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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

500 anos - Reforma Protestante

31 Outubro 1517 - 2017

O cristianismo ao longo de sua história foi marcado por diversas polêmicas que afetaram profundamente os seus seguidores. No século XI, por exemplo, aconteceu o Cisma do Oriente que dividiu a Igreja em Católica do Ocidente e Católica do Oriente. Outra grande ruptura ocorreu no século XVI, quando surgiu o processo conhecido por Reforma Protestante, que abalou as estruturas do catolicismo e que contribuiu para o nascimento de outras religiões.

Essa reforma surgiu para criticar as práticas estabelecidas pela Igreja Católica que por muito tempo influenciaram e controlaram fiéis do mundo inteiro. Entre as medidas realizadas pelos líderes católicos que motivaram a reforma destacou-se a prática da simonia, que foi o comércio de relíquias sagradas. Essas relíquias na maioria das vezes eram falsas e os fiéis compravam pensando que eram objetos utilizados por Cristo ou por algum santo.

As vendas de indulgências também se destacaram entre as práticas realizadas pela Igreja. Os líderes católicos eram seguidores da doutrina de Santo Tomás de Aquino, que defendeu a ideia de que a salvação não se dava exclusivamente pela fé, mas sim pelas boas obras. Acreditava-se, por exemplo, que o perdão aos pecados e a salvação eterna poderiam ser conseguidos através do pagamento em dinheiro, que seria destinado para financiar as despesas da Igreja.

Outro mecanismo de poder da Igreja foi o monopólio da leitura da Bíblia, que era escrita somente em Latim. A intenção era mediar o encontro dos fiéis com o livro sagrado, que deveria ser traduzido pelos padres. Dessa maneira, a Igreja evitava interpretações em relação ao texto sagrado que não se encaixavam com o pensamento do alto escalão do clero.

Martinho Lutero (1483 – 1546) foi o grande idealizador da Reforma Protestante contra as práticas de simonia e a venda de indulgências. Lutero foi um jovem alemão que resolveu entrar para a vida religiosa após um milagre que salvou sua vida durante uma violenta tempestade. Ao entrar para a Igreja, ele obteve contato direto com as atitudes do catolicismo perante seus seguidores. Ao perceber as práticas errôneas realizadas pelos membros do clero, ele resolveu aprofundar seus estudos para criar uma maneira correta na relação entre fiel e Igreja.

Inspirado pelo versículo bíblico “O justo se salvará pela fé”, Martinho Lutero iniciou a escrita das famosas 95 teses luteranas que foram de encontro às práticas dos membros do clero. Entre as teses mais importantes, destacou-se, principalmente, a afirmativa da fé cristã como único caminho para salvação eterna e a Bíblia como única fonte para a fé. Essas ideias foram lançadas contra a postura da Igreja que em 1520 excomungou Lutero pelos seus ideais reformistas.

O surgimento de outras religiões foi uma das principais consequências da Reforma Protestante. A Reforma Calvinista na Suíça liderada por João Calvino no século XVI foi um exemplo da influência de Lutero para o surgimento de práticas reformistas contra a Igreja Católica. Posteriormente, destacou-se o Anglicanismo na Inglaterra promovido por Henrique VIII, que rompeu com o catolicismo.

Martinho Lutero promoveu através de sua reforma uma grande crise na Igreja Católica que teve seu poder diminuído com o surgimento de outras religiões. O Protestantismo, portanto, caracterizou os fiéis que não seguiam as doutrinas católicas e que deram continuidade à principal reforma religiosa realizada na Europa.

Por Fabrício Santos
Graduado em História
via EscolaKids 
Aqui eu Aprendi!

sábado, 28 de outubro de 2017

A Obra Salvífica de Jesus Cristo

E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” Jo 19.30

A Obra Salvífica de Jesus Cristo

Hoje, se podemos nos achegar a Deus e chamá-lo de “Pai” o mérito desse privilégio está na obra salvífica de Jesus Cristo. O sangue derramado pelo Filho na cruz foi o alto preço que nosso Senhor pagou no lugar de nossas transgressões para que, por intermédio de sua crucificação, morte e, posterior ressurreição, fôssemos justificados.

A obra salvífica de Cristo proveu reconciliação dos homens com Deus

“Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5.19). Esse ministério de reconciliação do ser humano com Deus se deu por meio da obra salvífica e completa de Jesus Cristo. Aqui, é importante destacar que essa obra não é extensiva somente a um “grupo de eleitos” previamente selecionados por “decreto divino”, condenando assim os demais seres humanos à perdição total. Não, a obra salvífica de Jesus Cristo é extensiva a todos os que se arrependerem e crerem no Unigênito de Deus. Desde sempre, a vontade do Pai é que “todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo”. Assim, por meio de Jesus Cristo, o Pai dá oportunidade ao homem de arrepender-se dos seus pecados e de reconhecer Cristo Jesus como Senhor, Salvador e Rei.

A obra salvífica de Cristo proveu redenção para o pecador arrependido

Está no interior humano a impossibilidade de dar a segunda chance para quem cometeu uma falta gravíssima contra o outro. Quando falamos em falta gravíssima, referimo-nos, por exemplo, a uma pessoa que comete um assassinato contra a filha de um pai ou toma do outros bens de valor imaterial. Como achar normal que se exija do pai o perdão ao assassino de sua filha? Ou que se perdoe a pessoa que deu um golpe que trará consequências irreparáveis? Humanamente é muito difícil e, para muitos, é loucura! Essa é a situação do pecador diante de Deus, pois se fosse possível estar no lugar de Deus, qualquer pessoa diria que o mais justo era condenar o transgressor. Mas o Altíssimo, por intermédio do seu Filho, preferiu prover outro caminho: o do perdão. A redenção efetuada pelo nosso Senhor, por meio de sua obra salvífica, nos redimiu e constrangeu-nos a manifestarmos esse amor aos nossos semelhantes.  Revista Ensinador Cristão nº72

