo-conduto, o Senhor
nele apõe um sinal. O que indicava o ideograma divino? Entre outras coisas, que
a vida é sagrada da concepção à morte natural.
Caim não seria punido com a morte, mas com a vida.
Ninguém o mataria, mas todos haveriam de censurá-lo por haver, covardemente,
matado Abel. O seu castigo, além de pessoal, seria também doméstico e social.
3. Castigo doméstico e social. Caim, agora, já não
tinha condições de encarar os pais. Por isso, abandona, de vez, a casa paterna
e constrói a sua cidade. Doravante, terá de amargar um exílio que o deixaria
para sempre longe de Adão e distante de Eva. Caim foge sem que o persigam; esconde-se sem que o procurem; envergonha-se e cobre-se de opróbrios. O sinal
que traz no semblante denuncia-o à vista dos filhos, netos e bisnetos. Ele
simplesmente não pode esconder o seu crime.
Seu exemplo replicar-se-ia em sua descendência. Apesar do progresso tecnológico alcançado por seus filhos na primeira
civilização, fazem-se eles inimigos de Deus. O que dizer de Lameque? Por
motivos banais, matou dois homens. Quanto às descendentes de Caim, foram usadas
pelo Maligno para desencaminhar os filhos de Deus (Gn 6.1,2).
CONCLUSÃO
Por que Caim matou Abel?
Se procurarmos a resposta na psicologia, ou na sociologia, corremos o risco de inocentar o assassino e condenar o assassinado. Mas, se nos voltarmos à Palavra de Deus, encontraremos uma resposta simples, direta e que não deixará margem alguma à dúvida Responde-nos o discípulo do amor: “Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1Jo 3.12).
Se procurarmos a resposta na psicologia, ou na sociologia, corremos o risco de inocentar o assassino e condenar o assassinado. Mas, se nos voltarmos à Palavra de Deus, encontraremos uma resposta simples, direta e que não deixará margem alguma à dúvida Responde-nos o discípulo do amor: “Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1Jo 3.12).
Quem mata é do Maligno.
Não me refiro apenas ao homicídio físico.
Refiro-me, também, ao homicídio emocional, moral e espiritual. Quantas pessoas,
neste momento, não se acham assediadas emocional e moralmente? Há líderes e
chefes que em nada diferem de um verdugo; oprimem e matam seus comandados.
Quanto ao homicídio espiritual, o que se há para falar?
Não são poucas as ovelhas que, em nossos redis, são
vítimas de mercenários e lobos vorazes. Dos maus obreiros, nem os pastores
logram escapar.
Eis, portanto, o momento oportuno demostrarmos ao
mundo a qualidade de nossa vida espiritual. Discípulos de Cristo, obrigamo-nos
a ir além do mero amor, pois o verdadeiro amor não se limita a gostar: amando
como Jesus amou, não teme o Calvário. É uma doação contínua que fazemos a Deus
e ao próximo.
Quem ama é de Deus, porque Deus é amor.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Quem ama é de Deus, porque Deus é amor.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Caim foi amaldiçoado por
Deus no sentido de Deus já não abençoar seus esforços para extrair da terra o
seu sustento (vv.2,3). Caim não se humilhou com tristeza e arrependimento
diante de Deus, pois afastou-se do Senhor e procurou viver sem a sua ajuda
(v.16).
O sinal na testa de Caim
(4.15) talvez deva ser entendido como posto em Caim para assegurá-lo da
promessa de Deus. Caim não sofreu pena de morte nesse tempo. Posteriormente,
quando a iniquidade e a violência da raça humana tornou-se extrema na terra, a
pena de morte foi instituída (9.5,6).
Caim e seus descendentes
foram os cabeças da civilização humana até hoje desviada de Deus. A motivação
básica de todas as sociedades humanistas está em superar a maldição, buscar o
prazer e reconquistar o ‘paraíso’, sem submissão a Deus. Noutras palavras, o
sistema mundial fundamenta-se no princípio da autorredenção da raça humana na
sua rebelião contra Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.39).
Fonte:
O começo de todas as coisas - Estudos sobre o Livro de Gênesis - 4ºtrim.2015
O começo de todas as coisas - Estudos sobre o Livro de Gênesis - Claudionor de Andrade (Livro de Apoio)
Richards, lawrence. Guia do Leitor da Bíblia: Uma Análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10º ed.
Comentário Bíblico Beacon 1ªed.vol.1
Revista Ensinador Cristão - CPAD - nº64
Dicionário Bíblico Wycliffe CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Defesa da Fé
Sugestão de leitura:
Aqui eu Aprendi!