Leitura Bíblica em classe: João 19.23-30


O sacrifício de Jesus Cristo nos concedeu muitas dádivas, mas a maior delas é o privilégio de podermos nos achegar a Deus diretamente, sem um intermediário, o sacerdote, e sem a necessidade de que um animal inocente seja morto. Cristo é o cordeiro de Deus que veio ao mundo para morrer em nosso lugar e tirar o pecado do mundo (Jo 1.29). No Antigo Testamento, milhares de animais foram sacrificados a fim de apagar os pecados dos homens, mas nenhum deles teve efeito permanente. Porém, o sacrifício do Cordeiro de Deus foi perfeito e único para o perdão dos nossos pecados. Ele foi completo e pode alcançar todos os que creem.
O sacrifício do Cordeiro de Deus estabeleceu uma nova aliança com a humanidade caída. Uma aliança baseada não mais em ritos sacrificais, mas na sua graça, amor e misericórdia.
Estamos livres do poder do pecado mediante o sacrifício de Cristo, então vivamos em comunhão com o Pai de modo que seu nome seja glorificado.


A obra salvífica de Cristo nos deu o privilégio de achegarmo-nos a Deus sem culpa e chamá-lo de “Pai”.

A obra terrena de Jesus foi de um valor e alcance inimagináveis. Além de fazer muitos sinais e maravilhas (Hb 2.4), curar enfermos (Mt 9.35), ressuscitar mortos (Lc 7.15; Jo 11.41-45), acalmar tempestades (Mt 8.24-26), multiplicar pães e peixes (Mt 14.13-21) e muitos mais a ponto de não caber em livros (Jo 21.25), sua maior obra dentre todas foi a sua morte na cruz com todas as implicações que ela traz para a humanidade e para o universo criado.58 É o que veremos neste capítulo e no seguinte.

Nenhum esforço humano é possível para retirar o homem da condição de pecador afastado de Deus, exceto pela obra salvadora de Cristo. Através da salvação efetuada por Cristo na cruz, o pecado é removido, e a paz com Deus é estabelecida, e, pelo resgate efetuado, o pecador é redimido e liberto da escravidão, sendo absolvido perante o tribunal de justiça divino, pois Cristo já suportou seu castigo e tomou sobre si o pecado do homem. Sendo assim, em sua morte, Cristo é vitorioso e garante a todos a redenção eterna.

A obra salvífica de Cristo custou-lhe um alto preço: o seu próprio sangue derramado na cruz. Sua obra garante-nos a salvação porque foi uma oferta completa, perfeita e definitiva. Por causa disso, temos a certeza da salvação e a garantia da vida eterna e desfrutamos antecipadamente, aqui na terra, dos benefícios dessa salvação.

O SACRIFÍCIO DE JESUS

A encarnação de Jesus, já estudada no capítulo 3, foi apenas uma parte da obra de Cristo. Ela não seria completa se não envolvesse o ministério terreno, o desprezo, o sacrifício, o sofrimento e a morte de Jesus; esse conjunto é o que chamamos de obra de Cristo. Sua obra completou-se com sua ressurreição e ascensão aos céus (Jo 19.30; 1 Co 15.1-4).

No Antigo Testamento, a palavra para “sacrifício” é qorbãn, como aquilo que é trazido para perto e tem o propósito de fazer expiação (em hebraico, é kapper). Existem outras palavras correlatas e de menor importância como, por exemplo, zebhah (sacrifício), olã (oferta queimada, aquilo que acende) e outras variantes. Alguns sacrifícios eram oferecidos diariamente, outros aos sábados, nas luas novas, no dia da expiação e ainda nas festas judaicas das Semanas, dos Tabernáculos (ou Cabanas) e também na festa da Páscoa. O principal propósito dos sacrifícios era fazer a expiação pelos pecados, mas também havia os de gratidão, de ação de graças, de paz e de alguns outros rituais judaicos que não cabe descrição aqui. Todos esses variados sacrifícios apontam, ainda que comparativamente inadequados, para o sacrifício final e definitivo de Cristo.

Além da Páscoa, com seu significado já abordado em capítulo anterior, o sacrifício com significado especial era o anual Dia da Expiação, quando o sumo sacerdote oferecia sacrifícios de animais e fazia expiação para si mesmo, para os outros levitas e para as demais tribos de Israel (Lv 16). A oferta teria que ser custosa, demonstrando que se oferecia a vida da vítima, derramando seu sangue para fazer expiação (Lv 17.11). Os diversos aspectos rituais e liturgias com seus significados incutiam na mente do povo a seriedade da condição pecaminosa e da necessidade que tinham de uma expiação completa. Todavia, os sacrifícios de animais eram incompletos e não podiam expiar o pecado humano por inteiro; por isso, o sacrifício de Cristo assume uma relevância de dimensões eternas por ser completo e perfeito.

As Escrituras afirmam que foi necessária a morte sacrificial de Jesus para cumprir um propósito eterno (Ap 13.8) e para que Deus pudesse perdoar o pecado e garantir a salvação do homem.59 A serpente levantada no deserto também é comparada ao levantamento de Cristo na cruz (Jo 3.14). Jesus foi rejeitado (cf. Lc 17.25) e Ele mesmo disse que lhe era necessário sofrer, morrer e ressuscitar (Mt 16.21; At 17.3) e que estava consagrado para o sacrifício (Jo 17.19). Nossa união com Cristo pela fé, possibilitada por seu sacrifício, manifestou o amor de Deus, libertando-nos do sofrimento causado pelo pecado em nós mesmos e no mundo.

O problema do pecado não se resolve apenas com o arrependimento do pecador porque a justiça de Deus também precisa ser satisfeita. Dessa forma, torna-se necessário que o pecador cumpra a pena. Como o pecador não tinha as mínimas condições de pagar essa pena por ser imperfeito por causa do próprio pecado, fez-se necessário que alguém, em condições de satisfazer a perfeição do sacrifício, entrasse em cena. Esse alguém somente poderia ser Deus, mas também teria de ser homem, e quem poderia cumprir essa exigência seria unicamente Jesus, o homem perfeito, o Deus encarnado. Assim, para Deus resolver o problema da exigência da Lei e da justiça divina, Ele fez com que seu Filho pagasse a pena imposta. A pena imposta pela Lei foi a morte, pois essa era a pena máxima que alguém poderia pagar ou ofertar. Nenhum dinheiro seria suficiente para satisfazer a justiça, a não ser a morte de Cristo.

A morte de Cristo satisfez ainda outra necessidade: De que forma tirar o pecado do homem como se ele nunca o tivesse praticado? Lançando esse pecado sobre o ser perfeito, que é Cristo.60 Portanto, trata-se de uma morte vicária que nos representando na cruz (2 Co 5.14), resgatando-nos da “maldição da Lei, fazendo-se, Ele próprio, maldição em nosso lugar” (Gl 3.13). No Antigo Testamento, foi afirmado que quem fosse morto num madeiro seria maldito de Deus (Dt 21.22-23).

O sistema de sacrifícios do Antigo Testamento foi instituído para tentar alcançar méritos diante de Deus, mas esse sistema tornou-se antiquado (Hb 8.13) com a nova aliança, que foi instituída com o sacrifício de Cristo. Não existem mais méritos pessoais, mas apenas e exclusivamente o mérito de Cristo (Gl 2.21). Ele, sim, é capaz de cobrir todo e qualquer pecado e restabelecer a comunhão do ser humano com Deus. Dessa forma, o único mérito aceito por Deus nesse novo relacionamento com a humanidade é, exclusivamente, o sacrifício de Cristo.

A morte de Cristo tem algumas conotações que é preciso esclarecer.61 Ela é o ato de redenção do pecador através da obra vicária de Cristo, que possibilitou a expiação e a propiciação e, por fim, promoveu nossa reconciliação com Deus. Cada um desses aspectos será abordado neste e no próximo capítulo.

Ela é vicária, isto é, substitutiva, no sentido de alguém que toma o lugar de outro, como bem afirma Isaías: “[...] mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Is 53.6 – conforme ainda 2 Co 5.21; 1 Pe 2.24; 3.18). Portanto, Cristo morreu pelos nossos pecados; Ele, porém, era sem pecado. O sistema sacrificial e a Lei apenas nos mostraram o caminho perfeito para a obra de Cristo (Gl 3.24) que foi tão completa que Ele mesmo foi o sacerdote, o ofertante (Ele deu a si mesmo) e a oferta. A cruz é o sinal que aponta para essa realidade. A centralidade da cruz está presente até mesmo no Apocalipse, pois retrata a Jesus como “o primogênito dos mortos” (1.5) e aquEle que foi morto, mas agora vive para sempre (1.18). “Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, glória e poder para todo o sempre” (1.5,6). As palavras ditas na atmosfera de adoração que João vê diante do trono são: “foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação” (5.9). João também chama Jesus 28 vezes de “o Cordeiro”62, numa clara alusão à sua morte vicária. Povos de todas as tribos, línguas e nações, “toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há” (5.13), bem como “muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos” (5.11) proclamam dizendo ao que está assentado no trono que Ele “é o Cordeiro” e “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (5.12).

Sua morte também é a propiciação (Rm 3.25; 1 Jo 2.2; Hb 2.17) do pecado, cujo sentido do hebraico kipper e do latim propitio é afastar a ira através de um sacrifício; num sentido pagão, significaria que se está pacificando ou apaziguando um deus irado e vingativo; teologicamente, porém, significa o cumprimento da Lei divina que havia sido violada, permitindo, agora, o transbordar do amor de Deus e também de suas bênçãos sobre o pecador (Sl 7.38). Dessa forma, a propiciação não apenas satisfaz a Lei, mas também torna Deus magnânimo para com o pecador.63 A propiciação torna o ser humano pecador arrependido favorável diante de Deus. Paulo afirma que “[...] sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5.9). A ira de Deus é o que provoca o desespero e o terror do pecado no homem pecador e leva-o ao arrependimento.64 Ora, a santidade da ira de Deus não suporta o pecado; entretanto, Ele mesmo tomou a providência para que a sua própria ira fosse aplacada, demonstrando mais uma vez seu amor e misericórdia, pois “[...] que ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4.10). Dessa forma, a propiciação é um resultado da expiação, pois somente a morte de Jesus supera o paradoxo entre o amor e a ira de Deus.65

NOSSA RECONCILIAÇÃO COM DEUS PAI

A palavra “reconciliação” provém do verbo grego katallasso e significa “mudar de inimizade para amizade”, “reconciliar”. Para expressar uma reconciliação completa, usa-se o verbo apokatallasso, utilizado em Efésios 2.16 (“e, pela cruz, reconciliar ambos [judeus e gentios] com Deus em um corpo”) e Colossenses 1.20 (“[...] por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas”). O substantivo katallage (Rm 5.11; 11.15) dá a ideia de mudar de um lugar para o outro. Reconciliação implica em estabelecer, por iniciativa de Deus, uma relação sadia com Ele.

A reconciliação é uma obra da graça de Deus somente possível como consequência da obra de Cristo. Ela é necessária porque nosso relacionamento com Deus estava rompido, pois o homem pecador não pode ter comunhão com o Deus santo (Is 6.5). A reconciliação é consequência da conversão, da regeneração e da justificação, pois o pecado tornou o homem hostil e repugnante para com Deus, e foi assim que uma inimizade foi estabelecida (Cl 1.21; Tg 4.4), e nem mesmo com os sacrifícios do Antigo Testamento poderia haver uma reconciliação, pois eles apenas apaziguaram o problema. Por isso, foi necessário o sacrifício de Cristo, que se tornou inimizade (Ef 2.15-16) em nosso lugar para que Deus viesse a agradar-se de nós (Rm 5.10), eliminando, assim, a causa da inimizade e abrindo-nos um novo e vivo caminho para o Pai (Hb 10.20).

A expiação é a própria oferta de Cristo a Deus pelo pecado; a reconciliação é o resultado prático humano da expiação efetuada por Cristo; logo, a reconciliação é consequência da expiação. Todavia, não é Deus quem se reconcilia com o homem; é o homem que precisa reconciliar-se com Deus, pois sua comunhão foi interrompida por causa do pecado. O problema da hostilidade era do homem para com Deus, cujo problema foi resolvido com a obra de Cristo. O autor da reconciliação do homem com Deus é o próprio Deus; é Ele quem toma a iniciativa; e o agente da reconciliação é Cristo através de sua obra.

A reconciliação é necessária por causa do estado de alienação (separação) de Deus. No estado de alienação, o ser humano encontra-se fora de seu centro divino do qual seu próprio centro pertence de forma dependente. Quando a serpente enganou o homem no Jardim do Éden, este foi induzido a achar que poderia viver fora deste centro divino e centrar-se em si mesmo, o que alguns teólogos chamam de hybris.66  Assim, o homem tentou autoelevar-se à esfera do divino. O homem foi tentado a ser maior do que o centro divino do qual dependia, e essa tentativa quebrou a dependência humana deste centro divino e alienou-o da presença de Deus. Como a existência humana plena só é possível a partir de Deus, é essencial que o estado de alienação seja revertido para o estado de reconciliação.

Dentro da reconciliação que Jesus fez para com o homem pecador, está também o seu ministério intercessor, o qual Ele exerceu quando andou na terra e que ainda exerce por nós diante do Pai (Hb 7.25; Rm 8.27). Ele orou para que a alegria dos discípulos fosse completa (Jo 17.13); para que não fossem tirados do mundo, mas, sim, guardados do mal (Jo 17.15); para que formassem uma unidade (Jo 17.21) e também por aqueles que viriam a crer, abrangendo a todos nós (Jo 17.20). Atualmente, Ele defende-nos das acusações de quem quer que seja e intercede por nós diante do Pai, não permitindo que nada nos separe do seu amor (Rm 8.33-35), compadecendo-se de nossas fraquezas (Hb 4.15; 9.24).

A partir da reconciliação, o crente experimenta os benefícios dela, que são: no sentido vertical, a comunhão com Deus; no sentido horizontal, a benção de ser um novo ser que se reconcilia também com os seus semelhantes; e também com a própria natureza, não sendo mais hostil a ela no sentido de depredá-la ou explorá-la de forma inconsequente. “Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação” (Rm 5.10-11).

A eliminação da causa da inimizade aquieta e apazigua nosso coração, pois toda acusação e culpa são eliminadas e removidas, estabelecendo-se uma amizade com Deus através de Cristo. Os reconciliados por Cristo recebem o ministério da reconciliação, e de suas bocas procedem palavras de reconciliação (2 Co 5.18-19). Ela é tão abrangente que todo o Universo, céus e terra estão envolvidos (Cl 1.20). Pelo fato de que agora estamos reconciliados com Deus, é-nos permitido estar vivificados (Ef 2.1, 5; Rm 5.17). Esse é o estado em que, dentro de nós, o Espírito Santo opera produzindo vida espiritual que se converte em fonte transbordante (Sl 84.6). Essa vivificação produz no crente sede e desejo ardente pela presença de Deus (Sl 42.1-2; 63.1; 143.6), faz dele uma fonte de água viva (Jo 4.10; 7.38), fá-lo produzir muitos frutos (Jo 15.5) e o desejo que todos conheçam a salvação que há em Cristo (Mt 5.20; Lc 4.19; At 5.42; 20.27; 1 Co 9.16).

A REDENÇÃO ETERNA

Uma das principais conquistas da morte de Cristo foi ela promover a redenção, ou nos redimiu, do verbo grego lytron,67 que significa libertar do cativeiro, da escravidão ou da condenação da morte através do pagamento de um preço de resgate. Dessa forma, redenção tem um duplo sentido: pagar o preço e dar a liberdade, sendo que a morte de Jesus pagou o preço e libertou o pecador (Mt 10.28). Redenção é o ato de redimir ou remir, que significa libertação, reabilitação, reparo e salvação. Através de um valor pago em dinheiro, adquire-se algo de novo — é o ato de resgatar, de tirar do poder alheio, do cativeiro. É estabelecer um recurso para salvar uma pessoa de uma situação de extrema aflição. É livrar-se de um passado sombrio e das penas do Inferno.

Os seres humanos são escravos do pecado e fazem tudo o que o pecado determina que eles façam. Eles estão presos e impossibilitados de, por si só, serem livres dessa situação. O pecado normalmente é concebido como falha moral e ética — como errar o alvo proposto por Deus —, mas seu conceito vai muito além disso. Ele é o estado de alienação (separação) entre Deus e a criatura, presentes na expulsão do Paraíso, na hostilidade entre o ser humano e a natureza, na constante perversão da imagem de Deus no ser humano (Rm 1.22-25), transformando-a em ídolos, na procura de desejos distorcidos e prejudiciais para si e para os outros. O homem não se contenta com a condição de criatura e quer ser igual a Deus (Gn 3.5) e ainda adorar ídolos (Rm 1.23-25).

O pecado causa muitas feridas e traz sofrimentos dolorosos (Sl 31.9-10; 51.1-6), dor e morte ao ser humano, condição esta degradante e muito deprimente. Em síntese, pecado é tudo aquilo que prejudica o homem. O pecado que se comete não fere a Deus ou diminui o seu poder. O Senhor jamais quis isso para o homem, o que lhe faz sentir tristeza pelo pecado (2 Co 7.10). O pecado é o ato pessoal de afastamento de Deus, trazendo angústia e uma propensão à tragédia sobre o ser humano, sem que ele nem mesmo tenha consciência clara desse estado. Ele precisará da “luz dos gentios” (Cristo, conforme Is 9.2; 42.6; 49.6) iluminando sua mente para discernir sua condição, e confiando em Cristo para resolver essa situação (Rm 1.17) e encontrar paz (Ef 2.16).

O que caracteriza o pecado não é meramente a desobediência à Lei, mas, sim, o fato de os atos pecaminosos expressarem a alienação (inimizade, conforme Ef 2.16) do ser humano em relação a Deus (2 Co 5.18), ao próximo (Mt 5.24) e a si mesmo. A única forma de vencer a alienação é aplicar em tudo a lei do amor, que, segundo Jesus, é o resumo da Lei. Assim, o pecado é vencido aplicando-se contra ele as palavras de Jesus; e a angústia é vencida no amor, como escreveu João: “No amor, não há temor [medo, angústia]; antes, o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor” (1 Jo 4.18).

Através da redenção de Cristo, o dominador (pecado — Jo 8.34; 7.14) que escravizava não tem mais poder sobre o antes dominado (pecador). Ele derramou seu próprio sangue para sermos redimidos (Rm 3.24; Ef 1.7). A redenção praticada por Cristo, por causa do elevado preço envolvido, é motivo para o crente glorificar a Deus (1 Co 6.20), pois sua vida agora demonstra que ele não está mais aprisionado na escravidão de outrora. Os privilégios da redenção incluem o perdão dos pecados (Ef 1.7), a justiça (Rm 5.17), o Reino e a vida eterna (Ap 5. 9,10). Paulo escreveu que, antes de aceitarmos a Cristo, éramos “escravos do pecado” (Rm 6.17), mas a cruz de Cristo possibilitou a libertação dos escravos desse poder de morte (Rm 6.23). Prisioneiros de guerra poderiam ser libertos através do pagamento de um resgate, assim como escravos poderiam ser soltos através de um resgate; assim, a liberdade é adquirida através de um valor pago que cobre o valor do redimido.

A redenção tem um significado triplo, que pode ser:
1) pagar o preço do resgate (Hb 9.12); 
2) remover o pecador do mercado de escravos (Gl 3.13); e 
3) livrar completamente um escravo ou prisioneiro, dando liberdade completa e definitiva (Cl 1.14).
A redenção de escravos na antiguidade poderia ter conotações variadas, mas o preço pago por Cristo efetuou as três condições acima juntas para nós.

Há um incrível poder na cruz de Cristo. Poder para despertar a consciência mais adormecida e derreter o coração mais duro; para purificar o impuro; para reconciliar aquele que está afastado, restaurando-o à comunhão com Deus; para redimir o prisioneiro de suas algemas e levantar do lixo o mendigo; [...] para transformar nossas personalidades instáveis à imagem de Cristo. [...] Tudo isso faz parte da salvação que Deus opera nos homens e mulheres através do kerygma de Cristo crucificado. A palavra da cruz é poder de Deus” (1 Co 1.18).68

Segundo afirmação bíblica, Cristo não nos redimiu “nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb 9.12). Portanto, a redenção é a libertação de um escravo ou livramento de algum mal mediante um resgate (Mt 20.28). Nessa redenção, “Cristo nos resgatou da maldição da Lei” (Gl 3.13); da própria Lei em si (Rm 6.14; 7.4); do poder do pecado (Rm 6.2,6); de Satanás (Hb 2.14-15);69  e dos males oriundos da pecaminosidade, da corrupção humana e do corpo mortal (Gl 1.4).70 Assim, Ele “se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” (1 Tm 2.6).

Para diferenciar os vários aspectos da salvação quanto ao seu significado, podemos afirmar que “a expiação é do pecado do pecador; a redenção é da pessoa do pecador; e a propiciação tem a ver com Deus em relação ao pecado já perdoado,”71 pois agora sua ira não existe mais. Numa sequência lógica, porém não cronológica — pois a redenção (a obra de salvação) de Cristo é composta de um evento único —, podemos afirmar que a obra vicária (substitutiva) de Cristo, na qual Ele tomou nosso lugar, possibilita a expiação (cobrir o pecado). Estando o pecado coberto, existe a possibilidade da propiciação (remover a ira pelo pecado), pois Deus agora já não enxerga o pecado, mas, sim, a justiça de Cristo. Portanto, isso não fere sua santidade, que, por sinal, possibilita a reconciliação (reatar o relacionamento quebrado pela alienação do pecado).72 Duffield e Cleave resumem esses aspectos da seguinte maneira:

Quando falamos [da morte de Cristo] como vicária, pensamos em substituição; quando falamos de expiação, pensamos em cobertura; como propiciação, pensamos em apaziguamento; como reconciliação, pensamos em reatamento da amizade; e como resgate, pensamos em redenção.73

A condição de redimido não traz apenas benefícios para o crente no tempo presente, mas também é a garantia da vida eterna, de morar para sempre com Cristo e de desfrutar do Paraíso celestial, algo somente possível para o crente através da morte de Cristo, que nos proporciona a certeza da salvação eterna. Portanto, a abrangência de sua morte invade a vida eterna, extrapolando as dimensões terrenas, temporais e espaciais.

A IMPORTÂNCIA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO

De acordo com as Escrituras, Jesus Cristo “ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4.25). Assim, tanto sua morte quanto sua ressurreição complementam uma a outra, e uma não poderia haver sem a outra para que a obra fosse completa. Se não tivesse ressuscitado, Ele não passaria de um mártir cristão como tantos outros. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Co 15.17). Sua ressurreição também é a garantia do perdão dos pecados: “[...] Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9).

O novo nascimento do crente fundamenta-se na ressurreição de Jesus: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pe 1.3). A ressurreição de Jesus prova a grande força do poder de Deus (Ef 1.19-20) e que nós, crentes, também seremos ressuscitados (1 Ts 4.14; 2 Co 4.14), pois a morte foi vencida através de sua ressurreição (1 Co 15.54-57; Hb 2.14).

A ressurreição de Cristo atesta o fato de que Ele é Filho de Deus (Rm 1.34). O apóstolo Paulo afirma que, se ele não tivesse ressuscitado, a pregação seria vãmente inútil (1 Co 15.14), pois o túmulo vazio deu certeza aos discípulos de que Ele era o Filho de Deus e que o evangelho era a verdade para a qual eles deram suas vidas. Se Ele não tivesse ressuscitado, nossa fé seria inútil (v. 14); os apóstolos teriam sido falsas testemunhas (v. 15); os crentes continuariam em seus pecados (1 Co 15.17); e os que morreram pereceriam no Inferno (vv. 18-19). Todavia, eles foram testemunhas oculares de sua ressurreição (At 1.21-22).

Tanto o nascimento de Jesus quanto sua ressurreição são fatos milagrosos. Dessa forma, foi o milagre da ressurreição de Jesus que deu coragem aos discípulos amedrontados e escondidos por causa de sua morte. Eles encheram-se de ousadia para pregar o evangelho e virar o mundo de então de cabeça para baixo.

O alto preço do resgate pago por Cristo (Mc 10.45) em nosso favor leva-nos a glorificar a Deus em todas as dimensões da vida. Logo, por meio da evangelização, desejamos fazer com que milhares de pessoas tenham o privilégio de receber essa tão grande salvação.
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Fonte: 
Livro de Apoio - 4º Trim/17 – A Obra da Salvação - Claiton Ivan Pommerening
Lições Bíblicas Adultos 4º trimestre/17 - A Obra da Salvação — Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida – Comentarista: Claiton Ivan Pommerening
Aqui eu Aprendi!

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Refugiados: um problema da atualidade?

“Também não oprimirás o estrangeiro; porque vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito” Êx 23.9


A atual crise de refugiados ganhou repercussão internacional em 2015, quando a imagem do corpo do menino sírio Aylan Kurdi, de apenas três anos, morto à beira da praia, rodou o mundo. Aylam viajava com a família na tentativa de fugir do conflito de seu país. O episódio expôs uma das maiores tragédias do nosso tempo. Todavia, o problema não é novo. Ao longo da história, por motivos religiosos, sociais, políticos e/ou sociais, milhares de famílias tiveram de abandonar seus países em busca de proteção em outras nações. O povo israelita e até mesmo cristãos perseguidos por causa da fé em Cristo viveram refugiados, estrangeiros pelo mundo. Logo, refletir a respeito da aludida temática é algo premente. É crucial que a juventude cristã esteja sintonizada com o que ocorre no mundo à sua volta, e saiba responder cristãmente sobre tal tema.

Numa época em que refugiados são perseguidos e marginalizados, a Igreja deve servir como exemplo de acolhimento e hospitalidade.

TEXTO BÍBLICO - Mateus 25.31-46

INTRODUÇÃO

Você já parou para refletir sobre as dificuldades enfrentadas pelas pessoas refugiadas, que deixam seus países de origem por causa de algum tipo de perseguição e saem pelo mundo à procura de um local seguro para viverem? Pense por um momento acerca das barreiras geográficas, físicas, culturais, sociais e linguísticas que lhes são impostas pela força irresistível das circunstâncias, assim como a discriminação e preconceito que geralmente sofrem em terras estranhas. É exatamente sobre esse tema que trataremos nesta lição: os refugiados. Embora o assunto tenha ressurgido em anos recentes, em decorrência da crise migratória que eclodiu na Europa, o problema é tão antigo quanto a humanidade.

I. O CONCEITO DE REFUGIADOS

1. Um breve conceito.
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), são refugiadas as pessoas que se “encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para casa”.

2. Quem é o refugiado.
Também são assim considerados aqueles que foram obrigados a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos. Em outras palavras, refugiado significa muito mais que um estrangeiro, é aquele que está em busca de proteção e segurança, tentando escapar de um perigo de sua terra natal.

II. O POVO DE ISRAEL COMO PEREGRINO EM TERRA ESTRANGEIRA

1. Israel como peregrino no Egito.
Embora a crise dos refugiados seja um tema recente, o problema é antigo. Nas Escrituras, encontramos o exemplo semelhante dos israelitas como peregrinos em terra estrangeira. Escravos no Egito eles trabalharam na edificação de cidades, na agricultura e em outros serviços forçados (Êx 1.11-14).

Evidentemente, o Egito não era local de refúgio, mas de opressão e trabalho penoso. Segundo o Manual do Pentateuco(CPAD), a submissão dos hebreus a esse tipo de trabalho tinha a intenção de “desmoralizá-los, convencê-los de sua posição de escravos e reduzir ao máximo qualquer possibilidade de insurreição”. Porém, quanto mais os egípcios castigavam-nos, mais eles cresciam. Afinal, a graça de Deus, mesmo no sofrimento, pairava sobre o seu povo!

2. Refugiados pelo mundo.
A experiência dos israelitas como forasteiros não se ateve à terra de Faraó. A descendência de Abraão viveu como estrangeira em várias outras oportunidades ao longo de sua história (assírios — 2Rs 17.6, babilônios — 2Rs 25.21, gregos — Alexandria no século III a.C). Após a diáspora de 70 d.C, quando os romanos invadiram Jerusalém e destruíram o Templo, milhares de israelitas foram dispersos pelo mundo, vivendo exilados de sua pátria como refugiados (Lc 21.24).

3. Deus manda proteger o estrangeiro.
Não é de admirar, portanto, que Deus tenha ordenado ao povo de Israel a proteção e o cuidado do estrangeiro. As exortações bíblicas para não oprimir (Êx 23.9), permitir a colheita remanescente (lei da respiga, Dt 24.19-22) e amar o estrangeiro (Lv 19.33,34) levam em consideração a experiência vivenciada pelos israelitas como peregrinos. Em um tempo em que os estrangeiros eram considerados inimigos, Deus instrui seu povo ao acolhimento, agindo com compaixão. Isso porque, assim como o pobre, o órfão e a viúva, o estrangeiro, nos termos aqui mencionados, encontra-se igualmente em condição de vulnerabilidade, a depender de proteção e amparo. Viver longe do lar e tendo de enfrentar barreiras geográficas, culturais, sociais, linguísticas, ao tempo em que sofre discriminação e preconceito étnico, inegavelmente é uma situação que evoca cuidados especiais.

Refugiado significa muito mais que um imigrante; é o estrangeiro que está em busca de proteção e segurança, tentando escapar de um perigo de sua terra natal.

III. OS REFUGIADOS NA EUROPA E NO BRASIL

1. A atual crise de refugiados.
Devido a conflitos internos, terrorismo, guerras civis, perseguição religiosa e outras formas de perseguição, a última década tem testemunhado a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Em várias partes do mundo, milhares de pessoas fogem de seus países em busca de abrigo em outras nações, com famílias inteiras deixando seus lares e arriscando suas vidas em viagens e travessias perigosas, a pé ou pelos mares. Estudo realizado pela ACNUR/ONU, em 2015, apontou um total de 65,3 milhões de pessoas deslocadas por guerras e conflitos até o final daquele ano. É um verdadeiro caos humanitário!

2. Refugiados na Europa.
O continente europeu é uma das regiões mais afetadas pela crise de refugiados. Isso se deve ao crescente número de migrantes que chegam às suas fronteiras em busca de abrigo, oriundas, em sua maioria, do Oriente Médio e da África, especialmente em decorrência do terrorismo do Estado Islâmico. Na tentativa de atravessar o Mediterrâneo e chegar à Europa, famílias inteiras arriscam suas vidas em viagens a bordo de embarcações clandestinas. Muitos não completam o percurso. Outros tantos desaparecem.

3. Refugiados no Brasil.
O Brasil também recebe refugiados do mundo todo. Segundo estatísticas, o número total de solicitações de refúgio aumentou mais de 2.868% entre 2010 e 2015. Entre as principais causas dos pedidos de refúgio estão a violação de direitos humanos, perseguições políticas, reencontro de famílias e perseguição religiosa. A grande maioria dessas pessoas advém da África, Ásia (inclusive Oriente Médio) e do Caribe. Jovem, você conhece ou já viu alguma pessoa refugiada em sua cidade? Qual foi a sua reação?

Importante
A última década tem testemunhado a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.


IV. OS REFUGIADOS E A IGREJA

1. Um problema dos últimos tempos.
As guerras e os rumores de guerras serão sinais dos últimos dias (Mc 13.7), ocasionando em grande medida a crise dos refugiados. Mas isso não pode nos anestesiar em face desse problema humanitário. Os eventos escatológicos não afastam a responsabilidade do povo de Deus de dar mostras do seu amor e justiça para com o próximo e necessitado (Sl 72.13; Pv 31.20), enquanto aqui estiver.

2. Amor e compaixão pelo estrangeiro.
Em o Novo Testamento, temos o exemplo do próprio Jesus que, ainda criança, foge com seus pais para o Egito em razão da perseguição de Herodes (Mt 2.13). O Filho de Deus encarnado, portanto, foi um refugiado nessa terra. Cristo se importa e se compadece daqueles que se encontram nessa condição, pois conhece o seu sofrimento e infortúnio (Hb 2.17,18). Por esse motivo, aqueles que acolhem o estrangeiro necessitado são dignos de honra.

3. Oração e hospitalidade.
Além da oração, é possível promover o acolhimento e amparo aos refugiados, colocando em prática a recomendação bíblica da hospitalidade (Rm 12.13; Hb 13.2; 1Tm 3.2; 1Pe 4.9). Tal hospitalidade faz parte do serviço cristão, e se estende aos crentes e àqueles que estão no mundo. Sem adentrar aos aspectos que envolvem a segurança nacional e a política migratória, que competem ao Estado, o povo do Senhor serve como uma comunidade de refúgio e apoio às pessoas e famílias fragilizadas que sofrem perseguição.

4. A igreja e os refugiados.
Devemos lembrar de que muitos refugiados são cristãos que se encontram afastados de seus países por diversos motivos, alguns por causa da perseguição religiosa, por professarem a fé em Cristo. Enquanto arauto da justiça, a igreja também pode agir estrategicamente no enfretamento desse problema social, alçando sua voz profética para que o assunto seja devidamente tratado pelo poder público, apoiando organizações sérias que trabalham nessa causa, inclusive levantando recursos para a ajuda humanitária.

Importante
A comunidade cristã pode promover o acolhimento e o amparo aos refugiados, colocando em prática a recomendação bíblica da hospitalidade.



CONCLUSÃO

A questão dos refugiados é um tema atual e complexo. Não obstante, considerando que o Senhor é um alto refúgio para o oprimido (Sl 9.9), a comunidade cristã deve também ser uma comunidade de refúgio para os estrangeiros perseguidos. Sem desconsiderar os aspectos que envolvem a segurança nacional e a política migratória, aos cristãos cabe, do ponto de vista prático, dar acolhimento àqueles que precisam de proteção.



SUBSÍDIO
Serviço e Comunhão
Hebreus também apresenta um testemunho poderoso sobre a necessidade de o cristão alcançar os outros em serviço amoroso e abnegado e responder a Deus em adoração sincera. O fato de estar sob pressão pessoal não é desculpa para viver uma existência autocentrada e de ingratidão.
O principal ensinamento a respeito do serviço cristão é apresentado em uma série de exortações do capítulo final de Hebreus. Algumas são instruções padrões a respeito da vida cristã, necessárias em qualquer tempo e lugar, mas a maioria reflete a situação específica dos leitores. Essas são exortações ao amor fraternal, à hospitalidade, ao cuidado dos prisioneiros e dos perseguidos, ao contentamento financeiro e à estabilidade e firmeza espiritual em face de opiniões distintas e de oposição (13.1-14). Tudo isso é necessário, em especial, para uma comunidade que passa por uma situação difícil. No entanto, elas revelam a orientação particularmente cristã de cuidar das necessidades dos outros e buscar de forma ativa o bem deles, em vez de se absorver nos interesses pessoais ou na autocomiseração” (ZUCK, Roy B. (ed.). Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008, pp.459,460).

Fonte: Lições Bíblicas CPAD - Jovens - 4º Trimestre de 2017
Título: Seguidores de Cristo — Testemunhando numa Sociedade em ruínas - Comentarista: Valmir Nascimento

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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Arqueologia - "Anfiteatro perdido" embaixo do Muro das Lamentações

Arqueólogos descobrem “anfiteatro perdido” embaixo do Muro das Lamentações

“Uma após a outra, as descobertas arqueológicas mostram a herança judaica do nosso povo”, comemora rabino.

Uma grande descoberta foi anunciada por arqueólogos israelenses esta semana. Trata-se de um anfiteatro romano com mais de 1800 anos de idade, localizado oito metros abaixo do Muro das Lamentações, no centro da Cidade Velha de Jerusalém.

Eles também revelaram mais um pedaço do Muro que estava soterrado havia pelo menos 1700 anos, provavelmente após um terremoto.

O Muro das Lamentações é considerado o local mais sagrado para o judaísmo, estando no centro de uma disputa com os muçulmanos que negam ter havido um Templo no local.

Após as decisões da UNESCO dando vitória aos islâmicos, aumentaram as pressões sobre uma decisão sobre quem tem mais direito ao local.

O Muro, visitado por cerca de três milhões de pessoas por ano, é na verdade a contenção da estrutura construída pelo rei Herodes, que governou a Judeia entre 37 a.C. até 4 d.C. Ele é tudo o que restou da estrutura do Segundo Templo, que foi destruído pelos romanos no ano 70 d.C.

Existem oito “níveis” do Muro das Lamentações desenterrados pelos arqueólogos ao longo dos anos. Algumas partes continuam bastante preservadas, apesar de terem ficado enterradas por milênios. O trecho agora revelado fica abaixo do chamado “Arco de Wilson”, uma das passagens onde, na época de Jesus Cristo, os judeus usavam para subir até o Monte do Templo. Originalmente, ele tinha 13 metros de altura.

O anfiteatro romano mostrado ao público agora tinha 200 assentos e confirma os relatos dos historiadores Flávio Josefo sobre essa construção junto à muralha original. Centenas de peças foram desencavadas, incluindo vasos de cerâmica e moedas que confirmam a datação.

Em 1864, o arqueólogo britânico Charles William Wilson fez escavações no local e descobriu o arco que leva seu nome. Contudo, ele não conseguiu achar o anfiteatro descrito nos livros de Flávio Josefo e outras fontes históricas sobre o período.

O arqueólogo Joe Uziel, da Autoridade de Antiguidades de Israel, explica: “Na perspectiva dos pesquisadores, está é uma descoberta sensacional, uma verdadeira surpresa. Nosso objetivo era datar o Arco de Wilson, não imaginávamos que acabaríamos solucionando um dos maiores mistérios de Jerusalém: o anfiteatro perdido.”

A arqueóloga Tehila Lieberman, que também participa das escavações, afirma que não há previsão de quando o anfiteatro poderá ser aberto para a visitação do público, mas acredita que isso deve ocorrem “em breve”. Ela destaca que o anfiteatro, também chamado de Odeon, era um importante local de laser durante o período em que a cidade estava totalmente sobre o governo romano, sendo rebatizada como Aelia Capitolina.

Autoridades de escavação da Autoridade de Antiguidades de Israel
Dr. Joe Uziel e Tehila Lieberman no local de escavação na Cidade Velha de Jerusalém. 
(Yaniv Berman, cortesia da Autoridade de Antiguidades de Israel)
Palestinos não apoiam escavações no local

As novas escavações na Cidade Velha de Jerusalém foram criticadas por líderes palestinos, pois elas acabam por revelar a verdade sobre o local. A narrativa islâmica é que toda a parte Oriental de Jerusalém pertence ao Estado palestino.

A descoberta tem um valor ainda maior por que os judeus comemoram os 50 anos da unificação de Jerusalém, como resultado da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Contudo, o monte do Templo foi usado no acordo de paz e continuou sob o governo da Jordânia, que dominava a porção oriental da cidade.

O rabino do Muro das Lamentações, Shmuel Rabinowitz, comemorou a descoberta: “Uma após a outra, as descobertas arqueológicas permitem que nossa geração realmente toque na história antiga e herança judaica do nosso povo, mostrando sua conexão profunda com Jerusalém”.

Os palestinos dizem que as escavações no Monte do Templo é parte de um plano judaico para “enfraquecer” os alicerces das duas mesquitas que existem hoje no local, visando a construção do Terceiro Templo.

A disputa pela capital Jerusalém é um dos pontos de maior conflito entre israelenses e palestinos.

Contudo, o diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel, Israel Hasson, acredita que as descobertas no local são muito mais importante que as questões políticas: “Espero que esses achados ajudem-nos a avançar, para que todos possamos nos impressionar com o passado glorioso de Jerusalém”.

com informações Times of Israel 

Fonte: GOSPELPRIME
Aqui eu Aprendi!
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